O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Alternativas de Politica Externa, ou Continuidade da Politica Externa Companheira? - Victor Augusto Ferraz Young

A julgar pelo autor, ou melhor, pelo artigo abaixo transcrito, não existem alternativas à atual política externa, que é considerada excelente por princípio, mesmo quando existem amplas evidências de que ela não cumpriu nenhum dos seus objetivos projetados (no Mercosul, na OMC, na ONU, e em várias outras esferas, inclusive com a China e com a Índia, por exemplo).
Nesse sentido, o título do artigo está completamente errado: deveria ser "Pela continuidade da atual política externa, ativa, altiva e soberana".
Assim, ficaria mais claro o que o autor pretende, desqualificar quaisqer outras alternativas, e proclamar a excelência da atual diplomacia. Seria mais honesto, em todo caso, mais conforme os objetivos do site e de sua campanha continuista. De toda forma combina perfeitamente com o que pensa a maior parte da academia.
Ele condensa, sem a mediocridade de outros artigos que tenho visto na internet, o que pensa a academia, e ela pensa muito mal.
O autor é incapaz de reconhecer algumas barbaridades que assina -- em relação à Rússia, à China, por exemplo, o que revela um espírito autoritário e propenso a apoiar ditaduras, o que é títpico do partido neobolchevique atualmente no poder -- e sequer consegue reconhecer que a integração proposta no cone sul simplesmente não tem funcionado.
Ele não reconhece a deterioração nas contas comercial e de transações correntes, o baixo crescimento, a perda de credibilidade da política externa (justamente ao apoiar ditaduras e regimes pouco frequentáveis), além de diversos outros pontos que pertencem mais ao terreno do delírio -- como por exemplo, o fato de acreditar que o Banco dos Brics vai representar um grande aporte para o Brasil -- do que ao âmbito da realidade concreta.
Enfim, se trata mais de uma peça publicitária, em favor do continuismo na área externa, do que uma análise objetiva da agenda diplomática brasileira.
Paulo Roberto de Almeida

Eleições e as alternativas para a política externa
Victor Augusto Ferraz Young
Brasil Debate, 1/10/2014

Entre as iniciativas atuais que mereceriam debate mais amplo, em contraste com as propostas dos outros candidatos, está, por exemplo, a criação do banco dos BRICs, que permitirá estabelecer proteção adicional em relação à nossa vulnerabilidade monetária, com nova possibilidade de financiamento desvinculada dos credores de Wall Street.

Tema pouco debatido nesta campanha eleitoral é a proposta de política externa dos candidatos. Somos grandes exportadores de produtos agropecuários, minerais e, em proporção menor, de manufaturados.
Nossa indústria depende da importação de componentes, maquinário e serviços do exterior. Há ainda o consumo de bens finais importados que, pela valorização do real, colaboram para diminuir o ritmo de investimentos produtivos, ao mesmo tempo em que mitigam a elevação dos preços.
Além disso, a entrada e saída de capitais como investimentos diretos, aplicações especulativas, empréstimos e emissão de papéis são tão ou mais importantes que o saldo do comércio internacional brasileiro. Tais pontos, mais vinculados à economia interna, não resumiriam todos os aspectos a serem tratados por nossos representantes no exterior.
As relações interestatais também impõem desafios. Estamos sujeitos a uma zona de influência  internacional que nos limita a autonomia sobre a política externa. Os Estados Unidos nos “protegem” com a Quarta Frota e espionam nosso governo.
Economicamente, como muitos países, estamos submetidos a um fluxo de liquidez controlado em última instância pelo banco central norte-americano. O que torna nossa situação bem menos confortável é o fato de nossa moeda não ser conversível, o que, conforme a absorção externa de divisas, poderia fragilizar a economia, obrigando o País a submeter-se outra vez às imposições de seus credores.
Dessa maneira, os EUA são ator da maior relevância com o qual o Brasil deve lidar habilmente. Não se trata de um demônio a nos tolher a iniciativa, mas de uma nação hegemônica que põe seus interesses à frente de qualquer outro em sua tradicional área de influência, a América Latina.

Rússia e China
Novos desdobramentos internacionais, por outro lado, sinalizam mudanças na divisão do poder geopolítico mundial. No leste, a Rússia demonstrou não submeter-se a pressões norte-americanas e europeias.
A incorporação da Crimeia àquele Estado e as “independências” da Abcásia e Ossétia do Sul em relação a Geórgia – apesar da contrariedade dos Estados Unidos e União Europeia – não devem ter seu status revertido.
Mais ao oriente, a China, apesar de seu atrelamento econômico a norte-americanos e europeus, vem estabelecendo uma agenda própria para a expansão de seus negócios na África, América Latina e Leste Asiático. Suas capacidades bélicas também adquiriram grande avanço sobre bases tecnológicas próprias.
O que se destaca é o fato de que, desde o fim da Guerra Fria, nenhum desses dois países, Rússia e China, parecem estar acuados ou ter suas ações totalmente vetadas pelas potências do Ocidente.
Ambos, além de considerável poder militar e capacidade aeroespacial, têm condições de impor elevado custo àqueles que queiram aplicar sanções econômicas rigorosas ou coagi-los belicamente. Não há, dessa maneira, como determinar diretrizes de política externa para o Brasil sem considerar o novo peso que têm essas duas potências no sistema interestatal.
Não há como esquecer, além disso, de que a intensificação das relações internacionais brasileiras junto a outros países da periferia é tão ou mais importante quanto aquelas tidas com o centro do poder mundial.
O recente reforço às relações Sul-Sul, alargando a integração regional e buscando estabelecer relações mais próximas junto aos países árabes e africanos, vem ajudando a incrementar o comércio exterior e favorecendo a ampliação da força política brasileira nos fóruns internacionais. Exemplo claro dessa atuação é o notável poder de barganha obtido com o G-20 dentro da OMC.
Enfim, há diferentes opções para uma política externa mais autônoma que preserve boas relações, mas que não seja atada aos Estados Unidos e/ou países da UE.
O cenário internacional nos impõe limites, mas sua configuração vem se modificando e adquirindo delineamentos que nos oferecem alternativas.

Banco dos BRICS
A última iniciativa do grupo dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) de instituir o Novo Banco de Desenvolvimento e o um Fundo de Reservas de Contingência nos permitirá estabelecer proteção adicional em relação à nossa vulnerabilidade monetária, ao mesmo tempo em que teremos nova possibilidade de financiamento desvinculada dos credores de Wall Street.
Além disso, a associação do Brasil a outros Estados também subdesenvolvidos amplia ainda mais o leque de possibilidades políticas e econômicas.
Nos governos Lula e Dilma pudemos assistir à retomada desse tipo de política externa, mais independente do que a praticada anteriormente. Nestas eleições, ao nos debruçarmos sobre o programa do candidato Aécio Neves, verificamos pouca concretude de propostas.
Infelizmente, é superficial para um debate mais profundo: informa que concluirá acordos junto à Europa e lançará bases para outro com os EUA, mas não especifica sob que termos o fará. No passado, não tivemos boa experiência com os termos da abertura comercial e financeira feita pelo governo FHC.
A proposta da candidata Marina Silva, por outro lado, põe em relevo os feitos realizados em período recente, contudo, ao final, há a afirmação de que o Itamaraty foi esvaziado, partidarizado e influenciado ideologicamente: ou seja, fez-se tudo certo, mas está tudo errado. A exposição deste quesito programático é, no mínimo, contraditória.
Entendemos que a política externa em curso e as propostas dos outros dois principais candidatos à Presidência mereceriam debate mais amplo. O escrutínio dos projetos e a crítica à condução atual poderiam, dessa forma, facilitar a escolha do candidato mais adequado, pois aquele que for eleito terá de lidar com desafios exteriores que podem oferecer tanto oportunidades históricas de desenvolvimento, quanto vicissitudes que comprometeriam qualquer programa de governo, como mostra nossa própria história.

