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domingo, 26 de março de 2017

Bandoleiros politicos tentam escapar da lei - Percival Puggina

A REVOLTA E A VOLTA DOS BANDOLEIROS
Percival Puggina
 Porto Alegre, 26/03/2017

A um ano e meio das eleições nacionais de 2018, o cenário é desalentador. Está em curso a rebelião dos escroques da República. Em fileira cerrada, ombro a ombro, bandoleiros da oposição e do governo avançam contra as leis penais e eleitorais, qual gatos a livrar e lamber o próprio pelo. As listas de Janot estão recheadas de nomes fortes para disputar vagas no entrevero político do ano que vem. E só um intenso trabalho de resistência às mudanças legislativas, de conscientização e informação poderá prevenir os grandes riscos de que, por escabrosos meios, se reproduzam os mandatos da Orcrim. Ao mesmo tempo, é paradoxal: se entrevistado, o mesmo eleitorado que tenderá a reeleger os quadrilheiros manifestará seu descontentamento com a representação política do país.

A cada pleito, parecem brotar do ventre da terra, para se emaranharem nos altares do poder, personagens cada vez mais interesseiros, mais medíocres, menos honestos, menos comprometidos com o bem comum. Há quem conclua, dessa observação, que a política seja exatamente a lavoura onde se cultivam tais produtos e da qual nada melhor se haverá de colher.

Convido o leitor para uma sincera análise dessa realidade. Quantos eleitores trocam seus votos por dinheiro, rancho, jogos de camiseta, brindes, favores concedidos, ou promessas feitas às respectivas instituições e associações? Quantos votam por preferências clubísticas e esportivas? Quantos se deixam sensibilizar por atitudes assistenciais como distribuição de cadeiras de rodas, óculos, remédios e caixões de defunto? Quantos são conduzidos pela publicidade ou pela presença na “telinha” e nos microfones? Quantos votam contra algo ou alguém, transformando a eleição num ato de ódio ou protesto? Quantos votam catando do chão um “santinho” qualquer ou em alguém que lhe seja indicado na boca da urna? Quantos votam porque o candidato é defensor vigoroso de sua corporação? Quantos votam porque o candidato é vizinho, amigo da família, manda cartões de Natal, conseguiu ou diz que vai conseguir emprego ou bolsa qualquer? Ora, eleitores displicentes, interesseiros e venais elegem, simetricamente, políticos omissos, mercenários e corruptos.

Pelo viés oposto, pondere comigo: quantos eleitores têm como exigências a serem simultaneamente cobradas a formação moral e intelectual do candidato, a imagem que construiu com sua história pessoal, seus valores, sua dedicação ao bem comum, sua capacidade de influenciar e liderar outros, suas idéias e propostas para o município, o estado e o país?

Pois é, pois é. Faltam-nos estadistas porque nos sobram votantes com péssimos critérios. No produto dos escrutínios eleitorais, a quantidade de bons políticos eleitos será, sempre e sempre, diretamente proporcional ao número de bons eleitores.
________________________________
* Percival Puggina (72), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

sábado, 24 de setembro de 2016

Quando vao prender os principais criminosos politicos? Esses mesmos que todos sabem quem sao?

Sinais da Lava Jato servem de alerta para Dilma Rousseff
- Leandro Colon
Folha de S. Paulo, sábado, 24 de setembro de 2016

Os investigadores da Lava Jato em Curitiba, em meio a "coincidências infelizes" e arroubos de estrelismo, emitem sinais que deveriam servir de alerta à ex-presidente Dilma Rousseff.

A prisão relâmpago de cinco horas de Guido Mantega trouxe a história de que Eike Batista teria recebido um pedido de R$ 5 milhões do ex-ministro para pagar dívidas do PT.

Segundo as palavras de Eike, os recursos eram para o partido "acertar as contas". A conversa indecente, afirmou, ocorreu no dia 1º de novembro de 2012 em uma reunião no gabinete de Guido Mantega na Fazenda.

Pela versão do ex-bilionário, o ex-ministro não se constrangeu em pedir dinheiro ao PT dentro de uma sala na Esplanada dos Ministérios.

Eike apresentou documentos sobre o repasse feito por ele por meio de João Santana e Mônica Moura.

Pendente de confirmação, o conteúdo da conversa dele com Mantega transforma em piada de salão o vídeo de 2005, raiz do escândalo do mensalão, em que o então servidor dos Correios Maurício Marinho cobra R$ 3.000,00 de propina em diálogo flagrado no prédio da estatal.

Se comprovado, o teor da reunião na Fazenda há quatros anos fragiliza os argumentos de Dilma e aliados de que o esquema da Petrobras não tinha o conhecimento do Planalto.

A agenda oficial de Mantega confirma que ele recebeu Eike em 1º de novembro de 2012. Duas horas antes, o ex-ministro e Dilma despacharam.

A 34º fase da Lava Jato mira sem pudor o elo financeiro do esquema do petrolão e seus laços com o primeiro escalão dos governos petistas.

A investigação mandou para a cadeia o tesoureiro do PT, o marqueteiro do partido, figurões como José Dirceu e agora fecha o cerco ao ex-presidente Lula, réu em duas ações.

Com a cassação do mandato presidencial, Dilma Rousseff perdeu o foro privilegiado que a blindava dos atos de Curitiba. Costuma-se dizer em Brasília que a Lava Jato caminha meses à frente de todos nós.

sábado, 6 de setembro de 2014

Mega-escandalo: Petrobras financiou Super-Mensalao; vai acontecer alguma coisa? Duvido...

Cada vez mais ficamos aterrados com as notícias. Depois não acontece nada.
Querem apostar como não vai acontecer nada ainda desta vez?
Desculpem o pessimismo, mas o Brasil já afundou de vez no lodaçal, e não vai sair dele tão cedo...
Paulo Roberto de Almeida

Lava-Jato

Fornecedores da Petrobras sob suspeita financiaram campanha de 121 parlamentares em atividade

Na Câmara, 96 dos deputados eleitos receberam dinheiro de empresas investigadas. Senado tem 25 integrantes com contribuições de campanha feitas por companhias ligadas ao doleiro Alberto Youssef

