Uma carreira na diplomacia para jovens estudantes
Paulo Roberto de Almeida
(www.pralmeida.me; diplomatizzando.blogspot.com)
Respostas a questões colocadas por organizadores do ExplicaENEM.
Apresentação do convidado
Indicar os principais títulos e atuações profissionais a serem mencionados.
PRA: Doutor em Ciências Sociais, mestre em desenvolvimento econômico; diplomata de carreira desde 1977l; professor nos programas de mestrado e doutorado em Direito do Uniceub. Outras informações em minha página (www.pralmeida.org).
Como surgiu o interesse em ingressar na carreira diplomática e qual foi o caminho traçado para chegar ao Ministérios das Relações Exteriores?
Formação prévia, preparação para o concurso, quanto tempo de preparação.
PRA: Minha trajetória para a diplomacia é provavelmente inédito; nunca pensei em ser diplomata até ver um anúncio no jornal abrindo inscrições para os exames de ingresso; minha intenção era apenas a de ser um acadêmico como milhares de outros, mas sem ver concursos abertos, quando retornei de um logo período no exterior, na Europa, de 1970 a 1977 – quando fiz graduação, mestrado e iniciei o doutoramento –, decidi tentar os exames do Itamaraty, mas não exatamente como estudante do Instituto Rio Branco, mas um concurso direto para ingressar imediatamente na carreira, o que foi excepcional no período de 70 anos no Instituto Rio Branco: entre 1975 e 1979 se fizeram concursos diretos, ao lado dos vestibulares do IRBr. Não houve praticamente preparação nenhuma; fiz os exames com as leituras acumuladas ao longo da vida.
Como ingressar na carreira diplomática?
Como funciona o CACD: frequência de realização do concurso; eixos de conhecimento necessários para realização da prova.
PRA: Todas as informações sobre o concurso de admissão à carreira diplomática estão disponíveis na página do IRBr: http://www.institutoriobranco.itamaraty.gov.br/ ; mais especificamente neste link: http://www.institutoriobranco.itamaraty.gov.br/concurso-de-admissao-a-carreira-de-diplomata; a prova é anual, e as vagas são determinadas pela existência de cargos não preenchidos na fase inicial da carreira, ou seja, terceiro-secretário, de um total de seis graus até ministro de primeira classe. As provas são as conhecidas: primeira fase, com teste eliminatório nas matérias de língua portuguesa; língua inglesa; história do Brasil; história mundial; política internacional; geografia; economia; e direito e direito internacional público; segunda fase com provas classificatórias e eliminatórias, escritas, de: língua portuguesa; língua inglesa; história do Brasil; geografia; política internacional; economia; direito e direito internacional público; e língua espanhola e língua francesa.
Quem pode fazer a prova?
PRA: Os requerimentos constam do edital: acima de 18 anos, estar em ordem com os requisitos formais de concursos públicos, curso superior completo, etc.
Existe algum curso superior que favoreça a realização da prova?
PRA: Certamente, aqueles que espelham, grosso modo, as matérias exigidas, ou seja, humanidades de forma geral, e ciências sociais aplicadas; o que significa, por puro bom senso, cursos de RI, mas também Direito, Economia, Ciências Sociais, etc.
Como funciona na prática a carreira diplomática?
Quanto ganha um diplomata em início de carreira hoje?
PRA: O salário bruto é de pouco mais de R$ 19 mil, sobre o qual se aplicam os descontos de praxe (Imposto de Renda, etc.). Informações estão disponíveis neste link: http://www.institutoriobranco.itamaraty.gov.br/perguntas-frequentes.
Como é a formação de Diplomatas no Instituto Rio Branco?
PRA: Repete um pouco as matérias do concurso de ingresso, mas existe reforço nas línguas e novas matérias de caráter profissionalizante: consular, etc.
Quais os cargos e principais exigências para a promoção na carreira diplomática.
