O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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terça-feira, 15 de novembro de 2022

Solidariedade com as mulheres, e todos os homens do Irã, dominado por uma teocracia impiedosa (Signal, GZERO Media)

 Centenas de mulheres e homens já morreram, pela repressão do regime teocrático do Irã, inclusive um primeiro condenado à morte "por ofender Deus".

   

The actions of Iranian protesters over the past two months – particularly women – have been awe-inspiring. Despite the prospect of incarceration, and worse, they’ve refused to kowtow to the bushy-eyebrowed mullahs calling the shots in the Islamic Republic. Fear of execution looms large, but Iranian women continue to abandon their headscarves and chant in the streets for regime change.

Things are only getting more dangerous after Iran’s parliament recently voted in favor of the death penalty for protesters. The first such sentences were handed down in recent days. Indeed, the stakes could not be higher, and yet hopeful Iranians continue to risk their lives.

As the government crackdown intensifies – there have been 300 deaths and 15,000 arrests to date – is the West doing enough to support the protesters in their bid for freedom?

Defying the despots. Iranians took to the streets in September in the aftermath of the in-custody death of Mahsa Amini, 22, who was arrested and reportedly beaten by Iran’s “morality police” for improperly donning her hijab. 

Many young Iranians have died in custody over the past decade, but Amini’s story has galvanized a generation of millennial and Gen-Z women who have no recollection of the 1979 Islamic Revolution that brought down a corrupt Shah and have zero affinity for the mullahs who rule their lives.

As the human rights situation in Iran deteriorates, what’s the West doing about it?

Suit-clad politicians in Brussels and Washington have imparted all the right platitudes expressing support for Iran’s women-led movement. 

More substantially, the US and EU, the UK, and Canada have expanded on Western sanctions in recent weeks – in place for the better part of a decade – aimed at stopping Iran from further developing its nuclear program. The Western alliance has sanctioned a host of officials from the Islamic Republican Guard Corps, a key unit of Iran's armed forces, as well as high-ranking government officials and regime loyalists.

These new measures come on top of long-term sanctions that have sought to cut Tehran off from the global financial system in hopes of strangling Iran’s most lucrative export – oil – and bringing the regime to its knees. 

Still, while these established measures remain in place, the Biden administration has so far been unwilling to up the ante by implementing a cohesive strategy for further inflicting pain on the Iranian energy sector. Consider that in the fiscal year leading up to March 2023, Iran is expected to export 1.4 billion barrels per day, compared to around 500,000 bpd or less when former President Donald Trump was in the White House and enforced a “maximum pressure” campaign on Iran. 

This suggests, analysts say, that the West, long trying to keep the dialogue open with Tehran in hopes of reviving the now-defunct nuclear deal, has overseen a lax enforcement system. 

Many observers point to the latest developments in Ukraine as a case in point. Despite Western sanctions intended to stop Iran from developing its military-industrial complex, Iran has succeeded in building one of the world’s biggest drone fleets – and is supplying the Russians with thousands of sophisticated “killer drones” that the Kremlin is using to pummel Ukraine. 

What’s more, debris from the battlefield suggests that Iranians have been able to rely on Chinese copies of Western parts to build their drone stockpile, while they’ve also acquired Western-made parts to power their drones. Clearly, Western sanctions haven’t had the intended effect of cutting Iran off and making it squirm. (To be sure, the EU has recently imposed sanctions on Iran drone makers, while the US sanctioned Iranian flight companies for helping transfer drones to Russia. Still, it comes after Iran had already developed one of the best arms games in the business.)

Moreover, that countries including China and the United Arab Emirates have had no qualms about flouting Western sanctions on Iranian energy exports suggests that the perceived cost of buying and selling Iranian oil has waned. 

What more could be done? The US could sanction Iran’s drone program and increase the pace of its ad-hoc sanctions regime. What’s more, while hundreds of Russian diplomats have been expelled from Europe and the US, many Iranian dignitaries continue to get the royal treatment in global forums.

