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terça-feira, 27 de agosto de 2013

Brasil-Bolivia: bate-boca pouco hierarquico, e sem disciplina nenhuma...

Diplomacia

Dilma critica diplomata e diz que operação colocou em risco a vida de senador boliviano

Presidente rebateu o diplomata brasileiro Eduardo Saboia, que conduziu a fuga de Roger Molina de La Paz para o Brasil: 'DOI-Codi é tão distante da embaixada brasileira em La Paz como é distante o céu do inferno'

Laryssa Borges e Gabriel Castro, de Brasília
Veja.com, 27/08/2013
Em sessão solene do Congresso Nacional, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da Violência contra a Mulher entrega o relatório final à presidente da República, Dilma Rousseff, e homenageia a Lei Maria da Penha
Em sessão solene do Congresso Nacional, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da Violência contra a Mulher entrega o relatório final à presidente da República, Dilma Rousseff, e homenageia a Lei Maria da Penha (Evaristo SA/AFP)
“Não estamos em situação de exceção, não há nenhuma similaridade. Eu estive no DOI-Codi. Eu sei o que é o DOI-Codi e asseguro que é tão distante da embaixada brasileira em La Paz como é distante o céu do inferno”
A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta terça-feira que a operação de fuga de Roger Pinto Molina da embaixada brasileira em La Paz, conduzida pelo diplomata brasileiro Eduardo Saboia, colocou em risco a vida do senador boliviano. “Se nada aconteceu, não é a questão. Poderia ter acontecido. Um governo não negocia vida, um governo age para proteger a vida”, disse.
Roger Pinto Molina estava asilado na representação do Brasil em La Paz desde 28 de maio de 2012. O parlamentar, que é acusado de corrupção, alega ser perseguido politicamente pelo governo de Evo Morales. No último final de semana, Molina chegou ao Brasil com o auxílio de Saboia, encarregado de negócios da representação diplomática em La Paz. O governo brasileiro afirma não ter autorizado a operação.
A fuga de Molina para o Brasil abriu uma crise diplomática com a Bolívia e derrubou nesta segunda o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota. Saboia usou um carro da representação brasileira em La Paz para percorrer o trajeto de 1.600 quilômetros até Corumbá (MS). O veículo dispõe de imunidade diplomática e foi escoltado por dois fuzileiros navais brasileiros. De lá, usou um avião obtido pelo senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) para chegar a Brasília.
Após a operação, Saboia afirmou que "escolheu proteger um preso político, como também Dilma foi perseguida" durante a ditadura militar. Irritada, Dilma rechaçou nesta terça a comparação: “Não estamos em situação de exceção, não há nenhuma similaridade. Eu estive no DOI-Codi [onde presos políticos foram torturados na ditadura]. Eu sei o que é o DOI-Codi e asseguro que é tão distante da embaixada brasileira em La Paz como é distante o céu do inferno”.
Em visita ao Congresso Nacional, a presidente também afirmou que os governos do Brasil e da Bolívia negociaram, sem sucesso, a concessão de um salvo-conduto para Molina. “Lamento, profundamente, que um asilado brasileiro tenha sido submetido à insegurança. Lamento, porque num estado democrático e civilizado, a primeira coisa que se faz é proteger a vida, sem qualquer outra consideração.”
Para justificar a operação de fuga, Saboia argumentou que o estado de saúde de Molina se deteriorava a cada dia e que ele poderia tentar o suicídio. Dilma afirmou que “não tem nenhum fundamento acreditar que é possível que um governo, em qualquer país do mundo, aceite submeter a pessoa que está sob asilo a risco de vida”.
Nesta terça-feira o ministro da Defesa, Celso Amorim, deverá dar explicações formais sobre a presença de dois fuzileiros navais na escolta do político entre a Bolívia e o Brasil.
CPMI da Mulher - As declarações de Dilma foram dadas depois de uma sessão especial realizada pelo Congresso para apresentar o relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Violência contra a Mulher. A visita foi uma tentativa de melhorar a relação entre Executivo e Legislativo, que passou por momentos de turbulência nos últimos meses.
Em seu discurso na solenidade, a presidente defendeu "tolerância zero com a violência contra a mulher". Ela também prometeu construir 27 centros de apoio chamados de Casas das Mulheres - uma em cada unidade da federação. "Temos a ambição de chegar a inaugurar algumas dessas casas no dia 8 de março do ano que vem."

Durante dezoito meses, uma CPI investigou a violência contra mulheres. Nas três últimas décadas, 92.000 mulheres foram assassinadas no país. A comissão propôs mudanças na Lei Maria da Penha e a tipificação do "feminicídio" como agravante do crime de homicídio. A presidente prometeu acatar recomendações.

Antonio, o Breve - Dawisson Lopes

Antonio, o Breve

Se a importância de uma era é medida pela densidade de seus eventos, é assim que historiadores poderão ver o chanceler Patriota, avalia professor

