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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

As "memorias" do Barao do Rio Branco - Paulo Roberto de Almeida (org.)

Acaba de ser publicado:



Boletim da ADB (ano 19, n. 76, janeiro-fevereiro-março 2012, p. 26-29; ISSN: 0104-8503; link: www.adb.org).

Nota Liminar
Dentre os muitos papéis deixados pelo Barão no momento de sua morte, na mais completa desordem, encontrava-se um curioso caderno, que permaneceu obscuro durante muito tempo, cuja transcrição foi realizada com alguma dificuldade por este organizador, que esforçou-se ademais por colocar o texto numa ortografia a mais possível moderna. As anotações manuscritas do Barão, algumas datadas, outras simplesmente localizadas no espaço (a maior parte do Rio, outras de Petrópolis), foram feitas sem maiores indicações quanto às circunstâncias exatas de sua redação, a não ser alguma referência à agenda diplomática corrente, o que permite definir, em princípio, um momento provável de redação; elas foram feitas sequencialmente pelo Barão nos três anos seguintes ao seu aniversário de 1909, em momentos diversos e com humores diferentes, mas sem o cuidado de manter a estrita cronologia de um diário “normal”.
Ou seja, o conteúdo do volume em questão não conforma exatamente o que poderíamos chamar de “memórias”, no sentido corrente do termo. O Barão provavelmente pretendia – ao sentir o peso dos anos e o acúmulo de responsabilidades, depois de tantos presidentes a que serviu – deixar um testemunho sobre seu pensamento profundo – e verdadeiro – sobre os temas com os quais se entretinha. Rio Branco sentia necessidade de expressar-se de alguma outra forma que os telegramas e ofícios que mandava preparar sobre temas diversos, que as notas que redigia à intenção dos presidentes a que serviu – e eles foram muitos, mesmo que não pretendesse continuidade nas suas funções – ou que os muitos artigos de imprensa que redigiu ao longo dos anos, alguns até assinados com algum nom de plume, que ele escolhia ao sabor do momento, para defender-se de, ou atacar, algum inimigo concreto ou imaginário que ele detectava em certos editoriais e artigos de opinião não assinados.
As notas e inscrições rápidas do “caderno escolar” do Barão são, assim, mais uma espécie de “exercícios filosóficos” sobre as relações internacionais do Brasil, do que propriamente um registro fiel de sua labuta cotidiana à frente da chancelaria. Ele talvez quisesse utilizar os rascunhos do caderno como a hipotética base futura de um verdadeiro volume de “memórias póstumas”, se o tempo e uma aposentadoria tranquila lhe tivessem permitido retomá-los em condições de lazer e de dedicação integral a tal tipo de empreendimento. Disso não temos certeza, pois nenhuma indicação concreta nessa direção foi deixada no caderno ou em qualquer um dos muitos papéis – numerosos, desordenados, alguns até incompreensíveis, fora do contexto em que foram criados e deixados ao léu – amontoados em seu gabinete de trabalho (e de residência, podemos dizer) ao longo dos muitos anos que passou naquele casarão da rua Larga.
Mas os elementos especificamente formais desse “caderno íntimo” do Barão interessam ao público de hoje em dimensão menor do que seu conteúdo propriamente político, e diplomático. O Barão tinha, sim, ademais dos cuidados triviais com a diplomacia corrente, uma visão de futuro para o Brasil, uma grande estratégia que ele não conseguiu formalizar em algum livro de história diplomática ou de síntese das relações internacionais do país, mas que ele provavelmente pretendia redigir a partir destas notas que, graças a um conjunto fortuito de circunstâncias, passamos agora a revelar...
Paulo Roberto de Almeida
Responsável pela transcrição e modernização da ortografia,
a partir de manuscritos encontrados nos papéis deixados pelo Barão;
títulos e intertítulos dos capítulos sob responsabilidade do organizador.


