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domingo, 5 de outubro de 2014

Eleicoes 2014: o Brasil "quebrou 3 vezes" sob FHC e humilhou-se perante o FMI? MENTIRA! Eis aqui a historia correta - Paulo Roberto de Almeida

É normal, no curso de uma campanha tão acirrada quanto a atual, que os candidatos exagerem um pouco em suas afirmações, com o objetivo de enfatizar os erros, equívocos, ou até traições dos seus competidores, e para realçar suas próprias virtudes e qualidades.
Não é normal, contudo, nem aceitável, sob qualquer critério, que eles deformem as posições dos competidores, que eles veem como adversários ou até como inimigos, ou que eles recorram a MENTIRAS DELIBERADAS para tentar acusar os adversários de algum pecado grave, antinacional.
É isso, no entanto, que vem fazendo os companheiros desde muito tempo, praticamente desde os próprios eventos, agindo de forma que eles sabem ser totalmente desonesta, mas ainda assim insistindo na mentira.
A candidata governista abusou de sua capacidade de mentir ao recorrer novamente a essa mistificação, ainda tão recentemente quanto esta semana.
Como eu acompanhei, muito de perto, a história financeira do Brasil desde o final dos anos 1970, e como estive envolvido em assuntos do FMI durante as próprias negociações -- mas mesmo que não estivesse, como qualquer outro eu leio jornais e sei distinguir a mistificação da realidade, permito-me contar a história verdadeira aqui abaixo, ainda que de forma resumida, para não cansar os leitores.

O que dizem, em síntese esses mentirosos reincidentes, esses fraudadores da história?
Eles tendem a repetir a mesma conversa, sempre em tom simplista, e derrogatório, como se todos no Brasil fossem idiotas e não soubessem distinguir a mentira da realidade.



MENTIRA
Simplesmente não é verdade que o Brasil quebrou três vezes sob FHC.
Esta é uma afirmação de cunho político, totalmente equivocada e que merece uma correção historicamente verificável, além e acima das querelas políticas.
Vou relatar exatamente como o processo se passou, desde o início.

