Em face de uma nova bifurcação da estrada, à nossa frente
Paulo Roberto de Almeida
Diplomata, professor
(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)
Tudo indica que já chegamos ao limiar de uma ruptura fundamental entre as democracias de mercado realmente existentes e duas autocracias ambiciosas, apostando na decadência ocidental.
Nos anos 1930, o cenário apontava para a reconstrução mussolinista do Império romano, para o Lebensraumhitlerista e o extermínio da praga judaica, e para a Grande Esfera de Co-prosperidade dos militaristas fascistas do Japão na Ásia Pacífico e na China.
Naquela conjuntura crucial para os destinos do Brasil no mundo, Oswaldo Aranha, educado por Rui Barbosa, soube manter o Brasil no lado certo, ou seja, com as potências democráticas, ao contrário dos autoritários do Estado Novo e, ao lado, da Argentina, que se manteve “neutra”, mas totalmente simpática às potências fascistas até 1945.
E agora? Qual será o caminho adotado pelo Brasil?
Vai virar para o outro lado?
Temo que sim.
Se mestre Antonio Paim ainda estivesse vivo, certamente ele acrescentaria mais um capítulo ao seu livro “Momentos Decisivos da História do Brasil”.
Como ele já morreu, talvez eu mesmo escreva esse complemento.
Mas será uma tristeza se tivermos mais uma, a quarta, chance de enveredarmos pelo caminho correto, e se a perdermos, uma vez mais, por incapacidade política ou por cegueira diplomática das elites, ou ainda, por uma visão curto-prazista de vantagens imediatas numa aliança com a potência ascendente, como parecia ser a Alemanha dos anos 1930.
Estamos no centenário da morte de Rui Barbosa, em 1923; por isso recomendo a leitura do seu “Conceitos Modernos do Direito Internacional” de 1916, também conhecido pelo título de “Os Deveres dos Neutros” (reeditado pela Casa Rui Barbosa em 1983).
Resumo o essencial: “NAO SE PODE SER NEUTRO ENTRE A JUSTIÇA E O CRIME!”
É isso!
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 4351: 6 abril 2023, 1 p.