O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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sábado, 30 de abril de 2011

A diva blogueira e a corrupcao do sistema: desmoralizando Betania...

Apenas transcrevendo...

[Acréscimo em 30 de abril: um comentário de um leitor, na sequência desta postagem, e meus próprios comentários in fine...PRA]

O escandaloso blog de poesia de Maria Bethânia
Digestivo Cultural n. 478, 27/04/2011

Na música, todo mundo louvava Maria Bethânia, por ela não haver se rendido à acomodação dos outros Doces Bárbaros. Não havia se perdido em rock como Caetano, não havia se desencaminhado na política como Gil e não havia se aposentado precocemente como Gal Costa. Maria Bethânia parecia incansável: gravando compositores novos, fazendo pesquisa de ritmos, lançando selo próprio e, claro, fazendo shows - admiráveis desde a concepção até a performance (de tirar o fôlego das cantoras mais jovens). Acontece que a mesma Bethânia - que musicalmente admirávamos tanto - protagonizou um (ou se deixou envolver num) dos maiores escândalos de captação de recursos, via Lei Rouanet, via Ministério da Cultura, via Governo Dilma, via Era Lula...
O projeto "O Mundo Precisa de Poesia" se apresentou ao MinC como um "blog", onde Maria Bethânia recitaria um poema por dia, e, para isso, solicitava quase 1,8 milhão de reais, sendo que 600 mil apenas para a sua remuneração. Tudo bem que o MinC aprovou "apenas" 1,35 milhão de reais para captação, mas conhecendo os blogs - como a blogosfera conhece - a grita foi geral. Primeiro porque qualquer pessoa que já tenha aberto uma conta de e-mail na Web, sabe qual é o custo de montar um blog: 5 minutos. Evidente que o custo de manter um blog é outro. Mas para fazer vídeos, e distribui-los via YouTube, não demora muito mais, não. Depois, porque o projeto literalmente caiu na rede e seu conteúdo era uma piada de mal gosto. A "síntese", os "objetivos" e a "justificativa" eram de uma redação quase infantil. E a equipe era a dos usual suspects: Conspiração Filmes, Andrucha Waddington e Hermano Vianna.
Para completar: dos quase 2 milhões solicitados, o webdesigner receberia 6 mil, no total, e a manutenção/atualização do site custaria, simples e apenasmente, 8,4 mil reais (durante um ano). Em defesa de Bethânia - ou do projeto em que ela foi usada de "laranja" - vieram dizer que estava tudo dentro da lei. Podia até estar, mas, como d izia Boris Casoy nos bons tempos, não deixava de ser "uma vergonha". Outros projetos, de outros Doces Bárbaros, vieram à tona, para engrossar o caldo, mas a nova Ministra da Cultura nem ficou vermelha. Desta vez, o governo não poderia jogar na conta da "herança maldita" de FHC (e do PSDB), porque o projeto remontava ao ano passado (2010)...
Ao fim e ao cabo, esse projeto é, na realidade, uma das contas que a sociedade está pagando pela terceira eleição, na sequência, do mesmo governo. Porque no Ministério da Cultura também existe malversação de recursos, e quem se aprochegou dos cofres públicos nos últimos 8 anos, quer continuar se beneficiando nestes próximos 4 anos...

>>> Blog da Bethânia, o projeto

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Um leitor, conhecedor dos meandros das políticas culturais neste país que é nosso (embora seja mais de alguns do que de todos), me escreve o que segue:

Professor, este texto é de uma sequência de equívocos:

1. O mecanismo de incentivo fiscal não é uma marca da Era Lula. É Lei (de 91), que está tentando ser modificada já que deixa o incentivo à cultura via renúncia fiscal (ou seja, $ público) nas mãos da capacidade de captação dos proponentes - ou seja, muito mais no depto marketing do que no de cultura. Os mal informados acusam, inclusive, a tentativa de reforma da lei de "dirigismo estatal" dos investimentos culturais. Muitos projetos INCRIVEIS foram realizados via Lei Rouanet, mas muitos piores do que o da Betânia também. Esse "escândalo" poderia ter se dado em qualquer momento já há muito tempo. Não posso compreender porque acham o caso da Betânia mais escandaloso do que o do famoso banco que trouxe o famoso circo via lei de incentivo, fez um monte de propaganda e ainda cobrou ingresso caríssimo. (veja em http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u59903.shtml). Ou seja, vamos perceber que a situação é MUITO MAIS complexa do que a narrada nesse texto...

2. Gil não se "desencaminhou" na política. Foi de importância decisiva no Ministério da Cultura, deixou um incrível legado. Inclusive foi o responsável por criar outras abordagens para a política pública cultural brasileira que não a do incentivo fiscal, formulando Programas que hoje são referência para diversos países. Ou seja, o texto mistura alhos com bugalhos da forma que é conveniente ao argumento. Diz que o personagem é "desencaminhado", justamente ele que foi quem mais fez contra o que o autor diz achar um absurdo...

3. Quem pode julgar o processo artístico de Caetano ou Gal??!!! "Aposentadoria precoce de Gal" é uma das expressões mais preconceituosas que já vi. Só porque ela não se esforça para estar toda hora na mídia com uma novidade? Mas não é essa a acusação que o autor do texto faz a Caetano Rock'n'roll? Perceba a contradição e a petulância desses comentários...

Entenda, não é o caso de defender um governo ou outro, mas de ver a Cultura como um campo complexo de ação pública, tão imbricado nos processos de transformação do Estado como qualquer outro. Um governo não pode, por voluntarismo, modificar a aplicação da Lei. Ela tem que ser reformada pelos complexos mecanismos da nossa democracia, e é justamente isso que está sendo feito, de forma não imune a acusações de pessoas como o autor desse texto.

Se for publicar a resposta, por favor preserve meu nome, porque gente como o autor desse texto contra a Betânia não hesita em pegar o que vc escreve, tirar de contexto e circular por aí.

[Leitor anônimo]

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Permito-me agregar o que segue (PRA):

Não vou comentar o post principal, que coloquei apenas por instinto de provocação, que sempre é o meu, independentemente da correção e objetividade dos argumentos, mas que NÃO subscrevo, esclareço. Apenas era o tema do momento, suficientemente escandoloso para chamar a atenção da "mídia", como chamou, e despertar sentimentos de animosidade ou de defesa, entre os interessados por esta área da vida nacional. Apenas por isto postei aqui, mas concedo que o tom é rancoroso e não traduz a racionalidade que se espera de um blog como este, que se pauta, como indicado, por respeito a ideias inteligentes. Não era o caso do post e do tema, e eu deveria ter abandonado a intenção. Agora já está postado e despertou reações do distinto público que aqui comparece.
Tampouco vou comentar o que está transcrito acima, de um leitor inteligente e cognoscenti.
Vou apenas dizer o que penso do sistema e do caso.

É evidente que num país invadido, dominado, subjugado por políticas públicas, especialmente as setoriais, que interessam a grupos de interesse, como o Brasil, não poderiam faltar políticas de "favorecimento" disto e daquilo, para todos e cada um.
Um Estado esquartejado por grupos de interesse, geralmente poderosos, como o Brasil, no qual o dinheiro do contribuinte, do empresário, do cidadão comum, e especialmente dos pobres -- que jamais pagam imposto de renda, mas que deixam 50% do que ganham para o Estado sob a forma de impostos -- é evidente que num país assim sempre haverá espertos, e mais espertos que os espertos, que conceberão, aplicarão e se beneficiarão de políticas ditas "incentivadoras" para estimular esta ou aquele setor que não recebe os "sinais corretos" do mercado.
Cultura é obviamente um deles. Muitos, talvez a maioria concordam com a afirmação de que iniciativas e empreendimentos culturais não podem e não conseguem se pautar pelas "regras de mercado" -- vocês sabem, aquelas coisas perversas geralmente ligadas ao lucro e à acumulação de capital -- e que por isso mesmo devem se beneficiar de incentivos públicos (ou seja, o dinheiro de todo mundo -- para que as magníficas produções culturais de artistas "fora do mercado" possam alcançar o público, geralmente o público mais vasto de cidadãos comuns que não podem pagar uma ópera na Metropolitan House, e que depende mesmo de TV aberta e de "espetáculos populares".
O caso da Bethânia talvez nem seja o mais escandaloso no caudal de "projetos culturais" que recolhem -- é bom que se diga -- não o dinheiro do MinC, mas o imposto devido por capitalistas, que assim podem posar de amigo das artes e de mecenas culturais. Provavelmente, assessores mais espertos, inclusive com a ignorância da cantora, aproveitaram esse mecanismo perverso de redistribuição de renda -- no Brasil é sempre dos pobres em favor dos ricos -- para carrear alguns milhões para seus apartamentos da Vieira Souto.
Seja lá o que for, minha posição é muito clara e a expresso aqui.

Sou contra todas essas políticas setoriais do Estado em favor de quaisquer grupos de interesses que existam, QUAISQUER: usineiros, industriais da FIESP, cantores populares, garimpeiros, pescadores, enfim, vocês escolhem o que quiserem.
Para mim só existe um grupo de interesse que não é especial, mas que é básico: as crianças, de qualquer cor, de qualquer renda, de qualquer origem geográfica e de qualquer formação cultural ou background social.
A única política que o Estado deveria ter seria esta: escolas de qualidade, em tempo integral, para todas as crianças, apenas isto. Dos 4 ou 5 anos, até os 17 anos, a sociedade nacional "suportaria" -- no sentido de apoiar -- escolas de qualidade.
Depois, bye, bye, até logo. Cada um que se vire no mercado.
Apenas isto, e nada mais do que isto.
Acredito que o Brasil e os brasileiros sejam suficientemente inteligentes para julgar o que penso do resto das políticas públicas.
Ponto.
Assunto encerrado.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 30 de abril de 2011

Armas de procriacao em massa: qual seria a dissuasao contra o Viagra?