No final de 1994, ocorreu uma primeira crise financeira no México,  – que se deveu a uma taxa de câmbio desajustada, que o governo vinha procurando manter estável, um pouco como o nosso atualmente – e que obrigou o governo de FHC a efetuar um ajuste na política cambial, introduzindo um sistema de banda (variação dentro de certos limites). 
Ocorreu também que, por opção do presidente Itamar Franco, a estabilização do Plano Real não pode ser feita com base num forte ajuste fiscal – pois ele dizia que não queria ter recessão, e de fato não houve recessão no Real, como se pode comprovar por dados objetivos – e teve de ser apoiada numa âncora cambial e em juros reais mais elevados (do contrário como dispor de financiamento a um governo que não queria fazer ajuste fiscal?). 
Quando sobreveio a segunda onda de crises financeiras, desta vez nos mercados asiáticos, em meados de 1997 –  também por motivos de câmbio – ocorreu um tremendo refluxo nos movimentos de capitais, o que afetou também o Brasil. Houve novos ajustes, que nos levaram a meados de 1998, quando a Rússia decretou moratória sobre sua dívida externa, dando um calote unilateral em muitos bancos europeu e até alguns americanos, atingindo grandes fundos de investimentos. 
Foi somente aí que a situação do Brasil se agravou, e o governo fez o que tinha de fazer, como fazem todos os países em situação temporária de desequilíbrio no balanço de pagamentos: negociou um acordo PREVENTIVO com o FMI e países credores, que permitiu justamente ao Brasil NÃO QUEBRAR, pois ele teve divisas para continuar cobrindo suas obrigações financeiras externas, sem precisar negociar uma moratória técnica como fez o México. 
Apenas para se ter uma ideia da magnitude dos pacotes de socorro a governos temporariamente inadimplentes (o que NÃO foi o caso do Brasil), o pacote do México envolveu um valor total de 48 bilhões de dólares (grande parte dinheiro americano do Exchange Stabilization Fund, o resto do FMI, BIRD, BID e outros governos). No caso do Brasil, o pacote de ajuda PREVENTIVA foi de 41 bilhões, mas do qual só foi usada uma metade, ainda assim como simples garantia (incorporação nas reservas cambiais, não para dispêndio efetivo). Esse pacote foi feito em outubro-novembro de 1998.
Em janeiro de 1999, o então governador Itamar, ao assumir o governo de Minas Gerais, declarou que não honraria, e não pagaria, as dívidas estaduais negociadas em 1996 e 1997, com o governo federal, que trocou velhas e impagáveis dívidas estaduais (e municipais), por novos bônus a 30 anos, eliminando um dos maiores “esqueletos” da situação anterior de todas as unidades sub-federadas. Ao fazer isso, a dívida pública do governo central naturalmente subiu de 32% do PIB para mais de 60% do PIB, o que constitui outra das acusações desonestas feitas pela oposição ao governo FHC: a dívida aumentou porque o governo federal assumiu imensos montantes de dívidas estaduais e municipais, a juros mais moderados. 
Pois bem, quando Itamar desafiou o governo federal, os mercados (ou seja, investidores em bolsa ou em títulos do governo) operaram um imenso movimento de retirada do Brasil – pois aquilo poderia significar o desmantelamento do Plano Real de estabilização – e que redundou na mudança da política cambial, do regime de banda para um de flutuação suja da moeda. Depois da desvalorização, os mercados se ajustaram rapidamente, tanto é assim que o novo presidente do Banco Central, Armínio Fraga, pagou o que devia aos governos credores em abril de 2000, e ficou apenas com um crédito stand-by do FMI (ou seja, garantia, apenas, para usar se fosse preciso, de pouco mais de US$ 10 bilhões).
Pouco depois, porém, a Argentina entrou em crise terminal e os chamados mercados, não distinguindo muito bem entre nós e eles, nos puniram novamente, mas a situação foi relativamente tranquila: foi negociado um novo acordo stand-bye, também PREVENTIVO, que nos repassou mais US$ 15 bilhões, enquanto durou a crise ao lado (e que se estendeu durante dois anos praticamente, desde a moratória de 2001, até o calote imposto por Kirchner em 2003). Ou seja, o Brasil NÃO quebrou pela segunda vez, apenas fez um novo acordo preventivo de empréstimo negociado.
Chegamos, então, à terceira “crise” e esta foi devida inteiramente à campanha presidencial de 2002.  Não se poderá negar que os “mercados” reagiram fortemente à possibilidade da chegada de Lula  ao poder, e isso não dependia absolutamente do governo FHC: o dólar saiu de 1,70 para quase 4 por dólar até setembro, e os títulos da dívida brasileira (renegociação de 1992-93) se vendiam a 48 centavos por cada dólar na bolsa de NY, tudo isso por causa das ameaças anteriores do PT de dar calote nas dívidas doméstica e externa, além de outras mudanças radicais na política econômica.
Pois bem, também se há de lembrar que o presidente FHC chamou ao Palácio do Planalto cada um dos candidatos presidenciais (e isso depois de Lula já ter apresentado sua “Carta ao Povo Brasileiro, em junho) para apresentar-lhes o pacote em negociação com o FMI, e TODOS deram o seu aval. O Brasil então fez o último dos três acordos, este igualmente PREVENTIVO, em agosto de 2002, pelo qual obteve um novo crédito stand-by por US$ 30 bi (o maior da história do FMI até então). Logo depois, já no governo Lula, o ministro Palocci determinou a elevação, decisão dele, do superávit primário, de 2,75% do PIB para 3,25%, e de fato fez muito mais do que isso durante seus três anos à frente da Fazenda).

Esta é a história REAL dos três pacotes de ajuda PREVENTIVA, totalmente em desacordo com a demagogia política em torno das três quebras, o que NUNCA ocorreu. Quem fez demagogia, aliás até contra o conselho do Ministro Palocci, foi o presidente Lula, que em 2005, por motivos puramente políticos e eleitoreiros, resolveu pagar antecipadamente o que devíamos ao FMI (pouco mais de 10 bi), quando Palocci havia negociado duas extensões e podíamos dispor desse dinheiro por mais 3 anos. 
Ora, Lula mandou devolver um dinheiro pelo qual o Brasil pagava no máximo 4,5% de juros ao ano, para depois ter de recorrer aos mercados comerciais de emissão de títulos governamentais, pelos quais passamos a pagar mais de 8% ao ano. Onde está a demagogia e a política aqui?

Nem FHC, nem Lula aumentaram a dívida externa do Brasil, que era basicamente de natureza comercial e privada, pois as dívidas governamentais foram sendo reduzidas ao longo de todo esse período. Apenas o primeiro pacote de ajuda PREVENTIVA foi feito durante a administração Clinton; os dois seguintes foram feitos sob o governo Bush, com que Lula aparentemente se relacionava muito bem, pelo menos ele assim o disse em diversas ocasiões.

