O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

sexta-feira, 8 de maio de 2020

A reconstrução da Política Externa do Brasil - ex-chanceleres e ministros

Eis o "follow-up" do debate transmitido pelo Youtube.
Publicação simultânea no Globo, Valor, Folha e Estadão.

https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,a-reconstrucao-da-politica-externa-brasileira,70003296122?utm_source=estadao:whatsapp&utm_medium=link

A reconstrução da política externa brasileira
MAY 08, 2020
Assinam o artigo abaixo: Fernando Henrique Cardoso, Aloysio Nunes Ferreira, Celso Amorim, Celso Lafer, Francisco Rezek, José Serra, Rubens Ricupero e Hussein Kalout*

Apesar de nossas distintas trajetórias e opiniões políticas, nós, que exercemos altas responsabilidades na esfera das relações internacionais em diversos governos da Nova República, manifestamos nossa preocupação com a sistemática violação pela atual política externa dos princípios orientadores das relações internacionais do Brasil definidos no Artigo 4.º da Constituição de 1988.

Inovadora nesse sentido, a Constituição determina que o Brasil “rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: I- independência nacional; II- prevalência dos direitos humanos; III- autodeterminação dos povos; IV- não intervenção; V- igualdade entre os Estados; VI- defesa da paz; VII- solução pacífica dos conflitos; VIII- repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX- cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X- concessão de asilo político”.

“Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.”

É suficiente cotejar os ditames da Constituição com as ações da política externa para verificar que a diplomacia atual contraria esses princípios na letra e no espírito. Não se pode conciliar independência nacional com a subordinação a um governo estrangeiro cujo confessado programa político é a promoção do seu interesse acima de qualquer outra consideração. Aliena a independência governo quem se declara aliado desse país, assumindo como própria uma agenda que ameaça arrastar o Brasil a conflitos com nações com as quais mantemos relações de amizade e mútuo interesse. Afasta-se, ademais, da vocação universalista da política externa brasileira e de sua capacidade de dialogar e estender pontes com diferentes países, desenvolvidos e em desenvolvimento, em benefício de nossos interesses.

Outros exemplos de contradição com os dispositivos da Constituição consistem no apoio a medidas coercitivas em países vizinhos, violando os princípios de autodeterminação e não intervenção; o voto na ONU pela aplicação de embargo unilateral em desrespeito às normas do direito internacional, à igualdade dos Estados e à solução pacífica dos conflitos; o endosso ao uso da força contra Estados soberanos sem autorização do Conselho de Segurança da ONU; a aprovação oficial de assassinato político e o voto contra resoluções no Conselho de Direitos Humanos em Genebra de condenação de violação desses direitos; a defesa da política de negação aos povos autóctones dos direitos que lhes são garantidos na Constituição, o desapreço por questões como a discriminação por motivo de raça e de gênero.

Além de transgredir a Constituição Federal, a atual orientação impõe ao País custos de difícil reparação como desmoronamento da credibilidade externa, perdas de mercados e fuga de investimentos.

Admirado na área ambiental, desde a Rio-92, como líder incontornável no tema do desenvolvimento sustentável, o Brasil aparece agora como ameaça a si mesmo e aos demais na destruição da Amazônia e no agravamento do aquecimento global. A diplomacia brasileira, reconhecida como força de moderação e equilíbrio a serviço da construção de consensos, converteu-se em coadjuvante subalterna do mais agressivo unilateralismo.

Na América Latina, de indutores do processo de integração, passamos a apoiar aventuras intervencionistas, cedendo terreno a potências extrarregionais. Abrimos mão da capacidade de defender nossos interesses, ao colaborarmos para a deportação dos Estados Unidos em condições desumanas de trabalhadores brasileiros ou ao decidir por razões ideológicas a retirada da Venezuela, país limítrofe, de todo o pessoal diplomático e consular brasileiro, deixando ao desamparo nossos nacionais que lá residem.

Na Europa ocidental, antagonizamos gratuitamente parceiros relevantes em todos os domínios como França e Alemanha. A antidiplomacia atual afasta o País de seus objetivos estratégicos, ao hostilizar nações essenciais para a própria implementação da agenda econômica do governo.

A gravíssima crise de saúde da covid-19 revelou a irrelevância do Ministério das Relações Exteriores e seu papel contraproducente em ajudar o Brasil a obter acesso a produtos e equipamentos médico-hospitalares. O sectarismo dos ataques inexplicáveis à China e à Organização Mundial da Saúde, somado ao desrespeito à ciência e à insensibilidade às vidas humanas demonstrados pelo presidente da República, tornou o governo objeto de escárnio e repulsa internacional. Criou, ao mesmo tempo, obstáculos aos esforços dos governadores para importar produtos desesperadamente necessários para salvar a vida de milhares de brasileiros.

O resgate da política exterior do Brasil exige o retorno à obediência aos princípios constitucionais, à racionalidade, ao pragmatismo, ao senso de equilíbrio, moderação e realismo construtivo. Nessa reconstrução, é preciso que o Judiciário, guardião da Constituição, e o Congresso Nacional, representante da vontade do povo, cumpram o papel que lhes cabe no controle da constitucionalidade das ações diplomáticas.

A fim de corresponder aos anseios do nosso povo e corresponder às necessidades reais do Brasil, a política externa precisa contar com amplo respaldo na opinião pública, e a colaboração na sua concepção de todos os setores da sociedade. Requer também o engajamento do nosso corpo de diplomatas: uma política de Estado e não uma ação facciosa voltada para excitar os ânimos e exacerbar os preconceitos de uma minoria obscurantista e reacionária. Nossa solidariedade e decidido apoio aos diplomatas humilhados e constrangidos por posições que se chocam com as melhores tradições do Itamaraty.

A reconstrução da política exterior brasileira é urgente e indispensável. Deixando para trás essa página vergonhosa de subserviência e irracionalidade, voltemos a colocar no centro da ação diplomática a defesa da independência, soberania, da dignidade e dos interesses nacionais, de todos aqueles valores, como a solidariedade e a busca do diálogo, que a diplomacia ajudou a construir como patrimônio e motivo de orgulho do povo brasileiro.

