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domingo, 16 de agosto de 2009

1289) A ABIN é cega, caolha, incompetente, estúpida, ou o quê?

Talvez nenhuma das opções acima: ela pode estar apenas manietada...
De toda forma, acho incrível, inacreditável, surpreendente, escandaloso, inaceitável -- escolha todos os outros adjetivos que você quiser -- para um serviço supostamente de segurança do Estado e de suas instituições que ele permanece inerme, estupidamente contemplativo, completamente parado, inacreditavelmente omisso, quando tantas instituições do Estado, como ministérios -- na própria Esplanada -- e outras agências públicas nos estados sejam invadidas impunemente, e o Estado não faz absolutamente nada, se deixa levar por esse bando de energúnemos que responde coletivamente pelo nome do MST.
Leia o editorial abaixo, depois eu volto.

MST manda no País
Editorial O Estado de S.Paulo
Domingo, 16 de Agosto de 2009

A nova "jornada de lutas" do Movimento dos Sem-Terra (MST), que a cada ano se mostra mais organizado, abrangente e desafiador das leis do País, tenta deixar claro que não é o governo e sim os "movimentos sociais" que devem fazer a reforma agrária, estabelecendo a quantidade e o ritmo de alocação de recursos a ela destinados, bem como à assistência das famílias de assentados e acampados. Isso porque, enquanto o presidente Lula, em sua coluna semanal em jornais, diz que de 2003 até agora seu governo assentou 519.111 famílias - mais da metade do total de 1 milhão de famílias beneficiadas nos 40 anos de existência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) - e destinou 43 milhões de hectares para assentamentos de sem-terra, de um total de 80 milhões utilizados em toda a história do País, a "jornada" emessetista cobra "mais incentivos à reforma agrária e aos assentamentos", incluindo a liberação de R$ 800 milhões do orçamento do Incra e a atualização dos índices de produtividade no campo. Quer dizer, o governo não entende nada de prioridade de alocação de recursos públicos ou de apoio às famílias que trabalham no campo - quem entende disso é o MST.

Como tem ocorrido nas últimas vezes, também nesta "jornada" as invasões e ocupações têm mantido a preferência por prédios públicos, especialmente os pertencentes ao Ministério da Fazenda e ao Incra.

Em Cuiabá o prédio da Receita Federal foi invadido por 1.200 militantes do MST e entidades assemelhadas. Cerca de 850 sem-terra marcharam pelo Mato Grosso e chegaram a Mato Grosso do Sul sexta-feira. Em Curitiba, além de invadirem o prédio do Ministério da Fazenda e do Incra, 700 manifestantes sem-terra tomaram as ruas centrais da cidade, provocando grandes transtornos no trânsito. Em Belém, depois de sete dias de marcha, 850 sem-terra invadiram e ocuparam edifício do Ministério da Fazenda. Em Brasília cerca de 4 mil integrantes do MST e Via Campesina ocuparam a sede do Ministério da Fazenda, na Esplanada dos Ministérios. Em três cidades do interior, no Ceará, foram ocupadas agências do Banco do Nordeste. Em Fortaleza, paralisaram o funcionamento da superintendência regional do Incra.

Em Salvador, um grupo de 400 integrantes do MST ocupou a sede local da superintendência do Incra na cidade. Em Porto Alegre, cerca de mil sem-terra e integrantes da Via Campesina acamparam diante do prédio da Receita Federal, impedindo o atendimento ao público. Além da ajuda financeira às famílias de assentados e da criação de novos assentamentos, eles reivindicavam ajuda à agricultura familiar gaúcha, que teria sido gravemente afetada pela estiagem, no primeiro semestre deste ano. Em Petrolina, cerca de 150 famílias do MST ocuparam a sede do Incra na cidade. Em Maceió um protesto reuniu cerca de 600 agricultores provenientes de várias regiões de Alagoas. Em Florianópolis cerca de 400 sem-terra fizeram protesto em frente de delegacia do Ministério da Fazenda. Em São Paulo, os militantes do MST tentaram ocupar o edifício do Ministério da Fazenda, mas foram impedidos pela Polícia Militar e tiveram que se contentar com manifestação de protesto na frente da repartição.

