Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
sábado, 26 de setembro de 2009
1394) Comunismo religioso: a fé é a última que morre...
À ESPERA DE UM MILAGRE
Da esquerda para a direita (com todo o respeito): Ivan Pinheiro, Heloísa Helena, José Maria, Renato Rabelo e Rui Costa Pimenta. O personagem deitado na cama, para quem não sabe, é Marx
O título é meu, claro. Eu também acho que esse pessoal é inofensivo, contrariamente aos que acreditam que eles pretendem implantar o comunismo no Brasil.
Para que?, pergunto eu: eles sobrevivem muito melhor com o capitalismo, pois todos eles estão empregados, ganhando dinheiro do Estado, de empresas, de capitalistas e banqueiros, enfim, gozando do que existe de melhor no capitalismo, coisas que eles nunca teriam se o Brasil fosse socialista ou comunista.
A única coisa que eles conseguem é atrasar um pouco mais o Brasil, pois com todas essas mordomias e transferências de rendas, os capitalistas não conseguem investir pesadamente no crescimento e na criação de empregos.
Mas, para que?, eles já conseguiram os seus empregos e as suas rendas...
Brasil
O socialismo não morreu (para eles)
Para um bloco de partidos nanicos de esquerda, o marxismo
está mais vivo do que nunca e o capitalismo caminha inexoravelmente
para seu fim. Eles são inofensivos, apesar desse delírio
Veja, 30 de setembro de 2009
Um fantasma ronda a América Latina: o fantasma do comunismo. Pelo menos é o que acreditam os militantes de um punhado de partidos nanicos de esquerda que ainda sobrevivem na política brasileira. Para esse pessoal, não há nada mais importante do que impedir que as ideias de Karl Marx sejam devoradas pelo fungo e pelo bolor. Os esquerdistas radicais formam um grupo tão curioso quanto inofensivo. A grande aspiração dessa turma é assistir ao dia em que o socialismo, finalmente, vai se tornar o sistema econômico e político dominante no planeta. E esse dia estaria mais próximo, com o capitalismo perto de seus estertores, como demonstraria a crise financeira do ano passado. Apesar de animados, os nossos marxistas não pretendem se esforçar para acelerar a Grande Revolução Vermelha. Acham que basta sentar e esperar, visto que a marcha da história se encarrega de fazer o trabalho pesado.
O PSOL (Partido Socialismo e Liberdade), que integra esse bloco, é provavelmente a única agremiação marxista do mundo fundada depois da virada do século. Sua maior estrela é a ex-senadora Heloísa Helena. Com pouco mais de cinco anos de existência, o partido é um balaio de gatos. Abriga socialistas, trotskistas-cristãos, trabalhistas e até brizolistas. Com tantas correntes, é difícil afinar um discurso homogêneo, mas a maioria dos militantes concorda em um ponto: é preciso implantar um regime socialista no Brasil quanto antes. "Achamos que não há condições de fazer isso agora, mas um bom jeito de começar a transição socialista seria reestatizar a Vale do Rio Doce e expulsar o capital privado da Petrobras", diz o secretário de mobilização do PSOL, Roberto Robaina, reproduzindo um pensamento que, infelizmente, ronda o Palácio do Planalto.
Uma das agremiações mais barulhentas é o PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado). Seu líder, José Maria de Almeida, foi candidato duas vezes a presidente da República. Em 1998, teve 0,30% dos votos. Em 2002, alcançou 0,47%. Zé Maria não se preocupa com essa falta de mais-valia nas urnas: "O importante é a revolução. Ela está chegando, e nós estamos preparados. Haverá uma insurreição do povo. Vamos derrubar o governo e mudar o regime". Uma revolução no Brasil? "É isso mesmo. Nos últimos anos houve conflagrações no Equador, na Argentina e na Bolívia. Eles só continuam capitalistas porque quando o povo foi para as ruas não havia partidos capazes de guiar a transição para o socialismo. Esse será o nosso papel quando a hora chegar", acrescenta um Zé Maria animadíssimo.
A foice e o martelo também continuam em riste nas mãos da velha guarda do PCB (Partido Comunista Brasileiro). "Nunca fez tanto sentido ser comunista quanto agora", garante o secretário-geral da legenda, Ivan Pinheiro. Pare ele, a crise econômica dos últimos doze meses é a senha para a ressurreição do modo de vida soviético. "O capitalismo não vai dar conta dessa crise. Digo mais: haverá uma próxima crise, muito maior. Quando isso acontecer, os trabalhadores do mundo todo vão perder seus empregos e terão de voltar a se organizar para lutar. Isso vai acontecer antes do que se imagina", entusiasma-se Ivan, o Terrível.
O giro da roda da história (eles não julgam que seria para trás) é questão prioritária também nas plenárias do PCdoB (Partido Comunista do Brasil). Renato Rabelo, seu presidente, está convicto de que a queda do Muro de Berlim, em 1989, não representou o fim do marxismo: "Quando a União Soviética desabou, houve quem achasse que o socialismo tinha morrido. Que nada! Só alguém sem visão histórica nenhuma pode pensar assim". Para Rabelo, a aventura socialista mal começou: "O capitalismo levou 300 anos para superar o feudalismo. O marxismo tem pouco mais de 100 anos de existência. Ou seja, podemos precisar de mais 200 anos para tornar o mundo comunista". Nem o senador Eduardo Suplicy aguentaria mais dois séculos desse debate.
Essa confraria esquerdista se completa com uma obscura organização chamada PCO (Partido da Causa Operária). Como se fossem soldados da Coreia do Norte, seus militantes dificilmente saem em público, não dão bom-dia aos vizinhos e soltam a voz ao cantar a Internacional. Sua única face conhecida é o comissário-geral Rui Costa Pimenta, que em todas as eleições aparece na TV repetindo o slogan: "Quem bate cartão não vota em patrão". Uma rima, não uma solução, para continuar no pão com macarrão.
As ideias disparatadas desses partidecos dão certo colorido à democracia brasileira, nada mais. Ao sonharem com o pesadelo da restauração socialista, seus militantes conseguem apenas criar para si próprios uma imagem folclórica. Perderiam menos tempo se dessem ouvidos ao próprio Marx, objeto de sua devoção, que dizia que alguns fatos históricos podem acontecer duas vezes: na primeira, desenrolam-se como tragédia; na segunda, como farsa. O socialismo não voltará à vida. Está morto e enterrado, juntamente com milhões de cidadãos que, ao longo de setenta anos, pereceram sob sua mão de ferro. Ele só sobrevive como alucinação.
1393) Uma confusao jamais vista nos anais de uma Casa austera...
O pesadelo é nosso
Otávio Cabral e Duda Teixeira
Veja, edição 2132 - 30 de setembro de 2009 (publicada: 26.09.2009)
Na contramão da tradição diplomática nacional, o Brasil se intromete na política interna de outro país e o faz da pior maneira possível: como coadjuvante de Hugo Chávez
Lula tem na política o instinto matador que caracteriza os grandes artilheiros do futebol tão admirados por ele. Na semana passada, essa habilidade abandonou o presidente da República. Ele esteve em Nova York para discursar na abertura da 64ª Assembleia-Geral da ONU, palco privilegiado para fazer aquilo de que mais gosta e que faz como poucos: enaltecer o Brasil aos olhos do mundo. Em sua fala, Lula assinalou os avanços no uso de energias limpas no Brasil e mesmerizou os burocratas internacionais com ataques à caricatura do mercado onipotente. Ficou nisso. A maior parte do tempo passado sob os holofotes foi dedicada por Lula a falar de um país estrangeiro, Honduras, uma nação paupérrima sem nenhuma relação especial com o Brasil. Politicamente instável, Honduras vem de ejetar do posto e exilar um presidente, Manuel Zelaya, pela tentativa de desrespeitar a Constituição e, por meio da convocação de um plebiscito, perpetuar-se no poder.
Caso típico da contaminação ideológica patrocinada pelo venezuelano Hugo Chávez, Zelaya vendeu a Caracas seu pouco valorizado passado de latifundiário direitista. De repente, começou a se pautar pela cartilha populista chavista de miséria moral e material, supressão de liberdades individuais, desrespeito às leis, aos costumes civilizados, associação com o narcotráfico e, claro, eternização no poder – receita que estranhamente passou a ser chamada de esquerda na América Latina. Em uma operação comandada por Chávez, Zelaya foi conduzido de volta a Honduras e se materializou com numerosa comitiva na casa onde funciona a Embaixada do Brasil em Tegucigalpa. Esse hóspede incômodo, de aparência bizarra e com sinais evidentes de distúrbios mentais – ele se diz vítima de ataques por radiação de alta frequência e gases tóxicos que ninguém mais percebe –, foi o grande assunto de Lula em Nova York. O Brasil pode esperar outra oportunidade.
Zelaya é um problema dos hondurenhos que encurtaram seu mandato antes que ele o espichasse indefinidamente. É um problema também de Chávez, que não se conforma em perder o investimento feito na conversão dele ao seu credo. É um problema dos Estados Unidos pela proximidade geográfica e por estar na sua esfera de influência histórica. Pois a semana acabou com Zelaya sendo um problema e constrangimento para o Brasil. Golpe de mestre de Chávez, que evitou alojar Zelaya na Embaixada da Venezuela, ordenando a seus amigos na paradiplomacia brasileira chefiada por Marco Aurélio Garcia que o acolhessem na representação brasileira. "Hoje, o Brasil tem um problema em Honduras e Chávez, que o produziu, não tem nenhum", diz Maristela Basso, professora de direito internacional da Universidade de São Paulo. Chávez age como o líder do subcontinente americano. Faz troça dos Estados Unidos e ignora Lula.
Com as eleições marcadas para o próximo dia 29 de novembro, o governo interino que derrubou Zelaya se preparava para reconduzir o país à normalidade democrática. O candidato ligado a Manuel Zelaya aparecia até bem colocado nas pesquisas de intenção de voto. Seria uma saída rápida e democrática para um golpe, coisa inédita na América Latina. Seria. Agora o desfecho da crise é imprevisível. O mais lógico seria deixar o retornado sob os cuidados dos amigos brasileiros até depois das eleições, que, se legítimas, convenceriam a comunidade internacional das intenções democráticas dos golpistas. E, claro, com-binar isso com os apoiadores e detratores de Zelaya nas ruas (veja a reportagem da enviada especial de VEJA, Thaís Oyama), já que elas costumam ter sua própria e volátil dinâmica. O Brasil, que poderia ser parte da solução da crise de Honduras, tornou-se, graças a Chávez, o problema. A embaixada brasileira agora tem um hóspede que ouve vozes e uma paradiplomacia que ouve ditadores estrangeiros.