*FHC é ex-presidente da República e ex-ministro das Relações Exteriores. Aloysio Nunes Ferreira, Celso Amorim, Celso Lafer, Francisco Rezek e José Serra são ex-ministros das Relações Exteriores. Rubens Ricupero é ex-ministro da Fazenda, do Meio Ambiente e ex-embaixador do Brasil em Washington. Hussein Kalout é ex-secretário especial de Assuntos Estratégicos da Presidência.

Porque me envergonho de meu país - Paulo Roberto de Almeida

Porque me envergonho de meu país

Paulo Roberto de Almeida
 [Objetivo: postura pessoal; finalidade: publicação]
  
No dia 8 de maio de 1945, 75 anos atrás, em Reims, na França, as forças aliadas registravam a rendição incondicional do Exército da Alemanha nazista, encerrando assim os combates que duraram mais de cinco anos. Os soviéticos não gostaram da cerimônia, uma vez que a Wehrmacht estava se rendendo para as forças ocidentais, e eles consideravam, não sem razão, de que tinham sido eles, exército e povo russos, que tinham feito o maior esforço para vencer as forças nazistas, com cerca de 20 milhões de mortos. Por isso organizaram uma segunda cerimônia de rendição, desta vez em Berlim, no dia seguinte, 9 de maio.
Assim que passaram a ocorrer, desde então, dois desfiles e duas comemorações. No dia 8, do lado do Ocidente, e dia 9 de maio, do lado da finada URSS e agora da Rússia.
A Alemanha estava em ruínas, tendo provocado destruições ainda mais pavorosas nos países atacados por ela, mas esse não era e não podia ser o seu crime mais importante. Ela tinha sido responsável por bárbaros crimes de guerra e indizíveis crimes contra a humanidade, embora apenas os chefes militares e alguns ministros civis tenham sido julgados em Nuremberg. Grande parte da população, não só populares, mas também representantes das classes mais altas colaboraram ativamente com a barbárie nazista, desde o início do regime, e sobretudo nas horas mais sombrias de um país dominado pela loucura genocida.
Quando a Alemanha começou a ser reconstruída, embora dividida e ocupada, governo e povo tiveram de fazer enorme esforço de arrependimento para tentar recuperar um pouco da honra perdida pelo seu povo e governantes, como resultado dos crimes pavorosos cometidos durante mais de dez anos contra seus vizinhos e, sobretudo, contra o povo judeu, o seu próprio e o dos vizinhos. Quando um povo se deixa dominar por um psicopata, esse pode ser o destino de uma nação outrora grandiosa. Por isso, neste 8 de maio de 2020, cabe uma advertência contra novos demagogos desequilibrados que se apresentem em diversos países.
Em 1900, ou seja, 120 anos atrás, o Conde Afonso Celso, político do Império, fundador da Academia Brasileira de Letras, publicou um livrinho para exaltar as supostas virtudes do Brasil: Por que me ufano do meu país? Deu origem a toda uma literatura de orgulho e exaltação das grandezas do Brasil, que passou a ser catalogada na categoria do ufanismo – o termo se consagrou, justamente – que chegou a contaminar gerações de brasileiros sinceramente patriotas, aliás até hoje, e até intelectuais do porte de um Stefan Zweig, que perpetrou um panfleto condenando o Brasil a ser um país “de futuro”, uma de suas obras mais medíocres, se é possível encontrar obras descartáveis na vasta produção do escritor austríaco, que se suicidou no Carnaval de 1942, em Petrópolis. Entre os dois, se situa a obra mais melancólica de Paulo Prado, Retrato do Brasil: ensaio sobre a tristeza brasileira, de 1928, uma discussão sobre nossas virtudes menos imitáveis. 
Mas não é o caso, aqui, de iniciar um debate literário sobre as virtudes ou defeitos respectivos de cada uma dessas visões sobre o nosso país ou seu povo. Já tivemos momentos de grande fervor ufanista, sob democracias – como a conquista triunfal da Copa do Mundo de Futebol em 1958, no governo otimista de Juscelino Kubitscheck tanto quanto sob ditaduras, como a exaltação do gênio brasileiro, no mesmo futebol, como a conquista do campeonato de 1970, enquanto outros brasileiros eram torturados nas masmorras dos órgãos de repressão. Os momentos de pessimismo são mais coetâneos aos períodos de crise econômica, de decepções políticas, de morte de grandes personalidades do mundo artístico, ou até mesmo do mundo político, como também ocorreu no episódio do suicídio de Getúlio, em 1954, ou na morte acidental do próprio Juscelino Kubitschek, em 1976. 
Nosso momento atual, em que pese a exaltação patriótica de alguns setores, se nos apresenta como de imensa vergonha, aos nossos próprios olhos, assim como aos olhos do mundo. Nunca antes em nossa história, desde a chegada do primeiro governador-geral à cidade de Salvador, em 1548, Tomé de Souza, tínhamos tido notícia de um dirigente tão medíocre, tão rústico e perverso quanto o atual presidente. Não tem nada a ver com suas posturas políticas ou suas supostas afinidades ideológicas, e sim com sua atitude em relação ao simples respeito pela vida, algo que já estava evidente desde longos anos, quando ele se comprazia em exaltar as virtudes da ditadura militar e não se furtava em elogiar um torturador notório daquele regime. Mais de uma vez lamentou o fato de que a ditadura militar não eliminou, sumariamente, um número maior de opositores, comunistas, como ele os classifica, no seu simplismo sectário. 
Até o final de 2019, esses defeitos eram reafirmados como “traços folclóricos de caráter”, embora condenáveis num político eleito presidente da República. Mas, a partir da disseminação da pandemia no Brasil, o celerado personagem passou a exibir os traços mais deploráveis de seu caráter, o desprezo notório pela vida humana, várias vezes demonstrado desde o início da doença no Brasil, o que nos autoriza plenamente a chama-lo, sem nenhuma hesitação, de “presidente genocida”. O efeito que isso provoca nos meios de comunicação de todo o mundo é devastador para o nosso amor próprio, uma vez que a imagem do Brasil no exterior passa a ser de um país mais ou menos parecido com a Uganda sob Idi Amin Dada, um outro genocida notório, provavelmente um psicopata, como existem tantos aspirando à conquista do poder. Não foi por acaso que comecei este trabalho relembrando o exemplo da Alemanha, outrora detentora das mais dignas manifestações de cultura e humanismo, depois caída sob a dominação de um tirano que a conduziu à maior ruína de sua história.
O Brasil não corre esse risco de ser arrastado a uma destruição tão completa quanto aquela imposta ao povo alemão pelo psicopata que conquistou o poder em 1933. Mas, as evidências já reveladas quanto aos “traços de caráter” do desequilibrado presidente do Brasil já nos autoriza a incluí-lo no rol de psicopatas perigosos, uma vez que provocando a morte de centenas, talvez milhares de pessoas, com sua indução genocida a desprezar os dados da ciência e a estimular comportamentos insanos em seus seguidores ou ingênuos ignorantes. 
Não vou escrever um novo opúsculo com o título oposto ao de Afonso Celso, mas não tenho nenhuma hesitação em confirmar que sinto profunda vergonha pelo que ocorre atualmente em nosso país, sobretudo em relação a uma política externa que não tem nenhuma qualificação para ser chamada por esse nome, e em conexão com uma diplomacia que acresce ao sentimento de asco, pelo que representa de diminuição de nossa imagem e prestígio no exterior. Infelizmente, teremos de suportar o opróbrio durante algum tempo mais, uma vez que processos de afastamento constitucional de presidentes criminosos – como é certamente o caso do atual – são necessariamente demorados em situações democráticas. 
Entretanto, nada me impede de expressar publicamente meu horror e indignação pelo fato de estarmos sendo representados por um sujeito cuja estatura moral se iguala à dos piores tiranos conhecidos na história da humanidade. Ele só não pode exercer todo o seu inato poderio destruidor porque as circunstâncias e as instituições ainda existentes no país não o permitem, não por falta de vontade ou de convicções despóticas. Que passe logo.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 3665: 8 de maio de 2020