Bem, seria preciso ver se a Libia está pagando os royalties direitinho, pois creio que o Viagra ainda está protegido por patentes.
Aqui no Brasil tivemos um caso, alguns anos atrás: juízes certamente malucos, do Rio de Janeiro, obrigaram o SUS a fornecer Viagra gratuitamente para alguns velhinhos depravados. Nao tenho noticias de que, em consequência, tenha aumentado a incidência de estupros por aquelas bandas, mas seria preciso investigar melhor, inclusive sobre eram remédios protegidos ou genéricos...
Paulo Roberto de Almeida

EUA acusam Líbia de dar Viagra a tropas e estimular estupros
Terra Notícias, 29/04/2011

A embaixadora dos Estados Unidos na ONU disse na quinta-feira ao Conselho de Segurança que as tropas leais ao líder líbio Muammar Kadafi estão cada vez mais recorrendo à violência sexual, e que alguns soldados têm recebido doses de Viagra, medicamento contra a impotência, segundo diplomatas.
Vários diplomatas da ONU que participaram de uma sessão a portas fechadas do Conselho relataram que a embaixadora Susan Rice citou a questão do Viagra no contexto do agravamento dos casos de violência sexual por parte dos soldados do regime líbio. "Rice abordou isso na reunião, mas ninguém respondeu", disse um diplomata, sob anonimato. A acusação havia surgido inicialmente em um jornal britânico.
O medicamento Viagra, do laboratório Pfizer, é usado contra a impotência sexual masculina. Se for verdade que os soldados de Kadafi estão recebendo Viagra, disseram diplomatas, isso indicaria que eles estão sendo estimulados por seus comandantes a estuprar mulheres para aterrorizar a população em áreas que apoiam os rebeldes.
O uso do estupro como arma de guerra tem recebido crescente atenção da ONU. No ano passado, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, nomeou uma relatora especial para questões de violência sexual durante conflitos armados, Margot Wallstrom. Neste mês, Wallstrom criticou o Conselho de Segurança por não ter mencionado a violência sexual durante duas recentes resoluções relacionadas à Líbia, apesar de o Conselho ter prometido priorizar esse assunto.
Wallstrom disse na ocasião que relatos sobre estudos na Líbia não haviam sido confirmados, mas citou o caso amplamente divulgado de Eman al Obaidi, uma mulher que no mês passado foi a um hotel frequentado por jornalistas em Trípoli e disse que havia sido estuprada por milicianos leais ao governo.
O Tribunal Penal Internacional já está investigando se o regime de Kadafi cometeu crimes de guerra na sua violenta repressão a manifestantes que exigiam mais liberdade. A delegação dos EUA junto à ONU não quis comentar o assunto.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Livre-mercadistas: nao mantenham ilusoes... - livro sobre os grandes mitos

Bem, no plano racional, livres mercados, livre comércio, competição total, regulação mínima, e Estados eficientes são sempre melhores que o contrário de tudo isso, claro...
O problema é que, na prática, não conseguimos ter tudo isso e temos de aguentar um Estado ineficiente, intervencionista (ladrão seria o termo exato) e todas as outras deformações que os economistas chamam de "falhas de mercado". (Poucos falam das "falhas do governo".)
Abaixo um livro que seria o equivalente do realismo em RI.
Eu confesso ser um idealista, ou partidário da ideal-Economik, mas confesso que não teremos isto antes de muito tempo (if ever...).


------ EH.NET BOOK REVIEW ------
Title: The Illusion of Free Markets: Punishment and the Myth of Natural Order

Published by EH.NET (April 2011)

Bernard E. Harcourt, /The Illusion of Free Markets: Punishment and the Myth of Natural Order/. Cambridge, MA: Harvard University Press, 2011. 328 pp. $30 (hardcover), ISBN: 978-0-674-05726-5.

Reviewed for EH.Net by Daniel J. D'Amico, Department of Economics, Loyola University (New Orleans).

/The Illusion of Free Markets/ is a fascinating attempt to understand public policy. There are both effective and ineffective responses to social problems. Human welfare requires interpreting complex social phenomena and affecting social change. To be fooled by an illusion is to be guided by a bad map.

Neoclassical models of political economy distinguish between markets and governments. Markets are presumed efficient when producing and allocating resources, but in some institutional environments, where property rights are poorly defined and information asymmetric, said to fail. Governments are presumed necessary and sufficient to solve market failures. Society suffers when either problem is misdiagnosed and/or either solution incorrectly prescribed. Bernard Harcourt thinks markets have been overrated. Histories of penology and economic thought help correct this.

The market versus government dichotomy dates to the classical school, when economists thought in terms of natural law. Markets were called natural because the price system is self-adjusting and socially coordinative. Neither shortages nor surpluses persist because prices change on the margin. Self-interest guides social welfare "as if by an invisible hand." While economists favor markets because they produce and distribute tangible wealth, Harcourt is concerned that they under account social costs. In particular, natural law has supposedly borne complex consequences upon American criminal justice.

Markets were heavily regulated during the time of the classical school. Detailed codes of conduct governed all manner of commercial trade. Harcourt observes that Adam Smith and other classicals used the term “policing” to refer to both commercial and criminal regulations. Harcourt prefers Foucault's focus upon discipline over economists' hard dichotomy. Historically, both markets and governments regulated behavior. Both were backed by physical punishments. The market was as disciplinarian as the state.

Harcourt is concerned, and rightly so, with features of American criminal justice. It appears racially biased, excessively severe and uniquely modern. He argues that these are the theoretical consequences of applied natural law. His historical narrative suggests that as the commercial realm was deregulated, disciplinary resources were directed into the penal sphere.
Markets were presumed to be self-regulating, which drove a conceptual schism between lawful market behaviors and unnatural criminal actions. Theorists underrecognize the costs of social change invoked by deregulation because they presume the market natural. Today's penal excesses are the presumed result of a growing network of anonymous contracts. Harcourt's message: the notion that markets are free from coercion is an illusion, both yesterday and today. Privatization and deregulation are insufficient policy solutions to mass incarceration.

Harcourt's comments are a welcome update to neoclassical orthodoxy, which has failed to give an explanation or policy reaction to mass incarceration. If one looks -- as Foucault would suggest -- at different enforcement techniques (physical punishment versus torts and fines) used within the different legal spheres (criminal versus civil); or if one looks at the historical specialization of those techniques across those legal spheres, one notices the world is a very different place than it used to be.

Today the market versus government distinction parallels the civil and criminal law. Contract enforcements are maintained by the civil law. Criminal laws are enforced by incarceration. These separate legal spheres were not always distinct, nor were their enforcement resources specialized. Originally there was no criminal law. Physical punishments, such as arrest and jailing, facilitated market exchanges and resolved civil disputes; afterwards a separate criminal law developed. Then physical punishments became more reserved to enforce against crime.

Harcourt argues the doctrine of natural law ushered this process, and led to problematic criminal justice outcomes. Alternatively, Foucault's historical perspective compliments an Austrian and Public Choice framework of political economy. Neither markets nor governments should be presumed to resolve each other's failures. The efficient-market hypothesis and traditional public goods theory both risk misguidance by illusion. Enforcement technology is an
important focus in so far as it affects the production and distribution of knowledge and incentives.

Austrian political economy emphasizes the distribution of economic knowledge throughout society. Governments differ from markets in how they produce and distribute economic knowledge -- who, what, how, when and where to make and distribute goods. Public Choice political economy emphasizes the incentives that affect rational choice. Bureaucracies produce systematically different incentives than do for-profit markets.

An Austro-Public Choice political economy insists upon the behavioral assumptions applied to governments and markets being symmetrical. Neither market nor government decision-makers are perfectly informed nor perfectly incentivized to accomplish goals. The subsidy and administration of criminal punishments yesterday and today appear not to be an exception.

Harcourt interprets history as a slight against the characterization of commerce as non-coercive. Foucault says markets are disciplinary. Though not emphasized by Harcourt, the inverse also seems true. The history of physical punishments within the market sphere weakens the characterization of governments as particularly necessary for optimal criminal punishment.
Presuming criminal punishment a public good may be just as illusionary.
When markets wielded physical punishments they appeared constrained from excess by the self-interests of disputants. Conflicts among traders were self-sorted for profit seekers. Punitive threats made compliance with financial and service court rulings more appealing. Contract violators were inclined to settle and civil plaintiffs sought tangible compensation for loss.

Contemporary criminal justice problems coincide with expanded market economies and decentralized government in the market sphere. An Austro-Public Choice perspective must reference how changes in knowledge and incentives yield such outcomes. On net federal government has grown, as has its role within the criminal justice system in conjunction with mass incarceration's disconcerting results.

Physical punishment has become relegated to the enforcement of criminal law. Though contrary to Harcourt's narrative, driven by the segregationist logic of natural law, this can be seen as driven by the self-interests of market and government actors. While market traders sought low cost and quantitatively predictable methods to resolve conflict, government capitalized as the monopoly provider of physical enforcements.

Today's greater quantities of physical enforcement are not deployed to enforce civil contracts or tort compliance. Drug and immigration violators occupy most new prison space, unlikely prohibited by contract law. Rather than necessary and sufficient, democracy has proven ineffective to correct the racial, generational, gender, and substance-abuse disproportionality of criminal sentencing. Policy makers have little incentive to change such policies and ordinary citizens lack the necessary knowledge to implement institutional reform.

Daniel J. D'Amico is the author of "The Prison in Economics: Private and Public Incarceration in Ancient Greece," in /Public Choice/. He is currently engaged in a long-term research project focused upon the political economy of mass incarceration.

Copyright (c) 2011 by EH.Net.
Published by EH.Net (April 2011). All EH.Net reviews are archived at http://www.eh.net/BookReview.

Geographic Location: General, International, or Comparative Subject: Government, Law and Regulation, Public Finance, History of Economic Thought; Methodology, Markets and Institutions
Time: General or Comparative

David Ricardo redivivo: uma aula sobre o livre comercio

Um livro fascinante (do site da Amazon):
The Choice: A Fable of Free Trade and Protection
Russell Roberts
Paperback: 144 pages
Publisher: Prentice Hall; 3 edition (October 8, 2006)
Language: English
ISBN-10: 0131433547
ISBN-13: 978-0131433540

Editorial Reviews
Written as a novel, the book makes the complex concepts, issues and terminology of international trade understandable for students. Professors complain that their students cannot grasp the nature of how some economic tools are used or how they work in life. This novel bridges the gap of concepts with applications by use of a fictional story.

David Ricardo comes to life to discuss international trade theory and policy with Ed Johnson, a fictional American television manufacturer seeking trade protection from television manufacturers. Their dialogue is a sophisticated, rigorous discussion of virtually every major issue in trade theory and policy. To illustrate the positive and normative effects of international trade and trade policy, Ricardo takes the reader and Ed Johnson into the future to see an America of free trade and an America of complete self-sufficiency. The fictional element brings these topics to life so that students gain the intuition and understanding of how trade changes the lives of people and the industries they work in. The fundamental intuition of how international markets function including general equilibrium effects and policy analysis is provided.

Wish "It's a Wonderful Life" were more like this
By Ryan Alger (U.S.A)
August 24, 2007

This review is from: The Choice: A Fable of Free Trade and Protection (3rd Edition) (Paperback)
I don't really consider this a work of fiction, and neither does the author. It is in a fiction format, but its primary purpose is to make the case against protectionism, and for free markets. Roberts does this beautifully, raising and dismissing almost every argument for protectionism, and doing this with charm, wit, and almost a complete lack of venom.