Daniel Haidar, do Rio de Janeiro
Sede da Petrobras, no Rio de Janeiro
Sede da Petrobras, no Rio de Janeiro (Leo Correa/VEJA)
Dos deputados e senadores da atual legislatura, pelo menos 121 receberam dinheiro oficialmente como doação de campanha de empresas investigadas pela operação Lava-Jato, da Polícia Federal. Um levantamento feito pelo site de VEJA nos registros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revela que 96 dos parlamentares da Câmara e 25 do Senado estão na lista de beneficiados por repasses feitos por fornecedores da Petrobras. As doações foram feitas como manda o figurino, e não há até o momento qualquer suspeita sobre quem recebeu o dinheiro.
As empresas doadoras passaram a ser investigadas pela Lava-Jato porque depositaram recursos para a M.O. Consultoria - empresa de fachada do doleiro Alberto Youssef - ou porque foram cobradas a fazer doações pelo doleiro Alberto Youssef e pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. O grupo de congressistas eleitos atualmente em atividade recebeu, ao todo, 29,7 milhões de reais de um conjunto de 18 grupos empresariais sob suspeita.
Como mostrou reportagem do site de VEJA, os fornecedores da Petrobras agora investigados doaram, oficialmente, 856 milhões de reais a partidos e candidatos entre 2006 e 2012. Entre os parlamentares em atuação no Congresso, o PT desponta com 12,6 milhões de reais recebidos, seguido por PP (4,4 milhões) e PMDB (2,6 milhões). Parlamentares da oposição, como DEM e PSDB, também foram beneficiados com 2,1 milhões de reais e 2 milhões, respectivamente.
Os beneficiados pelos grupos suspeitos formam uma bancada multipartidária. E, para especialistas, isso cria riscos para o sucesso de investigações de qualquer CPI no Congresso que pretenda investigar irregularidades na Petrobras. “Não significa que todos vão defender os interesses desses grupos, mas, em qualquer decisão que se tome, tem que ser analisado se os parlamentares não servem aos interesses de financiadores. Isso só pode ser verificado na atuação concreta”, alertou o diretor-executivo da ONG Transparência Brasil, Claudio Weber Abramo.
Suspeita de ter liberado mais de 7,9 milhões de reais em propinas a Costa e Youssef, a Camargo Corrêa financiou 31 deputados federais e oito senadores em atuação no Congresso. Entre os suspeitos, é o grupo com maior quantidade de parlamentares financiados no poder. No Senado, foram beneficiados parlamentares como o líder do PT, Humberto Costa, e futuros candidatos petistas a governos estaduais, como Lindbergh Farias (RJ) e Gleisi Hoffmann (PR). Cada um recebeu 1 milhão de reais para tocar a campanha.
Leia também:
Empresas sob suspeita faturaram R$ 31 bilhões com a Petrobras na era PT
Família de ex-diretor da Petrobras comprou 13 imóveis nos últimos cinco anos