PRA: Antiguidade, ter servido no exterior, e cursos intermediários; CAD, para segundos secretários, e CAE, para conselheiros; estar no Quadro de Acesso (que representa 25% da classe; para o qual se vota horizontalmente e verticalmente).
Como funciona a política de remoção do MRE?
PRA: As vagas são publicadas, as pessoas se candidatam e se procura atender demandas pessoais em acordo com os interesses da Administração; existe rotatividade entre os postos no exterior, de A para B, C, D ou E, segundo a qualidade do posto.
Diplomatas podem trabalhar no Brasil?
PRA: Não no setor privado, a menos que seja no magistério. Existe uma legislação sobre conflito de interesses, o que dificulta exercício de outras atividades.
Quais as principais vantagens existentes em ser um Diplomata?
PRA: Para quem é nômade, ou gosta de novidades, as oportunidades são imensas: a cada 3 anos aproximadamente, se está mudando de país, alternando os mais diversos horizontes geográficos e linguísticos, culturas e horizontes políticos. Ou seja, o diplomata nunca vai se aborrecer fazendo o mesmo trabalho anos seguidos. A variedade pode até ser mais rápida na Secretaria de Estado, pois pode-se negociar um trabalho na área política, econômica, consular, jurídica, multilateral, regional, bilateral, científica, etc. O aprendizado de novas línguas é quase natural: os filhos podem ser trilíngues ou mais; se adquire um enorme conhecimento do mundo, e das relações entre povos.
Quais desafios o Sr. enxerga atualmente para quem quer ingressar na carreira diplomática?
PRA: A concorrência é enorme, daí que apenas os melhor preparados conseguem, o que explica a elevação da idade média de ingresso na carreira, de 24 anos, duas décadas atrás, para aproximadamente 29 atualmente. Mas tudo depende da preparação do candidato, o que não é o resultado de um cursinho rapidamente feito, e sim uma trajetória de estudos dedicados ao longo de anos.
Algumas dicas para quem quer seguir a carreira diplomática
PRA: Em primeiro lugar, é preciso ter vocação, e não apenas o desejo de fazer concurso público para ter estabilidade na carreira; existem muitos desafios na carreira, como a de servir em postos de sacrifício, não apenas pessoal, mas familiar. Em segundo lugar, estar disposto a trocar uma vida calma, na graduação, por uma preparação árdua, complexa, verdadeiramente exigente. É preciso ter em mente que se vai viver quase dois terços da vida profissional no exterior, em diversos postos, e para isso é preciso uma predisposição para aceitar todo tipo de desafios, e não só pessoais, para a família também, que será obrigada a seguir o diplomata para onde ele for.
Pessoalmente já respondi esse tipo de questão dezenas de vezes, ao longo das últimas duas ou três décadas, ainda recentemente. Organizei meus trabalhos a esse respeito num trabalho que também remete a todos os meus outros textos sobre aspectos diversos da carreira, ingresso, desenvolvimento, exigências, peculiaridades, etc., neste link:
3683. “Preparação para a carreira diplomática: uma conversa com candidatos”, Brasília, 29 maio 2020, 2020, 6 p. Conversa online com candidatos à carreira diplomática, sobre as seguintes questões: 1) O que fez o senhor decidir ser diplomata?; 2) Como foi sua jornada para passar o CACD?; 3) Quais são os diferenciais para passar o concurso?; 4) Como o candidato deve abordar as atualidades em seus estudos?; 5) Como deveria ser o mindset para o estudo dos idiomas?; 6) Como foi o Instituto Rio Branco?; 7) O que se aprende por lá?; 8) Como é a vida no exterior?; 9) Como muda em relação a Brasília? Elaborada lista de trabalhos que se encaixam nos critérios solicitados. Divulgado no blog Diplomatizando (29/05/2020; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/05/preparacao-para-carreira-diplomatica.html); disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/43192887/Preparacao_para_a_carreira_diplomatica_uma_conversa_com_candidatos_2020_).