[Por que decidi escrever estas memórias?]
Petrópolis, 20 de Abril de 1909

Escritores são, em geral, fantasistas notórios; alguns deles, inclusive, chegam a ser mentirosos, o que, aliás, é próprio do seu ofício. Por isso, decidi rabiscar eu mesmo estas linhas, resumindo, embora a largos traços, a minha vida. Mirando-a retrospectivamente, não posso deixar de julgá-la bem-vivida, até agraciada pela Sorte, essa madrasta que nos persegue os passos, pensando causar-nos troças a cada etapa de nosso itinerário terrestre. Mas não pretendo lhe deixar esse prazer: ubique, eu mesmo cuido de minhas memórias, sobretudo se elas tratam da pátria!
Também o faço porque alguns dos meus colaboradores, e até os senadores da República, vêm se mostrando incomodados com a falta de relatórios da minha gestão à frente do Itamaraty, uma decisão que tomei desde o dia da posse, naquele, agora longínquo, dia de dezembro de 1902, numa das mais importantes inversões da minha já longa trajetória de vida. Sete anos atrás, não sabia se era justa a minha decisão de trocar a absorvente vida diplomática na capital da Alemanha imperial por esta cidade ainda cheia de mosquitos, de doenças endêmicas, com sua quota excessiva de miasmas, o que me obriga a subir regularmente a serra em direção ao meu chalé de montanha.
Não pretendo desculpar-me com meus colegas diplomatas pela falta dos relatórios anuais: pelo menos não corro o risco de lhes amarrotar a autoestima. Por isso, deixo o julgamento definitivo de meus atos aos historiadores do futuro, que por certo saberão encontrar o que buscam nos muitos documentos já acumulados em minha gestão; talvez até encontrem estas notas – que não sei quando terminarei – entre as pilhas de papéis que locupletam, na mais perfeita desordem, as várias mesas de meu gabinete. On n’est jamais si bien servi que par soi-même. Mais, passons...
Também quero deixar agora consignadas, neste mês de abril de 1909, as razões que me levaram a recusar, de maneira peremptória, firme e irrevogável, o generoso oferecimento de uma candidatura, praticamente vitoriosa, à presidência da República, certamente o cargo mais honroso que um homem público pode desejar, em qualquer país, em qualquer época. Confesso, tanto intimamente, quanto aos que lerem estas linhas em algum tempo do futuro, que não tenho a menor vontade – não digo de disputar eleições, já que estas, no Brasil, são feitas a bico de pena, e o candidato saído da convenção dos congressistas já é uma aceitação nacional – de assumir um cargo que me obrigará a tratar com os mesmos políticos que, no íntimo, eu desprezo, que considero particularmente medíocres ou que julgo incapazes e incompetentes para conduzir um Brasil atrasado à posição que ele mereceria ocupar na cena internacional.
O próximo presidente da República será, provavelmente, esse marechal teimoso como uma mula, mas timorato nas decisões, e que hesitou diversas vezes em lançar-se ao cargo, quando todos sabem que minhas preferências – a despeito das diferenças que acumulamos desde a conferência da Haia – estariam naquele brilhante advogado baiano, arrogante e vaidoso em suas pretensões de jurista internacionalista, ainda assim melhor preparado do que a mula fardada que se prepara para dirigir um país difícil como o Brasil. E talvez eu já não tenha mais forças para fazê-lo...
Minha aspiração – sem pretender chocar os que lerem estas minhas memórias desabusadas, algumas décadas mais à frente – é a de que o Brasil possa dispor, no futuro, de homens políticos mais bem preparados para o cargo, tribunos competentes e educados, estadistas comprometidos com a dignidade das causas nacionais, sem essas nódoas de corrupção que nos maculam internacionalmente, sem o peso da ignorância abissal que infelizmente ainda marca muitos dos aventureiros e oportunistas que procuram cargos públicos, alguns inclusive por razões inconfessáveis. No momento, quero apenas estar em paz com minha consciência, mesmo sabendo que minha recusa em aceitar a candidatura à presidência praticamente colocará nesse mais alto cargo da República, em lugar de um jurista pretensioso, um militar que pode aprofundar o desmantelamento de nossas instituições de Estado, propenso como ele parece ser a continuar com essas viciosas políticas de intervenções nos estados. Não quero ser parte dessas vergonhas nacionais e pretendo encerrar minha gestão tão pronto o presidente Affonso Penna apenas termine a sua. Tenho ainda a resolver negociações já em curso de tratados de limites com o Peru e com o Paraguai, e antecipo uma concessão adicional ao Uruguai, para dar por encerrada minha obra de fixação definitiva de todas as nossas fronteiras. Depois disso abandono fraques e polainas, tão incômodos no calor carioca, e coloco definitivamente as chinelas...

(...)

[Militares e intelectuais: tão diferentes, tão semelhantes...]

