O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

1310) Submarinos franceses, submarinos alemaes: uma pequena diferenca de 2 bilhoes de euros

Talvez o ministro da Defesa tenha de se explicar melhor ao Congresso, e à opinião pública...

Submarinos: carta contraria Jobim
Diferentemente do que disse ministro, alemães aceitam transferir tecnologia
José Meirelles Passos
O Globo, 26.08.2009

Ao justificar a compra de quatro submarinos Skorpène, da DCNS, estatal da França, e um casco maior - ao qual seria instalado um propulsor nuclear, que ainda está em desenvolvimento no Brasil - o ministro da Defesa, Nelson Jobim, tem dito que não fechou acordo com uma empresa concorrente, da Alemanha, porque não haveria transferência de tecnologia. A alemã HDW construiu no Arsenal da Marinha, no Rio de Janeiro, os cinco submarinos convencionais que o Brasil vem usando. Segundo Jobim, "depois da Segunda Guerra Mundial, a Alemanha tem limitações, por tratados internacionais, de transferir a tecnologia que precisamos".

No entanto, em proposta enviada ao Comando da Marinha e a Jobim - e que tem preço mais baixo do que a feita pela França - a firma alemã deixa claro que não há restrição alguma. O documento, protocolado no último dia 6, obtido pelo GLOBO, diz: "Antes de tudo, temos o prazer de informá-lo que o governo da República Federal da Alemanha aprovou o pedido feito pela HDW para transferir à Marinha brasileira a tecnologia do projeto do submarino, para o desenvolvimento de seu próprio grande submarino, que poderá receber a propulsão nuclear, atualmente sendo desenvolvido pela Marinha brasileira".

O documento deixa mais claro que a opção francesa preferida pelo governo brasileiro - Jobim afirma que o contrato será assinado dia 7 de setembro -- é bem mais cara do que a outra oferta. Segundo o Comando da Marinha, só o casco francês custaria cerca de dois bilhões de euros. E a transferência de tecnologia de projeto da embarcação sairia por 900 milhões de euros adicionais. Um total de 2,9 bilhões de euros por um modelo criado dez anos atrás e que só poderia entrar em atividade quando o Brasil conseguir produzir e homologar um propulsor nuclear. A estimativa de técnicos do setor é a de que isso levaria de 15 a 20 anos.

Curiosamente, o mais novo submarino nuclear francês, o Barracuda - tido como o mais avançado do mundo - está orçado em 1,9 bilhão de euros. Ou seja, 1 bilhão de euros a menos do que o casco de submarino que a França pretende vender ao Brasil.

Addendum em 27.08.09:
Recebido de alguem que entende do assunto:

O fato é que a Marinha alema nao pode transferir tecnologia de construcao de submarinos nucleares porque simplesmente nao os tem. É triste que o articulista nao se de ao trabalho de ver este fato obvio.
O projeto do submarino alemao já foi passado ao Brasil há mais de 20 anos, tanto que construimos diversos deles no Brasil (Classe Tupi).
A alemanha é especialista em desenvolver submarinos de propulsao diesel-eletrica para exportacao. Nuclear o "buraco é BEM mais embaixo" e eles nao tem tecnologia para isso. Ponto.
Nao quer dizer que nao possam fazer um, caso decidissem. Mas nao é esse o caso.
O fato é que a reportagem, como toda sobre o assunto defesa, é fraca, desinformada e carente do conhecimento de aspectos tecnicos minimos. Talvez fruto de uma pesquisa apressada e descuidada. Estas comparacoes que o reporter coloca sao equivocadas pq comparam "laranja com banana".
No entanto, acho boa a discussao do assunto por parte da sociedade. O reporter, contudo, perdeu uma excelente oportunidade de escrever uma noticia que informasse corretamente, pois nem isso faz.
Talvez fosse o caso de perguntar:
-porque a Alemanha depois da decisao brasileira decidiu que poderia vender uma tecnologia que nao tem?
-quantas bases nucleares de submarinos a alemanha tem, para crer que pode concorrer com a oferta francesa?
-qual o projeto de reator nuclear naval a Alemanha pretende vender se nunca os teve? (Os reatores a bordo de submarinos sao COMPLETAMENTE diferentes dos de uso civil)

Esta briga é de cachorro grande e com certeza nao tem nada a ver com a tecnologia do submarino, mas com o "arrasto" que a construcao de um submarino causa, como caldeiraria pesada, metalurgia, mecanica de precisao, combustivel nuclear, construcao civil de bases, optronica etc.
Sobre o caso do Barracuda é tipico de uma assessoria de imprensa com outros interesses...
Seria como comparar um produto que foi completamente desenvolvido no pais, adaptado ao mercado e a demanda futura e querer vende-lo a outro país. É claro que haverá um "premium" nisso. É o que pagamos por nao querer desenvolver tecnologia propria...
A compra da alheia é sempre mais cara.
Cabe notar que a controversia entre comprar fora ou fazer no Brasil vem dos tempos do Imperio e, em geral, o Brasil compra fora para fazer a alegria dos estrangeiros, de sua industria e dos atravessadores. Isso é muito notado em equipamento militar, mas nao se restringe somente a eles. É o caso, por exemplo, de aparelhos de diagnosticos etc.
Somente lamento que o Brasil, mais uma vez, tenha preferido ir "comprar lá fora" em vez de desenvolver aqui. O fato é que NENHUM país até hoje transferiu, nem vendendo, a tecnologia nuclear de nada. O desenvolvimento é sempre autoctone. Portante, me parece, como observador externo, que a oferta da Franca é o primeiro caso da Historia Nuclear. Vamos pagar pra ver, literalmente.
O projeto nuclear brasileiro, sem entrar no merito, é uma mostra da teimosia brasileira ante ao bloqueio externo para o desenvolvimento de tecnologias. Finalmente o Collor e FHC conseguiram leva-lo ao estado vegetativo. Uma pena pois se aprendeu muito, especialmente em metalurgia, e, nao fosse a Marinha trasnferi-lo para as mãos civis como INB e Nuclep, ele seria enterrado de vez.
Eu nao tenho acesso a nenhuma informacao privilegiada, mas essa serie de reportagens é boa devido ao debate sobre a questao, mas que tem um fundo essencialmente mercantilista, ah isso tem.
Isso me lembra uma definicao de luta politica: "briga de oponente armados de faca em uma sala escura. Ganha quem fura mais e sangra menos".

PRA: Agradeco a meu interlocutor as informacoes.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

1309) Problemas de fronteira: solucoes confusas...

Primeiro a matéria da Folha de São Paulo:

Bolívia abre mão de prazo para remoção de brasileiros da fronteira

Morales aceita não exigir saída até dezembro, e Lula se compromete a ajudar os que queiram regressar
FABIANO MAISONNAVE - ENVIADO ESPECIAL A LA PAZ
Folha de São Paulo, 25.08.2009

Atendendo a um pedido do colega Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente Evo Morales concordou em não exigir mais a saída até dezembro dos brasileiros que vivem ilegalmente na zona de fronteira, conforme estava inicialmente previsto em acordo bilateral.
Segundo a Folha apurou, Lula, por sua vez, também se comprometeu com Morales em ajudar os brasileiros que queiram regressar ao Brasil. Os dois se reuniram no sábado, em Villa Tunari (Bolívia).

Na prática, a conversa deve gerar a revisão do projeto original, que incentiva os brasileiros ocupando terras na faixa de 50 km da fronteira boliviana (o que a lei local proíbe) a se mudarem para outras áreas mais no interior da Bolívia.

No departamento amazônico do Pando (norte da Bolívia), onde está a maior parte dos brasileiros em zona de fronteira, o projeto provocou forte descontentamento. Os brasileiros têm resistido a se mudar para dentro do inóspito interior boliviano, e muitos preferem cruzar a fronteira de volta.

A tensão na área aumentou ainda mais com a transferência, no início do mês, de centenas de colonos bolivianos trazidos de outras área do país pelo governo Morales.

Entre os brasileiros, há o temor de perder benfeitorias, como casas e plantações, para os recém-chegados.

A maior parte dos brasileiros é formada por famílias pobres do Acre que vivem da extração da castanha e da borracha, além de praticar agricultura em pequena escala.

Muitos estão há décadas na Bolívia, mas a grande maioria nunca regularizou a sua situação e não fala espanhol, devido à grande presença de brasileiros e ao isolamento da região com o restante da Bolívia.

As estimativas das famílias brasileiras na região variam de 400 a mil famílias. No próximo mês, a OIM (Organização Internacional para as Migrações) planeja um cadastro definitivo de quem deve sair da região.

Fruto do acordo entre Brasília e La Paz, a OIM, organização internacional cuja sede regional fica em Buenos Aires, recebeu R$ 20 milhões do governo Lula para realizar o trabalho de reassentamento dos brasileiros, mas quase nada foi realizado até agora.

Em entrevista coletiva ontem, Morales demonstrou estar satisfeito com a visita de Lula, cujo ponto alto foi a concessão de uma linha de crédito de US$ 332 milhões do BNDES para a construção de uma rodovia. "[O Brasil] é um dos países que lideram a região por sua participação na integração da América do Sul e da América Latina", afirmou o boliviano.

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Agora meus comentários:


O mundo muda, as pessoas também.
No século 19, o Brasil estimulava a imigracao, a colonizacao de terras e o ingresso de agricultores, sobretudo NAS REGIOES DE FRONTEIRAS, como forma de ocupa-las e integra-las à economia nacional.
No seculo 20, as preocupacoes de seguranca nacional, supostamente ameacada por agricultores pobres que sequer tem nocao de jurisicao nacional e de questoes de soberania, determinou que os governos desocupassem as faixas de fronteiras, que deveriam ficar reservadas à posse do governo nacional, por serem supostamente indispensaveis ao exercicio da soberania e da defesa nacional.
Os camponeses pobres, obviamente, ignoram esses pequenos detalhes da grande politica, e continuam a se deslocar, premidos por necessidades puramente materiais.
Governos tem o direito de considerar que sua jurisdicao deva ser preservada.
Dai à paranoia de julgar que esses camponeses pobres constituam uma ameaca à soberania do país é um grande passo, que apenas idiotas resolvem tomar.
O que governos racionais deveriam fazer seria tentar regularizar, registrar, legalizar atividades economicas legitimas, se necessario em cooperacao com os vizinhos de fronteira, que jamais mandaram camponeses pobres em estrategia conspiratoriamente imperialista, como acreditam alguns.
O que governos paranoicos fazem é expulsar, nao raro manu militari, camponeses pobres que adentraram em seu territorio soberano.
Nao creio que seja a melhor forma de tratar da questao.
O que os governos da Bolivia e do Brasil deveriam fazer seria tentar regularizar a situacao desses camponeses pobres, permitindo-lhes exercer atividades economicas legitimas, que contribuem para desenvolver a regiao de fronteira e a torna-la mais segura.
O recurso à expulsão nao resolve nenhum desses problemas...
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Paulo Roberto de Almeida

1308) Still, and over again: colaboracoes a livros

Minhas três últimas colaborações a livros coletivos, publicados recentemente.
Curiosamente, disponho dos dados editoriais, mas ainda não recebi, e portanto não vi fisicamente, nenhum desses três livros:

898. “O império em ascensão (por um de seus espectadores): Introdução ao livro de Manoel de Oliveira Lima: Nos Estados Unidos, Impressões políticas e sociais (1899)”, Brasília, 17 de abril de 2008, 20 p. Comentários e apresentação à reedição deste livro pelo Senado Federal. In: Manoel de Oliveira Lima, Nos Estados Unidos, Impressões políticas e sociais (Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2009; 424 p.; p. 9-39). Relação de Originais n. 1876.