15 de junho de 2013 | 16h 00
Dawisson Belém Lopes
Jovem brilhante, talvez o melhor da sua geração. Oriundo de família de diplomatas, com formação sólida e consistência acadêmica, estava habituado às sutilezas da Casa de Rio Branco. Antonio Patriota trazia a vocação para o ofício no próprio nome. Foi embaixador aos 50. Chefiou a missão do Brasil em Washington e, na sequência, tornou-se secretário-geral do Itamaraty - a mais alta posição da carreira.
Chanceler Antonio Patriota - Hélvio Romero/Estadão
Hélvio Romero/Estadão
Chanceler Antonio Patriota
Bem-visto pela corporação diplomática e por seu antecessor no cargo, Celso Amorim, logo obteve a indicação da mandatária da nação para ser o chanceler. Fazia-se justiça a uma trajetória impecável do ponto de vista do mérito técnico.
Seria o líder de um ministério em ascensão, prestigiado pelo ex-presidente Lula e absolutamente instrumental para a inserção do Brasil no mundo globalizado. Até a sociedade civil, tradicionalmente desatenta aos aspectos internacionais, começava a mobilizar-se e a politizar agendas pertinentes à pasta do exterior.
Parecia o cenário ideal para a consagração de Patriota. Tinha tudo para dar certo. Mas foi aí que os seus problemas começaram...
De saída, o ministro foi anunciado como a boa nova. Movido por um plano de "suave correção de rumos", ele acolhia em parte as reivindicações de determinados segmentos sociais por uma diplomacia mais convencional. Acenou com a reaproximação com os Estados Unidos e condenou as violações de direitos humanos no Irã, relegando para segundo plano as bandeiras da reforma do Conselho de Segurança da ONU e do regionalismo pós-liberal na América do Sul. O elemento de contestação à ordem mundial, presente na gestão "ativa e altiva" de Amorim, diluiu-se.
Pouco a pouco, foi se tornando evidente que Dilma não era Lula. A diplomacia presidencial da nova incumbente, por desinteresse ou inaptidão, recuou. Além disso, o recomendável entrosamento entre chefe de Estado e chanceler nunca houve. Nos temas econômicos da política externa, Guido Mantega e Fernando Pimentel fizeram-se porta-vozes da Presidência; nas questões de cunho político e social, Marco Aurélio Garcia e Gilberto Carvalho foram conselheiros preferenciais.
Vários enroscos diplomáticos do primeiro biênio de governo foram debitados à conta do ministro das Relações Exteriores, com destaque para a derrubada do aliado paraguaio Fernando Lugo. O entusiasmo da militância social e dos meios de imprensa com Patriota rapidamente arrefeceu.
Nos últimos meses, a situação piorou. O chanceler foi posto na alça de mira de diversos grupos de interesse e pressão. Todo mundo tirou uma casquinha: ambientalistas insatisfeitos com a condução da Rio+20, organizações de direitos humanos queixosas da leniência brasileira com ditadores sanguinários, editorialistas de cadernos de política com denúncias de malversação do recurso público. Justas ou não, as reclamações agora beiram o inusitado: até a torcida do Corinthians, depois da tragédia de Oruro e da detenção de alguns de seus membros, passou a apupar a chefia do Itamaraty.
As vitórias, quando aconteceram, foram pírricas. Patriota despendeu energia pelo reconhecimento da Palestina como membro observador na Assembleia-Geral da ONU - no que foi bem-sucedido -, mas não colheu benefícios palpáveis da empreitada. Em outra ocasião, o Brasil tentou fazer avançar, também no púlpito da ONU, o conceito de "responsabilidade ao proteger" para regulamentar as intervenções humanitárias. Inicialmente recepcionada com interesse pela comunidade das nações, a ideia foi desautorizada na prática, e tratada como um sintoma de que nosso país era relutante em assumir o fardo da condição de potência global.
Sintomática mas não surpreendentemente, a expressiva eleição do diplomata brasileiro Roberto Azevêdo à direção da Organização Mundial do Comércio foi tratada, pelo governo, mais como resultado do envolvimento pessoal da presidente da República - e menos como o fruto de uma longa e intrincada articulação diplomática, liderada pelo Ministério das Relações Exteriores.
O eclipse do Itamaraty é a consequência inevitável desse processo. Até o tradicionalíssimo concurso anual para recrutamento de diplomatas foi colocado em suspenso pela administração federal. Também dão conta desse achatamento político o contingenciamento das verbas para o ministério e a baixa frequência com que o ministro do Exterior despacha com a presidente da República.
Há quem diga que diplomata faz política de Estado e, portanto, estaria imune às contingências do governo. Penso que, numa democracia contemporânea, não poderia existir maior equívoco de interpretação - e Antonio Patriota dá vivo testemunho disso. Sua natural aversão aos jogos políticos lhe dá um indefectível ar de chefe interino: sem força, sem perspectiva e, miseravelmente, sem legado.
Se a importância de uma era é medida pela densidade dos seus eventos, a impressão é de que os historiadores poderão tratar o ministro, num futuro não muito distante, pelo epíteto "O Breve" - mesmo que, cronologicamente, sua permanência no cargo ainda se arraste até o fim deste governo.
*DAWISSON BELÉM LOPES É PROFESSOR DE POLÍTICA INTERNACIONAL E COMPARADA DA UFMG E AUTOR DE POLÍTICA EXTERNA E DEMOCRACIA NO BRASIL: ENSAIO DE INTERPRETAÇÃO HISTÓRICA (UNESP, 2013
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A coragem de um diplomata (Eduardo Saboia) - Editorial Estadao

A coragem de um diplomata
27 de agosto de 2013 | 2h 15
Editorial O Estado de S.Paulo

