O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quarta-feira, 19 de março de 2014

Espionagem eletronica: a paranoia gigantesca da NSA (Washington Post, Edward Snowden)

Comment la NSA a mis sur écoute un pays entier

Le Monde.fr |  • Mis à jour le 
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Extrait des documents confidentiels de la NSA sur le programme Mystic.

Jusqu'ici, on savait la NSA capable d'intercepter ou de collecter des métadonnées (qui appelle qui, quand, où) téléphoniques. Mais le Washington Post révèle, mardi 18 mars, que l'agence américaine est également dotée de gigantesques capacités d'interception du contenu de ces appels téléphoniques.

Selon le quotidien américain, qui s'appuie à nouveau sur des documents d'Edward Snowden, la NSA a même, à partir de 2011, mis sur écoute un pays entier à l'aided'un programme appelé Mystic, testé dès 2009. En concertation avec de hauts responsables américains, le quotidien a décidé de ne pas nommer ce pays.
REMONTER DANS LE TEMPS
Les conversations interceptées sont dans un premier temps stockés sur une période de 30 jours. Mystic se double ainsi d'un autre programme, Retro, qui permet de fouiller dans cette masse de données et, éventuellement, de remonterdans le temps en retrouvant des conversations interceptées précédemment.
En 2013, des documents évoquaient la possibilité de mettre sur écoute d'autres pays. Le détail du budget du renseignement américain, précédemment publié par le quotidien, évoque quant à lui cinq à six pays dont tout ou partie des conversations téléphoniques sont collectées par la NSA.
Même si les analystes de l'agence n'écoutent pas l'intégralité de ce qui est intercepté par l'agence, le Post précise que chaque mois, des millions de ces écoutes sont extraites du stock de 30 jours pour une conservation de plus long terme.
INTERCEPTION DE MASSE
Un porte-parole de l'administration américaine a défendu ce type d'interception de masse, où tout est englouti par l'agence sans aucune forme de ciblage, expliquant que certaines menaces sont « souvent cachées dans le vaste et complexe ensemble des communications mondiales ».
Comme le note le Washington Post, cette révélation bat en brèche ce qu'avait affirmé le président Obama lors de son discours de janvier. « Les Etats-Unis n'espionnent pas les gens ordinaires qui ne menaçent pas la sécurité nationale », avait-il dit.
Voir ci-dessous nos explications : « Comment la NSA vous surveille »

Venezuela-OEA: oposicao venezuelana ao chavismo mantem a ilusao de que conseguira comover os paises...

Não há nada, ou quase nada (talvez se imolando pelo fogo, como os monges budistas tibetanos) que a oposição venezuelana possa fazer para convencer os companheiros dos companheiros venezuelanos que seu país vive sob uma ditadura assassina, e que os países deveriam exigir o cumprimento da Carta Democrática da OEA, dos compromissos democráticos da Unasul e do Mercosul, enfim, de simples regras de civilidade, de humanidade, de respeito elementar pelos direitos humanos.
Nada. Os países, ou a maioria deles, continuarão indiferentes ao que se passa no país.
Vergonha é a palavra, mas haveria muitas outras também, para qualificar o que acontece com países e instituições próximas. Talvez inqualificável seja a palavra...
Paulo Roberto de Almeida


Venezuela protestas

La diputada opositora venezolana María Corina Machado partió de Venezuela para hablar en la Organización de Estados Americanos (OEA) sobre las protestas que vive su país tras aceptar un ofrecimiento de Panamá de cederle su asiento en el organismo regional.

O novo czar e o socialismo do seculo 21: negocios frustrados por inadimplencia...

Bem, todos esperam que essa cooperação siga adiante.
Minha opinião é a de que todo os projetos serão comprometidos pelo calote, e pelo caos econômico venezuelano...
Paulo Roberto de Almeida


El consorcio ruso Rostec, uno de los mayores productores mundiales de armas, aviones, helicópteros y otros equipamientos, mantiene contratos de suministros vigentes con Venezuela por unos 12.000 millones de dólares, informó la firma estatal en Chile.



Luis Esteban G. Manrique


(Infolatam).- "El anuncio del ministro de Defensa de Rusia, Sergei Shoigu, de que Moscú está planeando ampliar su presencia militar en Venezuela, Cuba y Nicaragua, hecho en plena crisis con EEUU y la UE por la ocupación militar rusa de Crimea, podría llevar a América Latina a ser un escenario de la segunda guerra fría que se está gestando entre Occidente y la Rusia de Vladimir Putin"

De volta a 1964, e mais alem: comentarios sobre fatos historicos - a guerrilha no Brasil

Na sequência deste meu post:

segunda-feira, 17 de março de 2014

- See more at: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/03/de-1964-2014-50-anos-do-movimento.html?google_comment_id=z12itlew2uarxtexv04cgtvbjtm3i5kovz00k&google_view_type#gpluscomments

recebi diversos comentários, alguns curtos, outros longos, mas todos focados no objetivo de comprovar o caráter absolutamente nefasto da guerrilha comunista que tivemos no Brasil em meados dos 1960.
Eu iria escrever "em reação ao golpe militar", mas me dei conta que a expressão não se aplicava e de fato seria totalmente equivocada, não só em relação ao Brasil, mas para outros países latino-americanos também.
Cuba não foi suspensa da OEA apenas por ser comunista, ou marxista-leninista, como pretendia Fidel desde 1961.
Fidel apoiou movimentos guerrilheiros na Venezuela e na América Central desde essa fase, e o governo venezuelano de então, recém saído de uma ditadura militar, levou o caso da intervenção armada cubana nos seus assuntos internos imediatamente após sua proclamação marxista-leninista de abril de 1961.
De fato, mesmo que não houvesse golpe militar no Brasil, em 1964, os comunistas cubanos já estavam preparando guerrilheiros e movimentos armados para atuar no Brasil, talvez ainda no governo Goulart, possivelmente no governo seguinte (a reunião da OLAS, em Havana, se deu em 1965, que é quando Guevara ainda estava no Congo, mas já se preparava para voltar à América Latina).
Enfim, depois desta pequena introdução, dois dos comentários recebidos.
Paulo Roberto de Almeida 