896. “Uma paz não-kantiana?: Sobre a paz e a guerra na era contemporânea”, In: Eduardo Svartman, Maria Celina Soares d’Araujo e Samuel Alves Soares (orgs.), Defesa, Segurança Nacional e Forças Armadas: II Encontro da Abed (Campinas: Mercado de Letras, 2009, 376 p.; ISBN: 978-85-7591-112-9). Relação de Trabalhos n. 1987


895. “Bases conceituais de uma política externa nacional: uma contribuição para a definição de uma agenda diplomática condizente com o princípio do interesse nacional”, In: Estevão C. de Rezende Martins e Miriam G. Saraiva (orgs.) Brasil - União Europeia - América do Sul : Anos 2010-2020 (Rio de Janeiro: Fundação Konrad Adenauer, 2009, p. 267; ISBN: 978-85-7504-138-3). Relação de Originais n. 1929.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

1307) Continuando com a autopromocao (indevida, aparentemente)

Até três meses atrás, a revista Espaço Acadêmico possuía site próprio e ali publicava (às custas dos colunistas editores) todos os seus artigos. Aliás, ainda possui, pois o estoque acumulado até o número 97 continua disponível neste link.
A partir de então, a revista passou a ser editada num programa de edição eletrônica universitária e localizada num servidor universitário, neste link.
Nela publiquei extensiva e intensivamente, mas de forma algo dissidente com o espírito da maioria dos colaboradores.
Os mais atilados logo deduzirão porque...

Estes são alguns dos muitos artigos que publiquei nos últimos tempos, aliás, todos eles disponíveis neste link.

Falácias acadêmicas, 11: o mito da transição do capitalismo ao socialismo

Falácias acadêmicas, 10: mitos sobre o sistema monetário internacional

Falácias acadêmicas, 9: o mito do socialismo do século 21

Falácias acadêmicas, 8: os mitos da utopia marxista

Falácias acadêmicas, 7: os mitos em torno do movimento militar de 1964

Falácias acadêmicas, 6: o mito da Revolução Cubana

Falácias acadêmicas, 5: o mito do complô dos países ricos contra o desenvolvimento dos países pobres

Falácias acadêmicas, 4: o mito do Estado corretor dos desequilíbrios de Mercado

Falácias acadêmicas, 3: o mito do marco teórico

Falácias acadêmicas, 2: o mito do Consenso de Washington

Falácias acadêmicas, 1: o mito do neoliberalismo

Bem, deve ter mais uns 90 artigos meus no site da Espaço Acadêmico...

1306) Nao querendo fazer propaganda pessoal (mas fazendo...)

Muito estudantes, alguns colegas, outros curiosos, enfim, um bocado de gente já me pediu para que eu enviasse meus trabalhos concluídos e publicados para suas caixas postais, pois eles estavam (supostamente) interessados em ler um pouco de minha produção.
A todos eu respondo sinceramente que não faço isso e que não pretendo fazer. Sei que tem alguns escritores compulsivos -- ao meu estilo, talvez -- que mantêm listas fixas e sempre crescentes de recebedores de seus artigos publicados, mas este não é o meu estilo, nem nunca vai ser. Não sou de ficar abarrotando a caixa postal dos amigos e conhecidos com quaisquer trabalhos que eu possa produzir.
Publico aqui e ali e os interessados acabam tropeçando eventualmente com alguns dos meus textos, nos sites originais de produção ou por republicação não autorizada (e eu nem fico sabendo para cobrar meus direitos morais...).
Em todo caso, tenho colaborado mais regularmente com alguns veículos, entre eles a revista digital Espaço Acadêmico (agora chegando em seu número 100) e o boletim gaúcho Via Política (onde também já publiquei mais de cem textos diversos).

Para não dizer que escondo minha produção, reproduzo aqui os títulos dos meus mais recentes artigos publicados na Via Política, que podem ser lidos cronologicamente dispostos, em ordem de atualidade, no seguinte link: http://www.viapolitica.com.br/diplomatizando_indice.php

Via Política - Seção Diplomatizzando

Carta aberta a Raul Castro sobre Cuba e o socialismo
17.08.2009
Frases de um perfeito idiota latino-americano (dos grandes)
10.08.2009
Os dez mandamentos da política – em certos governos (Com alguns agradecimentos a Moisés e seus escribas)
02.08.2009
Crônica de um desastre anunciado: o socialismo do século 21 na Venezuela
26.07.2009
A cooperação euro-brasileira no âmbito internacional - Uma proposta maximalista para resultados minimalistas
19.07.2009
Sobre políticas de governo e políticas de Estado: distinções necessárias
12.07.2009
Sobre a morte do G8 e a ascensão dos Brics: comentários metodológicos
05.07.2009
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência: mais do mesmo?
05.07.2009
Diplomacia brasileira: consensos e dissensos
24.05.2009
A crise e a morte anunciada do capitalismo (provavelmente exageradas, como diria Mark Twain)
11.05.2009
Os mitos em torno do movimento militar de 1964 (4): Balanço econômico do governo Goulart
03.05.2009
Os mitos em torno do movimento militar de 1964 (3): Análise das alegadas ‘reformas de base’
26.04.2009
Os mitos em torno do movimento militar de 1964 (2): Mitos do governo Goulart
19.04.2009
Os mitos em torno do movimento militar de 1964 (1): Uma historiografia enviesada
12.04.2009
Estratégia Nacional de Defesa: comentários dissidentes
23.03.2009
A questão racial nas relações Brasil-EUA
24.02.2009
Fórum Surreal Mundial, 2 Pequena visita aos desvarios dos antiglobalizadores
19.01.2009
Fórum Surreal Mundial, 1 Reciclando velhas idéias
12.01.2009
Previsões imprevisíveis em tempos de crise global: minha astrologia econômica para 2009 (e mais além)
22.12.2008
O problema da universidade no Brasil: do público ao privado?
15.12.2008
As crises do capitalismo e a crise do marxismo: qual a mais grave?
23.11.2008
Sobre a proposta de uma nova autoridade financeira mundial
16.11.2008
Bric: anatomia de um conceito - X
10.11.2008
Bric: anatomia de um conceito – IX
02.11.2008
Bric: anatomia de um conceito – VIII
26.10.2008
Bric: anatomia de um conceito - VII
20.10.2008
Bric: anatomia de um conceito - VI
12.10.2008
Bric: anatomia de um conceito - V
06.10.2008
Bric: anatomia de um conceito – IV
29.09.2008
Bric: anatomia de um conceito - III
15.09.2008

Próximo
(e aí deve continuar por mais duas ou três páginas...)
Boa digestão, aos interessados...

1305) Um cubano desesperançado fala de mudancas

Vivendo em Cuba, este cubano só pode falar de um novo socialismo, e parece muito cauteloso com a atual política pós-Fidel. Mas, uma simples leitura desta matéria revela a enormidade dos problemas que enfrentam os cubanos normais.
Não se trata de propaganda pró-regime, nem de um ataque de direita. Apenas um simples retrato da situação.

Cuba: Um novo socialismo?
Por Leonardo Padura, de Havana, Cuba
Via Política, 24.08.2009

Nós, cubanos, estamos acostumados a viver entre crises, limitações e carências, planos de emergência e períodos mais ou menos “especiais”. Talvez por isso, durante meses, muitos viram com distanciamento, como algo alheio, a crise econômica e financeira que há dois anos percorre o mundo. Inclusive os políticos e a imprensa contribuíram para dar essa sensação de distância: em Cuba não haveria cortes de empregos, ninguém perderia sua casa (porque legalmente, entre outras razões, ninguém pode comprar uma casa) e os programas de benefício social não seriam cancelados nem sofreriam reduções.

Em 2008, entretanto, três furacões ferozes capazes de devastar meia ilha (apenas na área da habitação foram afetados mais de meio milhão de construções), e uma longa e exasperante ineficiência econômica sistêmica que obriga, por exemplo, à importação de 80% dos alimentos consumidos (em um país rico para a agricultura, e onde mais da metade da terra se mantém improdutiva). Além disso, fatores como flutuação dos preços do petróleo, dificuldade de acesso a créditos internacionais, travas comerciais impostas pelo embargo norte-americano e as ondas da depressão, que também chegaram ao litoral cubano, levaram a economia a um estado próximo da paralisia e os cofres do Estado a aceitar que o país caminha para a bancarrota.

A cautela com que, ao longo de seus três anos de gestão, o presidente Raúl Castro introduziu mudanças na estrutura econômica e financeira da nação parece ter chegado ao fim: as circunstâncias agora obrigam os dirigentes cubanos a olhar a economia com maior realismo e, em consequência, a remodelar certas estruturas herdadas do velho modelo socialista ao estilo soviético que, apesar do desaparecimento da União Soviética, se mantiveram funcionando na ilha.

Nas últimas intervenções públicas do atual governante cubano, mesmo quando não especifica quais serão as reduções dos benefícios sociais ou os movimentos da estrutura econômica – além do já iniciado processo de entrega de terras “ociosas” a quem quiser cultivá-las –, e apesar de insistir na permanência do sistema econômico, político e social do socialismo adotado no país há quase meio século, nota-se que já não será o mesmo socialismo e, portanto, não estarão vigentes as mesmas regras de jogo.

Porém, qual é o novo socialismo que se praticará em Cuba? Por acaso um ao estilo chinês? O que é previsível é que, se no plano político não acontecerão grandes modificações (não se prevê mudanças no sistema de partido único) e na área econômica o quase monopólio estatal continuará imperando, no campo social haverá transformações que – alertou o governante – implicam cortes em subsídios e nos gastos “insustentáveis”.

Até agora, anuncia-se que em um setor tão sensível quanto a saúde não haverá alterações, embora o certo é que o sistema sanitário cubano sofreu uma profunda deterioração nos últimos anos, por falta de pessoal (milhares de médicos servem fora do país), pelo alarmante estado de muitos centros de saúde e pela falta de insumos e medicamentos.

Na educação e na cultura talvez haja mais transformações do que a simples e esperada eliminação dos institutos pré-universitários localizados em zonas rurais – que demonstraram, há anos, sua escassa ressonância produtiva e sua visível contribuição à deterioração ética de jovens afastados de seus pais em uma etapa crucial de suas vidas – e sejam introduzidos diversos cortes em gratuidades e subsídios.