Esta é a história real.
Os companheiros que continuarem fazendo falsas acusações deveriam ser processados por mentira e difamação.
Mas o fato é que eles não se corrigem.
Não conseguem viver sem trapaças e mentiras.
Faz parte de sua natureza mafiosa viver nesse tipo de lodo moral.

Paulo Roberto de Almeida 
5/10/2014

domingo, 22 de junho de 2014

Republica Sovietica do Brasil? Vai ser, se depender dos companheiros -Daniel Jelin (Veja)

Democracia

Maus conselhos por toda parte

O país já conta com dezenas de milhares de colegiados nos moldes das instâncias que a presidente Dilma Rousseff pretende incentivar, a pretexto de "fortalecer as instâncias democráticas de diálogo". E a experiência acumulada não é nada animadora

Daniel Jelin
Veja.com, 22/06/2014
O ministro Gilberto Carvalho: participação por decreto
O ministro Gilberto Carvalho: participação por decreto (Pedro Ladeira/Folhapress)
Um dos argumentos de quem defende o decreto bolivariano de Dilma Rousseff – o de número 8.243, que estimula todos os órgãos da administração federal a abrigar conselhos de "representantes da sociedade civil" – é que o Brasil já conta com milhares de entidades desse tipo, em todas as camadas de governo. É verdade. Mas a experiência acumulada nesses fóruns não é nada animadora: eles têm muito pouco de "democrático" e um conceito bem particular do que seja "sociedade civil".
O decreto foi assinado por Dilma há um mês. A pretensão de que uma "política nacional de participação social" pudesse ser implementada pelo Executivo numa canetada causou forte reação no Congresso. Oposição e base aliada ameaçaram barrar o decreto, mas o governo promete resistir. Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência e czar dos movimentos sociais no Planalto, alega questões de princípio (o desejo de "fortalecer e articular os mecanismos e as instâncias democráticas"), mas, num ano eleitoral, é evidente o propósito de cooptar ou recooptar sindicatos, ONGs e outras organizações sociais para o projeto petista. 
Leia também: 
Para juristas, decreto de Dilma coloca o país na rota do bolivarianismo
Reinaldo Azevedo: É bolivariano e golpista, sim!