O desrespeito às leis, à ordem pública e à propriedade não constitui novidade nas manifestações sazonais do MST e assemelhados. O que se torna cada vez mais merecedor de destaque - afora a habitual falta de reação das autoridades a tal baderna nacional - é a proficiência com que os líderes desses movimentos ditos "sociais" dão diretrizes administrativas para o governo, em vários campos. Pontificam sobre finanças públicas - como faz o líder José Damasceno, comandante das invasões em Curitiba e região - ao analisar o "contingenciamento de recursos" e as necessidades de investimentos do governo para atender à demanda das famílias, "do ponto de vista social e econômico". Também determinam diretrizes sobre preservação do meio ambiente e sobre produtividade agrícola - e é bem possível que já tenham equacionado a estratégia de exploração e desenvolvimento de produção de petróleo da camada do pré-sal. Só é de estranhar que ainda não tenham lançado um candidato a presidente da República, vindo diretamente de suas bases. Mas, pensando bem, por que precisarão disso?

=====
Retomo:
Se a ABIN foi supostamente criada para defender o Estado de ataques surpresa, supõe-se que aquele bando de aprendizes de James Bond que frequentam -- apenas frequentam, ao que parece - a ABIN esteja atento a todos esses movimentos ilegais (posto que não registrados legalmente com o MST) e suas invasões de prédios públicos.
Ou a ABIN é singularmente incompetente, e por isso deveria ser extinta, ou ela está manietada, castrada, impedida de fazer qualquer coisa contra esses "amigos do poder".
Aposto pela segunda hipótese, mas ainda assim é muito grave, pois significa que a ABIN não é um órgão do Estado e sim do governo, e que o Estado pode ser tornado inoperante por um governo relapso, incompetente ou simplesmente conivente, como parece ser o caso.
Em qualquer hipótese, num Congresso que se respeite e que faça o seu trabalho, supõe-se que exista uma comissão para tratar da ABIN e suas atividades.
Com esse Congresso vergonhoso que ai está, não surpreende que nada aconteça, ninguém cobre responsabilidade de ninguém, não se faça nada.
Em todo caso, é muito triste constatar isto.
Nos velhos tempos, alguma força policial que seja -- já que a ABIN não serve mesmo para nada -- também serviria para impedir e desalojar esses invasores ilegais.
Como se dizia antigamente, "cacete não é santo, mas faz milagres".
O que o MST precisa, é de um belo cacete, apenas isso...

14 comentários:

Anônimo disse...

Comentário recebido de Yehoshua Orenstein Cohen

On 16/08/2009, at 19:48, Yehoshua Orenstein Cohen wrote:

PREZADO PAULO ROBERTO:

1. É necessário entender que a ABIN não é Polícia Militar ou Civil. Seu trabalho se restringe à área de Inteligência - mas é o Chefe de Estado que é o destinatário dos trabalhos da ABIN, em forma de documentos chamados INFORMAÇÃO (que contém uma verdade absoluta); APRECIAÇÃO (que é uma opinião do Oficial de Inteligência), que o produziu; ESTIMATIVA (que é um documento que indicaantecipadamente, com cariz científico, as questões que contenham ameaça ao Estado Democrático de Direito); INFORME (documento que, pelo seu formato reduzido, apenas contém dados, sem uma preocupação com todos os pormenores, o que só ocorre com a INFORMAÇÃO). Além desses documentos, há RELATÓRIOS, BOLETINS, etc. São classificados, quanto ao SIGILO, em ULTRASSECRETOS, SECRETOS, CONFIDENCIAIS e RESERVADOS. Desse modo, veja bem, não é da natureza de um Serviço de Inteligência, como a ABIN, a operacionalização do COMBATE FÍSICO ou interferir diretamente nos agentes da subversão à Ordem Instituída legalmente.