"O Brasil passou à condição de refém de Zelaya. Ele jamais quis nossa proteção, tudo o que quer é usar a embaixada como palanque eleitoral", definiu na sexta-feira passada o embaixador Marcos Azambuja, expoente do passado de diplomacia profissional de padrão mundial que um dia prevaleceu no Itamaraty. O ministro-conselheiro Francisco Catunda Resende, único diplomata brasileiro em Honduras, foi quem recebeu Zelaya, acompanhado da mulher, Xiomara, filhos e bagagem, às 11 horas da manhã de segunda-feira. Catunda Resende já tinha sido informado, em termos misteriosos, da iminente chegada de um visitante ilustre, conforme VEJA apurou no Itamaraty. O que não estava combinado era que Zelaya transformaria a embaixada em comitê de campanha, com centenas de correligionários acampados dentro do prédio. Ele deu entrevistas dentro da embaixada e proferiu um discurso da varanda do 2º andar. Disse que lutaria pelo cargo até a morte e conclamou a população a resistir. Tomou conta do lugar com tal desfaçatez que seu pessoal se recusou a dividir com os funcionários brasileiros a comida enviada pela ONU. A situação é inédita nas relações internacionais (veja o quadro). Em geral, um país dá asilo em sua embaixada a alguém que é perseguido e corre risco no país. Não é o caso de Zelaya, que estava em segurança na Nicarágua e resolveu voltar para Honduras, onde há um mandado de prisão contra ele. A versão oficial do Itamaraty é que está "abrigando o presidente Zelaya numa situação peculiar, na qual ele corre risco" e que ele "não é um asilado". "Se eu estivesse lá, deixaria o presidente deposto entrar na embaixada e o manteria lá. O que não tem cabimento é a chegada de 300 aliados políticos, que passaram a utilizar a embaixada como um comitê", diz Roberto Abdenur, que foi embaixador em Washington.
A ajuda a Zelaya é a confirmação da primazia da ideologia sobre o interesse nacional no governo Lula. Honduras só tem importância na retórica e nos planos de Chávez, que procura ampliar sua influência entre os pequenos países centro-americanos. Honduras não está na agenda diplomática do Brasil – aliás, de nenhum país exceto seus vizinhos e a Venezuela – porque não tem importância política ou econômica. É um exportador de bananas e, com sua instabilidade crônica, serviu de modelo para a criação da expressão "república bananeira". Praticamente, só conta com um parceiro comercial, os Estados Unidos. A crise é um daqueles casos em que os dois lados envolvidos não têm razão. Incentivado por Chávez, Zelaya tentou modificar uma cláusula pétrea da Constituição e instituir a reeleição. O Congresso e o Judiciário proibiram um plebiscito sobre o tema, que foi mantido por Zelaya. A Suprema Corte, então, decretou sua prisão. Em vez de prendê-lo, porém, um comando militar invadiu sua casa durante a madrugada e o expulsou do país, ainda de pijama. Em seu lugar foi empossado Roberto Micheletti, presidente do Congresso e membro do mesmo partido de Zelaya.
Houve um golpe de estado? Sim. País pequeno e pobre, Honduras foi transformada num caso exemplar do repúdio da comunidade internacional aos golpes de estado. Foi castigada com sanções econômicas e congelamento nas relações diplomáticas. Exceto por isso, o problema não era tão grande. A medida de força foi, até certo ponto, justificável pelas leis do país. Até o momento do golpe, o maior perigo para a democracia era o presidente Manuel Zelaya. Ele seguia os passos de Hugo Chávez, Rafael Correa e Evo Morales, e queria reescrever a Constituição para ampliar o próprio mandato. Não foi um golpe revolucionário, que rasga a Constituição, militariza o Poder Executivo e elimina a liberdade de expressão. Ao contrário, o objetivo era preservar as instituições. As eleições foram mantidas, com a presença da oposição, em 29 de novembro. Havia calma nas ruas, apesar de o país sentir o peso das sanções econômicas. A situação em Honduras só tinha importância para Zelaya. Se as eleições fossem realizadas, um novo presidente assumiria e o deposto cairia no anonimato. Em entrevista a VEJA, o americano Peter Hakim, do Diálogo Inter-Americano, um centro de estudos em Washington, colocou a questão em termos realistas: "Honduras pode ter cometido um pecado, mas não é a Sérvia ou Darfur. A comunidade internacional deveria focar no retorno da melhor democracia que eles possam ter". O governo Lula preferiu apoiar os planos de continuísmo de Zelaya. Essa intervenção jogou lenha na fogueira e pôs Honduras à beira da anarquia.
Manuel Zelaya é o mais improvável dos ícones adotados pela esquerda pró-Chávez. Um homem rico, dono de fazendas e madeireiras, anda sempre de botas, guayabera (a camisa típica da América Central) e chapéu branco, de abas largas. Com quase 2 metros de altura, bigodão de mexicano em filme americano, ele cultiva a imagem de um homem do campo honesto e trabalhador. Gosta de ser chamado de "Comandante Vaqueiro". Filho de uma família tradicional de fazendeiros, Zelaya filiou-se ao Partido Liberal, o mais à direita de Honduras, em 1970. Seu pai tinha sido do mesmo partido, mas teve suas ambições políticas frustradas quando passou sete anos na cadeia. Foi condenado como mandante do assassinato de dois padres e treze agricultores sem-terra que haviam invadido sua propriedade. A aproximação com Chávez ocorreu em 2008 e contou, no início, com apoio no Congresso. Em troca de 130 milhões de dólares, 4 milhões de lâmpadas e 100 tratores, Honduras entrou para a Alba, a associação de amigos de Chávez.
Os hondurenhos desconheciam então que o presidente também recebera de Chávez conselhos perversos sobre como se utilizar de mecanismos democráticos, como eleições e plebiscitos, para aniquilar a democracia e se perpetuar no poder. Um comunista diria que faltaram ao chavista neófito as condições objetivas para aplicar o modelo bolivariano de tomada do poder. Em fim de mandato, com popularidade baixa (30%), andava às turras com os companheiros liberais e, quando não conseguiu cooptar o chefe das Forças Armadas para a realização do plebiscito, ele fez a besteira de demiti-lo sumariamente. É um mistério como ele pretendia ser aceito como caudilho sem ter o apoio do Judiciário, do Legislativo, das Forças Armadas e da população. É difícil deduzir se Zelaya se atrapalhou por esperteza ou ingenuidade. Não se deve descartar a hipótese de que o homem seja um lunático. Como sugere sua queixa, na semana passada, de que "um grupo de mercenários israelenses" estava perturbando seu cérebro com "radiações de alta frequência". A paranoia dos raios mentais é um sintoma clássico de esquizofrenia. O certo é que Zelaya não cabe no figurino de um mártir da democracia.
Desde que foi deposto e expulso do país, em 28 de junho, Zelaya conta com a ajuda do Brasil. O presidente Lula e o senador José Sarney o receberam em Brasília com honras de chefe de estado. Um exagero, mas ainda dentro do razoável. Lula é obcecado por fazer do Brasil um protagonista no cenário mundial. Daí a mania de dar palpite em temas sobre os quais seria melhor ser discreto. O Brasil está bem equipado para desempenhar um papel mais ativo. Uma das dez maiores economias do mundo, o país é uma democracia de dimensões continentais. Seu presidente, por sua vez, é festejado e bem-vindo no exterior. Pode-se contar também com o apoio dos Estados Unidos, que veem o fortalecimento do Brasil como uma boa forma de conter a influência de Chávez no continente. Se o país é humilhado pelos vizinhos, tem suas riquezas roubadas impunemente e acumula derrotas nos organismos internacionais, é porque o presidente e seus diplomatas escolheram o caminho da ideologização da diplomacia nacional (veja o quadro). Qualquer regime minimamente antiamericano conta com o apoio tático do governo brasileiro – ainda que esteja envolvido em genocídio, como o do Sudão, ou seja tratado como pária mundial, como o do Irã. As estripulias dos governantes de esquerda da região – mesmo que eles estejam agindo contra os interesses brasileiros – são toleradas em silêncio pelo presidente Lula. "Por causa dessa política externa, estamos sempre a reboque dos acontecimentos", disse a VEJA Rubens Barbosa, que foi embaixador brasileiro em Washington. O Brasil poderia ser protagonista de uma solução pacífica em Honduras, cujo formato foi definido por Oscar Arias, Prêmio Nobel da Paz e presidente da Costa Rica, com o apoio dos Estados Unidos e da Organização dos Estados Americanos. Chávez foi mais convincente. Na Assembleia-Geral da ONU, em rompante, Lula chegou a dar ultimato ao governo de Honduras. Vai mandar os fuzileiros navais? Seria a suprema vitória de Chávez na armadilha que armou para Lula.
Com reportagem de Thomaz Favaro
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Especial Honduras: Protestos, populismo e pizza
Veja, edição 2132 - 30 de setembro de 2009 (publicada: 26.09.2009)
A volta de "Mel" virou a capital de um dos países mais pobres das Américas de cabeça para baixo. Não que ela estivesse muito melhor antes de toda essa confusão
Thaís Oyama, de Tegucigalpa
"LULA, LEVA DAQUI ESTA MULA"
A frase foi gritada por manifestantes pró-Micheletti. Sobrou também para Chávez
Mesmo numa cidade em que guardas privados exibem nas ruas escopetas e metralhadoras como se fossem estilingues, é assustador o aparato de segurança que cerca a embaixada brasileira em Tegucigalpa, a capital de Honduras. Mais de uma centena de soldados do Exército, armados de fuzis e escudos e divididos em quatro barreiras, bloqueia os acessos para a rua tranquila e arborizada que abriga a representação diplomática: o sobrado avarandado ocupa um terço do quarteirão, agora permanentemente sobrevoado por helicópteros militares. Lá dentro, com seu chapelão de caubói, o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, dá entrevistas, faz reuniões, recebe aliados políticos e devora pizzas da cadeia Pizza Hut. Desde que retornou ao país numa viagem patrocinada pelo seu chefe, o venezuelano Hugo Chávez, Zelaya instalou-se na Embaixada do Brasil como se estivesse em casa – mostra-se à vontade demais até mesmo para o enorme espírito de solidariedade bolivariana do chanceler brasileiro Celso Amorim.
A volta de Mel, apelido pelo qual é conhecido por simpatizantes, virou Tegucigalpa de cabeça para baixo. O conflito entre os "zelaystas" e os "camisas brancas", como são chamados os que apoiam Roberto Micheletti, o ex-presidente do Congresso que assumiu o governo, já fez dois mortos. O que mais se ouve em Tegucigalpa é que "Zelaya está com os pobres e Micheletti defende os ricos" – um eco do sempre eficiente marketing produzido nas oficinas chavistas. Na capital de Honduras, 50% da população se encontra abaixo da linha de pobreza. Muitos dos bairros ainda não têm sequer água encanada. Nas lojas do centro, a falta de notas fiscais, ou mesmo de registros de compra, denuncia o estratosférico grau de informalidade da economia e, nas ruas, metade dos táxis em circulação é clandestina (o que parece já ter sido absorvido pela população – ao solicitar o recibo de uma corrida, a reportagem de VEJA ouviu do motorista uma resposta indignada: "Sou ilegal, como vou ter recibo?"). Para a população mais pobre, Zelaya é o presidente "que aumentou o salário mínimo e deu remédios aos velhos". Dar esmolas assistencialistas não mudou nada na essência, nem de Honduras, nem de Zelaya, mas serviu para retocar a imagem do político oriundo da oligarquia hondurenha que, agora, se apresenta como mártir da esquerda do continente.
Seguidor disciplinado do figurino de Chávez, Zelaya joga para a plateia. Na quarta-feira, em entrevista ao jornal Miami Herald, declarou estar com fortes dores de garganta devido aos "gases tóxicos" que mercenários israelenses a serviço de Micheletti estariam injetando no interior da embaixada para envenená-lo. Também disse que estava sendo submetido a radiações de alta frequência. No dia seguinte, em entrevista a VEJA (leia o quadro abaixo), declarou já estar se sentindo melhor, dado que sua "denúncia" havia tido o efeito de cessar o envenenamento. Na tarde de sexta, Zelaya voltou a falar em gás. Desta vez, haveria pessoas sangrando e com dificuldade para respirar. O assistente de chancelaria da embaixada, José Wilson Batista, disse que de fato sentiu um cheiro de gás e um ressecamento da garganta por volta do meio-dia, mas que isso durou "só uns quinze minutos" e que ele não viu ninguém sangrando.