Depois desse trabalho, respondi às questões em podcast, aqui registrado:
3684. “Um diplomata desvio padrão: podcast para candidatos à carreira”, Brasília, 29 maio 2020, Audio Mpeg da Apple 1:31:13, 37, 2MB. Podcast gravado sobre os pontos enunciados no trabalho n. 3683. Disponível no Dropbox (link: https://www.dropbox.com/s/0kd91ucpgmlkhgn/3684DiplomataDesvioPadraoPodcast.m4a?dl=0); anunciado no blog Diplomatizzando (30/05/2020; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/05/uma-conversa-com-candidatos-carreira.html).
Depois desse trabalho, respondi às questões em podcast, aqui registrado:
3684. “Um diplomata desvio padrão: podcast para candidatos à carreira”, Brasília, 29 maio 2020, Audio Mpeg da Apple 1:31:13, 37, 2MB. Podcast gravado sobre os pontos enunciados no trabalho n. 3683. Disponível no Dropbox (link: https://www.dropbox.com/s/0kd91ucpgmlkhgn/3684DiplomataDesvioPadraoPodcast.m4a?dl=0); anunciado no blog Diplomatizzando (30/05/2020; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/05/uma-conversa-com-candidatos-carreira.html).
Convido todos a lerem alguns dos trabalhos ali compilados.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 8 de junho de 2020
Disponível no blog Diplomatizzando (link: ).

44 comentários:
Bjs
Gostaria muito que o senhor me enviasse um e-mail, me esclarecendo sobre a carreira diplomatica. Tenho interesses, mas gostaria de saber de uma pessoa totalmente qualificada na área e com boa experiência. Gostaria De saber remuneração e campos? E oque Agrada no senhor a carreira diplomatica?. xxxx@msn.com
Muito obrigada
Joseane Rocha
Tenho uma dúvida e gostaria de saber sua opinião a respeito de escolas que tem o ensino médio voltado a diplomacia.
Vou iniciar a oitava serie em 2009,e pretendo seguir a carreira.Moro no interior de Minas Gerais e tenho duvidas quanto a escolha de fazer um ensino médio em algum colégio que de ênfase a essa carreira.
Busco uma ajuda a escolha de uma capital que tenha esse suporte.
Agradeço desde já.
Hanna
Fiz como os Diplomatas e pesquisei sobre essa carreira realmente exigente, como acabo de ler no seu post.
Ainda tenho 16 anos, mas já me interesso pela maioria das coisas que os Diplomatas se interessam, ou são obrigados á conviver. Então acho que estou no caminho certo.
Amo línguas, falo Inglês, brevemente Espanhol e Francês.
Pretendo cursar Relações Internacionais e Ciências Políticas.
Gostaria de saber se estou no caminho certo, e se o Sr. mantém contato com questões internacionais,e qual foi a pessoa mais ilustre que o Sr. já conheceu.
Parecem dúvidas pouco inteligentes, mas sem dúvida me dariam um grande estímulo.
Obrigada por esclarecer tudo, ou quase tudo dessa carreira tão bonita que é a Diplomacia.
Grande Abraço.
Elisa Duarte de Mattos.
Se voce tem 16 anos e já faz e já sabe tantas coisas, então está no caminho certo para tornar-se diplomata. Mas, tenha plena consciência de que precisará ler muita coisa, que está no Guia de Estudos do Instituto Rio Branco (veja em mre.gov.br)
No meu site (www.pralmeida.org), secao Carreira Diplomatica tem muitos textos e alugns conselhos que respondem a algumas de suas questoes.
Bons estudos e boa sorte
PRA
Quando fala a respeito dos baixos salários baixos para os diplomatas na Secretaria do Estado, em que termos de valores médios você se refere?
agradeço a resposta.
A carreira é composta de estagios no exterior e na Secretaria de Estado em Brasilia, geralmente a razao de 2-3 e 1-3 do tempo, aproximadamente, mas isso é flexivel.