Eleições e as alternativas para a política externa

Entre as iniciativas atuais que mereceriam debate mais amplo, em contraste com as propostas dos outros candidatos, está, por exemplo, a criação do banco dos BRICs, que permitirá estabelecer proteção adicional em relação à nossa vulnerabilidade monetária, com nova possibilidade de financiamento desvinculada dos credores de Wall Street

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Tema pouco debatido nesta campanha eleitoral é a proposta de política externa dos candidatos. Somos grandes exportadores de produtos agropecuários, minerais e, em proporção menor, de manufaturados.
Nossa indústria depende da importação de componentes, maquinário e serviços do exterior. Há ainda o consumo de bens finais importados que, pela valorização do real, colaboram para diminuir o ritmo de investimentos produtivos, ao mesmo tempo em que mitigam a elevação dos preços.
Além disso, a entrada e saída de capitais como investimentos diretos, aplicações especulativas, empréstimos e emissão de papéis são tão ou mais importantes que o saldo do comércio internacional brasileiro. Tais pontos, mais vinculados à economia interna, não resumiriam todos os aspectos a serem tratados por nossos representantes no exterior.
As relações interestatais também impõem desafios. Estamos sujeitos a uma zona de influência internacional que nos limita a autonomia sobre a política externa. Os Estados Unidos nos “protegem” com a Quarta Frota e espionam nosso governo.
Economicamente, como muitos países, estamos submetidos a um fluxo de liquidez controlado em última instância pelo banco central norte-americano. O que torna nossa situação bem menos confortável é o fato de nossa moeda não ser conversível, o que, conforme a absorção externa de divisas, poderia fragilizar a economia, obrigando o País a submeter-se outra vez às imposições de seus credores.
Dessa maneira, os EUA são ator da maior relevância com o qual o Brasil deve lidar habilmente. Não se trata de um demônio a nos tolher a iniciativa, mas de uma nação hegemônica que põe seus interesses à frente de qualquer outro em sua tradicional área de influência, a América Latina.
Rússia e China
Novos desdobramentos internacionais, por outro lado, sinalizam mudanças na divisão do poder geopolítico mundial. No leste, a Rússia demonstrou não submeter-se a pressões norte-americanas e europeias.
A incorporação da Crimeia àquele Estado e as “independências” da Abcásia e Ossétia do Sul em relação a Geórgia – apesar da contrariedade dos Estados Unidos e União Europeia – não devem ter seu status revertido.
Mais ao oriente, a China, apesar de seu atrelamento econômico a norte-americanos e europeus, vem estabelecendo uma agenda própria para a expansão de seus negócios na África, América Latina e Leste Asiático. Suas capacidades bélicas também adquiriram grande avanço sobre bases tecnológicas próprias.
O que se destaca é o fato de que, desde o fim da Guerra Fria, nenhum desses dois países, Rússia e China, parecem estar acuados ou ter suas ações totalmente vetadas pelas potências do Ocidente.
Ambos, além de considerável poder militar e capacidade aeroespacial, têm condições de impor elevado custo àqueles que queiram aplicar sanções econômicas rigorosas ou coagi-los belicamente. Não há, dessa maneira, como determinar diretrizes de política externa para o Brasil sem considerar o novo peso que têm essas duas potências no sistema interestatal.
Não há como esquecer, além disso, de que a intensificação das relações internacionais brasileiras junto a outros países da periferia é tão ou mais importante quanto aquelas tidas com o centro do poder mundial.
O recente reforço às relações Sul-Sul, alargando a integração regional e  buscando estabelecer relações mais próximas junto aos países árabes e africanos, vem ajudando a incrementar o comércio exterior e favorecendo a ampliação da força política brasileira nos fóruns internacionais. Exemplo claro dessa atuação é o notável poder de barganha obtido com o G-20 dentro da OMC.
Enfim, há diferentes opções para uma política externa mais autônoma que preserve boas relações, mas que não seja atada aos Estados Unidos e/ou países da UE.
O cenário internacional nos impõe limites, mas sua configuração vem se modificando e adquirindo delineamentos que nos oferecem alternativas.
Banco dos BRICS
A última iniciativa do grupo dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) de instituir o Novo Banco de Desenvolvimento e o um Fundo de Reservas de Contingência nos permitirá estabelecer proteção adicional em relação à nossa vulnerabilidade monetária, ao mesmo tempo em que teremos nova possibilidade de financiamento desvinculada dos credores de Wall Street.
Além disso, a associação do Brasil a outros Estados também subdesenvolvidos amplia ainda mais o leque de possibilidades políticas e econômicas.
Nos governos Lula e Dilma pudemos assistir à retomada desse tipo de política externa, mais independente do que a praticada anteriormente. Nestas eleições, ao nos debruçarmos sobre o programa do candidato Aécio Neves, verificamos pouca concretude de propostas.
Infelizmente, é superficial para um debate mais profundo: informa que concluirá acordos junto à Europa e lançará bases para outro com os EUA, mas não especifica sob que termos o fará. No passado, não tivemos boa experiência com os termos da abertura comercial e financeira feita pelo governo FHC.
A proposta da candidata Marina Silva, por outro lado, põe em relevo os feitos realizados em período recente, contudo, ao final, há a afirmação de que o Itamaraty foi esvaziado, partidarizado e influenciado ideologicamente: ou seja, fez-se tudo certo, mas está tudo errado. A exposição deste quesito programático é, no mínimo, contraditória.
Entendemos que a política externa em curso e as propostas dos outros dois principais candidatos à Presidência mereceriam debate mais amplo. O escrutínio dos projetos e a crítica à condução atual poderiam, dessa forma, facilitar a escolha do candidato mais adequado, pois aquele que for eleito terá de lidar com desafios exteriores que podem oferecer tanto oportunidades históricas de desenvolvimento, quanto vicissitudes que comprometeriam qualquer programa de governo, como mostra nossa própria história.
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Eleições e as alternativas para a política externa

Entre as iniciativas atuais que mereceriam debate mais amplo, em contraste com as propostas dos outros candidatos, está, por exemplo, a criação do banco dos BRICs, que permitirá estabelecer proteção adicional em relação à nossa vulnerabilidade monetária, com nova possibilidade de financiamento desvinculada dos credores de Wall Street

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Tema pouco debatido nesta campanha eleitoral é a proposta de política externa dos candidatos. Somos grandes exportadores de produtos agropecuários, minerais e, em proporção menor, de manufaturados.
Nossa indústria depende da importação de componentes, maquinário e serviços do exterior. Há ainda o consumo de bens finais importados que, pela valorização do real, colaboram para diminuir o ritmo de investimentos produtivos, ao mesmo tempo em que mitigam a elevação dos preços.
Além disso, a entrada e saída de capitais como investimentos diretos, aplicações especulativas, empréstimos e emissão de papéis são tão ou mais importantes que o saldo do comércio internacional brasileiro. Tais pontos, mais vinculados à economia interna, não resumiriam todos os aspectos a serem tratados por nossos representantes no exterior.
As relações interestatais também impõem desafios. Estamos sujeitos a uma zona de influência internacional que nos limita a autonomia sobre a política externa. Os Estados Unidos nos “protegem” com a Quarta Frota e espionam nosso governo.
Economicamente, como muitos países, estamos submetidos a um fluxo de liquidez controlado em última instância pelo banco central norte-americano. O que torna nossa situação bem menos confortável é o fato de nossa moeda não ser conversível, o que, conforme a absorção externa de divisas, poderia fragilizar a economia, obrigando o País a submeter-se outra vez às imposições de seus credores.
Dessa maneira, os EUA são ator da maior relevância com o qual o Brasil deve lidar habilmente. Não se trata de um demônio a nos tolher a iniciativa, mas de uma nação hegemônica que põe seus interesses à frente de qualquer outro em sua tradicional área de influência, a América Latina.
Rússia e China
Novos desdobramentos internacionais, por outro lado, sinalizam mudanças na divisão do poder geopolítico mundial. No leste, a Rússia demonstrou não submeter-se a pressões norte-americanas e europeias.
A incorporação da Crimeia àquele Estado e as “independências” da Abcásia e Ossétia do Sul em relação a Geórgia – apesar da contrariedade dos Estados Unidos e União Europeia – não devem ter seu status revertido.
Mais ao oriente, a China, apesar de seu atrelamento econômico a norte-americanos e europeus, vem estabelecendo uma agenda própria para a expansão de seus negócios na África, América Latina e Leste Asiático. Suas capacidades bélicas também adquiriram grande avanço sobre bases tecnológicas próprias.
O que se destaca é o fato de que, desde o fim da Guerra Fria, nenhum desses dois países, Rússia e China, parecem estar acuados ou ter suas ações totalmente vetadas pelas potências do Ocidente.
Ambos, além de considerável poder militar e capacidade aeroespacial, têm condições de impor elevado custo àqueles que queiram aplicar sanções econômicas rigorosas ou coagi-los belicamente. Não há, dessa maneira, como determinar diretrizes de política externa para o Brasil sem considerar o novo peso que têm essas duas potências no sistema interestatal.
Não há como esquecer, além disso, de que a intensificação das relações internacionais brasileiras junto a outros países da periferia é tão ou mais importante quanto aquelas tidas com o centro do poder mundial.
O recente reforço às relações Sul-Sul, alargando a integração regional e  buscando estabelecer relações mais próximas junto aos países árabes e africanos, vem ajudando a incrementar o comércio exterior e favorecendo a ampliação da força política brasileira nos fóruns internacionais. Exemplo claro dessa atuação é o notável poder de barganha obtido com o G-20 dentro da OMC.
Enfim, há diferentes opções para uma política externa mais autônoma que preserve boas relações, mas que não seja atada aos Estados Unidos e/ou países da UE.
O cenário internacional nos impõe limites, mas sua configuração vem se modificando e adquirindo delineamentos que nos oferecem alternativas.
Banco dos BRICS
A última iniciativa do grupo dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) de instituir o Novo Banco de Desenvolvimento e o um Fundo de Reservas de Contingência nos permitirá estabelecer proteção adicional em relação à nossa vulnerabilidade monetária, ao mesmo tempo em que teremos nova possibilidade de financiamento desvinculada dos credores de Wall Street.
Além disso, a associação do Brasil a outros Estados também subdesenvolvidos amplia ainda mais o leque de possibilidades políticas e econômicas.
Nos governos Lula e Dilma pudemos assistir à retomada desse tipo de política externa, mais independente do que a praticada anteriormente. Nestas eleições, ao nos debruçarmos sobre o programa do candidato Aécio Neves, verificamos pouca concretude de propostas.
Infelizmente, é superficial para um debate mais profundo: informa que concluirá acordos junto à Europa e lançará bases para outro com os EUA, mas não especifica sob que termos o fará. No passado, não tivemos boa experiência com os termos da abertura comercial e financeira feita pelo governo FHC.
A proposta da candidata Marina Silva, por outro lado, põe em relevo os feitos realizados em período recente, contudo, ao final, há a afirmação de que o Itamaraty foi esvaziado, partidarizado e influenciado ideologicamente: ou seja, fez-se tudo certo, mas está tudo errado. A exposição deste quesito programático é, no mínimo, contraditória.
Entendemos que a política externa em curso e as propostas dos outros dois principais candidatos à Presidência mereceriam debate mais amplo. O escrutínio dos projetos e a crítica à condução atual poderiam, dessa forma, facilitar a escolha do candidato mais adequado, pois aquele que for eleito terá de lidar com desafios exteriores que podem oferecer tanto oportunidades históricas de desenvolvimento, quanto vicissitudes que comprometeriam qualquer programa de governo, como mostra nossa própria história.
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Eleições e as alternativas para a política externa