2. Como dito, o CONHECIMENTO produzido pela ABIN é enviado ao Chefe de Estado - e ele deve valer-se desse CONHECIMENTO para promover as Políticas de Segurança do Estado. Ocorre que o Chefe de Estado é um ANALFABETO. Quando estive com ele, no tempo da campanha do COLLOR, e antanho (acho que ainda é assim) todos os candidatos a Presidente da República tinham acesso ao Serviço Secreto para saber o que a chamada "Comunidade de Informações" fazia, e como poderia utilizar esse aparato para governar de maneira mais competente e cabal, conhecendo, profundamente, os problemas nacionais - internos e internacionais -, dentro da visão de INTERESSE NACIONAL PERMANENTE, LULLA limitou-se a dizer: "Nunca pensei que esse era o trabalho de vocês, e vejo que ninguém pode governar sem um Serviço desses". O LULLA perdeu e o COLLOR ganhou, e como COLLOR é isso mesmo que ele é, um BANDIDO, pregou a extinção do Serviço Secreto - o que não ocorreu, por razões que não posso registrar aqui, mas mudou de nomes... Primeiro, veio a Secretaria de Assuntos Estratégicos, depois a ABIN...

3. Assim, não é realista esperar que a ABIN acabe com o MST, embora, com certeza, a ABIN produza conhecimentos ANTECIPADOS sobre a atuação dessa Organização Criminosa, estabelecendo a sua atuação prévia - porque a ABIN tem pessoas infiltradas no MST - mas NADA ADIANTA, porque o LULLA privilegia o MST (até faz afagos, ao usar o seu boné e doações ilegais de milhões de reais), pois elle sabe fazer jogo duplo, ele assobia e chupa cana, ele usa luva e anéis, concomitantemente. Ele se dá bem com a Casa Branca e com Caracas. Sendo o Chefe de Estado INCAPAZ de dar um basta nos crimes do MST, deveria a Procuradoria-Geral da República responsabilizá-lo por crime de lesa-pátria, mas não o faz; deveria o Senado cobrar condutas de responsabilidade, mas nossos Senadores não têm distância estética (leia-se: moral) para tanto. O que LULLA e seus agentes subversivos fazem, porque sabem fazerem muito bem, é cooptar entidades e pessoas (como fez com a UNE atual e com o lixo que está amontado no Congresso Nacional, materializado em Deputados e Senadores).

4. Acredite, PAULO: a ABIN trabalha muito bem, o que é reconhecido pelo BND (Serviço de Inteligência da Alemanha); pelo Shim Beit (de Israel, vulgarmente chamado de "Mossad"); pelo MI-5 (do Reino Unido), e pela CIA (EUA, este um dos mais improvisados Serviços de Inteligência do mundo, embora nos EUA haja vários Serviços de Inteligência extremamente competentes, na área militar-científico-estratégica, mas sem muito poder político, como a CIA). O que ocorre é que há uma política brasileira para desprestigiar a ABIN, sendo frustrador para seus Servidores o cenário atual, de impotência e de VERGONHA mesmo, porque trabalham e não veem o resultado de ingentes esforços, no caso, no tocante ao Palácio do Planalto.
Com um abraço e SHALOM!
YEHOSHUA COHEN.

Vinícius Portella disse...

Paulo,

Basicamente o que eu iria comentar o Y.Cohen já escreveu e foi além. É certo que o atual governo dispõe de informações, no tocante a isso, produto não só do serviço da ABIN, mas também dos serviços de inteligência das Forças Armadas e das Forças Auxiliares. Em geral, nestas organizações o MST é visto como um movimento subversivo a solapar a ordem e a lei vigente. Assim, se a disposição dessas forças é de combate aos Sem-terra, não resta dúvida que não agem não por ineficiências suas, mas por estarem atadas a autoridades que não têm disposição política de atacar tal situação. Ineficiências nos órgãos de segurança há, mas são irrelevantes neste quadro. O problema está em Brasília.