A diferença entre a teoria e a prática pode ser eliminada por um ato de desassombro. Foi o que aconteceu no fim da semana, quando um diplomata brasileiro resolveu aplicar, por sua conta e risco, os princípios humanitários dados como indissociáveis da política externa do País. Em toda parte, o Itamaraty exorta a comunidade internacional a dar prioridade aos direitos humanos. Faltou fazer o mesmo dentro da própria casa - a embaixada em La Paz. A omissão levou o encarregado de negócios da representação, ministro Eduardo Saboia, a tomar uma iniciativa inédita. Ela pode ter salvado a vida do senador boliviano Roger Pinto Molina, de 53 anos, que completaria na última sexta-feira 452 dias de confinamento numa dependência da embaixada onde se asilou, em maio do ano passado.
Eleito pela Convergência Nacional, partido de oposição ao presidente Evo Morales, ele tem contra si uma vintena de processos por alegados delitos que incluem corrupção, desacato (ao acusar Evo de proteger o narcotráfico), dano ambiental, desvio de recursos e até assassínio. O asilo foi concedido pela presidente Dilma Rousseff dias depois. Evo criticou a decisão, recusou-se a dar ao asilado o salvo-conduto para viajar ao Brasil e acusou o então embaixador brasileiro de "pressionar" o país. À medida que o impasse se arrastava, mais evidente ficava que o Itamaraty não só não pressionava o líder bolivariano, como o tratava com um descabido temor reverencial. Essa política de luvas de pelica foi inaugurada, como se recorda, pelo então presidente Lula.
No Primeiro de Maio de 2006, começando o seu primeiro mandato sob uma barragem de protestos pelo não cumprimento de promessas eleitorais, Evo nacionalizou o setor de gás e petróleo, e mandou invadir militarmente uma refinaria da Petrobrás. Em plena sintonia com o à época chanceler Celso Amorim e com o assessor de relações internacionais do Planalto, Marco Aurélio Garcia, Lula só faltou cumprimentar o vizinho pela violência. Mudaram os nomes, mas a tibieza persiste. Na conturbada história do continente, asilo político e salvo-conduto representam uma tradição secular - uma ou outra exceção apenas confirmam a regra. Mas a diplomacia brasileira não há de ter tido a coragem de invocar essa realidade para mostrar a Evo que a sua atitude era insustentável, além de ofensiva à política brasileira de direitos humanos.
Salvo prova em contrário, o Itamaraty não se abalou nem ao ser informado dos exames que constataram a deterioração física e mental do senador - que falava em suicídio. Não era para menos. Como Saboia desabafaria numa entrevista à Rede Globo, "eu me sentia como se tivesse um DOI-Codi ao lado da minha sala de trabalho", em alusão ao aposento em que vivia o asilado. "E sem (que houvesse) um verdadeiro empenho para solucionar o problema." Duas vezes ele foi a Brasília alertar, em vão, o Itamaraty. Chegou a pedir para ser removido de La Paz. Enfim, diante do "risco iminente à vida e à dignidade de uma pessoa", agiu. Acompanhado de dois fuzileiros navais que serviam na embaixada, em dois carros com placas diplomáticas, ele transportou Roger Pinto a Corumbá, do lado brasileiro da fronteira, numa viagem de 22 horas iniciada na sexta à tarde.
No final da noite de sábado seguiram para Brasília, a bordo de um avião obtido pelo senador capixaba Ricardo Ferraço, presidente da Comissão de Relações Exteriores da Casa, mobilizado pelo diplomata. Apanhado no contrapé, o Itamaraty anunciou que tomará "as medidas administrativas e disciplinares cabíveis". Melhor não. No clima que o País anda respirando, Saboia pode virar herói - e o governo, carrasco. De seu lado, La Paz pediu que o Brasil recambie o "fugitivo da Justiça" - o que ele não é, porque em momento algum deixou tecnicamente território brasileiro. Autoridades bolivianas ressalvaram que o caso não afetará a relação bilateral. Mas, para Evo, provocar o Brasil sempre serviu para fazer boa figura junto às suas bases, a custo zero.

Cabe ao Itamaraty, até para se penitenciar da dignidade esquecida durante o confinamento do senador, reagir com dureza a uma nova bravata de Evo. E aprender com o seu diplomata a ser mais coerente com o que apregoa.

Tudo o que voce sempre quis saber sobre a historia militar do Imperio...

Império, só tem um, claro, mas os companheiros gostariam de frisar: estadounidense.
Que seja: acho que só deve ter "guerras patriotas" nesse compêndio, mas não custa olhar, sobretudo porque é de graça.
Companheiros, abstei-vos. Vocês vão ficar com raiva, podem ter uma síncope, então mantenham-se afastados deste blog, ou pelo menos deste post.
Paulo Roberto de Almeida

American Military History: A Resource for Teachers and Students
Foreign Policy Research Institute, August 27, 2013

The Foreign Policy Research Institute, in collaboration with the First Division Museum at Cantigny, is proud to announce the release of a new E-Book, American Military History: A Resource for Teachers and Students.
Freely available, this volume – co-edited by Dr. Michael Noonan, Director of the FPRI Program on National Security, and Dr. Paul Herbert, Executive Director of the First Division Museum – is a selection of materials presented at seven history weekends for high school teachers on American military history, comprising 29 essays that cover everything from early America to the most recent conflicts.
Jointly sponsored by FPRI and the Museum, all the weekend-long programs have been held at the Museum since they began in 2006. The premise of the work is that all Americans are responsible for the common defense, and all Americans should know something about it.
Although primarily designed as a resource for teachers and students at the high school level, the essays have been written by the nation’s foremost scholars on the subject and are meant to inform the non-specialist. The e-book will enrich understanding of how the U.S. military has helped to shape American history—not only on the battlefield but also socially, politically, economically, and technologically.
The Teaching Military History Program grew out of FPRI’s History Institute for Teachers (now called the Madeleine and W.W. Keen Butcher History Institute), which, since 1996, has been providing high school teachers with professional development on issues in US and world history and international relations.
Chaired by David Eisenhower and the Pulitzer Prize-winning historian Walter McDougall, the Butcher History Institute has garnered a national reputation for excellence, working with 941 teachers from 681 schools in 46 states! Following, each weekend, many more teachers access the video files and texts from the conferences from FPRI’s website. 
The Military History Program is a project of FPRI’s Center for the Study of America and the West.
About the Foreign Policy Research Institute
The Foreign Policy Research Institute was founded in Philadelphia in 1955 on the premise that “a nation should think before it acts,” as founder Robert Strausz-Hupe put it.  A 501(c)(3) nonprofit organization, FPRI is  devoted to bringing the insights of scholarship to bear on the development of policies that advance U.S. national interests. We add perspective to events by fitting them into the larger historical, cultural, geographical context of international politics.
About the First Division Museum at Cantigny
The First Division Museum at Cantigny Park, part of the nonprofit Chicago-based Robert R. McCormick Foundations, promotes public learning about America’s military heritage and affairs through the history of the “Big Red One”—the famed 1st Infantry Division of the U.S. Army.  It stands in tribute to all who have served our country in the armed forces.  The museum’s main exhibit hall transports visitors to the trenches of World War I, the beaches of World War II and the jungles of Vietnam.  Outside, tanks are displayed from every era, along with personnel carriers and artillery.  The Robert R. McCormick Research Center, open to the public, houses the museum’s library, archival and photo collections.  Visit the First Division Museum at Cantigny Park online at FirstDivisionMuseum.org.
To download the E-Book:
For mor information, contact Eli Gilman at egilman@fpri.org or 215 732 3774, ext. 255.
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Itamaraty: esvaziamento na gestao Dilma - Dawisson Lopes

