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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Diplomacia com conhecimento de causa - Sérgio Eduardo Moreira Lima

Diplomacia com conhecimento de causa, por Sérgio Eduardo Moreira Lima

 
 
 
 
 
 
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O conhecimento da realidade externa é necessário para compreender fatores que afetam cada vez mais o cotidiano. Não basta entender sua dinâmica, é preciso influir sobre sua evolução para promover e proteger direitos e interesses. A pesquisa de relações internacionais é instrumental nesse processo. Ela incumbe ao Estado e à sociedade civil, por intermédio das universidades, de centros de estudos e da própria mídia.
A reflexão diplomática e a acadêmica podem diferir em propósitos e tempo de ação. A primeira tem seu foco no interesse nacional e na formulação de políticas. Responde a questões mais imediatas e advém da necessidade de definir linhas de ação de curto e médio prazos, bem como traçar estratégias coerentes numa perspectiva mais longa.
Apesar de suas diferenças, ambas podem complementar-se no processo decisório que assegure consistência à política externa na defesa de valores fundamentais e dos princípios que orientam o Estado. O legado do Barão do Rio Branco na negociação das fronteiras do Brasil se deve não apenas às qualidades do patrono da diplomacia, como também a suas pesquisas em História, Geografia e Direito, com apoio de entidades civis.
Com a institucionalização da Fundação Alexandre de Gusmão (Funag) e a criação, em Brasília, em 1987, do Instituto de Pesquisas de Relações Internacionais (Ipri), a ela vinculado, o Itamaraty deu um passo para aproximar diplomacia e academia, ao promover interação com a sociedade e conferir maior legitimidade à política externa. Esboçadas nos anos 70, essas iniciativas terão contribuído para reforçar valores democráticos em momento crítico da História do Brasil.
Diplomatas brasileiros já haviam participado do processo de criação em 1974 do primeiro curso de Relações Internacionais no país, na UnB. Com o estabelecimento do Curso de Altos Estudos (CAE) do Instituto Rio Branco (IRBr), em 1977, o Itamaraty lançou as bases para a interação continuada com a Academia. Das teses aprovadas desde então, as de maior interesse público têm sido divulgadas pela Funag.
Seminários sobre temas como o papel dos Brics no sistema internacional e a Diplomacia da Inovação para a Competitividade demonstram como Funag e Ipri contribuem para o esforço de reflexão sobre tópicos que vão da governança internacional à inserção do país nas cadeias globais de conhecimento e produção. O conceito do Itamaraty muito se deve à sua capacidade de pesquisar e inovar na projeção e salvaguarda dos interesses nacionais. É interessante que o Ipri tenha nascido de tese do CAE, defendida, em 1981, por Gelson Fonseca Junior, diplomata e pensador brasileiro.
Desafios atuais à pesquisa em relações internacionais continuam ligados à democracia e à projeção de seus princípios na ordem internacional. Compete ao Estado e à sociedade civil estudar esses obstáculos, cooperando entre si na busca de condições para sua superação, formulação conceitual e tratamento doutrinário. O Ipri tem por missão contribuir para o desenvolvimento do pensamento nacional autônomo acerca das grandes questões e oportunidades com que o Brasil se depara no mundo globalizado. Nesse propósito, complementa, em sua articulação com a academia, o exercício diário de pesquisa realizado por divisões e departamentos do Itamaraty.
Não deixa de surpreender o contraste entre valores e princípios no plano doméstico e sua reduzida projeção externa. Num mundo que se globaliza, esse paradoxo torna-se cada vez mais perceptível como dilema moral e político que afeta a dignidade dos que são “menos iguais”. A estabilidade do ordenamento internacional dependerá de sua legitimidade e de outros atributos que reflitam equilíbrio e coerência entre os valores universais defendidos internamente e sua projeção no mundo.
Em palestra no IRBR, o chanceler Luiz Alberto Figueiredo Machado, após referir-se às questões ligadas à paz e à segurança internacional, ressaltou a crescente importância e atualidade dos temas do desenvolvimento, social e ambiental, na agenda internacional. Para o Brasil, o êxito e o alcance das políticas adotadas no passado recente, que contribuíram para transformações internas notáveis, reforçam as credenciais diplomáticas do país. Recordou o ministro Figueiredo encontro recente com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e a percepção deste quanto à dose de liderança que caberá ao Brasil na implementação da Agenda do Desenvolvimento pós-2015.
Num território tão vasto, com características geográficas e humanas variadas, a reflexão sobre o tema da cooperação e das relações internacionais será cada vez mais relevante ao desenvolvimento do Brasil, à defesa de seus interesses e de suas ideias, bem como à projeção e ao fortalecimento de seus valores no plano externo.
Sérgio Eduardo Moreira Lima é Embaixador e Diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais da Fundação Alexandre de Gusmão – IPRI-FUNAG (semolima@gmail.com).