Na Câmara, o conglomerado financiou também a candidatura do líder do PMDB e comandante dos rebeldes na base do governo, Eduardo Cunha (RJ), com 500.000 reais. Oposicionistas como Beto Albuquerque, líder do PSB, e Mara Gabrilli (PSDB) também levaram recursos da empreiteira.
No Senado, Gleisi e Lindbergh são os parlamentares com maior volume recebido desse gupo de empresas. Cada um recebeu de cinco fornecedores envolvidos na operação. Só da OAS, que depositou 1,6 milhão de reais em contas da empresa de fachada comandada por Youssef, Gleisi recebeu um milhão de reais em doações oficiais na eleição de 2010, enquanto Lindbergh angariou 200.000 reais. A OAS financiou, no total, 24 deputados federais e sete senadores em exercício. É o segundo grupo em quantidade de parlamentares financiados.
Outra empresa diretamente ligada à empresa fantasma de Youssef é a Arcoenge, que depositou 491.000 reais em contas operadas pelo doleiro, e ajudou a eleger três deputados federais e um senador. Entre os beneficiados estão o líder do PT na Câmara, deputado Vicentinho (SP), o oposicionista Onyx Lorenzoni (DEM-RS) e o senador Magno Malta (PR-ES). Vicentinho ganhou 116.000 reais do grupo, Malta embolsou 100.000 e, Lorenzoni, 50.000 reais. Conheça a lista de parlamentares que receberam doações do grupo:
Nome Sigla UF Cargo Doações recebidas
ALEXANDRE LEITE DEM SP DEPUTADO FEDERAL R$420.000,00
BETINHO ROSADO PP RN DEPUTADO FEDERAL R$60.000,00
GUILHERME CAMPOS PSD SP DEPUTADO FEDERAL R$450.000,00
IRAJA ABREU PSD TO DEPUTADO FEDERAL R$250.000,00
JORGE TADEU MUDALEN DEM SP DEPUTADO FEDERAL R$400.000,00
JULIO CAMPOS DEM MT DEPUTADO FEDERAL R$20.000,00
JULIO CESAR PSD PI DEPUTADO FEDERAL R$50.000,00
JUNJI ABE PSD SP DEPUTADO FEDERAL R$100.000,00
LAEL VARELLA DEM MG DEPUTADO FEDERAL R$50.000,00
ONOFRE SANTO AGOSTINI PSD SC DEPUTADO FEDERAL R$15.000,00
ONYX LORENZONI DEM RS DEPUTADO FEDERAL R$100.000,00
PAUDERNEY AVELINO DEM AM DEPUTADO FEDERAL R$250.000,00
RODRIGO GARCIA DEM SP DEPUTADO FEDERAL R$466.000,00
RODRIGO MAIA DEM RJ DEPUTADO FEDERAL R$300.000,00
JANDIRA FEGHALI PC do B RJ DEPUTADO FEDERAL R$260.000,00
ADEMIR CAMILO PROS MG DEPUTADO FEDERAL R$100.000,00
PAULO PEREIRA DA SILVA SDD SP DEPUTADO FEDERAL R$80.000,00
SEBASTIAO BALA ROCHA SDD AP DEPUTADO FEDERAL R$20.000,00
ANIBAL GOMES PMDB CE DEPUTADO FEDERAL R$270.000,00
ARTHUR OLIVEIRA MAIA SDD BA DEPUTADO FEDERAL R$200.000,00
CELSO MALDANER PMDB SC DEPUTADO FEDERAL R$20.000,00
EDUARDO CUNHA PMDB RJ DEPUTADO FEDERAL R$500.000,00
FABIO TRAD PMDB MS DEPUTADO FEDERAL R$100.000,00
GERALDO RESENDE PEREIRA PMDB> MS DEPUTADO FEDERAL R$100.000,00
HENRIQUE EDUARDO ALVES PMDB RN DEPUTADO FEDERAL R$150.000,00
LEANDRO VILELA PMDB GO DEPUTADO FEDERAL R$100.000,00
MANOEL JUNIOR PMDB PB DEPUTADO FEDERAL R$50.000,00
PEDRO PAULO PMDB RJ DEPUTADO FEDERAL R$100.000,00
RAUL HENRY PMDB PE DEPUTADO FEDERAL R$65.000,00
ROSE DE FREITAS PMDB ES DEPUTADO FEDERAL R$20.000,00
THIAGO PEIXOTO PSD GO DEPUTADO FEDERAL R$240.000,00
ALINE CORREA PP SP DEPUTADO FEDERAL R$863.000,00
JOSE OTAVIO GERMANO PP RS DEPUTADO FEDERAL R$620.000,00
JULIO LOPES PP RJ DEPUTADO FEDERAL R$350.000,00
LUIZ FERNANDO FARIA PP MG DEPUTADO FEDERAL R$600.000,00
NELSON MEURER PP PR DEPUTADO FEDERAL R$500.000,00
REBECCA GARCIA PP AM DEPUTADO FEDERAL R$250.000,00
ROBERTO BRITTO PP BA DEPUTADO FEDERAL R$150.000,00
ROBERTO TEIXEIRA PP PE DEPUTADO FEDERAL R$500.000,00
ARNALDO JARDIM PPS SP DEPUTADO FEDERAL R$350.000,00
ROBERTO FREIRE PPS SP DEPUTADO FEDERAL R$250.000,00
STEPAN NERCESSIAN PPS RJ DEPUTADO FEDERAL R$30.000,00
AELTON FREITAS PR MG DEPUTADO FEDERAL R$100.000,00
ARACELY DE PAULA PR MG DEPUTADO FEDERAL R$200.000,00
BERNARDO SANTANA DE VASCONCELLOS PR MG DEPUTADO FEDERAL R$100.000,00
HENRIQUE OLIVEIRA SDD AM DEPUTADO FEDERAL R$100.000,00
JOSE ROCHA PR BA DEPUTADO FEDERAL R$90.000,00
LUCIANO CASTRO PR RR DEPUTADO FEDERAL R$50.000,00
SANDRO MABEL PMDB GO DEPUTADO FEDERAL R$100.000,00
ABELARDO CAMARINHA PSB SP DEPUTADO FEDERAL R$100.000,00
ANTONIO BALHMANN PROS CE DEPUTADO FEDERAL R$230.000,00
BETO ALBUQUERQUE PSB RS DEPUTADO FEDERAL R$40.000,00
DOMINGOS NETO PROS CE DEPUTADO FEDERAL R$200.000,00
FERNANDO COELHO FILHO PSB PE DEPUTADO FEDERAL R$65.000,00
CARLOS EDUARDO CADOCA PC do B PE DEPUTADO FEDERAL R$50.000,00
MARCELO AGUIAR DEM SP DEPUTADO FEDERAL R$100.000,00
ANTONIO IMBASSAHY PSDB BA DEPUTADO FEDERAL R$100.000,00
BRUNA FURLAN PSDB SP DEPUTADO FEDERAL R$400.000,00
EDUARDO GOMES SDD TO DEPUTADO FEDERAL R$350.000,00
FERNANDO FRANCISCHINI SDD PR DEPUTADO FEDERAL R$10.000,00
MARA GABRILLI PSDB SP DEPUTADO FEDERAL R$100.000,00
NELSON MARCHEZAN JUNIOR PSDB RS DEPUTADO FEDERAL R$25.000,00
OTAVIO LEITE PSDB RJ DEPUTADO FEDERAL R$100.000,00
PAULO ABI ACKEL PSDB MG DEPUTADO FEDERAL R$400.000,00
RAIMUNDO GOMES DE MATOS PSDB CE DEPUTADO FEDERAL R$30.000,00
REINALDO AZAMBUJA PSDB MS DEPUTADO FEDERAL R$330.000,00
RODRIGO DE CASTRO PSDB MG DEPUTADO FEDERAL R$300.000,00
ARLINDO CHINAGLIA PT SP DEPUTADO FEDERAL R$400.000,00
BENEDITA DA SILVA PT RJ DEPUTADO FEDERAL R$3.000,00
BIFFI PT MS DEPUTADO FEDERAL R$160.000,00
CANDIDO VACCAREZZA PT SP DEPUTADO FEDERAL R$675.000,00
CARLOS ZARATTINI PT SP DEPUTADO FEDERAL R$480.000,00
DEVANIR RIBEIRO PT SP DEPUTADO FEDERAL R$150.000,00
EDSON SANTOS PT RJ DEPUTADO FEDERAL R$60.000,00
GABRIEL GUIMARAES PT MG DEPUTADO FEDERAL R$100.000,00
IRINY LOPES PT ES DEPUTADO FEDERAL R$15.000,00
JILMAR TATOO PT SP DEPUTADO FEDERAL R$50.000,00
JOAO PAULO LIMA PT PE DEPUTADO FEDERAL R$65.000,00
JORGE BITTAR PT RJ DEPUTADO FEDERAL R$75.000,00
LUCI CHOINACKI PT SC DEPUTADO FEDERAL R$30.000,00
LUIZ ALBERTO PT BA DEPUTADO FEDERAL R$150.000,00
LUIZ SERGIO PT RJ DEPUTADO FEDERAL R$200.000,00
MAGELA PT DF DEPUTADO FEDERAL R$100.000,00
MARCO MAIA PT RS DEPUTADO FEDERAL R$80.000,00
NEWTON LIMA PT SP DEPUTADO FEDERAL R$100.000,00
ODAIR CUNHA PT MG DEPUTADO FEDERAL R$320.000,00
PAULO TEIXEIRA PT SP DEPUTADO FEDERAL R$123.000,00
PEDRO EUGENIO PT PE DEPUTADO FEDERAL R$125.000,00
RUI COSTA PT BA DEPUTADO FEDERAL R$2.000,00
VICENTE CANDIDO PT SP DEPUTADO FEDERAL R$130.000,00
VICENTINHO PT SP DEPUTADO FEDERAL R$116.000,00
ZE GERALDO PT PA DEPUTADO FEDERAL R$50.000,00
ZECA DIRCEU PT PR DEPUTADO FEDERAL R$150.000,00
JORGE CORTE REAL PTB PE DEPUTADO FEDERAL R$60.000,00
JOVAIR ARANTES PTB GO DEPUTADO FEDERAL R$150.000,00
SILVIO COSTA PSC PE DEPUTADO FEDERAL R$75.000,00
INACIO ARRUDA PC do B CE SENADOR R$100.000,00
VANESSA GRAZZIOTIN PC do B AM SENADOR R$500.000,00
CRISTOVAM BUARQUE PDT DF SENADOR R$50.000,00
JAYME CAMPOS DEM MT SENADOR R$25.000,00
EUNICIO OLIVEIRA PMDB CE SENADOR R$1.000.000,00
JOSE SARNEY PMDB AP SENADOR R$50.000,00
LUIZ HENRIQUE PMDB SC SENADOR R$40.000,00
ANA AMELIA PP RS SENADOR R$50.000,00
BENEDITO DE LIRA PP AL SENADOR R$400.000,00
CIRO NOGUEIRA PP PI SENADOR R$150.000,00
MAGNO MALTA PR ES SENADOR R$200.000,00
MARCELO CRIVELLA PRB RJ SENADOR R$100.000,00
LIDICE DA MATA PSB BA SENADOR R$200.000,00
CICERO LUCENA PSDB PB SENADOR R$25.000,00
FLEXA RIBEIRO PSDB PA SENADOR R$150.000,00
ANGELA PORTELA PT RR SENADOR R$1.000.000,00
GLEISI HOFFMANN PT PR SENADOR R$2.420.000,00
HUMBERTO COSTA PT PE SENADOR R$1.530.000,00
JOSE PIMENTEL PT CE SENADOR R$1.000.000,00
LINDBERGH FARIAS PT RJ SENADOR R$2.300.000,00
PAULO PAIM PT RS SENADOR R$2.000,00
WALTER PINHEIRO PT BA SENADOR R$200.000,00
WELLINGTON DIAS PT PI SENADOR R$250.000,00
ARMANDO MONTEIRO PTB PE SENADOR R$300.000,00
EPITACIO CAFETEIRA PTB MA SENADOR R$50.000,00
As doações para campanha
Grupo Parlamentares financiados Cargo Total em doações
ARCOENGE 3 DEPUTADO FEDERAL R$ 266.000,00
ARCOENGE 1 SENADOR R$ 100.000,00
GRUPO ALUSA 7 DEPUTADO FEDERAL R$ 1.160.000,00
GRUPO ALUSA 3 SENADOR R$ 420.000,00
GRUPO ANDRADE GUTIERREZ 1 DEPUTADO FEDERAL R$ 10.000,00
GRUPO ANDRADE GUTIERREZ 1 SENADOR R$ 100.000,00
GRUPO CAMARGO CORREA 31 DEPUTADO FEDERAL R$ 6.245.000,00
GRUPO CAMARGO CORREA 8 SENADOR R$ 5.900.000,00
GRUPO EGESA 14 DEPUTADO FEDERAL R$ 1.350.000,00
GRUPO EIT 8 DEPUTADO FEDERAL R$ 784.000,00
GRUPO ENGEVIX 11 DEPUTADO FEDERAL R$ 475.000,00
GRUPO ENGEVIX 2 SENADOR R$ 90.000,00
GRUPO GALVAO 11 DEPUTADO FEDERAL R$ 600.000,00
GRUPO GALVAO 4 SENADOR R$ 630.000,00
GRUPO HOPE 1 DEPUTADO FEDERAL R$ 30.000,00
GRUPO IESA 1 SENADOR R$ 200.000,00
GRUPO JARAGUA 4 DEPUTADO FEDERAL R$ 600.000,00
GRUPO MENDES JUNIOR 7 DEPUTADO FEDERAL R$ 552.000,00
GRUPO MENDES JUNIOR 1 SENADOR R$ 50.000,00
GRUPO OAS 24 DEPUTADO FEDERAL R$ 2.043.000,00
GRUPO OAS 7 SENADOR R$ 3.200.000,00
GRUPO QUEIROZ GALVAO 12 DEPUTADO FEDERAL R$ 1.862.000,00
GRUPO QUEIROZ GALVAO 1 SENADOR R$ 2.000,00
GRUPO TOME 1 DEPUTADO FEDERAL R$ 30.000,00
GRUPO TOYO SETAL 2 DEPUTADO FEDERAL R$ 43.000,00
GRUPO UTC 14 DEPUTADO FEDERAL R$ 1.963.000,00
GRUPO UTC 3 SENADOR R$ 1.150.000,00
RAUL ANDRES ORTUZAR RAMIREZ 1 DEPUTADO FEDERAL R$ 10.000,00
WILSON DA COSTA RITTO FILHO (sócio do grupo Hope) 1 DEPUTADO FEDERAL R$ 10.000,00