Contudo, sem dúvida, será nos benefícios sociais relacionados diretamente com o consumo e a economia que chegarão os golpes mais sensíveis. Há meses se fala da insustentabilidade do sistema de caderneta de racionamento, que garante a toda população da ilha uma determinada quantidade de produtos subsidiados, que o Estado deve comprar a preços do mercado internacional e vender a preços baixos.

Também se fala com força sobre a necessidade de eliminar o sistema de dupla moeda (uma emergência adotada durante a crise dos anos 90, quando a posse de divisas foi descriminalizada), que criou uma economia bicéfala em pesos cubanos e em moeda conversível, o que poderia ser resolvido somente com uma elevada taxa de câmbio das divisas frente ao peso cubano (ou seja, mantendo essa taxa próxima do câmbio atual, de 24 pesos para um CUC, o peso cubano conversível, equivalente a aproximadamente US$ 0,90). Inclusive, falou-se de um sistema de impostos mais amplo – pois agora apenas os trabalhadores autônomos e os vinculados a empresas estrangeiras os pagam –, e também é de se prever aumento no preço de produtos e serviços.

A anunciada eliminação oficial de um sistema igualitário é, mais do que uma necessidade, uma realidade já estabelecida. Os que em Cuba têm acesso a divisas, seja pelo trabalho (a menor parte), por artimanhas da estendida corrupção (a maior parte) ou pela simples recepção de remessas enviadas do exterior (várias centenas de milhares ou milhões de cubanos), têm um nível de vida infinitamente superior aos que ganham salários estatais (se o salário médio chega a 500 pesos, falamos de US$ 25, a quarta parte do que teria quem recebesse uma remessa de US$ 100 mensais).

O mais triste é que essas diferenças econômicas, na maioria dos casos, não dependem do trabalho, da criatividade, qualificação ou talento das pessoas, mas da própria estrutura imperfeita de um status econômico que torna mais rentável ser carregador em hotéis do que neurocirurgião...

Sejam quais forem as mudanças e reduções na área econômica, parece evidente que os tempos do protecionismo e do igualitarismo ficaram para trás. O socialismo cubano reduzirá subsídios e benefícios e imporá regras de jogo mais férreas para uma sociedade que faz água por muitos lados. Enfim, mais socialismo, mas com menos benefícios sociais. Esse parece ser o modelo.

21/8/2009
Fonte: ViaPolítica/Envolverde/IPS
http://envolverde.ig.com.br/
URL: http://envolverde.ig.com.br/?materia=62060#

Leonardo Padura é escritor e jornalista cubano. Seus romances foram traduzidos para uma dezena de idiomas e sua obra mais recente, La Neblina del Ayer, ganhou o Prêmio Hammett de melhor novela policial em espanhol de 2005.

sábado, 22 de agosto de 2009

1304) Amigos, amigos, negócios à parte (nem tanto assim, com a Argentina)

Parece que, a despeito do bom tratamento que o Brasil concede à Argentina, seus responsáveis em política comercial não se pejam de impor restrições de todo tipo aos produtos brasileiros.

Argentina é o parceiro comercial que mais questiona produtos brasileiros
Eliane Oliveira
O Globo, 22.08.2009

Um levantamento realizado pelo Ministério do Desenvolvimento mostra que os argentinos são mais agressivos do que qualquer país do mundo quando decidem proteger suas indústrias da concorrência brasileira.

Desde o ano passado, a Argentina abriu oito processos contra o Brasil, ante sete processos instaurados por todos os demais países com os quais temos relação comercial, entre os quais Índia, Paquistão e os que formam a União Europeia.

As ofensivas deixam claro que os vizinhos não se encantam com o comportamento diplomático brasileiro nas disputas comerciais ou com medidas como o “cheque especial? de R$ 3,5 bilhões que o Brasil pôs à disposição esta semana para reforçar as reservas internacionais argentinas.

A maior parte dos processos abertos pela Argentina tem a alegação de dumping — preços abaixo do custo de produção para vencer a concorrência no país de destino. São alvos de sobretaxas aparelhos sanitários cerâmicos, tecidos de poliéster, pneus de bicicleta, entre outros.

O governo brasileiro já foi informado que serão abertos outros dois processos, cujos produtos não podem ser revelados até a publicação dos atos.

Brasil só abriu dois processos contra a Argentina Contra os argentinos, as autoridades brasileiras só abriram duas investigações no mesmo período: resina pet (usada no engarrafamento de bebidas) e fosfato monocálssico.

— Que parceria é esta? — questiona uma alta fonte do governo brasileiro, mostrando que há discordância em parte da Esplanada em relação à posição do Itamaraty, de insistência no diálogo.

Junto com a aplicação de licenças não-automáticas a produtos brasileiros, esses processos são levados em conta, dentro do governo, quando surgem pressões por medidas mais rigorosas em resposta ao protecionismo argentino. Entre as possibilidades em estudo está a adoção de licenças não-automáticas para produtos importados da Argentina e uma ação contra o sócio do Mercosul na Organização Mundial do Comércio (OMC).

Há poucos dias, empresários brasileiros denunciaram uma nova prática: produtos que precisam de inspeção técnica, como eletrodomésticos da linha branca (fogões, geladeiras e máquinas de lavar) e pneus, levam mais tempo para serem liberados nas aduanas do que o normal. Exportadores do Brasil também se queixam do fato de as importações chinesas estarem ganhando mercado das brasileiras.

— As coisas continuam difíceis com a Argentina. Concorremos diretamente com produtos chineses naquele país, que faz parte do Mercosul, o que não dá para entender — lamentou o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções (Abit), Aguinaldo Diniz.

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, os diversos tipos de barreiras aplicadas pela Argentina à entrada de produtos brasileiros abrangem 14% das exportações para os vizinhos.

Levando em conta que o total vendido àquele país em 2008 chegou a US$ 17,605 bilhões, a perda anual estimada é de quase US$ 2,5 bilhões.

Empresários queixam-se de preferência a chineses Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Calçados (Abicalçados) e a Associação Brasileira da Indústria Moveleira (Abimóvel), no caso dos acordos setoriais, em que empresários brasileiros se comprometeram a reduzir voluntariamente suas exportações ao mercado argentino, as autoridades do país vizinho, finalmente, estão normalizando o processo de liberação das mercadorias.

— As coisas melhoraram, graças à pressão do governo e dos empresários, mas os argentinos continuam importando da China — disse Liteo Custódio, diretor da Abimóvel.

Em junho último, o setor calçadista brasileiro se comprometeu a reduzir suas exportações para a Argentina a 15 milhões de pares, uma queda de 17%. Os fabricantes brasileiros de freios para automóveis diminuirão suas vendas, este ano, em 37%, abaixo dos US$ 15 milhões comercializados em 2008. Já as indústrias moveleiras aceitaram cortar suas exportações em nada menos do que 65%.

Dados extraoficiais mostram que, de janeiro a maio deste ano, a participação de sapatos chineses no mercado argentino subiu a 39%, ante 29% no mesmo período de 2008, enquanto a participação do produto brasileiro caiu de 57% para 45%. Os chineses se beneficiaram com 60% das licenças de importação de móveis, enquanto coube aos brasileiros 30.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

1303) Pausa para a cultura: Biblioteca Europeana

Já foi anunciado várias vezes neste blog, mas não custa repetir, para os que gostam de ler gratuitamente grandes obras da cultura humanista, de vários séculos:

Guarde este endereço: www.europeana.eu.
Acaba de ser inaugurada a Biblioteca Multimídia Européia, com mais de dois milhões de obras e consulta gratuita, em todas as línguas da Europa – inclusive Português.

1302) Um intercâmbio acadêmico sobre a responsabilidade do Intelectual

Transcrevo abaixo o que os americanos chamariam de exchange, ou seja, um intercâmbio acadêmico com um colega sobre um dos temas mais relevantes de todas as épocas, desde os filósofos gregos até nossos dias de ética deformada nas instituições públicas. Trata-se de um debate sobre a responsabilidade dos intelectuais, e o thread, ou seja, a fileira de mensagens é auto-explicativa, eximindo-me, portanto, de maiores explanações preliminares.
Paulo Roberto de Almeida

1) Um post sobre Marx e os marxismos:

On 05/06/2009, at 15:57, Antonio Ozaí da Silva wrote:

Leia no BLOG DO OZAÍ:
Marx e os marxismos
Aprendi, na prática e na teoria, a diferenciar Marx dos marximos.* Da mesma forma que não podemos responsabilizar Jesus Cristo pelo que os cristãos fizeram e fazem em seu nome, também seria absurdo identificar de forma absoluta a teoria de Karl Marx com as práticas, e mesmo as interpretações teóricas, dos seus seguidores. Quem é a expressão verdadeira da obra marxiana? Não é por acaso que todos disputam o legado histórico, a tradição que a obra original representa. Trata-se de se apropriar do capital simbólico.
http://antonio-ozai.blogspot.com/2009/06/marx-e-os-marxismos.html

Permaneço aberto às críticas e contribuições. Comentários sempre são lidos e bem-vindos, mesmos os críticos...
Abraços e ótimo final de semana,
Antonio Ozaí da Silva
blog http://antonio-ozai.blogspot.com
Professor na Universidade Estadual de Maringá (DCS/UEM), editor da Revista Espaço Acadêmico, Revista Urutágua e Acta Scientiarum. Human and Social Sciences e autor de "Maurício Tragtenberg: Militância e Pedagogia Libertária" (Ijuí: Editora Unijuí, 2008).


2) Tendo lido tardiamente, respondi apenas no dia 15 de agosto de 2009:

Paulo R. de Almeida disse...
Meu caro Ozai,
Em meio a tantos afazeres, comento tardiamente este seu post, para lhe indicar uma correção fundamental.
Você equipara Cristo e Marx para desculpabilizá-los, previamente, de quaisquer bobagens, besteiras ou mesmo crimes, que seguidores, discípulos ou quaisquer outros indivíduos posteriores tenham cometido em nome da doutrina original.
Creio que você incorre aqui num ERRO GRAVE, que é comum nesse tipo de alusão desculpabilizante.
Você esquece, simplesmente, que Cristo -- ao que se sabe um personagem histórico sobre o qual não temos fontes originais -- não parece ter feito obra teórica ou empírica registrada diretamente, ou seja, ele não foi autor de nenhum manuscrito, a não ser de parábolas, ensinamentos, predicações e outras formas de transmissão oral de princípios, valores, concepções, das quais tomamos conhecimento pelo registro indireto e posterior de quatro evangelistas e alguns comentaristas esparsos, nenhum dos quais parece ter convivido com o personagem histórico.
Ou seja, não se pode imputar diretamente a Cristo qualquer responsabilidade pelo uso que os pósteros fizeram dessas predicações, pois ele não guarda conexão direta, pelo menos registrada, com as fontes da doutrina.
DIFERENTE, muito diferente, é o caso de Marx, um intelectual militante, um homem de partido, um responsável de organização, um jornalista ativo e um agitador diretamente conectado às lutas de seu tempo.
Ele PODE, SIM, ser responsabilizado pelo que ocorreu depois, pois os que fizeram o que se sabe em países tão diferentes como a Rússia ou a China, o fizeram em nome de sua doutrina, referindo-se especificamente a textos de Marx.
Esta responsabilidade intelectual pelo que escrevemos e pregamos é insubstituível e irrenunciável.
Por isso acho que você deveria revisar o seu texto ou escrever um novo, sobre a responsabilidade dos intelectuais.
Somos todos responsáveis pelo que escrevemos e pregamos...