Febre dos conselhos – A multiplicação dos conselhos é um fenômeno induzido pela Constituição de 1988, numa aparente tentativa de reparar o déficit democrático de um país recém saído da ditadura. De 1930 a 1989, segundo o Ipea, foram criados apenas cinco conselhos federais no Brasil. Nos 20 anos seguintes, surgiram mais 26. Atualmente, são 40 - incluindo as comissões. Por exigência legal ou simplesmente inspirados nos colegiados federais, Estados e municípios também foram tomados por essa "febre conselhista". Segundo o IBGE, 5553 cidades têm conselhos de saúde, 3784 do meio ambiente e 976 da mulher (dados de 2013); 1231 de política urbana, 5527 de assistência social, 1507 de segurança alimentar, 357 do transporte, 1798 da cultura e 642 da segurança pública (dados de 2012); 4718 da educação, 3240 da habitação e 195 do saneamento (dados de 2011).
O formato mais comum de conselho não chega a ser uma jabuticaba, mas é bastante peculiar. O governo dá forma ao conselho, define suas funções e indica aproximadamente metade dos conselheiros. A escolha dos demais representantes é prerrogativa de ONGs, sindicatos e associações variadas, muitas delas direta ou indiretamente cacifadas pelo governo. É discutível quem representa o que nesses órgãos, mas é fato que o cidadão comum não tem palavra: não vota, nem pode ser votado. A participação, portanto, é indireta.
No papel – Os poderes de cada conselho variam bastante, de acordo com a força das entidades que atuam no setor e a disposição do governo em atendê-las. Os menos institucionalizados mal saem do papel. Segundo levantamentos do IBGE, a taxa de conselhos municipais que não tiveram uma única reunião nos 12 meses anteriores à pesquisa é de: 30% para segurança pública, 29% para transportes, 28% para política urbana e para direitos da mulher, 27% para habitação e segurança alimentar e 25% para cultura.
Já os conselhos mais institucionalizados podem ser bastante influentes. É o caso do Conselho Nacional do Meio Ambiente, um dos colegiados mais enraizados na máquina federal. É certo que o Conama não legisla, mas o que se delibera por lá tem ampla repercussão - e eventualmente força de lei. O Conama é notório pelo grande número de conselheiros: 108. São mais cadeiras do que o Senado (81) ou a Assembleia Legislativa de São Paulo (94). É um verdadeiro congresso, de fato, com "bancadas", "frentes" e "oposição". Não espanta que a maioria dos conselheiros (54%) aponte como principal entrave as "questões políticas alheias à agenda do Conselho", segundo sondagem do Ipea de 2010. Uma evidência das facções do conselho: na mesma pesquisa, três resoluções são simultaneamente citadas por conselheiros como as mais positivas e as mais negativas do Conama.
Currículo e representatividade – Há gente séria no Conama, indicada por entidades idem. O problema não é exatamente currículo, mas representatividade. Os estados têm todos o mesmo peso, uma única vaga. Regiões também, cada qual com duas cadeiras para os ambientalistas e uma para representar as prefeituras. Cada ministério, cada secretaria e cada uma das Forças Armadas têm uma vaga garantida. Ibama, centrais sindicais, Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental e Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) também. Empresas têm oito lugares. Tudo somado, o governo tem folgada maioria (72% das vagas).
Em entrevistas ao Ipea, a grande maioria dos conselheiros do Conama se gaba de contribuir para a melhoria da gestão ambiental e de manter constante contato com o segmento que diz representar. No dia a dia, a história é outra. Dos 108 representantes titulares, só 10 compareceram às três reuniões plenárias de 2014. Na última, uma convocação extraordinária para concluir o encontro anterior encerrado por falta de quórum, havia apenas 26 titulares. E, embora haja dois suplentes para cada titular, 38 cadeiras ficaram vazias. Por faltar repetidamente, três representantes perderam temporariamente o direito a voto. "É decepcionante demais", conta um dos poucos conselheiros assíduos, para quem o órgão atravessa uma crise de legitimidade. "O Conama parou."
"Voando" –  Os assuntos do Conama nem sempre são fáceis de acompanhar. Um dos temas que mais ocuparam o conselho, e cujas indefinições ajudam a explicar o esvaziamento das plenárias, são os desdobramentos da lei que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, de 2010, e do decreto que a regulamentou (criando, de quebra, mais dois comitês...). Um dos titulares com seguidas faltas no Conama reconhece não entender o que "o pessoal das ONGs" discute por lá. "Eu passo o dia 'voando'", admite.
Não é só no Conama que os conselheiros passam o dia "voando". Segundo pesquisa do Ipea de 2013 com mais de 700 conselheiros da administração federal, a maioria deles (61,5%) está convicta de que os temas abordados são compreendidos apenas parcialmente pelo colegiado, e 6,7% acham que os assuntos simplesmente não são assimilados. Nos órgãos que lidam com questões de infraestrutura e recursos naturais, apenas 18,9% afirmam que os assuntos discutidos são plenamente entendidos no conselho.