Uma reunião ordinária, muito ordinária: ministros ouvem palavrões do PR (OESP)

Acho que esse vídeo deveria ser x-rated, ou seja, liberado só para maiores de idade...

Palavrões e ameaças: os bastidores da reunião citada por Moro à PF
Em encontro, o presidente Jair Bolsonaro pediu alinhamento, segundo presentes
Jussara Soares, O Estado de S.Paulo
07 de maio de 2020 | 21h28

BRASÍLIA – Palavrões, briga de ministros, anúncio de distribuição de cargos para o Centrão e ameaça do presidente Jair Bolsonaro de demissão “generalizada” a quem não adotasse a defesa das pautas do governo. De acordo com participantes na reunião citada por Sérgio Moro, ex-titular da pasta da Justiça e Segurança Pública, é este o conteúdo do vídeo requisitado pelo ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, e que o Palácio do Planalto quer evitar divulgar na íntegra. 

Na tarde desta quinta-feira, 7, a Advocacia-Geral da União pediu ao decano pra enviar somente trechos da reunião de 22 de abril, que sejam ligadas ao Moro e Bolsonaro. Segundo o ex-ministro, na ocasião o presidente o pressionou na frente dos colegas a trocar o comando da Polícia Federal. 

Na noite de quarta-feira, 6, o governo pediu que Celso de Mello reconsiderasse o pedido do vídeo por se tratar de “assuntos sensíveis de Estado.” Conforme o Estadão informou, o Planalto também cogitou alegar não ter o conteúdo na íntegra mas apenas trechos da reunião, pois as gravações são “pontuais e curtas”. 

O encontro de cerca de duas horas, cujos bastidores hoje mobilizam Brasília, ocorreu no terceiro andar do Palácio do Planalto, dois dias antes da demissão de Moro, e é considerado o mais tenso do governo até aqui. A agenda com o presidente foi convocada inicialmente para apresentação do programa Pró-Brasil, de recuperação econômica, e teve a participação de 26 autoridades, incluindo o vice Hamilton Mourão, todos os ministros e presidentes dos bancos. Outros auxiliares diretos de Bolsonaro também acompanharam. 

Reunião citada por Moto teve palavrões, ameaças e brigas de ministros

Em relatos reservados, dois ministros disseram ao Estadão que a ameaça de demissão não foi direcionada ao ex-juiz da Lava Jato, mas foi um recado a todos os integrantes do primeiro escalão. Segundo participantes do encontro, o presidente cobrou alinhamento às pautas dele e cumprimento irrestrito de suas ordens.

Foi neste contexto, sempre de acordo com os relatos feitos ao Estadão, que Bolsonaro pediu acesso às informações de inteligência. À reportagem, presentes na reunião evitaram confirmar se o presidente exigiu a troca do comando da PF. Dois deles alegaram não “se lembrar.”

No entanto, de acordo com um dos participantes, o presidente disse que quem não estivesse satisfeito poderia ir embora. Outro auxiliar disse que Bolsonaro falou poderia demitir quem quisesse. 

A cobrança de Bolsonaro a seu primeiro escalão foi feita com muitos palavrões. Apesar disso, auxiliares observam que é comum o presidente, às portas fechadas e à vontade, usar termos que não atendem aos bons modos. Nestas ocasiões, para evitar vazamentos, todos os participantes são obrigados a deixar o celular do lado de fora da sala. O único que costuma ser exceção é o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno. Já o telefone do presidente costuma ficar nas mãos de um ajudante de ordens.

Fotos feitas pela Secretaria Especial de Comunicação (SECOM) da reunião do dia 22 de abril mostram os participantes com as feições cerradas. Em várias delas, Moro está com os braços cruzados e o semblante tenso. Pelos registros, é possível verificar que há uma câmera de vídeo no local. 