O chapeleiro maluco está cercado de coelhos assustadiços. Um brasileiro que se encontra na embaixada relatou à reportagem que a comitiva do presidente deposto anda com os nervos à flor da pele. "Na madrugada de quinta-feira, a tensão era tamanha que uma simples queda de energia desencadeou uma histeria geral, com gente correndo e gritando pelas salas, como se fosse ocorrer uma invasão", contou o funcionário. O Exército de Micheletti dá sua contribuição para manter a alta voltagem no ambiente: de madrugada, pelotões marcham em frente à embaixada, batendo os escudos. Embora os confrontos de rua tenham cessado desde quinta-feira e as últimas manifestações na capital hondurenha tenham sido pacíficas, o toque de recolher continua. A partir das 7 da noite, as ruas do centro ficam desertas e escuras como se fosse madrugada. Já na periferia de Tegucigalpa, à escuridão e ao silêncio soma-se a presença maciça de soldados – o governo de Micheletti sabe que é dali que pode vir confusão de verdade.
"Desativaram os aparatos que me estavam adoecendo"
VEJA conversou por telefone com o presidente Manuel Zelaya, que, na quarta-feira, declarou estar sendo torturado na embaixada brasileira por agentes a mando das forças de Micheletti.
Como está a sua saúde, presidente?
Está melhorando, está melhorando.
Mas o senhor disse que estava sendo torturado por radiações de alta frequência e por gases tóxicos introduzidos na embaixada por mercenários israelenses.
Depois que denunciei isso, penso que desativaram os aparatos que me estavam adoecendo.
Até quando o senhor está disposto a ficar na embaixada? Um mês, um ano?
Penso que não será necessário tanto tempo. Estamos caminhando para uma solução. As coisas estão ficando claras para todos: a população de Honduras
já disse nas ruas o que quer.
Há brasileiros em Tegucigalpa dizendo-se hostilizados pelo fato de o Brasil tê-lo recebido na embaixada. O que o senhor tem a dizer a eles?
Que o Brasil tem meu reconhecimento pelo exemplo que deu ao mundo – um gesto que agora é seguido por muitos países e que confirma a vocação democrática do presidente Lula.
1392) Poder nuclear do Brasil para defender o petroleo do pre-sal, segundo o vice-presidente
Não contem para Obama: Arma nuclear pode proteger pré-sal, diz Alencar
Reinaldo Azevedo | VEJA.com 9/25/09 5:51 AM
O presidente interino, José Alencar, defendeu ontem que o Brasil desenvolva armas nucleares como instrumento de dissuasão e para proteger as reservas de petróleo encontradas na camada do pré-sal. Segundo Alencar, o governo ganhou respeitabilidade e credibilidade no cenário internacional para discutir o assunto.
“Do ponto de vista da dissuasão é importante [desenvolver armas nucleares], não adianta. O Brasil para ser um país realmente forte tem que avançar nisso aí. Especialmente para fins pacíficos. E mesmo a arma nuclear utilizada como instrumento dissuasório é de grande importância para um país que tem 15 mil quilômetros de fronteiras a oeste, tem um mar territorial e agora esse mar do pré-sal de 4 milhões de quilômetros quadrados de área”, disse.
Alencar afirmou que hoje o Brasil não enfrenta problemas com outros países, mas que essa realidade pode mudar pela “cobiça” que o pré-sal pode gerar em outras nações. “Estamos vendo aí o que tem sido feito da nossa fronteira, pessoas que entram com todo tipo de droga e não fazemos nada. O que é isso? Nós temos que tomar conta disso direito”, afirmou.
Ele citou o Paquistão, dizendo que o país “senta na mesa” com grandes nações porque tem armas nucleares.
“Nós dominamos a tecnologia da energia nuclear, mas ninguém aqui tem uma iniciativa para avançar nisso. O Paquistão tem coisas muito avançadas, mas são muito pobres [...] Eles sentam à mesa porque eles têm arma nuclear. É vantagem? É”, concluiu.
Alencar disse que o Brasil é signatário do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares. Para ele, a defesa do desenvolvimento de armas nucleares para fins pacíficos não entra em contradição nem com o tratado nem com a Constituição.
Ele defende que o governo “carimbe” recursos do Orçamento para as Forças Armadas. “Acho que [deve ser fixada] alguma coisa entre 3% e 5% do PIB. O sistema de defesa está abandonado há muito tempo.”
Comento (RA)
Não pensem que Alencar está falando o que lhe deu na telha. Isso é coisa debatida no governo. Como já ironizei aqui, Lula tem medo que roubem o petróleo do pré-sal. Vocês sabem, é coisa fácil de fazer…
1391) Discurso de Lula na AGNU, setembro de 2009
PRA
(...)
Senhor Presidente,
Há exatamente um ano, no limiar da crise que se abateu sobre a economia mundial, afirmei desta tribuna que seria um grave erro, uma omissão histórica imperdoável, cuidarmos apenas das conseqüências da crise sem enfrentarmos as suas causas.
Mais do que a crise dos grandes bancos, essa é a crise dos grandes dogmas.
O que caiu por terra foi toda uma concepção econômica, política e social tida como inquestionável.
O que faliu foi um insensato modelo de pensamento e de ação que subjugou o mundo nas últimas décadas.
Foi a doutrina absurda de que os mercados podiam auto-regular-se, dispensando qualquer intervenção do Estado, considerado por muitos um mero estorvo. Foi a tese da liberdade absoluta para o capital financeiro, sem regras nem transparência, acima dos povos e das instituições. Foi a apologia perversa do Estado mínimo, atrofiado, fragilizado, incapaz de promover o desenvolvimento e de combater a pobreza e as desigualdades. A demonização das políticas sociais, a obsessão de precarizar o trabalho, a mercantilização irresponsável dos serviços públicos.
A verdadeira raiz da crise foi o confisco de grande parte da soberania popular e nacional – dos Estados e dos governos democráticos – por circuitos autônomos de riqueza e de poder.
Afirmei que era chegada a hora da política.
Disse que governantes – e não tecnocratas arrogantes – deveriam assumir a responsabilidade de enfrentar a desordem mundial.
O enfrentamento da crise e a correção de rumo da economia mundial não poderiam ficar apenas a cargo dos de sempre. Os países desenvolvidos – e os organismos multilaterais onde eles eram hegemônicos – foram incapazes de prever a catástrofe que se iniciava e, menos ainda, de preveni-la.
Os efeitos da crise se espalharam por todo o mundo, golpeando inclusive, e sobretudo, àqueles que há anos vinham reconstruindo suas economias com enormes sacrifícios.
Não é justo que o custo da aventura especulativa seja assumido pelos que nada têm a ver com ela – os trabalhadores e as nações pobres ou em desenvolvimento.
Passados doze meses, constatamos que houve alguns progressos mas que persistem muitas indefinições. Ainda não há uma clara disposição para enfrentar, no âmbito multilateral, as graves distorções da economia global.
O fato de ter sido evitado o colapso total do sistema parece ter provocado em alguns um perigoso conformismo.
A maioria dos problemas de fundo não foi enfrentada. Há enormes resistências em adotar mecanismos efetivos de regulação dos mercados financeiros.
Países ricos resistem em realizar reformas nos organismos multilaterais, como o FMI e o Banco Mundial. É incompreensível a paralisia da Rodada de Doha, cujo acordo beneficiará sobretudo as nações pobres. Há sinais inquietantes de recaídas protecionistas. Pouco se avançou no combate aos paraísos fiscais.
Mas muitos países não ficaram de braços cruzados.
O Brasil – um dos últimos, felizmente, a sentir os efeitos da crise – é hoje um dos primeiros a sair dela.
Não fizemos nenhuma mágica. Simplesmente havíamos preservado nosso sistema financeiro do vírus da especulação. Havíamos reduzido nossa vulnerabilidade externa, passando da condição de devedores à de credores internacionais. Decidimos, junto com outros países, aportar recursos para que o FMI empreste dinheiro aos países mais pobres sem os condicionamentos inaceitáveis do passado.
Mas, sobretudo, desenvolvemos antes da crise, e depois que ela eclodiu, políticas anti-cíclicas. Aprofundamos nossos programas sociais, especialmente os de transferência de renda. Aumentamos os salários acima da inflação. Estimulamos, por meio de medidas fiscais, o consumo para impedir que se detivesse a roda da economia.
Já saímos da breve recessão. Nossa economia retomou seu ímpeto e anuncia um 2010 promissor. As exportações recuperam seu vigor. O emprego se recompõe de forma extraordinária. O equilíbrio macroeconômico foi preservado sem afetar as conquistas populares.
O que o Brasil e outros países demonstraram é que também nos momentos de crise precisamos realizar audaciosos programas sociais e de desenvolvimento.
Mas não tenho a ilusão de que poderemos resolver nossos problemas sozinhos, apenas no espaço nacional. A economia mundial é interdependente. Estamos todos obrigados a atuar além de nossas fronteiras. Por isso, é imprescindível refundar a ordem econômica mundial.
Nas reuniões do G20 e nos muitos encontros que mantive com líderes mundiais tenho insistido sobre a necessidade de irrigar a economia mundial com importantes créditos. Tenho defendido a regulação financeira, a generalização de políticas anti-cíclicas, o fim do protecionismo, o combate aos paraísos fiscais.
Com a mesma determinação, meu país propõe uma autêntica reforma dos organismos financeiros multilaterais.
Os países pobres e em desenvolvimento têm de aumentar sua participação na direção do FMI e do Banco Mundial. Sem isso não haverá efetiva mudança e os riscos de novas e maiores crises serão inevitáveis. Somente organismos mais representativos e democráticos terão condições de enfrentar complexos problemas como os do reordenamento do sistema monetário internacional.
Não é possível que, passados 65 anos, o mundo continue a ser regido pelas mesmas normas e valores dominantes quando da conferência de Bretton Woods.
Não é possível que as Nações Unidas, e seu Conselho de Segurança, sejam regidos pelos mesmos parâmetros que se seguiram à Segunda Guerra Mundial.
Vivemos um período de transição no âmbito internacional.
Caminhamos em direção ao mundo multilateral. Mas também multipolar, seguindo as experiências de integração regional, como ocorre na América do Sul com a constituição da UNASUL.
Esse mundo multipolar não será conflitante com as Nações Unidas.
Ao contrário. Poderá ser um fator de revitalização da ONU.
De uma ONU com a autoridade política e moral para solucionar os conflitos do Oriente Médio, garantindo a coexistência de um Estado Palestino com o Estado de Israel.
De uma ONU que enfrente o terrorismo sem estigmatizar etnias e religiões, mas atacando suas causas profundas e promovendo o diálogo de civilizações.
De uma ONU que assuma a ajuda efetiva a países – como o Haiti – que buscam reconstruir sua economia e seu tecido social depois de haver recuperado a estabilidade política.
De uma ONU que se comprometa com o Renascimento africano que hoje assistimos.
De uma ONU capaz de adotar políticas eficientes de preservação e ampliação dos Direitos Humanos.
De uma ONU que possa avançar no caminho do desarmamento estabelecendo um real equilíbrio entre este e a não-proliferação.
De uma ONU que lidere cada vez mais as iniciativas para preservar o ambiente.
De uma ONU que, por meio do ECOSOC, incida nas definições sobre o enfrentamento da crise econômica.