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Partido da Causa Totalitaria: quem sai aos seus, nao desmerece (o PT e um dos seus filhotes...)

Sem comentários (e precisa?):

Assunto indigesto...
Cristiana Lobo
O Globo, 8/07/2014

A notícia de que a Justiça de São Paulo tomou decisão provisória de anular a convenção do PT do Estado que oficializou as candidaturas, inclusive a de Alexandre Padilha ao governo, traz consequências não só jurídicas ao PT, mas também prejuízos políticos ao partido. Esta decisão remete a um assunto que o partido queria esquecer: a suposta ligação do deputado Luiz Moura com representantes de facções criminosas no Estado, assunto que tem provocado desgaste ao partido e, segundo dirigentes, afetado candidaturas petistas.

Depois de ter os direitos partidários suspensos e, por isso, ter ficado sem legenda para disputar a reeleição, o deputado Luiz Moura recorreu à Justiça alegando cerceamento de defesa. Por esse argumento, o juiz Fernando Camargo determinou sua reintegração aos quadros do PT e a anulação da convenção - para que seja feita outra, com vaga assegurada para Moura concorrer.

A notícia de que Moura participara de reunião com representantes de facções criminosas em São Paulo causou prejuízos políticos ao partido. O assunto veio a público dias depois da denúncia de que o deputado André Vargas (PT-PR) havia usado um avião emprestado pelo doleiro Alberto Yousseff. Esses dois casos são considerados emblemáticos para o PT. Pesquisa feita pelo partido apontou que ambos teriam contribuído para a queda de Dilma Rousseff nas pesquisas a partir do mês de abril. E, também, como uma das razões pelas quais Alexandre Padilha não decola nas pesquisas.

Por isso, a reação do PT foi diferente de outros casos em que o partido saiu em defesa de seus parlamentares. O PT pressionou Vargas a se desligar do partido – o que só fez depois de ouvir que seria expulso se não tomasse a iniciativa de deixar o partido – e, em curto espaço de tempo, suspendeu os direitos partidários de Moura para afastar o assunto do debate político.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Politica brasileira: PR, um partido exemplar (comandado a partir da cadeia?)

Apenas uma pequena foto, instantânea, de um partido exemplar, exemplar nas práticas e nos costumes, em tudo e por tudo absolutamente conformes ao estado atual da política brasileira:

Apesar de ser filiado ao PR, Cesar Borges é considerado no partido uma indicação da cota pessoal de Dilma. A insatisfação maior com o ministro é da bancada da Câmara e do ex-presidente do partido Valdemar Costa Neto, que está preso, condenado no processo do mensalão, mas mantém forte ascendência sobre as decisões da sigla. Borges está no exterior e retorna amanhã ao país. 

A decisão sobre o caminho que o PR vai tomar nas eleições está marcada para segunda-feira, em reunião da Executiva Nacional. A sigla está rachada. A ala liderada por Valdemar defende o apoio a Aécio Neves. Já o grupo do presidente Alfredo Nascimento defende o apoio à reeleição de Dilma, mas aproveita para negociar mais espaço no governo 

Mais um pouco da política brasileira:

A cúpula do PP, que em 2010 não se aliou a ninguém oficialmente, diz ter o apoio de mais de 20 Estados à chapa de Dilma. 

Pesaram para essa adesão a decisão do Palácio do Planalto de entregar cargos a indicados pelo partido em órgãos como a Chesf (Companhia Hidro Elétrica do São Francisco) e a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres). O partido também comanda o Ministério das Cidades. 

Pergunto, inocentemente:
Por que um partido que se diz progressista, precisa comandar agências públicas como essas?
Não precisa responder...
Paulo Roberto de Almeida 

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Quadrilheiros do PT: poucos na cadeia, muitos fora dela, vociferando...

Até quando Joaquim Barbosa e o STF continuarão sendo insultados e ameaçados neste País ?

Jornalista Políbio Braga, 11/05/2014

A escalada de vilanias, ofensas pessoais e acusações mais do que levianas e criminosas contra o presidente do STF, Joaquim Barbosa, parecem não ter limites, resultado do ataque de nervos que revela fraturas morais e éticas expostas por quase toda a liderança do PT.

. Essa gente ataca de modo virulento os fundamentos da república. portando o próprio estado democrático de direito.

. É preciso contê-los antes que se consumam atentados contra a vida do presidente da Corte Suprema, conforme revelações feitas neste final de semana pela Polícia Federal (veja ao lado o caso de Sérvolo de Oliveira, membro da Comissão de Ética do PT do Rio Grande do Norte. 

. O PT pagará muito caro se o ministro Joaquim Barbosa resultar assassinado.

. Os dirigentes petistas do Partido do governador Tarso Genro e do presidente Lula, não sabem mais o que fazer para desmoralizar o Poder Judiciário do Brasil e o Ministério Público, tudo por conta da ousadia que demonstraram as duas instituições republicanas,  ao enfiar na cadeia as duas dúzias de larápios e bandidos que se organizaram dentro do PT para corromper eleitores e parlamentares. 

. O Mensalão foi desbaratada e seus líderes foram para a prisão porque ocorreram investigações por parte da CPI dos Cofrreios e da Polícia Federal, porque o MPF denunciou os bandidos e porque a maioria dos ministros do STF condenou os envolvidos, inclusive altos dirigentes petistas enquistados no governo da República. 

. Neste domingo, o famigerado deputado Rui Falcão, presidente do Partido dos Trabalhadores, divulgou
 nota sobre a correta decisão de Joaquim Barbosa, que negou ao ex-ministro José Dirceu o direito ao trabalho externo.

. É o que manda a lei.

. Não fosse assim, a decisão já nem valeria.