Dominado – A "governança da internet", da qual o governo federal subitamente descobriu se orgulhar, é um exemplo de como os mecanismos de participação social podem ser distorcidos. Criado em 1995, o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) é o órgão encarregado de formular diretrizes para a tal governança. Foi de lá que saíram as linhas gerais do Marco Civil da Internet - bem traçadas, diga-se. Desde 2003, o CGI.br segue aproximadamente o desenho previsto no decreto de Dilma: sociedade civil e governo encontram ali representações "paritárias" – na verdade a sociedade civil tem um peso pouquinho maior, 11 a 9 cadeiras. Tanto os atos da secretaria como a escolha de seus membros passam por processos "públicos" e "transparentes", uma vez que ganham divulgação no próprio site do CGI.br.
A eleição do CGI.br tem a fórmula da maioria dos conselhos: só as entidades pré-cadastradas participam. Segundo as regras do comitê, essas associações devem ter CNPJ e dois anos de atividade – em comparação, o decreto 8.243 é bem mais temerário, prevendo a participação de "coletivos, movimentos sociais institucionalizados ou não institucionalizados, suas redes e suas organizações", o que seria absolutamente impossível de fiscalizar.
A última eleição, em fins de 2013, demonstrou a fragilidade desse modelo. Para surpresa e mal estar do comitê, o colégio eleitoral foi subitamente dominado por cooperativas de pequenos agricultores, associações comunitárias e assentamentos da Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte com pouca ou nenhuma ligação com os temas do comitê. De 234 entidades inscritas, pelo menos 130 provinham dos grotões. O candidato mais votado por esta sociedade civil preside uma ONG de inclusão digital em João Pessoa (PB), não enxerga manipulação no processo eleitoral e diz que os concorrentes fazem o mesmo: "fui mais eficiente". Com algum idealismo, pode-se torcer para que a próxima eleição seja mais disputada, diluindo esse tipo de distorção. O risco mais palpável, contudo, é o de afastar do comitê os representantes, digamos, menos atirados.
Panaceia – As limitações dos conselhos não significam, é claro, que não haja inteligência na chamada "sociedade civil organizada" ou que a única forma de participação democrática seja o processo eleitoral. Mas sua adoção não pode ser deslumbrada – ou ardilosa, como o decreto 8.243. O cientista social Rafael Cortez, da consultoria Tendências, lembra que "participação social" não é panaceia para aumentar a eficiência das políticas públicas – uma medida decidida por muitos "participantes" nem sempre é sábia.
Uma função que esses colegiados poderiam desempenhar com alguma eficácia é a de servir como uma espécie de câmara de eco das políticas públicas. Com isso, os gestores não precisam esperar as eleições para sondar as expectativas dos diversos setores da sociedade e conhecer a repercussão de uma iniciativa. A maioria dos conselhos no Brasil, contudo, vai muito além: eles efetivamente têm poder de decisão, o que exige desenhos institucionais muito mais cautelosos. Para tanto, Cortez alerta, os colegiados devem primar pela prestação de contas, para que o restante da sociedade possa monitorar as decisões tomadas, e pela total independência entre as partes, para impedir a cooptação das entidades.
Mais controle – É verdade, como disse o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, que o decreto não cria conselhos. Mas é um incentivo e tanto. O texto manda que todo órgão e entidade da administração federal, direta e indireta, "considere" sua adoção - ou a de outra instância prevista no texto (comissões, conferências, "mesas" etc). Seja qual for o resultado desta "consideração", o texto prevê relatórios anuais sobre a implementação desta "política nacional de participação social".
E quem "aconselha" os "conselheiros"? A resposta, pelo que se entende do decreto, é: o próprio Gilberto Carvalho. Cabem à sua secretaria "orientações", "coordenações" e "avaliações" do programa, por meio dos palavrosos Sistema Nacional de Participação Social, Comitê Governamental de Participação Social e Mesa de Monitoramento das Demandas Sociais, todos de franca inspiração bolivariana. O que se pode esperar desse sistema é mais "controle social", diretriz fixada no decreto e pretensão declarada de um a cada quatro conselheiros da administração federal. O que se entende por "controle social" não é consenso entre acadêmicos. Mas já se sabe o que o PT pensa disso, a julgar por sua cruzada para patrulhar a imprensa por meio de certo "controle social da mídia".
Pretexto – Essa multiplicação de conselhos populares por decreto pode satisfazer as panelinhas do terceiro setor, incrustando de ONGs a máquina pública; pode atender às conveniências do Planalto, amansando os movimentos sociais em ano de eleição; pode corresponder aos devaneios dos "conselhistas", para quem os colegiados são um fim em si mesmo; pode até, é claro, resultar em um ou outro conselho funcional. Mas nada disso tem a ver com "aprofundar a democracia" – que é, como se sabe, o pretexto dos autoritários para subverter o regime.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