De uma ONU suficientemente representativa para enfrentar as ameaças à paz mundial, por meio de um Conselho de Segurança renovado, aberto a novos membros permanentes.
(...)
sexta-feira, 25 de setembro de 2009
1390) G20: promessas cumpridas e não cumpridas
O Globo online, 25/09/2009 às 17h09m
Da BBC
Os líderes do G20, o grupo das maiores economias do mundo, prometeram tirar a economia mundial da recessão durante o encontro em abril em Londres. Na época, uma série de medidas foram acordadas entre os líderes.
Cinco meses depois, eles voltam a se reunir. Confira quais promessas foram cumpridas neste período e o que ainda falta fazer.
Pacote de US$ 1,1 trilhão para a economia
PARCIALMENTE CUMPRIDA
A maior parte do dinheiro prometido seria para o Fundo Monetário Internacional.
O G20 conseguiu aumentar a capacidade de empréstimo do FMI de US$ 500 bilhões para US$ 750 bilhões.
O G20 prometeu aumentar o comércio internacional com US$ 250 bilhões em financiamento, sendo US$ 50 bilhões de dinheiro do Banco Mundial. Apenas US$ 65 bilhões foram alocados até agora.
O G20 disse que apoiaria o aumento de empréstimos para países pobres em até US$ 100 bilhões através de bancos de desenvolvimento. Não está claro se este financiamento está acontecendo com dinheiro novo ou com recursos que já eram gastos.
US$ 5 trilhões em medidas de estímulo
PARCIALMENTE CUMPRIDA
O G20 prometeu US$ 5 trilhões em medidas de estímulo às suas próprias economias, prevendo que a produção global cresceria 4% em 2010.
Poucos países detalharam quanto foi gasto. Além disso, há preocupações de que alguns países interromperão estas medidas, já que os países estão saindo da recessão antes do previsto. Outro problema é o alto endividamento dos governos, que estão sentindo a pressão para realizar cortes nos seus gastos.
Reforma de cotas e votos do FMI
NÃO CUMPRIDA
Por motivos históricos, países europeus pequenos - como a Suíça e a Holanda - estão sobre-representados no FMI, enquanto gigantes como a China precisam de mais poder.
França e Grã-Bretanha estão entre os maiores países que devem perder cotas. O governo americano propõe mudança em 5% das cotas, em favor dos emergentes. A decisão pode ser tomada na reunião em Pittsburgh.
Mais regulação dos fundos hedge
NÃO CUMPRIDA
O G20 prometeu que os fundos do tipo hedge, que sempre foram menos regulados do que outros tipos de investimentos, deveriam receber mais supervisão.
A União Europeia apresentou uma proposta, mas ela foi considerada dura demais pela Grã-Bretanha.
No G20, existe um consenso hoje de que os fundos hedge deveriam repassar mais informações aos reguladores.
Combater paraísos fiscais
CUMPRIDA
O G20 acredita que esta é a área onde houve o maior avanço, já que os governos estão precisando aumentar a sua arrecadação para ajudar no combate à recessão.
Desde abril, 13 paraísos fiscais implementaram novos padrões fiscais. A Suíça e Liechtenstein continuam na lista de 33 locais que não tomaram medidas suficientes, mas os países já concordaram em cooperar com os esforços do G20.
Restrição dos bônus pagos a executivos
PARCIALMENTE CUMPRIDA
Houve amplo apoio para restrições aos bônus dos executivos e banqueiros, que teriam sido estimulados a tomarem riscos considerados agressivos demais.
Alguns países, como Alemanha, Holanda e França, tomaram medidas contra os bônus, mas nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha há resistência a esse tipo de restrição.
Criação do Comitê de Estabilização Financeira
CUMPRIDA
O G20 decidiu criar o Comitê de Estabilização Financeira para tornar o sistema financeiro menos vulnerável a crises futuras. A ideia e incentivar a cooperação e regulação internacional.
Baseada na Basileia, Suíça, a agência reúne os reguladores nacionais, para que eles elaborem princípios comuns a serem adotados em vários países. Já houve duas reuniões do Comitê.
A questão do bônus foi discutida neste mês e suas conclusões foram enviadas aos líderes do G20.
Ainda não está claro, no entanto, se o Comitê conseguirá fazer suas regras serem incorporadas pelos países em suas legislações nacionais.
1389) Turismo academico: Paris, enfim...
Começou mal, meu mais recente périplo europeu: greve de pilotos da TAP, comandada desde Lisboa, para os dias 24 e 25 de setembro, o que lançou o caos sobre todas as conexões lisboetas da TAP, o que era o meu caso, com bilhete Brasilia-Lisboa-Paris.
Primeiro, não havia possibilidade de embarcar em Brasilia, pois as conexões a partir de Lisboa estavam comprometidas, depois apenas algumas, entre elas Paris. No final, fiz questão de embarcar para Lisboa, mesmo sem conexão assegurada para Paris.
Confusão multiplicada por 10, no aeroporto de Lisboa: filas quilométricas no único guichê disponível da TAP, com gente que dizia estar ali há 12hs.
Ajudei um casal de franceses, completamente desarçonnés (visivelmente desorientados), tentando se fazer entender de um jovem empregado português do aeroporto, ele manifestamente embaraçado pela enorme confusão que atingia centenas, ou mais, de turistas portugueses e estrangeiros (em várias linguas incompreensíveis para ele).
Discutimos, eu e Carmen Lícia, várias possibilidades de partir para a França: (a) outras companhias aéreas (todas devidamente assaltadas por hordas de turistas frustrados, os novos bárbaros da civilização do lazer); (b) trem; (c) ônibus, que os lusitanos chamam de autocarro; (d) carro alugado, ou uma combinação de algumas delas, como viagem a Madrid, para depois embarcar na capital espanhola. Nem tentamos resolver o assunto com a TAP, pois isso implicaria em ficar várias horas numa fila, sem promessa de solução...
As outras companhias aéreas estava regurgitando de gente, o que me levou a examinar as possibilidades de trem e de autocarro, mas isso representaria várias horas, talvez um dia e meio de viagem algo incômoda.
O aluguel de um carro oferecia a possibilidade da flexibilidade de viagem, totalmente independente, mas, por incrível que pareça, as locadoras portuguesas, supostamente atuando num mercado unificado pertencente desde alguns anos a uma união econômica (inclusive com moeda única, ao que parece), não alugam carros para devolução em outros países membros da UE, apenas e exclusivamente em Portugal, de volta. Só seria possível se houvesse algum carro francês disponível ocasionalmente, para entrega em Paris (mas neste caso seria eu que deveria exigir pagamento pelo serviço prestado, pensei cá comigo).
Enfim, eliminada essa hipótese, passei na Air France, surpreendentemente vazia, mas por uma razão muito simples: o sistema (essa entidade sempre misteriosa) tinha caído, sem previsão de restabelecimento. Essa circunstância fortuita evitou-me de pagar por um bilhete a Paris (mas apenas no dia seguinte, ou seja, amanhã, sábado 26), pela modesta quantia de 780 euros por um aller simples. Trata-se, manifestamente, de um assalto a mão desarmada em plena luz do dia (mas os preços noturnos devem ser semelhantes), apenas explicável porque a França continua a ser um país colbertista, com estatais protegidas (e quase todas falidas) que se dedicam a espoliar tranquilamente seus clientes obrigados.
Fui salvo pelo casal francês, sympathique, a quem eu tinha procurado ajudar na confusão inicial: fui alertado para a existência de uma companhia francesa (administrada por esses bravos aprendizes de capitalista magrebinos, marroquinos e argelinos), chamada Aigle Azur, que estava oferecendo vôos para Orly Sud por apenas 160 euros, uma pechincha frente aos quase 900 da Air France.
Corrida para embarcar em 1h, e assim chegamos a Orly, no começo da tarde, um pouco cansados, mas soulagés, como diriam os franceses.
Desisti de alugar um carro ali mesmo, o que me teria condenado a um belo engarrafamento no Périphérique de Paris, numa sexta-feira à tarde. Preferimos o bus Orly-Gare de Montparnasse, a 11,50 euros o passageiro, numa tranquilidade de ar condicionado e visão panoramique sobre as embouteillages dos outros... No caminho, trocando torpedos com nosso filho Pedro Paulo, doutorando em sanduiche parisiense, que nos esperou em Paris.
Por uma feliz e inesperada coincidência, o hotel ficava a walking distance da Gare de Montparnasse, ao lado da grande torre, onde também tem uma Galeries Lafayette.
Fim de tarde reparador, com direito a banho, sesta e consulta à internet. De noite, um ônibus confortável para o centro de Paris, passeio pelas livrarias do Boulevard Saint Germain, com as inevitáveis e irrecusáveis compras de livros e revistas.
Comprei, na La Hune (que recomendo, quase ao lado da igreja de Saint Germain de Près), um grande guia para um grande país que pretendo visitar proximamente, e um Schopenauer que já existe no Brasil, mas que na edição francesa, L'Art d'Avoir Toujours Raison, tem um posfácio erudito por Franco Volpi, sobre a dialética schopenaueriana.
Depois, a busca de um restaurante não muito cheio, mas agradável. Escolhemos a Taverne St Germain, onde foi possível comer bem, num estilo tipicamente parisiense. Do lado, uma família de escandinavos se deliciando com pratos franceses e mesmo um spaghetti a bolognaise. No outro lado, duas russas que deviam estar achando tórrida a temperatura de Paris (em vestidos sem manga para uma temperatura em torno de 12 ou 14, talvez), dividiam um foie gras acompanhado de vin rouge, mas que elas derramaram da carafe sobre copos altos cheios de cubos de gelo... Mon Dieu!
Acho que os garçons franceses devem estar um pouco mais tolerantes com turistas heterodoxos, pois me lembro que alguns anos atrás, ali ao lado, na Brasserie Lipp, foi difícil fazer o garçon trazer para a mesa uma Coca-Cola.
Os franceses aceitaram, ao que parece, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão...
Bem, agora toca ler e navegar, antes de dormir.
Amanhã, sábado, dia carregado de visitas culturais.
Paris, 25 de setembro de 2009.
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
1388) Concurso diplomatico...
Este aqui é para ser feito com base em seu próprio domínio do direito internacional:
Concurso: Defina a condição do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, na embaixada do Brasil em Tegucigalpa
Trata-se de um (sorry, estou sempre aumentando a lista sob sugestão dos leitores):
(a) Asilado?
(b) Abrigado?
(c) Hóspede?
(d) Infiltrado?
(e) Acampado?
(f) Homiziado?
(g) Desocupado?
(h) Desempregado?
(i) Turista acidental?
(j) Passante ocasional?
(k) Locatário involuntário?
(l) Amigo do Brasil pelos próximos seis meses?
(m) Sem-teto?
(n) Sem-poder?
(o) Nenhuma das opções acima?
(p) Todas as opções acima?
(q) Outras opções que você imaginar (inclusive candidato a Papai Noel no próximo Natal, desde que ele pinte o bigode de branco, claro...)
(Respostas e novas sugestões para este blog, sem direito a copyright; os beneficios desta campanha de esclarecimento reverterão para o Lar dos Presidentes Desamparados)
Addendum em 26.09.2009:
Dora Kramer, em sua coluna do Estadão deste sábado, 26.09, descobriu uma condição insuspeitada para o presidente deposto:
"Hoje, na realidade, Zelaya é o embaixador do Brasil em Honduras. Coordena a distribuição de alimentos, dorme no sofá, dá as ordens como se ali não fosse território de outro país, diz, preocupado de o Brasil vir a ser alvo de reparos internacionais caso se confirme a versão de que Zelaya comunicou seus planos com antecedência às autoridades brasileiras."