DAWISSON BELÉM LOPES
ESPECIAL PARA A FOLHA, 27/08/2013 - 03h45

Sem adentrar o mérito humanitário ou jurídico do resgate do senador boliviano, fato é que a operação (aparentemente, não autorizada pela cúpula do Itamaraty ou pelo Planalto) causou mal estar entre os homens da corporação diplomática nacional.
O cerne do problema está no que a ação desvelou: o deficit de liderança na Casa de Rio Branco.
Diplomatas são também conhecidos como "os militares de terno e gravata", tal é o apreço que demonstram por hierarquias e cadeias de comando.
Quando a orientação da chefia não é seguida à risca, fabrica-se a fórceps a obediência. Basta lembrar a circular postal emitida, em 2001, pelo então ministro Celso Lafer, que proibia posicionamentos públicos de membros do serviço exterior sem o prévio assentimento do ministério.
Já no governo de Lula, foram publicadas pelo Itamaraty cartilhas que descreviam a posição do Brasil em relação a um rosário de temas, a fim de uniformizar as falas e as ações.
Essa carência de liderança institucional repercutia em diversos níveis. Havia arestas no relacionamento entre a presidente da República e o seu ministro do Exterior, do que foi consequência do achatamento político do Itamaraty. Daí decorreu, por exemplo, o contingenciamento das verbas ministeriais e a dificuldade para realizar, em 2013, o concurso anual para admissão de novos diplomatas.
E o dilema não se restringiu à articulação da chancelaria com a chefia do Executivo. Reportaram-se também sérios equívocos de gestão e cálculo político no Ministério das Relações Exteriores.
O acatamento relutante da Lei de Acesso à Informação, a revelação dos supersalários de servidores lotados no estrangeiro, os recentes escândalos de assédio sexual e moral e a denúncia sobre "funcionários fantasmas" no interior da corporação compuseram quadro que, decididamente, não era abonador para Patriota.
Não por acaso, propostas oficiais para o esvaziamento de competências do Itamaraty têm tramitado. Fala-se em Brasília, por exemplo, da possível criação de uma agência governamental com habilitação exclusiva para coordenar o comércio internacional do Brasil e da provável desvinculação entre a Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e o Itamaraty.
Como no conto de Andersen, o caso do senador boliviano refugiado no Brasil trouxe à baila uma verdade inconveniente -mas que, a rigor, todos já conheciam. Não será exagero dizer que a ocasião fez a insubordinação.


DAWISSON BELÉM LOPES é professor de política internacional e comparada da UFMG e autor de "Política externa e democracia no Brasil" (Ed. Unesp, 2013)

Brasil-Bolivia: tribulacoes de uma aventura boliviana - entrevista Eduardo Saboia

O título da matéria é falso e enganoso, além de ser de má-fé. O diplomata não fez ameaça, apenas disse que tem como se defender.
O resto está claríssimo. Menos certas coisas do outro lado da fronteira...
Paulo Roberto de Almeida

ELIANE CANTANHÊDE, ISABEL FLECK E PATRÍCIA CAMPOS MELLO
DE BRASÍLIA, DE SÃO PAULO
Folha de S.Paulo, 27/08/2013 - 03h00

Afastado de suas funções por tempo indeterminado por ter conduzido a operação que trouxe ao Brasil o senador boliviano Roger Pinto Molina, o diplomata Eduardo Saboia, 45, disse ontem (26) à Folha que assumiu o risco de sua decisão e fez uma ameaça à chancelaria brasileira.
"Se vierem para cima de mim, tenho elementos de sobra para me defender e para acusar", afirmou. "Tenho os e-mails das pessoas, dizendo olha, a gente sabe que é um faz de conta, eles fingem que estão negociando [a saída do senador da embaixada] e a gente finge que acredita.'
O Itamaraty preferiu não comentar as declarações.
Católico praticante, ele chorou ao dizer que "ouviu a voz de Deus" para tirar Molina da embaixada.
Saboia contou detalhes da tensa viagem de La Paz até a fronteira com o Brasil, na qual Molina vomitou e todos começaram a rezar quando a gasolina do carro estava quase acabando.
O diplomata conversou com a reportagem em três ocasiões diferentes, todas antes do anúncio da saída de Patriota --após a queda, Saboia não foi localizado. Leia abaixo os principais trechos da entrevista:
A decisão
Eu vinha avisando [o Itamaraty] que a situação estava em franca deterioração, e a gente tinha que pensar em contingências, como levá-lo para a residência [oficial da embaixada], para uma clínica na Bolívia, para o Brasil. Vim a Brasília duas vezes para dizer: "A situação está ruim, estou sob pressão." Mandei uns 600 telegramas, falei que era insustentável. Não sou médico nem psiquiatra, mas, diante de uma situação limite, tomei essa decisão. O médico boliviano atestou dias antes que ele estava num estágio perigoso de depressão. Ele [o senador] estava com um papo de suicídio. Aí podem dizer: "Ah, é uma manipulação". Pode ser, mas é preciso correr esse risco?
Não me arrependo e aceito as consequências. Ouvi a voz de Deus. Estou amparado pela Constituição e pelos tratados internacionais assinados pelo Brasil. Fiz uma opção por um perseguido político, como a presidente Dilma fez em sua história.

