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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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segunda-feira, 18 de março de 2019

Itamaraty ao estilo stalinista: querem me apagar do cenário.

Reproduzo aqui postagem que efetuei no último dia 14, ao tomar conhecimento que a atual administração do Itamaraty está impondo uma humilhação a esta professora francesa, apenas porque pretendem me manter totalmente alheio a esse evento.
Fiz alusão, no título desta postagem ao termo "stalinista", pois era isto o que ocorria na União Soviética totalitária de Stalin: ela mandava apagar as imagens de seus supostos adversários no Partido Comunista, ou até mandava fuzilar (Bukharin, por exemplo) e assassinar (foi o destino de Trotsky),
Ainda não me ocorreu nada de físico, mas certamente já me "apagaram" virtualmente.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 18 de março de 2019

Itamaraty: a animosidade pessoal se transfere ao plano institucional

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 14 de março de 2019
 [Objetivo: relato sobre eventos cancelados; finalidade: informação aos interessados]

Em janeiro deste ano, a pedido da seção cultural da embaixada da França em Brasília, e no quadro da “Semaine de la Francophonie”, eu havia sido convidado a participar de um evento e consultado sobre a possibilidade de ajudar a organizar um outro, ambos no mesmo dia em 19 de março. Esses dois eventos estavam relacionados à visita ao Brasil da professora Laurence Badel, historiadora da Universidade de Paris-1 (Sorbonne), que faria no Itamaraty duas conferências, seguidas de debates.
Esses eventos seriam, respectivamente, uma conferência sobre os diplomatas escritores, já objeto de um colóquio, na França, quase dez anos atrás, e objeto de uma obra coletiva, da qual a professora Badel foi uma das editoras, e uma outra conferência sobre o centenário da conferência de paz de Paris em 1919. Fiz uma postagem sobre o livro resultante do colóquio desde que o recebi de uma encomenda na França, em 21 de maio de 2018, neste link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/05/ecrivains-et-diplomates-livre-francais.html
O que se previa, no primeiro evento, seria suscitar, após a conferência da profa. Badel, um debate sobre experiências talvez similares no caso brasileiro, para o qual eu fui convidado a título pessoal, não como diretor do IPRI, a partir de minha iniciativa de preparar uma 3ª. edição da obra O Itamaraty na Cultura Brasileira, cuja primeira edição, organizada pelo embaixador Alberto da Costa e Silva, havia sido publicada em 2001, sob os auspícios do então chanceler, e intelectual, Celso Lafer. Para ilustrar minha participação nesse primeiro evento, e informar a visitante francesa, eu cheguei a compor um pequeno ensaio, em francês, sobre os diplomatas escritores do Brasil, que coloquei à disposição dos interessados em meu blog e numa plataforma acadêmica: “Diplomates brésiliens dans les lettres et les humanités” (blog Diplomatizzando, link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/02/diplomates-bresiliens-dans-les-lettres.html; Academia.edu, link: https://www.academia.edu/s/d1a565519e/diplomates-bresiliens-dans-les-lettres-et-les-humanites-2019).