The story follows the time-traveling journey and conversation of Ed Johnson (a businessman looking for protection form Japanese competition) and his guardian angle David Ricardo (modeled after the little-known economist.) Together they travel to the future, back to the past, and through alternate timelines to demonstrate Robert's point.

Through this journey, Ricardo corrects some critical mistakes in economic theory; such as the `zero-sum theory', misconceptions on the nature of supply and demand, the role and meaning of wages and `real' wages, the mythical "dangers" of a trade deficit, what imports and exports really are, and most of all, dismisses the myth that trade with other countries hurts the American worker overall (which he admits, in a smaller sense, it sometimes does.)

The book takes some leaps of logic, which the author fully admits in the back of the book; such as the town of Star (Ed's hometown) being unchanged in the `protectionist' universe. These little plot devices are not meant to represent reality, but demonstrate more abstract points, in that sense, it is more like a metaphor.

Overall, the book makes one of the strongest cases ageists the practicality of protectionism that I have ever heard. He also fits some talk as to the moral case against it, that it is really an issue of freedom, and no one person has the right to force another in to a certain kind of behavior (A.K.A., buying American products) and that "America" is all about dreams and growth, something not very possible in the protectionist world

My only complaint would be that I wanted more elaboration on some sections of the `conversation'; such as the `dumping' segment. Robert's makes a good case that dumping is not really practical for anybody, that the `dumper' would have to make up for lost profits from lowering their prices. What I don't understand is....what if a company could cover their lost profits in profits from another product, or section of their company (Such as a department store lowering prices on televisions and allowing the produce-department to cover the loss.) I wish Robert's would have gone in to slightly more detail.

There are several section of the book like this; but I want to make clear is that Robert's never claims that this is the ultimate source for `anti-protectionist' arguments, he even suggests further reading in the back of the book, something all reasonable people should do if they are truly interested in understanding the complexities of economics.

I love Robert's style of writing, his books are not just informative, but entertaining, something very hard to achieve for this subject matter. The book was good enough that I ordered His other book, The Invisible Heart, form Amazon. After seeing what he did to It's a Wonderful life, I can't wait to see what he does for a romance novel.

How free trade benefits us all
By Janet K. Marta (Platte City, MO USA)
November 28, 2006

This review is from: The Choice: A Fable of Free Trade and Protection (3rd Edition) (Paperback)
This is the third edition of Roberts' novel about the benefits of free trade, using "It's a Wonderful Life" as his template. David Ricardo "touches down" from heaven to earth (like Clarence), to help convince Ed (George Bailey) that he should not support protectionism. The previous versions focused more on threats that were perceived from Japan and Nafta. Here, Roberts uses India and China as his examples.

To me, one of the most appealing things about Roberts' work is his honesty. He doesn't pretend that economic change doesn't hurt, but he also focuses on the benefits in the longer term. He writes in such a pleasant style that economics becomes accessible to people who are "math phobic."
His other book, The Invisible Heart, is at least as good as this one.

Free Trade made easy
By Zachary Palen (Minneapolis, MN, USA)
February 26, 2009

This review is from: The Choice: A Fable of Free Trade and Protection (3rd Edition) (Paperback)
A great narrative of Free Trade. Lays the argument in support for free trade out in one of the simplest ways it's hard not to understand this topic that so many have trouble understanding. The examples and story surrounding the benefits of free trade and the detriments of protectionism are kept simple, so one can understand the logic behind Free Trade. Sticks to the basics and stays away from the advanced theories behind International Trade and Economics, but still provides significant empirical evidence. Easy read and a great book.

Ainda Hayek, desta vez contra Keynes (second round)

Todo mundo (ou quase) já teve oportunidade de assistir ao primeiro embate entre Keynes e Hayek, um rap genial, já postado aqui, inclusive com excelente introdução do Instituto Mises do Brasil.
Neste link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/04/2105-keynes-vs-hayek-ou-vice-versa-um.html

Agora aparece o segundo round (ao qual ainda não assisti, mas vou fazê-lo agora).
Está anunciado no New York Times:

Keynes vs. Hayek: The Fight of the Century
By THE NEW YORK TIMES, April 28, 2011, 6:29 PM

Round 2 of the great economics smackdown is now available on video. In the impressively produced rap video “Fight of the Century” by the economist Russ Roberts and the producer and director John Papola, Friedrich Hayek and John Maynard Keynes square off to argue over such questions as whether the government should spent less or more, the source of prosperity, and whether war or natural disasters be a blessing in disguise. (Part 1 came out last year.)

In the latest installment, Keynes raps:

It’s just like an engine that’s stalled and gone dark
To bring it to life, we need a quick spark
Spending’s the life blood that gets the flow going
Where it goes doesn’t matter, just get spending flowing

And Hayek responds:

You see slack in some sectors as a “general glut”
But some sectors are healthy, and some in a rut
So spending’s not free – that’s the heart of the matter
Too much is wasted as cronies get fatter.


Will there be a Round 3? In a conversation about the project, Mr. Roberts, an economist at George Mason University, didn’t rule it out.

Q. Where did the idea for the video come?
Mr. Roberts: John Papola, the filmmaker who works with me on these, approached me about two and a half years ago and said ‘Let’s do a video together.” He heard my podcasts and is an economics geek. I said “What for?” But then we talked about it.

Read more here: http://economix.blogs.nytimes.com/2011/04/28/keynes-vs-hayek-a-rap-battle-renewed/#more-110279

Tem também a presença dos dois num encontro da Economist, nos EUA, no ano passado.
Vejam este link no meu blog:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/11/hayek-e-keynes-de-volta-ao-palco-o.html

Retrocede Brasil (7): Marx 10 x Hayek 1 (nas academias, claro...)

Outro dia fui dar aulas numa universidade pública, o que já não faço mais há algum tempo (no máximo concedo participar de algumas bancas de mestrado ou doutorado, se as teses são suficientemente interessantes).
Quando me convidam para aulas regulares, digo que estou muito bem onde estou atualmente.
E é verdade: garagem coberta, ambiente tranquilo, café expresso ou capuccino à vontade, limpeza ambiente (os alunos dispõem de banheiros limpos, por exemplo), todas as salas equipadas com computador e projetor, silêncio e tranquilidade, enfim, as bibliotecas não são como as dos campii americanos, mas está bastante bem assim.
Na tal de universidade pública precisei encomendar expressamente os equipamentos de auxílio, tive de deixar o carro no sol, temeroso de que algum assaltante mal acostumado com o ambiente "laxista" das universidades públicas m'o levasse no meio da aula, e o barulho era garantido: não apenas dos alunos continuamente falando algo no corredor, mas também dos professores nas salas ao lado, sem qualquer isolamento acústico. Não tinha ar condicionado, obviamente, assim que as janelas precisavam ficar abertas. Duas vezes no meio da aula, passou a caravana da máfia sindical pregando não sei qual protesto contra a precarização da universidade e reclamando a efetivação de terceirizados (talvez sem concurso, isso não pude perceber).
Não creio que aceite mais convites assim; prefiro ficar na minha particular.
Enfim, esta introdução para dizer que, a exemplo das academias ocidentais, o marxismo também é muito difundido entre nós, e talvez até mais.
Coloquei Marx dez a um contra Hayek no título, mas acho que exagerei: deve ser 20 a 0,5, no máximo.
E ainda se fosse Marx, estaria bem, o problema é que não é, e sim uma vulgata mal resumida de alguns autores ignorantes que só conhecem Marx de orelha.
O Brasil retrocede, entre outros motivos, por causa disso mesmo: as pessoas não leram Marx, e sobretudo não refletiram sobre o que ele falou e não confrontaram seus dizeres com a realidade.
Vamos ver o que a respeitável Economist tem a dizer sobre a economia marxista, acadêmica...
Paulo Roberto de Almeida

Marx's intellectual legacy
Marx after communism

The Economist, December 19th, 2002

As a system of government, communism is dead or dying. As a system of ideas, its future looks secure

WHEN Soviet communism fell apart towards the end of the 20th century, nobody could say that it had failed on a technicality. A more comprehensive or ignominious collapse—moral, material and intellectual—would be difficult to imagine. Communism had tyrannised and impoverished its subjects, and slaughtered them in the tens of millions. For decades past, in the Soviet Union and its satellite countries, any allusion to the avowed aims of communist doctrine—equality, freedom from exploitation, true justice—had provoked only bitter laughter. Finally, when the monuments were torn down, statues of Karl Marx were defaced as contemptuously as those of Lenin and Stalin. Communism was repudiated as theory and as practice; its champions were cast aside, intellectual founders and sociopathic rulers alike.

People in the West, their judgment not impaired by having lived in the system Marx inspired, mostly came to a more dispassionate view. Marx had been misunderstood, they tended to feel. The communism of Eastern Europe and the Soviet Union was a perversion of his thought. What happened in those benighted lands would have appalled Marx as much as it appals us. It has no bearing on the validity of his ideas.

Indeed, it is suggested, Marx was right about a good many things—about a lot of what is wrong with capitalism, for instance, about globalisation and international markets, about the business cycle, about the way economics shapes ideas. Marx was prescient; that word keeps coming up. By all means discard communism as practised in the Soviet Union and Eastern Europe (and China, North Korea, Cuba and in fact wherever it has been practised). But please don't discard Marx.

Give the man his due
There seems little risk of it. In 1999 the BBC conducted a series of polls, asking people to name the greatest men and women of the millennium. In October of that year, within a few weeks of the tenth anniversary of the dismantling of the Berlin Wall, the BBC declared the people's choice for “greatest thinker”. It was Karl Marx. Einstein was runner-up, Newton and Darwin third and fourth, respectively. “Although dictatorships throughout the 20th century have distorted [Marx's] original ideas,” the state-financed broadcaster noted, “his work as a philosopher, social scientist, historian and a revolutionary is respected by academics today.” Concerning the second point, at least, the BBC was correct: Marx is still accorded respect.

As a field of scholarship in its own right, admittedly, Marxist political and economic theory is past its peak. By now, presumably, most of the things that Marx meant, or really meant, or probably meant, or might conceivably have meant, have been posited and adequately (though far from conclusively) debated. But a slackening of activity amid the staggeringly voluminous primary sources is not the best measure of Marx's enduring intellectual influence.

Books on Marx aimed at undergraduates and non-specialists continue to sell steadily in Western Europe and the United States. And new ones keep coming. For instance, Verso has just published, to warm reviews, “Marx's Revenge” by Meghnad Desai, a professor of economics at the London School of Economics. Mr Desai argues that Marx was misunderstood and that the great man was right about far more than he is given credit for. In August, Oxford University Press published “Why Read Marx Today?” by Jonathan Wolff. It too is an engaging read. The author, a professor at University College London, is a particularly skilful elucidator of political philosophy. In his book, he argues that Marx was misunderstood and that the great man was right about far more than he is given credit for.