A decisao é tomada em interacao entre o diplomata e o setor de Administracao. Geralmente voce tem de cumprir prazos no exterior para poder ser promovido, entao as pessoas tem interesse em sair para ficar em cinducoes de ser promovido.
Para onde se vai é uma negociacao complexa, mas sempre tem alguma compensacao posterior: se voce pega um posto C ou D (de maior sacrificio), voce tem direito, depois, de ir a posto A ou B (que são as grandes capitais do mundo desenvolvido).
A carreira é composta de estagios no exterior e na Secretaria de Estado em Brasilia, geralmente a razao de 2-3 e 1-3 do tempo, aproximadamente, mas isso é flexivel.
A decisao é tomada em interacao entre o diplomata e o setor de Administracao. Geralmente voce tem de cumprir prazos no exterior para poder ser promovido, entao as pessoas tem interesse em sair para ficar em cinducoes de ser promovido.
Para onde se vai é uma negociacao complexa, mas sempre tem alguma compensacao posterior: se voce pega um posto C ou D (de maior sacrificio), voce tem direito, depois, de ir a posto A ou B (que são as grandes capitais do mundo desenvolvido).
Tenho apenas 11 anos de idade. Curso inglês e espanhol, gosto, tenho prazer em estudar,tiro notas boas e acho a carreira de diplomacia fascinante. Será que eu poderia seguir essa carreira? Minha mãe diz que sou jovem para ficar pensando nessas coisas, mas eu já gostaria de investir no meu futuro.
E a propósito adorei o texto!
Acho que com 11 anos voce tem a idade perfeita para comecar a se preparar. Diga para a sua mae que quanto mais cedo melhor. Eu comecei antes, bem antes, lendo livros de historia mundial, de historia do Brasil, de geografia e sobre temas internacionais de maneira geral.
Os examos de ingresso na carreira diplomatica sao extremamente dificeis e exigentes, assim que so conseguem entrar os mais bem preparados, aqueles otimamente preparados, o que so se consegue com estudos de longo prazo, nao com preparacao rapida em poucos meses.
Assim que eu recomendaria a voce continuar a estudar linguas, sobretudo ingles (que precisa ser perfeito), ler muita literatura e classicos da cultura brasileira (seu Portugues precisar ser perfeito tambem) e ler todos os materiais relevantes para a carreira que voce encontrar.
Entre no site do Instituto Rio Branco (no mre.gov.br) e veja o Guia de Estudos, que traz a lista dos livros de referencia. Comece a ler desde agora e faca notas em algum caderno ou no computador.
Bons estudos para voce, desde ja.
Cordialmente,
Paulo Roberto de Almeida
Primeiramente, muito obrigada pelos excelentes textos que tenho encontrado de sua autoria. Tenho 17 anos, moro no interior de Rondônia.
Sou formada em língua inglesa, e obtive boas notas em algumas provas de caráter internacional. Dou aulas de inglês também.
Estou fascinada com o curso e a carreira diplomática, porém tenho ainda algumas dúvidas.
Estou prestando vários vestibulares, em sua maioria em Brasília.
Sempre me recomendam fazer o curso de Direito antes do curso de Relações Internacionais, gostaria de saber se isso é mesmo necessário, ou não.
Obrigada pela atenção. Abraços.
Voce vai precisar de muito mais do que apenas conhecimento de ingles para passar em todas as demais materiais.
Se eu fosse voce, eu faria direito, antes de RI, esta como especializacao, nao como bacharelado ou licenciatura.
Paulo R Almeida
Grata pela atenção,
Aline. (email: aline.guiotti@hotmail.com)
Tenho 15 anos, me interesso muito por temas relacionados a carreira diplomática, faço minhas provas de história e geografia sem estudar e tiro notas boas, por exemplo, achei seu texto interessantissimo.
Gostaria de saber se você acha melhor fazer um cursinho preparatório como o curso Clio ou é melhor tentar na "raça" estudando sozinho?