Choque de capitalismo, 25 anos depois - Mário Mesquita

Choque de capitalismo, 25 anos depois
Por Mário Mesquita
Valor Econômico, 14/11/2013

O ano de 2014 marcará 25 anos da queda do muro de Berlim, que foi o prelúdio do colapso do que então se chamava de socialismo real (em contraposição ao ideal, que nunca teria sido implementado). 1989 também foi um ano importante na história brasileira, pois marcou o retorno das eleições presidenciais diretas, consolidando a redemocratização do país.

Uma eleição sem favoritos, bastante competitiva, reuniu número elevado de candidatos. Havia propostas de extrema esquerda à direita, embora, felizmente, sem tendência a uma recaída autoritária. Ao final, como sabemos, a disputa foi a um segundo turno entre Fernando Collor e Lula, vencida pelo primeiro.

Um candidato que não esteve no segundo turno, mas cujos discursos se mostraram prescientes, foi Mário Covas, que teve 11% dos votos. De fato, a agenda delineada por Covas na campanha de 1989, no discurso que veio a ser conhecido como "choque de capitalismo", não só adiantou vários dos aspectos principais da política econômica brasileira nas décadas que se seguiram, mas, tendo em vista desenvolvimentos dos últimos anos, voltou, com uma exceção, a ser atual.

Capitalismo requer competição e um campo de jogo nivelado, sem que o Estado arbitre entre empresas

A exceção refere-se ao problema da dívida externa. Os anos oitenta do século passado, chamados, com certa razão, de década perdida, foram marcados pelas crônicas dificuldades do balanço de pagamentos, a questão da dívida externa, que condicionou a política econômica brasileira até o início da década seguinte. Hoje, graças a ter sabido acumular reservas durante o boom de commodities, desalavancando a economia (em forte contraste com períodos anteriores de melhora dos termos de troca), o país tornou-se credor líquido, mesmo que, dada a parca poupança doméstica, ainda precise importar capital para investir.

Os outros problemas listados no discurso de Covas, da inflação à inserção internacional da economia, bem como as relações entre o Estado e o setor privado, continuam atuais.

Obviamente, a inflação de que tratava Covas era hiper, a atual é apenas elevada (para o padrão internacional) e persistente. Não se trata de um patamar de inflação que desorganize a vida econômica ou promova grande concentração de renda, mas já suscita alguma reindexação, leva ao encurtamento de horizontes de planejamento e impede que as taxas de juros domésticas se alinhem aos padrões internacionais. Pior, a tentativa de controlar a inflação por mecanismos heterodoxos, como controles seletivos de preços e tabelamento de tarifas, gerou diversas distorções e um sério problema de repressão inflacionária, que dificulta em muito o trabalho do Banco Central de coordenar expectativas.

O receituário para lidar com esse problema passa por ações de política, como o aperto monetário, a redução da meta para a inflação, de 4,5% para 3%, que é o padrão nas economias emergentes com melhor desempenho (com concomitante redução do intervalo de tolerância), bem como melhorias institucionais. Nesse caso, o mais importante é, como vem sendo discutido no Senado, a autonomia formal do Banco Central - nesse debate, diga-se de passagem, certos representantes do Legislativo têm se mostrado bem mais atualizados e esclarecidos do que as visões atribuídas ao poder Executivo.

Outro ponto destacado por Covas era a necessidade de importar mais, para ter acesso às melhores tecnologias. O discurso rechaçava a busca por políticas autárquicas e notava que o Brasil era o 3º maior superávit comercial do planeta (perdendo apenas para Alemanha e Japão), mas apenas o 25º maior exportador - quem se lembra do inferno econômico vivido pelo país em 1989 não pode deixar de reagir com espanto aos lobbies que, até hoje, associam superávits comerciais a sinal de pujança econômica. Nesse campo temos muito a caminhar, as importações eram apenas 4% do PIB em 1989, cresceram para 10%, mas são bem inferiores aos patamares observados no México (30%), no Chile (28%) e mesmo na China (22%). Note-se adicionalmente, que o protecionismo tem aumentado nos últimos anos, haja vista o crescente número de iniciativas contra o Brasil no âmbito da OMC, bem como nossa total inércia no que se refere a acordos comerciais.