The newly released memoirs of Eric Hobsbawm, the celebrated historian, lifelong Marxist and unrepentant member of the Communist Party for as long as it survived, also deserve mention. The reviews were mixed, in fact, but rarely less than respectful, finding much to admire in the author's unwavering intellectual commitment. Mr Hobsbawm argues...well, he argues that Marx was misunderstood and that the great man was right about far more than he is given credit for.

Adam Smith, one might say, stands in relation to liberal capitalism, a comparatively successful economic order, roughly where Marx stands in relation to socialism. Searches on Amazon.com and other booksellers indicate that titles in print about Marx outnumber books about Adam Smith by a factor of between five and ten. A hard day's browsing of undergraduate reading-lists suggests that, in economics faculties, Smith is way out in front—interesting, given that Marx saw himself as an economist first and foremost. Elsewhere in the social sciences and humanities, the reverse is true. Smith is rarely seen, as you might expect, though in fact there is far more in Smith than just economics; whereas from Marx and his expositors and disciples it seems there is no escape. It is the breadth of Marx's continuing influence, especially as contrasted with his strange irrelevance to modern economics, that is so arresting.

How is one to explain this? What, if anything, remains valuable in Marx's writings? This is not a straightforward question, given that he evidently had such difficulty making himself understood.

Yes, Marx was a Marxist
When he wanted to be, Marx was a compelling writer, punching out first-rate epigrams at a reckless pace. The closing sentences of “The Communist Manifesto” (1848) are rightly celebrated: “The workers have nothing to lose but their chains. They have a world to gain. Workers of the world, unite.” He also had an enviable flair for hysterical invective. At one point in “Capital” (1867-94), he famously defines the subject of his enquiry as “dead labour, that, vampire-like, only lives by sucking living labour, and lives the more, the more labour it sucks.” That is not only unforgettable but actually very apt, if you believe Marx's theory of value. He could express himself brilliantly when he chose to.

In his “scientific” work, he minted jargon at a befuddling rate
Yet he was also capable of stupefying dullness and impenetrable complexity. Try the opening pages of “Capital” (it picks up later). In his scientific work, as he called it, he minted jargon at a befuddling rate, underlining terms to emphasise their opacity, then changing their meaning at will. Adding to the fog, what Marx believed in 1844 was probably not what he believed in 1874: the only constant was his conviction that what he said at any time was both the absolute truth and fully consistent with what he had said before. And most of the published Marx, including the “Manifesto” and volumes two and three of “Capital”, was edited, co-written or ghost written by Friedrich Engels. For many years, therefore, separating Marx from Engels in what the world understands as “Marx” was an academic industry in itself.

Still, four things seem crucial, and most of the rest follows from these. First, Marx believed that societies follow laws of motion simple and all-encompassing enough to make long-range prediction fruitful. Second, he believed that these laws are exclusively economic in character: what shapes society, the only thing that shapes society, is the “material forces of production”. Third, he believed that these laws must invariably express themselves, until the end of history, as a bitter struggle of class against class. Fourth, he believed that at the end of history, classes and the state (whose sole purpose is to represent the interests of the ruling class) must dissolve to yield a heaven on earth.

Titles in print about Marx outnumber books about Adam Smith by a factor of between five and ten.

From Marx and his expositors, there is no escape
In what ways, then, was Soviet-style communism a deviation from these beliefs, as modern western commentators like to argue? Chiefly, it is said that Russia jumped the gun (forgive the expression). According to Marx's laws of motion, society is supposed to progress from feudalism to capitalism at just that point when feudalism fetters the forces of production, rather than serving them, as it has up to that moment. Later, capitalism gives way in turn to socialism, the dictatorship of the proletariat, and in much the same way—once its productive potential has been fully achieved, so that henceforth its continued existence is an obstacle to material sufficiency rather than a means to it. But Russia went straight from feudalism to socialism. This was too quick. Marx could have told Lenin that it would never work.

Is this really what he would have said? There is no doubt that Lenin saw himself as a true follower of Marx—and he had every reason to. By the end of the 19th century, socialist thought was dividing. Marx's laws of motion were failing. Capitalism still flourished: no sign of the falling rate of profit that would signal its end. The working class was getting the vote. The welfare state was taking shape. Factory conditions were improving and wages were rising well above the floor of subsistence. All this was contrary to Marx's laws.

In response, the left was splitting. On one side were reformers and social democrats who saw that capitalism could be given a human face. On the other were those who believed that Marx's system could be developed and restated, always true to its underlying logic—and, crucially, with its revolutionary as opposed to evolutionary character brought to the fore.

Marx's incapacity for compromise was pathological
Whose side in this would Marx have been on? Revolution or reform? Would he have continued to insist that the vampire be destroyed? Or would he have turned reformer, asking it nicely to suck a bit less blood? The latter seems unlikely. Marx was a scholar, but he was also a fanatic and a revolutionary. His incapacity for compromise (with comrades, let alone opponents) was pathological. And in the preface to the 1882 Russian edition of the “Manifesto”, his last published writing, Marx hoped that a revolution in Russia might become “the signal for a proletarian revolution in the West, so that both complement each other”; if so, Russia, despite its pre-capitalist characteristics, “may serve as the starting-point for a communist development.” Lenin was surely right to believe that he, not those soft-headed bourgeois accommodationists, was true to the master's thought.

Apart from the gulag
Even if Soviet communism was true to Marx's ideas, or tried to be, that would not condemn all of Marx's thinking. He might still have been right about some things, possibly even the main things.

Aspects of his thought do impress. However, his assorted sayings about the reach of the global market—a favourite proof that “Marx was prescient”—are not in fact the best examples. The 19th century was an era of globalisation, and Marx was only one of very many who noticed. The accelerating global integration of the past 30 years merely resumes a trend that was vigorously in place during Marx's lifetime, and which was subsequently interrupted in 1914.

Marx was much more original in envisaging the awesome productive power of capitalism. He saw that capitalism would spur innovation to a hitherto-unimagined degree. He was right that giant corporations would come to dominate the world's industries (though not quite in the way he meant). He rightly underlined the importance of economic cycles (though his accounts of their causes and consequences were wrong).

The central paradox that Marx emphasised—namely, that its own colossal productivity would bring capitalism to its knees, by making socialism followed by communism both materially possible and logically necessary—turned out to be false. Still, Marx could fairly lay claim to having sensed more clearly than others how far capitalism would change the material conditions of the world. And this in turn reflects something else that demands at least a grudging respect: the amazing reach and ambition of his thinking.

On everything that mattered most to Marx himself, he was wrong
But the fact remains that on everything that mattered most to Marx himself, he was wrong. The real power he claimed for his system was predictive, and his main predictions are hopeless failures. Concerning the outlook for capitalism, one can always argue that he was wrong only in his timing: in the end, when capitalism has run its course, he will be proved right. Put in such a form, this argument, like many other apologies for Marx, has the advantage of being impossible to falsify. But that does not make it plausible. The trouble is, it leaves out class. This is a wise omission, because class is an idea which has become blurred to the point of meaninglessness. Class antagonism, though, is indispensable to the Marxist world-view. Without it, even if capitalism succumbs to stagnation or decline, the mechanism for its overthrow is missing.

Class war is the sine qua non of Marx. But the class war, if it ever existed, is over. In western democracies today, who chooses who rules, and for how long? Who tells governments how companies will be regulated? Who in the end owns the companies? Workers for hire—the proletariat. And this is because of, not despite, the things Marx most deplored: private property, liberal political rights and the market. Where it mattered most, Marx could not have been more wrong.

Right in principle
Yet Marxist thinking retains great influence far beyond the dwindling number who proclaim themselves to be Marxists. The labour theory of value and the rest of Marx's economic apparatus may be so much intellectual scrap, but many of his assumptions, analytical traits and habits of thought are widespread in western academia and beyond.

The core idea that economic structure determines everything has been especially pernicious. According to this view, the right to private property, for instance, exists only because it serves bourgeois relations of production. The same can be said for every other right or civil liberty one finds in society. The idea that such rights have a deeper moral underpinning is an illusion. Morality itself is an illusion, just another weapon of the ruling class. (As Gyorgy Lukacs put it, “Communist ethics makes it the highest duty to act wickedly...This is the greatest sacrifice revolution asks from us.”) Human agency is null: we are mere dupes of “the system”, until we repudiate it outright.

What goes for ethics also goes for history, literature, the rest of the humanities and the social sciences. The “late Marxist” sees them all, as traditionally understood, not as subjects for disinterested intellectual inquiry but as forms of social control. Never ask what a painter, playwright, architect or philosopher thought he was doing. You know before you even glance at his work what he was really doing: shoring up the ruling class. This mindset has made deep inroads—most notoriously in literary studies, but not just there—in university departments and on campuses across Western Europe and especially in the United States. The result is a withering away not of the state but of opportunities for intelligent conversation and of confidence that young people might receive a decent liberal education.

Marxist thinking is also deeply Utopian—another influential trait. The “Communist Manifesto”, despite the title, was not a programme for government: it was a programme for gaining power, or rather for watching knowledgeably as power fell into one's hands. That is, it was a commentary on the defects and dynamics of capitalism. Nowhere in the “Manifesto”, or anywhere else in his writings, did Marx take the trouble to describe how the communism he predicted and advocated would actually work.

Marx's theory of cattle
He did once say this much: “In communist society, where nobody has one exclusive sphere of activity...society regulates the general production and thus makes it possible for me to do one thing today and another tomorrow, to hunt in the morning, fish in the afternoon, rear cattle in the evening, criticise after dinner, just as I have in mind, without ever becoming hunter, herdsman or critic.” Whether cattle would be content to be reared only in the evening, or just as people had in mind, is one of many questions one would wish to see treated at greater length. But this cartoon is almost all Marx ever said about communism in practice. The rest has to be deduced, as an absence of things he deplored about capitalism: inequality, exploitation, alienation, private property and so forth.

It is striking that today's militant critics of globalisation, whether declared Marxists or otherwise, proceed in much the same way. They present no worked-out alternative to the present economic order. Instead, they invoke a Utopia free of environmental stress, social injustice and branded sportswear, harking back to a pre-industrial golden age that did not actually exist. Never is this alternative future given clear shape or offered up for examination.

Anti-globalists have inherited plenty from Marx
And anti-globalists have inherited more from Marx besides this. Note the self-righteous anger, the violent rhetoric, the willing resort to actual violence (in response to the “violence” of the other side), the demonisation of big business, the division of the world into exploiters and victims, the contempt for piecemeal reform, the zeal for activism, the impatience with democracy, the disdain for liberal “rights” and “freedoms”, the suspicion of compromise, the presumption of hypocrisy (or childish naivety) in arguments that defend the market order.