Até agora a Secom não respondeu os questionamentos sobre a existência do vídeo. Nos bastidores, auxiliares do Planalto passaram a alegar que só havia trechos pontuais da gravação. O argumento confronta uma declaração do próprio presidente que, no dia 28 de abril, admitiu que os encontros do primeiro escalão são filmados, e os vídeos guardados em um cofre. Bolsonaro chegou a prometer que divulgaria o vídeo da reunião com Moro para mostrar como ele trata os ministros, mas dois depois recuou alegando que recebeu o conselho para “não divulgar para não criar turbulência.”

Outro “assunto sensível” tratado pelo presidente, que também poderia ser motivo de “turbulência”, foi aproximação do governo com líderes dos partidos do centro. Bolsonaro comunicou que entregaria cargos às legendas e provocou reações. Moro, segundo o Estado apurou, teria demonstrando discordância. 

O encontro foi convocado para a apresentação do Pró-Brasil, programa de recuperação econômica anunciado pelo ministro-chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto, com o incentivo do ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, e sem o aval do ministro da Economia, Paulo Guedes. 

Diante dos colegas de Esplanada, Guedes e Marinho se desentenderam sobre gastos públicos para incentivar a retomada da economia após o fim da pandemia da coronavírus. Marinho disse Guedes era apegado a dogmas. O ministro da Economia, por usa vez, respondeu dizendo que tinha estudado o que ninguém estudou. E acrescentou que que o plano Pró-Brasil era “completamente maluco”. Na mesma oportunidade, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, teria feito duras críticas ao ministro do STF.

O pedido do vídeo foi deferido por Celso de Mello, na terça-feira, dia 5, no inquérito que apura as acusações do ex-ministro Sérgio Moro de tentativa de ‘interferência política’ de Bolsonaro no comando da Polícia Federal.

Foram citados o chefe da Secom, Fabio Wanjgarten, o chefe da assessoria especial da Presidência, Célio Faria Junior, e o ministro-chefe da Secretaria-Geral, Jorge Oliveira, que obriga a apresentar as gravações. Os três receberam a notificação na quarta-feira, 6. Faria e Jorge Oliveira alegam que não cabe a eles gravar ou manter registros de audiovisual das reuniões. A Secom não respondeu.

A FAO num mundo faminto: nro. especial da International History Review

H-Diplo Article Review 949 on “Confronting a Hungry World: The United Nations Food and Agricultural Organization in a Historical Perspective.”

by George Fujii
H-Diplo Article Review 949
7 May 2020

“Confronting a Hungry World: The United Nations Food and Agricultural Organization in a Historical Perspective.”  Special Issue of International History Review 41:2 (2019): 345–458.  DOI: https://doi.org/10.1080/07075332.2018.1460386.

Review Editor: Diane Labrosse | Commissioning Editor: Cindy Ewing | Production Editor: George Fujii
Review by Kaete O’Connell, Southern Methodist University