Entre as iniciativas atuais que mereceriam debate mais amplo, em contraste com as propostas dos outros candidatos, está, por exemplo, a criação do banco dos BRICs, que permitirá estabelecer proteção adicional em relação à nossa vulnerabilidade monetária, com nova possibilidade de financiamento desvinculada dos credores de Wall Street

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Tema pouco debatido nesta campanha eleitoral é a proposta de política externa dos candidatos. Somos grandes exportadores de produtos agropecuários, minerais e, em proporção menor, de manufaturados.
Nossa indústria depende da importação de componentes, maquinário e serviços do exterior. Há ainda o consumo de bens finais importados que, pela valorização do real, colaboram para diminuir o ritmo de investimentos produtivos, ao mesmo tempo em que mitigam a elevação dos preços.
Além disso, a entrada e saída de capitais como investimentos diretos, aplicações especulativas, empréstimos e emissão de papéis são tão ou mais importantes que o saldo do comércio internacional brasileiro. Tais pontos, mais vinculados à economia interna, não resumiriam todos os aspectos a serem tratados por nossos representantes no exterior.
As relações interestatais também impõem desafios. Estamos sujeitos a uma zona de influência internacional que nos limita a autonomia sobre a política externa. Os Estados Unidos nos “protegem” com a Quarta Frota e espionam nosso governo.
Economicamente, como muitos países, estamos submetidos a um fluxo de liquidez controlado em última instância pelo banco central norte-americano. O que torna nossa situação bem menos confortável é o fato de nossa moeda não ser conversível, o que, conforme a absorção externa de divisas, poderia fragilizar a economia, obrigando o País a submeter-se outra vez às imposições de seus credores.
Dessa maneira, os EUA são ator da maior relevância com o qual o Brasil deve lidar habilmente. Não se trata de um demônio a nos tolher a iniciativa, mas de uma nação hegemônica que põe seus interesses à frente de qualquer outro em sua tradicional área de influência, a América Latina.
Rússia e China
Novos desdobramentos internacionais, por outro lado, sinalizam mudanças na divisão do poder geopolítico mundial. No leste, a Rússia demonstrou não submeter-se a pressões norte-americanas e europeias.
A incorporação da Crimeia àquele Estado e as “independências” da Abcásia e Ossétia do Sul em relação a Geórgia – apesar da contrariedade dos Estados Unidos e União Europeia – não devem ter seu status revertido.
Mais ao oriente, a China, apesar de seu atrelamento econômico a norte-americanos e europeus, vem estabelecendo uma agenda própria para a expansão de seus negócios na África, América Latina e Leste Asiático. Suas capacidades bélicas também adquiriram grande avanço sobre bases tecnológicas próprias.
O que se destaca é o fato de que, desde o fim da Guerra Fria, nenhum desses dois países, Rússia e China, parecem estar acuados ou ter suas ações totalmente vetadas pelas potências do Ocidente.
Ambos, além de considerável poder militar e capacidade aeroespacial, têm condições de impor elevado custo àqueles que queiram aplicar sanções econômicas rigorosas ou coagi-los belicamente. Não há, dessa maneira, como determinar diretrizes de política externa para o Brasil sem considerar o novo peso que têm essas duas potências no sistema interestatal.
Não há como esquecer, além disso, de que a intensificação das relações internacionais brasileiras junto a outros países da periferia é tão ou mais importante quanto aquelas tidas com o centro do poder mundial.
O recente reforço às relações Sul-Sul, alargando a integração regional e  buscando estabelecer relações mais próximas junto aos países árabes e africanos, vem ajudando a incrementar o comércio exterior e favorecendo a ampliação da força política brasileira nos fóruns internacionais. Exemplo claro dessa atuação é o notável poder de barganha obtido com o G-20 dentro da OMC.
Enfim, há diferentes opções para uma política externa mais autônoma que preserve boas relações, mas que não seja atada aos Estados Unidos e/ou países da UE.
O cenário internacional nos impõe limites, mas sua configuração vem se modificando e adquirindo delineamentos que nos oferecem alternativas.
Banco dos BRICS
A última iniciativa do grupo dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) de instituir o Novo Banco de Desenvolvimento e o um Fundo de Reservas de Contingência nos permitirá estabelecer proteção adicional em relação à nossa vulnerabilidade monetária, ao mesmo tempo em que teremos nova possibilidade de financiamento desvinculada dos credores de Wall Street.
Além disso, a associação do Brasil a outros Estados também subdesenvolvidos amplia ainda mais o leque de possibilidades políticas e econômicas.
Nos governos Lula e Dilma pudemos assistir à retomada desse tipo de política externa, mais independente do que a praticada anteriormente. Nestas eleições, ao nos debruçarmos sobre o programa do candidato Aécio Neves, verificamos pouca concretude de propostas.
Infelizmente, é superficial para um debate mais profundo: informa que concluirá acordos junto à Europa e lançará bases para outro com os EUA, mas não especifica sob que termos o fará. No passado, não tivemos boa experiência com os termos da abertura comercial e financeira feita pelo governo FHC.
A proposta da candidata Marina Silva, por outro lado, põe em relevo os feitos realizados em período recente, contudo, ao final, há a afirmação de que o Itamaraty foi esvaziado, partidarizado e influenciado ideologicamente: ou seja, fez-se tudo certo, mas está tudo errado. A exposição deste quesito programático é, no mínimo, contraditória.
Entendemos que a política externa em curso e as propostas dos outros dois principais candidatos à Presidência mereceriam debate mais amplo. O escrutínio dos projetos e a crítica à condução atual poderiam, dessa forma, facilitar a escolha do candidato mais adequado, pois aquele que for eleito terá de lidar com desafios exteriores que podem oferecer tanto oportunidades históricas de desenvolvimento, quanto vicissitudes que comprometeriam qualquer programa de governo, como mostra nossa própria história.
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Victor Augusto Ferraz Young

Eleições e as alternativas para a política externa

Entre as iniciativas atuais que mereceriam debate mais amplo, em contraste com as propostas dos outros candidatos, está, por exemplo, a criação do banco dos BRICs, que permitirá estabelecer proteção adicional em relação à nossa vulnerabilidade monetária, com nova possibilidade de financiamento desvinculada dos credores de Wall Street