Rio de Janeiro, 15 de novembro de 1910

O novo presidente da República, o Marechal Hermes da Fonseca, tomou posse hoje, numa cerimônia assez simple, feita de assinatura de livros de posse, dois discursos rápidos e poucas congratulações. Fui reconduzido nas mesmas funções em seu gabinete (que aliás ainda não está todo constituído), como tinham anunciado alguns meses antes os auxiliares do presidente eleito, mesmo sem ter me consultado, o que refletem duas coisas: ou benemerência sincera, em relação a meus serviços à frente desta Secretaria de Estado, ou arrogância desmedida, de quem se julga mestre de tudo e de todos.
O Marechal o fez a despeito de meus protestos de desprendimento ao cargo, o que eu já tinha demonstrado de sobejo. Como todos sabem, a candidatura à esta presidência me foi oferecida, de bandeja, se ouso dizer, mais de um ano atrás, coincidindo a pressão política em favor do lançamento de meu nome com o meu natalício dos 64 anos; creio ter feito muito bem em recusar. A despeito de ter uma eleição praticamente assegurada, uma vez que o congresso do partido ratifica o nome do candidato, nunca gostei, de fato, da vida política, pois acho os homens dessa sorte muito enfatuados, e dispostos a prometer qualquer coisa aos políticos que os elegem, o que apenas confirma meu desgosto da vida política. Sim, porque no Brasil não são os eleitores que determinam a vida política do país, e sim é o atual sistema de partidos estaduais que decide quem serão os “representantes” do povo.
Não fosse isso, dois outros fatores contribuiriam para me afastar desse mundo de pequenas trapaças e grandes enganações, como é a política no Brasil: as intervenções nos estados, o que vem gerando tensões insuportáveis não apenas no meio político, mas também no Judiciário; e o fato de termos uma Constituição contraditória, que permite tudo aos estados – depois de décadas de centralização monárquica – e lhes deixa numa situação de virtual liberdade, para contrair dívidas e conduzir os seus negócios como se fossem verdadeiros países soberanos; isso vai acabar por tornar periclitante a própria federação que os republicanos quiseram criar, contra os sãos princípios do Império.
Acresce a isso o fato de que eu sempre vi com muita simpatia a candidatura do Doutor Ruy ao cargo supremo da Nação, destino que lhe parece estar reservado em algum momento do nosso futuro, a despeito mesmo dessas frustrações que hão de ser temporárias. Não obstante os pequenos desentendimentos que ambos tivemos ao longo de todos esses anos de turbulências republicanas, a começar pela negociação com os bolivianos e, depois, o affaire Drago-Porter na segunda conferência da Haia, eu considero o jurisconsulto baiano um dos homens mais preparados para governar um país quase ingovernável como o Brasil. E, apesar disso, de todas as suas qualidades e de suas propostas altamente necessárias num país de pouca inteligência política como o Brasil, o grande civilista Ruy foi derrotado pelo militarista Hermes, o que demonstra que, depois de tantas desventuras com seus caudilhos militares nas repúblicas irmãs do continente, nosso país também se deixa seduzir pelo charme pouco discreto dos homens da farda.
Explica talvez a vitória de Hermes – certamente conseguida à custa do famoso “bico de pena” – o fato de ser sobrinho do Marechal que inaugurou esse sistema anárquico em nosso país, quando estávamos tão bem na condição de única monarquia do Novo Mundo, uma verdadeira república neste continente de caudilhos, como aliás disse de nós um presidente venezuelano. Os militares de nossos turbulentos vizinhos sempre interferiram nos negócios internos desses países, talvez à falta de grandes ameaças à soberania nacional, como soe acontecer na Europa: por aqui eles cuidam mais dos soldos do que dos soldados inimigos; como os políticos relutam em aumentar-lhes a paga...
No Brasil, eu os respeito, mas de forma nenhuma os venero, pois sei que muita gente no partido militar tem inclinações que beiram o despotismo, como já nos demonstrou sobejamente aquele marechal das Alagoas, que disse que iria responder à bala qualquer intromissão de estrangeiros nos assuntos do seu governo. Não é coisa que se faça, obviamente, sequer que se diga, pelo menos não de público, ainda mais quando os estrangeiros já estavam de fato envolvidos na infeliz guerra fraticida que sacudiu esta bela capital, pelo fato de alguns dos bravos da marinha, que lutavam contra a ditadura do dito marechal, se terem homiziado em barcos estrangeiros. A “diplomacia” do Marechal não foi diplomacia nem aqui nem no Império chinês e Deus nos livre de um dia cair numa ditadura de marechais como esse de olhar mortiço, de língua solta e de sabre ainda mais folgado (se não são os canhões, que ele não hesita em mandar disparar, contras seus próprios companheiros). Espero que este Marechal que agora começa seu quadriênio, e que me tem amarrado ao seu governo, não tenha as mesmas ideias liberticidas...
Enfim, se o Ruy não vencer em alguma próxima eleição, em vista da sua idade, que bate com a minha (com 4 anos de vantagem), pode ser que o Brasil não tenha mais nenhum candidato dessa estatura intelectual nem nos próximos cem anos. Com efeito, olhando-se o panorama de miséria educacional brasileira, não se pode esperar por algum outro sábio do porte do Ruy antes de muito tempo; não quero tripudiar sobre o ensino do nosso Colégio D. Pedro II, onde já fui professor e conheço a qualidade dos seus mestres, mas o quadro da cultura em geral, e o da cultura política em particular, é lamentável. O ambiente político no Brasil tende a recrutar as piores vocações, os seres mais oportunistas, as inteligências mais medíocres, se nisso não vai nenhuma contradição.
Em contraste, os militares não são melhor dotados em inteligência, mas são mais bem organizados, dispõem, em todo caso, de uma máquina bem azeitada que, com exceção de algumas áreas da nossa magistratura, justamente (e nem todas, pois também frutas podres existem nesses meios), pode oferecer-lhes as condições ideais para que se ocupem das mais variadas funções no Brasil, pela razão, ou pela força, como dizem os chilenos. De fato, os únicos bons matemáticos e engenheiros que temos neste país são os que saem das escolas militares, pois no ambiente civil o que temos é uma pletora de bacharéis em direito. Como digo sempre, quem cria a riqueza de um país são os seus engenheiros e homens de ciência, pois a única coisa que, em geral, produzem os bacharéis e os intelectuais é o déficit público.

[A continuar...]




Pessoas do Brasil por vezes nos surpreendem, para pior...