The United Nations Food and Agriculture Organization (FAO) was the first of several permanent international organizations established in the postwar period.  The organization’s constitution asserted that members were “determined to promote the common welfare” and pledged to improve nutrition, raise standards of living, enhance food production and distribution, and “[ensure] humanity’s freedom from hunger.”[1] Since food insecurity was a catalyst for conflict, eliminating hunger and rural poverty was believed to be a necessity for peace. The enormity of the task that lay ahead was not lost on contemporaries who envisioned the program as a key component in the postwar international order.
Regardless of the real or perceived significance of the organization, histories of the FAO remain sparse.  Existing scholarship offers an overview of the FAO’s founding, but few historians explore the organization’s many missions, contributions, or controversies.[2] It is this “paradox” that contributors to this special issue, “Confronting a Hungry World: The United Nations Food and Agricultural Organization in a Historical Perspective,” seek to address (345). The result is a thought-provoking issue that offers both a top-down and bottom-up perspective on the organization’s early years. Editors Corinne A. Pernet and Amalia Ribi Forclaz offer a collection that breaks with the one-dimensional institutional histories of the past and instead examines the “FAO’s role in the articulation of policies and practices of ‘development’” (346). By focusing on the 1950s, the articles underscore how postwar promises and desires for international cooperation were quickly eclipsed by Cold War politics. The lofty goals of eradicating hunger and poverty remained out of reach, but the FAO’s early projects, which collected information on production and consumption, laid the foundation for later global governance and food safety standardization.
Pernet and Forclaz’s introduction, “Revisiting the Food and Agriculture Organization (FAO)”, sets the tone for an ambitious issue.[3] They believe the general “reluctance” of historians to engage with the FAO is largely a result of archival difficulties, since access to the organization’s papers has been limited in recent years (347). Yet the contributors impressively marshal a diverse array of sources, combing local archives and personal papers scattered across the globe alongside the FAO archives in Rome. One of the great strengths of this collection is the variety of perspectives incorporated in the analyses. Actors from within and beyond the purview of FAO’s administration enrich the narratives, offering valuable insights into the organization’s role in facilitating cooperation among different nations and interest groups.
The first three essays in the issue examine how knowledge was produced and circulated by civil servants and experts in the FAO’s early programs. Amalia Ribi Forclaz’s article, “From Reconstruction to Development,” focuses on the work of the Rural Welfare Division under the leadership of economist Horace Belshaw.[4] Relying on correspondence, Forclaz traces the origins of rural development planning in the late 1940s, highlighting Belshaw’s sensitivity to local cultures and skepticism towards expert intervention. Belshaw “focused on how to develop people rather than resources,” believing economic development was a social process (364). His holistic approach was abandoned, however, in favor of technical assistance programs and short-term interventions. This shift is important, Forclaz argues, because it deepens our understanding of the intellectual history of development. The FAO offered a platform for experimentation in the early postwar period, demonstrating that “development was never a homogenous set of ideas” (365).
Sarah W. Tracy’s article, “A Global Journey–Ancel Keys, the FAO, and the Rise of Transnational Heart Disease Epidemiology,” similarly examines the contributions made by a single individual working for the FAO.[5] Keys, who was a physiologist, served as chair of the FAO Committee on Caloric Requirements and the Expert Committee on Nutrition. These experiences piqued Keys’s interest in regional dietary habits, and “led him to think globally about the relationship between diet and cardiovascular health” (372). Tracy argues that Keys’s FAO service profoundly shaped his research agenda. In addition to thinking in broad comparative terms, he developed new techniques for conducting research on a global scale and built a social network of like-minded scientists. Tracy’s article explores the theoretical, interpersonal, and technical changes in Keys’s work as he transitioned from a nutritional physiologist to a chronic disease epidemiologist. She concludes that the relationship between the experts and the FAO’s global mandate was “dynamic and synergistic…with each party influencing the other, sometimes in mutually beneficial ways” (374).
Adopting the perspective of a fieldworker, Corinne A. Pernet focuses on Emma Reh, a staff member of the Nutrition Division assigned to Central America in her article, “FAO from the Field and from Below”.[6] Pernet relies on Reh’s correspondence and field reports to explore issues of marginalization surrounding the FAO’s work in Central America during the 1950s. These challenges included difficulties establishing a strong presence in the region, structural inequalities within the organization, a growing tendency to privilege medical science over field work, and a gender imbalance that affected Reh’s ability to conduct field work and navigate bureaucratic circles. Reh’s food surveys drew direct correlations between poverty and malnutrition, yet, her emphasis on socio-economic factors was swept aside in favor of nutritionism. For Pernet, this shift toward medicalization is indicative of “gendered power asymmetries” (392).
The remaining articles explore issues of sovereignty, examining how local dynamics shaped the implementation of rural development programs. Oliver Dinius’s “Transnational Development on the Frontier” looks at the Brazilian government’s effort to promote social and economic development in the Amazon with the creation of a regional development agency, the Superintendency for the Plan of Economic Valorization of the Amazon (Superintendência do Plano para a Valorização Econômica da Amazônia, SPVEA).[7] The Brazilian government requested FAO assistance to develop programs in fishery, agriculture, and forestry. Dinius offers a close analysis of competing visions of development that emerged in the Amazon Mission, demonstrating how these differences influenced the FAO’s planning and shaped Brazilian agendas. The FAO’s Amazon Mission failed, Dinius concludes, because the host nation lacked the administrative capacity to support the project (423). Surprisingly, the failure of the Amazon Mission cannot be attributed to resistance to foreign meddling or differences in strategy but rather was the result of a lack of resources that were then further undermined by existing economic circumstances and Brazilian politics.
Finally, Benjamin Siegel’s essay, “The Claims of Asia and the Far East”, focuses on newly independent India where the FAO’s agenda held great promise but failed to deliver.[8] Siegel examines the converging interests of Indian experts, administrators, and politicians, concluding that the FAO “proved a greater boon to Indian careerism and the authority of Indian experts themselves than to the amelioration of hunger” (428). Siegel identifies a disconnect between FAO administrators and Indian representatives, highlighting the tension between national and international aspirations. The FAO offered a platform for international recognition and legitimacy but failed to provide adequate material assistance. The FAO’s marginal role in Indian agricultural development reflected a “winnowing scale of ambition” that importantly coincided with decolonization and an escalating Cold War (428).
For this reader, the greatest takeaway is the collective emphasis on interpersonal relations. The FAO encouraged collaboration across disciplines and state borders. It enabled Keys to forge important connections with scientists across the globe. Keys’s research paid close attention to similarities and differences in eating across cultures, reflecting field worker Reh’s interest in local custom and Belshaw’s holistic approach to rural welfare. Belshaw and Reh remained skeptical of top-down development programs and believed that greater attention needed to be paid to individual needs and establishing goodwill with local communities. In Brazil and India, government agents and experts manipulated FAO strategies to serve their own needs and interests, often at the expense of recipient populations.
Together these articles illustrate how different actors, agencies, and governments interpreted the FAO’s mission to eradicate hunger and combat rural poverty and adapted it to suit a range of long- and short-term objectives. The issue concludes with a thoughtful epilogue by Corinna R. Unger that reflects on the articles’ interventions and offers suggestions for future historical inquiry.[9] Unger commends the issue’s focus on rural development, which she believes offers new insight into both the FAO’s history and the organization’s contributions to the field of international development (452). She also notes how the articles situate the FAO in the larger political context. The organization was not isolated or static, but adjusted strategies in response to a variety of external political and economic factors.
“Confronting a Hungry World” stresses the importance of the FAO to postwar histories of transnational cooperation, international organizations, development, and food and nutrition. The essays do an extraordinary job of breathing life into the early years of the organization, as it struggled to reconcile its idealism to meet practical demands and evolving geopolitical circumstances. Buoyed by postwar idealism, the FAO endeavored to make freedom from want a reality for populations across the globe. Yet almost 75 years later, food security remains elusive.[10] Conflict, climate change, and poverty continue to stymie the U.N.’s efforts. Even so, this exploration into the early years of the FAO offers fresh insights on the renewed program to eradicate global hunger and malnutrition.

Kaete O’Connell is a postdoctoral fellow at the Center for Presidential History at Southern Methodist University.  Her research explores food diplomacy in the early Cold War, specifically looking at the political and cultural significance of U.S. food aid in post-WWII Germany.