Bem, só falta pagar os vencimentos de embaixador e verba de representação. Não se aconselha, porém, o uso do carro com motorista por enquanto...
terça-feira, 22 de setembro de 2009
1387) Seguranca no uso de banking online
Serviços bancários pela Internet
Para quem acessa o Home Banking de casa.
Vale a pena ler e se prevenir.
Quando for fazer uso dos serviços bancários pela internet, siga as 3 dicas abaixo para verificar a autenticidade do site:
1 - Minimize a página.
Se o teclado virtual for minimizado também, está correto.
Se ele permanecer na tela sem minimizar, é pirata!
Não tecle nada.
2 - Sempre que entrar no site do banco, digite SUA SENHA ERRADA na primeira vez .
Se aparecer uma mensagem de erro significa que o site é realmente do banco, porque o sistema tem como checar a senha digitada.
Mas se digitar a senha errada e não acusar erro é mau sinal.
Sites piratas não têm como conferir a informação, o objetivo é apenas capturar a senha.
3 - Sempre que entrar no site do banco, verifique se no rodapé da página aparece o ícone de um cadeado; além disso clique 2 vezes sobre esse ícone; uma pequena janela com informações sobre a autenticidade do site deve aparecer.
Em alguns sites piratas o cadeado pode até aparecer, mas será apenas uma imagem e ao clicar 2 vezes sobre ele, nada irá acontecer.
Os 3 pequenos procedimentos acima são simples, mas garantirão que você jamais seja vítima de fraude virtual.
1386) Nao intervencao, pelo menos no papel...
Nenhum Estado ou grupo de Estados tem o direito de intervir, direta ou indiretamente, seja qual for o motivo, nos assuntos internos ou externos de qualquer outro. Este princípio exclui não somente a força armada, mas também qualquer outra forma de interferência ou de tendência atentatória à personalidade do Estado e dos elementos políticos, econômicos e culturais que o constituem.
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
1385) Começa o festival da corrupção em torno do pré-sal
Tudo que é estatização no Brasil, acaba virando uma ação entre amigos, um convite à corrupção, com efeitos deletérios sobre as contas públicas e, em última instância, favorecendo a concentração de renda.
TCU questiona Petrobras sobre licitações
Juliano Basile, de Brasília.
Valor Econômico, 21.09.2009
Nove dias depois do lançamento do pré-sal, os ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) se reuniram para exigir a realização de licitações abertas pela Petrobras. Os ministros julgaram, no dia 9, uma série de contratos para aumentar a produção de óleo e gás natural da Bacia de Campos, no Rio de Janeiro. Ao todo, os contratos somam R$ 933,5 milhões. Em alguns casos, o TCU identificou aumentos de até 100% nos preços iniciais,
após a estatal dispensar a realização de concorrência pública para a prestação dos serviços. A estatal se defendeu junto ao TCU alegando que segue regime licitatório próprio. Mas isso não convenceu o tribunal, que notificou diretores da empresa para que expliquem os aumentos nos preços iniciais dos contratos e sinalizou, com isso, que pretende entrar no debate a respeito da falta de concorrência no pré-sal, cuja proposta de marco regulatório foi apresentada dia 31.
R$ 26 mi em convênios da Petrobras sob suspeita
Estadao Nacional 22/09/09 23:14
Três convênios no valor de R$ 26 milhões da Petrobras com a Central Única dos Trabalhadores (CUT), celebrados entre 2004 e 2007, estão sob suspeita, segundo relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) concluído anteontem. A auditoria levanta ainda problemas graves em mais 26 contratos...
sábado, 19 de setembro de 2009
1384) Keynes de volta à preeminencia: nao acho que ele merece todos esses elogios...
O mais importante do ensinamento de Keynes é isto aqui, que supostamente resumiria o seu pensamento: "markets are not self-correcting".
Sinto muito, mas trata-se de um erro monumental de Keynes: os mercados SEMPRE se corrigem, ainda que não o façam de acordo com a vontade dos agentes presentes nesses mercados, distribuindo penalidades e prêmios ao acaso das posições de cada participante.
QUEM IMPEDE os mercados de se auto-corrigirem, na verdade, são os governos, ou as autoridades econômicas, pois elas se dão ao trabalho de fixar taxas de juros SEM QUALQUER CORRESPONDENCIA COM OS DADOS DO MERCADO, emitir dinheiro sem respeitar equilibrios basicos da economia -- obviamente os governos dispoem do monopólio de emissão justamente por isso, para impedir que outros lhes façam concorrencia, e criar inflação, que é o que os políticos mais fazem -- e muitas coisas mais que distorcem as regras do jogo, posto que justamente feitas para evitar perdas aqui e permitir ganhos acolá.
Keynes podia não gostar da maneira como os mercados corrigem os desequilíbrios, por vezes de forma muito lenta -- para inverter um ciclo depressivo, por exemplo -- ou em outras vezes de forma muito rápida -- quebrando bancos, empresas, particulares, que dependendo do poder de barganha, sempre encontram alguem no governo quem os salve, para supostamente evitar "perdas sociais", desemprego, colapso de atividades, essas coisas. Que ele não gostasse disso, não tem nada a ver com a incapacidade dos mercados de se corrigirem, pois o que eles mais fazem, justamente, é corrigir os desequilíbrios acumulados redistribuindo ativos de acordo com sua valoração de mercado: esta pode ser certa ou errada (não importa, pois isso depende da percepção de quem está no mercado), mas ela sempre se dá de acordo com o timing de entrada e saída no mercados dos agentes econômicos primários, empresas ou indivíduos.
Portanto, a afirmação de Keynes não tem NENHUM sentido econômico, tratase apenas de um julgamento pessoal, de uma preferência subjetiva de sua parte.
O que Keynes pretendia, assim como outros aprendizes de feiticeiro, era retirar seu pais do ciclo depressivo. Suas politicas podem ter prolongado um pouco mais a depressao.
No plano mais geral, aAs pessoas simplesmente nao se dao conta de que, ao "salvar" empresas e empregos, os governos estão simplesmente retirando dinheiro do conjunto da sociedade -- por via de mais taxação ou de mais emissao inflacionária -- e colocando esse dinheiro no bolso de alguns poucos privilegiados.
Trata-se de uma dificuldade conceitual que é dificil de enfiar na cabeca das pessoas, assim como a questao do livre comércio: sempre voce encontra alguem disposto a proteger os empregos no pais, taxando ou obstruindo a entrada de produtos concorrentes do exterior. As pessoas simplesmente nao conseguem medir as perdas sociais -- que sao pequenas individualmente, posto que distribuidas por toda a populacao -- ao passo que é "facil" medir os ganhos: alguns milhares de empregos "salvos".
Volto a dizer: os mercados sempre se corrigem, mesmo contra a vontade dos keynesianos...
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Paulo Roberto de Almeida
Books of The Times
The Old Economist, Relevant Amid the Rubble
By DWIGHT GARNER
The New York Times, September 18, 2009
Dwight Garner reviews Robert Skidelsky:
Keynes: The Return of the Master
221 pages. PublicAffairs. $25.95
John Maynard Keynes (1883-1946) was, on the page and off, formidable. He was tall, an impeccable dresser in dark suits and homburgs, a product of Eton and Cambridge, a director of the Bank of England. His words could be withering. “When I argued with him,” the philosopher Bertrand Russell said, “I felt that I took my life in my hands.”
Keynes also had, paradoxically, the sensitive soul of a poet. He was a member of the Bloomsbury group and a favorite of Virginia Woolf’s. He collected modern art and rare manuscripts. He married a Russian ballerina. He was an early environmentalist, given to utterances that stick in the mind. “We are capable of shutting off the sun and the stars,” he warned in 1933, “because they do not pay a dividend.”
These things matter about Keynes because his economic ideas, relevant again amid the rubble of the global financial crisis, had a humane and moral dimension, one that Robert Skidelsky underlines in “Keynes: The Return of the Master.”
Mr. Skidelsky is the author of a magisterial three-volume biography of Keynes (the final volume was published in 2000) and is emeritus professor of political economy at the University of Warwick in England. He knows more about Keynes than anyone alive, but his new book is not a pocket-size distillation of his earlier biography. It’s an attempt to translate and update Keynes’s ideas for a sleek, turbulent era.
This is not an obviously simple task. Keynes’s most influential book, “The General Theory of Employment, Interest and Money,” (1936) published during the Great Depression, is famously impenetrable. But its central idea held sway for nearly 30 years after World War II: that markets are not self-correcting.
In “Keynes: Return of the Master,” Mr. Skidelsky surveys the vast body of Keynes’s work. But he boils the thinking down to a few essential points. Central among them is that market economies are fundamentally uncertain; large shocks like the recent meltdown are not anomalies but normal if unpredictable events. Government should intervene in a crisis — as the Obama administration has since the fall of Lehman Brothers last year — supplying a judicious but firm hand on the tiller.
Mr. Skidelsky is righteous in his thunder about how Keynes’s ideas have been spurned in recent decades. He scolds the free-market ethos of the Reagan and Thatcher eras as well as the thinking of anti-Keynesian New Classical economists. He does not entirely blame the usual suspects (banks, hedge funds, credit-rating agencies, the Fed) for the current crisis. He indicts laissez-faire philosophy.
“The root cause of the present crisis lies in the intellectual failure of economics,” Mr. Skidelsky writes. “It was the wrong ideas of economists which legitimized the deregulation of finance, and it was the deregulation of finance which led to the credit explosion which collapsed into the credit crunch. It is hard to convey the harm done by the recent dominant school of New Classical economics. Rarely in history can such powerful minds have devoted themselves to such strange ideas.”
When Mr. Skidelsky pulls out a napkin and begins to scribble down figures, this book is slower going. It is probably safe to say that “Keynes: The Return of the Master” is aimed at the general reader, if that general reader owns excellent reading glasses and enthusiastically devours the daily business section from front to back.
A not entirely untypical sentence is: “The most general I.M.F. commodity-price index (fuel + nonfuel) peaked in July 2008 at 218 (2005 = 100) and dropped to its lowest level in December, when it was down at 98, recovering to 102 in January 2009 and falling again to 100 in March.” Oof.
This book is provocative in its discussion of the moral aspect of Keynes’s thinking. He had the curious and refreshing idea that financial institutions have a duty to the public interest as well as to shareholders. He worried about the pursuit of money at the expense of all else. What ethical value, he asked, attends a life of “moneymaking and bridge”?
Mr. Skidelsky observes: “His conclusion was that the pursuit of money — what he called ‘love of money’ — was justified only to the extent that it led to a ‘good life.’ And a good life was not what made people better off: it was what made them good. To make the world ethically better was the only justifiable purpose of economic striving.”
Keynes’s altruism sometimes made him sound like Custer at the last stand. “I find no shame at being found still owning a share when the bottom of the market comes,” he wrote. “Any other policy is antisocial, destructive of confidence and incompatible with the working of the economic system.” Maybe this was how he explained himself to Virginia Woolf when, in 1920, he lost the money the Bloomsbury group had invested with him. (The debt was later cleared.)
Keynes ultimately saw economics not as a natural science but a moral one. He was loath to rely on pure mathematics and risk models. Not everything could be reduced to numbers.