190 mil dolares cash? Ufa! Nao era um aloprado do partido milionario...

Calma, calma: era só um traficante normal.
Os companheiros redobraram os cuidados agora.
Essa coisa de cuecaforte foi definitivamente abandonada.
Agora eles podem usar transporte blindado...
Paulo Roberto de Almeida

23.janeiro.2014 18:27:46

PF apreende quase US$ 190 mil em dinheiro vivo em São Paulo

Dinheiro foi encontrado com suspeito de envolvimento com o tráfico no quarto de um hotel da zona Sul da Capital.
por Fausto Macedo
A Polícia Federal apreendeu na madrugada desta quinta feira, 23, a quantia de 189,8 mil dólares americanos em um quarto de hotel em São Paulo.
Após obterem informações de que haveria grande quantidade de dinheiro vivo no local, policiais federais encontraram a quantia, em poder de um homem no quarto do hotel de uma rede internacional localizado na zona sul da Capital paulista.
O portador do dinheiro é residente em Brasília e possui antecedentes criminais por tráfico de drogas. A PF suspeita que o valor apreendido seria utilizado para compra de entorpecentes.
A PF informou que vai realizar investigações para apurar a origem e o destino dos valores, além da identificação de possíveis outros envolvidos com o tráfico.

Notas foram apreendidas em quarto de hotel. Foto: Divulgação

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Bandidos de todos partidos, uni-vos... na cadeia ! (Qual lugar seria melhor?)

Augusto Nunes, 06/08/2013

Trecho de um post aqui publicado em outubro de 2011:
Os companheiros desmoralizados pelo mensalão e os quadrilheiros da base alugada fazem o possível para entregar à oposição, já desfraldada, a bandeira do combate à ladroagem. Os tucanos fazem questão de devolvê-la, arriada, para não tropeçar em bandidos domésticos. Durante a campanha presidencial de 2010, por exemplo, Dilma Rousseff ofereceu a José Serra a bandeja com a cabeça da melhor amiga Erenice Guerra. O candidato tucano rejeitou-a para livrar-se de perguntas sobre um certo Paulo Preto.
De novo para não topar com esqueletos de estimação, agora é Geraldo Alckmin quem se recusa a abrir os armários da Assembleia Legislativa. É um deslize moral e um equívoco político: a devassa acabará escancarando as bandalheiras que assombram a 1ª Secretaria da Assembleia. Historicamente explorado pelo PT, esse porão está hoje sob a guarda de Rui Falcão, presidente nacional do partido.
Nenhuma sigla conseguiu enxergar as dimensões da indignação do Brasil decente com a corrupção institucionalizada e impune. É natural que sejam todos tratados como gente que não merece confiança. Se a oposição oficial não acordar a tempo, repousará para sempre na mesma cova rasa escavada para acolher os protetores de ladrões federais.
Em abril de 2012, também neste espaço, outro post reiterou a advertência:
Um abismo separa a oposição oficial da oposição real, formada por brasileiros que respeitam a lei, os valores morais e as normas éticas, não cedem à tentação de justificar o injustificável, não fazem concessões ao farisaísmo, à hipocrisia e à pouca vergonha, não aceitam a tese de que, em política, só é feio perder a eleição. O eleitorado  honesto está farto de votar por exclusão e escolher o mal menor. O país que presta teima em ver as coisas como as coisas são. E não tem bandidos de estimação.
Até que o Brasil descobrisse que o templo das vestais camuflava um bordel, o PT fez de conta que era o único partido que, nas palavras de José Dirceu, “não róba nem dêxa robá”. Desmascarada a fraude, a sigla que institucionalizou a corrupção impune e organizou a maior roubalheira federal de todos os tempos não perdeu uma única chance de engrossar a falácia segundo a qual todas se igualam na ladroagem.É o que tem feito desde que pousaram no noticiário jornalístico denúncias envolvendo o metrô de São Paulo. Enquanto recitam que a condenação dos quadrilheiros pelo STF resultou de um “julgamento político”, os companheiros berram que a gatunagem alheia é muito maior. Haja cinismo.
É evidente que as histórias sobre o cartel de que fez parte a Siemens têm as impressões digitais do Planalto. É óbvio que informações em poder dos integrantes do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) vazam de torneiras controladas por Gilberto Carvalho. E até os bebês de colo e os índios das tribos isoladas sabem que o barulho foi programado para abafar o ruidoso começo do último capítulo do julgamento do mensalão.
Feitas as ressalvas, está claro que há um escândalo a investigar, suspeitos a identificar e culpados a punir. Já se comprovou que, durante alguns anos, grandes empresas se acumpliciaram para tungar muitos milhões de reais dos pagadores de impostos. São esses, não os milicianos que patrulham a internet insones com a iminente prisão dos mensaleiros, que merecem o completo esclarecimento do caso.
O PSDB tem mais uma oportunidade ─ talvez a derradeira ─ de provar que é diferente do PT. Ao longo do mês, os devotos de Lula estarão tentando livrar da cadeia os delinquentes amigos e acusando qualquer um que se mova fora das fronteiras da sigla. O país que pensa entende que o Código Penal vale para todos. Ficha de filiação partidária não é prova de culpa nem atestado de inocência.