Luiz Eduardo Rocha Paiva compartilhou a postagem de seu blog no Google+
 Luiz Eduardo Rocha Paiva
Diga-me um caso histórico de guerra contra-revolucionária que não tenha sido violenta. Agora, me aponte uma que tenha sido menos traumática do que a brasileira.
 Ambos os lados defendiam seus ideais. No governo e na oposição legal, havia a visão de futuro de um país democrata e na luta armada a de um país comunista, como reconhecido por ex-militantes sinceros.
Toda guerrilha começa fraca e se tiver apoio popular ou controlar a população consegue se fortalecer e firmar. Se o Governo não agisse com oportunidade, hoje poderíamos ter uma FARC como a Colômbia ou as consequências que vi na conflito em El Salvador – mais de 70 mil mortos, 400 mil desabrigados, um milhão de refugiados nos EUA – tudo isso num país de sete milhões de habitantes e do tamanho de Sergipe.
A sociedade apoiou o Estado contra a luta armada e, por isso, sua neutralização levou apenas nove anos. A anistia não foi para pacificar a sociedade, mas sim grupos antagônicos radicais delimitados, à esquerda e à direita, que poderiam dificultar a redemocratização.
 A esquerda revolucionária no Brasil não teve o reconhecimento de nenhuma democracia e de nenhum organismo internacional de que representasse parte do povo brasileiro e lutasse por democracia. 
É hipocrisia a condenação dos governos militares por quem professava e ainda professa a ideologia de ditaduras totalitárias responsáveis pelos maiores crimes contra a humanidade como foram a União Soviética e a China maoísta. Se conquistassem o poder, cometeriam atrocidades, no mínimo, iguais às de Cuba de Fidel, ícone de nossos governantes.
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Prezado Embaixador Paulo Roberto Almeida,
[corrijo: não sou embaixador, apenas ministro de segunda classe]

Esta mensagem que recebi, embora longa, poderá ser avaliada para utilizar parte ou toda ela, no sentido de informar aqueles que, não tendo vivenciado aquela época, desconhecem esses fatos narrados pelo ilustre historiador, ou mesmo para relembrar aos que a vivenciaram e estejam necessitando de serem  relembrados (particularmente os que tem procurado reescrever a história – no caderno Ilustríssima do último domingo o Sr. José Serra contou os fatos daquela época da maneira que a viu e somente se preocupou em descrever o que interessava a ele, declarando, inclusive (sic) “Esse é um mito que ficou.   Insisto: nada mais fantasioso do que supor que o Brasil pudesse virar uma Cuba ou que a esquerda, em 1963-64, estivesse se armando.”
Parabéns pelo seu trabalho imparcial, em busca da verdade.
Atenciosamente,
Gilberto Serra – Gen Bda Ref

A verdade dos fatos
25 de julho de 2012
Por Carlos I. S. Azambuja - Historiador.

Você sabia?
- Que no governo João Goulart algumas organizações de esquerda condenavam a luta pela reforma agrária, porque seu triunfo daria origem a um campesinato conservador e anti-socialista? Isso está escrito na página 40 do livro "Combate nas Trevas", de Jacob Gorender, que foi dirigente do PCB e um dos fundadores do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário, em 1967.
- Que no governo João Goulart já existiam campos de treinamento de guerrilha no Brasil?
- Que em 4 de dezembro de 1962, o jornal "O Estado de São Paulo" noticiou a prisão de diversos membros das famosas Ligas Camponesas, fundadas por Francisco Julião, num campo de treinamento de guerrilhas, em Dianópolis, Goiás?
- Que afora o PCB, por seu apego ao ortodoxo "caminho pacífico" para a tomada do poder, foram os trotskistas o único segmento da esquerda brasileira que não pegou em armas nos anos 60 e 70?
- Que o primeiro grupo de 10 membros do Partido Comunista do Brasil – então partidário da chamada linha chinesa de "guerra popular prolongada" para a tomada do poder - viajou para a China ainda no governo João Goulart, em 29 de março de 1964, a fim de receber treinamento na Academia Militar de Pequim? E que até 1966 mais duas turmas foram a Pequim com o mesmo objetivo? (livro "Combate nas Trevas", de Jacob Gorender).
(...)
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Escandalo da Petrobras, escandalo dos companheiros, escandalo do Brasil, e o que mais?

Em qualquer país sério, enfim, em qualquer país normal, a polícia, há muito tempo, já teria feito perquisições, escutas, sequestro de documentos e até prisão de pessoas, dadas as dimensões do desvio de dinheiro, evidente, como forma de conseguir recursos para os totalitários (uma vez que o encarregado da área na Petrobras era um serviçal do Stalin sem Gulag).
Ao que parece, o Brasil não é um país normal, mas isso a gente já sabia. O que não se sabia era até onde chegava os instintos mafiosos do pessoal...
Paulo Roberto de Almeida

Relatório que baseou compra de refinaria nos EUA por Petrobras era falho, diz governo 
(mas que país é este ????)
DE BRASÍLIA
19/03/2014 10h12

A aquisição pela Petrobras de metade das ações da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, foi autorizada em 2006 pelo Conselho de Administração da companhia com base em um documento "técnica e juridicamente falho", disse nesta quarta-feira a Presidência da República.

Ministra de Minas e Energia na época, a presidente da República, Dilma Rousseff, presidia o conselho da Petrobras quando o negócio foi autorizado. Ela votou a favor do negócio.

O caso foi foi revelado nesta quarta-feira pelo jornal "O Estado de S. Paulo". A reportagem aponta que Dilma afirmou, em sua primeira manifestação pública sobre o tema, que só aprovou a compra da refinaria na época por ter recebido "informações incompletas" do parecer.

Faziam parte do conselho da Petrobras naquele momento os então ministros Antonio Palocci, à frente da Fazenda, e Jacques Wagner (PT), atual governador da Bahia, ex-Relações Institucionais. Eles seguiram Dilma dando voto favorável, segundo o "Estado".

A posição deles sobre o negócio também era desconhecida até hoje. Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobrás na época, é secretário de Planejamento de Jaques Wagner na Bahia. Ele, que ainda defende a compra da refinaria nos EUA.

Procurado hoje para comentar a divulgação das informações, Gabrielli preferiu não tecer comentários.

O conselho da estatal autorizou a compra de 50% da refinaria ao custo de US$ 360 milhões. No entanto, cláusulas do contrato desconhecidas pelo conselho obrigaram a Petrobras a arcar com 100% das ações da unidade, o que acabou gerando um gasto total de US$ 1,18 bilhão.