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Tema pouco debatido nesta campanha eleitoral é a proposta de política externa dos candidatos. Somos grandes exportadores de produtos agropecuários, minerais e, em proporção menor, de manufaturados.
Nossa indústria depende da importação de componentes, maquinário e serviços do exterior. Há ainda o consumo de bens finais importados que, pela valorização do real, colaboram para diminuir o ritmo de investimentos produtivos, ao mesmo tempo em que mitigam a elevação dos preços.
Além disso, a entrada e saída de capitais como investimentos diretos, aplicações especulativas, empréstimos e emissão de papéis são tão ou mais importantes que o saldo do comércio internacional brasileiro. Tais pontos, mais vinculados à economia interna, não resumiriam todos os aspectos a serem tratados por nossos representantes no exterior.
As relações interestatais também impõem desafios. Estamos sujeitos a uma zona de influência internacional que nos limita a autonomia sobre a política externa. Os Estados Unidos nos “protegem” com a Quarta Frota e espionam nosso governo.
Economicamente, como muitos países, estamos submetidos a um fluxo de liquidez controlado em última instância pelo banco central norte-americano. O que torna nossa situação bem menos confortável é o fato de nossa moeda não ser conversível, o que, conforme a absorção externa de divisas, poderia fragilizar a economia, obrigando o País a submeter-se outra vez às imposições de seus credores.
Dessa maneira, os EUA são ator da maior relevância com o qual o Brasil deve lidar habilmente. Não se trata de um demônio a nos tolher a iniciativa, mas de uma nação hegemônica que põe seus interesses à frente de qualquer outro em sua tradicional área de influência, a América Latina.
Rússia e China
Novos desdobramentos internacionais, por outro lado, sinalizam mudanças na divisão do poder geopolítico mundial. No leste, a Rússia demonstrou não submeter-se a pressões norte-americanas e europeias.
A incorporação da Crimeia àquele Estado e as “independências” da Abcásia e Ossétia do Sul em relação a Geórgia – apesar da contrariedade dos Estados Unidos e União Europeia – não devem ter seu status revertido.
Mais ao oriente, a China, apesar de seu atrelamento econômico a norte-americanos e europeus, vem estabelecendo uma agenda própria para a expansão de seus negócios na África, América Latina e Leste Asiático. Suas capacidades bélicas também adquiriram grande avanço sobre bases tecnológicas próprias.
O que se destaca é o fato de que, desde o fim da Guerra Fria, nenhum desses dois países, Rússia e China, parecem estar acuados ou ter suas ações totalmente vetadas pelas potências do Ocidente.
Ambos, além de considerável poder militar e capacidade aeroespacial, têm condições de impor elevado custo àqueles que queiram aplicar sanções econômicas rigorosas ou coagi-los belicamente. Não há, dessa maneira, como determinar diretrizes de política externa para o Brasil sem considerar o novo peso que têm essas duas potências no sistema interestatal.
Não há como esquecer, além disso, de que a intensificação das relações internacionais brasileiras junto a outros países da periferia é tão ou mais importante quanto aquelas tidas com o centro do poder mundial.
O recente reforço às relações Sul-Sul, alargando a integração regional e  buscando estabelecer relações mais próximas junto aos países árabes e africanos, vem ajudando a incrementar o comércio exterior e favorecendo a ampliação da força política brasileira nos fóruns internacionais. Exemplo claro dessa atuação é o notável poder de barganha obtido com o G-20 dentro da OMC.
Enfim, há diferentes opções para uma política externa mais autônoma que preserve boas relações, mas que não seja atada aos Estados Unidos e/ou países da UE.
O cenário internacional nos impõe limites, mas sua configuração vem se modificando e adquirindo delineamentos que nos oferecem alternativas.
Banco dos BRICS
A última iniciativa do grupo dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) de instituir o Novo Banco de Desenvolvimento e o um Fundo de Reservas de Contingência nos permitirá estabelecer proteção adicional em relação à nossa vulnerabilidade monetária, ao mesmo tempo em que teremos nova possibilidade de financiamento desvinculada dos credores de Wall Street.
Além disso, a associação do Brasil a outros Estados também subdesenvolvidos amplia ainda mais o leque de possibilidades políticas e econômicas.
Nos governos Lula e Dilma pudemos assistir à retomada desse tipo de política externa, mais independente do que a praticada anteriormente. Nestas eleições, ao nos debruçarmos sobre o programa do candidato Aécio Neves, verificamos pouca concretude de propostas.
Infelizmente, é superficial para um debate mais profundo: informa que concluirá acordos junto à Europa e lançará bases para outro com os EUA, mas não especifica sob que termos o fará. No passado, não tivemos boa experiência com os termos da abertura comercial e financeira feita pelo governo FHC.
A proposta da candidata Marina Silva, por outro lado, põe em relevo os feitos realizados em período recente, contudo, ao final, há a afirmação de que o Itamaraty foi esvaziado, partidarizado e influenciado ideologicamente: ou seja, fez-se tudo certo, mas está tudo errado. A exposição deste quesito programático é, no mínimo, contraditória.
Entendemos que a política externa em curso e as propostas dos outros dois principais candidatos à Presidência mereceriam debate mais amplo. O escrutínio dos projetos e a crítica à condução atual poderiam, dessa forma, facilitar a escolha do candidato mais adequado, pois aquele que for eleito terá de lidar com desafios exteriores que podem oferecer tanto oportunidades históricas de desenvolvimento, quanto vicissitudes que comprometeriam qualquer programa de governo, como mostra nossa própria história.
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Book Lovers Are Totally Obsessed With This Website: BookBub

Book Lovers Are Totally Obsessed With This Website

Last year, Random House quietly gave away Dan Brown’s bestselling novel, The Da Vinci Code, for free for one week. Millions of readers were unaware of the week-long giveaway.
A select group of readers did take advantage of the promotion, though. They were using BookBub, a daily email that alerts readers to free and deeply discounted ebooks that are available for a limited time. BookBub notified nearly 1 million readers of the free Da Vinci Code deal last spring.
“It’s the Groupon of books,” Dominique Raccah, the publisher of Sourcebooks, told The New York Times about deal sites like BookBub. “For the consumer, it’s new, it’s interesting. It’s a deal and there isn’t much risk. And it works.”
Why did Random House give away a bestselling ebook that usually retails for $9.99? The company’s goal was to hook new readers on Brown’s thrillers and drum up interest in his new book, Inferno. The free ebook even included the prologue and first chapter of Inferno.
“It makes it almost irresistible,” Liz Perl, Simon & Schuster’s senior vice president explained to the The New York Times. “We’re lowering the bar for you to sample somebody new.”
Book lovers have now become practically obsessed with BookBub. In many cases, they’ve downloaded hundreds of books that publishers and authors have promoted on the site.
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A Non-Nuclear President? Marina Silva under scrutiny - Togzhan Kassenova

 Where Would Marina Silva Take Brazil’s Nuclear Policy?
ASSOCIATE - NUCLEAR POLICY PROGRAM
Carnegie Endowment for Peace,  OCTOBER 2, 2014
SUMMARY
Brazil has one of the most advanced nuclear programs in Latin America, but presidential hopeful Marina Silva’s stance on nuclear energy and diplomacy is far from clear.