. Mesmo sem portar diploma de rábula de porta de cadeia, Rui Falcão atreve-se a questionar publicamente as decisões da Corte Suprema, defendendo notórios bandidos que meteram a mão no dinheiro do povo, chantagearam empresários, promoveram tráfico de influência, locupletaram-se e nem sequer devolveram o que levaram para a corrupção. Leia o que diz o ingóbil panfleto petista:

- Ao obstruir novamente, de forma irregular e monocrática, o direito de José Dirceu cumprir a pena em regime semiaberto,o ministro Joaquim Barbosa comete uma arbitrariedade.

. A nota pede ainda que o plenário do Supremo Tribunal Federal reaja ao "retrocesso" e ponha fim ao "comportamento persecutário" de seu presidente.

. O presidente do STF cumpriu a lei ao enfiar na cadeia os bandidos do Mensalão, contando para isto com os votos dos demais ministros que formaram a maioria.

. E cumpre novamente a lei, que não obriga a concessão do direito ao trabalho externo nesta fase do cumrpimento da pena.

. Rui Falcão e seus asseclas dentro e fora do Partido, consideram que é intolerável que bandalhas como Zé Dirceu e seus companheiros dirigentes do PT presos com ele, possam usufruir privilégios que nem mesmo bandidos menos perigosos usufruem.

. O atrevimento do PT ao insistir na defesa dos ladrões da república, só encontra paralelo em choramingas de jornalistas como Jânio Freitas, como se pode ler nesta sua oração de viúva do Mensalão (clique aqui para ler).

. O jornalista Jânio de Freitas não chora sozinho as desventuras dos líderes presos do PT, como se pode ver por essas diatribes que diariamente emporcalham as redes sociais (clique aqui para ler).

. Pior ainda é perceber que muitos desavisados advogados brasileiros compraram a mesma tese despudorada, ridícula e inconsequente, segundo a qual bandoleiros como Zé Dirceu e seus companheiros presos do PT, podem, sim, roubar, assaltar, traficar, lavar dinheiro, corromper, se isto for feito com o objetivo partidário.
É a denúncia que faz o jornalista Reinaldo Azevedo neste seu artigo de hoje, domingo, intitulado "A TROPA DO PT: eles ameaçam de morte, xingam, provocam, querem bater. Na raiz da delinquência, está o dinheiro público do governo e das estatais". O jornalista refere-se às ameaças de morte disparadas por petistas contra o presidente do STF, Joaquim Barbosa. O STF pediu investigações à Polícia Federal, que já identificou um dos criminosos, no caso um membro da Comissão de Ética do PT, conforme matéria disponibilizada logo abaixo. Leia tudo:

. Como essa ameaça aí ao lado, chegam dezenas por dia. É disso para pior. O vocabulário é bem mais agressivo, as ameaças são mais, como posso dizer?, escatológicas e se estendem à minha família. E elas costumam ter um padrão também, já observei aqui. Noventa por cento delas têm ao menos uma destas três abordagens (havendo aquelas que juntam as três): a) anunciam que a hora está chegando; b) falam em tiro na cabeça; c) sugerem alguma forma de violação de caráter sexual, em que o adversário é sujeitado, humilhado, estuprado. A coisa mereceria um estudo sociopsicológico:

. a) A “hora chegando” é um conceito essencialmente fascista; os vingadores, ungidos pela história, se vingam de seus inimigos e os exterminam fisicamente. O discurso-símbolo é aquele feito por Goebbels no dia 10 de fevereiro de 1933, 11 dias depois de Hitler ter sido nomeado chanceler: “Um dia nossa paciência vai acabar e calaremos esses judeus insolentes, bocas mentirosas!”.

CLIQUE AQUI para ler tudo.


sexta-feira, 9 de maio de 2014

Imprensa incrivel: pagina de politica ou pagina de policia???

Dificil acreditar, mas esta é a página do dia 9/05/2014, do principal boletim cobrindo a política no Brasil.
Só tem falcatruas?
Paulo Roberto de Almeida 

09/05/2014

Destaques

Janot: metade do Congresso tem pendências criminais

“Pouco menos de 300” parlamentares, de um total de 594, respondem a inquérito ou ação penal no Supremo, segundo o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em entrevista exclusiva à Revista Congresso em Foco Leia mais

Jornais: a 35 dias da Copa, país tem série de protestos em capitais

Em 12 regiões metropolitanas, foram registradas manifestações relacionadas direta ou indiretamente com o Mundial Leia mais

Movimentos sociais iniciam hoje série de protestos até a Copa

Organização não divulgou os locais de destino dos manifestantes, mas o alvo são grandes construtoras, em especial, “aquelas que abocanharam os recursos da construção e reforma de estádios”, segundo os movimentos Leia mais

Movimentos sociais ocupam sedes de três construtoras em São Paulo

Manifestantes se dividiram em grupos para protestar na Odebrecht, Andrade Gutierrez e OAS. Para eles, essas empreiteiras são o símbolo dos gastos públicos com a Copa do Mundo Leia mais

Juiz determina quebra de sigilo da Petrobras

O juiz Sérgio Moro limitou a quebra do sigilo a transações financeiras que envolvam contratos firmados com empresas para a construção da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco; ex-diretor da estatal também é alvo Leia mais

CPI da Petrobras: oposição vai montar painel para pressionar governistas

Ideia, segundo líder do DEM, é forçar partidos da base aliada a indicarem seus representantes para que comissão mista comece os seus trabalhos Leia mais

Câmara criminaliza denúncia falsa contra candidato

Texto aprovado prevê até oito anos de prisão e multa para quem acusar injustamente um candidato de prática de crime ou ato infracional ou divulgar informações falsas Leia mais

Joaquim Barbosa suspende trabalho externo de ex-deputado condenado no mensalão

O mesmo entendimento poderá ser usado para avaliar as decisões que autorizaram outros condenados no processo a trabalhar fora do presídio Leia mais

Supremo absolve deputada acusada de apropriação indébita

Autor da denúncia no processo criminal, o próprio Ministério Público pediu a absolvição de Aline Corrêa (PP-SP) sob o argumento de não há elementos para comprovar acusação Leia mais

STF rejeita denúncia contra deputado Carlos Melles

PGR se manifestou pela rejeição da denúncia contra Melles, acusado de supostos crimes contra o sistema financeiro nacional Leia mais

sábado, 12 de abril de 2014

PP = Partido Progressista ou Pilantragem na Petrobras? - Revista Veja

Ex-diretor da Petrobras fez fortuna vendendo facilidades na estatal

Documentos revelam que Paulo Roberto Costa intermediou interesses de grandes empreiteiras dividindo o lucro com políticos

Rodrigo Rangel e Hugo Marques
ARRECADADOR – O engenheiro Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras, tinha uma missão extraoficial conferida pelo partido que o indicou ao cargo, o PP: articulava com empresas e fornecedores da estatal ajuda financeira para campanhas políticas
ARRECADADOR – O engenheiro Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras, tinha uma missão extraoficial conferida pelo partido que o indicou ao cargo, o PP: articulava com empresas e fornecedores da estatal ajuda financeira para campanhas políticas (Helia Scheppa/JC Imagem)
O macacão corta-fogo laranja com o nome impresso sobre o bolso, o logo com o nome da Petrobras em verde sobre fundo branco, o olhar confiante e o gesto firme apontando com precisão o objetivo. Tudo na foto ao lado transmite a ideia de um líder da empresa que orgulha os brasileiros, provavelmente um diretor técnico de alto calibre, um PhD em mineralogia ou um engenheiro premiado por inovações tecnológicas originais que ajudaram o petróleo a brotar mais facilmente das profundezas, contribuindo, assim, para aumentar dramaticamente o valor da companhia. As aparências enganam. A imagem ao lado já foi anexada ao melancólico histórico de corrupção no mundo oficial do Brasil. Ela viaja o mundo pelas agências noticiosas com o homem identificado na legenda como Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras preso pela Polícia Federal, personagem central do escândalo de pagamento de propinas a políticos.