Abraços,

Anônimo disse...

Foi decepcionante ler sua avaliação em relação a Abin. Como diplomata e historiador da área internacional, homem culto, pois já o vi e ouvi em algumas palestras, perceber que você compartilha dos preconceitos dos remanescentes da ditadura que ainda estão naquela instituição e coaduna com anseios de reação violenta em relação aos movimentos sociais foi desestimulante. A inteligência tem seu nascimento atrelado à diplomacia não deve se voltar contra o cidadão nacional por este protestar ou ter qualquer tipo de opinião em relação à políticas sociais. É triste, mas diante de suas expectativas em relação a instituição, é melhor que ela continue A ABIN é cega, caolha, incompetente, estúpida. Além disso, entre o bando de aprendizes - espero que estes sejam os remanescentes do SNI - há gente nova, que busca referências mais iluminadas e tinham alguns de seus textos como boa fonte de análise em determinados temas. Infelizmente, acho que esta atitude deve ser revista.

Paulo Roberto de Almeida disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Paulo Roberto de Almeida disse...

Caro Anônimo,
Excelente seu comentário, que agradeço, sinceramente, sem trocadilhos. A intenção era essa mesma, provocar alguma figura da ABIN, pois até aqui todos os que se pronunciaram (nem todos transcritos acima) eram neófitos. No seu caso se trata de "prata da Casa", evidente nos comentários, talvez dos grandes, lemantando apenas que seja feito anonimamente, o que compreendo se tratando de um araponga.
Pena que seu comentário seja puramente adjetivo, contornando o problema, em lugar de ir à substância do tema.
Estou plenamente consciente de que a ABIN apenas faz inteligência, supostamente a serviço do Estado. Se isso é verdade, ela deveria alertar o Estado sobre ataques iminentes. Se o faz e não é atendida, então algo de muito errado está acontencendo no Estado brasileiro, ou no governo mais propriamente. Era isto que eu esperava vê-lo comentando, não voltas em torno do assunto.
Quanto a partilhar preconceitos dessa tropa referida, o erro é absoluto: sai do Brasil durante a ditadura, mas não acho que o Estado deva perder o direito de se defender, pelos meios apropriados, o que ele não está fazendo hoje, para vergonha da ABIN, do GSI e de outras instancias.
Estou aberto a mais comentários, sem quaisquer restrições, mas se desejar fazê-lo de modo direto, anonimante ou não, sinta-se à vontade: pralmeida@mac.com
Paulo Roberto de Almeida

Anônimo disse...

Caro Conselheiro, agradeço o retorno, certamente não foi minha intenção adjetiva-lo, mas expor minha opinião acerca da inteligência de estado, que deve estar a serviço deste 24h. Internamente, a defesa patrimonial do estado está vinculada ao Ministério Público e a Polícia Judiciária.
Minha decepção se deu por vê-lo reveberar a recorrente visão de que a Abin deveria estar voltada para movimentos sociais como o MST. Gostaria de destacar que não concordo com os meios utilizados por essa agremiação. De toda forma, por ter visto in loco, em algumas regiões do brasil a reforma agrária e a legalização da situação de pequenos lavradores se fazem necessárias, principalmente na região norte. Duvido muito que o senhor seria contrário à garantia do direito de propriedade, sabedor das consequências positivas que pode trazer.
Sim, sou prata da casa, e confirmo que prefiro este meio de comunicação por garantir o sigilo de minha identidade, pois opiniões expressas aqui, infelizmente,na instituição em que trabalho, não são bem vista pelos mais antigos.
Não gostaria de ser chamado de araponga, pois não me vinculo ao comportamento dos remanescentes do SNI, esses sim, bem caricatos. Minha intenção foi sensibilizá-lo para o fato de que a inteligência deve ser complementar à diplomacia no exterior e que internamente cabe apenas executar a contra-inteligência e o contra-terrorismo.
Não acredito que o senhor gostaria de ver as hordas do MST sob o "cacete" do Estado por protestarem, muito menos por exigir a reforma agrária. Qdo da desordem, como disse o colega acima, cabe à polícia atuar. Espero vê-lo arregimentar seus leitores, que são muitos, em torno do fortalecimento da construção de inteligência verdadeira, que sincronize e colabore com os outros órgãos do estado que produzem conhecimentos sensíveis, como o Itamaraty.
Atenciosamente,
Interlocutor