Dilma e a defesa do indefensável

Marcos Guterman, 10/04/2012
A presidente Dilma Rousseff, em visita aos EUA, reafirmou que não pretende fazer críticas a países em que haja violação dos direitos humanos. Citando o caso específico da Venezuela chavista, mencionado pela plateia durante palestra em Harvard, Dilma respondeu: “Não me arrogo o direito de fazer recomendação para país nenhum, acho isso muito perigoso, assim como não gostaria que fizessem comentários sobre meu país”.
No entanto, na mesma viagem, o governo Dilma pretendeu interferir explicitamente em questões internas dos EUA, ao criticar uma lei da Flórida que proíbe empresas estrangeiras com investimentos em Cuba e na Síria de fazer negócios naquele Estado americano. A lei, claro, é fruto do lobby dos exilados cubanos em Miami, em sua guerra contra a gerontocracia castrista de Havana. Nem se discute se a proibição americana é justa ou não. Mas pau que bate em Chico tem de bater em Francisco: se Dilma é capaz de atacar uma lei dos EUA (ainda que o objetivo da presidente nada tenha a ver com direitos humanos, e sim com a defesa da ditadura cubana e dos interesses da Odebrecht na Flórida), então ela poderia perfeitamente criticar a prisão de dissidentes em Cuba e a perseguição a jornalistas na Venezuela, para ficar em apenas dois entre tantos exemplos de violência política nesses dois países.
Mas Dilma não vai fazer isso, provavelmente por causa de seus compromissos ideológicos. Como desculpa, diz que o Brasil também tem violações graves de direitos humanos, razão pela qual não poderia criticar outros países: “Do ponto de vista do Brasil, sempre que podemos e temos oportunidade manifestamos o interesse do país em defender os direitos humanos. Agora posso te dizer uma coisa, o Brasil tem grandes desrespeitos aos direitos humanos. Não sei como acontece, não tenho como impedir que nas delegacias do Brasil não haja tortura”.
Como se nota, a presidente recorre novamente a uma inacreditável equivalência moral – em seu discurso, gente que foi presa por se opor ao governo e gente que bateu carteira são a mesma coisa. Assim, a ex-presa política Dilma segue o exemplo de seu antecessor, Lula, e ofende sua própria história para defender o indefensável.

O Brasil por vezes nos surpreende, nem sempre para melhor...


O autor se engana em vários capítulos: o ritmo de crescimento do Brasil depende mais da taxa de investimentos do que da coalizão promíscua que caracteriza hoje o sistema político. Tampouco é provável que, mesmo que não faça reformas, o Brasil caia numa recessão do tipo da dos anos 1980; mais fácil ele continuar nesse crescimento medíocre da atualidade, do que enfrentar uma crise enorme como a que enfrentou anteriormente.
Paulo Roberto de Almeida 