Alan Marques/ Folhapress


Diplomata Eduardo Saboia chora ao falar que 'ouviu a voz de Deus'
'Faz de conta'
Eu perguntava da comissão [bilateral, para resolver a questão do senador], e as pessoas me diziam: "Olha, aqui [no Brasil] é empurrar com a barriga." Ninguém me disse isso por telegrama, porque não são bobos. Mas tenho os e-mails das pessoas, dizendo "olha, a gente sabe que é um faz de conta, eles fingem que estão negociando e a gente finge que acredita". A comissão não tinha prazo para terminar, era um faz de conta.
Ameaça
O Itamaraty quer saber o que aconteceu. Vou prestar os esclarecimentos, e espero que haja sensatez. Se vierem para cima, tenho elementos de sobra para me defender e para acusar: a questão da omissão... Se a gente entrar numa questão legal, vai ser uma lavação de roupa suja que todo mundo vai sair prejudicado. Se quiserem me crucificar, vai ser uma burrice. Não sou da oposição, votei na Dilma. Mas não podia me omitir. E foi resolvido um problema político. A situação envenenava as relações [Brasil-Bolívia], impedia uma viagem da presidente. Tiramos o bode da sala. Mas, se você me perguntar, "fez bem para minha carreira?", vou dizer: "Não".
Na embaixada
Você imagina ir todo dia para o seu trabalho e ter uma pessoa trancada num quartinho do lado, que não sai? E você é quem a impede de receber visitas. Aí vem o advogado e diz que, se ele se matar, você será o responsável. O senador estava havia 452 dias sem tomar sol, sem receber visitas. Eu me sentia como se fosse o carcereiro dele, como se eu estivesse no DOI-Codi [centro de repressão do Exército durante a ditadura]. O asilado típico fica na residência [do embaixador], mas ele estava confinado numa sala de telex, vigiado 24 horas por fuzileiros navais.
Viagem tensa
Não teve pirotecnia, carteirada' ou suborno. Cruzamos a fronteira às claras. Fomos parados várias vezes, porque a Bolívia tem controles de pedágio e antinarcóticos. Teve uma hora que eles olharam dentro do carro com lanterna e tudo, mas nem pediram documento dele. Foram 22 horas, 1.600 quilômetros. Pegamos névoa, gelo, frio. Saímos de 4.600 metros [de altitude] até 400 metros. Não paramos para nada, foi tudo direto. Só tinha umas nozes e umas bananas para comer, mais nada. O senador passou mal, vomitou. Fiquei acordado todo o tempo, conversando com meu motorista e me comunicando com o outro pelo rádio para saber se ele estava acordado. Na reta final, fomos ficando sem gasolina e aí começamos a, literalmente, rezar. Eu, católico, e o senador, evangélico. Peguei a Bíblia, abri nos Salmos e li. Foi o milagre da multiplicação da gasolina.

Eduardo Saboia, há muita gente do seu lado! - Pedro Luiz Rodrigues (Diario do Poder)

Eduardo Saboia, há muita gente do seu lado!
Pedro Luiz Rodrigues 
Diário do poder, 26 de agosto de 2013 às 16:52

Caro Ministro Eduardo Saboia,Li, no noticiário de hoje, que o caro amigo será submetido a uma Comissão para apurar sua conduta nos episódios recentes relacionados à Bolívia.Antes de mais nada, quero que você saiba que tem muita gente do seu lado.
Às vezes, na vida, os princípios e a retidão de caráter herdados do convívio familiar são postos em situação de choque frontal com o abuso, o erro ou o oportunismo das estruturas do poder.
Não há como não reconhecer que era imoral e insustentável a situação do senador boliviano Roger Pinto Molina – a quem o governo brasileiro concedeu asilo político em junho do ano passado, com base nas normas e na prática do Direito Internacional Latino-Americano e com base no Artigo 4, inciso 10, da Constituição Federal.
Posteriormente à concessão do asilo, o governo boliviano brandiu uma série de acusações contra o asilado, aparentemente para tentar  fazer o Brasil modificar sua decisão.
Em conversa que mantive na semana passada com o advogado brasileiro de Pinto Molina, Fernando Tibúrcio, referiu-se ele à delicada situação física e psicologia do político boliviano, mantido em situação equivalente a de uma prisão domiciliar – na Embaixada do Brasil, em La Paz – há mais de 14 meses, em plena violação das regras mais comezinhas do direito internacional público latino-americano.
Na Convenção sobre asilo diplomático de 1954 (Caracas), da qual o Brasil é signatário, prevê o artigo VII, que em caso de urgência, “será concedido o asilo diplomático (…) pelo tempo estritamente indispensável para que o asilado deixe o país com garantias”. Mencionado artigo justifica-se, haja vista que o asilo diplomático tem a finalidade na concessão do asilo político, configurado quando o asilado encontra-se em território do Estado concedente.
O senador Ricardo Ferraço, presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, e que participou da etapa final, em território brasileiro, do traslado do Senador Roger Pinto Molina, quer saber das autoridades competentes (possivelmente o Senhor Marco Aurélio Garcia, tido como o responsável pelas principais decisões de política externa com os países de nossa vizinhança) sobre quais providências que tomou o Governo brasileiro para, conforme a Convenção de Caracas, agilizar a retirada do asilado.
Tem informação o Senador que o Governo brasileiro não fez lá grande coisa em favor do traslado formal do asilado para o território nacional, onde automaticamente o asilo diplomático seria convertido em asilo político.
O tema do direito do asilo, embora praticado desde o século XIX na América Latina, é sempre questionado pelos governos que vêm seus adversários políticos fugir da jurisdição local.
A questão toda tem sido cercado pela opacidade. O asilo e a saída informal de Pinto Molina da Bolívia representam apenas um pequeno detalhe. Os senadores da República querem saber muito mais.
Por isso, o Senado Federal está inclinado a convocar audiência especial para examinar o relacionamento entre o Brasil e a Bolívia desde 2006, ano em que Evo Morales assumiu a Presidência do país. Lembramo-nos de que poucos meses depois de sua assunção ao poder, Morales declarou a nacionalização de todo o setor de petróleo e gás no país, tendo mandato tropas do exército para ocupar instalações da Petrobras, num ato de clara hostilidade. De lá para cá, uma série de gestos inamistosos foram feitos pelo governo boliviano, sem o esboço de qualquer reação por parte do Brasil.
Diplomacia, sabemos todos, é a arte de negociar pelo interesse nacional. Calar, às vezes, pode ser uma tática, mas nunca funcionará como uma estratégia de longo prazo.
Nos anos 1940, o Embaixador Manuel Pinto de Souza Dantas concedeu milhares de vistos a judeus refugiados do nazismo que buscavam sair da Europa. Se  tivesse seguido à risca as instruções do governo Vargas, muitos poucos vistos teriam sido concedidos.
A História resgatou-o por sua coragem e incapacidade de apenas seguiras regras autoritárias e desumanas emanadas diretamente do Palácio do Catete.