Paulo Roberto de Almeida disse...

Meu caro Interlocutor,
Não sou conselheiro, mas isso não tem a menor importância. Sou apenas um brasileiro que lê, que pensa e que ousa expressar o que penso, muitas vezes de forma provocadora e exageradamente distorcida, como fiz neste post sobre a ABIN, mas é que achei importante soltar esse petardo contra uma instituição que me parece singularmente castrada atualmente, não por culpa dela, mas do governo que supostamente nos governa. Como você, sendo funcionário do Estado como você, tenho a coragem de dizer o que penso, o que sempre tem certo preço. Não vou cobrar-lhe o anonimato, pois entendo que sendo uma analista de informações da nova safra, e não um araponga da velha, você tem necessidade funcional de preservar sua identidade.
Estou plenamente consciente de que não cabe à ABIN preservar patrimônio estatal ou efetuar ações repressivas. Sei perfeitamente disso e apenas fiz o post, para talvez chamar os brios de pessoas como você, que tendo a obrigação de defender o Estado, por uma ação preventiva de inteligência, e SABEDORES do que se trama contra instituições do Estado, vocês estão sendo ignorados por quem de direito. Isso para mim é o equivalente de uma castração funcional.
Como você vê, eu parto da certeza absoluta que vocês sabem, antecipadamente, que tipo de ação será empreendida pelos facínoras do MST. Se vocês não souberem, então é um caso de simples incompetência, e então é melhor fechar a ABIN.
Se vocês sabem, e não são ouvidos, algo de muito estranho vem ocorrendo no Estado brasileiro, o que significa que instituições do Estado vêm sendo castradas pelo governo, e que este incorre em crime de responsabilidade, por deixar que patrimònio público seja depredado.
Em outras circunstâncias já seria suficientemente grave, para a ABIN e para os responsáveis acima dela.
Se você, por outro lado, considera o MST um movimento social, então sinto dizer, você é muito ingênuo ou muito ignorante. Qualquer pessoa medianamente bem informada sabe que o MST é um partido neobolchevique, engajado num processo revolucionário que visa à tomada do poder e a alteração do estado de coisas, ou seja, um velho partido revolucionário fora de moda, como outros tantos na história do século 20, e que ensanguentaram vários países. Se você defende o direito de propriedade, então não poderia concordar com o MST.
Não sei se a ABIN é tão estúpida a ponto de considerar que o MST está interessado em reforma agrária.
Se vocês se dedicam à contra-inteligência e ao contra-terrorismo, então deveriam estar repassando às autoridades repressoras as próximas ações do MST, para que ele fosse impedido de cometer essas invasões destruidoras.
Se o fazem e não são ouvidos, estão castrados. Se não o fazem, são incompetentes, não para tarefas de inteligência, pois este conceito seria exagerado no caso, mas para simples missões de informação.
Sinto pelas palavras duras, mas tenho por hábito dizer o que penso.
Paulo Roberto de Almeida
31.08.2009

Anônimo disse...

Sr. Paulo Roberto,

Parabéns. Não o conheço, mas o seu ‘tiro’ ‘acertou na mosca’.

Defendo o direito à propriedade e sou favorável ao sistema capitalista como forma honesta de vida. É minha opinião, mas posso estar errado.