O discurso defendia um reposicionamento do Estado, afirmando o objetivo de privatizar "com seriedade e não apenas na retórica". Desde então, muito foi privatizado (telecomunicações, siderurgia, bancos estaduais, a Vale, a Embraer etc). Dado o desempenho da grande maioria das empresas privatizadas e os claros benefícios para os consumidores, fica difícil negar o sucesso de tal agenda. No entanto, talvez por anacronismo ideológico, boa parte da opinião pública (ou publicada) parece ter visão negativa da privatização, a tal ponto que as autoridades são constrangidas a lançar mão de eufemismos quando, acertadamente, oferecem parte dos ativos do Estado a investidores privados.

Capitalismo requer competição e um campo de jogo nivelado, sem que o Estado arbitre, como vem fazendo nos últimos anos, entre um seleto grupo de eleitos, e o resto das empresas. Nesse contexto, as palavras de Covas soam bastante atuais, merecendo citação direta "Basta de tanto subsídio, de tantos incentivos, de tantos privilégios sem justificativas ou utilidade comprovadas... Basta de cartórios. Basta de tanta proteção a atividades econômicas já amadurecidas". Vale lembrar que alguns setores hiperprotegidos em 1989 desfrutam de tratamento especial até hoje.

Não se trata de defender o Estado mínimo ou o regresso social, mas de constatar que, se há preocupação em despertar os "espíritos animais" dos empresários, então palavras como capitalismo, privatização e importação deveriam perder sua conotação negativa.


Mário Mesquita é economista e sócio do banco Brasil Plural. Anteriormente foi diretor de Estudos Especiais e depois diretor de Política Econômica do Banco Central, 2006-2010. Escreve mensalmente às quintas-feiras.

Soluções chinesas para o governo e o PT - Cristian Klein

Soluções chinesas para o governo e o PT
Por Cristian Klein
Valor Econômico, 14/11/2013

São acontecimentos aparentemente desconectados de uma mesma realidade, mas não deixa de ser sintomático. Em mais uma onda reformista, a China dá novo passo para mergulhar no capitalismo, ao elevar o status do mercado de um papel "básico" em seu sistema econômico para a condição de "decisivo", conforme acaba de anunciar reunião do Partido Comunista. Estatais abrirão até 15% de seu capital para a iniciativa privada. Depois de anos e anos de crescimento acima dos dois dígitos, os chineses precisam de dinheiro para manter aquecida sua economia, que hoje evolui a 7% ao ano - muito mais do que a maioria dos países, porém pouco para seus parâmetros.

No Brasil, o governo do partido que sempre adotou a retórica antiprivatização flexibiliza os princípios de um Estado forte e apela para a maior presença do mercado na execução de projetos de infraestrutura considerados vitais, como ferrovias, rodovias e aeroportos. A inclinação intervencionista ainda atrapalha, reclama o empresariado, mas a política de concessões à iniciativa privada dará novo tom e dinâmica ao discurso da presidente Dilma Rousseff, em 2014.

A demonização das privatizações - estratégia que emparedou o então adversário tucano Geraldo Alckmin, no segundo turno de 2006 - não parece ser mais possível. Governar tem muitos bônus, mas, num cenário de persistência da crise internacional, a administração do PT lança mão de saídas que representam danos, ou ao menos limites, à marca partidária cultivada ao longo do tempo.

Mas se até a mastodôntica China move-se para um caminho sem volta em direção ao capitalismo, não será o cada vez mais pragmático PT a persistir em modelo econômico antipático ao mercado.

A via da preservação do poder é o pragmatismo

O desmantelamento do comunismo europeu e da União Soviética, no início dos anos 1990, foi responsável pelo "aggiornamento" político das convicções da maioria dos partidos de esquerda espalhados pelo mundo. Rebaixou a polarização ideológica e tornou a disputa mais moderada. Economicamente, no entanto, o caso chinês ainda se manteve como exemplo de um Estado onipresente e indutor de desenvolvimento e modernização. É um papel que vai se reduzindo com a imposição da lógica do mercado, que, por sua vez, tende a se desdobrar, no longo prazo, em nova lógica política, com pressões por democratização e fim do sistema de partido único.

O "aggiornamento" econômico da China é mais uma etapa da consolidação do que a esquerda convencionou chamar de pensamento único, com o reino do capitalismo. Espaços para visões alternativas são estreitos. O princípio da competitividade se espraia, e os atores políticos emulam o comportamento dos agentes econômicos.