Looking ahead. The UN Human Rights Council says it will hold a special session to discuss Iran on Nov. 24. Meanwhile, the world's largest and most influential economies are currently gathering at the G-20 summit to talk about all things geopolitics. Will their response to Iran be united and stern? Don’t hold your breath.

terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Coronel do Exército diz sentir nojo de Bolsonaro - Marcelo Pimentel Jorge de Souza (Revista Forum); toda a minha solidariedade, Paulo Roberto de Almeida

 É preciso ter uma boa disposição em defender sua própria honestidade intelectual para vir a público denunciar claramente as autoridades que desmantelam a própria dignidade do cargo que ocupam, ao atuar CONCRETAMENTE contra os interesses do país, de suas instituições, da honra da sociedade.

Toda a minha solidariedade ao militar da reserva Marcelo Pimentel Jorge de Souza, que ousa contrapor-se à passividade da maior parte dos seus colegas, ao empreender uma ofensiva contra os desmandos a que assiste no país. Eu não poderia concordar menos com sua atitude, e ele conta não apenas com meu apoio, mas também com minha companhia na denúncia dos desmandos a que assisto em minha própria instituição.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 22/12/2020


Coronel do Exército diz sentir nojo de Bolsonaro

“Sinto melancolia em ver boa parte dos oficiais de minha geração e ex-comandantes participando de um governo chefiado por uma pessoa política e intelectualmente despreparada”, afirmou Marcelo Pimentel Jorge de Souza, militar da reserva

 Revista Fórum, 

Marcelo Pimentel Jorge de Souza, coronel da reserva do Exército, postou, em sua página no Facebook, um texto contundente contra o presidente brasileiro. O militar afirma sentir nojo de Jair Bolsonaro e vergonha por ter se formado na mesma Academia Militar que ele.

O coronel diz, ainda, que Bolsonaro e seus ministros militares desmoralizam as Forças Armadas. “Sinto melancolia em ver boa parte dos oficiais de minha geração e ex-comandantes participando de um governo chefiado por uma pessoa política e intelectualmente despreparada”.

Leia a íntegra do texto:

Como oficial da reserva do Exército e de acordo c/o direito que me é assegurado pela Lei 7.524/86, declaro ter/sentir:

– NOJO da pessoa que preside meu país;

– DESPREZO por quem participa de seu governo;

– REPÚDIO por quem ainda hoje o apoia;

– ASCO em escutar sua voz ou a pronúncia de seu nome;

– VERGONHA de que tenha um dia passado pela mesma Academia Militar que me formou oficial do EXÉRCITO BRASILEIRO;

– CONTRARIEDADE com quem, minimamente informado, votou nessa pessoa pra ser PRESIDENTE DO BRASIL;

– MELANCOLIA em ver boa parte dos oficiais de minha geração e ex-comandantes participando de um governo chefiado por uma pessoa política e intelectualmente despreparada, inepta e incompetente, além de desumana e extremamente grosseira e mal-educada;

– DESESPERANÇA em perceber que grande parte dos oficiais e praças das novas gerações está seguindo o MAU exemplo de alguns chefes e ex-chefes insensatos, ambiciosos, tolos ou idênticos ao capitão manobrado por generais;

– MEDO que o Exército, por intermédio da maioria de seus integrantes, seja transformado numa instituição à imagem e semelhança de seu atual ‘comandante supremo’, que continua sendo tratado como ‘MITO’ nos quartéis em que comparece, SEMPRE acompanhado por generais-ministros políticos que COMANDAVAM, CHEFIAVAM e GUIAVAM as forças armadas brasileiras… até outro dia; e

– DESCONFIANÇA de que alguns generais que se apresentam hoje como ‘dissidentes do governo’ e críticos (exclusivos) ao presidente, mesmo sendo, antes das eleições, as pessoas que mais o conheciam na face da Terra exceto a própria família (dele), sejam apenas aproveitadores de nova ocasião para manutenção do ‘PARTIDO MILITAR’ no centro do poder e do cenário político nacional, agravando o processo de POLITIZAÇÃO DAS FORÇAS ARMADAS e seu reverso – MILITARIZAÇÃO DA POLÍTICA e da SOCIEDADE -, ambos nocivos para as Forças Armadas (DEFESA) e o BRASIL (ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO)…hoje, amanhã e SEMPRE.

(a) Marcelo Pimentel J. de Souza, cel R-1 EB.