When it comes to deciphering Keynes’s ideas for the current moment, we can only speculate about details and particulars. As Mr. Skidelsky points out, “Keynes had little specific to say about financial regulation, since the banking system was not at the center of the storm of the early 1930s.”
But Keynes has always seemed at his most appealing and prophetic at times of roiling financial discontent. Robert Lucas, the University of Chicago economist, joked last year that “everyone is a Keynesian in a foxhole.” If the American economy stabilizes and begins a genuine rebound, there will be plenty of born-again Keynsians outside of those foxholes too.
1383) Relacoes Brasil-EUA: timidez e distanciamento
Juliano Machado
Revista Época, 19.09.2009
ENTREVISTA - MATIAS SPEKTOR
As declarações de amizade dos presidentes Barack Obama e Luiz Inácio Lula da Silva, na prática, não melhoraram nada as relações entre Brasil e Estados Unidos. É o que pensa o especialista em relações internacionais Matias Spektor, autor do recém-lançado Kissinger e o Brasil. Para Spektor, a política de aproximação com o Brasil planejada pelo ex-secretário de Estado americano Henry Kissinger nos anos 70 foi “o único momento de nossa história em que houve a intenção de uma parceria ativa com os americanos". A experiência de Kissinger fracassou, mas abre uma reflexão sobre os prejuízos da visão de que é preciso escolher entre alinhamento automático e distanciamento para lidar com os EUA, afirma Spektor.
MATIAS SPEKTOR
QUEM É
Tem 32 anos. Nasceu em Rosário, na Argentina, mas veio morar no Brasil aos 10 anos
O QUE FAZ
Doutor em relações internacionais pela Universidade de Oxford, é coordenador do Centro de Estudos sobre Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas
O QUE PUBLICOU
Kissinger e o Brasil (Editora Zahar, 2009). Seu segundo livro será uma análise comparativa de países emergentes entre 1961 e 1981
ÉPOCA – O que levou Henry Kissinger a buscar uma aproximação com o Brasil?
Matias Spektor – Os anos 70 marcaram um ciclo de expansão de países periféricos, como se fossem os Brics antes dos Brics (termo cunhado em 2001 para designar as economias do Brasil, da ÃÂÂ ndia, da China e da Rússia). O papel de Kissinger foi perceber, contra a opinião dominante nos Estados Unidos, que o Brasil não só crescia a passos acelerados, como também tinha uma política externa ambiciosa. Portanto, convinha trazê-lo para perto e transformá-lo em parte do pilar do projeto americano de governança global. Era um visionário, mas ao mesmo tempo a maioria de suas apostas foi errada.
ÉPOCA – Por quê?
Spektor – Kissinger apostou na ditadura brasileira, implodida pela crise econômica. Defendeu o apartheid na ÃÂÂ frica do Sul. No Irã, apoiou o xá Reza Pahlevi, expulso pela revolução islâmica. Ele detectou um mundo emergente que devia ser integrado, mas quase sempre errou na maneira de fazer essa integração.
ÉPOCA – Qual foi o significado da assinatura, em 1976, do Memorando de Entendimento entre Brasil e EUA?
Spektor – Foi a primeira vez em que os EUA se comprometeram a manter encontros diplomáticos regulares com um país em desenvolvimento. Reconheceram que o Brasil importava para o cenário mundial. Essa iniciativa de Kissinger, costurada com (Antônio Francisco Azeredo da) Silveira (chanceler brasileiro de 1974 a 1979, durante o governo de Ernesto Geisel), foi o único momento da nossa história em que houve a intenção de uma parceria ativa com os americanos. A expectativa americana era que o Brasil fosse um aliado na Guerra Fria e coordenasse as políticas dos EUA na América do Sul. Mas a cooperação nunca decolou.
ÉPOCA – Quais eram os entraves?
Spektor – Do lado americano, vários oficiais do Departamento de Estado eram contra nomear um país da América do Sul como nação-chave. Eles temiam uma reação negativa de outros países, como a Argentina, que então rivalizava conosco no continente. E recusavam o apoio a uma ditadura brutal, que torturava seus presos. Do lado do Itamaraty, fazer negócio com os americanos parecia arriscado. Engajar-se com os EUA implicava se expor a novas "áreas de conflito" com a superpotência e assumir responsabilidades no continente que o Brasil não queria. O plano de aproximação era um esforço pessoal de Kissinger, que sabia das hesitações do Brasil. Quando Kissinger deixou o poder, com a chegada à Casa Branca do democrata Jimmy Carter (1977-1981), a iniciativa chegou ao fim.
ÉPOCA – Como se relacionam hoje o Brasil e os EUA?
Spektor – Muitas das dinâmicas daquele período continuam vigentes, entre elas a percepção, sintetizada numa frase do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de que "quanto menos a gente entrar no radar dos EUA, melhor". O chanceler Silveira dizia na época das negociações com Kissinger que havia o risco de aumentar os "acidentes de rota". Exceção a essa tentativa de parceria ativa, nossa relação com os EUA é regida por duas situações básicas: alinhamento automático, que é o Brasil seguir os EUA a reboque, como ocorreu no pós-Segunda Guerra Mundial e logo depois do golpe de 1964, ou o distanciamento, que é a visão dominante. Isso foi a tônica na Guerra Fria e perdura até hoje. O Brasil tem relações mais distantes com os EUA que qualquer um dos outros Brics.
Se o Brasil quiser ser potência emergente de fato, vai ser forçado a entrar no radar dos EUA
ÉPOCA – Obama disse que o presidente Lula era "o cara". Essa afeição entre os presidentes pode melhorar a relação?
Spektor – Não. É uma percepção fora de lugar. O fato de dois chefes de Estado terem empatia mútua não se traduz, necessariamente, em programas de cooperação. Nos principais pontos da agenda, seja comércio, proliferação nuclear, promoção da democracia ou segurança internacional, Brasil e EUA têm interesses conflitantes. Sorrisos em fotos e o fato de Obama ter usado com Lula uma expressão corriqueira nos EUA não têm relevância estratégica nenhuma. O que existe é uma expectativa americana de o Brasil se tornar um país disposto a pagar os custos de gerir a ordem internacional. E o Brasil tem sido muito relutante.
ÉPOCA – Isso frustra os EUA?
Spektor – De certa forma, sim. Na percepção americana, o Brasil está jogando numa liga menor que seu peso sugere. O Brasil é relativamente tímido, na visão de Washington. Contrariamente ao que se acredita por aqui, os EUA querem que o Brasil se fortaleça. É como me disse Kissinger, quando o entrevistei em 2006 para escrever o livro: "Eu queria muito que o Brasil fosse mais poderoso. Queria acelerar sua ascensão".
ÉPOCA – Qual foi o envolvimento de Kissinger na Operação Condor, uma aliança entre ditaduras do Cone Sul nos anos 1970 para caçar opositores?
Spektor – Não há dúvidas de que Kissinger apoiou ostensivamente a repressão no Cone Sul. É por isso que ele não viaja para países como o Brasil, pois pode ser chamado por um juiz local a depor em processos de violação de direitos humanos. No entanto, em relação à Operação Condor, não há até agora evidências documentais de que nem o Brasil, muito menos Kissinger, tivesse uma posição proeminente. Há uma diferença entre Kissinger conhecer essas estratégias e ter participado delas ativamente.
ÉPOCA – Qual é o legado de Kissinger para as relações entre Brasil e EUA?
Spektor – Kissinger foi um tom destoante da norma diplomática entre os dois países. Se foi bom ou ruim, é difícil dizer, porque durou pouco. Nossa geração ainda vive um dilema enorme: como fazer para lidar com a maior potência do mundo? A decisão não pode se restringir a uma falsa escolha entre alinhamento automático e distanciamento. Se o Brasil quiser ser potência emergente de fato, vai ser forçado a entrar no radar dos EUA. Não adianta fazer a política do pato, que é enfiar a cabeça embaixo d’água na hora que passa o gavião. Kissinger nos faz refletir sobre o que ganharíamos com uma parceria ativa com os EUA. Não estou advogando pela aproximação, mas isso deveria ser debatido na sociedade. Por que ninguém fala numa possibilidade de acordo comercial bilateral? O Brasil tem medo de se aproximar dos EUA. Isso não é necessariamente errôneo, mas não podemos ficar presos a uma dicotomia do passado.
1382) SHANAH TOVAH - 5770! YISRAEL CHAY! ISRAEL VIVE!
O texto que segue foi recebido de um colega de lista de informação e debates.
Devo dizer, preventivamente, que não concordo com tudo o que ele escreveu, sobretudo no que se refere aos problemas políticos de Israel -- por exemplo, a alegação de que Bernadotte foi assassinado por árabes, quando está comprovado que ele foi assassinado por terroristas judeus, que tambem os há; ou de que o primeiro-ministro Rabin teria sido assssinado "alegadamente" por um desequilibrado israelense, quando este é um fato, sancionado pela Justiça de Israel -- mas existe, sim, muito coisa a ser comemorada na existência do povo judeu e na permanência do Estado de Israel naquela região.
Quanto ao podo judeu, creio que não cabe mais nenhuma dúvida quanto a sua imensa contribuição beneficiosa para o conjunto da humanidade de homens e mulheres que deram muito mais do que sua participação no conjunto humano: inovações, invenções, descobertas, produção científica, humanismo, tudo foi eminentemente positivo nestes 5.550 anos de existência do povo judeu.
Quanto ao Estado de Israel, a despeito de controvérsias sobre os conflitos em torno de fronteiras e do problema palestino, permito-me dizer apenas uma coisa: aquela região seria muito, mas muito mais selvagem, totalitária e intolerante se não fosse pela existência de Israel, que contribui um pouco para civilizar uma região embrutecida por ditadores, fundamentalistas e obscurantistas.
Shalom!
SHANAH TOVAH - 5770! YISRAEL CHAY! ISRAEL VIVE!
PREZADOS AMIGOS:
1. Nesta sexta-feira (18.09.2009), após o pôr do sol, inicia-se o ano de 5.770, um ano marcado pela Kabalah, porque nele se identificam Israel (5+7=12, as 12 Tribos) e todas as Nações da Terra, representadas pelo número 70, nas quais todos os Povos têm sua origem remota (Bereshit 10). Quero, nessa irmanização dos seres humanos, desejar a todos um FELIZ ANO DE 5770!
2. É verdade que cresce o antissemitismo e que o mundo cambaleia em suas falsas esperanças ideológicas. A velha Pérsia está aí, mais uma vez, para bradar contra os judeus, como há cerca de 2.600 anos atrás: "Existe um Povo, espalhado e disperso entre os povos, em todas as províncias do teu reino, cujas leis são diferentes das leis de todos os povos e que não cumpre as do rei; pelo que não convém ao rei tolerá-lo. Se bem parecer ao rei, decrete-se por escrito que sejam mortos..." (Ester 3:8, 9). O Governo da Pérsia 'se mantém em oposição' (Daniel 10:13), pois o Irã já pode construir uma bomba atômica... E a ONU, em sua hipocrisia, o confessa. Nenhum Governo nada fez, e na verdade todos esperam o ataque israelense... Mais uma vez, estamos sozinhos... "Eis que é um Povo que habita só, e entre as Nações não será contado" (Bamidbar 23:9). Como nos lembra a Sra. GOLDA MEIR: "Temos lutado sozinhos por nossa existência e segurança, e por elas pagamos."