La euforia que vive Brasil, avalada por el desarrollo económico de los últimos años y su mayor relevancia internacional, contrasta con el reciente anuncio de que el crecimiento en 2011 solo fue del 2,7%, la sobrevaloración de su divisa y los impedimentos para hacer negocios en el país. La amenaza de una nueva crisis planea sobre el gigante latinoamericano.
Brasil
Vanderlei Almeida/AFP/Getty Images 
Cuando la presidenta brasileña, Dilma Rousseff, entre en la Casa Blanca, llevará consigo una cosa que seguro que provoca la envidia de su homólogo estadounidense, Barack Obama: nada menos que un 77% de índice de aprobación. Encantado con su posición dentro de los BRIC, el favorito de los inversores internacionales, en plenos preparativos para albergar la Copa del Mundo de 2014 y los Juegos Olímpicos de 2016, Brasil está envuelto en una descarga nacional de adrenalina comparable –aunque quizá sea un estereotipo– a la que sienten los bailarines cuando desfilan entre vítores en el Sambódromo de Río de Janeiro.
La euforia se vio en la edición más reciente del Foro Económico Mundial en Davos, donde los contribuyentes brasileños sufragaron la fiesta oficial de la noche del sábado. Davos, a menudo, incluye sesiones dedicadas a países concretos, y este año volvió a dedicar una a Brasil.  La principal conclusión fue, da la impresión, que las autoridades no deben dejar que la economía se recaliente. Un veterano corresponsal que participaba en la discusión observó: “Los brasileños están encantados consigo mismos. Es como si hubieran resuelto todos los problemas”. Su voz tenía un deje, o algo más, de ironía, tal vez porque, en su tiempo, informó sobre el milagro brasileño de los 60 y 70. Con un crecimiento medio anual de dos cifras durante cinco años seguidos, aquel milagro generó un exceso de endeudamiento y desembocó en una década perdida de hiperinflación y estancamiento tras la crisis de la deuda latinoamericana de 1982.
Con unas políticas macroeconómicas sensatas en materia fiscal y de bienestar social desde que venciera la hiperinflación a mediados de los 90, Brasil ha tenido un crecimiento constante, si no espectacular. Ha logrado capear el temporal de la crisis mundial actual y ha empezado a reducir, por fin, su legendaria brecha de pobreza, gracias a la aparición, por primera vez, de una clase media verdaderamente significativa: con 95 millones de personas, constituye más de la mitad de la población. Quizá ha llegado el momento de enterrar el viejo chiste: “Brasil es el país del futuro... y siempre lo será”. Quizá ha llegado el momento de que el escritor austriaco Stefan Zweig, conocido entre los brasileños sobre todo por su libro de 1941 Brasil, país de futuro, reciba los elogios que se merece por haber sido profeta.
Así que los brasileños están encantados consigo mismos. Y no son los únicos. Los gringosviajan a Brasil como los aquejados de la fiebre del oro de 1949 corrían a California. El número de residentes extranjeros aumentó más de un 50% el año pasado, de poco menos de un millón a alrededor de 1,5 millones, según un informe que aparece en The Washington Post. “Ahora, la gente nos vende Brasil a nosotros”, me dijo el primer presidente de la Comisión de Valores brasileña, Roberto Teixeira da Costa, durante una conversación reciente. Teixeira da Costa, hoy miembro de los consejos de administración de varias importantes empresas brasileñas, lo resumía así: “Como el resto del mundo está en una situación tan caótica, la gente cree que Brasil es la salvación. Antes éramos el problema. Ahora somos la solución”.
Todo el mundo cuenta con que Brasil, junto con los otros países BRIC, India y China, ayude a mantener la economía mundial a flote hasta que todos los demás arreglen sus problemas. El Banco Santander, el mayor prestamista de los bancos españoles, gana más dinero hoy en Brasil que en cualquiera de los demás países (alrededor de 40) en los que opera: la cuarta parte de sus ingresos procede del gigante latinoamericano. Hace poco, General Electric proyectó que sus ingresos aumentarán un 25% en América Latina de aquí a 2016 y que la región tendrá mejor comportamiento que Asia; los directivos predicen que Brasil, México y Perú estarán en cabeza. Las inversiones extranjeras directas (IED) en territorio brasileño han sentado un récord por segundo año consecutivo, 66.700 millones de dólares, frente a los 48.500 millones del año anterior.
Sin embargo, esta fiebre del oro parece estar deslumbrando tanto a políticos como inversores. Algunos brasileños astutos califican la psique de su país de bipolar. Todos conocen la cara buena: el carnaval, la samba, el fútbol y las playas. Pero pocos son conscientes del lado oscuro. Los brasileños aseguran que tienen su propia variedad de melancolía, definida en una palabra, saudade, que afirman que es intraducible. El compositor más venerado de Brasil, el difunto icono de la bossanova Tom Jobim, escribió una canción junto con su colega Vinicius de Moraes que se llamaba Felicidade y tenía este estribillo: “La tristeza nunca acaba/ la felicidad, sí”. Igual que el carnaval, continúa la letra de la canción: “Todo termina el miércoles (de Ceniza)”. En el caso de la economía brasileña, puede que el miércoles se haya visto cerca con el reciente anuncio de que el crecimiento en 2011 fue del 2,7%, un fuerte descenso respecto al 7,5% de 2010 y mucho menos que la mayoría de los demás mercados emergentes. De hecho, Banco Santander achacó los beneficios obtenidos durante el último trimestre de 2011, menores que los esperados, a los problemas en Gran Bretaña y Brasil.
Nouriel Roubini, el economista que se hizo famoso por predecir la caída del mercado inmobiliario en Estados Unidos y la posterior recesión mundial en 2008, visitó Brasil en febrero, precisamente durante la exultante época del carnaval. Salió todo menos eufórico: “Una valoración realista indica que Brasil podría decepcionarnos en muchos aspectos durante los próximos años a no ser que se emprendan importantes reformas estructurales”. Después de predecir un futuro poco optimista, añadió que “este posible descenso del crecimiento deja a Brasil vulnerable a sufrir ciclos de expansión y contracción porque pronto alcanzará su máximo límite de velocidad”.
Aunque existen otros factores que intervienen, como el desarrollo de la clase media, el reciente crecimiento de Brasil se ha debido en gran parte a su capacidad de vender minerales y productos agrarios a China. Entre 2000 y 2010, las exportaciones brasileñas a dicho país pasaron del 3% al 16%. El dinero que eso produce, junto con las IED y los capitales de cartera, está ejerciendo presión sobre la divisa brasileña, el real. Los tipos de interés, que se han mantenido altos para combatir la inflación en vez de hacer reformas fiscales y de la administración pública que habrían sido más complicadas desde el punto de vista político, atraen a los inversores extranjeros incluso a pesar de los controles de capitales. Los tipos de interés casi inexistentes en Estados Unidos y los problemas en la eurozona agudizan la situación, porque el dinero está abandonando las regiones que rinden poco para irse en busca de mejores oportunidades.
      