O cidadão é o cliente e, na falta de condições para lhe oferecer o produto, governos e partidos, antes refratários, passam a convocar a iniciativa privada.

Foi o que fez, no mesmo dia da plenária do PC chinês, o presidente do PT, Rui Falcão, reconduzido para mais quatro anos no cargo, depois de vitória no Processo de Eleições Diretas (PED).

Falcão será coordenador da campanha de Dilma e, em sintonia com a mandatária e com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - a quem agradeceu pelo apoio no PED -, destacou a importância da participação do setor privado nos projetos do governo e fez um apelo aos investimentos. "O Estado sozinho não dá conta de prover essas inversões. É preciso chamar a iniciativa privada", respondeu ao Valor, em entrevista coletiva que anunciou sua recondução à presidência do PT.

O dirigente venceu com cerca de 70% dos votos, o melhor desempenho desde a introdução do PED no partido, em 2001. A concentração de forças na legenda se dá simultaneamente ao processo de hegemonização do PT no governo federal. Falcão, no entanto, nega que a centralização das tendências internas seja efeito da longa permanência da sigla no poder central. A corrente Movimento PT, que tradicionalmente lança candidato a presidente do partido, preferiu apoiá-lo - o que garantiu a larga vantagem de 50 pontos percentuais em relação ao segundo colocado, o deputado federal Paulo Teixeira, também de São Paulo. O Movimento PT ocupa a secretaria de Direitos Humanos, com a ministra Maria do Rosário.

"Isso não tem nada a ver com governo, com centralização. O PT é um partido totalmente descentralizado. Nem adotou aquela figura clássica dos partidos de filiação comunista, o tal do centralismo democrático. Ao contrário, temos uma pluralidade extraordinária", argumentou Rui Falcão.

No PED de 2005, no entanto, o predomínio do campo majoritário na eleição à presidência do PT foi de 42% - quase 30 pontos percentuais a menos do que agora. Há oito anos, quatro candidatos terminaram embolados entre a segunda e a quinta colocação, com diferença inferior a 1,5 ponto percentual. Entre eles estavam Maria do Rosário - hoje assentada no ministério - e Plínio de Arruda Sampaio, que abandonou o barco logo depois do PED. Sampaio saiu dizendo que o partido tinha o mesmo programa do principal adversário, o PSDB, e juntou-se aos "radicais" do PSOL, fundado por parlamentares expulsos pelo diretório nacional petista sob a acusação de infidelidade partidária por criticarem o governo Lula. Foi quase uma solução comunista.

Expurgados os dissidentes, o PT caminhou, ele próprio, para o pensamento quase único da prioridade absoluta pela manutenção do governo federal.

A via da preservação do poder é o pragmatismo. Que não casa com posições arraigadas oriundas da base. Se a política de aliança nos Estados desagradar a cúpula, intervenções não estão descartadas. A flexibilização, se ocorrer, será prerrogativa da própria direção nacional. É ela que poderá concluir, por exemplo, que no Maranhão cabe uma saída heterodoxa: a de apoiar os adversários Roseana Sarney (PMDB), para o Senado, e o "comunista" Flávio Dino, ao governo estadual. Seria uma "solução salomônica", lembra Rui Falcão.

É a mesma toada do realismo chinês, que acende uma vela para Mao e outra para o mercado.

Cristian Klein é repórter de Política. Escreve mensalmente às quintas-feiras.

E-mail: cristian.klein@valor.com.br

Pensamento Diplomatico Brasileiro: formuladores e agentes da politica externa (1750-1964) - um livro da Funag

Foi lançado, na II Conferência Brasileira de Relações Internacionais, realizada segunda e terça-feira últimas (11 e 12 de novembro) na Universidade de Vila Velha (ES), o livro que ajudei a organizar cujos dados editoriais seguem aqui:

José Vicente Pimentel (org.):
 Pensamento Diplomático Brasileiro: Formuladores e Agentes da Política Externa (1750-1964)
Brasília: FUNAG, 2013, 3 vols.; ISBN 978-85-7631-462-2.