Paulo Roberto de Almeida
15 de Agosto de 2009 15:07


3) O autor me respondeu hoje, 21 de agosto de 2009:

On 21/08/2009, at 16:23, Antonio Ozaí da Silva wrote:
Caro Paulo,
Muito obrigado.
Sei que és uma pessoa muito ocupada e, sinceramente, fico lisonjeado e agradecido por vc encontrar tempo para ler e comentar meus humildes textos. Ademais, sempre aprendo com seus comentários. Porém, aprender não é o mesmo que concordar. Respeito a sua posição, embora reconheça a complexidade do tema, ou seja, o que envolve o intelectual. Concordo que somos responsáveis sim pelo que escrevemos, mas discordo em imputar culpa por outro ter interpretado e agido como considerou melhor. Assim, reafirmo que Marx não é culpado pelo que os marxistas fizeram em seu nome. De qualquer forma, que importância tem essa nossa discussão para ele? Ele está morto... é o que todos dizem e eu acredito...
abraços e tudo de bom,
____________________
Antonio Ozaí da Silva


4) Como considero que a resposta foi insatisfatória, voltei ao debate:

Meu caro Ozai,
Acho que você missed the point, como dizem os americanos, ou seja, esquece de algo fundamental.
Por certo não se pode imputar a Cristo nenhuma das barbaridades que seus discípulos e seguidores fizeram em seu nome, em termos de massacres de heréticos, cruzadas contra os infiéis, etc. Afinal de contas, ele não assinou nenhum texto e não se sabe se os evangelistas foram ou não fieis às suas prescrições, que de toda forma eram especialmente "humanitaristas" e tolerantes (aquela coisa de "oferecer a outra face", em lugar de simplesmente passar seu adversário na espada...).
Agora, você esquece que Marx não apenas assinou textos, como recomendou a revolução proletária, a expropriação violenta da burguesia e a implantação de uma ditadura do proletariado como forma de transição para o socialismo, recomendações seguidas fielmente (e até agravadas) por Lênin (que mandou simplesmente eliminar fisicamente todos os que pertenciam à classe inimiga, independentemente de culpa individual) e todos os demais fiéis seguidores do credo, com o registro de enormes violências que todos conhecem ao longo do século 20.
Sinto muito, mas essa coisa de desculpar Marx pelo que fizeram os marxistas em seu nome não é apenas ILÓGICO no plano formal, é totalmente equivocado no plano material, da história concreta da humanidade desde o final do século 19 até nossos dias ainda.
Ou você acha que em Havana e Piong-Yang se recomenda a leitura de Adam Smith (ou de Cristo) sobre Marx e Lênin? O que se lia nas universidades soviéticas e chinesas ao tempo da construção do socialismo?
Sinto muito, seu argumento simplesmente não faz sentido e não bate com a realidade.
Existem coisas que eu admito no trabalho acadêmico, como os equívocos derivados de um insuficiente conhecimento da história.
Agora, honestidade intelectual é a primeira exigência de quem trabalha com o registro dos fatos históricos e sua interpretação no plano das ciências humanas.
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Paulo Roberto de Almeida

O debate parou, por enquanto, nesse ponto.
Paulo Roberto de Almeida
21 de agosto de 2009

Addendum importante:

On 21/08/2009, at 18:08, Rodrigo do Amaral Souza wrote:
Meus marxistas favoritos são os geniais irmãos Groucho, Harpo e Chico. Os seguidores do velho Karl só me dão tédio...

Paulo,
Quanto a seus comentários sobre Jesus, uma pequena correção: dois dos quatro evangelistas, João e Mateus, conviveram intimamente com Cristo. Eram seus discípulos e apóstolos. João escreveu ainda cartas (epístolas) e o Livro do Apocalipse.
Outros apóstolos, como Pedro e Tiago, são autores de epístolas e livros do Novo Testamento. O maior de todos os autores neotestamentários, contudo, Paulo, que escreveu boa parte do Novo Testamento e pode ser considerado como o consolidador da doutrina cristã, não chegou a conhecer pessoalmente Jesus.
Abraços,
Rodrigo

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Caro Rodrigo,
Muito grato pelas correções evangélicas, bem-vindas. De fato, dois apóstolos viveram ao tempo de Jesus e registraram suas palavras.
Eu considero a mensagem de Jesus, assim como a de Buda e a da tradição judaica, como eminentemente positiva, em termos de predicação humanista, respeitadora dos direitos individuais do homem (e da mulher) e promotora de valores superiores aos que eram cultivados no seu tempo histórico.
Já outras mensagens de guerra santa são eminentemente negativas, mas não preciso me estender neste ponto.
O fato é que todo mundo deve assumir responsabilidade pelo que prega, fala, escreve...
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Paulo Roberto de Almeida

1301) A fabulosa Alba e seus programas sociais

Abaixo uma informacao sobre um tal de Conselho Social da Alba, que vai tratar de criar um programa social chamado "Mi primer Empleo", talvez inspirado no exemplo do governo Lula. Tendo em vista os prodigiosos resultados desse magnifico programa para gastar dinheiro do contribuinte tentando fazer aquilo que o mercado poderia fazer naturalmente se não houvesse tantos obstaculos institucionais à contratacao de mao-de-obra, juvenil ou não, pode-se augurar um desastroso resultado para esse programa da Alba também.
Quanto à discussao sobre os medicamentos, a intenção é claramente a quebra de patentes, como sabemos que é preconizado no Brasil também. Mais um brilhante fracasso pela frente no acesso de nossas populações a medicamentos e à qualificação tecnológica desses países, com um tipo de comportamento deliberadamente anti-patentário...
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Paulo Roberto de Almeida

Consejo Social del ALBA se reúne hoy en Bolivia
Telesur (Viernes 21/08/2009)

El Consejo Social de la Alianza Bolivariana para los Pueblos de Nuestra América (ALBA) se reúne este viernes en La Paz, sede del Gobierno de Bolivia, con énfasis en políticas de integración en educación, empleo, salud y obras públicas.
El ministro de Trabajo de Bolivia, Calixto Chipana, uno de los organizadores del encuentro, precisó que con excepción de Honduras, debido al golpe de Estado que se perpetró en ese país centroamericano el pasado 28 de junio, a la cita asisten representantes de los otros ocho países integrantes de ese bloque regional.
Según Chipana, la cita tendrá una sesión de apertura en la que las delegaciones de Antigua y Barbuda, Bolivia, Cuba, Dominica, Ecuador, Nicaragua, San Vicente y Las Granadinas y Venezuela recibirán el saludo protocolar del canciller boliviano, David Choquehuanca.
La agrupación ministerial prevé presentar un acta constitutiva del encuentro, al igual que se hizo previamente en Venezuela con la reunión del Consejo Económico, y en Ecuador, donde recientemente se reunió el Consejo Político.
El ministro Chipana señaló que su Despacho presentará algunas iniciativas como el plan Mi primer empleo, que favorece a sectores vulnerables en el área, principalmente a jóvenes, y aseguró que los ministros profundizarán en los programas de alfabetización y posalfabetización, además de un plan para la formación de docentes.
Asimismo, el ministro boliviano de Educación, Roberto Aguilar, dijo que la experiencia de la Red de Universidades Indígenas, puesta en marcha el pasado 2 de este mes, podría suscitar el interés de las autoridades de la ALBA.
De igual modo, los ministros de Salud deliberarán sobre propiedad intelectual de los medicamentos y el acceso a los mismos, así como la vigilancia epidemiológica tras el impacto del virus AH1N1.
En la cita, los titulares de Obras Públicas evaluarán las innovaciones tecnológicas en construcción de viviendas sociales y el enfrentamiento a los embates climáticos.
Los temas que debatan los ministros serán abordados en la VII Cumbre de Jefes de Estado y de Gobierno de la ALBA, que se realizará en la ciudad boliviana de Cochabamba los días 16 y 17 de octubre.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

1300) Imprensa e corrupcao na e da sociedade

Este resumo não está disponível. Clique aqui para ver a postagem.

1299) Juizes "inconstitucionais" deveriam ser punidos

O título não tem nada a ver, a rigor, com a nota abaixo, que transcrevo inicialmente, a partir de newsletter da UGT, uma das muitas centrais sindicais que vivem com o nosso dinheiro, supostamente em defesa do emprego dos já empregados...

SOLIDARIEDADE COM O “ESTADÃO”: a decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal de não acolher o pedido de liminar em mandado de segurança do jornal O Estado de São Paulo, mantém na prática a limitação imposta desde 30 de julho, quando o desembargador Dácio Vieira proibiu divulgar reportagens sobre o filho do presidente do Senado Federal, Fernando Sarney. O jornal recebeu a limitação como "censura" e está recebendo uma enxurrada de manifestações de solidariedade, vinda dos diversos segmentos da sociedade brasileira. A última decisão é do desembargador Waldir Leôncio Cordeiro Lopes Júnior.

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Volto à minha sugestão: acredito que o Conselho Nacional de Justiça deveria impor uma multa pecuniária, e talvez até uma suspensaão temporária, a todo e qualquer juiz que extravasasse de suas atribuições e proclamasse qualquer decisão que afrontasse cabalmente a Constituição.
O que o juiz amigo do Sarney fez, ao decretar a censura ao jornal Estado de S.Paulo, decisão confirmada por um colega complacente, foi claramente inconstitucional. Deveriam ser punidos, ambos, e duramente.
Minha modesta sugestão é que todo juiz maluco possa ser contido preventivamente. Não dando, que pelo menos haja punição ex-post.

1298) G20 financeiro: mini-sintese dos paises

Em preparação do encontro do G20 financeiro em Setembro, a BBC preparou mini-fichas sobre a situação econômica e a postura internacional de cada um dos países participantes.
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Paulo Roberto de Almeida

G20: Economic summit snapshot
BBC, 20/08/2009

The leaders of the Group of 20, or G20, of the world's most powerful countries will next meet in the US city of Pittsburgh, in September to discuss the global economic crisis.
Click on the links below to find out more about the economic challenges faced by member states and what signs of recovery are starting to appear.

ARGENTINA
One of South America's largest economies, Argentina was in economic difficulties even before the global downturn struck.
Expansionary policies had caused the economy to overheat, fuelling inflation, while tax revenues shrank because the country's farm exports were fetching lower prices on world markets.
The government responded to the fall in tax revenues by increasing taxation on agricultural exports, a move that sparked continuing protests by farmers.
President Cristina Fernandez, who came to power in December 2007, nationalised the private pension system in November last year to help plug the hole in the government's finances.
But the row over taxation gave the government a confrontational image that contributed to its defeat in congressional mid-term elections in June.
Previously privatised companies such as Aerolineas Argentinas have also returned to state control.