En respuesta a las demandas de la industria local, las autoridades han ido aplicando de forma gradual una serie de medidas proteccionistas
      
Como consecuencia, el real está sobrevalorado en un 35% en comparación con el dólar estadounidense, según el Big Mac Index de The Economist. Quizá Brasil está sufriendo ya la llamada enfermedad holandesa, porque, al estar sobrevalorada su moneda, sus exportaciones son más caras en el extranjero y sus importaciones son proporcionalmente más baratas para los consumidores brasileños. Esta situación puede derivar en una incipiente desindustrialización: la fabricación nacional de bienes de consumo descendió casi un 2% en 2011, mientras que las ventas se dispararon por el aumento de la demanda.
El Gobierno brasileño culpa de la apreciación del real a lo que el ministro de Finanzas, Guido Mantega, llama una “guerra de divisas”, una entrada de capital especulativo que busca obtener rendimientos en Brasil. Las autoridades han tomado algunas medidas concretas para cortar el flujo, como la modificación, en marzo, de un impuesto sobre los préstamos extranjeros, que extiende la aplicación de un impuesto del 6% ya existente a los vencimientos de hasta tres años, en lugar de dos años como era antes.
En respuesta a las demandas de la industria local, las autoridades han ido aplicando de forma gradual una serie de medidas proteccionistas que han molestado a muchos países, desde Japón hasta México. “Brasil sigue improvisando en sus políticas industriales y comerciales”, se lamentaba la columnista económica Míriam Leitão en el periódico de Río de Janeiro, O Globo. “En su intento de encontrar una forma de salir de la ligera caída en números rojos que ha sufrido la balanza comercial y un remedio para mejorar las cifras de la producción industrial en 2011, lo único que ha hecho el Gobierno es repetir una reacción instintiva: proteccionismo y favores a los grupos de presión e intereses especiales”.
Igual que sucedía en la película de Luis Buñuel El ángel exterminador, en la que los invitados a la cena no son capaces de irse a lo largo de la noche, pese a la falta de obstáculos físicos que se lo impidan, las soluciones a los problemas de Brasil parecen obvias pero no se ponen en práctica. Casi todos los economistas responsabilizan de la situación a lo que denominan el “Coste de Brasil”, un baturrillo de problemas que hacen que sea más caro hacer negocios allí que casi en cualquier otro país del mundo. Brasil ocupa el puesto 126 (de 183) en el índice de facilidad para hacer negocios que elabora el Banco Mundial, por detrás de Bangladesh, Uganda, Suazilandia y Bosnia-Herzegovina.
Su receta para cambiar suele incluir las siguientes medidas: simplificar la estructura impositiva, reformar la administración pública y la seguridad social para mejorar la eficacia y reducir el gasto, transformar las normas laborales para que sea más barato contratar e invertir en infraestructuras. Además, la reforma fiscal daría a las autoridades una herramienta más para luchar contra la inflación y quizá les permitiría bajar más rápido los tipos de interés y estimular la economía, al tiempo que les ayudaría a cortar la entrada de capital especulativo.
La agenda para disminuir el “Coste de Brasil” es ambiciosa, sin duda, pero el país no ha progresado prácticamente nada en ningún aspecto. Las infraestructuras parecerían esenciales en vísperas de la Copa del Mundo de 2014 y los Juegos Olímpicos de 2016, pero las inversiones se han retrasado tanto que han creado un caos diplomático. Un funcionario de la FIFA sugirió hace poco que los organizadores necesitaban “una patada en el trasero” porque iban muy retrasados con los preparativos. A los brasileños, que están eufóricos, no les hizo ninguna gracia.
A lo mejor es que Brasil está viviendo en una burbuja. Desde luego, eso puede ser lo que les pasa a sus políticas económicas. Aunque el predecesor de Roussef, Luiz Inácio Lula da Silva, era increíblemente popular, su mayor contribución a la política económica fue seguir el lema de los médicos: “lo primero, no hacer daño”. Como dijo O Globo en un número especial que le dedicó cuando dejó el cargo, “el presidente Lula termina sus ocho años de mandato con una popularidad jamás alcanzada por ningún otro presidente anterior de este país, a pesar de que deja un legado contradictorio. No hemos tenido avances ni mejoras en educación, sanidad, seguridad pública, servicios sanitarios básicos, infraestructuras ni reformas”. Según el sociólogo de Rutgers, Ted Goertzel, autor de sendas biografías de Lula y su antecesor, Fernando Henrique Cardoso, “Lula prefirió retirarse con unos índices de popularidad del 80% que utilizar esa popularidad para impulsar unas reformas polémicas”.
El mayor triunfo de Lula fue seguramente conseguir, como un Reagan cualquiera, que los brasileños se sintieran satisfechos de sí mismos y de su país, pero también convencer de eso mismo a los extranjeros, que es más de lo que Reagan logró jamás: de ahí que vayan a organizar la Copa del Mundo y los Juegos Olímpicos. Sin embargo, esa confianza se ha convertido en la arrogancia y la suficiencia que tanto molestó al veterano corresponsal en Davos y ha impedido que las autoridades comprendan la necesidad de abordar el “Coste de Brasil”. Durante su campaña para la presidencia, en septiembre de 2010, Rousseff regañó a un periodista de Reuters que le sugirió, en una entrevista, que quizá no fuera posible mantener un crecimiento del 7% sin hacer reformas. “¿Está creciendo Brasil (a ese ritmo) ahora?”, le preguntó ella en tono brusco. Sí, tuvo que reconocer el periodista. “Pues entonces, es posible”.
Es evidente que hoy, que crece a un 2,7%, no. Y, si Rousseff quiere recuperar el crecimiento de los años de Lula, tendrá que lidiar con los aliados políticos que ha escogido su Partido de los Trabajadores (PT), un partido de aglomeración y lleno de intereses especiales denominado partido del Movimiento Democrático Brasileño (PMDB), sin ideología política identificable. Técnicamente, el PMDB permite a la presidenta contar con una mayoría en el Congreso, pero, a la hora de la verdad, sus miembros suelen hacerse de rogar hasta que se les hacen concesiones personales.
El hecho de que nos interese lo que ocurre en la economía brasileña demuestra lo mucho que ha avanzado el país desde que abordó la hiperinflación hace casi 20 años. Pero la historia económica enseña que todo se desarrolla en ciclos. La pregunta es: ¿La próxima crisis de Brasil será larga y profunda, como la “década perdida” que sucedió al “milagro” de los años setenta, o corta y relativamente indolora, como cuando, en 2009, tuvo una recuperación inmediata de la crisis mundial de 2008? Sin reformas, parece más probable que ocurra lo primero.
Como los estadounidenses, los brasileños poseen un optimismo propio del Nuevo Mundo y mantienen el optimismo incluso en periodos de crecimiento mediocre. Sin embargo, salir del paso no es suficiente para un país que es el salvador o al menos un nuevo pilar de la economía mundial. Quizá el miércoles de Ceniza llegue antes de lo previsto.
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Argentina: sempre surpreendente no retrocesso...