Brazilian politics are famous for their unpredictability, and Marina Silva’s sudden emergence as a presidential front-runner is the latest example. But how she would lead as president should she win the October 5 election is not clear. “Marina is a big question mark,” observed a Brazilian foreign policy analyst. Predicting her choices on specific policy questions is difficult at best. 
This is particularly true, and particularly important, when it comes to nuclear issues, both domestic and international. Brazil has one of the most advanced nuclear programs in Latin America, but the presidential hopeful has said remarkably little on the subject. And what can be gleaned is far from a clear picture. 
A REMARKABLE RISE
Even those Brazilians who do not plan to vote for Marina in the presidential election on October 5 admit that she has an incredible story. Born in the Amazon rainforest, illiterate until the age of sixteen, and having experienced poverty with her parents struggling to feed her and her siblings, Marina went on to become an internationally known environmentalist, a high-ranking official in the government of former president Luiz Inácio Lula da Silva, and a candidate with an impressive 20 million votes in Brazil’s 2010 presidential elections. 
She entered the 2014 election campaign as the number-two on the ticket of Eduardo Campos of the Brazilian Socialist Party. Until late summer, the Campos-Silva team held third place in the polls behind the incumbent, Dilma Rousseff of the Workers’ Party, and Aécio Neves of the Brazilian Social Democratic Party. 
But then Eduardo Campos died tragically in a plane crash in August while on the campaign trail. The Brazilian Socialist Party nominated Marina as its new presidential candidate. Since then, the polls have consistently shown Marina Silva and Dilma Rousseff neck and neck in the upcoming vote. 
Amid the excitement surrounding her remarkable rise, the potential president’s positions on nuclear issues have been largely missing. Marina’s proposed government program does not contain a single reference to nuclear energy, nuclear disarmament, or nuclear nonproliferation. What Brazil’s nuclear policy will be under the next president is not a trivial matter. Brazil is one of only three countries in Latin America to produce nuclear energy, one of a few countries in the world able to produce nuclear fuel, and the only non-nuclear-weapon state to be developing a nuclear-powered submarine.
NUCLEAR ENERGY
Brazil is currently highly reliant on hydro-resources to serve its energy needs, though the role of nuclear power in the country has increased over time. As of 2014,roughly 3 percent of Brazil’s electricity comes from nuclear plants—Angra 1 and Angra 2. After a twenty-year interruption, Brazil restarted work on its third nuclear power plant, Angra 3, which is expected to become operational in 2018. 
Proponents of expanding the country’s use of nuclear energy argue that Brazil’s reliance on hydro-resources makes the country vulnerable to an energy crisis. Disruption in electricity generation during droughts jeopardizes the country’s projected development growth. 
Until the 2011 disaster at Japan’s Fukushima Daiichi Nuclear Power Station, the Brazilian government seemed to agree that the use of nuclear energy needed to be significantly increased, and it planned to construct up to eight new reactors. After the Fukushima accident, all references to new reactors beyond Angra 3 disappeared from government planning documents. 
The nuclear industry has been trying to influence the presidential hopefuls’ positions on the issue of nuclear energy expansion. The Brazilian Association for Development of Nuclear Activities, a nonprofit organization of companies in the nuclear power sector, developed a program, “Defining Brazil’s Nuclear Program: A Need for the Country’s Development,” specifically geared toward the candidates. The document argues that the government needs to build at least four additional nuclear power plants by 2030, or eight by 2040. And that in order to start adding capacity in time to meet future demand whoever wins the 2014 election needs to make decisions on new nuclear power plants in early 2015.
Marina Silva has long been critical of nuclear energy. Serving as Brazil’s minister of the environment in Lula’s cabinet between 2002 and 2007, she resigned from the post in protest over a number of issues, including the government’s decision to resume construction of Angra 3. In 2012, together with Archbishop Desmond Tutu of South Africa and over 50 organizations and individuals, she signed a letter urging world leaders to move away from “expensive and dangerous nuclear power.”
As a presidential candidate, Marina has reaffirmed her views. Her official campaign website reminds voters that she was the only one on the National Energy Policy Council to vote against restarting Angra 3 construction. In Marina’s words, “one of the largest problems with nuclear energy is that nobody knows what to do with the waste.”
Yet, confusingly, the initial draft of the government program that Marina Silva’s campaign released in late August said the share of nuclear energy in Brazil’s energy mix should be increased. Only hours later, however, Marina’s staff issued a statement blaming a technical error for the nuclear energy reference. Marina’s revised program calls for the “realignment of Brazil’s energy policy to focus on renewable and sustainable sources.” A mistake likely caused by accepting contributions from multiple authors exposed a campaign struggling to deal with the pressure of impending elections.
Brazilian President Dilma Rousseff is considered to be reluctantly accepting of nuclear energy. Dilma’s government continues to finance Angra 3 construction, but she does not openly support the nuclear energy industry, and the government does not seek to expand the production of nuclear energy beyond the third power plant. 
All told, if Marina becomes Brazil’s new president, industry might have even less support from the top political leadership than it has now.
NUCLEAR DIPLOMACY
When it comes to international issues, it appears that Marina’s camp hasn’t given much thought to any questions related to nuclear diplomacy, such as Iran’s enrichment program or nuclear nonproliferation and disarmament. This is not entirely out of the ordinary, as nuclear issues have taken a backseat to other agenda items during Dilma’s presidency as well.  
But this is a shift from the ambitious years of Lula’s government, when Brazil’s foreign policy shined brightly. Lula enjoyed the international spotlight and engaged in active presidential diplomacy. He also allowed Brazil’s able diplomatic corps, led by then minister of external relations Celso Amorim, to confidently and actively pursue various foreign policy agendas. 
One of the more daring and controversial attempts to influence the international debate took place in 2010 when Lula and Amorim, together with Turkey’s leaders, attempted to resolve the impasse over Iran’s nuclear program. They negotiated a trilateral agreement—the Tehran Declaration—that was meant to pave the way for negotiations between the West and Iran. 
While that particular episode did not result in a breakthrough and was rejected by the West, it did prompt short-lived anticipation among international observers that Brasília could become an interesting, new player on the global nuclear scene. This, however, did not happen. 
It now appears that Brazil’s ambitious foray into the dispute over Iran’s nuclear program was a fluke made possible by multiple factors—including the unusual tandem of Lula and Amorim—that are unlikely to be repeated in the foreseeable future.
Under Dilma, Brazil’s foreign ministry has lost its luster and has been relegated to being just another ministry. While Lula reached out to then Iranian president Mahmoud Ahmadinejad and counted on Brazil’s soft power to resolve the impasse over Tehran’s nuclear program, Dilma distanced herself from the regime, citing its poor human rights record.
Marina, meanwhile, is expected to return Brazil’s foreign policy establishment to some of its former glory. Two weeks before the election, while visiting Washington, DC, Marina’s campaign coordinator Maurício Rands criticized the foreign ministry’s lack of prestige under the current government. 
But Marina will likely be similar to Dilma when it comes to nuclear issues and keep her distance from Iran and its nuclear program. She criticized then president Lulain 2010 for his active engagement with Ahmadinejad.
Marina might distinguish herself from both Lula and Dilma on one noteworthy nuclear issue. For years, the international nonproliferation community and Brasília have been at odds over the enhanced nuclear safeguards codified in the International Atomic Energy Agency’s (IAEA) Additional Protocol. 
Brazil is already implementing nuclear safeguards that are designed to provide the international community with confidence that it only uses nuclear energy for peaceful purposes. However, as a country with an advanced nuclear program, Brazil is subject to outside pressure to allow IAEA inspectors even greater access to its nuclear facilities under the Additional Protocol. 
Brazil has insisted over the past decade that it will not sign the IAEA Additional Protocol. Brasília refuses to accept additional nonproliferation obligations while nuclear-weapon states do not demonstrate sufficient progress toward nuclear disarmament. Opponents of the Additional Protocol also argue that Brazil is doing enough to provide confidence that its nuclear activities are peaceful. Some critics in Brazil are concerned that granting greater access to Brazil’s nuclear facilities would make the country vulnerable to industrial espionage, a claim that international safeguards experts deem unfounded.
In contrast to Lula and Dilma, Marina Silva criticized Brazil’s reluctance to adhere to more stringent safeguards. In 2010 she publicly argued that the country should sign the IAEA Additional Protocol because not signing had put Brazil into a “rather delicate situation” and looked strange since Brazil only pursued nuclear energy for peaceful purposes. Yet, whether Marina would follow her own advice and push for Brazil’s adherence to the IAEA Additional Protocol should she become president is an open question. 
For the most part, Brazil’s presidential campaign has been focused on domestic economic and social questions. That focus is natural, and the absence of nuclear policy from the discussion is not surprising. Yet, whoever wins the election should surely devote time and effort to thinking about these issues given the country’s prominent role in the global nuclear system.

E agora, noticias do mundo surreal: corrupcao e escandalos companheiros - Dom Philips (WP)

An oil scandal in Brazil complicates the race for incumbent president on eve of election


The Washington Post, October 2 at 3:30 AM
 
With just days to go before the presidential election here, a growing scandal has placed a number of issues center stage: They involve corruption, political machinations with the state-controlled oil company, and delays and overspending on a multibillion-dollar oil refinery that Brazil desperately needs.
A high-ranking former executive from Petrobras, the oil company, has just been released from jail to house arrest having turned state’s evidence.
His allegations have appeared in a steady stream in a weekly magazine, Veja — and they link payments in the refinery construction to politicians from incumbent President Dilma Rousseff’s Workers’ Party and other parties in Brazil’s ruling coalition.
The first round of voting takes place Sunday. In a three-way race, Rousseff and Marina Silva are the front-runners, with Rousseff edging ahead, according to polls. Brazilians tend to be cynical about politicians, but the Car Wash scandal reaches deep into the long-standing apparatus constructed by the Workers’ Party, and no one is sure where it will lead.
Rousseff, a former minister of mines and energy and chairwoman of the Petrobras board, takes pride in her management skills. But the image of competence she has constructed is now taking some dents.
The scandal cuts deep in another way: Rousseff’s strength is among Brazil’s working-class voters, but amidst all the alleged overspending and mismanagement associated with the delayed refinery construction, some workers have come to feel badly treated and complain about not getting paid.
Rousseff’s opponents have gone on the attack.
“It’s shameful,” said Aécio Neves, the third candidate in the race, in a television debate on Sunday, as he took aim at Rousseff. “The denunciations don’t cease.”
Millions of dollars were allegedly creamed off inflated contracts for the Abreu e Lima refinery being built near Recife in Northeast Brazil. The refinery is to start operating in November, three years late. Its cost has ballooned.
A second Petrobras refinery project — Comperj, near Rio — is four years behind schedule, double the projected cost and delayed by strikes.
Petrobras eventually paid $1.2 billion for a third refinery in Pasadena, Tex., after a long court battle that ended in 2012, seven years after its previous owners had bought it for just $42.5 million.
Complex scheme
While Brazil’s economy stutters, Petrobras hemorrhages cash importing the fuel Brazil can’t refine but urgently needs. And these enormous refineries have become emblematic of the barriers the country faces in building much-needed infrastructure — barriers created by mismanagement, corruption and overspending.
Prosecutors say the complex Car Wash scheme was run by Paulo Costa, now under house arrest and providing testimony, and money-changer Alberto Youssef, in custody. Police first arrested 28 people in March, having been alerted by “irregular” movements of $4 billion. Brazil’s Federal Court of Accounts has found overpayments of $99.2 million in just four contracts related to Abreu e Lima alone.
Evidence suggests “the possible involvement of various authorities… including federal parliamentarians,” a Supreme Court Judge wrote this week, in approving Costa’s state’s evidence deal.
Neves, the candidate for the Brazilian Social Democratic Party, alleges that Costa’s appointment in 2004 as a key Petrobras manager was political. “The corruption involving the company is much more serious than is being noticed,” a spokesman for Neves said in an e-mail interview.
Brazil’s rumbling economic problems — the country is in technical recession — are also a central theme of this election, and opposition candidates point a finger at falling investment and lack of infrastructure.
“There are people who were involved in the running of the company who are involved in this corruption scandal. That does affect people who are planning to invest in the country,” said Aditya Banerjee, an analyst at a commercial intelligence agency called Wood Mackenzie, in Houston.
Petrobras is keeping its distance from Costa, whose job put him in charge of refining, and who was replaced in 2012. “Petrobras, in the condition of victim, is attending all the requests of the authorities and collaborating with the investigations, as the main interested party in clarifying the facts,” a company representative said in an e-mail interview.
Delays to the Abreu e Lima refinery were “principally for the need to repeat bidding because of excessive prices and delays in the acquisition of critical equipment,” the representative said, and did not comment on the cost increase — from $2.5 billion to $18.5 billion.
“It’s twice as much as any other refinery. Any other refinery would cost around $10 billion. So that’s massive,” Banerjee said. “It’s not just Abreu e Lima, it’s also Comperj.”
The Comperj oil refinery project, being built in Itaboraí near Rio, is due to start operating in 2016. Its budget has doubled to $13.2 billion. Brazil’s Federal Court of Accounts has found overpayments in the tens of millions of dollars.