3. No anexo, vejam o que ISRAEL tem feito! Um País insignificante, como muitos diriam, ao cotejo com tão poderosas e ricas Nações, mas que tanto tem feito pela Humanidade, um Povo que só existe, com sua cultura, sua religião de 4.000 anos, seu idioma, sua moeda, que é o mesmo nome - Shekel - dos tempos de ABRAHÃO, que só sobreviveu porque, reconheceu o ateu soviético, NICOLAI BERDAYEV, "ao tentar aplicar aos judeus a veracidade do materialismo histórico", suas crenças estilhaçaram-se, porque a "existência [dos judeus] é um fenômeno misterioso e espantoso, um testemunho de que sua vida é regida por força de algum decreto antigo..." (O Sentido da História).
4. E os judeus têm diante de si o textos desse "decreto antigo", como o de Isaías (2:1-5), escrito na entrada da Sede da ONU, em NY: a construção do Terceiro Templo, no Monte Moriah, onde há uma Grande Mesquita e mais o Zimbório da Rocha, cuja derrubada, há uns 30 anos, causaria a Terceira Guerra Mundial... Os judeus amam, acima de tudo, JERUSALÉM, essa cidade que não apenas concentra, mas é a grande questão mundial: "Eis que tornarei Jerusalém uma taça que causa tontura para todos os povos em volta dela. E farei que com que Jerusalém se torne uma pedra pesada sobre todos os povos, e todos os que a levantarem se ferirão gravemente..." (Zacarias 12:2, 3). Entre tantos "feridos" por essa Pedra: o conde FOLKE BERNADOTTE, morto em Jerusalém, em 1948, por árabes... O rei ABDULLAH, assassinado em Jerusalém, em 1951, por árabes... Depois de visitar JERUSALÉM, ANWAR EL-SADAT, para assinar acordos com o Governo israelense, foi assassinado em CAIRO, em 1980, por terroristas árabes... O próprio Primeiro Ministro YITZCHAK RABIN, que assinou Acordo de Paz com os árabes "palestinos", também foi ferido gravemente e morreu em 04 NOV 1995, sendo seu assassinato atribuído ao religioso judeu YGAL AMIR... A busca da Paz tem, ironicamente, causado "ferimentos graves"... E YIERUSHALYIM é a "Cidade Santa" para as três religiões monoteístas.
5. Nosso mundo experimenta cenários de crises econômicas, epidemias terríveis, reações e calamidades naturais em todo o Planeta! E vem o YEHOSHUA COHEN desejar SHANAH TOVAH UMETUKAH? (ANO NOVO BOM E DOCE?...). Como se podem compatibilizar esses cenários?
6. Pessoalmente, porque mantenho firme as tradições de meus Antepassados, sinto que brevemente a Humanidade irá desfrutar um tempo de Paz, sem ideologias, sem escravização, em que a Liberdade prevalecerá, em que todos os Povos se sentarão e tomarão vinho, brindando às conquistas do homem, que são decerto mais belas do que as do Criador... Mais belo, ensinava Rabi AKIVA, é o pão feito pelo homem do que o grão de trigo feito pelo Criador... O infinitamente grande e o infinitamente pequeno devem nortear os rumos da Humanidade, com descobertas espantosas nas Ciências e o assombro de que todas as mensagens da Torah e dos Profetas de Israel eram um código de reforma sistêmica, social, política e economicamente entendidas. E como disse BILAM: "Há júbilo de um Rei em Israel". Creio nisso, e vivo essa esperança com minha querida Esposa, MIRIAM, e meus Filhos, SARAH, YEDID, DINAH, YOSSEF e YONATHAN, biológicos, e mais os adotados, BENYAMIN, YITZCHAK, AVDIEL. E com meus sete netos e mais um que está chegando...
7. Por isso, posso ver além dessas nuvens escuras, e dizer a todos os Judeus e Amigos: FELIZ 5770! Porque "levantar-se o Sol da Justiça trazendo saúde em seus raios" (Malachy 3:20).
Com meu cordial abraço e SHALOM!
YEHOSHUA COHEN
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PS.: Correção de um erro factual no texto acima: o filósofo russo Nikolai Berdiaef não era ateu, nem soviético: foi um dos mais importantes existencialistas cristãos.
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
1381) Principe Regente, D. Joao, diplomata: tomada de Caiena
A Diretoria do Patrimonio Historico e Documentacao da Marinha e o Instituto Historico e Geografico Brasileiro, com o apoio do Instituto de Geografia e Historia Militar do Brasil, promoverao um encontro entre historiadores e especialistas, dedicados ao tema que debaterao o primeiro ato militar da politica externa de D. Joao e que se constituiu no batismo de fogo do Corpo de Fuzileiros Navais. O Simposio sera' realizado de 28 a 29/10/2009. Mais informacoes em www.dphdm.mar.mil.br
1380) Entretien sur le Bresil pour la revue Decideurs
Quem desejar ler a matéria completa, com todos os meus comentários (bastante longos, diga-se de passagem), deve acessar este link.
Revue Décideurs
Auteur : Vincent Paes
Ouvrage : Magazine n° 108
Partie : Leader à la loupe
« Lula : l’orateur par excellence »
Entretien avec Paulo Roberto de Almeida, diplomate brésilien et professeur de sociologie et de politique économique à l’Université de Brasilia
Décideurs : Quelle est la plus grande qualité de Lula ?
Paulo Roberto de Almeida : C’est un très bon orateur. Il a une rhétorique très convaincante. Il possède une très forte capacité à communiquer en langage simple, directe, avec des images vives et des références familières.
Ces qualités lui ont permis de séduire les couches populaires brésiliennes. Il a aussi très vite appris à jouer avec la presse. Grâce à elle, il a réussi à se forger une image.
« Ce n’est pas une question de convictions mais d’opportunisme politique»
Décideurs : Beaucoup de membres de son ancien syndicat lui ont reproché de s’être rapproché de la droite. En passant de syndicaliste à homme politique, pensez-vous que Lula ait renié ses convictions ?
P.R de A. : Pour affirmer cela, il faudrait supposer que ses convictions étaient clairement de gauches. Or, selon moi, Lula n’a jamais été un vrai homme de gauche ou un socialiste rationnel. Je m’explique. Il n’a jamais mis en place un programme progressiste typique de la gauche anti-capitaliste. Il y avait beaucoup de théâtre dans les initiatives et les discours de Lula.
Il a su profiter de l’espace ouvert, à la fin du régime militaire et pendant la transition vers la démocratie, pour créer un parti de gauche non communiste et non lié à l’ancien syndicalisme vendu à l’État et aux patrons.
Lula ne s’est pas rapproché de la droite. Au contraire, ce sont les industriels et la presse qui sont venus à lui quand ceux-ci ont senti que le vent avait tourné. En revanche, pour remporter les élections de 2002, Lula a modéré son discours pour gagner la classe moyenne plus conservatrice. Ces choix ne sont donc pas une question de convictions, mais d’opportunisme politique.
Décideurs : Comment jugez-vous les politiques économique et sociales de Lula ?
P.R de A. : Lula a été assez malin pour comprendre que la politique économique de ses compagnons de gauche était proprement schizophrénique. En effet, elle conduirait à un désastre comparable à celui d’Allende au Chili, avec une inflation galopante, une fuite des capitaux et une instabilité politique.
En ce qui concerne sa politique sociale, je ne pense pas qu’elle constitue une rupture, contrairement à ce qui a été souvent dit. Bolsa Familia ne possède pas assez de contreparties, comme le contrôle de la fréquentation scolaire par exemple. Selon moi, ce programme est tout simplement une carte magnétique qui convertit des citoyens auparavant travailleurs en dépendants éternels de l’administration publique. Des personnes qui peuvent se révéler utile lors des périodes électorales.
Décideurs : Lula arrive bientôt à la fin de son second mandat. Selon vous, le bilan est-il positif? Qu'a-t-il apporté au Brésil ?
P.R de A. : Comme toujours, il faut séparer le mythe de la réalité économique et sociale. Le Brésil est-il mieux aujourd’hui qu’il y a sept ou huit ans auparavant ? Oui, mais cela est dû, en grande partie, aux politiques classifiées comme « de droite » : stabilité monétaire, responsabilité fiscale et taux de change flottant. Par exemple, Lula a respecté l’autonomie de la Banque Centrale. Contrairement à ses collègues d’Amérique du Sud, il a réussi à ne pas faire fuir les investisseurs étrangers.
Mais il aurait pu aller plus loin. Le Brésil figure toujours parmi les dernières places du classement du Doing Business réalisé par la Banque Mondiale. Encore plus préoccupant, l’expansion constante et régulière des dépenses de l’État. Elles sont équivalentes au niveau des pays développés (38% du Produit Intérieur Brut) pour un revenu par tête six fois moindre.
Par ailleurs, Lula a réussi à donner une image positive du Brésil. Cela est dû à son caractère jovial et sympathique qui a été largement répandu par la presse. Elle aime voir en lui l’histoire idéale du self made man.
Décideurs : Lula ne pourra pas se représenter pour un troisième mandat. Pensez-vous que son parti pourra l'emporter de nouveau ?
P.R de A. : Difficilement, tant le PT (Parti des travailleurs) reste dépendant du succès de son unique leader. Durant ces deux mandats, Lula n’a rien fait pour imposer un parti fort. Déjà aux dernières élections, le PT a perdu de sa superbe.
Il n’a réussit à obtenir qu’un état. Quant aux municipales, le parti reste présent uniquement sur les villes les plus périphériques et les plus pauvres. Même si Lula réussit à nommer son successeur en mobilisant tout son prestige personnel, il est peu probable que le PT réussisse à s’imposer de nouveau.
1379) Doutorado em Direito no Uniceub: sou parte do processo
Doutorado em Direito no UniCEUB
26 de agosto de 2009
O UniCEUB é a primeira instituição particular de ensino superior do Centro-Oeste autorizada pelo MEC a oferecer o programa de Doutorado em Direito
“Meu sonho é formar, aqui, o cidadão CEUB, que entre no ensino fundamental e vá até o doutorado, na mesma Instituição”, preconizava, em 1968, João Herculino de Souza Lopes, fundador do UniCEUB. Quarenta e um anos depois, o sonho torna-se realidade, e o Centro Universitário de Brasília passa a ser a primeira instituição privada a oferecer doutoramento em Direito no Centro-Oeste.
Depois de atender aos rígidos critérios da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, que inclui avaliação do corpo docente, das pesquisas realizadas no mestrado e de toda a infraestrutura da Instituição, tanto em quantidade como em densidade e qualidade, o UniCEUB foi autorizado a disponibilizar o Doutorado em Direito.
“A aprovação representa a confirmação da qualidade do UniCEUB. O Conselho Técnico Consultivo da CAPES, que aprovou o doutorado, é formado por professores de alto nível de todas as áreas do conhecimento de várias regiões do país”, explica o professor Marcelo Dias Varella, coordenador da pós-graduação stricto sensu do UniCEUB. Segundo Varella, o doutorado “forma professores, para formar professores”, e destaca: “é o mais alto grau do mundo acadêmico, por isso o controle é tão rígido”.
Parceria internacional - Os mais de vinte grupos de pesquisa e cooperação internacional com entidades de diversos países também reforçaram a aprovação do doutoramento junto à CAPES. As parcerias internacionais permitem, por exemplo, a realização de palestras interativas por meio de videoconferência, com especialistas do mundo inteiro.
Marcelo Varella conta que bancas do programa de Mestrado já podem ter a participação de professores de outros países. França, Espanha, Estados Unidos, Japão, África do Sul, Alemanha, China, Suíça, Reino Unido e Argentina enviam seus estudantes e recebem mestrandos do UniCEUB. A parceria internacional ganha mais força com o programa de doutorado da Instituição.