Brasil-Bolivia: tout se complique,2 - a confusao continua...

O zumbido em certos corredores está ensurdecedor...

Dilma havia proibido operação de fuga do boliviano

TÂNIA MONTEIRO E LISANDRA PARAGUASSU
Agência Estado, 26 de agosto de 2013 
Desgastado com a operação de "resgate" do senador boliviano Roger Pinto que provocou uma crise diplomática com a Bolívia, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, foi obrigado nesta segunda-feira a pedir demissão. A conversa entre a presidente e o ministro foi rápida, no Palácio do Planalto.
A irritação da presidente Dilma era maior porque a quebra da hierarquia de Saboia não se resumia à operação da madrugada de domingo, 25. Há seis meses, o governo da Bolívia havia feito proposta ao governo brasileiro de que senador boliviano fosse levado de carro até a fronteira com o Brasil e deixado lá, "sem que fosse de conhecimento" do governo local. O senador teria de percorrer 1600 km, durante 22 horas, de carro, até chegar à fronteira brasileira tornando a sua liberdade um fato consumado.
Ao tomar conhecimento desta proposta, a presidente Dilma disse que não concordava. Na época, a presidente Dilma reagiu avisando que, se acontecesse alguma coisa com o senador, neste longo trajeto, um acidente, ou qualquer coisa, o governo brasileiro seria responsável, já que era o Estado brasileiro era o guardião da sua segurança e da sua vida. Dilma insistiu que a vida do senador não poderia ser colocada em risco.
Portanto, reiterava Dilma, havia uma clara determinação da presidente da República de que não fosse feito o trajeto de carro com o senador, por causa do risco e da responsabilidade e, apesar da ordem dada, o embaixador interino do Brasil em La Paz, Eduardo Saboia, a desafiou e montou a operação de fuga de Roger Pinto. Para Dilma, ao decidir pela operação, Eduardo Saboia assumiu o risco e deve responder por isso.
Dilma já havia conversado com Patriota e determinado que ele cancelasse sua viagem à Finlândia e permanecesse no Brasil para resolver este problema. A presidente estava "inconformada" com o episódio e com a quebra de hierarquia e queria saber exatamente quem sabia da operação idealizada por Saboia. Por isso, convocou no início da tarde desta segunda ao Planalto, os ministros da Defesa, Celso Amorim, a quem estavam subordinados os fuzileiros que fizeram a segurança do senador boliviano e às Forças Armadas, e da Justiça, José Eduardo Cardozo, a quem a Polícia Federal está subordinada. Queria saber se eles sabiam da operação.
Posse
A posse do novo ministro Luiz Alberto Figueiredo, atual representante do Brasil junto às Nações Unidas, deverá ocorrer na quarta-feira, 28, já que ele desembarca no Brasil nesta terça-feira, 27. Dilma distribuiu nota oficial informando que "aceitou" o pedido de demissão de Patriota e agradecendo a sua "dedicação e empenho nos mais de dois anos que permaneceu no cargo" e anunciou sua indicação para a Missão do Brasil na ONU. Luiz Figueiredo já acompanha a presidente Dilma na próxima sexta feira, 30, na reunião da Unasul, em Paramaribo. Dilma Rousseff não telefonou para Evo Morales. Deve encontrá-lo apenas na reunião da Unasul.

Ignorancia mata mais criancas do que pobreza e falta de esgoto

Mortalidade infantil está diretamente associada à falta de estudo dos pais

Lucas de Abreu Maia, José Roberto de Toledo e Rodrigo Burgarelli

O Estado de S.Paulo, 26/08/2013


Estatística compilada pelo 'Estadão Dados' mostra que, para cada ponto percentual retirado da taxa de analfabetismo da população adulta, a morte de crianças cai 4,7 pontos; fator tem mais influência do que a pobreza e a falta de saneamento básico


Nada mata mais crianças no Brasil do que a ignorância. Pesquisa do Estadão Dados mostra que nenhuma outra de 232 variáveis testadas influi mais nas mortes na infância do que a falta de estudo dos adultos. Nem falta de dinheiro, de água ou esgoto têm impacto maior.