The delay was caused by an “unsuccessful business model of partnerships,” Petrobras said. “In each investigation process, Petrobras is presenting its defenses and technical clarifications and has been able to demonstrate adherence of its practices to the norms and regulations in force,” a company representative said.
Comperj was paralyzed by a 40-day wildcat strike earlier this year that was blighted by violence. Riot police were called, a union car was set on fire and, on Feb. 6, two workers were shot and injured.
The workers were on strike because they hadn’t been paid by their employer, a subcontractor, for months. Felipe Lima, a 22-year-old carpenter, was struck by two bullets. One went through his right hand; the other burst his pancreas. Rigger Françuelio Fernandes, 20, was shot in the hand and foot.
Speaking by phone from his home state of Ceará, in Brazil’s Northeast, Lima said he lives today on a sickness benefit and a one-time $2,000 payment from the construction-workers’ union. Money is tight. “I can’t work. My instrument of work is my hand,” he said.
Petrobras did not comment on the case as a police matter.
Worrying amount of debt
Money is increasingly tight for the oil company, too. Brazil is heavily reliant on road transport but can’t refine enough fuel to meet its rising domestic demand. Petrobras has to buy gasoline and diesel abroad at high international prices, which it sells at a loss because prices are fixed artificially low by the government to control inflation — currently running above target at 6.6 percent. This cost Petrobras a $1.5 billion loss over the past 12 months, according to figures calculated by the Brazilian Infrastructure Center, a Rio consultancy.
The Brazilian Oil, Gas & Biofuels Institute, IBP, recently called for fuel prices to be freed up. “The closer to international prices, the more they make investments viable,” said IBP president João Carlos de Luca in a phone interview. “Brazil needs refining.”
Rousseff’s opponents blame fuel price policy for hurting Petrobras, the environment and Brazil’s struggling ethanol sector, underpriced by cheap gasoline and diesel.
“We have a serious problem,” said Silva, from the Brazilian Socialist Party. “This is highly prejudicial to our country, and something the government needs to correct now.”
Petrobras’s ambitious development of Brazil’s ultra-deep water reserves, central to a $220.6 billion investment program, have also entered the fray. Rousseff attacked Silva, an environmentalist, as anti-oil.
The enormous costs of developing these reserves, coupled with the losses it incurs importing fuel, has put Petrobras in a worrying amount of debt — $114 billion at the end of 2013, according to Bloomberg.
But Petrobras is increasing production from those deep-water reserves. It promises to be producing 4 million barrels of oil a day, compared to the current 2.6 million.
Then they may finally be able to deal with their debts.
“Until then, we see things being pretty tight financially,” said Ruaraidh Montgomery, a senior analyst at Wood Mackenzie.
Dom Phillips is The Post's correspondent in Rio de Janeiro. He has previously written for The Times, Guardian and Sunday Times.

E agora, um pouco do mundo real: queda economica em todos os setores...

Síntese dos dados do IBGE, pelo economista Ricardo Bergamini:

Pesquisa Industrial Mensal Produção Física – Brasil – Fonte IBGE
Base: Agosto de 2014

Produção industrial cresce 0,7% em agosto
Agosto 2014 / Julho 2014: 0,7%
Agosto 2014 / Agosto 2013: -5,4%
Acumulado em 2014: -3,1%
Acumulado em 12 meses: -1,8%
Média móvel trimestral: -0,1%

Em agosto de 2014, a produção industrial nacional avançou 0,7% frente ao mês imediatamente anterior, na série livre de influências sazonais, após também crescer 0,7% em julho, quando interrompeu quatro meses seguidos de resultados negativos, período em que acumulou perda de 3,4%. Na série sem ajuste sazonal, no confronto com igual mês do ano anterior, o total da indústria apontou redução de 5,4% em agosto de 2014, sexta taxa negativa consecutiva nesse tipo de comparação. Assim, o setor industrial acumulou queda de 3,1% nos oito meses do ano, intensificando, portanto, o recuo de 2,6% registrado no primeiro semestre de 2014. A taxa anualizada, indicador acumulado nos últimos doze meses, com o recuo de 1,8% em agosto de 2014, manteve a trajetória descendente iniciada em março último (2,0%) e assinalou o resultado negativo mais intenso desde dezembro de 2012 (-2,3%).

O setor industrial, em agosto de 2014, permanece com o quadro de ligeira melhora no ritmo produtivo, ao marcar o segundo avanço seguido que interrompeu quatro meses consecutivos de queda na produção. Vale destacar que com o resultado positivo desse mês, o total da indústria recuperou apenas parte da perda de 3,4% acumulada entre março e junho e ficou 6,2% abaixo do nível recorde alcançado em junho de 2013. Ainda na série com ajuste sazonal, os sinais de menor dinamismo da atividade industrial nos últimos meses também ficaram evidenciados na evolução do índice de média móvel trimestral, que embora tenha reduzido o ritmo de queda frente aos meses anteriores, manteve a trajetória descendente iniciada em março último.

14 dos 24 ramos investigados registram crescimento em agosto contra julho

O crescimento de 0,7% da atividade industrial na passagem de julho para agosto teve predomínio de índices positivos, alcançando 14 dos 24 ramos pesquisados, com destaque para o avanço de 2,4% registrado porindústrias extrativas, que apontou o sexto resultado positivo consecutivo, acumulando nesse período expansão de 7,3%. Outras contribuições positivas importantes sobre o total da indústria vieram dos setores de máquinas e equipamentos (3,9%), de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (1,5%), de produtos alimentícios (1,1%), de produtos de borracha e material plástico (4,1%), de produtos do fumo (15,4%) e deprodutos de metal (2,7%). Por outro lado, entre os dez ramos que reduziram a produção nesse mês, os desempenhos de maior importância para a média global foram assinalados por bebidas (-6,1%), perfumaria, sabões, detergentes e produtos de limpeza (-4,2%), produtos farmacêuticos e farmoquímicos (-7,4%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-1,5%) e outros equipamentos de transporte (-6,9%). Vale ressaltar que, com exceção do primeiro setor, que mostrou taxa negativa pelo segundo mês seguido e acumulou perda de 8,6% nesse período, as demais atividades apontaram resultados positivos em julho último: 2,8%, 4,1%, 8,4% e 31,0%, respectivamente.

Entre as grandes categorias econômicas, ainda na comparação com o mês imediatamente anterior, somente bens intermediários (1,1%) assinalou avanço na produção nesse mês e interrompeu quatro meses consecutivos de taxas negativas nesse tipo de confronto, período em que acumulou recuo de 1,4%. O segmento de bens de capital (0,0%) repetiu o patamar registrado no mês anterior, após apontar expansão de 15,0% em julho último, quando reverteu quatro meses seguidos de queda na produção, com perda acumulada de 19,4% nesse período. Os setores produtores de bens de consumo duráveis (-3,0%) e de bens de consumo semi e não-duráveis(-0,8%) mostraram as taxas negativas nesse mês, com o primeiro voltando a recuar após crescer 26,3% no mês anterior, e o segundo eliminando o crescimento de 0,6% verificado em julho.