Investigações do Tribunal de Contas da União apontaram que a refinaria chegou a valer cerca de US$ 50 milhões em 2005. Um ano antes da compra pela Petrobras, a mesma refinaria havia sido negociada por apenas US$ 42 milhões.

O CASO
Em 2006, a Petrobras comprou 50% da refinaria no Texas por US$ 360 milhões –US$ 190 milhões por 50% das ações e US$ 170 milhões pelos estoques da empresa.

Até 2008 a Petrobras mantinha a refinaria em sociedade com a belga Astra Oil. Porém, devido a um desacordo entre as duas empresas, a estatal brasileira foi obrigada a ficar com toda a planta.

Uma cláusula do contrato, chamada de "Put Option", estabelecia que em caso de desacordo entre os sócios uma das partes deveria comprar a outra. E justamente esta cláusula não era de conhecimento do conselho de administração.

Segundo o "Estado", Dilma também confirmou que não teve acesso à outra cláusula, chamada de "Marlin", que garantia à Astra Oil um lucro de 6,9% ao ano mesmo que as condições de mercado fossem adversas.

O governo afirma, na nota divulgada hoje, que se as cláusulas "Put Option" e "Marlin" fosse conhecidas, o conselho não teria autorizado a primeira compra de parte da refinaria.

Informa, ainda, que a diretoria executiva da estatal levou o problema ao conselho que acabou não aprovando a compra das ações remanescentes e decidiu por abrir um processo arbitral contra o grupo Astra. "O processo arbitral foi aberto em decorrência de previsão contratual e de acordo com as regras da American Arbitration Association", diz a nota.

Em junho de 2012, entretanto, o país perdeu a disputa e teve que cumprir o laudo arbitral da Câmara Internacional de Arbitragem de Nova York, confirmado também por decisão das Cortes Superiores do Texas que determinou a compra das ações remanescentes.

Ou seja, as cláusulas, segundo a Presidência, desconhecidas do negócio acabaram obrigando a estatal brasileira a adquirir 100% das ações.

A Petrobras pagou US$ 820 milhões pela outra metade da refinaria, valor fixado num acordo extrajudicial no qual estavam acrescidos de juros e custos legais.

Além do alto valor pago, a refinaria era antiga e necessitava de investimentos. Em 2012, quando a Petrobras decidiu colocá-la à venda, recebeu apenas uma proposta, de US$ 180 milhões. Ou seja, caso decidisse passá-la à frente, a estatal teria um prejuízo de US$ 1 bilhão. A venda foi temporariamente cancelada.

POLÍCIA FEDERAL
A Polícia Federal investiga suspeitas de evasão de divisas envolvendo a Petrobras no caso Pasadena e no suposto suborno de funcionários da estatal pago pela fornecedora holandesa SBM.
A polícia não descarta visitas às sedes das empresas no exterior.
Como há suspeitas de que funcionários da estatal possam ter feito remessas ou mantido de forma irregular dinheiro fora do país, a polícia decidiu abrir dois inquéritos para averiguar as denúncias.
A apuração da compra da refinaria em Pasadena foi motivada por representação do Ministério Público Federal. Desde o ano passado, procuradores investigam o negócio.
O que mais chama a atenção dos investigadores é o fato de a Petrobras ter desembolsado um total de US$ 1,18 bilhão pela unidade que havia sido comprada por cerca de US$ 42 milhões pela Astra, que tem entre seus executivos um ex-funcionário da estatal brasileira. 
(simplesmente incrível ! E ninguém vai para a cadeia... Quem mais estaria envolvido ?)

GABRIELLI
No ano passado, o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli defendeu a aquisição de Pasadena. Ele disse que a operação foi correta e não houve "qualquer negócio escuso".
"Não há nenhum equivoco, qualquer problema. Pelo contrário, [a Petrobras] seguiu uma estratégia corretamente definida", afirmou, em audiência pública na Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização do Senado.
O ex-presidente admitiu que a refinaria de Pasadena possui tecnologia "obsoleta", mas defendeu a lógica da operação. Segundo ele, a estatal iria ganhar dinheiro justamente ao recuperá-la. O investimento previsto de US$ 1,5 bilhão só não foi feito porque houve a disputa com o sócio.
"A lógica de quem é produtor de óleo pesado é comprar uma refinaria menos complexa, com menos capacidade de conversão e investir para ganhar a margem entre o petróleo produzido e o derivado leve vendido ao mercado", disse.

De acordo com Gabrielli, a refinaria é bem localizada, na "beira do Golfo do México", e está integrada a oleodutos que alimentam uma parte importante do mercado americano.
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O mesmo tema com comentários interpostos de um amigo, que me enviou a matéria:
Paulo Roberto de Almeida

9/03/2014

Fonte: Estadão

Dilma apoiou compra de refinaria em 2006; agora culpa ‘documentos falhos’
Documentos até agora inéditos revelam que a presidente Dilma Rousseff votou em 2006 favoravelmente à compra de 50% da polêmica refinaria de Pasadena, no Texas (EUA). A petista era ministra da Casa Civil e comandava o Conselho de Administração da Petrobrás. Ontem, ao justificar a decisão ao Estado, ela disse que só apoiou a medida porque recebeu “informações incompletas” de um parecer “técnica e juridicamente falho”. Foi sua primeira manifestação pública sobre o tema.
A aquisição da refinaria é investigada por Polícia Federal, Tribunal de Contas da União, Ministério Público e Congresso por suspeita de superfaturamento e evasão de divisas.
O conselho da Petrobrás autorizou, com apoio de Dilma, a compra de 50% da refinaria por US$ 360 milhões. Posteriormente, por causa de cláusulas do contrato, a estatal foi obrigada a ficar com 100% da unidade, antes compartilhada com uma empresa belga. Acabou desembolsando US$ 1,18 bilhão – cerca R$ 2,76 bilhões.
A presidente diz que o material que embasou sua decisão em 2006 não trazia justamente a cláusula que obrigaria a Petrobrás a ficar com toda a refinaria. Trata-se da cláusula Put Option, que manda uma das partes da sociedade a comprar a outra em caso de desacordo entre os sócios. A Petrobrás se desentendeu sobre investimentos com a belga Astra Oil, sua sócia. Por isso, acabou ficando com toda a refinaria.