Para o segundo evento, eu estava compondo um outro ensaio sobre os famosos 14 pontos de Woodrow Wilson, relidos a cem anos de distância, que não cheguei a terminar pelo simples fato de ter sido exonerado do cargo de diretor do IPRI em plena segunda-feira de Carnaval, o que atrapalhou o meu lazer laborioso, quando deveria estar me dedicando à sua redação, exatamente. De toda forma, pretendo terminar esse ensaio, pois ele deveria, em princípio, integrar um livro resultante de três seminários centrados sobre o Brasil e a Grande Guerra, dois já realizados e um terceiro previsto para meados deste ano, se é que ele será organizado e realizado. Os três diplomatas engajados na organização dos seminários e na composição do livro estão sendo igualmente afastados do IPRI, e pode ser que eu tenha de compor o livro solitariamente.
Ao aproximar-se a data de realização dos dois eventos, para os quais eu já tinha preparado os convites e a informação de base (transcritos in fine), fui informado de que a alta chefia do Itamaraty tinha decidido alterar completamente a organização desses dois eventos, presumivelmente com a intenção de afastar-me de qualquer participação num e noutro, mas de uma forma lamentável, pois retira dos demais interessados, como da própria conferencista, a possibilidade de assistir, em evento aberto, duas palestras e debates sobre temas de alta relevância histórica e cultural. Segundo me foi transmitido, as duas conferências da profa. Badel não mais estariam abertas ao público diplomático e acadêmico de Brasília, encerrando-as no âmbito de uma sala de aula, unicamente abertas a duas dúzias de alunos do próprio Instituto Rio Branco.
A medida me parece absurdamente mesquinha, vingativa, castradora, pois impede a visitante francesa, historiadora distinguida da Sorbonne, de se expressar em favor de um público mais amplo, apenas porque a intenção não declarada, mas clara em sua evidência cristalina, foi afastar-me de ambos eventos e impedir não só a minha participação, como a simples assistência na qualidade de membro da audiência geral de cada um deles. Uma tal atitude abjetamente retaliatória contra mim atinge em primeiro lugar a professora francesa, agora impedida de se dirigir ao público natural da Semana da Francofonia – os representantes dos países francófonos e os demais interessados na agenda cultural desse ciclo – e condenada a ficar restrita exclusivamente aos próprios alunos do Instituto Rio Branco.
Posso, sem hesitação, classificar tal atitude de censória no mais alto grau, como também vergonhosa, indigna das mais altas tradições culturais do Itamaraty. Tampouco hesito em acusar o chanceler atual como o responsável por essa decisão totalmente desrespeitosa para com nossos amigos da embaixada da França, como para todos os demais membros da comunidade francófona de Brasília, brasileiros e estrangeiros, diplomatas ou não. Suponho que as respectivas embaixadas se sentirão afetadas pela mudança de uma programação já preparada com antecipação de vários meses, e que fazia parte de uma iniciativa cultural tradicional no ambiente da capital federal desde muitos anos. Elas se sentem logradas por um gesto tão desrespeitoso.
Em meu nome, e acredito que assumindo a voz de muitos colegas, diplomatas e acadêmicos, apresento as mais sinceras desculpas por um gesto indigno de figurar no calendário de realizações deste ano de 2019; ao contrário, tal censura mesquinha, tomada no âmbito puramente pessoal, mas que reverbera no plano institucional, diminui o rol de realizações da Semana da Francofonia de 2019.
Excusez-nous, Français et francophones, on en fera d’autres…


Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 14 de março de 2019


Convites preparados para os dois eventos programados
(não expedidos)

1)     
L’Ambassade de France à Brasília
Instituto Rio Branco (IRBr)
Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI-Funag)

L'écrivain en diplomatie : identités et pratiques

Laurence Badel
Historienne, professeur à la Sorbonne ;
Commentaires :
Paulo Roberto de Almeida, sociologue, directeur de l’IPRI.

Auditório João Augusto de Araújo Castro, Instituto Rio Branco
19 Mars, 10h30

La professeure Laurence Badel est historienne, directrice du Centre d’histoire des relations internationales contemporaines (Institut Pierre Renouvin) et du Master en Études européennes et relations internationales à la Sorbonne (Paris-1), membre du conseil scientifique de son École doctorale en Histoire, Secrétaire générale du Prix Jean-Baptiste Duroselle, et membre de plusieurs revues scientifiques, françaises et étrangères. Auteur et éditeur de nombreuses ouvrages dans les domaines des relations internationales, mondialisations et régionalisations, diplomatie économique, et acteurs non-étatiques et pratiques diplomatiques, dont l’ouvrage collectif Écrivains et diplomates : l’invention d’une tradition, XIXe-XXIe siècles (Armand Colin, 2012).


2)     
L’Ambassade de France à Brasília
Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI-Funag)

La Conférence de la Paix de Paris de 1919, premier sommet mondial ?
Laurence Badel
Historienne, professeur à la Sorbonne

Auditório João Augusto de Araújo Castro, Instituto Rio Branco
19 Mars, 15h00

La professeure Laurence Badel est historienne, directrice du Centre d’histoire des relations internationales contemporaines (Institut Pierre Renouvin) et du Master en Etudes européennes et relations internationales à la Sorbonne (Paris-1), membre du conseil scientifique de son École doctorale en Histoire, Secrétaire générale du Prix Jean-Baptiste Duroselle, et membre de plusieurs revues scientifiques, françaises et étrangères. Auteur et éditeur de nombreuses ouvrages dans les domaines des relations internationales, mondialisations et régionalisations, diplomatie économique, et acteurs non-étatiques et pratiques diplomatiques, dont plusieurs ouvrages sur l’histoire contemporaine de l’Europe et de ses rapports mondiaux, spécialement avec l’Asie.





sábado, 29 de novembro de 2014

Venezuela: ditadura bolivariana cria o "disque-delacao", chegando no stalinismo classico

Estamos em plena revolução cultural na Venezuela: como sob a China de Mao, se você desconfiar que o seu vizinho é um agente da reação, ou serviçal do imperialismo, e quer destruir a revolução mesmo em pensamento, não hesite, telefone para 0800 da delação institucionalizada.
Essa matéria tinha passado despercebida, e a menos que seja uma brincadeira do Casseta e Planeta venezuelano, ou uma montagem de El Sensacionalista bolivariano, tem tudo para ser verdade...
Paulo Roberto de Almeida 


G1, 16/09/2013

Presidente da Venezuela cria 0800 para combater traidores da pátria

Sucessor de Hugo Chávez lançou linha especial para venezuelanos que desconfiarem de algo ligarem e acusarem a pessoa suspeita.

Começou a funcionar nesta segunda (16) na Venezuela uma central de atendimento para receber denúncias sobre traidores da pátria. A ideia foi do presidente Nicolás Maduro, que se diz vítima de inúmeras conspirações.
Para combater aqueles que denomina de "inimigos da pátria", o sucessor de Hugo Chávez lançou uma linha especial, o "0800-Sabotagem". O serviço serve para os venezuelanos que desconfiarem de algo ou de alguém liguem e acusem a pessoa suspeita.
Segundo Maduro, será um "centro de informação" para que as pessoas possam fazer as acusações em "tempo real". Nos últimos meses o presidente Maduro, mergulhado em uma série de problemas econômicos gerados, segundo os analistas, pelo próprio governo, viu conspirações por todos os lados. Foi o caso da escassez de papel higiênico, quando acusou os agentes do imperialismo de estocarem o produto, de forma a provocar mal-estar na população na hora de recorrer ao toalete.
Há poucos dias um apagão no sistema elétrico nacional assolou 70% do país. Os apagões não são uma novidade nos últimos anos na Venezuela. Mas Maduro sustentou que era uma "sabotagem do fascismo". Nas últimas semanas as mulheres venezuelanas que exibem longas cabeleiras estão sendo alvo de ataques de gangues as assaltam para cortar seus cabelos, que são revendidos no mercado negro de megahair. Maduro exclamou que estes cortes capilares constituem uma "guerra psicológica contra a Venezuela".
O presidente venezuelano fez denúncias de diversas conspirações, sempre prometendo apresentar as provas. Mas, de todas as denúncias que fez, não apresentou uma prova sequer. O presidente até anunciou a próxima conspiração, com data marcada, que seria em outubro, denominada "Colapso Total", segundo ele organizada desde a Casa Branca, em Washington. Esta sequência de denúncias feitas por Maduro está sendo ironicamente denominada de "A Conspiranóia".