Estude na raça, como voce diz, mas se puder fazer um cursinho, desses bem bitoladores, talvez seja melhor. Nunca se deve confiar apenas na sorte e no estudo descompromissado. Pode vezes, um estudo dirigido, desses que pegam as questões mais idiotas que os professores conseguem formular, e dão as respostas adequadas, é bom. Nem sempre a lógica e o conhecimento triunfam. Por vezes, a versão vale mais do que a realidade.
O abraco do
Paulo Roberto de Almeida
Primeiramente,agradeço pelo seu texto acerca da diplomacia e dos estudos internacionais. Sempre me interessei por esta carreira. No entanto, meu desejo é fazer um curso de Direito para adiante me especializar em relações internacionais, não procurando ser especificamente um bacharel na última. É prudente esta minha posição? Estarei em desvantagem com relação aos que já buscam,a priori, o grau de bacharel na área? O que devo fazer para,digamos,me acostumar com a área ao longo do curso de Direito?
Primeiramente,agradeço pelo seu texto acerca da diplomacia e dos estudos internacionais. Sempre me interessei por esta carreira. No entanto, meu desejo é fazer um curso de Direito para adiante me especializar em relações internacionais, não procurando ser especificamente um bacharel na última. É prudente esta minha posição? Estarei em desvantagem com relação aos que já buscam,a priori, o grau de bacharel na área? O que devo fazer para,digamos,me acostumar com a área ao longo do curso de Direito?
Acho que você está certo em fazer Direito e estudar as matérias do concurso paralelamente. Relações Internacionais se aprende basicamente nos livros, e isso você pode fazer sozinho.
Paulo R. Almeida
Tenho 17 moro em Brasília e estou me preparando para ingressar em Relações Internacionais na UNB com foco para diplomacia, desde muito cedo me interessei em seguir carreira diplomática, amo história, geografia, ler, me expresso bem, falo inglês fluentemente e tenho facilidade com línguas estrangeiras;O fato de não fazer Direito antes de RI realmente me deixaria em desvantagem mesmo se antes de eu prestar o concurso para a Fundação Rio Branco eu me preparasse em cursinhos como o Clio?
Você não precisa fazer Direito, para ser diplomata. Alias, não precisa fazer nada especificamente, só precisa de um canudo universitário, qualquer um, pode ser economia doméstica, educação física, física nuclear, engenharia, whatever. Por mim, eu não exigiria nem diploma de curso primário, mas o Rio Branco pede um título universitário, qualquer título reconhecido pelo MEC. Portanto, o RI da UnB serve, o que não quer dizer que o curso seja suficiente. Você vai ter de estudar por conta própria ou fazer um cursinho.
Esqueça Direito: ainda que possa trazer alguns rudimentos de conhecimento especializado, não existe nada, literalmente NADA no curso que você não possa aprender sozinha, lendo livros ou se se informando na internet.
Esqueça a chateação de fazer Direito na UnB: o curso é fraco, está abaixo do Uniceub.
Melhor fazer Direito na Wikipedia...
Estude sozinha, você sempre estará melhor do que mal acompanhada...
Paulo Roberto de Almeida
Tenho 14 anos e a pouco tempo li seu blog, estou interessada em ser diplomata mas tenho algumas duvidas, gostaria de saber se a Matemática é uma matéria de muito peso para quem quer ser diplomata, pois tenho dificuldade nesta matéria,mas em contrapartida gosto muito de inglês inclusive faço curso além de gostar de viajar e não ter problema em ficar longe da família por um longo tempo.
grata
Geovanna
Estou com diversas dúvidas sobre a carreira diplomática, o seu texto ajudou-me a esclarecer algumas delas.
Moro o interior do RS, na cidade de Sinimbu,tenho 16 anos, estou no terceiro ano de ensino médio. Sempre estudei em escola púbica,e vou prestar vestibular para a UFRGS, UFSM e UNISC. Prtendo cursar a faculdade de Direito, gostaria de saber a sua opinião qual a graduação mais indicada para adquirir habilidades e competências para a carreira diplomática.Estudo a língua alemã, este ano faço a prova A2, poderia me informas quais são as línguas mais requisitadas no currículo de um diplomata? Desde já muito grata, Lucia Carolina Raenke Ertel.