Observações:

1) indico posto hierárquico na manifestação de meu pensamento político (coronel), em contrariedade ao estabelecido na Lei 6.880/80 (Estatuto dos Militares), Art 28, inciso XVIII (determina q o oficial da reserva se abstenha de usar seu posto qdo ocupar cargo público ou ‘discutir política’ publicamente), SIMPLES e EXCLUSIVAMENTE para demonstrar o poder do ‘MAU EXEMPLO’ de inúmeros generais (veja o perfil pessoal de rede social do gen villas boas ou heleno, pra citar apenas dois) que descumprem os preceitos ÉTICOS (é disso que trata o Art 28 do Estatuto dos Militares) mais elementares, traduzido num raciocínio bem simples: “SE UM GENERAL FAZ, QUALQUER OUTRO MILITAR PODE FAZER TAMBÉM” – eu fiz tão somente para mostrar a impropriedade dessa conduta;

2) é o mesmo que dizer… ‘SE UM GENERAL DA ATIVA FAZ POLÍTICA’ (é/era o que fazem/faziam – os generais Pazuello, Ramos, Braga Netto, Rego Barros, respectivamente ministros da saúde, secretaria de governo, casa civil e ‘porta-voz’) ‘QUALQUER MILITAR, DE CORONEL A SOLDADO, PODE FAZER TAMBÉM’;

3) o marechal Osório, comandante da força terrestre na Guerra da Tríplice Aliança, já dizia: “É FÁCIL A MISSÃO DE COMANDAR HOMENS LIVRES; BASTA MOSTRAR-LHES O CAMINHO DO DEVER”;

4) o dever do militar das forças armadas NÃO é governar (independentemente de sua visão político-ideológica, e é livre para tê-la) nem, muito menos, tutelar o poder político civil;

5) lugar de militares e de forças armadas é no ‘fundo do palco’, não protagonizando as lutas políticas normais e legítimas de uma sociedade;

6) pra ajudar a resolver ‘polarizações’ não se deve aderir a um dos polos, muito menos estimular, apoiar ou criar um;

7) ISENÇÃO funcional, NEUTRALIDADE política, IMPARCIALIDADE ideológica, APARTIDARISMO absoluto, PROFISSIONALISMO estrito e CONSTITUCIONALIDADE são os ‘ingredientes’ da argamassa que sustenta o MURO que deve (deveria) separar forças armadas da política. Quem é ou foi chefe e comandante, que ‘PRECEDE, GUIA e LIDERA’ seus subordinados, DEVERIA ser o primeiro a PRATICAR esses 6 princípios, posto que o ‘EXEMPLO ARRASTA’ – ‘ARRASTA’ para a trilha do DEVER profissional ou para as profundezas do ABISMO institucional.

8) eu e muitos oficiais de minha geração formada na AMAN/1987 ajudamos a reerguer aquele MURO nos 30 anos que se seguiram à Constituição que fundou o Estado Democrático de Direito. Ajudamos a reconstruir a IMAGEM POSITIVA de credibilidade, confiança e respeito da sociedade em seu Exército, após 21 anos de autoritarismo inaugurados e protagonizados por chefes militares que se formaram no ‘Estado de Indisciplina Crônico’ dos quartéis nos anos 1920-60 e que, percebendo ou não, transformaram-se em generais ‘DITADORES’ nos anos 1960-70;

9) falo porque é necessário reparar, URGENTEMENTE, as muitas avarias no ‘MURO’, antes que desmorone por completo e tenhamos risco de retroceder institucionalmente àquele ‘Estado de Indisciplina Crônico’ anos pré-64 ou, por outro lado, que se transformem as forças armadas num monolito político-ideológico de sustentação a desvarios autoritários como no período 1964-68-77-85. Como dizia o General Peri Bevilacqua, Ministro do STM cassado pelo AI-5: ‘QUANDO A POLÍTICA ENTRA NO QUARTEL POR UMA PORTA, A DISCIPLINA SAI PELA OUTRA’);

10) falo porque tive (e tenho) a ‘melhor profissão do mundo’ – a de oficial do Exército Brasileiro e, por isso, tenho consciência plena que aquele MURO só será reparado se contar com a participação mutuamente cooperativa das chefias militares das forças armadas e das lideranças políticas da sociedade civil.