AUSTRALIA
Australia has experienced a long period of stable economic growth since its last recession in 1991, benefiting from the rise of China and India as markets for its raw materials.
However, its resources-based economy has struggled since the worldwide financial turmoil began in the middle of 2008.
Its mining firms are cutting back on capital spending, reducing staff numbers and mothballing projects.
In February, the government of Prime Minister Kevin Rudd announced a 42bn Australian dollar ($26.5bn; £19bn) stimulus plan, to try to shield the country from the global downturn, and so far Australia has avoided slipping into recession.
The Australian economy grew by 0.4% in the first three months of 2009, following a contraction of 0.5% between October and December of last year.
But despite its efforts, the government has warned that the unemployment rate could hit 8.5% by mid-2011.
Mr Rudd has argued that the G20 alone has the global economic reach to tackle the world economic crisis.
Mr Rudd continues to enjoy strong approval ratings over his handling of the economy, and is renowned for his strong work ethic, earning him the nickname Kevin 24/7.

BRAZIL
It was confirmed in June that Latin America's biggest economy had entered recession.
But foreign investors have been putting money into Brazil recently in the hope that its economy will recover more quickly than other countries.
The Ibovespa stock market index has been reaching levels not seen since before the global financial crisis.
Brazil has also said it will offer $10bn in financing to the International Monetary Fund to help improve the availability of credit in developing countries.
The world's biggest exporter has been hit by sharp falls in world commodity prices as the global downturn curbs demand.
Brazilian interest rates have traditionally been among the highest in the world, but recent months have seen rates cut to record lows to try to bring the country in line with the cheaper borrowing costs of many of its neighbours.
Brazilian President Luiz Inacio Lula da Silva has argued that developed countries should not turn to protectionism, and has pushed for a greater role for developing countries in the world economy.

CANADA
Thanks to the North American Free Trade Agreement (Nafta), Canada's economic health is closely linked to that of the US, which buys three-quarters of its exports.
The ailing car industry, for instance, is as big a problem for Ottawa as it is for Washington. As a result, Canada has copied many of the US government's tactics, such as cutting interest rates and drawing up stimulus packages, although with the same lack of success.
However, Canada's banking sector and housing market are in better shape than in the US, with far fewer sub-prime mortgages.
In February, the Canadian parliament passed a 40bn Canadian dollar ($32bn; £23bn) economic stimulus package as part of the country's annual budget.
But it did not stop the economy contracting at the fastest rate sine 1991 in the first three months of 2009.
The economy shrank by 5.4% on an annualised basis during the quarter, though this was better than expected.

CHINA
The global downturn failed to prevent China overtaking Germany as the world's third-largest economy.
In fact, China's economy has shown signs of improvement recently, with the annual growth rates of both industrial output and retail sales rising in July.
But the downturn has had serious consequences for the country, both internally and externally.
Chinese exports have been hit hard by falling world demand, with millions of rural migrants returning to their villages after the factories that employed them closed down.
China's waning appetite for raw materials has had a knock-on effect on other countries' exports, crushing hopes that key emerging markets could compensate for the developed world's slowdown.
Its banks have not felt the impact seen elsewhere, but ordinary people have - with migrant workers especially hard hit.
While China's growth remains relatively strong compared with other countries, it has launched a $587bn stimulus package and has underlined that it now has the largest deficit in 20 years.
And China has recently been talking about the possibility of a new world currency to replace the dollar, though it stopped short of calling for this when it met with Brazil, Russia and India at the first Bric summit in June.

FRANCE
France became one of the first European countries to exit recession, together with Germany, when official data showed the French economy grew by 0.3% between April and June.
Finance and Economy Minister Christine Lagarde called the data "surprising", but said consumer spending and strong exports had helped boost GDP.
Unlike most other G20 countries, France had seen social unrest in response to the global downturn, with millions of workers taking industrial action at the beginning of the year in protest at the government's handling of the economic crisis.
In February, the government announced a 26bn-euro ($33.1bn; £23.5bn) initiative designed to revitalise the economy.
France has pushed hard for tougher financial regulation. The G20 agreement, signed in April, provides for stricter controls on bankers' pay and bonuses, more regulation of hedge funds and ratings agencies, and sanctions against tax havens.
At the time, President Nicolas Sarkozy said the deal went "well beyond what we had imagined".
But since then, France has played a leading role in the European Union's proposed Alternative Investment Funds Directive - aimed at further regulation of hedge funds, private equity and other alternative investment funds - putting it at odds with the UK and the US, who are wary of imposing overly-stringent rules.

GERMANY
Like France, Germany is no longer in recession, after surprise GDP data showed the economy grew by 0.3% in the second quarter.
The Federal Statistics Office said that household and government expenditure had boosted growth, adding that imports has declined far more sharply than exports.
Earlier this year, the government had forecast the German economy, which accounts for about a third of eurozone output, would shrink by 6% in 2009. That would be by far its worst performance in the post-World War II era.
In February, the country approved a 50bn-euro ($63bn, £44bn) stimulus plan, and Chancellor Angela Merkel said Germany would emerge from the economic crisis stronger than when it entered it.
Germany also launched a car scrappage scheme in February - in which drivers receive a cash incentive to scrap their old car and buy a new one - to boost the ailing car industry.
The scheme has been widely deemed a success, with more than 1.7 million applications received so far.
With federal elections coming up in September, Mrs Merkel's CDU-CSU manifesto proposes cuts in income tax, which could cost Germany an estimated 15bn euros, while the Social Democrats have pledged to bring full employment to Germany.
Along with France, Germany has also been calling for more regulation of financial markets and was a key player in the EU's proposed Alternative Investment Funds Directive.

INDIA
The Indian government under Prime Minister Manmohan Singh is well placed to embark on economic changes, having won a new term with a strong margin in May.
In July's budget, Finance Minister Pranab Mukherjee said the government's "first challenge" would be to return to a growth rate of 9% a year "at the earliest".
The Indian economy grew 6.7% in the year to the end of March 2009, but had grown by an average of 8.8% in the previous five years.
Agriculture, which makes up about a fifth of the economy, was one of the sectors to see growth fall, while industrial firms such as Tata have been severely affected by the freeze in world credit markets and a general fall in global spending.
In the budget, the government also increased spending on urban poor schemes and the jobs-for-work scheme to help the poor.
Although India's economy has undoubtedly been affected by the global recession, Prime Minister Singh has said he has no intention of going to the IMF for help - an institution he partly blamed for the economic downturn, saying it had conducted "too little surveillance of the affairs of the developed countries".
Mr Singh has also shared France and Germany's concern for greater regulation of financial markets.
He has said he is happy that his country has been admitted to two key standard-setting bodies.
"India has now been made a fully-fledged member of the Financial Stability Forum [and] also the Basel Banking Committee. This from India's point of view is a plus factor," he said.

INDONESIA
Globalisation has been a significant economic benefit for Indonesia in recent years.
Thanks in no small part to a big growth in manufacturing facilities for major multinationals, its economy grew 6.1% in 2008.
However, with Western firms cutting back production towards the end of the year, Indonesia's exports dropped sharply in the final three months of the year.
To help lift the economy, the government of President Susilo Bambang Yudhoyono has passed a $6bn (£4.3bn) fiscal stimulus.
But with overseas debts estimated at $151.7bn, the government has its own financial woes.
And critics say it is not doing enough to stamp out corruption that continues to deter some would-be investors.
In July, the country was also rocked by deadly blasts at two hotels in the capital Jakarta, leaving many worried about the impact this would have on Indonesia's reputation, especially among foreign investors and tourists.

ITALY
The Italian economy, the third-largest in the eurozone, was one of the first to enter recession.
Its economy has now shrunk for five quarters in succession, although the 0.5% contraction in the second quarter was smaller than expected and much smaller than the 2.7% contraction seen in the first quarter.
The latest figures have raised hopes that the country's recession may be easing.
Italy was also one of the first to approve a stimulus programme. In November, the government of Prime Minister Silvio Berlusconi approved an 80bn euro ($102bn; £66bn) emergency package that included tax breaks for poorer families, public works projects and mortgage relief.
Italy has the world's third-highest debt burden, expected to top 110% of GDP this year.

JAPAN
Japan followed fellow G20 members Germany and France out of recession, when it was confirmed that its economy grew by 0.9% in the second quarter.
But many analysts say the rise was due to a $260bn (£159bn) government stimulus package, and are uncertain as to how long growth will continue for.
The slowdown in the world's second-biggest economy was steeper than that being experienced in the US or Europe, as Japan has been hit particularly hard by falling global demand for its products, particularly electronic equipment and cars.
Consumers have cut back too, alarmed by rising unemployment. And its exports plunged in the first half of the year.
Japanese banks were hit hard by declines last year in the stock market, as they own stakes in many companies to strengthen business ties.
Two of the country's banks, Shinsei Bank and Aozora Bank, agreed to merge after struggling in the downturn.
But as the stock market recovers, banks hope for an upturn in their fortunes. The country's biggest bank, Mitsubish UFJ, and rival Mizuho have both said they expect to return to profit this year after reporting large losses last year.
In the run-up to the general election at the end of August, Prime Minister Taro Aso insists he can deliver on the economy, but commentators say he is being hampered by his growing unpopularity within his own party.

MEXICO
The Mexican economy is so intertwined with that of the US that when Wall Street sneezes, Mexican firms can find themselves in intensive care.
About 80% of Mexico's exports go the US, leaving the country vulnerable to falling US demand.
Mexico also thrives on remittances from workers who have migrated to the US, but these have fallen for the first time since records began in 1995.
In January, thousands attended a rally in Mexico City to protest at the economic policies of President Felipe Calderon's government.
Mexico was the first country to benefit directly from the release of more IMF funds, as agreed by the G20 in April, when it had a $47bn credit line approved by the body in April.
It has said it does not intend to use the money, but applied for it as a precaution in the event of further deterioration in global markets.
The outbreak of swine flu has hit the country's tourism industry hard and also led to some countries banning imports of pork products or pigs from Mexico, despite experts saying the virus cannot be caught from eating pork.
The finance ministry has warned that the flu could cost the country's economy more than $2bn.

RUSSIA
Russian President Dmitry Medvedev said he was content with the results of the G20 summit in April and that it represented a "step in the right direction", according to Russian news agency Itar-Tass.
Russia's economy is reeling from the effect of a sharp fall in the price of oil.
The 2009 budget is expected to slip into deficit and analysts predict that the country is heading for its first recession since 1998.
Russia's stock markets have recovered in recent months after plunging at the beginning of the year, and the central bank has spent billions of dollars trying to support the rouble.
Social unrest has already broken out in Vladivostok, while the financial crisis has cut the combined fortune of the 10 richest Russians by 66% to $75.9bn, according to business magazine Finans.
Overseas investment in the country is also being deterred by the perception that state-run firms bully or intimidate foreign companies into handing over control of their investments.
There is also widespread cynicism as to how much President Dmitry Medvedev is really in control, and whether power really lies with Prime Minister and former President Vladimir Putin.