Desculpas, desculpas. Mas a questão persiste: se a decisão foi tomada com base em “documentos falhos”, de quem é a culpa? Quem será o responsável por esse enorme prejuízo da estatal brasileira, empresa de todos nós? Sem a “put option” a empresa poderia ter evitado metade do rombo, mas a outra metade continuaria intacta. E aí, Dilma?

Das duas, uma: ou a estatal liderada pelos petistas fecha contratos bilionários sem muito escrutínio, sem grande preocupação com detalhes; ou há caroço nesse angu. De qualquer forma, não dá para o alto escalão do PT tirar o corpo fora em bloco. O fato permanece: um prejuízo gigantesco e suspeito afetou os cofres da Petrobras. Escusas não vão ressarcir o prejuízo.

Terra entrevista Marcos Troyjo: 'Crimeia: "reintegracao e' evento mais importante no pos-URSS"'

Crimeia: "reintegração é evento mais importante no pós-URSS"
Mayara Moraes
Terra, 19 de Março de 2014

Em entrevista ao Terra, o cientista político e prof. da Universidade de Columbia, Marcos Troyjo, explica que, embora a anexação seja importante para a Rússia, a medida terá impactos econômicos e políticos para além do país de Vladimir Putin.
Marcos Troyjo é cientista político e professor do Ibmec-RJ e da Universidade Columbia em Nova York 

A Ucrânia está politicamente estilhaçada e financeiramente quebrada. Sem condição alguma de travar um conflito armado de grande fôlego.
A Otan também se mostra impotente, pois se vê num jogo de xadrez em que seu oponente conta com denso poderio nuclear. Dessa forma, não pode resolver a parada apenas com forças convencionais sem temer que o conflito escale até o nível nuclear.
Crises como a da Ucrânia exigem um tipo de diplomacia presencial que é muito cara.
Além do isolamento político, caso o impasse se prolongue, a Rússia experimentará deterioração de seu status como economia emergente.
A maioria da Crimeia é russa e compartilha dos sonhos grandiosos de integrar uma “Rússia Imperial”, uma “Grande Rússia”.

A Ucrânia tem vivido dias difíceis desde a queda do presidente Viktor Yanukovitch, em 22 de fevereiro. Revoltas populares eclodiram no país, e a população da península da Crimeia enxergou na crise a oportunidade de realizar o desejo histórico de se reintegrar à Rússia. A realização de um referendo popular que culminou com a aprovação da anexação, e com a sua oficialização pelo presidente russo Vladimir Putin, fez com que as potências do Ocidente se envolvessem na crise ucraniana. Desde então, condenações foram feitas e sanções aos envolvidos no referendo foram lançadas. Em entrevista ao Terra, o cientista político e professor da Universidade de Columbia, Marcos Troyjo, explica as causas e os desdobramentos da crise. Para Troyjo, a reintegração da península crimeana é o evento mais importante para a Rússia desde o fim da União Soviética, mas que essa ousadia pode custar caro a Putin e a seus aliados. Confira a íntegra da entrevista.

Terra - Quais seriam as consequências da anexação da Crimeia para a Rússia, para a Ucrânia e para o mundo como um todo? Essa anexação pode agravar ainda mais a crise na Ucrânia?
Troyjo - Acho que a Ucrânia hoje é assombrada pelo fantasma de um desmembramento maior do que apenas o da própria Crimeia. Fervem as antipatias históricas entre ucranianos do Oeste e russos, o que sem dúvida oferece farta matéria-prima para novos conflitos. Para o Ocidente há também um impacto grande.
A própria ONU (Organização das Nações Unidas) mostra-se de certa forma enfraquecida.  Dado o poder de veto da Rússia no Conselho de Segurança, a ONU está de mão atadas para adotar resoluções e tentar remediar a crise. Parece que estamos de volta à "Balança de Poder" que marcou a formação de alianças internacionais na Europa durante o século 19.
Para a União Europeia, a crise também representa um ônus, pois a maioria de seus países-membros encontra-se em meio a uma recuperação econômica ainda frágil. E apesar dessa vulnerabilidade, a EU é forçada a mostrar-se presente e interessada nos países do Leste.
A OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) também se mostra impotente, pois se vê num jogo de xadrez em que seu oponente conta com denso poderio nuclear. Dessa forma, não pode resolver a parada apenas com forças convencionais sem temer que o conflito escale até o nível nuclear.
Para os EUA também a crise representa mudança. Washington não conseguirá implementar política externa e de defesa mais “retraída”, como parecia ser a vontade do Governo Obama. Crises como a da Ucrânia exigem um tipo de diplomacia presencial que é muito cara. Não dá para resolver apenas com drones pilotados a milhares de quilômetros de distância.
E sobre a importância desses acontecimentos para a Rússia basta dizer o seguinte. Em termos geopolíticos, a eventual reintegração da Crimeia é o evento mais importante para o país no período pós-URSS.

Terra - As consequências não seriam ruins para a Rússia já que os EUA e os países da União Europeia ameaçam impor uma série de sanções ao país? A Rússia não ficaria ainda mais isolada?
Troyjo - Sem dúvida. A Rússia e seus aliados têm muito a perder. Além do isolamento político, caso o impasse se prolongue, a Rússia experimentará deterioração de seu status como economia emergente.
O “Custo Rússia” refletirá uma imensa combinação de desconfiança e risco político. O volume de IEDs (investimentos estrangeiros diretos), de que a Rússia tanto depende, certamente cairá. O impacto disso sobre a bolsa de valores russa será marcante. Ademais, a Rússia “desconvidará” à formação de novas alianças, especialmente com potências ocidentais. Os que desejarem caminhar de mãos dadas com a Rússia sofrerão os efeitos colaterais da lógica do "diga-me com quem andas e te direi quem és".

Terra - Por que a Crimeia tem sido tão disputada há tanto tempo, não apenas por Rússia e Ucrânia, como por vários outros povos ao longo da história?
Troyjo - Há sobretudo uma importância geopolítica. Pode parecer coincidência, mas em 1904, há exatos 110 anos, o geógrafo britânico H.J. Mackinder, apresentava àRoyal Geographical Society em Londres um artigo acadêmico intitulado "O Pivô Geográfico da História". Mackinder, que muitos consideram o pai da Geoestratégia, conceituava naquele texto a gigantesca massa de continentes formada por Europa, Ásia e África como sendo a "Ilha-Mundo", cujo "Heartland" (literalmente “coração da terra”) tem epicentro na Europa Oriental.

