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segunda-feira, 17 de agosto de 2009

1292) O Premio Nobel dos pobres, dado a Lula

O artigo abaixo é de um ex-funcionário da ONU, hoje aposentado, revelando sua decepção com o destino dado pelo “Prix Félix Houphouët-Boigny pour la recherche de la paix”, recebido pelo presidente Lula no último mês de julho, em Paris.
Na verdade, o mais estranho -- e que devemos perguntar antes de tudo -- é como um presidente africano, de um país supostamente pobre, pode deixar um prêmio assim generoso (o equivalente a 150 mil dólares), que já foi distribuido várias vezes.
O Alfred Nobel, pelo menos, era um industrial sueco que ficou arrependido com todo o dinheiro que tinha ganho fabricando explosivos, e quis se penitenciar um pouco....
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Paulo Roberto de Almeida
17/08/2009

Lula e o prêmio da Unesco

Gostaria de compartilhar algumas informações com os amáveis leitores do jornal Gazeta do Sul com relação ao “Prix Félix Houphouët-Boigny pour la recherche de la paix” via l’Unesco (Prêmio Félix Houphouët-Boigny pela procura da paz outorgado pela Unesco). Como é do conhecimento dos caros leitores, a Unesco é a Agência das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, com sede em Paris, França.
Com relação ao prêmio nomeado pela Unesco de Félix Houphouët-Boigny – presidente durante décadas no século 20 do país africano Costa do Marfim, o qual teve sua formação acadêmica na França e foi sempre um grande instigador da paz em várias conferências mundiais da ONU em prol da paz e segurança no mundo moderno – ele é composto de um Certificado da Unesco assim como uma soma em dinheiro (normalmente US$
150.000,00).

Tendo me referido aos detalhes acima, gostaria de trazer ao conhecimento dos leitores (isto sem nenhuma pretensão, pois não é o objetivo de minha missiva ao jornal Gazeta do Sul) que eu sou gaúcho – hoje me considero um cidadão do mundo –, natural de Porto Alegre e moro em Santa Cruz do Sul já faz mais de sete anos. Carrego também comigo dois títulos históricos e motivo de honra e orgulho para qualquer cidadão, uma cópia personalizada do Prêmio Nobel da Paz de 1981 recebido pela minha organização, o ACNUR (Alto Comissariado da ONU para os Refugiados) pelo trabalho que efetuei juntamente com toda uma equipe de colegas no Vietnã, Camboda e Laos em 1980-81, durante a terceira guerra da Indochina com o desespero de milhares de vietnamitas, cambodianos que fugiam do Vietnã via o mar da China e eram chamados de “boat people”.
Os que têm hoje 60 anos seguramente se lembrarão dos fatos ocorridos no sudeste asiático. E o Prêmio da Paz Félix Houphouët-Boigny, da Unesco, foi conferido também ao ACNUR, em 1995, e do qual também tenho um certificado original e pessoal pelo trabalho que fiz com muitos outros colegas internacionais da ONU em prol dos refugiados do mundo
inteiro.
Finalmente, e aqui trata-se de minha opinião pessoal, fico muito magoado em tomar conhecimento via o nosso jornal Gazeta do Sul que o nosso presidente da República, sr. Luiz Inácio Lula da Silva, descarta a doação do prêmio em seu numerário de US$ 150.000,00, indo assim na contramão dos trâmites normalmente aplicados de cortesia e diplomacia internacionais nos quais o ganhador sempre, como uma praxe, oferece o
numerário para obras caritativas ou para outros “empreendimentos” educacionais ou de pesquisas. Este ato presidencial por parte do sr. Luiz I. Lula da Silva não traz tampouco um grande exemplo de postura a ser observada, pois com o ato de doação estaria assim homenageando com a sua ação (doação do prêmio pecuniário recebido) o conjunto da sociedade brasileira. Finalmente, o que mais deixa a desejar nesse
comportamento presidencial é sua falta de sensibilidade para tantas obras educacionais e urgentes que não são feitas por esse Brasil afora. Penso eu que com as pequenas ações e demonstrações positivas se fazem as grandes pessoas...

Desculpe, senhor presidente, mas estou em total desacordo com a sua conduta. Tenho dito.

Marco Antonio Martins Vieira/Funcionário aposentado da ONU
24 de julho de 2009

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