No seguimento desta minha postagem:
https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/07/imperfeicoes-de-mercado-ou-de-governo.html
veiculada igualmente em lista fechada, com o seguinte comentário inicial meu:
On Jul 6, 2019, at 1:14 PM, Paulo R. Almeida <xxxxxx@xxxx.com> wrote:
Desculpem pela intromissão indevida num fim de semana, mas é devido ao fato de que alguém, hoje, me lembrou de um antigo artigo que eu havia escrito anos atrás ao ler uma opinião do famoso economista, Prêmio Nobel, Robert Shiller, no NYTimes, que me suscitou imediata reação.
Digo isto porque também me lembro de uma discussão momentosa, num almoço, durante o qual eu fiquei absolutamente sozinho ao recusar essa “tese” que encontro perfeitamente absurda, mas que é quase um consenso entre os economistas, sobre as tais “imperfeições dos mercados”, que eu não reconheço existirem.
Mercados são mercados, ponto. Esse adjetivo “imperfeitos” é dado por mentes que acreditam que homens sábios podem torná-los melhores do que são na realidade. É a tal da arrogância fatal, de que falam alguns economistas mais sensatos, como Hayek ou Thomas Sowell.
Enfim, alguém me mandou esse meu artigo do qual eu já nem me lembrava mais, e que transcrevo abaixo.
Aguardo as próximas contestações…
recebi o comentário seguinte de um interlocutor:
On 7 Jul 2019, at 10:31, Xxxxxx Xxxxx <xxxxxxx@xxxxx.com> wrote:
PR,
Muito esclarecedor o seu artigo. Eu concordo com você que mercados por definição são perfeitos, pelas razões que você enumera e descreve. A única possível explicação do conceito de imperfeição de mercados defendida por Shiller seria num contexto de políticas sociais que competem ao estado. Concebo um mercado socialmente imperfeito a luz de critérios universais de justiça social. Quando um frasco de insulina para 15 dias custa no balcão 1000$ e sao vendidos, ficando fora do alcance de muitos diabéticos, podemos dizer que o mercado falhou socialmente e portanto cabe a intervenção/correção do estado para remediar/corrigir esta imperfeição social do mercado, estabelecendo arbitrariamente um preço social fruto de uma determinada opção de política social.
Xxxxxxx
ao que respondi da seguinte maneira:
Permita-me mais uma vez discordar radicalmente desse seu pensamento. Não há qualquer imperfeição dos mercados ao não tratar da questão social, muito menos dessa tal de justiça social, que é um conceito eminentemente subjetivo.
Mercados não existem, objetivamente, para produzir “justiça social”, isso está acima deles e numa esfera social e política, até filosófica, completamente diferente e à parte do universo material dos mercados. Mercados existem para fazer o que eles fazem de melhor: permitir trocas entre duas partes, apenas isso e nada mais do que isso.
Como disse, e repito, mercado é um espaço virtual de interação entre duas partes e apenas duas partes, o ofertante e o demandante. Apenas isso, em sua mais prosaica e primitiva realidade. Qualquer outra “função” que queiram lhe apegar, de justiça social, informação, prosperidade ou outra, não tem absolutamente nada a ver com os mercados, que são interações humanas (e por vezes até animais, quando eles cooperam entre si) que existem em sua função primária de realizar uma, ou mais trocas. Apenas isso e simplesmente isso.
Justiça social, igualdade, respeito, moralidade, tudo isso se situa além e acima dos mercados.
Mercados não são e não podem ser morais, ou imorais, com respeito ao que você diz: remédios, e seu custo relativo. Eles são perfeitamente amorais, no sentido mais puro da palavra, ou seja, não entra em consideração o que possam pensar os agentes diretos do mercado, ou um observador externo, como você, que pretende que o fornecedor de um remédio útil, até indispensável à vida de alguém, abandone voluntariamente sua LIBERDADE de fixar um preço para o que ele produziu, voluntariamente e isoladamente.
Se você quiser que o Estado intervenha numa transação, fixando preços ou tarifas, por exemplo, ele só o poderia fazer se participou ativamente da oferta de um determinado produto, carreando recursos gerais para um determinado produtor. Fora disso, qualquer intervenção externa a uma relação livre de mercado seria uma tremenda violência, certo?
Um pouco como Rousseau, que decretou que a propriedade é um roubo, e assim inaugurou todo o pensamento socialista.
Você já sabe no que é que deu o socialismo, não é mesmo? Pois é...
Agora se você acha que mercados não existem em si mesmo, mas precisam de “sinalizações externas”, aí eu já recomendo a leitura de Mises: O Cálculo Econômico na Comunidade Socialista. Ainda válido esse panfleto, cem anos depois de ter sido escrito.
Sinto mais uma vez discordar, mas a lógica e a história me induzem a tanto...
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Paulo R. de Almeida
O debate continua aberto e fico aguardando as próximas contestações.