Mais tarde, Mackinder teve de resumir sua teoria numa lógica bastante assustadora, pois ela foi utilizada tanto na Primeira quanto na Segunda Guerra Mundial. Mackinder salientava que "quem domina a Europa Oriental comanda o Heartland; quem domina o Heartland comanda a Ilha-Mundo; quem domina a Ilha-Mundo controla o mundo".
Para a Rússia o acesso naval às águas quentes do Mar Negro é essencial a sua ideia de segurança nacional e projeção de poder
Marcos Troyjo
cientista político e prof. Universidade de Columbia, NY

Além disso, para a Rússia o acesso naval às águas quentes do Mar Negro é essencial a sua ideia de segurança nacional e projeção de poder. Isso faz do litoral da Crimeia peça-chave na geoestratégia formulada no Kremlin.

Terra - A Crimeia foi ‘dada de presente’ à Soviética  República Socialista  Ucrânia pela República Socialista Federada Soviética da Rússia, em comemoração aos 300  anos de amizade entre a Rússia e a Ucrânia. Com o colapso da União Soviética, a Crimeia tornou-se parte da Ucrânia, mas a população de maioria russa ficou bem ressentida com a mudança.  Podemos dizer que a insatisfação da população russa que vive na Crimeia é histórica?

Troyjo - Sem dúvida. Quando Nikita Kruschev “cedeu” a Crimeia à Ucrânia, destancando-a da Rússia, imaginava estar contribuindo com um pilar de comunhão entre as duas mais importantes repúblicas soviéticas. Aliás, por curiosidade, Kruschev nasceu na cidade russa de Kalinovka, praticamente na fronteira entre Rússia e Ucrânia.

Para compreender essa questão das afinidades étnicas naquela região, vale ressaltar que os eslavos gostam de definir sua “nacionalidade” menos em termos do lugar onde nasceram e mais em função do sangue de seus pais. É por isso que, após o Referendo de domingo passado, a maioria russa da Crimeia disse que “estava voltando para casa”.

Terra - Se essa insatisfação é histórica, por que a ideia da realização de um referendo aprovando a anexação da região à Rússia aconteceu apenas agora?
Os russos se aproveitaram da confusão política em Kiev e do vácuo de poder na Ucrânia para fazer valer uma antiga vontade geopolítica
Marcos Troyjo
cientista político e prof. Universidade de Columbia, NY

Troyjo - Porque os russos se aproveitaram da confusão política em Kiev e do vácuo de poder na Ucrânia para fazer valer uma antiga vontade geopolítica. A situação lembra um famoso ditado chinês: “onde há confusão, há lucro”.
Terra - Além da Crimeia, outras cidades e regiões da Ucrânia, como Carcóvia e Sebastopol  estão igualmente interessadas em se separar da Ucrânia. Por que há tanto interesse em deixar de fazer parte da Ucrânia e o que elas têm a ganhar se anexando à Rússia?

Troyjo - A maioria da Crimeia é russa e compartilha dos sonhos grandiosos de integrar uma “Rússia Imperial”, uma “Grande Rússia”. Esse sentimento é percebido em todas as localidades do leste da Ucrânia em que há presença étnica russa significativa.
Além disso, apesar de todas as dificuldades econômicas que os russos enfrentam, hoje o PIB (Produto Interno Bruto) per capita da Rússia é quase três vezes maior que o da Ucrânia. É realmente uma lástima, pois a Ucrânia como um todo prefigura uma das maiores potências agrícolas do mundo – tem muitos fatores positivos para tornar-se um país mais próspero e harmonioso.

Terra - Podemos dizer que a  diversidade étnica na Crimeia torna o conflito mais explosivo? Vimos que o povo tártaro boicotou a votação.
Troyjo - Creio que não. Comparada com outros conflitos étnicos recentes, como o horror que predominou na ex-Iugoslávia nos anos 1990, a violência na Crimeia tem sido pequena.
O problema maior é o embate entre os interesses nacionais da Rússia e da Ucrânia. Além disso, dada sua posição geográfica e dependência econômica externa, a Ucrânia acaba sofrendo os efeitos perversos do cabo-de-guerra entre Rússia e Ocidente.
Isso se manifestou claramente na tentativa de atração da Ucrânia ao polo gravitacional da União Europeia como também na possibilidade da Ucrânia vir a integrar a OTAN, ambas as hipóteses fortemente rechaçadas por Moscou.

Terra - Há um risco real de confronto militar entre Ucrânia e Rússia? Em caso afirmativo, quais  seriam as consequências desse confronto militar (sabemos que a Ucrânia está em muita desvantagem em relação à Rússia)?
Troyjo - Acho a probabilidade pequena. O novo governo na Ucrânia vai tentar consolidar-se na porção ocidental do país com a ajuda política e financeira da comunidade internacional. A Ucrânia está politicamente estilhaçada e financeiramente quebrada. Sem condição alguma de travar um conflito armado de grande fôlego. Não creio que veremos a reedição de um confronto como o que opôs Rússia e Geórgia em 2008.

Terra - Você acredita que algum país interviria militarmente no conflito?
Troyjo - É pouco provável. Os laços econômicos entre Rússia e Europa são muito fortes e o risco potencial de um engajamento militar do Ocidente na Ucrânia é insuportavelmente alto.
Terra 

A frase do dia, e sua contestacao: SG da OTAN, sobre a Russia na Crimeia

Nato Secretary General Anders Fogh Rasmussen has called the crisis in Crimea
"the gravest threat to European security and stability since the end of the Cold War".
Não, não é. 
Pode até ser um grave atentado à unidade territorial da Ucrânia e à sua soberania, mas a invasão russa de um território apenas formalmente ucraniano não muda absolutamente nada na segurança europeia, que continua garantida pela OTAN.
O que muda é para a Rússia, que terá menos acesso a tecnologias ocidentais, a investimentos e a mercados para os seus produtos. Ela terá sua segurança e sua estabilidade abaladas.
Foi até bom que acontecesse, pois permite chutar porta afora a Rússia do G8, um grupo para o qual ela não deveria ter sido convidada e no qual ela sempre se sentiu como um estranho no ninho, não tendo nada a ver com as outras democracias de mercado avançadas.
Agora, ela pode se dedicar inteiramente a um grupo onde se sente mais confortável e à vontade, ou seja, o Brics.
Teremos, finalmente, um czar visitando Fortaleza?
Duvido...
Paulo Roberto de Almeida 

Brasil: troca-se de ministros como se troca de (you name it...); cientistas nao gostam

Demissão de Raupp provoca mal-estar entre pesquisadores
Jornal da Ciência, 19/03/2014

Ex-diretor do Inpe foi substituído pelo reitor da Universidade de Minas Gerais, Clelio Diniz, em reforma feita por Dilma


A saída de Marco Antonio Raupp do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação na última segunda-feira, por determinação da presidente Dilma Rousseff (PT), recebeu críticas da comunidade científica em todo o país. Raupp era ministro desde janeiro de 2012 e vinha fazendo um trabalho elogiado por cientistas, empresários e entidades de classe do setor.