SAUDI ARABIA
The Saudi kingdom is the only G20 country that also belongs to oil producers' cartel Opec (Indonesia allowed its membership to lapse at the end of 2008).
The global downturn has led to lower demand for energy, further depressing world oil prices, despite Opec's attempts to cut output.
When oil prices were at their peak, Saudi Arabia was making $1bn a day. That figure now stands at about $700m.
As a result, the International Monetary Fund predicts that Saudi Arabia and its neighbours will record fiscal deficits of up to 3.1% of GDP in 2009, a marked decline from surpluses of 22.8% of GDP in 2008.
In February, King Abdullah replaced the country's central bank chief in a rare reshuffle.

SOUTH AFRICA
South Africa is the only G20 member to have had a change of leadership since the London summit.
Jacob Zuma took office in May, replacing Kgalema Motlanthe, and the new president has pledged to bring down "unacceptably high" levels of unemployment and create half a million jobs this year.
Mr Zuma's ANC party has also said it will make fighting poverty a priority. It has promised a Canadian-styled National Health Insurance System, a "food for all" scheme, more child grants to poor families, and universal access to water and sanitation by the time of the next election.
South Africa has the continent's biggest economy and is the only African member of the G20.
The country has said it is facing its worst recession in 17 years. Its economy contracted 6.4% in the first three months of 2009.
Mr Zuma has said a three-year 787bn rand ($98bn; £60bn) spending programme announced in this year's budget - and including funds for schools, transport, housing and sanitation - must be properly planned.
Like Brazil, it fears that the global downturn will lead to a rise in protectionism in rich nations, making it even harder for developing countries to gain a foothold in key markets and increasing their sense of economic isolation.

SOUTH KOREA
The government in Seoul, like its neighbours in the region, fears that the global slowdown could lead to a repeat of the 1997-98 Asian economic crisis.
But the country returned to economic growth in the first half of this year.
Its economy grew by 2.3% in the second quarter, following growth of 0.1% in the first quarter and a contraction of 5.1% in the last three months of 2008.
The country's central bank has said increased government spending, help for car buyers and record low interest rates have helped boost the economy.
In November last year, the government announced a stimulus package worth 14 trillion won ($10.9bn; £6.6bn) to boost the economy, with 11 trillion won aimed at public projects and three trillion won for tax cuts to encourage spending.
But some analysts have questioned whether growth will continue, as fiscal stimulus wanes and credit expansion slows.

TURKEY
As it tries to revive its EU membership bid, Turkey has been talking up its response to the downturn as evidence that its reactions are those of a developed country, not an emerging market.
In the past nine months, the central bank has cut interest rates by 8.5 percentage points, although the rate remains relatively high by world standards at 8.25%.
However, the Turkish lira fell 25% against the dollar in 2008, while industrial output continues to contract year-on-year, although it is increasing on a monthly basis.
Loan talks with the International Monetary Fund were suspended in January after disagreements over the terms.
As well as trying to reduce unemployment levels from the current 16%, the government of Tayyip Erdogan has had to face constant suspicion of its Islamist roots, in a country where the secular and religious are often divided.

UNITED KINGDOM
Asked what British voters would get out of the G20, Prime Minister Gordon Brown stressed the importance of countries working together to overcome the economic crisis, saying the agreement would help people in Britain and overseas.
He called the G20 deal a "very significant step towards recovery", saying it would help rebuild confidence in the financial system in the UK and abroad.
However, unlike France and Germany, the UK is reluctant to enforce tough regulation on hedge funds, fearing that such plans will harm the City as an international financial centre.
The International Monetary Fund expects the UK to suffer the worst contraction among advanced nations in 2009, with its economy predicted to shrink by 4.2%.
The Bank of England has already cut interest rates to just 0.5% in a bid to help the British economy out of recession, while unemployment is now over 2.4 million - the highest level since 1995.
It has also recently added another £50bn of new money to its initial £125bn programme of quantitative easing to pump more funds into the economy by purchasing government bonds.
Troubles in the banking sector have led the government to bail out some of the country's biggest financial institutions, including Royal Bank of Scotland, in which it now holds a 68% stake.
The Bank of England's latest quarterly inflation report said there were "encouraging signs" that the steps taken to stimulate the economy had been having an impact, but warned that any recovery in 2010 would be "fragile".
The UK government has also followed its counterparts elsewhere in Europe and introduced a car scrappage scheme to help the ailing motor industry.

UNITED STATES
President Barack Obama said the "historic" agreements reached at the London summit could mark a "turning point" in the pursuit of economic recovery and reforming the regulatory financial system.
The global economic turmoil began in the US, thanks to the sub-prime mortgage crisis in which underperforming home loans were repackaged and sold on as toxic debt.
In June, the government announced major reforms to banking regulation, in what President Obama called the biggest shake-up of the US system of financial regulation since the 1930s.
The reforms require big banks to put more money aside to cover any future losses and to curb risk taking, and give the Federal Reserve the authority to monitor major financial institutions.
They also call for global regulatory standards and more co-operation.
The Fed has cut interest rates to near zero in a bid to unfreeze the credit markets, while Treasury Secretary Timothy Geithner has announced a partnership with the private sector to purchase toxic assets, in order to get them off the banks' balance sheets.
President Obama has signed into law a slimmed-down economic stimulus plan worth $787bn (£563bn), and the Fed has suggested that the worst of the recession is over.
But there are still problems in the wider economy, with the unemployment rate having risen to 9.5% before falling slightly to 9.4% in July.
The car industry in the US has been battered by a global slump in demand, and both Chrysler and GM had to enter Chapter 11 bankruptcy protection. July car sales were boosted though by the introduction of a scrappage scheme, to which further funding has been approved.

EUROPEAN UNION
European Commission President Jose Manuel Barroso told the BBC that a commitment to try to reach a deal on the Doha negotiations for global trade was the "most important" pledge for the EU.
He called the G20 a "historic moment, a defining moment", saying the right decisions had been taken. But he also cautioned that the crisis was not yet over, and there was more work to be done, including on reaching a world trade agreement.
The EU, led by Germany and France, has put forward proposals for even tighter hedge fund regulation, although the UK believes they would be anti-competitive.
Sixteen of the 27 European Union countries share the euro as their common currency. Their individual economic performances vary considerably, but the eurozone as a whole has been in recession since September 2008.
Economic activity shrank by 0.1% in the second quarter, and is forecast to shrink by 1.9% in the whole of 2009.
Unemployment in the euro area is expected to exceed 10% in 2010, up from 7.5% in 2008. The eurozone's key interest rate is now at a record low 1%. The worst performing EU economy is Latvia, which does not belong to the eurozone. Latvian GDP could fall by as much as 13% this year.

1297) Pausa para um pouco de humor

AVISOS PAROQUIAIS

São avisos fixados nas portas de igrejas, todos eles reais, escritos com muito boa vontade e má redação.

AVISO AOS PAROQUIANOS

Para todos os que tenham filhos e não sabem, temos na paróquia uma área especial para crianças.

Quinta-feira que vem, às cinco da tarde, haverá uma reunião do grupo de mães. Todas as senhoras que desejem formar parte das mães, devem dirigir-se ao escritório do pároco.

Interessados em participar do grupo de planejamento familiar, entrem pela porta de trás.

Na sexta-feira às sete, os meninos do Oratório farão uma representação da obra Hamlet, de Shakespeare, no salão da igreja. Toda a comunidade está convidada para tomar parte nesta tragédia.

Prezadas senhoras, não esqueçam a próxima venda para beneficência. É uma boa ocasião para se livrar das coisas inúteis que há na sua casa. Tragam os seus maridos!

Assunto da catequese de hoje: Jesus caminha sobre as águas.
Assunto da catequese de amanhã: Em busca de Jesus.

O coro dos maiores de sessenta anos vai ser suspenso durante o verão, com o agradecimento de toda a paróquia.

O mês de novembro finalizará com uma missa cantada por todos os defuntos da paróquia.

O torneio de basquete das paróquias vai continuar com o jogo da próxima quarta-feira. Venham nos aplaudir, vamos tentar derrotar o Cristo Rei!

O preço do curso sobre Oração e Jejum não inclui a comida.

Por favor, coloquem suas esmolas no envelope, junto com os defuntos que desejem que sejam lembrados.

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Bem, acho que não preciso comentar nada, ou talvez sim: as paróquias deveriam começar rapidamente cursos de redação e estilo...

terça-feira, 18 de agosto de 2009

1296) Abolindo as armas nucleares: tem gente que acredita ser possível...

Bem, mesmo que não se consiga abolir as armas nucleares, os autores deste livro aboliram o pagamento, o que já alguma coisa. Você pode downloadar (ugh!) e ler a versão digital.

Abolishing Nuclear Weapons
George Perkovich and James Acton
Washington, DC: Carnegie Endowment, 2009

In the past few years, horizontal and vertical proliferation have collided. That is, the need for significant strengthening of the nonproliferation regime in the wake of nuclear developments in North Korea, Iran, Iraq, and Pakistan is now absolutely clear. So too, however, is growing unwillingness among non–nuclear-weapon states to even consider additional measures in what they see as the absence of serious progress by the nuclear-armed states toward disarmament.
The pathbreaking paper Abolishing Nuclear Weapons by George Perkovich and James Acton was first published by the International Institute for Strategic Studies as an Adelphi Paper in September 2008. One of the paper’s major aims was to prompt serious international analysis, discussion, and debate, recognizing divergent views within and between nuclear-armed states and those that do not possess these weapons. The absence of such engagement in official forums such as Non-Proliferation Treaty Review Conferences and the Conference on Disarmament makes it vital for nongovernmental actors to take the lead in hopes that governments will see the value of such dialogue and follow.

The present volume takes the next step. To advance the sort of analysis and dialogue Perkovich and Acton call for, they have invited a distinguished group of experts—current and former officials, respected defense analysts—from thirteen countries, nuclear and non-nuclear, to critique the Adelphi Paper. Their diverse views explore pathways around obstacles to nuclear disarmament and sharpen questions requiring further official and nongovernmental deliberation. Perkovich and Acton are grateful to the contributors for the thoroughly constructive character of their critiques.

Atalho para downloadar.

1295) Diplomacia da generosidade: R$ 25 milhoes para a Palestina

Segundo um dos deputados, que votou contra, "a providência adotada pelo governo, de cancelar R$ 25 milhões destinados à construção de um anexo ao Palácio do Itamaraty para viabilizar a doação, é inconstitucional."

Câmara aprova doação de R$ 25 milhões para a Palestina
Edson Santos
Agência da Câmara dos Deputados, 18/08/2009

O deputado Paulo Maluf apresentou parecer favorável ao projeto.
A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) aprovou nesta terça-feira o Projeto de Lei 4760/09, do Executivo, que autoriza o governo brasileiro a doar até R$ 25 milhões à Autoridade Nacional Palestina para a reconstrução da Faixa de Gaza.

