O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

Mostrando postagens com marcador prisioneira. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador prisioneira. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 14 de setembro de 2023

Memórias de Dorothée Duprat de Lasserre: relato de uma prisioneira na Guerra do Paraguai (1870) - Francisco Doratioto

Um novo livro do grande historiador  Francisco Doratioto: 

Memórias de Dorothée Duprat de Lasserre: relato de uma prisioneira na Guerra do Paraguai (1870

Organização e posfácio: Francisco Doratioto
Indicação editorial: José Murilo de Carvalho
Chão Editora, 2023, 168 páginas 

ISBN 978-65-80341-28-3

R$ 54,00
Lançamento: setembro de 2023

Os livros da Chão Editora são distribuídos com exclusividade pela Editora 34

A Guerra do Paraguai (1864-70) foi uma hecatombe humana, política e financeira para os países que dela participaram. A confirmação dos atos sangrentos praticados pelo ditador paraguaio Francisco Solano López, relatados por suas vítimas ou por observadores, interessava a setores políticos nos países envolvidos no conflito, e ao mesmo tempo descreve com honestidade as experiências pessoais de seus autores.

As Memórias de Dorothée Duprat de Lasserre são o único depoimento de uma mulher a respeito do conflito. A autora não só assistiu à violência da guerra, mas viveu na pele os desmandos da ditadura de López. Seu relato, escrito no calor dos acontecimentos, expõe os sofrimentos causados pela guerra na população civil, particularmente nas mulheres paraguaias.

A pesquisa de Francisco Doratioto em arquivos brasileiros, argentinos e paraguaios revela fatos inéditos sobre a vida de Dorothée, que durante a guerra fez parte de um grupo de mulheres chamadas de destinadas. Arbitrariamente tachadas de traidoras por López, foram obrigadas a caminhar, sob escolta de soldados, para o interior do Paraguai. Doentes, maltrapilhas e à beira da inanição, as sobreviventes da extenuante jornada foram libertadas em dezembro de 1869, já no final do conflito, pelo Exército imperial brasileiro.

Exausta, física e psicologicamente, ainda assim Dorothée aceitou o desafio de escrever suas memórias, a pedido do coronel Francisco Pinheiro Guimarães, no início de 1870. Finda a guerra, teve ainda uma intensa vida pública em Chivilcoy, na Argentina, onde morreu em 1932.

Sobre Dorothée Duprat de Lasserre

Dorothée Duprat (1845-1932), nascida na França, imigrou com os pais em 1856 para a colônia agrícola de Nueva Burdeos, no Paraguai. Em 1859, casou-se com o comerciante Narcise Lasserre. Em 1868, durante a Guerra do Paraguai, seu pai, irmão e marido foram sequestrados e assassinados pelas forças de Francisco Solano López. No ano seguinte, junto com a mãe, Dorothée tornou-se prisioneira de guerra. O grupo das chamadas destinadas chegou a reunir 2800 prisioneiros, em sua maioria mulheres, mas também crianças e anciãos. No fim desse ano, as destinadas foram libertadas pelo Exército imperial brasileiro. Dorothée mudou-se para Chivilcoy, Argentina, em 1872.

Sobre Francisco Doratioto

Francisco Doratioto é bacharel em história e em ciências políticas pela Universidade de São Paulo e mestre e doutor em história das relações internacionais do Brasil pela Universidade de Brasília, onde é professor nos cursos de graduação e pós-graduação em história. É autor, entre outros livros, de Maldita guerra: nova história da Guerra do Paraguai General Osorio: a espada liberal do Império.

Trecho

Acabaram-se novamente as laranjas, então a sra. Leite determinou-se; também chegou um soldado da guarda contando que o sargento tinha ido denunciar todas as destinadas que fugiam. Isso fez com que muitas se decidissem, e voltamos a fazer trato com outro índio. Nós o carregamos de roupa, redes, ponchos... e fomos embora. Essa noite era o 14 de dezembro; ao cruzar o estuário cortei-me num lado da perna, atrás de mim vinha a sra. Jaona, que machucou as duas pernas. Para nos salvar, nos desvencilhamos da roupa, estávamos banhadas em sangue. Em poucos instantes ouviu-se um pedido de socorro, a sr.a Leite havia entrado no barro até metade do corpo, pareceu-me um mau agouro, mas seguimos o índio em silêncio [...]. Caminhamos até meia-noite, alcançamos uma ponta de monte, nosso guia ordenou que sentássemos em silêncio e o aguardássemos.

Informações para imprensa:

Gabriela Toledo
(11 98227-0770 / obaramail@gmail.com)

Informações para professor:

Mariana Mendes professor@chaoeditora.com.br