Anti-globalism has been aptly described as a secular religion. So is Marxism: a creed complete with prophet, sacred texts and the promise of a heaven shrouded in mystery. Marx was not a scientist, as he claimed. He founded a faith. The economic and political systems he inspired are dead or dying. But his religion is a broad church, and lives on.

As abelhas no Forum Social Mundial de 2011

Tenho absoluta certeza de que a culpa é da globalização capitalista, assimétrica e destruidora do meio ambiente...
Paulo Roberto de Almeida

As abelhas sumiram!
Carta Maior, 27/04/2011
Primeiro, as abelhas começaram a desaparecer nos Estados Unidos, depois no Canadá e, então, no Brasil. “Nós, em Santa Catarina, tivemos um problema muito sério na primavera passada. Álias, esse problema tem se agravado muito e sempre nesta mesma épóca do ano”, explica o professor Afonso Inácio Orth, um dos principais especialistas em abelhas do país e que tem acompanhado os estudos que buscam respostas para o desaparecimento dos insetos desde que este problema foi detectado.

Retrocede Brasil (6): ajuste fiscal ilusorio e inexistente (ambos os dois, se me permitem a redundancia)

Simplesmente mentira.
O governo nao fez NENHUM ajuste fiscal.
A redução alegada de despesas se fez com base num orçamento inflado para cima pelos parlamentares, sobre um projeto altamente exagerado do governo, que já previa um crescimento das receitas e despesas maior do que a realidade o permitiria.
Ou seja, o governo anunciou corte de fumaça.
Depois, o governo demorou um mês e meio para detlhar um corte pífio de 50 bilhões de reais, sendo que logo depois ofereceu 55 bilhões ao BNDES, o que é de uma coerência extraordinária.
O governo sofre de transtorno bipolar...
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Paulo Roberto de Almeida

O ajuste fiscal é a melhor arma para o combate à inflação, diz Mantega ao iG
iG, 28/04/2011

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ao iG que o governo está fazendo um forte ajuste fiscal e essa é uma excelente arma que dispõe para ajudar no combate à inflação.

“A consolidação fiscal, que implica em corte de gastos públicos, é uma excelente arma que o governo dispõe para conter a demanda do Estado e que ajuda no combate à inflação”, disse Mantega, em conversa ontem à tarde, em Brasília.

Mantega disse que o governo não possui só esta arma, do ajuste fiscal, mas diversas outras, como a política monetária.

“O governo está atacando em todas as frentes, em todos os lados, tanto do ponto de vista fiscal como monetário”, afirmou Mantega.

O minstro da Fazenda citou, por exemplo, a cobrança de IOF sobre os empréstimos externos com prazo inferior a 320 dias, o que significa uma entrada menor de crédito externo no País.

A enorme liquidez que existe hoje no mundo, que é provocada principalmente pelo longo período de afrou xamento monetário nos Estados Unidos e que deve persistir por mais tempo, é uma das principais responsáveis pela inflação tanto no Brasil como em todos os países.

Em entrevista ontem, Ben Bernanke, presidente do Fed (Banco Central americano), não deu nenhum sinal de que irá interromper essa política de afrouxamento monetário.

O próprio Mantega reconhece que não virá dos Estados Unidos nenhuma ajuda para o combate à inflação.
“Bernanke tem ajudado o País dele”, diz Mantega.

Na opinião do ministro da Fazenda, se hoje os países emergentes estão convivendo com mais inflação é porque também tem apresentado um crescimento maior do que os países ricos.

Mantega diz que o grande responsável por essa inflação de commodities é essa alta liquidez no mundo inteiro, o que ele chamou de tsunami econômico, em referência a um artigo publicado recentemente no New York Times.

Retrocede Brasil (5): monopolios e obrigatoriedade nos combustiveis

Insondáveis são os desígnios de deus e as escolhas do governo.
Pelo menos no que se refere a combustíveis.
Quando o petróleo aumentou barbaramente, pela primeira vez, o governo brasileiro, em lugar de fazer um ajuste pelos preços e tratar da recomposição da matriz energética como todo mundo, escolheu fazer dívida externa para continuar importando petróleo. Enfim, pode-se até dizer que foi uma medida "racional", pois sobravam petrodólares e as taxas de juros eram inferiores à inflação da OCDE. Deu no que deu: a dívida saltou três vezes e colocou-nos no buraco quando os juros aumentaram acima mesmo dos níveis históricos reais do capitalismo.
Ao mesmo tempo o governo iniciou um alucinante programa de substiuição de combustível, introduzindo o álcool subsidiado na matriz de combustíveis, financiando a despesa com mais inflação, que todos pagamos, mesmo aqueles que não usavam carro a álcool, ou qualquer tipo de automóvel.
Passou, com os prejuízos de sempre: fim de subsídios, virtual desaparecimento dos motores a álcool e real sucateamento de quem tinha carros idem. Passou, mas a conta ficou.
Depois, o governo (não este) fez a coisa certa: liberalizou o setor e o álcool passou a ser ofertado em bases de mercado, assim cada um podia escolher. A tecnologia (de mercado, não do governo) avançou para fornecer motores híbridos, o que me parece muito bem.
Até que veio um governo maluco e se sentiu ecológico bastante para sair patrocinando combustível de cana mundo afora. Never mind que não deveria ser nossa vocação sair plantando cana para fornecer etanol ao mundo inteiro, e que no meio do caminho o mesmo governo resolveu sujar a nossa matriz energética patrocinando uma aventura petrolífera estatal sem pé nem cabeça.
Enfim, o problema não está em diversificar a matriz. O problema está em que este governo, e um pouco todos os governos, são autoritários e intrusivos a ponto de tornar obrigatória qualquer solução que poderia ser encontrada pelo mercado num sistema de regulação aberta, permissiva, voluntária.
Não, assim como o governo decreta o monopólio da Petrobras para isto e mais aquilo, ele decreta quanto álcool se deve agregar à gasolina, etc. Quando a dinãmica do mercado muda, o consumidor fica à mercê dos monopólios setoriais e das regulações compulsórias.
Mas essa ainda é tradicional. Mais estúpida ainda foi a medida do governo que determinou a inclusão do biodiesel no diesel petróleo, em percentuais obrigatórios na escala do tempo, sem JAMAIS ter perguntado se o mercado se adequaria a isto. Ou seja, sem jamais levar em conta preços relativos, base produtiva, etc.
Agregando à estupidez, o governo pretendeu que o biodiesel seria feito de mamonas assassinas, quero dizer, de óleo de mamona feito por famílias de camponeses pobres do Nordeste. Juntar matriz energética com problema social é a coisa mais estúpida que existe, mas este governo é capaz de fazer estupidezes desse tamanho sem jamais se perguntar o que uma coisa tem a ver com a outra.
Deu no que deu: as mamonas assassinas não se materializaram -- e isso depois de muito dinheiro gasto em projetos e fábricas simplesmente inviáveis e o biodiesel é mesmo feito sem nenhuma mamona assassina, só com a prosaica soja.
Pouca gente neste Brasil, menos ainda jornalistas, se pergunta quanto dinheiro nosso foi gasto em projetos estúpidos do governo.
Parece que eles não se corrigem: tornam tudo obrigatório (no petróleo ainda é o caso): o monopólio de fato da Petrobras é responsável em parte pelo atual desabastecimento e alta dos preços.
Pelo menos tornaram mais aberta a obrigatoriedade do álcool anidro na gasolina: não resolve mas amplia as possibilidades de abastecimento. Sempre me surpreenderei com burrices de certos governos.
Paulo Roberto de Almeida

Governo autoriza menos álcool na mistura para gasolina não subir
Martha Beck, Luiza Damé e Monica Tavares
O Globo, 29/04/2011

O governo deu ontem o primeiro passo numa política permanente para garantir o abastecimento de etanol no mercado e minimizar os impactos da entressafra da cana-de-açúcar nos preços dos combustíveis. Uma medida provisória (MP) que será publicada no Diário Oficial dá à Agência Nacional do Petróleo (ANP) o poder de regular os estoques de etanol no país. Além disso, o texto amplia a margem com a qual a equipe econômica pode trabalhar se tiver que mexer na mistura do álcool anidro na gasolina. Esse intervalo, que hoje varia entre 20% a 25%, passou para 18% a 25%.

Segundo técnicos da área econômica, a ideia no futuro é estabelecer uma regra pela qual o percentual sempre seja reduzido nos primeiros meses de cada ano, quando a oferta do produto cai em razão da entressafra. O novo intervalo torna a calibragem da mistura mais fácil e dá mais margem de manobra ao governo caso os preços do álcool disparem.

No caso da ANP, regular os estoques significará ter mais controle sobre o setor sucroalcooleiro e monitorar indicadores como níveis de produção, estoques e fluxo de comercialização das usinas. A agência será responsável pela comercialização, estocagem, exportação e importação de etanol. Para isso, o etanol ganhou o status de combustível.

Numa ação mais emergencial, o governo também estuda mexer imediatamente na mistura do álcool à gasolina em razão da disparada dos preços do etanol no mercado doméstico, que está pressionando a inflação. Neste caso, no entanto, o martelo ainda não foi batido. Como a entressafra da cana já está chegando ao fim, o etanol tende a cair ao longo das próximas semanas e reduzir as pressões sobre os combustíveis.

— Tudo vai depender do comportamento dos preços — disse um técnico, lembrando que, em alguns dias da semana passada, o álcool chegou a ficar mais caro que a gasolina nas refinarias.

Isso porque, além de estar praticamente sem reserva de etanol, as pequenas distribuidoras tiveram dificuldades de logística para entregar o produto. O comportamento, explicam os técnicos, também foi influenciado pelos feriados da Semana Santa, quando a maioria dos postos elevou pedidos. As distribuidoras, que não dispunham de álcool adicional, subiram preços.

Embora o governo costume alterar a mistura do álcool à gasolina para se preparar para a entressafra, a ação não faz parte de uma política. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse que tem observado abusos nos preços dos combustíveis no país:

— Há nove anos o preço da gasolina não tem aumento nas refinarias. Mas ela passa pelas distribuidoras, pelos postos, e o mercado é livre para estabelecer os preços.

Pausa para... os misterios da musica: jazz, invariavelmente...

Enfim, não é bem um mistério, pois jazz todo mundo conhece, mas eu também não sei explicar esse fascínio...


TRADITIONAL JAZZ VIDEOS
Franklin Clay Films wants to promote traditional jazz events. Click here and take a look at video taped several classic jazz festivals and dixieland bands.
http://www.tradjazzvideos.com/

LISTEN TO SOME JAZZ / BLUES
Do you like Jazz and Blues ? Would you want to listen to some good music, please feel free to click here and enjoy…
http://resources.bravenet.com/audio_clips/jazz_blues

Misterios de Portugal: como se escolhe um doutor honoris causa?