Meu e-mail é: xxxxxxxxxx@hotmail.com
Sou recém formada em Relações Internacionais e trabalho numa empresa multinacional.
Compartilho, no entanto e assim como muitos jovens internacionalistas, o desejo de ingressar na carreira diplomática.
Não me importo em passar anos investindo pois sou uma pessoa muito determinada e acredito que tudo é possível com fé e esforço pessoal.
No entanto, um dos meus maiores temores é acabar me frustando por causa da burocracia. Ou ainda, me sentir impotente diante de tantos fatos envolvendo interesses diversos.
Gostaria de saber na opinião do senhor se vale a pena investir na diplomacia visto que, a meu ver tais possibilidades são reais.
Obrigada pelo excelente texto.
Se for como muitas profissões, onde o trabalho faz parte da rotina dos pais, por mim tudo bem. O que não gostaria é ser uma mãe ausente em busca de um sonho.
A carreira é realmente exigente, pois voce tem viagens em fins de semana e ausências seguidas e isso pode causar algum stress familiar. Mas, se voce conta com alguma ajuda domestica, tudo pode ser arranjado.
Ser mae ausente é outro problema e pode ocorrer em qualquer profissao. Pode-se ser diplomata e presente, como sempre fomos, eu e minha mulher, em qualquer circunstancia. Eventualmente o conjuge nao diplomata vai arcar com um pouco mais de responsabilidade e encargos, mas isso faz parte da profissão.
Paulo Roberto de Almeida
Tenho 17 anos e pretendo cursar relações internacionais, queria que o senhor me ajudasse, terminando o curso se eu escolher trabalhar em uma empresa, você poderia me esclarecer um pouco como seria esse trabalho ?
agradeço a ajuda.
Se voce fizer RI e escolher (ou tiver de) trabalhar em uma empresa, certamente você seria chamado para a area de negocios internacionais dessa empresa, se ela estiver envolvida nesse tipo de assunto obviamente: importação, exportação, regras de comércio internacional, processos de integração dos quais o Brasil participa (como o Mercosul, por exemplo), etc.
Por isso recomendo que você reforce o estudo de economia, leia bastante sobre relações econômicas internacionais, mais, bem mais do que você tiver como matéria no curso de RI (que costumam ser fraquinhos e ter poucas matérias práticas, de corte empresarial, sendo bem mais teórico-acadêmicos). Estude por sua conta, lendo jornais e revistas de economia internacional e pesquisando sozinho na internet.
Nada é melhor do que você garantir a sua própria formação em economia: ela lhe será útil numa empresa.
Paulo Roberto de Almeida
Tenho 15 anos e sempre tive uma fascinação com os assuntos relacionados à geografia, principalmente na área econômica e também à história.
Estava decidido à fazer o curso de história até que encontrei o curso de RI e comecei a pesquisar sobre ele.
Em vários fóruns pela internet há um grande debate sobre viagens internacionais.
Meu sonho sempre foi trabalhar em outro país ou apenas fazer viagens de negócios.
Eu queria saber se quando se trabalha com RI há a possibilidade de se atuar em outros países e se há algum outro curso que se necessite atuar em outros países?
Uma graduação universitária, qualquer uma, apenas qualifica alguém em alguma área do conhecimento, eventualmente ajudando a conseguir uma profissão cujos requerimentos são afinados com aquela área.
Mas ela não garante qualquer chance de trabalho, ou emprego, se a própria pessoa não for realmente capacitada -- aos olhos de um empresário empregador, por exemplo -- ou capaz de passar em algum concurso em uma profissão que permita atuar em outros países.
Existem muitas profissões que permitem esse tipo de abertura, na vida privada -- em empresas multinacionais, digamos assim -- ou na vida pública, passando no concurso para a diplomacia, por exemplo.