A revolta da rua deixou claro que milhões de brasileiros exigem o fim da corrupção impune. Se a oposição oficial ignorar a mensagem transmitida aos gritos, multidões de manifestantes deduzirão que nenhum partido respeita normas éticas e nenhum político merece confiança. Ou o PSDB joga ao mar a carga malcheirosa ou é enlaçado pelo PT no abraço de afogado. Não existe uma terceira opção.
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REYNALDO ROCHA
Blog de Augusto Nunes, 06/08/2013

“O homem infeliz procura consolo mesclando e misturando as suas penas com as penas de outro.” (Milan Kundera).
Chega a ser surreal a incontida alegria de petralhas, milicianos e militontos com o caso da Siemens envolvendo o governo de São Paulo, objeto de reportagem da Folha de S. Paulo.
Lembra-me o pedófilo que, levado à delegacia por estuprar uma criança de 5 anos, lá descobre outro que estuprou uma de 10. Extasiado, grita: “Somos iguais! Não estou só!”

Não vou analisar os fatos da Siemens, que me parecem dignos de credibilidade, mas a euforia incontida dos ladrões de outra gangue.
Eles, os militontos petralhas, não mostraram a mesma satisfação com a CONDENAÇÂO ─ e não investigação inicial ─ que colocou na cadeia José Dirceu, José Genoino, João Paulo Cunha et caterva. Não ficaram tão contentes com as provas irrefutáveis contra Lula sobre o uso de NOSSO dinheiro para bancar a amante Rosemary Noronha! Nem se espantaram quando a OI Telecomunicações pagou R$ 5 milhões ao Lulinha para tornar-se sócia minoritária de uma empresa sem clientes, inovação, produto ou passado.
Não vi enxurradas de posts no Facebook e outras redes quando se descobriu que Antonio Palocci era proprietário do apartamento de R$ 6 milhões onde morava e de outro, calculado em R% 11 milhões. que nem estava à venda ou alugado. Fechado, servia de “reserva técnica”, com uma taxa de condomínio mensal de R$ 4,8 mil.
Fernando Pimentel ganhou R$ 2 milhões para dar consultoria a uma fábrica de tubaína no interior de Pernambuco que foi à falência sem que o conselheiro desse as caras por lá.
São apenas alguns dos incontáveis exemplos.
Estamos em algum campeonato nacional de ladroagem?
Não tenho bandido de estimação. Não obedeço à ordem unida de nenhuma quadrilha. Se morasse num morro deste país abandonado, não protegeria marginais, como acontece tristemente em nossas favelas. Não cultuo marginais. E não preciso de mais ninguém que queira entender isto comigo! Sinto que somos muitos.
A histeria incontrolável dos seguidores de bandido é tão cega que não conseguem, mesmo tateando, entender que o recado é: ¨”VIU? Não são só os nossos que são ladrões! Os SEUS também!”
Erraram, idiotas! Não temos os “nossos”. E vocês demonstram que TAMBÉM não os têm: VOCÊS é que são deles! Assumidamente, declaradamente, sem vergonha e sem medo.
Não sei desenhar! Se algum dos opositores (integrantes dessa oposição quase oficial sem coragem que não diz a que veio) for preso por corrupção, ficarei FELIZ! Tanto como fiquei com a condenação de José  Dirceu e ficarei mais ainda quando cruzar o portão de entrada do presídio.
Lugar de BANDIDO é na cadeia! Simples assim. Se for do PCC, Amigo dos Amigos, Comando Vermelho ou qualquer outra associação, que cumpram PENA na mesma pocilga!
Sei que os adoradores do Escadinha (do Comando Vermelho) vibram quando um outro (como o Beira-Mar do AMA) é preso! Soltam foguetes!
Hoje escuto os rojões da petralhada que perdeu a vergonha, a decência, o rumo e o senso de ridículo! (Não há UMA análise sobre O QUE FOI FEITO! Com repúdio e exigência de punição! Basta imaginar QUEM fez!
O ladrão A será absolvido porque descobriram o ladrão B? Celebrem, lulopetistas adoradores da Era de Mediocridade e incentivadores da apologia da ignorância, da mentira e da desfaçatez.
Mas tentem entender, no meio da bacanal que promovem, que alguém roubou vocês! E a nós! Que tal exigir que sejam punidos?
É absurda a festa pela suposta equalização de bandidos. Que riem juntos do uso que fazem dos OTÁRIOS!
Me incluam fora disto. É só o que eu exijo!
“A desonestidade só se consola com a desonestidade dos outros.” Henri Montherlant