Ele foi demitido junto com outros cinco ministros, num pacotão anunciado por Dilma na última sexta-feira. Assumiu o lugar dele o reitor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), Clelio Campolina Diniz. Antes de comandar o Ministério da Ciência e Tecnologia, Raupp havia sido diretor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e do Parque Tecnológico de São José dos Campos.

Críticas. Uma das reações mais contundentes contra a saída de Raupp veio da presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), Helena Nader. Em artigo publicado no jornal Folha de São Paulo ontem e postado no site da entidade, Helena faz duras críticas à mudança.

"O que nos assusta é a mínima falta de consideração com a continuidade de um trabalho tão complexo como são os programas governamentais de ciência, tecnologia e inovação", assinalou a cientista.

"Até se acomodarem a uma nova gestão, já terão consumido boa parte dos apenas nove meses que restam da atual administração federal."

Para Helena, não havia motivo para tirar Raupp do comando do Ministério, o que pode atrapalhar projetos em andamento no setor.

"Raupp assumiu a pasta com apoio integral da comunidade científica brasileira que nele reconheceu um legítimo representante, capaz de elevar e certamente lutar pelo tratamento da ciência e tecnologia como uma das políticas de Estado prioritárias na esfera pública nacional".

E concluiu: "Foi o que fez ao longo de sua gestão no ministério, sempre ouvindo e interagindo com as mais diversas sociedades, organizações, instituições e empresas que integram o cenário da ciência, tecnologia e inovação no Brasil".

Raupp não foi localizado ontem para comentar o assunto.

Para o Sindicato dos Servidores Públicos de Ciência e Tecnologia, a troca obedece a critérios políticos, e não técnicos, o que é questionável.

(Xandu Alves / O Vale)

Brasil: fantasias fiscais e maquiagens nas contas publicas (especialidades deles...) - Editorial Estadao

Os furos da meta fiscal

19 de março de 2014 | 2h 08

Editorial O Estado de S.Paulo
Político experiente, já tendo presidido o Senado Federal, do qual ainda é membro, o ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves Filho, sabe que pouco teria a ganhar em caso de divergências ou atritos com sua chefe, a presidente Dilma Rousseff. Assim que percebeu o alcance da entrevista que o ministro concedera ao jornal Valor (17/3) - na qual ele considerou "completamente irreal" o déficit de R$ 40,1 bilhões para a Previdência incluído nos novos parâmetros da política fiscal anunciados pelo governo há poucas semanas -, a presidente exigiu dele uma retratação. O ministro tratou então de divulgar uma nota na qual, com grande habilidade, manteve o dito por dito.
Embora por razões políticas e funcionais o ministro tenha até admitido na nota que o déficit previdenciário em 2014 pode ficar no nível previsto pelo governo - o que será essencial para que, como prometeu o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o superávit primário alcance 1,9% do PIB neste ano -, dados recentes e o histórico da evolução das contas da Previdência indicam que o rombo deve ficar em torno de R$ 50 bilhões, como, aliás, o próprio Garibaldi previu de maneira fundamentada na entrevista citada.
Isso quer dizer que pelo menos 12% da meta de superávit primário de sua responsabilidade, de R$ 80,8 bilhões, prometido pelo governo em 20 de fevereiro, é frágil (a meta de superávit primário total do setor público é de R$ 99 bilhões). Isso significa também que o corte de gastos de R$ 44 bilhões anunciado na ocasião será insuficiente para se alcançar a meta, que começa a se transformar em fantasia contábil.
Em 2013, o déficit da Previdência alcançou R$ 49,9 bilhões, ou 1,04% do PIB. Mesmo sem prever nenhuma grande modificação nas regras dos benefícios que justificasse uma substancial redução de despesas ou um extraordinário aumento de receitas, o governo projetou uma redução nominal de 19,9% no déficit em 2014, que passaria a 0,77% do PIB. Se isso ocorrer, representará uma notável mudança na tendência do déficit previdenciário, que vem crescendo em valor e como porcentagem do PIB.
Isso vem ocorrendo porque reformas essenciais, que envolvem temas como fator previdenciário, tempo de contribuição e idade mínima para aposentadoria, entre outros, vêm sendo adiadas e, como admitiu o ministro em entrevista ao jornal Brasil Econômico (17/3), não serão examinadas neste ano, por causa das eleições. Na melhor das hipóteses, a discussão começará no ano que vem.
A principal reforma feita pelo governo nos últimos anos, a criação do Fundo de Previdência dos Servidores Públicos Federais (Funpresp), estabelece condições iguais para a aposentadoria dos empregados do setor privado e dos novos funcionários públicos e constitui um grande passo para a redução do déficit da previdência do setor público, mas seus efeitos positivos sobre as finanças do governo só surgirão no médio prazo.
Problemas específicos têm pressionado o déficit da Previdência, como a regra para a concessão de pensões por morte. Se o contribuinte tiver recolhido apenas uma contribuição mensal antes da morte, seus dependentes têm direito à pensão igual à que recebem os dependentes de contribuintes que recolheram regularmente durante toda sua vida ativa. De acordo com o ministro, o Brasil é o país que proporcionalmente mais gasta com pensões em todo o mundo (3,2% do PIB).
Outros problemas apontados pelo ministro são os gastos excessivos com aposentadoria por invalidez (18% do total dos aposentados no Brasil, contra uma média de 10% na União Europeia). Também os pagamentos de auxílio-doença são considerados problemáticos pelo governo, pois eles aumentaram 26,6% entre 2012 e 2013.
Uma das medidas que o governo pretende utilizar para reduzir esses gastos é a ampliação dos programas de reabilitação e de requalificação profissional, que reduziriam o tempo em que os segurados recebem o benefício. Mas ainda não há estrutura para assegurar esses cursos a um número elevado de segurados.
Com tantas pressões sobre as despesas, é no mínimo estranho que o governo tenha previsto a redução tão acentuada do déficit da Previdência Social em 2014.