Média móvel trimestral tem variação negativa (-0,1%)

Ainda na série com ajuste sazonal, a evolução do índice de média móvel trimestral para o total da indústria mostrou variação negativa de 0,1% no trimestre encerrado em agosto frente ao nível do mês anterior, após também registrar resultados negativos em abril (-0,3%), maio (-0,6%), junho (-1,0%) e julho (-0,6%). Entre as grandes categorias econômicas, ainda em relação ao movimento deste índice na margem, bens de consumo duráveis (-2,3%) assinalou a redução mais acentuada em agosto e manteve a trajetória descendente iniciada em março último. O setor produtor de bens de consumo semi e não duráveis (-0,6%) também apontou taxa negativa nesse mês, após ficar praticamente estável nos dois últimos meses. Por outro lado, os segmentos debens intermediários e de bens de capital, ambos com variação de 0,2%, registraram os resultados positivos em agosto, com o primeiro revertendo o comportamento negativo iniciado em maio; e o segundo interrompendo quatro meses seguidos de queda nesse tipo de indicador.

Na comparação com agosto de 2013, produção industrial cai (-5,4%)

Na comparação com igual mês do ano anterior, o setor industrial mostrou queda de 5,4% em agosto de 2014, com perfil disseminado de resultados negativos, já que as quatro grandes categorias econômicas e a maior parte (21) dos 26 ramos apontaram redução na produção. Vale citar que agosto de 2014 (21 dias) teve um dia útil a menos do que igual mês do ano anterior (22). Entre as atividades, a de veículos automotores, reboques e carrocerias, que recuou 25,6%, exerceu a maior influência negativa na formação da média da indústria, pressionada em grande parte pela menor fabricação de automóveis, caminhões, caminhão-trator para reboques e semirreboques e autopeças. Outras contribuições negativas relevantes sobre o total nacional vieram deprodutos alimentícios (-4,0%), de metalurgia (-11,2%), de produtos de metal (-12,0%), de máquinas e equipamentos (-6,6%), de outros produtos químicos (-5,7%), de produtos de borracha e de material plástico(-8,5%), de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-9,4%), de material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações (-9,3%) e de bebidas (-6,6%). Em termos de produtos, as pressões negativas mais importantes nesses ramos foram, respectivamente, açúcar cristal e VHP, sorvetes, picolés, carnes de bovinos congeladas, frescas ou refrigeradas e carnes de aves congeladas; artefatos e peças diversas de ferro fundido, barras de aços ao carbono, bobinas a frio de aços ao carbono, chapas, bobinas, fitas e tiras de aço relaminadas, tubos flexíveis e trefilados de ferro e aço, bobinas ou chapas de aços zincadas e de outras ligas de aço e tubos, canos ou perfis ocos de aços sem costura; estruturas de ferro e aço, parafusos, ganchos, pinos ou porcas de ferro e aço, esquadrias de ferro e aço, torres e pórticos de ferro e aço, construções pré-fabricadas de metal, artefatos diversos de ferro e aço estampado e pontes e elementos de pontes de ferro e aço; máquinas para colheita, motoniveladores, válvulas, torneiras e registros, guindastes, pontes e vigas rolantes, pórticos, pontes-guindastes e carros-pórticos, carregadoras-transportadoras, empilhadeiras propulsoras, rolamentos de esferas, agulhas e cilindros para equipamentos industriais e retroescavadeiras;tintas e vernizes para usos em geral, herbicidas e fungicidas para uso na agricultura; peças e acessórios de plástico para indústria automobilística, pneus, juntas, gaxetas e semelhantes de borracha vulcanizada não endurecida, garrafas, garrafões, frascos e artigos semelhantes de plástico e filmes de material plástico (inclusive BOPP) para embalagem; fios, cabos e condutores elétricos com capa isolante, motores elétricos de corrente alternada ou contínua, grupos eletrogêneos, interruptores, seccionadores e comutadores para tensão menor ou igual a 1kv, eletroportáteis domésticos, aparelhos elétricos de alarme para proteção e fogões de cozinha para uso doméstico; televisores, transmissores e receptores de telefonia celular, rádios para veículos automotores, placas de circuito impresso para informática, telefones celulares, computadores pessoais de mesa (desktops) e relógios; e refrigerantes, cervejas, chope e preparações em xarope para elaboração de bebidas para fins industriais. Por outro lado, ainda na comparação com agosto de 2013, entre as cinco atividades que aumentaram a produção, os principais impactos foram observados em indústrias extrativas(7,6%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (5,3%) e produtos de fumo (34,6%), impulsionados, em grande parte, pelos avanços nos itens minérios de ferro pelotizados, óleos brutos de petróleo e minérios de ferro em bruto, no primeiro ramo, óleos combustíveis, querosenes de aviação e álcool etílico, no segundo, e fumo processado industrialmente, no último.

Ainda no confronto com igual mês do ano anterior, bens de consumo duráveis (-17,9%) e bens de capital(-13,4%) assinalaram, em agosto de 2014, as quedas mais acentuadas entre as grandes categorias econômicas. Os segmentos de bens intermediários (-3,3%) e de bens de consumo semi e não-duráveis (-3,1%) registraram os demais resultados negativos nesse mês, com ambos recuando com intensidade menor do que a média nacional (-5,4%).

O segmento de bens de consumo duráveis recuou 17,9% no índice mensal de agosto de 2014, sexta taxa negativa consecutiva nesse tipo de confronto e mais intensa do que a observada no mês anterior (-13,7%). Nesse mês, o setor foi particularmente pressionado pela menor fabricação de automóveis (-25,0%), ainda influenciado por reduções de jornadas de trabalho e pela concessão de férias coletivas em várias unidades produtivas. Outros impactos negativos importantes vieram de motocicletas (-18,3%), de eletrodomésticos da “linha marrom” (-21,0%), por conta da menor produção de televisores, de eletrodomésticos da “linha branca”(-5,4%), de outros eletrodomésticos (-9,9%) e de móveis (-14,7%).

O setor produtor de bens de capital, ao recuar 13,4% em agosto de 2014, também assinalou o sexto resultado negativo consecutivo no índice mensal e com queda mais intensa do que a verificada no mês anterior (-8,2%). Na formação do índice desse mês, o segmento foi influenciado pelo recuo observado na maior parte dos seus grupamentos, com claro destaque para a redução de 22,3% de bens de capital para equipamentos de transporte, pressionado principalmente pela menor fabricação de caminhões, de caminhão-trator para reboques e semirreboques, de reboques e semirreboques e de veículos para transporte de mercadorias. As demais taxas negativas foram registradas por bens de capital para construção (-22,9%), agrícola (-13,0%) e para finsindustriais (-1,2%), enquanto bens de capital para energia elétrica (6,3%) e de uso misto (1,7%) apontaram os resultados positivos em agosto de 2014.

A queda na produção de bens intermediários (-3,3%), que apontou o sexto resultado negativo consecutivo na comparação com igual mês do ano anterior, foi explicada principalmente pelos recuos nos produtos associados às atividades de veículos automotores, reboques e carrocerias (-25,1%), metalurgia (-11,2%), produtos de metal(-13,6%), outros produtos químicos (-5,6%), produtos de borracha e de material plástico (-8,8%), produtos alimentícios (-4,3%), produtos de minerais não-metálicos (-3,5%) e produtos têxteis (-5,5%), enquanto as pressões positivas foram assinaladas por indústrias extrativas (7,6%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (6,3%), máquinas e equipamentos (4,9%) e celulose, papel e produtos de papel (1,3%). Ainda nessa categoria, vale citar também os resultados negativos registrados pelos grupamentos de insumos para construção civil (-7,2%), que registrou a sexta queda consecutiva nesse tipo de comparação, e de embalagens(-2,3%), após também recuar em junho (-3,6%) e julho (-2,6%) últimos.

Ainda no confronto com igual mês do ano anterior, o segmento de bens de consumo semi e não-duráveis, ao recuar 3,1% em agosto de 2014, reverteu o avanço de 0,6% assinalado em julho último. O desempenho nesse mês foi influenciado em grande parte pelos recuos vindos dos grupamentos de alimentos e bebidas elaborados para consumo doméstico (-4,2%), de semiduráveis (-7,1%) e de não-duráveis (-1,2%), pressionados principalmente pela menor fabricação de sorvetes, picolés, refrigerantes, carnes de bovinos congeladas, frescas ou refrigeradas, cervejas, chope, carnes e miudezas de aves congeladas, biscoitos e bolachas, no primeiro subsetor, camisetas de malha, calças compridas de uso feminino, telefones celulares, camisas e blusas, exceto de malha, de uso feminino, calçados de material sintético e de couro de uso feminino, no segundo, e demedicamentos e livros, no último. Por outro lado, o grupamento de carburantes (3,2%) assinalou o único resultado positivo nesse mês, impulsionado pelo avanço na produção de álcool etílico e de gasolina automotiva.