A RELAÇÃO DOS COLABORADORES
Mendes Júnior – A anotação diz que o dono da empreiteira está “disposto a colaborar”. Procurada, a empresa informa que mantém contrato de prestação de serviços de engenharia com a Petrobras, mas desconhece a colaboração
UTC/CONSTRAN – A anotação informa que a empreiteira “já está colaborando”. A UTC afirma que desconhece a colaboração e que não comenta anotações de terceiros
ENGEVIX – A anotação diz que a empresa “já teve conversa com candidato”. A empreiteira assegura que desconhece tal lista e que suas doações eleitorais seguem a legislação
IESA – A anotação informa que a empresa “vai colaborar a partir de junho”. A companhia afirma que seu presidente da área de óleo e gás conhece Paulo Roberto Costa, mas não fez doações eleitorais
HOPE RH – A anotação diz que a empresa “já vem ajudando e vai ajudar mais a pedido do PR”. A prestadora de serviços na área de recursos humanos não respondeu aos questionamentos
TOYO-SETAL – A anotação diz que a empresa começa a ajudar “a partir de março”. A firma de engenharia naval também não respondeu
Na semana passada, vazaram as primeiras informações obtidas pelos policiais no exame ainda superficial da agenda, algumas planilhas e outros documentos apreendidos com Paulo Roberto Costa. O conteúdo é explosivo. Mas os investigadores que cuidam do caso dizem que se trata apenas de um pequeno trecho do propinoduto que o preso operava na Petrobras, tendo de um lado corruptores, do outro, corruptos e ele no meio fazendo a integração entre as duas partes do empreendimento criminoso.
De 2003 a 2012, o engenheiro Paulo Roberto Costa dirigiu a área de Abastecimento da Petrobras, que comanda um orçamento bilionário e lida com as maiores empresas do Brasil e do mundo. Pelo volume de dinheiro movimentado e os múltiplos interesses envolvidos, é o lugar perfeito para aninhar uma quadrilha de corruptos. A Polícia Federal descobriu que Paulo Roberto, um doleiro, políticos e prestadores de serviços estão interligados em um consórcio criminoso montado para fraudar contratos na Petrobras, enriquecer seus membros e financiar políticos e partidos.
Paulo Roberto Costa é o que em Brasília se chama de “indicado político”. É assim que ele aparece na ata de uma reunião com seus advogados pouco depois de sair da Petrobras. Está lá, em um dos recortes estampados na página 70 — escrito a mão por quem secretariou a reunião —, a preocupação extra dos causídicos com o fato de o doutor Roberto ter ocupado cargo de “indicação política” na Petrobras. Por essa razão seria muito arriscado ir adiante com o plano de abrir uma “offshore”, eufemismo para empresa-fantasma em algum paraíso fiscal. Em outro trecho, registra-se a recomendação de que, ele abrindo uma empresa, a “holding” deveria ser colocada em nome da mulher e das filhas. São típicos cuidados de quem está se metendo em um negócio obscuro, com finalidade não muito clara e, definitivamente, com o objetivo de ser mantido longe dos olhos das autoridades. Enfim, uma atividade típica de alguém que chegou a uma estatal ou órgão público não pela competência técnica, mas por “indicação política”.
Foi o Partido Progressista, o PP, uma das agremiações que apoiam o governo, que instalou Paulo Roberto Costa na estratégica diretoria da Petrobras. No que é um dos grandes contos de fadas do Brasil oficial, o papel do indicado político é explicado pela necessidade de os políticos terem quem resolva problemas paroquiais deles e dos eleitores. No caso do indicado político do PP na Petrobras, a explicação era que ele poderia eventualmente facilitar a outorga de uma autorização de funcionamento para um posto de gasolina. Só isso? No mundo da fantasia, sim. No universo da mentira tacitamente aceita como parte do jogo político, sim. Mas o homem do macacão laranja, do olhar confiante e gesto firme talvez nunca tenha sabido o que é preciso para abrir um posto de gasolina. Os documentos que a Polícia Federal encontrou em seu escritório começam a revelar as verdadeiras atividades de um sujeito que desembarca em uma estatal ou ministério como “indicação política”. Paulo Roberto Costa foi colocado na Petrobras para intermediar negócios entre empreiteiras e outras empresas com a estatal brasileira de petróleo e, assim, abastecer o propinoduto ligando corruptores a corruptos.
VEJA teve acesso ao material apreendido pela Polícia Federal. Ele revela os verdadeiros motivos por trás da disputa acirrada dos partidos para indicar um afilhado, um amigo ou um correligionário para um cargo público. As anotações na agenda do engenheiro apontam uma contabilidade financeira envolvendo políticos. Numa delas, Paulo Roberto registra o repasse, em 2010, de 28,5 milhões de reais ao PP, o partido responsável por sua indicação ao cargo. 

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Dinheiro dos Corruptos do Mensalao ajudando os Corruptos do Mensalao? - Ministro Gilmar Mendes

Os indianos acreditam no eterno retorno, ou seja, a visão circular do mundo. Tudo tem volta, e o círculo se fecha.
Pode ser que este seja o caso dos bandidos do Mensalão, sendo alimentados agora pelo dinheiro roubado no Mensalão.
Na verdade, eles estão zombando da Justiça e de todo o povo brasileiro.
A esperteza, de vez em quando, é tão grande que ela cresce e engole o dono...
Paulo Roberto de Almeida