Eu também não sei, mas entendo que seja pelo tal "notório saber", grande especialização e excepcional contribuição às causas beneméritas, da humanidade, do país, por vezes de alguma espécie de minhoca ameaçada de extinção, em todo caso, por relevantes serviços prestados ao bem geral de todos e à felicidade geral da nação.

Enfim, de vez em quando tem gente, alguma universidade, algum país, muito endividado, precisando de algum reforço aqui e ali, que escapa desse roteiro e sai por aí escolhendo algum expediente de ocasião...

Fica a questão, insondável, sobre as motivações dos "escolhedores".
O "escolhido" agradece e diz que não precisou de diploma para chegar lá...

Paulo Roberto de Almeida

Misterios do Brasil: como se escolhe um paraninfo

Oportunamente lembrado por um correspondente:

O que é paraninfo e como se escolhe?
O paraninfo é uma personalidade destacada no âmbito do corpo científico da área dos formandos; trata-se, em geral, de pessoa de notório saber acadêmico, reconhecida competência e padrão de referência na área específica de conhecimento. Em geral, a escolha é feita por unanimidade ou eleição direta.

Ainda bem que temos aquilo que os franceses chamam de "embarras du choix".

Num caso, ainda recente, o "choix" era tão grande, que os "paraninfandos" se embaralharam, ou se embaraçaram...
Em qualquer hipótese, o paraninfo cabulou a sessão de homenagem.
Geralmente, ele dá uma aula, confirmando sua condição de notório especialista na área em questão, com algumas recomendações aos "paraninfados".
Esperemos que eles tenham aprendido a lição...

Paulo Roberto de Almeida

Retrocede Brasil (4): um Banco Central "bonzinho"

Surpresa: o governo encomendou uma inflação de 10% para você, este ano, caro leitor.
Bem, não é tão surpresa assim.
Desde quando a inflação estava controlada, graças aos esforços do BC, colocando-a abaixo da meta em 2007, o Conselho Monetário Nacional poderia ter recuado as metas de inflação para 2008 e 2009 para patamares mais condizentes com a média internacional, de aproximadamente 3% ao ano (inferior a isso nas economias avançadas e um pouco acima nos países emergentes).
Mas não: a despeito da insistência do presidente do BC, o atual ministro da Fazenda, que já o era naquela época, insistiu em manter a meta de 4,5% por um prazo indefinido (lembro-me, aliás, que ele sempre foi amigo da inflação, achando que uma taxa em torno de 5% era "normal" num país como o Brasil).
Depois, em ano eleitoral, forçaram o BC a manter inalterada a taxa durante dois trimestres seguidos, a despeito da nítida aceleração da atividade econômica, em função do enorme aumento do crédito propiciado pelas políticas do governo em várias áreas, num keynesianismo exacerbado que só se viu por aqui.
Mais recentemente, o BC inventou um tal figura de "medidas macroprudenciais" para não ter de aplicar a velha receita do aumento de juros para combater a inflação.
Deu no que deu: a inflação fugiu ao controle e tudo por culpa do governo: nos últimos anos, a oferta monetária tem se elevado consistentemente muito acima do crescimento do PIB, geralmente o dobro da taxa.
Agora, rompeu-se a confiança dos agentes econômicos, do público em geral, nas políticas do governo.
Aguardem: a inflação vai disparar, e não adianta presidenta (ugh!) e ministros dizerem que não vão tolerar a inflação. Esta sempre vai poder dizer: vocês vão ter de me aguentar!
E nós temos de aguentar ministros incompetentes...
Paulo Roberto de Almeida

Surpresa na Ata do Copom
Editorial - O Estado de S.Paulo
29 de abril de 2011

A inflação sobe, há muita insegurança em relação aos preços, o quadro internacional é incerto e, diante disso, o aumento de juros deverá ser "suficientemente prolongado", segundo a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nessa quinta-feira pelo Banco Central (BC). A mensagem é tranquilizadora pelo menos quanto a um ponto: a inflação é reconhecida como um problema preocupante e a autoridade monetária está disposta a elevar os juros até o risco ser controlado. Mas permanece uma dúvida. Segundo o Copom, a situação piorou desde sua reunião anterior, no começo do mês passado. Se esse é o caso, por que a taxa básica subiu apenas 0,25 ponto porcentual, metade da elevação aprovada nas sessões de janeiro e de março?

O aumento de 0,25 ponto foi decidido por 5 votos contra 2. Os diretores vencidos propuseram 0,5 ponto de ajuste. Segundo a ata, a maioria dos membros levou em conta as medidas tomadas anteriormente - elevações de juros e restrições ao crédito. Essas medidas, segundo o julgamento predominante, ainda levariam algum tempo para produzir efeitos sensíveis.

O argumento seria muito razoável, em outras circunstâncias. O efeito de medidas monetárias normalmente só aparece depois de transcorrido algum tempo. Mas o cenário examinado pelos membros do Copom antes da votação continha alguns detalhes especialmente inquietantes. Não houve, desde a reunião anterior, apenas continuação de pressões inflacionárias. Houve uma piora sensível das condições de formação dos preços. A insegurança no quadro internacional foi agravada pela instabilidade no Norte da África e no Oriente Médio. As cotações das commodities continuaram instáveis. A contaminação dos demais preços, no mercado interno, prosseguiu. A demanda no mercado brasileiro continuou - e continua - elevada, pondo em xeque a capacidade de oferta. As medidas tomadas até agora, reconheceram os diretores do BC, foram insuficientes para impedir a expansão do crédito, embora possam ter contido sua velocidade. O nível de ocupação da capacidade instalada continua muito alto nas indústrias - um importante sinal de alerta.

Mesmo com sua linguagem arrevesada, a ata é bastante clara quanto aos motivos de preocupação. Todos os cenários prospectivos - montados pelos técnicos do BC ou por economistas do setor privado - continuam muito ruins. Segundo o texto, o Copom reconhece um "nível de incerteza acima do usual" no ambiente econômico. Além disso, identifica "riscos" para a "concretização de um cenário em que a inflação convirja tempestivamente para o valor central da meta". Ou, traduzindo para linguagem corrente: pelos dados atuais, vai ser muito difícil baixar a inflação para a taxa anual de 4,5% até o fim de 2012.

Em relação às contas públicas, a linguagem é um pouco menos diplomática do que tem sido há vários meses. Segundo a ata, os membros do Copom tomam como pressuposto o alcance das metas fiscais fixadas para este e para o próximo ano, sem ajustes (isto é, sem os descontos usados nos últimos anos para melhorar o resultado). As atas têm registrado normalmente esse pressuposto. É uma espécie de política de boa vizinhança entre o BC e o Ministério da Fazenda. Mas desta vez há alguns acréscimos.

A ata menciona, além da expansão do crédito, os "impulsos fiscais aplicados na economia nos últimos trimestres" como uma das causas da demanda elevada. Além disso, acentua a importância, para a contenção dos preços, da efetiva geração dos superávits primários prometidos pelo Executivo. Há um processo de consolidação fiscal, acrescentam os autores da ata, cautelosamente. Mas o dado importante é o lembrete: o controle da inflação depende também da arrumação das contas do governo.

O quadro apresentado é tao preocupante quanto poderia ser qualquer cenário realista montado por um técnico independente. Além disso, os dirigentes do BC reconhecem, segundo o texto, a gravidade do problema. Falta conferir se agirão de acordo com esse reconhecimento, executando uma política de rigor proporcional à gravidade do desafio.

Retrocede Brasil (3): recuo da defesa zoofitossanitaria

Esses russos bem que podiam temperar a carne com um pouco de vodka, para matar assim todos aqueles bichinhos que insistem em ficar grudados em nossas carnes bovinas tão saudáveis.
Mas, pode ter também o problema dos pesticidas, que não podem ser diluidos em álcool, embora se possa disfarçar o gosto (se o cliente ficar suficientemente bêbado, digamos...)

Missão russa mantém restrições a frigoríficos
DCI, 29/04/2011

Depois de ter realizado inspeção em 29 unidades frigoríficas brasileiras produtoras de carne bovina, suína, de aves e de industrializados, a Rússia, um dos maiores mercados compradores das proteínas brasileiras, manteve sua política restritiva com relação às exportações de carnes nacionais. Segundo o Serviço Federal de Fiscalização Veterinária e Fitossanitária da Rússia, Rosselkhoznadzor, por meio de comunicado do dia 19 de abril, nas duas semanas nas quais os peritos estiveram no País (a missão terminou no último dia 18), 13 unidades continuam proibidas de vender à Rússia e aos membros da União Aduaneira (Belarus e Casaquistão); oito unidades foram auditadas pela primeira vez e não foram habilitadas e restrições temporárias foram propostas a todos os locais inspecionados. Em 2010, conforme o serviço russo, eram 27 unidades com restrições temporárias e 14 embargadas. No documento, o serviço veterinário russo fez severas críticas ao sistema de inspeção da qualidade da carne brasileira. "A inspeção mostrou que a qualidade do sistema que assegura a conformidade do processamento da carne brasileira às normas de segurança russa decaiu nos últimos anos", revelou a nota. "A inspeção também mostrou que as matérias-primas e produtos acabados não foram completamente testados nas fábricas para sua conformidade com os padrões russos. (...) Testes de monitoramento do mercúrio, pesticidas, dioxinas e os radionuclídeos não foram testados nas unidades durante os últimos três anos", mencionou.

Retrocede Brasil (2): uma energia teimosa, insiste em ficar ficar cara

Parece que tudo complota contra o Brasil, ou contra o governo. Apenas porque este insiste em taxar excessivamente a energia, fator essencial de produção, essas empresas ingratas resolvem sair do Brasil. Impatrióticas!
Eu olho minha conta de luz e constato que dos 150 reais (aproximadamente) que gasto mensalmente, menos de 50 reais correspondem, propriamente, ao custo da eletricidade, sendo todo o resto distribuido entre distribuição e taxas e impostos diversos.
Deve ser por isso...
Paulo Roberto de Almeida

Energia cara tira indústrias do Brasil
Karla Mendes, de Brasília,
O Estado de S. Paulo, 23/04/2011

Multinacionais reclamam também dos tributos e da concorrência chinesa e preferem investir em outros países, como o Uruguai

O alto custo da energia elétrica, a invasão de produtos chineses e os incentivos tributários concedidos por outros países estão deixando o Brasil em segundo plano na rota de investimentos de empresas multinacionais.

Estudo feito pelo Estado, com fontes do mercado, mostra que fábricas de setores eletrointensivos - em que o custo da energia é um dos principais componentes no preço final do produto, como alumínio, siderurgia, petroquímico e papel e celulose - estão fechando unidades no País ou migrando para outros locais por causa da perda de competitividade no mercado brasileiro.