Imigrantes europeus e asiáticos começaram a chegar ao Brasil em massa até meados do século XX, “sem nada nos bolsos ou nas mãos” (como diz aquela música de Caetano Veloso).
Veja que eles e seus descendentes, hoje, em sua maioria, estão muito bem de vida.
Não precisaram invadir nem depredar o patrimônio público.
É isso: quem trabalha honestamente tem direito a usufruir o fruto do seu trabalho.

Mas o que acho estranho é que pessoas, supostamente do SNI ou da ABIN, a título de comentário, venham a este blog para repassar supostas informações sigilosas a respeito de métodos e detalhes sobre elaboração de documentos e supostas ações da ABIN.
Se a ABIN monitora um alvo qualquer, não deveria ser isto relatado PUBLICAMENTE.

Além disso, esse mesmo comentarista chama o presidente da República de “analfabeto” e “incapaz” e um senador da República de “bandido”.
Isso, se partiu de um suposto servidor público lotado em um órgão de assessoramento ao chefe de Estado, é, no mínimo, um grande absurdo.
Houve também uma agressão a um senador da República. O que será que ele faria se tomasse conhecimento disso? Um processo?

Mais uma vez, parabéns Sr. Paulo. Tens uma inteligência muito apurada.

Paulo Roberto de Almeida disse...

O último interlocutor anônimo -- parece que a sina deste Blog é só receber comentários anônimos, mais relevo... -- se define como capitalista ma non troppo, posto que ele acha que pode estar errado.
Bem, se ainda existissem socialismos reais dignos desse nome, eu recomendaria a ele um turismo político nessas terras do planejamento centralizado, nas quais a miséria material só era superada pela miséria moral.
Enfim, ainda existe a Coréia do Norte (mas o turismo lá é praticamente impossível), e Cuba, onde eles aceitam qualquer um que tenha dólares, sobretudo apenas turistas, e não petistas, pois estes têm mania de querer visitas fábricas e cooperativas e isso só dá trabalho aos companheiros cubanos, que só estão interessados em ganhar dólares, quanto mais melhor.
Quanto a história dos imigrantes -- e eu também sou neto de camponeses europeus, mas analfabetos -- eu diria que existe uma grande diferença com a chamada clientela do MST. Os imigrantes europeus tinham uma cultura camponesa, e souberam adapta-la às novas terras e progredir pelo trabalho.
No caso da massa de manobra do MST estamos falando de lumpesinato e lumpenproletariat, sem qualquer cultura camponesa clássica, classificados por Caio Prado Jr como estruturalmente marginais, ou seja, sem qualquer capacidade produtiva no limite da produtividade de subsistência.
Não é culpa deles, e sim das elites, que nao souberam educar esses marginais estruturais, em parte negros, mas geralmente mestiços, tipicamente brasileiros.

Retomo o meu ponto CONTRA a ABIN. Ela deveria supostamente alertar seus superiores para ações contra o Estado brasileiro, como são essas invasões de ministérios e outros prédios públicos. Acredito, mas sou condescendente, que ela o faça, pois deve ter algum velho araponga ou algum novo analista de informação, ou um simples pé rapado terceirizado, comprado, que presta esse tipo de informação de dentro do MST. Se não o faz, volto a dizer, ela é completamente incompetente, e singularmente ineficaz, merecendo um puxão de orelhas de alguma comissão congressual (se isso existisse na ficção política de Brasilia).
Se ela o faz, e tem seus avisos bloqueados logo acima, creio que ela poderia invocar o Regulamento do Servidor Público, que exige que o funcionário denuncie qualquer ação abusiva das autoridades.
Creio, pessoalmente, que deixar um prédio público ser invadido, tendo a informação disponível, é uma ação delituosa contra o Estado, que merece sanção apropriada.