Petrobras: nunca antes, em sua historia, uma corrupcao tao escabrosa...

Pois é: quando os companheiros fazem negócios escusos, sempre é um caso de nunca antes...
Paulo Roberto de Almeida 
É do balacobaco. Já contei a história aqui em detalhes. Só que o que o vem a público agora, em reportagem do Estadão, é ainda mais grave. A síntese é a seguinte: em 2005, a empresa belga Astra Oil comprou uma refinaria chamada Pasadena Refining System por US$ 42,5 milhões. Em 2006, vendeu 50% da refinaria à Petrobras por US$ 360 milhões. Para tornar a usina operacional, era necessário investir mais US$ 1,5 bilhão, conta que seria dividida entre a Petrobras e a Astra. O contrato previa que, se os sócios se desentendessem, a gigante brasileira seria obrigada a comprar a outra metade. Eles se desentenderam, e os belgas resolveram executar o contrato: pediram US$ 700 milhões por sua parte. A Petrobras não quis pagar, os belgas foram à Justiça e os brasileiros tiveram de ficar com a outra metade da sucata por US$ 839 milhões. Soma total do prejuízo: US$ 1,204 bilhão. A refinaria está parada, dando um custo milionário, todo mês, de manutenção.
Pois é… Até esta quarta, pensava-se que Dilma, que era ministra da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da Petrobras, não soubesse de nada à época. Prosperou a versão de que a negociação havia sido feita sem a sua anuência. Errado! Ela não só sabia como votou a favor da compra. Agora diz que ignorava a obrigação da Petrobras de ficar com a outra metade da empresa. Com a devida vênia, trata-se de uma cascata. E QUE SE NOTE: QUANDO A PETROBRAS COMPROU POR R$ 360 MILHÕES METADE DE UMA EMPRESA PELA QUAL OS BELGAS HAVIAM PAGADO R$ 45 MILHÕES — E DILMA CONCORDOU! —, JÁ SE TRATAVA DE UM ESCÂNDALO. AFINAL, SÓ NESSA OPERAÇÃO, SEM QUE SE REFINASSE UM BARRIL DE PETRÓLEO, OS BELGAS OBTIVERAM UM LUCRO DE 1.500% EM MENOS DE UM ANO.
Mais: o homem que negociou com a Petrobras em nome dos belgas é Alberto Feilhaber, um brasileiro que já havia trabalhado na… Petrobras por 20 anos e que se transferira para o escritório da Astra, no EUA. Quem preparou o papelório para o negócio foi Nestor Cerveró, à frente da área internacional da empresa brasileira.
Essa compra escandalosa é hoje investigada pela Polícia Federal, pelo Ministério Público Federal, pelo Tribunal de Contas da União e, em breve, por uma comissão do Congresso.
Imaginava-se, até esta quarta, que tudo era mesmo culpa de José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da empresa, de quem Dilma nunca gostou muito. Agora, a gente descobre que a soberana sempre soube de tudo, não é mesmo? Parece que Gabrielli cansou de levar a culpa sozinho. Abaixo, uma síntese do escândalo, que tem, sim, as digitais de Dilma. Pois é… Lembro do candidato Lula, em 2002 e em 2006 e da candidata Dilma, em 2010, acusando os tucanos de querer privatizar a Petrobras, o que nunca aconteceu. Eles não privatizaram. Prefeririam quebras e empresa. A Soberana assumiu o mandato com a ação da empresa valendo R$ 29. Está sendo negociada agora a R$ 12,60.
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1: Em janeiro de 2005, a empresa belga Astra Oil comprou uma refinaria americana chamada Pasadena Refining System Inc. por irrisórios US$ 42,5 milhões. Por que tão barata? Porque era considerada ultrapassada e pequena para os padrões americanos.

2: ATENÇÃO PARA A MÁGICA – No ano seguinte, com aquele mico na mão, os belgas encontraram pela frente a generosidade brasileira e venderam 50% das ações para a Petrobras. Sabem por quanto? Por US$ 360 milhões! Vocês entenderam direitinho: aquilo que os belgas haviam comprado por US$ 22,5 milhões (a metade da refinaria velha) foi repassado aos “brasileiros bonzinhos” por US$ 360 milhões: 1.500% de valorização em um aninho. A Astra sabia que não é todo dia que se encontram brasileiros tão generosos pela frente e comemorou: “Foi um triunfo financeiro acima de qualquer expectativa razoável.”
3: Um dado importante: o homem dos belgas que negociou com a Petrobras é Alberto Feilhaber, um brasileiro. Que bom! Mais do que isso: ele havia sido funcionário da Petrobras por 20 anos e se transferiu para o escritório da Astra nos EUA. Quem preparou o papelório para o negócio foi Nestor Cerveró, à frente da área internacional da Petrobras. Veja viu a documentação. Fica evidente o objetivo de privilegiar os belgas em detrimento dos interesses brasileiros. Cerveró é agora diretor financeiro da BR Distribuidora.
4: A Pasadena Refining System Inc., cuja metade a Petrobras comprou dos belgas a preço de ouro, vejam vocês!, não tinha capacidade para refinar o petróleo brasileiro, considerado pesado. Para tanto, seria preciso um investimento de mais US$ 1,5 bilhão! Belgas e brasileiros dividiriam a conta, a menos que…
5: A menos que se desentendessem! Nesse caso, a Petrobras se comprometia a comprar a metade dos belgas — aos quais havia prometido uma remuneração de 6,9% ao ano, mesmo em um cenário de prejuízo!!!
6: E não é que o desentendimento aconteceu??? Sem acordo, os belgas decidiram executar o contrato e pediram pela sua parte, prestem atenção, outros US$ 700 milhões. Ulalá! Isso foi em 2008. Lembrem-se de que a estrovenga inteira lhes havia custado apenas US$ 45 milhões! Já haviam passado metade do mico adiante por US$ 360 milhões e pediam mais US$ 700 milhões pela outra. Não é todo dia que aparecem ou otários ou malandros, certo?
7: É aí que entra a então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, então presidente do Conselho de Administração da Petrobras. Ela acusou o absurdo da operação e deu uma esculhambada em Gabrielli numa reunião. DEPOIS NUNCA MAIS TOCOU NO ASSUNTO.
8: A Petrobras se negou a pagar, e os belgas foram à Justiça americana, que leva a sério a máxima do “pacta sunt servanda”. Execute-se o contrato. A Petrobras teve de pagar, sim, em junho deste ano, não mais US$ 700 milhões, mas US$ 839 milhões!!!
9: Depois de tomar na cabeça, a Petrobras decidiu se livrar de uma refinaria velha, que, ademais, não serve para processar o petróleo brasileiro. Foi ao mercado. Recebeu uma única proposta, da multinacional americana Valero. O grupo topa pagar pela sucata toda US$ 180 milhões.
10: Isto mesmo: a Petrobras comprou metade da Pasadena em 2006 por US$ 365 milhões; foi obrigada pela Justiça a ficar com a outra metade por US$ 839 milhões e, agora, se quiser se livrar do prejuízo operacional continuado, terá de se contentar com US$ 180 milhões. Trata-se de um dos milagres da gestão Gabrielli: como transformar US$ 1,204 bilhão em US$ 180 milhões; como reduzir um investimento à sua (quase) sétima parte.
11: Graça Foster, a atual presidente, não sabe o que fazer. Se realizar o negócio, e só tem uma proposta, terá de incorporar um espeto de mais de US$ 1 bilhão.
12: Diz o procurador do TCU Marinus Marsico: “Tudo indica que a Petrobras fez concessões atípicas à Astra. Isso aconteceu em pleno ano eleitoral”.