Nesse contexto, enquadram-se pelo menos sete companhias. A Rio Tinto Alcan está em negociações "avançadas" para instalar a maior fábrica de alumínio do mundo no Paraguai, com investimentos entre US$ 3,5 bilhões e US$ 4 bilhões para produzir 674 mil toneladas de alumínio por ano. A Braskem vai inaugurar unidade de soda cáustica no México e faz prospecção em outros países, como Peru e Estados Unidos.

A Stora Enso, que abrirá em breve fábrica de celulose no Uruguai, admite que, apesar de a produtividade brasileira ser o dobro, essa vantagem é "desperdiçada" pela incidência de impostos. No caso da produção de papel, o preço do produto fabricado no Paraná é mais alto que os similares feitos no exterior.

A siderúrgica Gerdau Usiba, na região metropolitana de Salvador (BA), esteve paralisada por causa do alto custo da energia. A Valesul Alumínio, em Santa Cruz (RJ), também ficou fechada pelo mesmo motivo.

Nesse setor, aliás, a situação é crítica. A Novelis fechou fábrica em Aratu (BA) e, segundo fontes, pode migrar para o Paraguai. A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), do Grupo Votorantim, está prestes a abrir filial em Trinidad e Tobago.

Importação. Nesse segmento, a avalanche de produtos chineses é outra ameaça. A importação de alumínio chinês, que até 2009 ficou num patamar de 17 mil toneladas, saltou para 77 mil toneladas em 2010, que é o nível mínimo projetado para 2011, de acordo com Eduardo Spalding, coordenador da Comissão de Energia da Associação Brasileira do Alumínio (Abal). "A China, daqui a dez anos, vai ter produção de alumínio igual à do resto do mundo todo somado", adverte.

Outra agravante, segundo ele, é a importação de produtos acabados, sem possibilidade de agregar valor à mercadoria no País. Nesse ritmo, avalia Spalding, o Brasil passará da condição de exportador para importador de alumínio em 2012.

"No Brasil, se nada for feito, o risco é de o setor sumir. Temos vários exemplos de países em que a indústria do alumínio fechou em dois anos. Há mais de 25 anos, nenhuma nova fábrica se instala no Brasil. O que tivemos foi expansão das já existentes e, mesmo assim, parou tudo", diz Spalding.

Retrocede Brasil (1): uma geologia perversa, contra o governo

Em algum momento de um passado não muito distante, a propaganda governamental -- sempre desperdiçando nosso dinheiro com coisas inúteis -- cunhou a expressão "Avança Brasil", para identificar um programa que supostamente iria contribuir para a superação de nossas conhecidas deficiências de infraestrutura e outras carências detectáveis a olhos nus (sem qualquer maledicência aqui).
Para que não se acuse este blog de qualquer prevenção contra o atual bloco no poder, saliente-se que o programa era da mais pura extração tucana, ou seja, vinha do ancien régime neoliberal, antes que os gloriosos representantes gramscianos da soberania nacional assumissem o governo e passassem a implementar grandiosos programas de desenvolvimento nacional, trocando a antiga subserviência ao FMI e ao Consenso de Washington por uma defesa consistente das políticas nacionais de crescimento e prosperidade, na nova linha da soberania escancarada.

Pois bem, em paródia ao antigo programa, vou agora criar uma série que chamarei de "Retrocede Brasil", ilustrando, com referências diretas e exemplos práticos, tudo o que acontece neste maravilhoso país, que não avança mais apenas por causa de incontáveis complôs estrangeiros, surpresas do acaso, problemas naturais e outras causas não identificadas mas que nunca tem a vem, jamais, com a ineficiência da máquina administrativa ou as chamadas "falhas de governo". Sempre a culpa é de algum fator externo, uma variável exógena, fora do controle dos nossos preclaros dirigentes, sempre tão cuidadosos com nossos recursos e ativos.

A inflação? Ora, o mundo inteiro tem inflação.
Problemas com obras? Culpe-se a geologia, como evidenciado abaixo.
Vejam bem, se este exemplo inaugural não é genial: a geologia é uma ciência cujo escala de tempo se situa, mais propriamente, em milhões de anos, não em horas ou dias. Ou seja, consistência, ou não, do solo é algo que qualquer geólogo amador, qualquer engenheiro primeiroanista pode constatar quase a olho nú, com base em dados elementares. A tal de "consistência não uniforme do solo" numa obra pública não se formou nos meses (ou anos) que vão do planejamento à execução da obra, mas deve ter sido formada ao longo das centenas de milhares de anos que correspondem à acomodação das camadas geológicas naquele lugar.
O governo pensa que somos idiotas?
O Ministério de Integração Nacional pensa que somos néscios?
Prêmio "Ignorância Estúpida" (desculpem a redundância) para esta "explicação" imbecil do governo.
Paulo Roberto de Almeida

Governo culpa solo por desabamento em obra do PAC
No Estadão Online, 28/04/2011

O Ministério de Integração Nacional distribuiu no final da tarde desta quinta-feira, 28, nota oficial em que explica o desabamento do teto do túnel Cuncas I, que faz parte das obras de transposição do rio São Francisco, entre a Paraíba e o Ceará. De acordo com o governo, a queda do teto se deveu “à consistência não uniforme do solo encontrado naquele ponto”. O túnel integra as obras do PAC no Nordeste.

“Nas escavações de túneis em solo, serviço executado naquele trecho, podem ocorrer imprevistos geológicos que induzem a ruptura de teto, acarretando, assim, o desprendimento da terra. Nesses casos, geralmente é feito o preenchimento do solo da região afetada e, em seguida, retomado o serviço de escavação”.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

A inflacao pode ate ser mundial, mas a politica economica foi feita aqui mesmo...

O governo encomendou uma inflação de praticamente 10% para todos nós este ano.
E não adianta vir com essa conversa de que ela é importada, pois isso só afeta uma pequena parte do aumento de preços (petróleo, por exemplo).
Todo é resto é encomendado aqui dentro, via elevação de crédito, expansão dos gastos públicos e indexação da economia via concessões e salário mínimo.
O governo está nos roubando 10% do nosso poder de compra este ano, talvez mais o ano que vem...
Paulo Roberto de Almeida

Inflação é fenômeno mundial, afirma ministra Miriam Belchior
28/04/2011 00:01

Tema já afastado do cotidiano do País, voltou com tudo nas últimas semanas e foi assunto principal da audiência pública com a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, na última terça-feira (26), na Comissão Mista de Orçamento do Congresso e na Comissão de Fiscalização da Câmara. A ministra admitiu o aumento da inflação, mas minimizou a situação dizendo que é um fenômeno da economia mundial e prometeu combatê-lo a todo custo, como informa a jornalista Caroline Aguiar.

De acordo com a ministra, a alta da inflação está acontecendo em todos os países emergentes e atinge o Brasil em proporções menores do que na China e Rússia. "É um fenômeno mundial e não tivemos o mesmo impacto que outros países tiveram. É uma inflação de caráter internacional, que depende de medidas internacionais também, mas nós, aqui no Brasil, estamos atentos para impedir o contágio desse fator internacional na nossa economia, utilizando armas monetárias e fiscais”, afirmou.

Belchior ainda acrescentou que “o Brasil está entre os emergentes que está puxando o crescimento mundial”. No entanto, ela pontuou três problemas a serem enfrentados: consolidação fiscal, combate à inflação e câmbio valorizado. A consolidação fiscal é tida como uma solução para os problemas nacionais e internacionais.

“A redução dos gastos públicos cumpre papel importante para abrir caminho para o controle da inflação e a redução de juros básicos. Estamos conseguindo, de fato, segurar gastos públicos”, disse. A ministra acrescentou que vários países estão copiando a fórmula brasileira de combate à inflação. Ela ainda garantiu que estão sendo tomadas medidas para manter o crescimento da economia no patamar de 5% ao ano.

Brasil: colonia da China?

Quem pergunta não sou eu.
Quem afirma é o presidente da ABIMAQ...
Nem a Noruega pode ser classificada de exportadora de petroleo rica. Ela já era rica antes de descobrir petróleo no Mar do Norte, e ficar um pouco mais rica. Mas não é isso que a faz rica.
Muito pelo contrário. É a educação de seu povo...
Paulo Roberto de Almeida

BRASIL VIRA COLÔNIA DA CHINA, DIZ PRESIDENTE DA ABIMAQ
O Estado de S.Paulo, 28/4/11

O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Luiz Aubert Neto, disse hoje, durante entrevista coletiva para apresentação dos números do setor em março, que "o Brasil está virando uma colônia da China". Ele fez o comentário ao analisar a divisão da balança comercial da indústria de bens de capital por destinos de exportações e importações.
O principal destino das máquinas brasileiras foram os Estados Unidos, que no primeiro trimestre compraram o equivalente a US$ 411,44 milhões, crescimento de 47,12% sobre os US$ 279,67 milhões apurados em igual período do ano passado. Seguem os Estados Unidos a Argentina, a Holanda, o México e a Alemanha, nesta ordem.
No que se refere a importações, os Estados Unidos foram o país de quem o Brasil mais comprou máquinas. O crescimento das importações foi de 30,05% no primeiro trimestre de 2011 em relação ao mesmo período do ano passado - elas passaram de US$ 1,295 bilhão para US$ 1,684 bilhão. Mas a China ficou em segundo lugar, com US$ 965,92 milhões, valor que representou crescimento 53,51% sobre os US$ 629,23 milhões dos três primeiros meses do ano passado.
Para Aubert Neto, isso é fruto da política de juros e câmbio praticada pelo governo federal. "Não é a indústria que não tem competitividade, é o Brasil", disse, acrescentando que um setor que consegue exportar para países de Primeiro Mundo não pode ser considerado pouco competitivo. Ele defendeu a redução da taxa básica de juros como forma de resolver os problemas enfrentados pela economia brasileira.
Segundo Aubert Neto, com exceção da Noruega, não existe nenhum país exportador de commodities rico. "Me fale um, tirando a Noruega, que é um país exportador de petróleo rico", desafiou. Ele acrescentou que, por outro lado, fica difícil apontar um país exportador de máquinas e equipamentos que seja pobre. "Enquanto tivermos esse câmbio sobrevalorizado, ficará difícil competir com a China."
O presidente da Abimaq também atribuiu a queda do Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) do setor de máquinas e equipamentos à valorização do real. Ele fez um contraponto entre a queda do Nuci e o crescimento do número de empregados do setor. O Nuci do setor fechou em 80,5% em março, ante 82,3% no mesmo mês do ano passado. O número de empregados, por sua vez, cresceu 0,4% em março comparativamente a fevereiro, para 256.402 trabalhadores.
"Estamos contratando gente não mais para produzir, mas para montar máquinas importadas da China", disse Aubert Neto, salientando que a indústria nacional não precisa mais nem traduzir os manuais que acompanham as máquinas chinesas, pois eles já vêm em português.