Três volumes, prontamente disponíveis na Funag e suponho que em formato digital ou eletrônico no site da Funag.
Em todo caso, eu mesmo coloco os três volumes à disposição dos interessados nos links abaixo:
Vol. 1: https://www.researchgate.net/publication/258498953_Pensamento_Diplomtico_Brasileiro_Parte_1
Vol. 2: https://www.researchgate.net/publication/258498856_Pensamento_Diplomtico_Brasileiro_Parte_2
Vol. 3: https://www.researchgate.net/publication/258499131_Pensamento_Diplomtico_Brasileiro_Parte_3_COMPLETA

Aproveitem...
Paulo Roberto de Almeida


Pensamento Diplomático Brasileiro
Formuladores e Agentes da Política Externa
(1750-1964) 

Índice
Apresentação
José Vicente Pimentel
Pensamento diplomático brasileiro: introdução metodológica às ideias e ações de alguns dos seus representantes
       Paulo Roberto de Almeida

Parte I
Concepções fundadoras do pensamento diplomático
Introdução à política externa e às concepções diplomáticas do período imperial
       Amado Luiz Cervo
Alexandre de Gusmão: o estadista que desenhou o mapa do Brasil
       Synesio Sampaio Goes Filho
José Bonifácio: o patriarca da diplomacia brasileira
       João Alfredo dos Anjos
Paulino José Soares de Souza (Visconde do Uruguai): compromisso com a construção do Estado brasileiro
       Gabriela Nunes Ferreira
Duarte da Ponte Ribeiro: definindo o território da monarquia
       Luís Cláudio Villafañe G. Santos
Francisco Adolfo de Varnhagen (Visconde de Porto Seguro): pensamento diplomático
       Arno Wehling
Honório Hermeto Carneiro Leão (Marquês de Paraná): diplomacia e poder no Prata
       Luiz Felipe de Seixas Corrêa
José Maria da Silva Paranhos (Visconde do Rio Branco): soberania, diplomacia e força
       Francisco Doratioto
Joaquim Tomás do Amaral (Visconde de Cabo Frio): o pensamento gestor
       Amado Luiz Cervo

Parte II
A política internacional da Primeira República
Introdução à política externa e às concepções diplomáticas da Primeira República
       Rubens Ricupero
Joaquim Nabuco: diplomata americanista
       Angela Alonso
José Maria da Silva Paranhos Júnior (Barão do Rio Branco): a fundação da política exterior da República
       Rubens Ricupero
Ruy Barbosa: o Brasil no mundo
       Carlos Henrique Cardim
Euclides da Cunha: o cenário sul-americano
       Kassius Diniz da Silva Pontes
Manoel de Oliveira Lima: a reforma do serviço diplomático
       Helder Gordim da Silveira
Domício da Gama: a diplomacia da altivez indômita
       Tereza Cristina Nascimento França
Afrânio de Mello Franco: a consolidação da estratégia de política externa
       Stanley Hilton

Parte III
A reforma do Estado e a modernização da diplomacia
Introdução à política externa e às concepções diplomáticas do Brasil moderno
       Eiiti Sato
Oswaldo Aranha: na continuidade do estadismo de Rio Branco
       Paulo Roberto de Almeida; João Hermes Pereira de Araujo
José Carlos Macedo Soares: liberal, nacionalista e democrata
       Guilherme Frazão Conduru
Cyro de Freitas Valle: Nações Unidas, o Brasil primeiro
       Eugênio Vargas Garcia
Almirante Álvaro Alberto: a busca do desenvolvimento científico e tecnológico nacional
       Eiiti Sato
Edmundo Barbosa da Silva: dos Secos & Molhados à diplomacia econômica multilateral
       Rogério de Souza Farias
Hélio Jaguaribe: a geração do nacional-desenvolvimentismo
       Antonio Carlos Lessa
Augusto Frederico Schmidt: o poeta de dependência consentida
       Carlos Eduardo Vidigal
José Honório Rodrigues: historiador do interesse nacional e da africanidade
       Paulo Visentini
Afonso Arinos de Melo Franco: atualidade e paradoxo
       Samuel Pinheiro Guimarães
Francisco Clementino San Tiago Dantas: o conflito Leste-Oeste e os limites do argumento racional
       Gelson Fonseca
João Augusto de Araújo Castro: a presença do Brasil
       Ronaldo Mota Sardenberg

 Notas sobre os colaboradores

Companheiros cubanos muy amigos... de la información, y como...

Em tempos de espionagem eletrônica americana, os companheiros dos companheiros são muito persuasivos, no plano pessoal, segundo os velhos métodos estalinistas.