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

O stalinismo redivivo: um Gulag virtual vai sendo montado no cerrado central... - Augusto Nunes

Agusto Nunes, Thu, 29 Aug 2013 02:01:33 +0000

Oficialmente, o diplomata Luiz Alberto Figueiredo deixou a chefia da representação brasileira na ONU para tornar-se ministro das Relações Exteriores e Antonio Patriota deixou o cargo de ministro das Relações Exteriores para chefiar a representação na ONU. Na prática, nada mudou. O chanceler era Marco Aurélio Garcia. E chanceler continua, berram os desdobramentos da operação que livrou o senador boliviano Roger Pinto Molina do cativeiro na embaixada em La Paz.
Disfarçado há mais de dez anos de “Assessor Especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais”, Garcia fazia e desfazia já nos tempos em que Celso Amorim caprichava na pose de chanceler. Com a transferência do Pintassilgo do Planalto para o Ministério da Defesa, a boca à espera de um dentista passou a reinar sem concorrentes no governo Dilma Rousseff. A presidente e seu conselheiro sonham com uma América bolivariana. E não admitem que algum subordinado ouse desafiar ou desobedecer companheiros de lutas revolucionárias.
Foi o que fez o diplomata Eduardo Saboia com Evo Morales ao libertar o senador enclausurado havia 455 dias na representação em La Paz. Por ter ouvido a voz da razão, o ministro conselheiro da embaixada na Bolívia será investigado por uma comissão de sindicância formada pela Controladoria Geral da União. Presidida por Dionísio Carvalho Barbosa, auditor da Receita Federal e assessor da CGU, a comissão seria completada pelos embaixadores Clemente de Lima Baena e Glivânia Maria de Oliveira.
Os dois recusaram a missão quando souberam das instruções do Planalto. “O Saboia deve ser moído”, revelou a esta coluna uma fonte com acesso ao gabinete presidencial. Para manter as aparências, Garcia ditou a declaração do novo ministro Luiz Alberto Figueiredo: “Houve uma recomendação da CGU, que é quem preside a comissão, de que seria melhor que eles não fossem os nomes escolhidos pelo Itamaraty porque eles, de alguma forma, tem alguma ligação com o tema. Nós escolhemos outros dois colegas e portanto não vai haver nenhum tipo de atraso na sindicância”.

Os substitutos são os diplomatas Rodrigo Amaral e Paulo Estivalet. Ambos terão de escolher entre a dignidade e a desonra.

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E a ofensiva já começou: a direita orquestrou tudo, obviamente...

Boletim diário da Conjuntura da Fundação Perseu Abramo, 28/08/2013:

Dilma condena ação de diplomata brasileiro e rejeita comparação de Embaixada com DOI-CODI:
A presidenta Dilma Rousseff fez duras críticas na terça-feira, 27, à ação do diplomata brasileiro Eduardo Saboia, que havia comparado a situação do senador boliviano Roger Pinto a de um prisioneiro do Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) na época da ditadura militar. Segundo Dilma, “é tão distante a embaixada brasileira lá em La Paz como é distante o céu do inferno”, citando sua própria experiência no presídio da ditadura militar. Ainda segundo Dilma, ao trazer Roger Pinto para o Brasil sem autorização do governo boliviano e sem o conhecimento do governo brasileiro, Saboia arriscou a vida do senador, além de cometer uma quebra de hierarquia inaceitável na diplomacia brasileira. O senador boliviano, proprietário de terras na fronteira do Acre, é considerado o porta-voz do agronegócio boliviano. Opositor ferrenho de Evo Morales, o senador acumula processos de desvio de verbas e corrupção quando governou a província de Pando, além de ser acusado de venda de terras públicas a estrangeiros e favorecimento de jogos ilegais. A acusação mais grave que paira sobre ele é a de participação no massacre de 13 indígenas na província de Pando em 2008.
Comentário: A ação de Saboia, possivelmente orquestrada com o ex-embaixador brasileiro na Bolívia, Marcel Biato, revela uma manobra “oposicionista” dentro do corpo do Estado Brasileiro, imediatamente apoiada pela direita nacional. As ligações de Pinto com agentes da inteligência norte-americana, denunciadas pela revista Carta Capital, revelam o papel do senador ruralista como representante dos interesses americanos para desestabilizar o governo Morales. Sua aceitação como asilado político foi um grave erro da diplomacia brasileira, pois desconsidera a soberania da justiça boliviana, que julga denuncias gravíssimas contra o senador. As justificativas para a arriscada fuga são ainda menos plausíveis de aceitação, dado que um homem com “saúde frágil” e claro risco de morte não poderia ser submetido a uma longa viagem de automóvel como ocorreu.