Um economista anônimo, que prefere
permanecer assim, me escreve para dar uma lição. Como foi feita em simples
comentário em um post, resolvi promovê-la a tema de post, como segue ao
comentário do anônimo comentarista:
A correlação linear entre "coeficiente de
abertura externa" e "riqueza" não pode ser interpretado como
causa e efeito por uma ou por outra variável, mas uma simples observação.
É como se você observasse que "quem anda com
chapéu na cabeça" tem uma robusta correlação linear com
"riqueza" sendo que andar com chapéu na cabeça não vai fazer de você
mais rico...
Essa análise de relação entre a riqueza de um pais e
abertura econômica seria melhor analisado e justificado por uma analise
qualitativa e não meramente quantitativa...
Da mesma forma, o conceito do "coeficiente de
abertura econômica" pode ser questionado, pois um país que apresenta taxas
de exportações elevadas pode ter um coeficiente tao elevado quanto um pais que
apresenta taxas de importações elevadas, sendo que na realidade empírica, a
política de exportação/importação dos dois países podem ser completamente
diferentes...
Bem, acrescento agora meus comentários (PRA):
EU nunca disse que correlação linear queria dizer relação de causa e efeito, pois isto seria incompatível com a própria natureza da economia.
O que eu disse, exatamente, foi isto:
os países mais abertos são os mais ricos (com uma ou outra exceção, que tem a ver com outros fatores, o que não impede que os países, mesmo com baixo coeficiente, sejam abertos ao comércio internacional).
Pois bem, países que apresentam alto coeficiente de comércio internacional COSTUMAM ser ricos, e vice-versa, o que não é uma lei universal.
Os coeficientes variam muito, indo de 250% do PIB para um entreposto como Cingapura, para pouco menos de 30% para os EUA e o Japão, sendo todos eles muito ricos. Os EUA têm um grande mercado interno, e ainda assim exibem um DOS MAIORES COMÉRCIOS do mundo, sendo este pequeno dando seu PIB de 16 trilhões; o Japão é um país relativamente protecionista, mas um GRANDE COMERCIANTE mundial.
A China tem um grande coeficiente de abertura, mas um PIB per capita ainda inferior ao do Brasil. Mas ela pode nos ultrapassar rapidamente, e isso será dado também pelo comércio exterior, inquestionavelmente mais dinâmico no caso da China.
Mas a renda e riqueza criadas pelo comércio exterior não podem ser tomadas em absoluto, sobretudo pela sua simples expressão monetária. Muito mais importante do que o comércio de bens, é o comércio de ideias, pois elas vem embutidas nos produtos, e fazem os países avançarem no plano tecnologico. O que quer dizer que países que se fecham ao comércio, estão se condenando ao emburrecimento empobrecedor. Não é mesmo Brasil?
Existem correlações lineares? Claro que existem, mas elas não são absolutas. Basta saber ler a história... qualitativamente.
Uma coisa é certa: grandes nações comerciantes se tornam muito ricas, imensamente ricas, desde os fenícios, passando pela Liga Hanseática, os genoveses e venezianos, os holandeses, os britânicos, Hong Kong, e coloque dezenas de outros povos mais.
Não precisa fazer o jogo das Xs e Ms que comércio é comércio, sempre com diferentes variáveis.
Suíça e EUA exibem déficits estruturais nas suas balanças comerciais respectivas e nem por isso tal condição representa um problema absoluto. A Suíça mais que compensa o déficit comercial por saldos superavitários em serviços financeiros, e os EUA tem uma renda extra pelos vários serviços que exportam ao mundo, os royalties e os dividendos dos seus investimentos.
Aliás, o déficit americano é puramente geográfico, jurisdicional. Se forem somadas todas as Xs das FILIAIS de EMPRESAS AMERICANAS ao redor do mundo, teríamos um imenso superávit.
Volto portanto ao meu ponto: o Brasil, ao praticar protecionismo está se empobrecendo, burramente, aliás. O mais estupidamente possível, se ouso dizer. Está se podando da influencia das ideias embutidas no comércio de bens e serviços.
Vai ver que o governo brasileiro pensa que somos geniais, e não precisamos do resto do mundo (ou importar problemas alheios, como escreveu o economista anônimo).
Apenas stalinistas industriais pretendem fazer o que fazem os "economistas" do governo. Combina com a mentalidade deles, parada no tempo...
Ou melhor, em recuo de pelo menos meio século, talvez mais.
Esse pessoal viveria na autarquia nazista, no protecionismo a la Manoilescu, enfim, todas essas coisas atrasadas...
De nada...
Paulo Roberto de Almeida