Paulo Roberto de Almeida 

O assédio cubano

  • Oficiais lotados no Ministério da Defesa tentaram neutralizar a atuação dos civis petistas que facilitam a parceria com os cubanos na área das informações estratégicas
Roberto Lopes
O Globo, 2/11/2013

Ainteligência militar brasileira está inquieta. Diplomatas de Cuba vêm assediando funcionários de missões diplomáticas brasileiras no exterior, em busca de informações sobre: (a) a expansão do esforço antidrogas do Brasil na América do Sul, em substituição ao papel antes desempenhado pelo governo americano — fato que ocorre, por exemplo, na Bolívia; (b) a real medida da resistência brasileira à importação de médicos cubanos; (c) os motivos que levam a maioria dos formadores de opinião do país a se entrincheirar contra o chavismo.
Tal aproximação representaria o início de um processo de infiltração da inteligência cubana no Brasil, já que, em Havana, o recrutamento de diplomatas para serviços de coleta de informações é rotineiro.
Recentemente, oficiais lotados no Ministério da Defesa tentaram neutralizar a atuação dos civis petistas que facilitam a parceria com os cubanos na área das informações estratégicas. Mas não conseguiram. Tais servidores parecem ser irremovíveis, e não porque tenham sido nomeados pela presidente Dilma Rousseff, mas porque fazem parte da cota pessoal do ex-presidente Lula na administração federal.
O pessoal do G2 — Seguridad del Estado — e da contraespionagem militar cubana teve facilidade em dominar o aparato de segurança interna e a contraespionagem venezuelanos, porque lá o chavismo exigiu a politização das Forças Armadas. Coronéis (e simples majores) castristas desfilam como se fossem divindades pelos quartéis venezuelanos. À passagem deles, diz-se, os militares locais juntam os calcanhares e adotam rígida posição de sentido.
O Brasil é, felizmente, um desafio imensamente maior para os cubanos que a Venezuela, ou a Bolívia do compañero Evo. Tanto o ex-presidente Lula quanto o assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia, já precisaram ouvir de patentes militares que o pior que poderia acontecer no país seria a politização das Forças Armadas brasileiras. E isso porque, no Palácio do Planalto, houve quem (do alto da barba, dos óculos e da gravata borboleta) sonhasse com oficiais-generais lulistas...
Nunca existiu um partido que apoiasse tanto a renovação dos meios de Defesa no país quanto o PT (e um que frustrasse tanto as expectativas dos militares quanto o PSDB), mas o preço que os petistas cobram por seu apoio é alto.
Essa conjunção de fatores fez surgir certa expectativa em relação à dupla Eduardo Campos/Marina Silva. Ele, neto de um político no passado perseguido pelos militares; ela, a guerreira da Amazônia, que representa um potencial de problemas a certas medidas consideradas urgentes pelos militares, como a modernização da BR-319 (Manaus-Porto Velho).
A questão é que, além dos seus históricos pessoais, a dupla Eduardo/Marina também oferece um compromisso com ética e ação governamental (desenvolvimentista) mais eficiente. E isso é, verdadeiramente, novo.
Talvez eles até consigam deixar o Itamaraty esticar o pescoço por cima da linha do Equador, para enxergar que existem chances de cooperação fora do eixo Sul-Sul. E, ao afrouxar a rigidez sobre o leme, permitam que a nau gire suavemente, adotando outra proa.
© 1996 - 2013. 

Guiana e França humilham Brasil em ponte na fronteira - sem controle do lado brasileiro

COLUNA ESPLANADA

Guiana e França humilham Brasil em ponte na fronteira

Não há qualquer controle de entrada de estrangeiros pelo lado brasileiro

por Leandro Mazzini
fonte | A A A
A ponte inacabada na fronteira do Amapá com a Guiana em Oiapoque, cuja inauguração será dia 12 por pressão do presidente francês sobre Dilma Rousseff, é uma pista aberta para a bandidagem de outros países. Não há qualquer controle de entrada de estrangeiros pelo lado brasileiro, informa o SindiReceita, dos Analistas Tributários. Ano passado, uma equipe do sindicato constatou no local a vergonha nacional: do lado Guiano, há 90 agentes e policiais em ação, aduana ativa, câmara frigorífica para transbordo e fiscalização fitossanitária. Do lado brasileiro, nada.
Dilma e o colega François Hollande vão participar da inauguração. Mas o governo não construiu guaritas, aduana ou posto para a PF do lado de Oiapoque.
Tudo liberado
O governo só tem três auditores da Receita num posto da fronteira – o mínimo seria o dobro – onde o vaivém do contrabando e de estrangeiros é feito em canoas no rio.