Segundo o coordenador, o doutorando, para receber o grau, terá disciplinas altamente reflexivas, participará de grupos de pesquisa, orientará alunos, organizará seminários, elaborará projetos de financiamento de pesquisas e publicará artigos em revistas internacionais. “Esse conhecimento será divulgado pela entidade, poderá ser acessado por qualquer membro da comunidade acadêmica e, certamente, vai reforçar o ambiente científico”, ressalta o professor Varella.
O primeiro edital para o processo seletivo deve ser lançado em setembro. As provas serão em novembro, e o início da primeira turma está previsto para fevereiro de 2010.
Fonte: 26/08/2009 - Assessoria de Imprensa - UniCEUB
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
1378) A ONU não tem dentes (mas isso a gente já sabia...)
Na falta desse entendimento, os países podem violar impunemente suas resoluções sem que nada, absolutamente nada lhes aconteça, a não ser o fato de seus líderes (ou ditadores), virarem párias temporários no sistema internacional.
A reportagem abaixo, sobre os instintos militares de um vizinho do Brasil, prova o que estou dizendo abundantemente. Seu líder (ops) prepara-se para violar tranquilamente o direito internacional e parece que nada lhe acontecerá: vai cooperar nuclearmente com o Irã e vai receber o presidente (ops) do Sudão, procurando pelo TPI. Ele deveria simplesmente ser empacotado e entregue na Haia. Mas, o TPI tem menos dentes, ainda, do que o CSNU...
Vai ficar para uma conjunção improvável de astros no sistema planetário internacional...
Venezuela's foreign policy
The Economist, September 15, 2009
Friends in low places
Hugo Chavez dreams of forging a new world order
THE mountains and jungles of South America are not ideal terrain for tank warfare. So it is hard to envisage what role Venezuela’s president, Hugo Chávez, has in mind for the dozens of Russian tanks on his latest military shopping list. The strategic purpose of a recent tour that took him to some of the world’s least salubrious regimes is, however, easier to discern. And it led America’s State Department to give warning on Monday September 14th of a “serious challenge to stability” in the region.
Venezuela’s increasingly autocratic leader returned on Friday from a trip that took him to Libya, Iran, Algeria, Syria, Turkmenistan, Belarus and Russia, though he also found time for a visit Spain and the Venice film festival. On his jaunt he was decorated by Libya’s leader, Muammar Qaddafi, and embraced by Aleksandr Lukashenko, president of Belarus.
Apart from discussing weapons and oil with the Russians, he also courted condemnation by inviting Sudan’s pariah president, Omar al-Bashir, to Caracas, and breezily announced a nuclear co-operation deal with Mahmoud Ahmadinejad, Iran's president. Since the latter revelation was made to Le Figaro, a French newspaper, it fell to the French foreign ministry to issue a curt reminder of UN Security Council resolution 1737. This explicitly forbids the export by Iran of material from its controversial nuclear programme, which Mr Chávez supports.
The trip did much to bolster Mr Chávez’s well-earned reputation for outrageous statements. But there is method to his madness. The foreign-policy section of Venezuela’s “First Socialist Plan—2007-2013” (dubbed the “Simón Bolívar National Project”) assigns an “integral political alliance” with Iran, Syria, Belarus and Russia the highest priority outside the Latin American and Caribbean region. The rationale for this curious hotchpotch of alliances is the “common anti-imperialist interests” of those five countries—the imperialist in question being America.
Among the scheme’s aims is the strengthening of national defence and sovereignty. Not only the tanks but sophisticated anti-aircraft systems make up the order to Russia. Mr Chávez, a former lieutenant-colonel in Venezuela’s army, says these weapons will make it “very difficult for foreign aircraft to come and bomb us”. Having already spent at least $4.4 billion on Russian weapons, he has now secured an additional $2.2 billion credit-line from that country to lavish on more military hardware. Three submarines are among other possible purchases, press reports say.
In pursuit of his goal to “break North American imperialist hegemony”, the Venezuelan president has deployed to the full his prime asset—the country’s oil reserves. Thus Iran was promised 20,000 barrels of petrol a day, in potential defiance of sanctions advocated by America and despite Venezuela’s current problems supplying its own markets with fuel. Russia’s national oil consortium was also assigned a patch of the Orinoco heavy oil belt.
Closer to home, Mr Chávez’s strategic plans have come a little unstuck. He has so far failed in his quest for admittance to the Mercosur trade block. ALBA, his alliance of like-minded governments, lost a member after a coup in Honduras just over six weeks ago. And he has failed to secure regional condemnation of Colombia’s decision to allow American troops to deploy in seven military bases in the country.
Undaunted, he continues to pursue “greater world leadership”. If attention is what he is seeking, he finally seems to have got it. Last week Robert Morgenthau, a veteran New York district attorney, gave warning that Venezuela’s alliance with Iran was a threat to American interests. Bank accounts in Andorra supposedly belonging to individuals close to Mr Chávez have been frozen, reportedly because of the American Treasury Department’s suspicions of links to terrorism.
Mr Chávez is determined to play in the big leagues. His avowed calculation is that by helping to stir up trouble for America in many places simultaneously, he can bring about the collapse of “the empire”. The regimes he is so assiduously cultivating are, by this account, the nucleus of a new world order. Although this seems far-fetched perhaps the world should start to take him a little more seriously.
1377) Norman Borlaug: o maior benfeitor da humanidade...
The Man Who Defused the 'Population Bomb'
By GREGG EASTERBROOK
The Wall Street Journal, September 16, 2009
One of America's greatest heroes remains little known in his home country.
Norman Borlaug—arguably the greatest American of the 20th century—died late Saturday after 95 richly accomplished years. The very personification of human goodness, Borlaug saved more lives than anyone who has ever lived. He was America's Albert Schweitzer: a brilliant man who forsook privilege and riches in order to help the dispossessed of distant lands. That this great man and benefactor to humanity died little-known in his own country speaks volumes about the superficiality of modern American culture.
Born in 1914 in rural Cresco, Iowa, where he was educated in a one-room schoolhouse, Borlaug won the Nobel Peace Prize in 1970 for his work ending the India-Pakistan food shortage of the mid-1960s. He spent most of his life in impoverished nations, patiently teaching poor farmers in India, Mexico, South America, Africa and elsewhere the Green Revolution agricultural techniques that have prevented the global famines widely predicted when the world population began to skyrocket following World War II.
In 1999, the Atlantic Monthly estimated that Borlaug's efforts—combined with those of the many developing-world agriculture-extension agents he trained and the crop-research facilities he founded in poor nations—saved the lives of one billion human beings.
As a young agronomist, Borlaug helped develop some of the principles of Green Revolution agriculture on which the world now relies—including hybrid crops selectively bred for vigor, and "shuttle breeding," a technique for accelerating the movement of disease immunity between strains of crops. He also helped develop cereals that were insensitive to the number of hours of light in a day, and could therefore be grown in many climates.
Green Revolution techniques caused both reliable harvests, and spectacular output. From the Civil War through the Dust Bowl, the typical American farm produced about 24 bushels of corn per acre; by 2006, the figure was about 155 bushels per acre.
Hoping to spread high-yield agriculture to the world's poor, in 1943 Borlaug moved to rural Mexico to establish an agricultural research station, funded by the Rockefeller Foundation. Borlaug's little research station became the International Maize and Wheat Center, known by its Spanish abbreviation CIMMYT, that is now one of the globe's most important agricultural study facilities. At CIMMYT, Borlaug developed the high-yield, low-pesticide "dwarf" wheat upon which a substantial portion of the world's population now depends for sustenance.
In 1950, as Borlaug began his work in earnest, the world produced 692 million tons of grain for 2.2 billion people. By 1992, with Borlaug's concepts common, production was 1.9 billion tons of grain for 5.6 billion men and women: 2.8 times the food for 2.2 times the people. Global grain yields more than doubled during the period, from half a ton per acre to 1.1 tons; yields of rice and other foodstuffs improved similarly. Hunger declined in sync: From 1965 to 2005, global per capita food consumption rose to 2,798 calories daily from 2,063, with most of the increase in developing nations. In 2006, the United Nations Food and Agriculture Organization declared that malnutrition stands "at the lowest level in human history," despite the global population having trebled in a single century.
In the mid-1960s, India and Pakistan were exceptions to the trend toward more efficient food production; subsistence cultivation of rice remained the rule, and famine struck. In 1965, Borlaug arranged for a convoy of 35 trucks to carry high-yield seeds from CIMMYT to a Los Angeles dock for shipment to India and Pakistan. He and a coterie of Mexican assistants accompanied the seeds. They arrived to discover that war had broken out between the two nations. Sometimes working within sight of artillery flashes, Borlaug and his assistants sowed the Subcontinent's first crop of high-yield grain. Paul Ehrlich gained celebrity for his 1968 book "The Population Bomb," in which he claimed that global starvation was inevitable for the 1970s and it was "a fantasy" that India would "ever" feed itself. Instead, within three years of Borlaug's arrival, Pakistan was self-sufficient in wheat production; within six years, India was self-sufficient in the production of all cereals.
After his triumph in India and Pakistan and his Nobel Peace Prize, Borlaug turned to raising crop yields in other poor nations—especially in Africa, the one place in the world where population is rising faster than farm production and the last outpost of subsistence agriculture. At that point, Borlaug became the target of critics who denounced him because Green Revolution farming requires some pesticide and lots of fertilizer. Trendy environmentalism was catching on, and affluent environmentalists began to say it was "inappropriate" for Africans to have tractors or use modern farming techniques. Borlaug told me a decade ago that most Western environmentalists "have never experienced the physical sensation of hunger. They do their lobbying from comfortable office suites in Washington or Brussels. If they lived just one month amid the misery of the developing world, as I have for 50 years, they'd be crying out for tractors and fertilizer and irrigation canals and be outraged that fashionable elitists in wealthy nations were trying to deny them these things."
Environmentalist criticism of Borlaug and his work was puzzling on two fronts. First, absent high-yield agriculture, the world would by now be deforested. The 1950 global grain output of 692 million tons and the 2006 output of 2.3 billion tons came from about the same number of acres—three times as much food using little additional land.
"Without high-yield agriculture," Borlaug said, "increases in food output would have been realized through drastic expansion of acres under cultivation, losses of pristine land a hundred times greater than all losses to urban and suburban expansion." Environmentalist criticism was doubly puzzling because in almost every developing nation where high-yield agriculture has been introduced, population growth has slowed as education becomes more important to family success than muscle power.
In the late 1980s, when even the World Bank cut funding for developing-world agricultural improvement, Borlaug turned for support to Ryoichi Sasakawa, a maverick Japanese industrialist. Sasakawa funded his high-yield programs in a few African nations and, predictably, the programs succeeded. The final triumph of Borlaug's life came three years ago when the Rockefeller Foundation, in conjunction with the Bill & Melinda Gates Foundation, announced a major expansion of high-yield agriculture throughout Africa. As he approached his 90s, Borlaug "retired" to teaching agronomy at Texas A&M, where he urged students to live in the developing world and serve the poor.
Often it is said America lacks heroes who can provide constructive examples to the young. Here was such a hero. Yet though streets and buildings are named for Norman Borlaug throughout the developing world, most Americans don't even know his name.
Mr. Easterbrook is a contributing editor of the Atlantic and author of the forthcoming "Sonic Boom," due out by Random House in January 2010.
Printed in The Wall Street Journal, page A27