A Argentina e os argentinos devem ser um dos poucos países e povos do mundo que conseguem fazer as mesmas bobagens, várias vezes seguidas, repetido erros do passado velhos cacoetes e políticas equivocadas que, depois, vão se refletir nas crises recorrentes que o país atravessa há mais de meio século, há praticamente 80 anos.
Acredito que ela caminha para sua sétima ou oitava grande crise. Não quero ser profeta, mas não há nada mais previsível.
Paulo Roberto de Almeida 

Argentina’s economy

Piggy bank

Rootling around for cash

Put more simply, the bank has lost the last shred of its legal independence and become the piggy bank of President Cristina Fernández’s government. It can now be required to transfer to the treasury cash equal to 20% of government revenues plus 12% of the money supply; to use its reserves (of $47 billion) at will to pay government debts; and to play a more active role in regulating banks and in steering credit to favoured industries.
After forcing out the bank’s governor, Martín Redrado, in 2010, Ms Fernández has used more than $16 billion of reserves to pay debt, and earmarked $5.7 billion for 2012. But there was a hiccup: under the old law, which dated from the currency board in effect in the 1990s, the government could only spend reserves above the amount needed to back up the stock of pesos in circulation, and it had already exhausted that amount. Rather than “brutal belt-tightening,” as Mercedes Marcó del Pont, Mr Redrado’s replacement, put it, the government changed the law.
Ms Fernández, like her husband and predecessor, Néstor Kirchner, has relentlessly pursued economic growth. This is getting harder. Public finances have fallen into deficit thanks to bloated subsidies used mainly to keep utility and transport tariffs low. As the current-account surplus diminishes, the government has imposed curbs on imports and stricter capital controls. The latest protectionist measure requires buyers of books from foreign websites to collect them personally from the airport and pay a fee of up to $80.
The government could now use the Central Bank’s reserves to pay the $9.3 billion it owes to the Paris Club of creditor governments—an obstacle to its being able to tap international capital markets. But the immediate effect of the change in the law has been to stoke worries that inflation will take off, putting pressure on the peso (see chart). The gap between the official exchange rate and the rate in the swap market has widened to nearly 20%. But Ms Marcó del Pont insists that the bank will be “very rigorous” and will not print more pesos than needed. The government’s fairly low debt burden and its strict curbs on capital flight may prevent a rapid collapse of the peso.
Another sign of the government’s growing desperation is its bullying of YPF, a unit of Spain’s Repsol. As the former state oil monopoly, YPF tugs at nationalist heartstrings. Government-inspired posters recently went up in Buenos Aires showing YPF’s logo, a map of the Falkland Islands and the statement: “They’re Argentine.”
Ms Fernández blames YPF for a fall in output of oil (down 32% since its peak in 1998) and gas (down 10% since 2004). Oilmen blame the government: producers receive just $42 per barrel for exports and around $70 in the domestic market, whereas the world-market price is over $120.
Repsol has offered to pay YPF’s 2011 dividend in stock, and not to repatriate profits. But the government wants the dividend paid into a special investment fund. It is not clear whether the president’s aim is renationalisation: she would find it hard to raise the funds, although her threats have depressed YPF’s share price by 14% this year. Six provinces have stripped YPF of oil concessions, but mostly minor ones.
What makes all this perverse is that Argentina sits on possibly the world’s third-biggest reserves of shale hydrocarbons. YPF estimates that developing them will cost $25 billion a year for a decade. Not even the Central Bank can provide Ms Fernández with funds like that. But short-term political need, rather than long-term prosperity, is dictating Argentine policy.