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal
Federal

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes cobrou nesta terça-feira (4) que o Ministério Público apure a arrecadação de dinheiro para o pagamento de multas impostas pela Corte no julgamento do processo do mensalão.
Para o ministro, há suspeita de "lavagem de dinheiro". Juntos, o ex-deputado José Genoino (PT-SP) e o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares arrecadaram mais de R$ 1,7 milhão. Segundo dirigentes do PT, os valores foram fruto de doações de militantes e amigos dos condenados.
"Essa dinheirama, será que esse dinheiro que está voltando é de fato de militantes? Ou estão distribuindo dinheiro para fazer esse tipo de doação? Será que não há um processo de lavagem de dinheiro aqui? São coisas que nós precisamos examinar", afirmou o ministro antes da sessão de turmas do tribunal desta terça.
O coordenador da área jurídica do PT, Marco Aurélio Carvalho, afirmou ao G1 que "qualquer tipo de declaração que não seja consequência da análise profunda de documentos é inoportuna e precoce". "Acho que seria o caso de ele [Gilmar Mendes] refletir com mais profundidade. Estamos tranquilos. As doações são identificadas e temos documentos que comprovam os depósitos. [...] Me causou espécie uma declaração ter sido dada sem um documento ser analisado. Cada um se colocará à disposição da Justiça se e quando forem provocados, para comprovar que o dinheiro é fruto de uma rede de solidariedade."
Para o ministro, o MP precisa apurar porque "tem elementos para uma investigação". "O Ministério Público tem que olhar isso. Isso mostra também o risco desse chamado modelo de doação individual. Imaginem os senhores, com organizações sindicais, associações, distribuindo dinheiro por CPF. [...] Esta brincadeira com a multa. Interessante isso. Arrecadar R$ 600 mil num dia. São coisas que precisam ser refletidas. A sociedade precisa discutir isso", completou Mendes.
Perguntado em qual grau do MP deveria ocorrer a apuração, ele disse: "E se for um fenômeno de lavagem? De dinheiro mesmo de corrupção? Quer dizer. As pessoas são condenadas por corrupção e estão agora festejando coleta de dinheiro. É algo estranho. [...] Que seja [na 1ª instância], mas que isso seja olhado."
Site criado para arrecadar doações para Delúbio
recolheu mais de R$ 1 milhão
(Foto: Reprodução/solidariedadeadelubio.com)
O magistrado destacou que a arrecadação não pode ser vista como "fato corriqueiro" porque "há algo de grave nisso". "Agora, vem essa massa de dinheiro. Será que vão também fazer uma arrecadação para devolver todo o dinheiro que foi desviado? Tudo estranho. Agora é intessante que todos nós estamos noticiando isso como se fosse só um fato corriqueiro. Não, não é um fato corriqueiro, há algo de grave nisso. E precisa ser investigado. E essa gente, eles não são criminosos políticos, não é gente que lutava por um ideal e está sendo condenada por isso. São políticos presos por corrupção. É disso que estamos falando. Então, há algo de estranho nisso."
O Ministério Público Federal do Distrito Federal informou que não há previsão de investigação sobre o tema. Nesta terça, o PSDB pediu que a Procuradoria Geral da República apure as doações.
Gilmar Mendes voltou a lembrar ainda o episódio de oferta de um emprego a José Dirceu em hotel de Brasília com salário de R$ 20 mil. Segundo reportagem do "Jornal Nacional", o dono do hotel é um panamenho que mora em área pobre do Panamá.

"Se formos olhar o episódio do hotel em que alguém oferece um emprego de R$ 20 mil para um suposto reeducando, com propriedade no Panamá. Ele era também dono do hotel? Era empregado e empregador? Veja quanta coisa está sendo colocada."

sábado, 30 de novembro de 2013

Argentina: os aliados dos companheiros... na corrupcao

E onde mais seria?
Paulo Roberto de Almeida 

Entrevista - Jorge Lanata

Uma voz contra Cristina Kirchner

O apresentador de TV que mais denuncia a corrupção na Argentina revela que empresas são obrigadas a pagar propinas mensais ao governo. Corajoso, não teme represálias