A região foi palco da guerra entre Israel e o movimento palestino Hamas na passagem de 2008 para 2009. No conflito, que provocou grandes danos materiais na Faixa de Gaza, morreram cerca de 1,3 mil palestinos e 13 israelenses. O relator Paulo Maluf (PP-SP) recomendou a aprovação da proposta.

O projeto, que tramita em caráter conclusivo, já havia sido aprovado pelas comissões de Relações Exteriores e de Defesa Nacional e de Finanças e Tributação. Se não houver recurso para garantir a sua análise no Plenário da Câmara, ele seguirá diretamente para o Senado.

Crítica
O deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ) apresentou voto em separado contra o projeto, alegando que o Brasil não tem dinheiro para doar à Palestina. Segundo ele, a providência adotada pelo governo, de cancelar R$ 25 milhões destinados à construção de um anexo ao Palácio do Itamaraty para viabilizar a doação, é inconstitucional.

"A abertura dos créditos suplementares e especiais é possível, sim, mas exige recursos não comprometidos", afirmou. "O caráter de minha intervenção é meramente técnico", disse o parlamentar, que tem origem judaica e foi o único a votar contra o projeto.

Outros deputados, porém, também criticaram a doação, mas a CCJ analisava apenas aspectos formais da matéria. Carlos Willian (PTC-MG), por exemplo, disse que o Brasil "não deveria tirar dinheiro do povo brasileiro para dar a outros países". "Primeiro os de casa. Se nós cuidarmos daqueles que nos rodeiam e estão passando fome, já estaremos prestando um grande serviço para a humanidade", opinou.

Defesa
O deputado José Genoíno (PT-SP) afirmou que se deve elogiar o governo por retirar os recursos destinados à construção de um anexo do prédio do Itamaraty para dar à Palestina. Essa iniciativa, segundo ele, tem forte "caráter humanitário".

Luiz Couto (PT-PB) disse que a doação se justifica e que a obra do Ministério das Relações Exteriores não ficará prejudicada. "É um gesto humanitário, pois muitos habitantes da Faixa de Gaza perderam suas moradias. O governo disse que vai encaminhar um projeto com crédito adicional para repor a quantia a ser retirada [do Itamaraty]", informou.

Íntegra da proposta:
- PL-4760/2009

Atalho para: http://www2.camara.gov.br/internet/homeagencia/materias.html?pk=138605

1294) Joaquim Nabuco: de volta à cena


Joaquim Nabuco em retrato do período como embaixador nos EUA

Devo dizer que participei do colóquio mencionado nesta matéria, realizado na Universidade do Wisconsin, em Madison, e tenho um texto no livro que será publicado pela Editora Bem-te-vi.
Paulo Roberto de Almeida

Mostra no Rio expõe os "vários" Nabucos
Evento destaca pluralidade do pensamento do intelectual
LUIZ FERNANDO VIANNA, da Sucursal do Rio de Janeiro
Folha de S.Paulo, São Paulo, terça-feira, 18 de agosto de 2009

Em 2010, ano do centenário de sua morte, ABL fará ciclo de conferências; e dossiê feito por especialistas internacionais será lançado

Para se pensar num político brasileiro que faça jus à expressão "homem público", que seja um ativo intelectual e que sobreponha os valores universais aos objetivos individuais, é preciso, salvo poucas exceções, recorrer ao passado. Preferencialmente, a Joaquim Nabuco.
Amanhã, quando se completam os 160 anos de seu nascimento, será inaugurada no Museu Histórico Nacional, no Rio, a exposição "Joaquim Nabuco: Brasileiro, Cidadão do Mundo".
É o ponto de partida de uma série de eventos e lançamentos motivados por outra data: o centenário de morte de Nabuco, em 17 de janeiro de 2010.
Em comum entre as iniciativas, a busca de dar conta dos vários adjetivos que Nabuco recebeu ao longo da vida: abolicionista, monarquista, diplomata a serviço da República, jornalista, escritor, sedutor...
"Nabuco são muitos", resume a cientista política Helena Severo, curadora da exposição que começa no Rio e, que se depender dela, chega a São Paulo em janeiro de 2010.
Um dos tantos é o político que, quatro vezes eleito deputado, tinha uma visão "universalista", como ressalta o historiador José Murilo de Carvalho. A liberdade dos escravos, sua maior bandeira, não poderia ser contestada em nome da suposta soberania do país.
"Ele não aceitava os protestos dos escravistas brasileiros contra a interferência britânica pela abolição. Não podemos ser nacionais, autenticamente brasileiros, se não incorporarmos valores da civilização", afirma Carvalho.
Para Nabuco, não bastava o fim da escravidão. "Era só o início do processo. Havia toda a tarefa de incorporar os escravos libertos na comunidade", diz o historiador. Seria uma tarefa de cem anos, especulava Nabuco, mas o tempo já se passou e ela não foi concluída.
A sua frase mais famosa ajuda a explicar tamanha demora: "A escravidão permanecerá por muito tempo como a característica nacional do Brasil". Se um recém-liberto comprava um escravo para si, é porque já estava enraizada na cultura nacional uma certa "fraqueza do sentimento do direito civil", como diz Carvalho. Ou seja, a liberdade individual está acima do bem público, princípio perverso que a classe política brasileira comprova dia a dia.
"Prefiram uma carreira obscura de trabalho honesto a acumular riqueza fazendo ouro dos sofrimentos inexprimíveis de outros homens", escreveu ele, crítico da "classe única" que dirigia o país "só se preocupando dos seus interesses de classe, de manter o jugo férreo dos seus monopólios desumanos e atentatórios da civilização universal". E recomendava: "A missão do governo é fazer por política o que a revolução faria pela força".
"Quando é vista como perversa, desviante e desnecessária, há um grande risco para a democracia", diz Helena Severo, ressaltando a importância de Nabuco nos dias de hoje.

Outras lembranças
A Academia Brasileira de Letras, da qual Nabuco foi fundador e o primeiro secretário-geral, prevê para 2010 um ciclo de conferências, uma página específica na internet e publicações, como conta o acadêmico Marcos Vilaça, pernambucano como o homenageado. Ele também conversa com o MEC e o Congresso sobre reedições populares dos três principais livros de Nabuco: "O Abolicionismo", "Um Estadista do Império", e "Minha Formação".
A socióloga Angela Alonso, autora do livro sobre Nabuco da coleção "Perfis Brasileiros", da Companhia das Letras, está organizando com Kenneth David Jackson, da Universidade Yale, o dossiê "Nabuco e a República", com textos de especialistas de vários países.
"Joaquim Nabuco: Conferências", que a editora Bem-Te-Vi lança até o início do próximo ano, também reúne autores de diversas origens, em conferências feitas em Yale (em 2008) e Wisconsin (2009).
O lado sedutor de Nabuco, que lhe valeu na juventude o apelido de "Quincas, o Belo", está mais claro em "Os Mundos de Eufrásia", biografia romanceada de Eufrásia Teixeira Leite, grande amor com quem Nabuco teve idas e vindas mas não se casou, escrita por Claudia Lage e já lançada pela Record.

Frases
A missão do governo é fazer por política o que a revolução faria pela força
JOAQUIM NABUCO
[Nabuco] não aceitava os protestos dos escravistas brasileiros contra a interferência britânica pela abolição.

Não podemos ser autenticamente brasileiros se não incorporarmos valores da civilização
JOSÉ MURILO DE CARVALHO,
historiador

Exposição usa recursos visuais para atrair crianças
DA SUCURSAL DO RIO

O público entrará na exposição "Joaquim Nabuco: Brasileiro, Cidadão do Mundo" passando por um canavial cenográfico, e verá mais à frente o próprio Nabuco, em tamanho natural, dizendo algumas de suas frases mais famosas, selecionadas pelo historiador Evaldo Cabral de Mello. Lançar mão de recursos visuais contemporâneos para contar a vida de um homem morto há cem anos é uma aposta para atrair crianças e adolescentes, alvo mais desejado pela curadora Helena Severo.
"No Rio, as [crianças] da zona sul já ouviram falar dele, mas só porque é nome de rua em Copacabana", diz ela. De olho nesse público, ela procurou ser didática. O primeiro módulo trata de "infância e formação", depois chega-se ao "abolicionista e pensador", fala-se do "diplomata e cidadão do mundo", e o percurso termina com a participação na Academia Brasileira de Letras e um conjunto de peças como manuscritos, edições originais de livros e um autógrafo que Machado de Assis lhe dedicou em "Memorial de Aires".
Marcello Dantas e sua equipe partiram de uma foto do rosto de Nabuco para criar uma animação em que ele parece estar falando ao público no teatro Santa Isabel, em Recife. A voz é do ator Othon Bastos. Na última sala, há outro trabalho de Dantas: um painel em que frases do intelectual se movem. A cenografia é do arquiteto Chicô Gouvêa, que ampliou fotos de época de cidades em que o intelectual viveu, entre as quais Recife, São Paulo, Londres e Nova York.
Um retrato dele pintado quando tinha oito anos, um busto feito pelo escultor Rodolfo Bernardelli, uma escrivaninha em que trabalhou e a estatueta de madona que o acompanhou nos últimos anos de vida, após a reconversão ao catolicismo, estão na exposição. A família de Nabuco foi a principal cedente de material. Numa vitrine também se verá o documento original da Lei Áurea. Os apelos visuais não significam, para Helena Severo, que a mostra não inspire reflexões.
Para cada setor há um texto específico. Os autores são Humberto França, da Fundação Joaquim Nabuco, o cientista político Francisco Weffort, o diplomata Rubens Ricupero e o escritor Eduardo Portella, da ABL. (LFV)

JOAQUIM NABUCO: BRASILEIRO, CIDADÃO DO MUNDO
Quando: ter. a sex., das 10h às 17h30; sáb. e dom., das 14h às 18h; até 4/10
Onde: Museu Histórico Nacional (pça. Marechal Âncora, s/nº; 0/xx/21/2550-9220)
Quanto: R$ 6 (ter. a sáb.); entrada franca (dom.)
Classificação: livre

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

1293) Euclides da Cunha e os limites Brasil-Peru

Da Agência de Notícias do Senado Federal:

CULTURA
Livro sobre o tratado de limites entre o Brasil e o Peru será lançado durante homenagem a Euclides da Cunha
14/08/2009 - 18h33

Durante a homenagem ao escritor Euclides da Cunha, pelo seu centenário, na hora do expediente da sessão deliberativa da terça-feira (18), o Conselho Editorial e o Senado Cultural lançarão o livro O Tratado de Limites Brasil-Peru, que reúne documentos e textos históricos sobre as negociações que definiram a fronteira entre os dois países. A organização e a apresentação são do senador Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC).