Enfim, tenho plena consciência de que nada acontecerá, e que o MST continuará invadindo propriedades públicas impunemente.
Que isso pelo menos fique como registro vergonhoso na história da ABIN: ou é incompetente, ou é castrada.
Se alguém tiver uma outra opção, pode postar aqui, mesmo anonimamente....
Paulo Roberto de Almeida
1.09.2009

Anônimo disse...

Inteligência estratégica contra MST???????? Prevenção de crimes é atribuição de inteligência policial, não de inteligência estratégica. Se o MST planeja destruir o patrimônio público ... o caso é de polícia.

Digamos que se a situação política fosse inversa e a Abin estivesse atrás de movimentos sociais, esta instituição estaria agindo - também - em favor do governo, mesma razão pela qual você critica a "omissão" da inteligência.

É o outro lado da moeda, amigo diplomata. Inteligência estratégica atua contra manipulações externas que se materializam no campo interno (e lê-se campo interno também como interesses e bens nacionais no exterior). O que for além disso, é resultado colateral.

O erro que você comete é comum, principalmente dentro do MRE e do Congresso.

Iluminação não é o caso do Congresso, mas é, definitivamente, do Itamaraty. Se nem nossos "iluminados" compreendem o uso da inteligência estratégica, ferrou ... ta aí a maior prova da incompetência geral ... debaixo dos nossos narizes.

Paulo Roberto de Almeida disse...

Anônimo araponga (com as devidas escusas pelo uso do clichê indevido),

A Polícia Federal pode, e deve, atuar na prevenção de crimes e na sua repressão, em escala federal, colaborando com outros órgãos do Estado na investigação de delitos de tipo comum.
A ABIN, ao que parece, é um orgão de defesa do Estado, sendo assim deveria estar informada sobre todo e qualquer movimento que se coloca contra o Estado, em qualquer fase de sua atuação, e até mesmo planejamento.
Se a ABIN não consegue avisar de forma preventiva, a PF, ou seja lá quem for, dos ataques a órgãos do Estado pelos energúnemos do MST, então, volto a dizer, a ABIN é muito incompetente -- pois deveria ter gente infiltrada ou informantes no bando de delinquentes anti-Estado -- ou então ela continua amordaçada, castrada, posta em camisa de força.
Que o MST destrua ou não patrimônio público é mera consequência, um side-effect, digamos assim, de sua ação delinquente.
Que a ABIN não consiga saber quando e onde o MST vai atuar para impedir o funcionamento normal do Estado -- com destruição ou sem ela -- então confirma-se mais uma vez que ela serve de muito pouco na defesa do Estado, que não deve ser apenas externa, como pretendido, pois supostamente entidades externas podem financiar entidades internas para atacar o Estado.
Isso ocorre, aliás, no caso do MST, e se a ABIN não sabe disso, e não tem meios de saber, então sua inoperância ainda é maior.
Desconfio, meu caro araponga, que a ABIN saiba de tudo isso, e apenas não pode agir em consequência e se vê coibida preventivamente (por motivos que todos sabemos quais são), o que deveria ser considerado prevaricação ou grave irresponsabilidade funcional.
Tempos duros para arapongas, como para os próprios diplomatas...

Anônimo disse...

Eureka, caro iluminado!

vc disse:
"... que não deve ser apenas externa, como pretendido, pois supostamente entidades externas podem financiar entidades internas para atacar o Estado."

eu disse:
"Inteligência estratégica atua contra manipulações externas que se materializam no campo interno."

Concordamos neste ponto. Existe diálogo.

Porém, discordamos no que diz respeito ao MST ser, em si, uma ameaça ao Estado. Acho que é mero instrumento.

By the way: sou um "anônimo" estudante de REL bastante interessado, não "araponga", como sugerido!!! Mas se eles quiserem me contratar ... ta aí o meu IP :-D

alessandro alebiazzi@hotmail.com disse...