Os dados se referem aos 5.565 municípios brasileiros, foram coletados durante o Censo 2010 e compilados pelo Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil. Eles foram usados para criar um modelo explicativo dos indicadores que poderiam causar a mortalidade de crianças de até 5 anos. Por meio de métodos estatísticos, foi possível ver que a maior causa desse tipo de morte está relacionada à taxa de alfabetização da população com mais de 18 anos.
Para cada ponto porcentual retirado da taxa de analfabetismo da população de 18 anos ou mais, a taxa de mortalidade de crianças até 5 anos cai 4,7 pontos. Na prática, se 1% dos adultos de uma cidade é alfabetizado, em média, mais 47 crianças sobrevivem à primeira infância, a cada 10 mil nascimentos. "Às vezes, a casa não tem saneamento básico, mas se a mãe tem um pouco de educação, consegue que o filho tenha acesso aos programas sociais do governo", disse o pesquisador do IBGE Celso Simões, autor de estudo que chegou a conclusão similar.
O gráfico acima mostra como essas duas variáveis estão relacionadas. Cada ponto representa um município. Ao seguir uma tendência diagonal, o conjunto desses dados revela que quanto maior o analfabetismo, maior a taxa de mortalidade na infância. Cidades como Olho D'água Grande (AL) são exemplos onde esses dois índices são altíssimos - 50 crianças de até 5 anos morrem por ano e 46% dos adultos são analfabetos. Blumenau (SC) está no outro extremo, com taxa de mortalidade cinco vezes menor e apenas 2% de analfabetismo entre adultos.
O impacto da alfabetização de adultos sobre a mortalidade de crianças é duas vezes maior do que o da pobreza. O segundo fator com maior peso para evitar mortes infantis é aumentar a fatia da renda dos 20% mais pobres. Cada ponto porcentual a mais na renda faz diminuir 2,8 pontos da taxa de mortalidade na infância.
O terceiro fator estudado que diminui a mortalidade na infância é o acesso a água e esgoto. Mas o impacto é bem menor do que o do analfabetismo e da pobreza. A cada ponto porcentual a menos de população sem saneamento básico, a mortalidade na infância cai 0,8 ponto. Combinadas, as três variáveis - analfabetismo, pobreza e água/esgoto - explicam 62% da taxa de mortalidade das crianças com até 5 anos no Brasil. O modelo é consistente também no tempo. Aplicado aos dados do Censo de 2000, seu poder de explicação é ainda maior: 69%.
O professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa José Cássio de Moraes ressalta que a maior educação materna também aumenta as chances de doenças infantis serem diagnosticadas mais cedo: "A mãe com nível educacional melhor reconhece mais rapidamente os sintomas de doenças." / COLABOROU DIEGO RABATONE
Desafio é reduzir as mortes de recém-nascidos 
Entre 2000 e 2011, segundo o SIM-Datasus, as mortes de crianças com menos de 5 anos caíram de 79.470 para 46.375 por ano. A queda foi mais significativa entre as crianças com mais de um mês de vida: 47% no período. Nessa fase, as causas de morte mais comuns podem ser tratadas com terapias simples, como soro caseiro. Isso ajuda a explicar como o aumento da escolaridade dos pais reduz a mortalidade.
Desafio está agora nas crianças com até uma semana de vida, grupo com maior parte das mortes infantis. O problema é mais complexo, porque as causas não são facilmente evitáveis e implicam cuidados com as mães e o parto.

Brasil-Bolivia: tout se complique, como diria Sempe'; - militares sabiam da movimentacao...

Diplomacia

Defesa sabia da fuga de senador boliviano, diz jornal

Veja.com, a partir do Estadão, 26/08/2013

Informação chegou a alto escalão da pasta, diz 'O Estado de São Paulo', mas ministro Celso Amorim afirma que, assim como Patriota, foi surpreendido

Senador boliviano Roger Pinto Molina acena da porta da casa de seu advogado, o brasileiro Fernando Tiburcio da Pena, em Brasília
Senador boliviano Roger Pinto Molina acena da porta da casa de seu advogado, o brasileiro Fernando Tiburcio da Pena, em Brasília (Ueslei Marcelino/Reuters)
A operação que levou à fuga do senador Roger Pinto Molina da Bolívia foi comunicada aos escalões superiores das Forças Armadas e do Ministério da Defesa no Brasil. A informação é do jornal O Estado de São Paulo. O ministro Celso Amorim, no entanto, declarou ao Palácio do Planalto que também foi surpreendido, a exemplo do ex-chanceler Antonio Patriota, demitidonesta segunda-feira do Ministério das Relações Exteriores.
Apesar do ministro da Defesa ter comunicado que não foi informado do que estava acontecendo, por tradição os militares destacados nas embaixadas são subordinados aos diplomatas e, por doutrina, costumam informar aos seus superiores hierárquicos o que sabem e o que entendem que deva ser reportado. E assim teriam agido os dois fuzileiros navais que participaram da operação de transporte do senador Molina para a fronteira entre Bolívia e Brasil, e também os adidos militares que trabalham na embaixada em La Paz. Em ambos os casos, eles informaram aos seus superiores hierárquicos no Brasil sobre a movimentação em curso. A informação chegou ao comando das Forças Armadas e os adidos foram orientados a não tomar nenhuma iniciativa, diz o Estadão.
Procurado, o Comando da Marinha não respondeu se foi informado da operação em curso. Limitou-se a "esclarecer" que "os referidos militares integram o Destacamento de Segurança da Embaixada (DstSEB) do Brasil em La Paz". A Marinha explicou ainda que os destacamento têm "a finalidade de prover a segurança pessoal dos chefes de missões, dos funcionários diplomáticos e administrativos, da residência oficial e da chancelaria das embaixadas brasileiras". Por fim, acrescentou que "nesse contexto, cabe ressaltar que a participação dos militares da MB limitou-se, exclusivamente, ao provimento da segurança individual de um diplomata brasileiro, durante o seu deslocamento rodoviário".
O chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças-Amadas, general José Carlos de Nardi, por sua vez, disse que não foi informado pelo adido de Defesa da Embaixada na Bolívia, hierarquicamente a ele subordinado, de que seria realizada a operação de transferência do senador. A notícia de que havia uma preparação, porém, teria chegado aos respectivos comandos militares (Exército, Marinha e Aeronáutica).
(Com Estadão Conteúdo)