Petrobras: companheiros incompetentes, ou estupidos (ou outras coisas) aprovaram a mais corrupta transacao da empresa



Refinaria de Pasadena, pela qual Brasil pagou US$ 1,18 bilhão
Agência Petrobrás
Andreza Matais e Fábio Fabrini - O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - Documentos até agora inéditos revelam que a presidente Dilma Rousseff votou em 2006 favoravelmente à compra de 50% da polêmica refinaria de Pasadena, no Texas (EUA). A petista era ministra da Casa Civil e comandava o Conselho de Administração da Petrobrás. Ontem, ao justificar a decisão aoEstado, ela disse que só apoiou a medida porque recebeu "informações incompletas" de um parecer "técnica e juridicamente falho". Foi sua primeira manifestação pública sobre o tema.
A aquisição da refinaria é investigada por Polícia Federal, Tribunal de Contas da União, Ministério Público e Congresso por suspeita de superfaturamento e evasão de divisas.
O conselho da Petrobrás autorizou, com apoio de Dilma, a compra de 50% da refinaria por US$ 360 milhões. Posteriormente, por causa de cláusulas do contrato, a estatal foi obrigada a ficar com 100% da unidade, antes compartilhada com uma empresa belga. Acabou desembolsando US$ 1,18 bilhão - cerca R$ 2,76 bilhões.
A presidente diz que o material que embasou sua decisão em 2006 não trazia justamente a cláusula que obrigaria a Petrobrás a ficar com toda a refinaria. Trata-se da cláusula Put Option, que manda uma das partes da sociedade a comprar a outra em caso de desacordo entre os sócios. A Petrobrás se desentendeu sobre investimentos com a belga Astra Oil, sua sócia. Por isso, acabou ficando com toda a refinaria.
Dilma disse ainda, por meio da nota, que também não teve acesso à cláusula Marlim, que garantia à sócia da Petrobrás um lucro de 6,9% ao ano mesmo que as condições de mercado fossem adversas. Essas cláusulas "seguramente não seriam aprovadas pelo conselho" se fossem conhecidas, informou a nota da Presidência.
Ainda segundo a nota oficial, após tomar conhecimento das cláusulas, em 2008, o conselho passou a questionar o grupo Astra Oil para apurar prejuízos e responsabilidades. Mas a Petrobrás perdeu o litígio em 2012 e foi obrigada a cumprir o contrato - o caso foi revelado naquele ano pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.
Reunião. A ata da reunião do Conselho de Administração da Petrobrás de número 1.268, datada de 3 de fevereiro de 2006, mostra a posição unânime do conselho favorável à compra dos primeiros 50% da refinaria, mesmo já havendo, à época, questionamentos sobre a planta, considerada obsoleta.
Os então ministros Antonio Palocci (Fazenda), atual consultor de empresas, e Jaques Wagner (Relações Institucionais), hoje governador da Bahia pelo PT, integravam o Conselho de Administração da Petrobrás. Eles seguiram Dilma dando voto favorável. A posição deles sobre o negócio também era desconhecida até hoje. Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobrás na época, é secretário de Planejamento de Jaques Wagner na Bahia. Ele ainda defende a compra da refinaria nos EUA.
O "resumo executivo" sobre o negócio Pasadena foi elaborado em 2006 pela diretoria internacional da Petrobrás, comandada por Nestor Cerveró, que defendia a compra da refinaria como medida para expandir a capacidade de refino no exterior e melhorar a qualidade dos derivados de petróleo brasileiros. Indicado para o cargo pelo ex-ministro José Dirceu, na época já apeado do governo federal por causa do mensalão, Cerveró é hoje diretor financeiro de serviços da BR-Distribuidora.
Desde 2006 não houve nenhum investimento da estatal na refinaria de Pasadena para expansão da capacidade de refino ou qualquer tipo de adaptação para o aumento da conversão da planta de refino - essencial para adaptar a refinaria ao óleo pesado extraído pela estatal brasileira. A justificativa da Petrobrás para órgãos de controle é que isso se deve a dois motivos: disputa arbitral e judicial em torno do negócio e alteração do plano estratégico da Petrobrás. A empresa reconhece, ainda, uma perda por recuperabilidade de US$ 221 milhões.
Antes de virar chefe da Casa Civil, Dilma havia sido ministra das Minas e Energia. Enquanto atuou como presidente do conselho nenhuma decisão importante foi tomada sem que tivesse sido tratada com ela antes.
Dilma não comentou o fato de ter aprovado a compra por US$ 360 milhões - sendo que, um ano antes, a refinaria havia sido adquirida inteira pela Astra Oil por US$ 42,5 milhões.