A ABIN investiga o MST, o MAB, se já não bastasse a crimininalização dos movimentos sociais na justiça e a coação econômica, ao ponto de não poderem alugar onibus para se locomoverem etc. Energumeno sim me parece ser o sr. diplomata, que além de ingênuo em relação a natureza do aparelho disciplinar em manter secreta a barbárie de suas ações criminososas contra a população pobre que se organiza, defende abertamente essa perseguição, como se fosse crime exigir o direito a terra, com todos os desafios que isso implica em um país oligarquico como o Brasil. Não leu, ou diria, não entendeu nada da história desse país quem acha que a "violência" da resistência popular é espontanea e não fruto de um regime histórico de exclusão. Felizmente a nossa diplomacia não se resume aos diplomatas neocolonialistas, que bufam terceiro mundismo mas odeiam a população negra e tem medo da organização popular no país ou mesmo de paises como a Bolívia, Paraguai e Equador, que vivem um ascenso democrático. Como diz Brecht "Do rio que tudo arrasta, diz-se que é violento, mas ninguém chama violentas às margens que o comprimem". Queira ou não tu eres mais um soldadinho dessa barbárie institucional acumulada na guerra do estado brasileiro contra os "rios populares" que se organizam e resistem. O clamor histérico pela ação do nosso serviço secreto contra os miseráveis é similiar aos que sufocaram a luta contra escravidão, canudos e uma verdadeira sociedade democrática nesse país. Se a esquerda felizmente não carrega mais o ranço soviético e é capaz de fazer autocrítica o mesmo não pode ser dito da oligarquia brasileira cujo modus operandis é digno de nota histórica: em nome da democracia, golpe de 64; em nome da liberdade a coação econômica e em nome da "civilidade dos homens de bem" a perseguição dos pobres, dos marginais, especialmente se eles se organizam por direitos. A ocupação de uma terra não se compara em termos de violência com o fascismo institucional que no auge de sua putrefação intelectual indica representar.

Paulo Roberto de Almeida disse...

Alessandro,
Temas polemicos, comentarios polemicos, por vezes destrambelhados e desarticulados como o seu, alias nitidamente grosseiro, como nao deveria ser.
Quaisquer argumentos que não são de nossa apreciação -- e encontramos muitos na imprensa diaria, provindos das mais altas autoridades -- a gente deve reagir com reflexão e novos argumentos substantivos, contrários e até acerbamente críticos, mas com um mínimo de racionalidade e até um pouco de cortesia, em se tratando de um "serviço público" como este.
Não é absolutamente o seu caso, e você pretende ser agressivo, como é o seu direito, e o meu seria de simplesmente não postar algo deselegante.
Mas, o faço simplesmente para demonstrar que pessoas como você refletem exatamente uma certa corrente de opinião aparentemente em maioria neste país e que vê num partido neobolchevique e criminoso como o MST um "movimento social".
Não é certamente o caso, e apenas lamento a ingenuidade de tantos que acham que o MST está tentando fazer "justiça" neste país tão desigual.
De toda forma não pretendo de nenhuma forma convencê-lo, pois você revela a intolerância típica de certas correntes, que sabemos quais são, que divide o país e o mundo em burgueses e proletários, em dominantes e oprimidos, e todas essas bobagens que vocˆ´aprendeu quando jovem e das quais ainda não se desfez.
Se você tivesse lido direito o meu post, saberia que eu não estou pedindo a ABIN que ela reprima movimentos pretensamente sociais, apenas que defenda o Estado de ataques de movimentos políticos cujo único objetivo não é dialogar, ou lutar por seus objetivos (enviesados que sejam), mas apenas destruir e depredar.
Qualquer regime democratico tem de ter defesas contra fascistas rusticos como esses, que você parece aprovar.
De fato tem muitas semelhanças entre a corrente que você defende e os fascistas e nazistas.
Leia mais história, você vai saber do que estou falando.
Uma última recomendação: aprenda a ser menos grosseiro na vida, vai lhe fazer bem...
Paulo Roberto de Almeida