Notes
[1] “Constitution,” in Basic Texts of the Food and Agriculture Organization of the United Nations, vol. I (2017), 3, http://www.fao.org/3/K8024E/K8024E.pdf .
[2] Aside from organizational histories, such as Gove Hambidge, The Story of FAO (New York: D. Van Nostrand Company Inc., 1955), the scholarship on the FAO is thin. See for example John Cave Abbott, Politics and Poverty: A Critique of the Food and Agriculture Organization of the United Nations (New York: Routledge, 1992); Ruth Jachertz, “ʻTo Keep Food Out of Politics’: The UN Food and Agriculture Organization, 1945–1965,” in International Organizations and Development, 1945–1990, eds. Marc Frey, Sönke Kunkel and Corinna R. Unger (New York: Palgrave Macmillan, 2014), 75–100; Amy L.S. Staples, The Birth of Development: How the World Bank, Food and Agriculture Organization, and World Health Organization Changed the World, 1945-1965 (Kent: Kent State University Press, 2006).
[3] Corinne A. Pernet and Amalia Ribi Forclaz, “Revisiting the Food and Agriculture Organization (FAO): International Histories of Agriculture, Nutrition, and Development,” International History Review 41:2 (2019): 345-350, (hereafter IHR).
[4] Amalia Ribi Forclaz, “From Reconstruction to Development: The Early Years of the Food and Agriculture Organization (FAO) and the Conceptualization of Rural Welfare, 1945–1955,” IHR: 351-371.
[5] Sarah W. Tracy, “A Global Journey - Ancel Keys, the FAO, and the Rise of Transnational Heart Disease Epidemiology, 1949-1958,” IHR: 372-390.
[6] Corinne A. Pernet, “FAO from the Field and from Below: Emma Reh and the Challenges of Doing Nutrition Work in Central America,” IHR: 391-406.
[7] Oliver Dinius, “Transnational Development on the Frontier: The FAO’s Fishery and Forestry Missions in the Brazilian Amazon,” IHR: 407-426.
[8] Benjamin Siegel, “‘The Claims of Asia and the Far East’: India and the FAO in the Age of Ambivalent Internationalism,” IHR: 427-450.
[9] Corinna R. Unger, “International Organizations and Rural Development: The FAO Perspective,” IHR: 451-458.
[10] In 2015, the U.N. General Assembly established the goal of eradicating hunger by 2030 as part of the organization’s sustainable development goals. For more see https://www.un.org/sustainabledevelopment/hunger/.

Time and Power. Visions of History in German Politics, from the Thirty years War to the Third Reich, book by Christopher Clark, reviewed by Helmut Walser Smith

H-Diplo Review Essay 226 on Clark. Time and Power. Visions of History in German Politics, from the Thirty years War to the Third Reich

by George Fujii
H-Diplo Review Essay 226
6 May 2020

Christopher Clark.  
Time and Power.  Visions of History in German Politics, from the Thirty years War to the Third Reich.  
Princeton.  Princeton University Press, 2019.  ISBN:  9780691181653 ($29.95/£25.00).

Review Editor: Diane Labrosse | Production Editor: George Fujii

Review by Helmut Walser Smith, Vanderbilt University

Time and Power is an elegant, innovative intervention in what has come to be called the “Temporal Turn.”[1] Christopher Clark, Regius Professor of Modern History at Cambridge University and the author of a string of masterful and influential works, turns his attention to the way holders of power imagine temporal horizons, and how these horizons shape what might be called the root metaphor of their style of rule.[2] Following the pathbreaking work of Reinhart Koselleck and François Hartog, Clark’s Time and Power spans the seventeenth to the twentieth century, and focuses on four rulers: the seventeenth-century ruler of Prussia, known as the Great Elector; Prussia’s eighteenth-century enlightened king, Frederick the Great; the nineteenth-century Iron Chancellor, Otto von Bismarck, and the dictator Adolf Hitler.[3] The focus on major figures is meant to combat a tendency, which Clark sees as being especially prevalent in new work on history and temporality, to write as if only abstract processes brought about shifts in conceptions of time. With astute attention to detail, Clark shows that this is not so—and that fundamental transformations emerged from very concrete historical contexts.  At least in the first three chapters (on the Prussian statesmen), he also aligns the rulers with major intellectual figures: The Great Elector with the jurist Samuel Pufendorf, Frederick the Great with the Voltaire of the Siècle de Louis XIV, and Bismarck with the theologian-philosopher Ernst Troeltsch and his reflections on the crisis of historicism. Although Clark desists from using the term, the pairing has the effect of making the rulers express something like a wider ‘spirit of the age.’
The detailed readings are masterful.  Clark argues that the Great Elector, who ruled for nearly a half century, did not set out to centralize the Prussian state.  Rather, he faced decisions, especially in the wake of the cataclysmic Thirty years War, that encouraged a constant confrontation with uncertainty.  Particularly in in his battles with the estates, the Prussian ruler assumed a permanent anticipatory posture, emphasizing the need to confront a multiplicity of possible futures.  By contrast, the estates, with whom he found himself at constant odds, clung to their rights and privileges, and this backwards look, far from conserving the way things were, actually endangered the whole polity. Temporality was thus a central issue in the Great Elector’s struggle with the estates.  As these back-and-forth tussles over money and control played themselves out, the Great Elector amassed an ever-larger army and did, in fact, come to centralize the state—though less by design than is typically assumed.
If Clark’s interpretation of the Great Elector as not setting out in a conscious drive to centralize the state will surprise some, his reading of Frederick the Great as essentially interested in stasis will also give commentators reason to pause.  It is true that Frederick’s preemptive strike in Silesia in 1740 brought about the midcentury Silesian Wars that caused so much bloodshed and ended by draining the treasuries of any number of states.  Yet it bears recalling that most of Frederick’s reign occurred after this initial moment.  In his writing, and in his actions (the case is stronger for the years subsequent to the Seven Years War), Frederick, according to Clark, was essentially a conservative ruler. Less interested in bending the real to the ideal, the king saw history in terms of a recursive, non-developmental paradigm; in other words, he worked towards a condition of well-ordered temporal stasis.
Bismarck was different again.  He understood that the Revolution of 1848 had inaugurated a new political epoch, one that made rulers appear ever more helpless when faced with great historical forces.  Bismarck realized that one could at best steer these forces, but attempting to constrain them fully was quixotic, if not ruinous.  For Bismarck, the temporal dimension was nevertheless of immense importance.  Clark attributes the Iron Chancellor’s success to his ability to focus on the moment as a central category of statesmanship.  For Bismarck, the moment of decision, not the general philosophy, was load-bearing. He intervened in history any number of times—momentously, for example, in his decision to anchor universal manhood suffrage in the constitution.  In these moments, Bismarck was supremely non-ideological, much to the chagrin of supporters and opponents alike.  In Clark’s interpretation, Bismarck’s temporal frame was of immense importance to such history-changing, if momentary decisions.  Bismarck, according to Clark, saw history as developmental, not progressive in the sense of movement in a single direction or towards an ultimate goal.
Clark’s interpretation of Bismarck as not imaging an ultimate goal is a subtle critique of the Borussian tradition, which imagines state power as that goal.[4] A temporality fixated on the future also defined the gulf between Bismarck and Hitler.  It was, according to Clark, the Nazi dictator who thought primarily in terms of end goals.  He spoke of prophecies, end states, final solutions, and an Endkampf.  This made him fundamentally different than other fascist leaders, like Benito Mussolini, who were anxious to align themselves with the general sweep of modernity.  For Hitler, the state was not the end, but merely a means to the preservation and extension of the Germanic race.  Hitler’s temporal register was indeed future oriented, but with the added sense of being a rejection of history, or at least the post-Westphalian, state-centered, history with which Clark’s book begins.
This brief recounting does not do full justice to subtle complexities of Clark’s arguments.  These arguments are conceptually sophisticated, forcefully presented, and persuasive on many levels.  With respect to the Third Reich, however, there remains an open question as to the relationship between ruler and regime, and how, in this interplay, history actually unfolded.  The word ‘final solution,’ for example, fits Clark’s cogent analysis of Hitler’s basic eschatological stance.  But the word itself did not always mean what we now take it to mean.[5] Originally it pointed to expulsion, not genocide.  Hitler’s so-called “Second Book,” while never published in his lifetime, was full of medium-range foreign policy prescriptions about continental, not world, or end-state hegemony.[6] Of course, how the rhetoric of the Third Reich functioned is an open question. But for the temporal turn, it does raise the broader issue of whether and how historians can appropriate the rhetoric of the age of the extremes to gage its underlying sense of time.  However we answer this question, Clark has offered a rich and compelling analysis that will influence the very grammar with which we write political history.