Tatiana Gianini, de Buenos Aires
O apresentador de TV Jorge Lanata
As noites de domingo na Argentina são sempre tensas para a presidente Cristina Kirchner. Em abril de 2012, o canal de televisão aberta El Trece, do Grupo Clarín, estreou o programa Periodismo para Todos (PPT), conduzido pelo jornalista Jorge Lanata, de 53 anos. O título já é uma provocação ao discurso populista da presidente, que vive prometendo futebol, habitação e leite “para todos”. Com humor na medida e muita investigação, Lanata revela os mais escabrosos casos de corrupção do governo Kirchner. Sua fama está consolidada. No ano passado, uma pesquisa com 3 000 argentinos mostrou que ele tem o dobro de credibilidade da presidente. Por obra do governo, porém, o futuro do programa está ameaçado. Em outubro último, a Suprema Corte declarou constitucional a Lei de Mídia, que, entre outras implicações, pode forçar o Grupo Clarín a se desfazer do canal El Trece. Lanata recebeu VEJA em seu apartamento no bairro Recoleta, acompanhado de Salsa, uma fêmea de buldogue-francês, fumando sem parar.
As gestões de Néstor e Cristina Kirchner foram as mais corruptas da história recente da Argentina?
Há anos me perguntam qual governo foi pior e qual roubou mais. Sempre respondi que isso não interessa. Importa é quem está roubando agora. Estou convencido, porém, de que a corrupção hoje é até maior do que na gestão do presidente Carlos Saúl Menem (1989 a 1999). Os Kirchner criaram um novo tipo de corrupção. No governo Menem, os políticos pediam propinas para autorizar certas obras públicas ou direcionar licitações. O casal Kirchner foi muito além.
A esta altura, o dinheiro não importa tanto, porque já se acumulou muito. A grande questão é permanecer no poder
De que forma? 
Eles participam das empresas como se fossem sócios. A corrupção é muito mais estrutural. Se uma companhia quer vencer um leilão para construir uma ponte, eles concedem. No entanto, passam a cobrar 10% do lucro corporativo daquele momento em diante. Não basta o empresário pagar propina uma única vez. Todo dia 5, para sempre, um burocrata vai passar na recepção das empresas para pegar uma mala com o pagamento. Na lista de quem tem mais dinheiro na Argentina, além dos ricos de sempre, três nomes do sul do país, a região dos Kirchner, entraram para o grupo recentemente. Todos estão vinculados ao governo. São eles Lázaro Báez, empreiteiro, Cristóbal López, dono de empresas de petróleo, e Gerardo Ferreyra, da Electroingeniería, uma construtora de obras públicas.
Qual foi a denúncia mais grave que seu programa já divulgou? 
Foi a série de revelações que chamamos A Rota do Dinheiro K. Em abril, o Periodismo para Todos exibiu uma reportagem mostrando que Lázaro Báez, amigo e sócio do casal Kirchner e dono de uma empreiteira que realizava obras públicas na província de Santa Cruz, tirou do país 55 milhões de euros de forma ilegal. O dinheiro saía de Río Gallegos, na província de Santa Cruz, fazia escala operacional em Buenos Aires e seguia para ser depositado em contas na Suíça e de empresas em paraísos fiscais, como Belize. Mostramos que Báez está envolvido com lavagem de dinheiro, superfaturamento de obras públicas e evasão de divisas. Báez, um ex-funcionário do Banco de Santa Cruz, tornou-se nos últimos anos um empresário com investimentos nos setores imobiliário, hoteleiro e de petróleo. Tem 3 bilhões de dólares. Quanto disso é dele, quanto seria de Néstor e quanto é de Cristina? Não tenho ideia, mas estou certo de que uma parte foi para ela.
O enriquecimento pessoal é o principal propósito da corrupção no governo de Cristina Kirchner? 
A esta altura, o dinheiro não importa tanto, porque já se acumulou muito. Não estão nem aí para isso. A grande questão é permanecer no poder. Não duvido que a presidente renunciaria para preservar a mística se encontrasse um jeito de manter influência na Casa Rosada no futuro, já que não pode se reeleger.
O filho da presidente, Máximo Kirchner, pode tentar suceder a ela? 
Máximo é um dos principais conselheiros da presidente. Ele integra a chamada mesa chica, que toma as decisões. Essa cúpula é formada pela mãe, pelo filho, por Carlos Zannini, secretário para assuntos legais, e Héctor Icazuriaga, o secretário de Inteligência. Mas Máximo não tem carisma. É um homem que não fala. Outro dia, por casualidade, ele deu entrevistas sobre a doença da mãe, no aeroporto de Santa Cruz. Era difícil escutar sua voz. Ele não está capacitado para o cargo.
Qual será o legado dos Kirchner para a Argentina? 
Essa foi uma década desperdiçada. Nunca entrou tanto dinheiro na Argentina e nunca se perdeu tanto. O país passou dez anos gastando o que tinha, imaginando que depois alguém virá pagar a conta. Mesmo com os recursos vindos das exportações, a proporção de pobres continua em torno de 30% da população e a de indigentes, em 15%. Há muito clientelismo. A educação não funciona. A política exterior é absurda. Viramos amigos do Irã e brigamos com o Uruguai, nosso vizinho. O controle de câmbio fracassou e as reservas internacionais em dólares estão acabando. Um ajuste é urgente e necessário, mas ninguém quer fazê-lo.
A corrupção é muito mais estrutural. Não basta o empresário pagar propina uma única vez. Todo dia 5, para sempre, um burocrata vai passar na recepção das empresas para pegar uma mala com o pagamento
Qual é o real objetivo da Lei de Mídia, que o governo alega ter sido feita para democratizar os meios de comunicação na Argentina? 
Este governo se sente incomodado com a questão da audiência. Embora seus membros e empresários amigos tenham investido milhões de pesos em veículos de comunicação, nenhum programa chapa-branca consegue mais de 3 pontos de audiência. Eles têm dinheiro, mas não têm talento. O texto da lei limita para os meios privados um máximo de 35% do mercado de televisão aberta. As empresas também não podem alcançar mais de 35% da população em televisão a cabo nem possuir mais de dez licenças de rádio. Mas audiência não é algo que possa ser repartido assim, por decreto. Uma cidade pode ter 400 rádios que ninguém ouve e uma que concentra todo o interesse dos ouvintes. O que determina o público é a qualidade. Meu programa na Rádio Mitre alcança 52% dos ouvintes no seu horário. O que o governo espera que eu faça? Que peça às pessoas que não me escutem? Não posso fazer isso. Se o governo tivesse bons programas, eles teriam 50% da audiência. Não conseguem isso porque o povo não é idiota. O jornalismo oficialista só funciona quando não tem concorrentes. Em Cuba, o Granma vende jornais apenas porque não existem outras opções.
Seu programa dominical Periodismo para Todos vai deixar de existir quando a lei for implementada? 
Não consegui saber ainda quanto a Lei de Mídia vai nos afetar. Num primeiro momento, o governo ameaçou o Clarín com um ultimato. Diziam que as autoridades decidiriam com quais empresas o grupo ficaria. Depois, o Clarín apresentou um plano de adequação, que está sendo analisado. Neste ano, estaremos no ar até 8 de dezembro. A princípio, voltaremos em abril, mas o retorno é uma incógnita. Não sei se o canal continuará existindo ou se vamos sofrer intervenção do governo. Se for assim, eu não ficarei. Espero que eles façam direito as contas, porque neste momento o custo político de nos tirar do ar seria muito grande. Cinco milhões de argentinos nos veem todos os domingos. Temos uma audiência média de 20 pontos, um índice que é um delírio para um dominical jornalístico. Nenhum programa que fala de política na Argentina se compara a isso. O governo até mudou o horário do campeonato argentino de futebol, em maio passado, para que as partidas coincidissem com o início do PPT. Com televisores ligados nos jogos, achavam que perderíamos audiência. Nós levamos a melhor. Das vinte vezes em que competimos com o futebol, o placar foi favorável à nossa equipe em quinze.
O governo argumenta que o Grupo Clarín tem o monopólio das comunicações. Essa acusação faz sentido? 
O Clarín não é um monopólio. Tecnicamente, isso só acontece quando um fornecedor controla o mercado de um produto ou serviço. A Argentina tem vários canais de televisão aberta, centenas de jornais, milhares de rádios. Esses meios de comunicação pertencem a diferentes proprietários e há um cenário plural de opiniões.
Os argentinos concordam com as ações governamentais contra o Clarín?
Pesquisas recentes mostram que apenas uma minoria crê nos propósitos declarados das autoridades (de acordo com a consultoria Management & Fit, 30% creem que a lei busca democratizar os meios). A maior parte dos argentinos acredita que os meios de comunicação devem ter o direito de publicar ou transmitir o conteúdo que quiserem sem o controle do governo. É evidente que a Lei de Mídia foi feita contra um grupo em particular, o Clarín. Essa é a única empresa contra a qual o governo briga atualmente. Se a lei fosse aplicada de forma isenta, outros empresários teriam de se adaptar, mas eles não têm sofrido represálias por causa disso. Uma das cláusulas diz que uma empresa que oferece serviços públicos não pode ter um canal. No entanto, a emissora de televisão Telefé é controlada pela Telefónica da Espanha, que por sua vez provê serviços de telecomunicações. Nenhuma pressão foi feita. A desculpa é que a Telefónica argentina não tem nada a ver com a da Espanha. Outro exemplo: o Canal 9 é de um empresário da América Central, o mexicano Ángel González González, que produz novelas. Esse canal ignora a regra segundo a qual uma porcentagem dos programas deve ser produzida localmente. O governo nada faz. Permite que esse canal viole a Lei de Mídia com um monte de enlatados, contanto que exibam programas pró-governo.
O governo até mudou o horário do campeonato argentino de futebol, em maio passado, para que as partidas coincidissem com o início do meu programa. Achavam que perderíamos audiência. Nós levamos a melhor
Qual foi a pior ameaça pessoal que você já recebeu?
Ultimamente, não tenho recebido tantas. Na época em que eu dirigia o jornal Página/12, a redação recebeu cinco ameaças de bomba. O clima agora está mais calmo, mas não pacífico. Em outubro do ano passado, quando viajei à Venezuela para cobrir as eleições, fui acusado pelos chavistas de fazer espionagem. Nosso grupo tinha sete pessoas. Fomos presos e forçados a apagar toda a filmagem que tínhamos feito. Um desastre. Liguei para o embaixador argentino na Venezuela, mas o diplomata não nos ajudou em nada. Ele fez tudo o que era possível para agradar a Hugo Chávez. Só nos liberaram duas horas depois.
O governo argentino ataca jornalistas diretamente? 
Eles hostilizam os profissionais de uma maneira incrível. Se um jornalista menos conhecido descobre irregularidades no governo, geralmente decide não publicá-las. Tem medo da reação. Além disso, poucos querem brigar com o chefe, pois oito em cada dez veículos argentinos são fiéis à Casa Rosada. Essa situação obviamente gera muita autocensura.
Seu programa faz bastante uso do humor. Isso incomoda o governo? 
Claro! Mais até do que as denúncias. Os políticos querem ser respeitados. São muito solenes. Se alguém ri deles, ficam desarmados. Os gregos, com a sátira, faziam humor político. No Brasil, o Pasquim brigava com a ditadura usando o humor. Na minha carreira, sempre fiz isso. Quando dirigi o jornal Página/12, o então presidente Menem nos chamou de “imprensa amarela”. No dia seguinte, o jornal chegou às bancas todo impresso em páginas amarelas. O humor é essencial para nos aproximar dos jovens. Eles começam a assistir ao nosso programa para se divertir, mas acabam ficando e escutando a parte política. Rir é bom.
Como as denúncias chegam a seu programa? 
De todos os lados. Às vezes, até de funcionários do governo. Quanto mais briga interna há na máquina estatal, mais dados ficam disponíveis para os jornalistas. Em geral, nenhuma informação é inocente. Quando alguém me conta algo, é por algum interesse pessoal. Para mim, o que importa é investigar se a denúncia é verdadeira. Não tenho de proteger ninguém. Temos ainda mais denúncias esperando a hora para entrar no programa.
Quais? 
Espere para ver.