O MITdoB do Ministro (doutor de araque) Mercadante

O PCdoB já não é mais um partido revolucionário, isso já sabemos. A única revolução que ele fez na vida foi se reconverter do financiamento dos seus abnegados militantes (os últimos true believers do planeta, acreditem) para o financiamento estatal, como fazem aliás os bravos companheiros, os neobolcheviques do MST e outros aproveitadores do capital alheio, a nova classe, a nova burguesia, que só usa o socialismo como relíquia bárbara, como disse uma vez o Keynes sobre o ouro.
Mas o PCdo tem lá os seus mitos, entre eles o de que lutava pela democracia no Brasil quando fazia uma guerrilha maoista brancaleônica no Araguaia.
Mas o PCdoB é famoso, não tanto pelo que ele diz, mas pelo mítico "doB", que se converteu, digamos assim, numa marca registrada de todas as bobagens alternativas que pululam (e como) em nossas terras tupiniquins. Tudo o que for diferente, é "doB", para distinguir do original, tão porcaria quanto o alternativo.
Pois bem, o ministro Mercadante acabou de inventar um "MITdoB", no que foi prontamente desmentido pelo original, que não admite cópias ou contrafações, muito menos de gente que inventa títulos de doutor quando isso é de mentirinha.
Bem feito...
Paulo Roberto de Almeida 

MIT desmente ministro sobre abertura de sede no Brasil

Mercadante afirmou que universidade criará escola no País, mas MIT disse que 'não abre filiais'


Gustavo Chacra, Enviado Especial a Boston, de O Estado de S. Paulo
Em sua visita a Boston e Cambridge, a presidente Dilma Rousseff buscou aprofundar as relações acadêmicas do Brasil com o Massachusetts Institute of Technology (MIT) e a Universidade Harvard, incentivando uma série de parcerias envolvendo estudantes, pesquisadores e professores brasileiros.
O problema é que uma declaração do ministro da Educação, Aloizio Mercadante, provocou um mal entendido ao afirmar que o "MIT abrirá um MIT no Brasil". E repetiu mais duas vezes - "Teremos uma escola do MIT no Brasil. Vamos criar uma sede do MIT no Brasil".
Horas depois, a universidade desmentiu o ministro. "O MIT não abre filiais no exterior", diz comunicado, acrescentando que deve ter havido "um pequeno mal entendido" e que "o ministro falava em uma noção geral de colaboração". O único acordo oficial envolve uma parceria com o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA).
Mercadante, ao saber do desmentido, fez questão de repetir que o "pró-reitor do MIT, Rafael Reif, afirmou que há o interesse em abrir um centro de pesquisa no Brasil".
No seu discurso depois de encontro com a reitora da universidade americana, Susan Hockfield, a presidente não mencionou o convite à instituição para ir ao Brasil. De acordo com um porta-voz da Presidência, diferentemente do que disse Mercadante, a própria Dilma teria convidado o MIT, que ainda estudava o convite.
Em discurso no MIT, Dilma disse apenas acreditar que "a nossa parceria (Brasil-EUA) para o século 21 será baseada no conhecimento. Por este motivo, me comprometi em dar suporte a este acordo (entre o ITA e o MIT)".
A Universidade Columbia, de Nova York, anunciou há algumas semanas que vai inaugurar um centro no Rio de Janeiro. As negociações duraram meses e foram feitas diretamente com o governo estadual. Universidades como a NYU (Universidade de Nova York, na sigla em inglês) e a Georgetown possuem filiais com graduações no Golfo Pérsico e Yale deve abrir uma em Cingapura. Todas terão graduação e pesquisa.
Também é comum uma série de universidades americanas estabeleceram convênios com instituições de ensino estrangeiras. A própria Columbia, mesmo com o centro no Rio, tem ligações na área de relações internacionais e administração pública com a Fundação Getulio Vargas (FGV), em São Paulo.
Um dos objetivos do Brasil, mencionado tanto por Mercadante como por outras autoridades brasileiras, seria usar o projeto Ciência sem Fronteira para enviar estudantes para o MIT, entre outras universidades americanas. O foco seria nas áreas médicas e tecnológicas.
O governo brasileiro ficaria incumbido de dar as bolsas, pagando a anuidade da universidade. Os alunos precisariam, de qualquer maneira, passar pelo processo seletivo, sem garantia de vagas. Na prática, altera pouco o cenário porque quase a totalidade de doutorandos brasileiros no MIT já tem bolsa da própria universidade.
Uma diferença, porém, seria a obrigatoriedade de retornar ao Brasil. Muitos estudantes brasileiros ainda optam por permanecer no exterior depois de concluírem a pós-graduação. "Acho difícil eu voltar. Não tem mercado na minha área", afirmou o doutorando de Engenharia Elétrica do MIT Bruno do Valle.
Depois do MIT, Dilma almoçou com o governador de Massachusetts, Deval Patrick. Ela foi recebida por dezenas de crianças de dois colégios brasileiros na região de Boston. Em seu discurso, ela ressaltou a importância da "comunidade brasileira em Massachusetts, que é a maior entre as estrangeiras".
Harvard. No fim do dia, a presidente visitou Harvard, onde fez uma palestra. A administração também anunciou uma colaboração com a universidade por meio do Capes para apoiar doutorandos e pós-doutorandos do Brasil, além de estudantes de áreas médicas, exatas e tecnológicas. Haverá ainda uma bolsa de professor visitante brasileiro na universidade americana.