Helmut Walser Smith is the Marth Rivers Ingram Professor of History and the author of Germany.  A Nation in its Time.  Before, During, and After Nationalism, 1500-2000 (W.W. Norton, 2020).

Notes
[1] Central inaugurating texts of the “turn,” if it may be called that, can now be found in Reinhart Koselleck, Zeitschichten (Frankfurt am Main: Suhrkamp, 2000).
[2] See, most recently, Christopher Clark, Iron Kingdom: The Rise and Downfall of Prussia, 1600-1947 (Cambridge: Harvard University Press, 2009); Clark, The Sleepwalkers: How Europe Went to War in 1914 (New York: Harper Collings, 2012).
[3] Koselleck, Zeitschichten (fn.1); François Hartog, Regimes of Historicity.  Presentism and Experiences of Time, trans. Saskia Brown (New York: Columbia University Press, 2015).
[4] For a brief, if scathing, account of what is also known as “the Prussian school” of history, see George G. Iggers, The German Concept of History.  The National Tradition of Historical Thought from Herder to the Present (Middletown: Wesleyan University Press, 1968), 90-123.
[5] Mark Roseman, The Villa, The Lake, The Meeting: Wannsee and the Final Solution (New York: Metropolitan Books, 2002).
[6] Gerhard L. Weinberg, ed. Hitler’s Second Book.  The Unpublished Sequel to Mein Kampf, trans. Krista Smith (New York: Enigma Books, 2003).

Livros sobre o Brasil e os Estados Unidos - Paulo Roberto de Almeida

3293. “Livros sobre o Brasil e os brasilianistas e sobre as relações Brasil-Estados Unidos organizados/editados por Paulo Roberto de Almeida”, Lisboa-Porto, 29 de junho-1 de julho de 2018, 15 p. Explicações sobre e sumários dos seguintes livros:

 O Brasil dos Brasilianistas: um Guia dos Estudos sobre o Brasil nos Estados Unidos, 1945-2000Rubens Antonio Barbosa, Marshall C. Eakin e Paulo Roberto de Almeida (editores) (São Paulo: Paz e Terra, 2002); 


Envisioning Brazil: A Guide to Brazilian Studies in the United States, 1945-2003Edited by Marshall C. Eakin and Paulo Roberto de Almeida (Madison: Wisconsin University Press, 2005); 

Guia dos Arquivos Americanos sobre o Brasil: coleções documentais sobre o Brasil nos Estados Unidos; Paulo Roberto de Almeida, Rubens Antonio Barbosa e Francisco Rogido Fins (orgs.) (Brasília: Funag, 2011); 

Relações Brasil-Estados Unidos: assimetrias e convergênciasPaulo Roberto de Almeida e Rubens Antônio Barbosa (orgs.) (São Paulo: Saraiva, 2005). 



3664. O Brasil dos Brasilianistas: um guia dos estudos sobre o Brasil nos Estados Unidos, 1945-2000organizadores:Rubens Antônio Barbosa, Marshall C. Eakin e Paulo Roberto de Almeida (São Paulo: Paz e Terra, 2002, 514 p.; ISBN: 85-219-0441-X); Brasília, 7 maio 2020, 455 p. Reformatação da edição comercial, fora do mercado, para fins de divulgação nas redes sociais. Disponível nas plataformas Academia.edu (link: https://www.academia.edu/42973774/O_Brasil_dos_Brasilianistas_um_guia_dos_estudos_sobre_o_Brasil_nos_Estados_Unidos_1945-2000_2002_) e Research Gate (link: https://www.researchgate.net/publication/341220241_O_Brasil_dos_Brasilianistas_um_guia_dos_estudos_sobre_o_Brasil_nos_Estados_Unidos_1945-2000); divulgado no blog Diplomatizzando (link:  https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/05/o-brasil-dos-brasilianistas-livro.html). Capítulo 1 (“Introdução: uma certa ideia do Brasil: as afinidades eletivas dos brasilianistas”, Marshall Eakin e PRA; na Academia.edu, link: https://www.academia.edu/42975463/Introducao_Uma_certa_ideia_do_Brasil_as_afinidades_eletivas_dos_brasilianistas); Capítulo 2 (“Tendências e perspectivas dos estudos brasileiros nos Estados Unidos”, PRAlmeida; link na plataforma Academia.edu: https://www.academia.edu/42975560/2._Tend%C3%AAncias_e_perspectivas_dos_estudos_brasileiros_nos_Estados_Unidos); Capítulo 15. (“Cronologia da produção brasilianista de 1945 a 2001”; na plataforma Academia.edu; link: https://www.academia.edu/42975754/Cronologia_da_Producao_Brasilianista_1945_a_2001); Capítulo 18 (“Bibliografia seletiva”, plataforma Academia.edu; link: https://www.academia.edu/42975795/18._Bibliografia_seletiva_da_produ%C3%A7%C3%A3o_editada_ou_publicada_nos_EUA_sobre_o_Brasil).