Brasil-Bolivia deslancha forte ataque ao Itamaraty - Fernando Rodrigues

O autor concentra seus ataques ao Itamaraty, de maneira errática e pouco racional; o autor talvez tenha razões pessoais para ter raiva do Itamaraty, mas ele passa por cima do fato que a política externa desses anos não foi feita, em grande medida, no Itamaraty e sim no Planalto, com todos os aparatchiks do PT distorcendo posições da diplomacia profissional em favor de suas obsessões ideológicas,quando não no interesse de seus mestres cubanos.
PRA

Opinião: a incompetência do Itamaraty e do governo

Blog Fernando Rodrigues, 26/08/2013 23:41

O episódio do senador boliviano que fugiu para o Brasil tem vários aspectos. O mais relevante é o que expõe a extrema incompetência do serviço público brasileiro, a falta de capacidade gerencial e um pendor por colocar sempre a culpa em algum sujeito oculto –ou em alguém que acaba demitido e pagando o pato sozinho.


Tome-se como verdadeira a fantástica história do encarregado de negócios do Brasil na embaixada em La Paz, na Bolívia, Eduardo Saboia. Ele teria tomado sozinho a decisão de fugir com o senador boliviano Roger Pinto Molina.
Tome-se também como verdadeiro o fato de o então Ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, não saber de nada. E que, pior ainda, a presidente da República, Dilma Rousseff, também estava em completa ignorância até o senador boliviano chegar a terras brasileiras.
Aí vem a pergunta: como é possível a sexta ou sétima economia do planeta não ter um sistema de filtros e de freios e contrapesos internos para prever que algo tão disparatado estava para acontecer? O encarregado Eduardo Saboia enviou centenas de e-mails de alerta.
É relevante não esquecer que o caso se refere à Bolívia. Por mais que exista um abominável preconceito contra o país vizinho, trata-se de um parceiro essencial do Brasil. Consome-se aqui gás vindo de lá. A fronteira entre as duas nações é extensa. Enfim, não se trata de um país remoto e pouco relevante para os brasileiros. Ainda assim, por muito tempo a embaixada em La Paz estava sem um titular.
demissão de Antonio Patriota do cargo não resolve em absolutamente nada o problema. E qual foi e é o problema? A péssima administração do Ministério das Relações Exteriores. Essa deve ser a pasta na qual a relação custo-benefício talvez seja a pior de todas para os contribuintes brasileiros.
No Itamaraty os salários são os melhores. Os diplomatas passam um tempo estudando e já recebendo os salários durante a fase no Instituto Rio Branco. Sabem falar inglês. Conhecem as regras de boas maneiras, pegam nos talheres corretamente e sabem escolher um vinho. Quando vão para um posto no exterior, viajam bem e podem levar um contênier com suas mudanças. Educados na superfície, produzem uma miragem: seriam a ilha de excelência no depauperado serviço público nacional.
É um erro crasso cair nessa esparrela. O valor de recursos que consomem faz dos diplomatas brasileiros menos eficientes comparativamente do que o pobre coitado que trabalha numa repartição pública qualquer e não tem um centésimo dos benefícios do Itamaraty.
Até porque, afinal, qual foi a grande contribuição da diplomacia brasileira em anos recentes para que o Brasil prosperasse? É difícil dizer. Durante os anos FHC e Lula, foram esses políticos-presidentes os responsáveis pelo certo avanço da diplomacia brasileira, cada um a seu jeito. Não foram grandes diplomatas que tiveram ideias e propuseram uma política externa mais arrojada. Não fossem os presidentes, o país andaria de lado no cenário internacional e com a sabujice de sempre da maioria dos egressos do Itamaraty.
Com as exceções de sempre, o Itamaraty é um serpentário habitado por fofoqueiros que vivem falando mal do colega da mesa ao lado, tomando cefezinho, pensando na piada que farão com o desafortunado que foi removido para a África ou no sortudo que acabou de ser nomeado para Roma ou Paris.
Já estou na estrada há muito tempo. Nos tempos de correspondente em Nova York, Tóquio e Washington, nunca recebi a menor colaboração profissional para obter informações –além do básico– por parte de diplomatas. Como estudante na Bélgica e na Inglaterra, pior ainda. Estudantes brasileiros no exterior são quase desprezados pelos diplomatas e pelo corpo consular. O tratamento é a pontapés. Sem contar o preconceito latente. Em terras estrangeiras, diplomatas brasileiros agem como se fosse europeus –mas não sabem como são típicos e apenas provocam vergonha alheia.
Agora, ficará no ar, como se fosse um fato isolado, a inépcia de Patriota e de outros que deixaram a representação da Bolívia acéfala. Dilma demitiu o ministro. Tudo bem? Não. A responsabilidade é também da presidente e de seus antecessores –FHC e Lula incluídos– que nunca se preocuparam para valer em colocar essa tropa abúlica de punhos de renda para trabalhar de verdade a serviço do país –e faço sempre a ressalva de que há exceções.
A laborfobia reinante no Itamaraty, o espírito macunaímico da maioria dos diplomatas brasileiros (não todos) é que produz patetadas como essa recente na Bolívia.
Dilma demitiu Patriota. Mas o que ela fará para fazer com que os diplomatas peguem no batente e melhorem a governança do Itamaraty? Ninguém sabe. Nem ela.
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Pausa para... market planning, a la cubana...

(Grato a meu amigo e colega blogueiro, defensor da racionalidade e da democracia, Orlando Tambosi)