A assinatura do Tratado de Petrópolis entre o Brasil e a Bolívia, em 1903, possibilitou a anexação do Acre Meridional ao Brasil, uma faixa de terra de 191 mil quilômetros quadrados. O Tratado de Limites entre o Brasil e o Peru (1909) regularizou e anexou outros 152 mil quilômetros quadrados. Relatórios escritos por Euclides da Cunha foram fundamentais para que os dois países fechassem o acordo.

Em 1905, três anos após publicar Os Sertões, Euclides da Cunha decidiu ir ao Acre com o objetivo de desvendar para o restante do país a realidade amazônica, da mesma forma como havia feito com Canudos, no sertão da Bahia. Ele saiu do Rio de Janeiro como chefe da delegação brasileira na Comissão Mista Brasileira-Peruana de Reconhecimento dos Rios Juruá e Purus.

Essa comissão diplomática tinha como objetivo resolver o conflito deflagrado na fronteira entre os dois países pela disputa de seringais que possuíam relevância econômica. As anotações e os relatórios elaborados a partir dessa viagem serviram como base para o tratado de limites entre o Brasil e o Peru. Euclides da Cunha escreveu, sobre essa expedição, relatos, cartas a amigos e artigos que foram publicados no jornal O Estado de S. Paulo.

A Rádio Senado produziu uma reportagem especial para relembrar Euclides da Cunha. Foram ouvidos pesquisadores nas áreas de sociologia, antropologia, história e literatura. A senadora Marina Silva (PT-AC) e o escritor amazonense Milton Hatoum também comentaram suas impressões sobre o trabalho do autor de Os Sertões. O resultado pode ser conferido no link http://www2.senado.gov.br/bdsf/item/id/160454

Algumas cópias da reportagem especial "Euclides da Cunha: O escritor que desvendou o Brasil", assinada pela jornalista Beatriz de Mendonça, serão distribuídas entre os presentes à sessão de terça-feira. O bisneto do escritor, Carlos Roberto da Cunha Lage, e a sua esposa Marinez Correia Rodrigues representarão os familiares de Euclides na homenagem.
Da Redação / Agência Senado

1292) O Premio Nobel dos pobres, dado a Lula

O artigo abaixo é de um ex-funcionário da ONU, hoje aposentado, revelando sua decepção com o destino dado pelo “Prix Félix Houphouët-Boigny pour la recherche de la paix”, recebido pelo presidente Lula no último mês de julho, em Paris.
Na verdade, o mais estranho -- e que devemos perguntar antes de tudo -- é como um presidente africano, de um país supostamente pobre, pode deixar um prêmio assim generoso (o equivalente a 150 mil dólares), que já foi distribuido várias vezes.
O Alfred Nobel, pelo menos, era um industrial sueco que ficou arrependido com todo o dinheiro que tinha ganho fabricando explosivos, e quis se penitenciar um pouco....
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Paulo Roberto de Almeida
17/08/2009

Lula e o prêmio da Unesco

Gostaria de compartilhar algumas informações com os amáveis leitores do jornal Gazeta do Sul com relação ao “Prix Félix Houphouët-Boigny pour la recherche de la paix” via l’Unesco (Prêmio Félix Houphouët-Boigny pela procura da paz outorgado pela Unesco). Como é do conhecimento dos caros leitores, a Unesco é a Agência das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, com sede em Paris, França.
Com relação ao prêmio nomeado pela Unesco de Félix Houphouët-Boigny – presidente durante décadas no século 20 do país africano Costa do Marfim, o qual teve sua formação acadêmica na França e foi sempre um grande instigador da paz em várias conferências mundiais da ONU em prol da paz e segurança no mundo moderno – ele é composto de um Certificado da Unesco assim como uma soma em dinheiro (normalmente US$
150.000,00).

Tendo me referido aos detalhes acima, gostaria de trazer ao conhecimento dos leitores (isto sem nenhuma pretensão, pois não é o objetivo de minha missiva ao jornal Gazeta do Sul) que eu sou gaúcho – hoje me considero um cidadão do mundo –, natural de Porto Alegre e moro em Santa Cruz do Sul já faz mais de sete anos. Carrego também comigo dois títulos históricos e motivo de honra e orgulho para qualquer cidadão, uma cópia personalizada do Prêmio Nobel da Paz de 1981 recebido pela minha organização, o ACNUR (Alto Comissariado da ONU para os Refugiados) pelo trabalho que efetuei juntamente com toda uma equipe de colegas no Vietnã, Camboda e Laos em 1980-81, durante a terceira guerra da Indochina com o desespero de milhares de vietnamitas, cambodianos que fugiam do Vietnã via o mar da China e eram chamados de “boat people”.
Os que têm hoje 60 anos seguramente se lembrarão dos fatos ocorridos no sudeste asiático. E o Prêmio da Paz Félix Houphouët-Boigny, da Unesco, foi conferido também ao ACNUR, em 1995, e do qual também tenho um certificado original e pessoal pelo trabalho que fiz com muitos outros colegas internacionais da ONU em prol dos refugiados do mundo
inteiro.
Finalmente, e aqui trata-se de minha opinião pessoal, fico muito magoado em tomar conhecimento via o nosso jornal Gazeta do Sul que o nosso presidente da República, sr. Luiz Inácio Lula da Silva, descarta a doação do prêmio em seu numerário de US$ 150.000,00, indo assim na contramão dos trâmites normalmente aplicados de cortesia e diplomacia internacionais nos quais o ganhador sempre, como uma praxe, oferece o
numerário para obras caritativas ou para outros “empreendimentos” educacionais ou de pesquisas. Este ato presidencial por parte do sr. Luiz I. Lula da Silva não traz tampouco um grande exemplo de postura a ser observada, pois com o ato de doação estaria assim homenageando com a sua ação (doação do prêmio pecuniário recebido) o conjunto da sociedade brasileira. Finalmente, o que mais deixa a desejar nesse
comportamento presidencial é sua falta de sensibilidade para tantas obras educacionais e urgentes que não são feitas por esse Brasil afora. Penso eu que com as pequenas ações e demonstrações positivas se fazem as grandes pessoas...

Desculpe, senhor presidente, mas estou em total desacordo com a sua conduta. Tenho dito.

Marco Antonio Martins Vieira/Funcionário aposentado da ONU
24 de julho de 2009

1291) Brazil's Foreign Policy, again in The Economist


Illustration by David Simonds
Brazil's foreign policy
Lula and his squabbling friends

The Economist, Aug 13th 2009

BRASÍLIA
A bold Brazilian attempt to integrate South America has run into difficulty. Critics at home say Brazil should put national interest over leftist ideology.

WHEN the leaders of the Union of South American Nations (UNASUL in Portuguese), a 12-country group inspired by Brazil, met in Ecuador’s capital, Quito, on August 10th, there was little spirit of union. Their meeting followed a row between Venezuela and Colombia, whose president, Álvaro Uribe, did not attend, in part because Ecuador broke off diplomatic relations with his country last year.

Hugo Chávez, Venezuela’s president, backed by his allies, Bolivia and Ecuador, wanted to condemn Colombia for granting facilities at seven military bases to the United States, which is helping it battle guerrillas and drug-traffickers. “Winds of war are blowing,” he thundered. Four countries, including Chile and Peru, backed Colombia. Brazil’s president, Luiz Inácio Lula da Silva, tried to damp down the dispute, suggesting that the group meet both Barack Obama and Mr Uribe to seek reassurances about the use of the bases. But then Mr Chávez launched a diatribe against Colombia and Mr Obama. Lula cut short his visit to Ecuador and headed home, giving warning that UNASUL could “cease to be an integration process, becoming just a group of friends.” If only.

This fiasco provides fuel for both sides in a long-running debate in Brazil about the foreign policy of the Lula government. The critics, who include several senior former diplomats, accuse the government of placing ideology above Brazil’s national interest—especially in policy towards South America.

Lula’s predecessor, Fernando Henrique Cardoso, sought to boost trade and other ties with the United States and Europe. On taking office in 2003, Lula placed new stress on south-south ties. Brazil has doubled the number of its embassies in Africa, to 30, and joined or set up a clutch of new clubs. These include IBSA, with India and South Africa, of which Itamaraty, the foreign ministry, is especially proud.

As evidence that this policy has borne fruit, Celso Amorim, the foreign minister, points out that most of Brazil’s trade is now with developing countries, thus anticipating Mr Obama’s advice that the world should not rely on the United States as consumer of last resort. He concedes that Brazil does not agree with the other big emerging powers on everything, but they do share an interest in trying to change the way that international institutions and the world economy are run.

The critics see in some aspects of the government’s diplomacy an implicit anti-Americanism. Lula got on well with George Bush even while disagreeing with many of his policies. Brazil’s relations with the United States are correct, but oddly distant. Lula retains a soft spot for Cuba, perhaps because Fidel Castro helped him and his party when they were struggling against a military regime which, at its outset at least, had American backing.

But the anti-Americanism comes from some aides more than from the president himself. He has promoted ultranationalists within Itamaraty. He gave responsibility for South America to Marco Aurélio Garcia, the foreign-relations guru of his Workers’ Party. This was one of Lula’s many balancing acts, compensating his left-wing base for its disappointment that he ignored them on economic policy.

Brazil has successfully led the UN mission to stabilise Haiti. But in Lula’s first term his advisers seemed to think they could integrate South America, against the United States and from the left. Several South American countries do not share their anti-Americanism. (One former Lula adviser derides them as “boy scouts” and as the equivalent of the collaborationist Vichy regime in wartime France.)

Brazil embraced Hugo Chávez’s Venezuela, inviting it to join the Mercosur trade block. The naivety of this approach became apparent when Bolivia, at Mr Chávez’s urging, nationalised the local operations of Petrobras, Brazil’s state-controlled oil company. In what has been called the “diplomacy of generosity” towards left-wing governments in its smaller neighbours, Brazil agreed to pay more for Bolivian gas. Last month it similarly agreed to pay Paraguay more for electricity from Itaipu, the hydroelectric dam they share.

By common consent, policy towards South America has become more pragmatic in Lula’s second term. In particular, Brazil’s relations with Colombia have improved. Brazilian diplomats say privately that their aim is to contain and moderate Mr Chávez. But Lula has often seemed to endorse him. Would Brazil ever criticise Mr Chávez for endangering democracy? “It’s not the way we work,” says Mr Amorim. “It’s not by being a loudspeaker that you change things.” Yet Brazilian officials were not shy about criticising Colombia’s military agreement with the United States.

Their critics argue that Brazil should seek to integrate South America on the basis of rules, rather than political sympathy, and that by proclaiming regional leadership it risks becoming the target of regional grievance. They also question the utility of UNASUL and its first project, a South American Defence Council. “To defend against what?” asks Mr Cardoso. Brazil’s armed forces did not propose the defence council, nor do they see the American presence in Colombia as a threat. “The United States isn’t attacking Latin America. Chávez threatens, he’s not being threatened,” says Mr Cardoso.

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Bem, mesmo nao concordando com o teor da matéria, não se pode deixar de reconhecer que a ilustração é bonita...
Um bloco de amigos, como disse o próprio presidente.
Com amigos assim...
Paulo Roberto de Almeida