3172. “Você é um ‘accident prone diplomat’: minhas interações com o embaixador Rubens Antônio Barbosa”, Brasília, 2 outubro 2017, 45 p. Ensaio impressionista para servir de depoimento sobre minha relação de trabalho e amizade com o diplomata que foi meu chefe em diversas ocasiões. Publicado em versão resumida no livro de Rubens Antônio Barbosa: Um diplomata a serviço do Estado: na defesa do interesse nacional (depoimentos ao Cpdoc) (Rio de Janeiro: FGV, 2018, 300 p.; ISBN: 978-85-225-2078-7), pp. 273-289. Divulgado em versão completa na plataforma Academia.edu (21/10/2018; link: https://www.academia.edu/37622963/Um_accident-prone_diplomat_depoimento_sobre_emb._Rubens_Barbosa) e em Research Gate (link:https://www.researchgate.net/publication/328416691_Voce_e_um_'accident-prone_diplomat').




quinta-feira, 7 de maio de 2020

The Lancet: So what Brazil? - Um presidente DEBILOIDE

Repito: um presidente DEBILOIDE.
Essa é a imagem que o dirigente do infeliz Brasil transmite ao mundo, segundo uma das melhores revistas científicas, da área médica, do mundo...
Repito mais uma vez, um presidente DEBILOIDE.
Chega a ser CONSTRANGEDOR, para nós, pessoais normais, ter de assistir ao espetáculo de uma das mais importantes revistas da área médica do mundo, fazer um EDITORIAL contra o presidente de um país. Constrangedor porque temos de aparecer ao mundo como tendo eleito além de um presidente DEBILOIDE, repito DEBILOIDE, também alguém que é JUMENTO, pois só um JUMENTO pode fazer coisas contra os seus próprios interesses. 

Imagino que se os ministrinhos do Supreminho tivessem esse poder, já o teriam CASSADO no ato, ao penetrar sem convite no STF. 
Paulo Roberto de Almeida

EDITORIAL| VOLUME 395, ISSUE 10235P1461, MAY 09, 2020

COVID-19 in Brazil: “So what?”




The coronavirus disease 2019 (COVID-19) pandemic reached Latin America later than other continents. The first case recorded in Brazil was on Feb 25, 2020. 
But now, Brazil has the most cases and deaths in Latin America (105 222 cases and 7288 deaths as of May 4), and these are probably substantial underestimates. Even more worryingly, the doubling of the rate of deaths is estimated at only 5 days and a recent study by Imperial College (London, UK), which analysed the active transmission rate of COVID-19 in 48 countries, showed that Brazil is the country with the highest rate of transmission (R0 of 2·81). 
Large cities such as São Paulo and Rio de Janeiro are the main hotspots now but there are concerns and early signs that infections are moving inland into smaller cities with inadequate provisions of intensive care beds and ventilators. Yet, perhaps the biggest threat to Brazil's COVID-19 response is its president, Jair Bolsonaro.
When asked by journalists last week about the rapidly increasing numbers of COVID-19 cases, he responded: “So what? What do you want me to do?” He not only continues to sow confusion by openly flouting and discouraging the sensible measures of physical distancing and lockdown brought in by state governors and city mayors but has also lost two important and influential ministers in the past 3 weeks. 
First, on April 16, Luiz Henrique Mandetta, the respected and well liked Health Minister, was sacked after a television interview, in which he strongly criticised Bolsonaro's actions and called for unity, or else risk leaving the 210 million Brazilians utterly confused. 
Then on April 24, following the removal of the head of Brazil's federal police by Bolsonaro, Justice Minister Sérgio Moro, one of the most powerful figures of the right-wing government and appointed by Bolsonaro to combat corruption, announced his resignation. 
Such disarray at the heart of the administration is a deadly distraction in the middle of a public health emergency and is also a stark sign that Brazil's leadership has lost its moral compass, if it ever had one.


Even without the vacuum of political actions at federal level, Brazil would have a difficult time to combat COVID-19. About 13 million Brazilians live in favelas, often with more than three people per room and little access to clean water. 
Physical distancing and hygiene recommendations are near impossible to follow in these environments—many favelas have organised themselves to implement measures as best as possible. Brazil has a large informal employment sector with many sources of income no longer an option. 
The Indigenous population has been under severe threat even before the COVID-19 outbreak because the government has been ignoring or even encouraging illegal mining and logging in the Amazon rainforest. These loggers and miners now risk bringing COVID-19 to remote populations. 
An open letter on May 3 by a global coalition of artists, celebrities, scientists, and intellectuals, organised by the Brazilian photojournalist Sebastião Salgado, warns of an impending genocide.
What are the health and science community and civil society doing in a country known for its activism and outspoken opposition to injustice and inequity and with health as a constitutional right? 
Many scientific organisations, such as the Brazilian Academy of Sciences and ABRASCO, have long-opposed Bolsonaro because of severe cuts in the science budget and a more general demolition of social security and public services. In the context of COVID-19, many organisations have launched manifestos aimed at the public—such as Pact for Life and Brazil—and written statements and pleas to government officials calling for unity and joined up solutions. 
Pot-banging from balconies as protest during presidential announcements happens frequently. There is much research going on, from basic science to epidemiology, and there is rapid production of personal protective equipment, respirators, and testing kits.
These are hopeful actions. Yet, leadership at the highest level of government is crucial in quickly averting the worst outcome of this pandemic, as is evident from other countries. 
In our 2009 Brazil Series, the authors concluded: “The challenge is ultimately political, requiring continuous engagement by Brazilian society as a whole to secure the right to health for all Brazilian people.” Brazil as a country must come together to give a clear answer to the “So what?” by its President. He needs to drastically change course or must be the next to go.

Figure thumbnail fx1

Supplementary Material