Diplomacia da generosidade: quem paga a conta? - Deputado Mendes Thame

Quem paga a conta?
*Antonio Carlos Mendes Thame
Mala direta, 28/04/2011

O Congresso Nacional aprovou a revisão do Tratado de Itaipu, elevando de US$ 120 para US$ 360 milhões por ano o repasse que o Brasil faz ao Paraguai pelo uso da energia excedente de Itaipu. Até 2023, serão repassados US$ 3 bilhões a mais para o Paraguai e, além disso, o país vizinho herdará 50% da usina, avaliada em US$ 60 bilhões, sem nada ter investido na construção da hidrelétrica. Com certeza, essa doação será repassada para a conta dos consumidores residenciais e empresas. Ou seja, o cidadão brasileiro vai pagar a conta. Uma doação. Doação vem do verbo doar, que é sinônimo de ceder, conceder, fazer uma cessão. Concede-se quando não se é obrigado, mas se cede assim mesmo.

Foi o que ocorreu.

Uma doação no sentido estrito da palavra, sem nenhuma justificativa técnica, sem nenhuma obrigatoriedade jurídica, sem nenhuma contrapartida, sem quaisquer condicionantes quanto à aplicação do recurso. Em suma, uma concessão.

Como explicar que, havendo tantas carências no Brasil, deputados da base governista destinem R$ 5 bilhões ao Governo do Paraguai? Como explicar, sabendo que centenas de milhares de crianças brasileiras não têm creche, que se prefira destinar esses recursos ao pagamento de uma tarifa reajustada sem necessidade?

Os deputados representam as suas regiões e estão vendo o que está acontecendo com a infraestrutura rodoviária do País: o asfalto das rodovias federais se esfarela a cada dia, o transporte coletivo urbano impõe um imenso sacrifício no dia-a-dia do trabalhador. Como explicar que sejam ignoradas essas carências e aprovada essa doação de R$ 5 bilhões ao Paraguai?

Centenas de pessoas continuam em filas de espera para se submeter à hemodiálise, conscientes de que sem ela não conseguirão sobreviver. Milhares de pessoas estão em filas de espera para se submeterem à quimioterapia, conscientes de que ela é o passaporte para continuarem vivas. Dezenas de milhares de pessoas continuam sem tratamento condigno contra a hepatite. Centenas de milhares de pessoas esperam semanas por um exame de laboratório, meses por uma tomografia, ressonância magnética ou ultrassonografia. Prefeituras se desdobram para complementar os parcos recursos que recebem do governo federal, via SUS, para poder oferecer um serviço razoável de atendimento à saúde pública. Como explicar, então, esse volume imenso de recursos desviado do atendimento de saúde do nosso povo e doado ao Paraguai?

Só há uma explicação: parte dos eleitos não se sentem na obrigação de prestar satisfações a quem o elegeu, sentem-se acima de qualquer crítica, acima de qualquer questionamento. São donos absolutos do seu mandato e só vão se preocupar em dar satisfações aos seus eleitores no segundo semestre de 2014, às vésperas das próximas eleições, quando voltam a disputar a reeleição dos seus mandatos.

Por que chegamos a isso? Porque o sistema eleitoral, ou seja, a forma como os deputados são eleitos permite a eleição de muitos parlamentares sem vínculo como os eleitores. É o sistema que elege esses deputados que precisa ser mudado. Enquanto não se perceber ou não se tomar consciência de que há um nexo causal entre a qualidade da representação política e a maneira como se dá a eleição, não haverá pressão para mudar o sistema de escolha dos deputados. Quando isso ocorrer, o voto distrital, sem dúvida, será implantado.

É o voto distrital que aproxima os eleitos dos eleitores, permite que se faça uma análise mais acurada sobre o passado de cada um. Mais ainda, que se faça a responsabilização, que se acompanhe o voto dado por cada deputado, para saber se ele está realmente cumprindo o que prometeu, se o mandato que exerce é instrumento de mudança para melhorar a vida das pessoas.

Por isso, vamos lutar a cada dia pela distritalização do voto, para aproximar os eleitores dos eleitos, para que o conceito do Congresso melhore, a fim de que ele passe a merecer, de fato, como instituição, a confiança da população brasileira, por saber que é composta na sua grande maioria por pessoas que receberam uma procuração para representar os cidadãos e defender seus interesses, em primeiro lugar.

Antonio Carlos Mendes Thame é deputado federal e presidente do PSDB Piracicaba.

Oposicao: se o desmantelamento fosse obra do inimigo, nao haveria do que reclamar

Este editorial do Estadao confirma que a oposição está seriamente empenhada em desmantelar-se a si própria, como se já não bastasse o desmantelamento geral das instituições promovido pelo partido no poder.
Ele confirma, em termos práticos, o que eu tinha colocado num plano mais conceitual no meu artigo já citado que acompanha o de FHC na mesma revista:

Miséria da ‘oposição’ no Brasil: da falta de um projeto de poder à irrelevância política?
Revista Interesse Nacional (n. 13, abril-junho 2011, p. 28-36)
Link: http://interessenacional.uol.com.br/artigos-integra.asp?cd_artigo=103
Relação de Originais n. 2242; Publicados n. 1029.

A demolição do PSDB
Editorial - O Estado de S.Paulo
28 de abril de 2011
O autor francês Jean-Paul Sartre (1905-1980) dizia que um romance não se escreve com ideias, mas com palavras. No que possa ter de verdade, a frase se aplica também à política, com uma diferença: em sentido estrito, a arte de conquistar e conservar o poder se faz com palavras e atos. A analogia vem a propósito dos solavancos mais recentes - e decerto não derradeiros - que abalam o PSDB, a agremiação que não sabe, entre outras coisas, o que fazer com o robusto patrimônio de 43,7 milhões de votos obtidos por seu candidato na última eleição presidencial.

De um lado, o ex-presidente e tucano emérito Fernando Henrique viaja pelo mundo das ideias em busca de bases conceituais para reconstruir o papel de sua legenda e dos aliados oposicionistas, depois da sua terceira derrota consecutiva para o PT de Lula em um decênio. De outro lado, no rés do chão da política partidária, atulhado do que nela há de mais velho, banal e, ainda assim, dominante - os cálculos de conveniência das ambições e vendetas pessoais -, o também tucano Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, toca a obra de demolição do enfermiço partido no seu berço e reduto mais consolidado.

Costumava-se dizer do seu correligionário José Serra que era uma figura politicamente desagregadora. Se foi, ou é, parece um aprendiz perto do rival que não se conforma até hoje com o apoio do outro ao afinal vitorioso concorrente do DEM, Gilberto Kassab, na eleição para prefeito da capital de 2008. Por conta disso e pelo aparente projeto de governar o Estado pela terceira vez, com um hiato entre 2007 e 2011, Alckmin se empenha em afirmar a hegemonia de seu grupo na seção paulista da legenda, tratando de confinar nas suas bordas os companheiros de diferentes lealdades.

Além disso - e aí já se trata dos prejuízos sofridos pelo interesse público -, deu de desmantelar políticas bem-sucedidas adotadas no interregno José Serra em áreas cruciais para a população, como educação e saúde. Chega a dar a impressão de querer apagar da história recente do Estado o período serrista. Essa política de demolição tem os seus custos, porém. Seis dos 13 membros da bancada do PSDB na Câmara de Vereadores paulistana deixaram o ninho na semana passada. E um tucano de primeira hora, o ex-deputado e secretário municipal de Esportes, Walter Feldman, acaba de fazer o mesmo.

Aqueles se guardaram de atribuir frontalmente ao governador a sua decisão. Mas este o acusou com todas as letras e argumentos ponderáveis. Argumentos que remetem à ascensão política do ex-prefeito de Pindamonhangaba pelas mãos de Mário Covas, de quem foi vice-governador e sucessor, depois de sua morte, e ao empenho de Alckmin em participar de todos os ciclos eleitorais da década passada: para governador, presidente, prefeito e novamente governador. Nem que para isso tivesse de implodir a aliança entre o PSDB e o DEM na citada eleição municipal de 2008. "Isso demonstra o seu apetite pelo poder", apontou Feldman. "Essa é a verdade."

A ironia é que, diante das baixas causadas pela iniciativa de Kassab de criar uma nova sigla, o PSD, o mesmo Alckmin que resistiu à parceria com o ex-PFL quando a agremiação tinha ainda razoável expressão política, agora, quando faz água, torna a recorrer aos seus quadros para recompor a equipe, depois de demitir o vice-governador e titular da estratégica Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Guilherme Afif, que resolveu acompanhar Kassab.

As fraturas no PSDB paulista ocorrem na pior hora e no pior lugar. Elas são um entrave para o soerguimento do partido, em sua dimensão nacional. Qualquer que seja o peso das ideias para o que Fernando Henrique chama "refazer caminhos", as palavras e os atos que constituem a essência da política dependem de líderes dotados de coerência e carisma para proferi-las e praticá-los com credibilidade - e a crise paulista revela políticos que não estão à altura da tarefa. Sem líderes não se fortifica um partido, muito menos se chega às urnas com chances efetivas de sair delas vitorioso. Os erros de Alckmin não só o enfraquecem no plano regional, como sufocam as aspirações tucanas na esfera nacional. Assim os brasileiros não terão uma alternativa viável para o projeto de poder do PT.

BRICS: talvez fosse melhor escrever C > BRISA, e = #@%*!

Confuso, não é mesmo?
Mas a realidade é assim confusa, sempre, com assimetrias inevitáveis.
Alguns até acham que vão "corrigir assimetrias" construindo algum viaduto e asfaltando uma estradinha de interior. E enchem a boca com seus projetos mal concebidos.
Na verdade, o mundo é feito de assimetrias, como essa expressa acima.
Partindo de uma sigla para os especuladores de mercado, tentaram construir uma frente anti-imperialista e anti-hegemônica que só funciona no papel e na retórica, para fazer splash na mídia.
O C é obviamente maior do que todo o resto, que tampouco se entende quanto a prioridades.
E as "assimetrias" continuam sendo importantes.
Da coluna diária do Cesar Maia:

BRASIL X BRICS!

1. Investimento em relação ao PIB. Brasil em último.

2. Exportações em relação ao PIB. Brasil em último.

3. Dívida Pública em relação ao PIB. Só a Índia é pior que o Brasil.

4. Pagamento de juros em relação ao PIB. Só a Índia é pior que o Brasil.

5. Receita Tributária em relação ao PIB. Aqui, ninguém passa o Brasil.

6. Se quiser ler a matéria toda, são 18 páginas. Sebastian Briozzo e Joydeep Mukherji. Standard & Poor’s. Conheça.
Aqui em claro: http://www.joserobertoafonso.com.br/attachments/article/1687/BrazilxBRICs.pdf