Como fazer isso? É resposta ao mesmo tempo SIMPLES e COMPLEXA. Apresentarei somente a parte SIMPLES e IMEDIATA:

– a saída, mais breve possível, de todos (TODOS) os militares da ATIVA que exercem cargos de natureza política e/ou que não tenham claríssima relação com as atividades essencialmente militares (o que inclui atividades administrativas);

– a saída gradual de todos (ou quase todos) militares da RESERVA dos cargos para os quais foram nomeados no governo, estatais, autarquias, fundações, fundos de pensões, embaixadas, tribunais etc., nas mesmas condições dos da ativa; e

– o mais SIMPLES de tudo –> Basta os GENERAIS darem o EXEMPLO. Dar EXEMPLO é fazer primeiro ou junto!

A HISTÓRIA grita aos nossos ouvidos!

Ouçamo-la!

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Lucas Vasques

Jornalista e redator da Revista Fórum.




domingo, 17 de março de 2019

Mensagem da Republica de Curitiba: um amigo me escreve solidariamente...

Um grande amigo de Curitiba me escreve em solidariedade:


Afastado há mais de 15 dias de minhas atividades profissionais, (...) e inclusive... fora de Curitiba, só nesta semana tomei conhecimento de truculenta e lamentável demissão que lhe tirou a presidência do IPRI.
Confesso que atualmente tenho procurado me distanciar das discussões em torno do maniqueísmo que tomou conta da política nacional. Longe de mim pactuar com a esquerda lírica, patológica, ensimesmada, irresponsável e corrupta que manejou a direção do país nos últimos anos. De outra parte, não há como concordar com os rumos da atual política externa brasileira, conduzida por um alienado sabujo de plantão, e comandada à distância por alguém totalmente inexperiente, inconsequente e temerário nas suas orientações e indicações, conquanto erigido à condição de conselheiro-mor do Executivo pátrio.
Dito isto, venho solidarizar-me com o amigo, renomado diplomata e brilhante intelectual brasileiro, louvado dentro e fora do território nacional, em face do subjetivo, indecoroso e imerecido ato que o removeu de posto dos mais importantes aos rumos da diplomacia nacional.
Vivemos, lamentavelmente, tempos da autoafirmação do pensamento único, que se compraz e necessita, para prevalecimento, de impor o “fechamento do universo do discurso”, e por decorrência, retalhando todos os que ousam discordar ou opinar contrariamente às decisões e ideias do novel governo, tanto em público quanto no privado.
Tenha a certeza, caríssimo Paulo Roberto, de que você não está só em suas manifestações, tampouco sua exoneração foi aceita passivamente pela crítica e/ou pela opinião pública. Aqui em Curitiba, mais que um amigo, tenha em mim, em comunhão, a “pièce de résistence” local contra os ortodoxos e levianos rumos conferidos às relações externas brasileiras.
Receba meu fraterno abraço e minhas melhores homenagens.
Xxxxxx Xxxxxxxx
Curitiba, 15/03/2019

quinta-feira, 7 de março de 2019

Uma homenagem particularmente feliz - Carlos Eduardo de Freitas

Recebo, com extrema satisfação, esta mensagem de solidariedade de meu amigo Carlos Eduardo de Freitas. Ele estava cotado para fazer uma palestra no IPRI, a meu convite, mas espero que meu sucessor mantenha o convite.

Meu ilustre e estimado amigo Paulo Roberto,.
Receba meus cumprimentos, e o testemunho de minha admiração e respeito pela coragem de manifestar-se com independência sobre questões envolvendo a política externa do Brasil, e, assim, como diplomata de carreira e servidor público profissional, enfrentar as consequências de sua atitude.
Parabéns Paulo! Iniciativas como a sua têm se tornado raras no Brasil nos últimos tempos. Precisamos reviver exemplos de vida como o do Dr. Sobral Pinto e, mais recentemente, do Dr. Hélio Bicudo.

Afetuoso abraço,
Carlos Eduardo de Freitas
Análise & Pesquisa Econômica
carlos.freitas@corecondf.org.br