Neste caso, você teria de estudar muito, pois o concurso é extremamente exigente.
Sorte sua, pois com 15 anos, você tem tempo de se preparar adequadamente. Comece agora, a ler tudo o que voce precisa ler (no meu site tem indicações sobre isso: www.pralmeida.org) e estude sempre, independentemente do curso que voce for fazer.
Tem de estudar por contra própria, sem depender de ninguém.
Bons estudos.
Paulo Roberto de Almeida
Tenho 15 anos e sou apaixonada pelas ciências humanas, por idiomas e pelo mundo, pelos países. Recentemente descobri que existe a possibilidade desse emprego que eu julgo maravilhoso, mas tenho medo de estar idealizando. Como é a vida pessoal de um diplomata? Eles têm uma vida normal no que se diz à isso? E sobre o trabalho em outros países, gostaria muito de saber sobre isso.
Muito Obrigada.
Por incrivel que pareça, o diplomata pode ser uma pessoa normal. Enfim, tem de tudo na diplomacia, mas a maioria é bem normalzinha: trabalha, bebe, trabalha, bebe, dorme, bebe...
Estou brincando, claro, mas você vai descobrir muita coisa sobre os diplomatas pesquisando na internet, e corre até o risco de achar muita coisa minha, que sou um diplomata normal (mas tem gente que não acredita...).
Paulo Roberto de Almeida
Você pode ser diplomata com qualquer diploma superior, até de economia doméstica, se existir. Portanto, se você se sente atraído pela profissão de jornalista, faça o curso, sabendo, porém, que os cursos de jornalismo são geralmente medíocres, com professores idem, com as exceções de praxe em algumas faculdades, e que a vida de jornalista é relativamente miserável, sem muitos atrativos turísticos e muita espera e suor em torno de uma boa matéria.
Mas se isso lhe encanta, faça.
Mas saiba que você vai precisar se preparar muito para ser diplomata, o que nenhuma faculdade lhe dará, nem mesmo cursos de RI que em geral também são medíocres. Portanto, se você quiser um conselho, estude por sua própria conta todas as matérias do concurso de ingresso na diplomacia, ao mesmo tempo que voce faz uma faculdade qualquer, a menos ruim possível (mas não confie muito).
Paulo Roberto de Almeida
Atualmente faço o curso de Ciências Sociais (segundo semestre) e tenho predileção por Antropologia, pretendo seguir a área acadêmica (mestrado,doutorado e depois dar aula em universidades), mas também tenho interesse na carreira diplomática.As vezes fico pensando se realmente quero ser diplomata ou só é uma idealização da minha parte, acho incrível poder trabalhar cada período em um país diferente, com culturas distintas, quanto maior o choque cultural, melhor.Enfim, eu estou em desvantagem por não cursar Direito? O conhecimento em francês e espanhol tem que ser perfeito igual ao inglês e português? Vi que o Sr. possui doutorado em Ciências Sociais, então eu pergunto se os meus interesses intelectuais e a carreira diplomática não estariam em desacordo, se a diplomacia não seria mais para quem gosta de Ciência Política.
Desde já, agradeço.
Eu também fiz Ciências Sociais, e acho os diplomatas uma tribo especialmente bizarra, pronta para ser examinada por algum antropólogo especializado em grupos perdidos na selva.
Mas eu nunca dependi de qualquer curso para me tornar diplomata: estudei por minha própria conta e me tornei diplomata, esse ser nomade que fica vagando entre países e o Brasil a intervalos regulares. Acho bom.
Estude, entre, depois você decide se quer ser diplomata, ou se quer ser apenas um etnólogo de diplomatas.
Paulo Roberto de Almeida
Quero lhe parabenizar e agradecer, não somente por informar sobre a rotina do diplomata brasileiro, mas também pela humildade e atenção em responder os comentários.
Era o tipo de opinião que faltava pra eu me decidir pela carreira.