No acumulado em 2014, produção industrial cai (-3,1%)

No índice acumulado para os oito meses de 2014, frente a igual período do ano anterior, o setor industrial mostrou queda de 3,1%, com perfil disseminado de taxas negativas, alcançando três das quatro grandes categorias econômicas, 18 das 26 atividades, 56 dos 79 grupos e 64,3% dos 805 produtos investigados. O principal impacto negativo foi observado no ramo de veículos automotores, reboques e carrocerias (-18,8%), pressionado, em grande parte, pela redução na produção de aproximadamente 94% dos produtos investigados no setor, com destaque para os recuos registrados por automóveis, caminhões, caminhão-trator para reboques e semirreboques, veículos para transporte de mercadorias e autopeças. Outras contribuições negativas relevantes sobre o total nacional vieram dos setores de produtos de metal (-11,0%), de metalurgia (-6,6%), demáquinas e equipamentos (-5,6%), de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-8,1%), de outros produtos químicos (-3,8%) e de produtos de borracha e de material plástico (-4,4%). Em termos de produtos, as influências negativas mais importantes nesses ramos foram, respectivamente, estruturas de ferro e aço, artefatos diversos de ferro e aço estampado, esquadrias de ferro e aço, construções pré-fabricadas de metal, pontes e elementos de pontes de ferro e aço, parafusos, ganchos, pinos ou porcas de ferro e aço e andaimes tubulares e material para andaimes; artefatos e peças diversas de ferro fundido, bobinas ou chapas de outras ligas de aço, chapas, bobinas, fitas e tiras de aço relaminadas, tubos flexíveis e trefilados de ferro e aço e tubos de aços com costura; válvulas, torneiras e registros, tratores agrícolas, guindastes, pontes e vigas rolantes, pórticos, pontes-guindastes e carros-pórticos, retroescavadeiras, rolamentos de esferas, agulhas e cilindros para equipamentos industriais e máquinas para colheita; fios, cabos e condutores elétricos com capa isolante, interruptores, seccionadores e comutadores para tensão menor ou igual a 1kv, motores elétricos de corrente alternada ou contínua, aparelhos elétricos de alarme para proteção, eletroportáteis domésticos, máquinas de lavar ou secar roupas e refrigeradores ou congeladores para uso doméstico; fungicidas para uso na agricultura, tintas e vernizes para usos em geral e para construção, propeno não-saturado, éteres e peróxidos orgânicos, benzeno, aditivos para óleos lubrificantes e etileno não-saturado; e peças e acessórios de plástico e de borracha para indústria automobilística, borracha misturada não vulcanizada em formas primárias, juntas, gaxetas e semelhantes de borracha vulcanizada não endurecida, cartuchos de plástico para embalagem, filmes de material plástico (inclusive BOPP) para embalagem e garrafas, garrafões, frascos e artigos semelhantes de plástico. Por outro lado, entre as oito atividades que ampliaram a produção, as principais influências foram observadas em indústrias extrativas (4,9%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (2,3%), produtos farmacêuticos e farmoquímicos (5,6%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (4,8%) e produtos alimentícios (0,8%), impulsionadas, em grande parte, pelo crescimento na produção de minérios de ferro em bruto ou beneficiado e pelotizados, na primeira, de óleos combustíveis, álcool etílico, asfalto de petróleo, querosene para aviação e gasolina automotiva, na segunda, demedicamentos, na terceira, de televisores, aparelhos de comutação para telefonia, monitores de vídeo e gravador ou reprodutor de sinais de áudio e vídeo (DVD e home theater), na quarta, e de açúcar cristal, na última.

Entre as grandes categorias econômicas, o perfil dos resultados para o índice acumulado nos oito meses de 2014 mostrou menor dinamismo para bens de consumo duráveis (-10,3%) e bens de capital (-8,8%), pressionadas especialmente pela redução na fabricação de automóveis (-18,6%), na primeira, e de bens de capital para equipamentos de transporte (-16,9%), na segunda. O segmento de bens intermediários (-2,6%) também assinalou resultado negativo no índice acumulado no ano, mas com queda menos intensa do que a observada na média nacional (-3,1%). Por outro lado, o setor produtor de bens de consumo semi e não-duráveis(0,0%) foi o único que não apontou taxa negativa.

Arquivos oficiais do governo estão disponíveis aos leitores.

Ricardo Bergamini
http://www.ricardobergamini.com.br

De volta aos saloes do Iluminismo? Desta vez em ambiente virtual... - The Edge

Edge.org
October 2, 2014
http://www.edge.org

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THE THIRD CULTURE
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"Despite their intense scientific depth, John Brockman runs these gatherings with the cool of an old school bohemian. A lot of these meetings indeed mark the beginning of a new phase in science history. One such example was a few years back, when he brought together the luminaries on behavioral economics, just before the financial crisis plunged mainstream economics into a massive identity crisis. Or the meeting of researchers on the new science of morality, when it was noted that the widening political divides were signs of the disintegration of American society. Organizing these gatherings over summer weekends at his country farm he assumes a role that actually dates from the 17th and 18th century, when the ladies of the big salons held morning and evening meetings in their living rooms under the guise of sociability, while they were actually fostering the convergence of the key ideas of the Enlightenment."

Salon Culture
NETWORK OF IDEAS

By Andrian Kreye, editor of The Feuilleton (Arts & Essays), Süddeutsche Zeitung in Munich.

The Salon was the engine of enlightenment. Now it's coming back. In the digital era the question might be different from the ones in the European cities of the 17th century. The rules are the same. Why is there such a great desire to spend some hours with likeminded peers in this age of the internet?

Published in French by Entrepreneur Magazin (pp. 58-65). English translation by the author.
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SALON CULTURE: NETWORK OF IDEAS

For more than a century now the salon as a gathering to exchange ideas has been a footnote of the history of ideas. With the advent of truly mass media this exchange had first been democratized, then in rapid and parallel changes diluted, radicalized, toned down, turned up, upside and down again. It has only been recently that a longing emerged for those afternoons in the grand suites of the socialites in the Paris, Vienna, Berlin or Weimar of centuries past, where streams of thought turned into tides of history, where refined social gatherings of the cultured elites became the engine of the Enlightenment.

Just like back then, today's new salons are mostly exclusive if not closed circles. If you do happen to be invited though you will swiftly notice the intellectual force of those gatherings. On a summer's day on Eastover Farm in Connecticut for example, in the middle of green rolling hills with horse paddocks and orchards under the sunny skies of New England. This is where New York literary agent John Brockman spends his weekends. Once a year, he invites a small group of scientists, artists and intellectuals who form the backbone of what is called the Third Culture. Which is less of a new culture, but a new form of debate across all disciplines traditionally divided into the humanities and the natural sciences, i.e., the first and second culture.


The salon, which marked a entire era: Duchess Anna Amalia of Saxe-Weimar with her guests, including Goethe (third from left) and Herder (far right).

On that weekend, for example, he had invited a half-dozen men. Each of whom had a large footprint in their respective disciplines: the gene researcher Craig Venter, who was the first to sequence the human genome; his colleague George Church, Robert Shapiro, who explored the chemistry of DNA, the astronomer Dimitar Sasselov, quantum physicist Seth Lloyd, and the physicist Freeman Dyson, who sees in his his role as scientist the need to continually question universally accepted truths. A few science writers were also present, along with Deborah Triesman, literary editor at the New Yorker.

At some of his other meetings, the number of Nobel Laureates might have been higher, but the question under discussion in the warm summer wind among rustling tops of maple trees with jugs full of freshly made lemonade, carried utmost weight: "What is life?" Seth Lloyd formulated the problem right at the start: science knows everything about the origin of the universe, but almost nothing about the origin of life. Without this knowledge, the sciences, on the threshold of the biological age, are groping in the dark. ...

... The salon is still regarded as a mysterious world of thoughts and ideas, a world in which the participants soon were consigned to the role of historical figures in history books. In the early days of the salon culture these meetings were incubators of new ideas as well as the first form an urban and bourgeois culture. The first salons were formed in Paris in the early 17th century, when the nobles left their estates and are gathered in the capital around the King. Initially, they cemented these early manifestations of bourgeois culture such as music and literature. But soon philosophers such as Voltaire and Diderot appeared in the 18th century and prepared the intellectual ground for the French revolution.

In all major cities in Europe, it soon was common for ladies of high society to gather influential thinkers around them. Often, these were for their time radical gatherings, because those salons dissolved the rigid boundaries between social classes. With rational thinking of the Enlightenment, the reputation enjoyed by a person was measured in terms of intellect, not status or wealth. Berlin and Vienna were established, next to Paris, as cities of culture of the salon. But in small towns too, the intellectual life soon revolved around salons. The salons in Weimar were legendary, where Johanna Schopenhauer, the mother of the future philosopher, Arthur, and the Duchess Anna Amalia of Saxe-Weimar-Eisenach, counted Johann Wolfgang von Goethe and Friedrich Schiller among their guests.

At the same time England developed the first coffee house culture. In 1650, the first English cafe, called Grand Café, opened in Oxford. The open structure of the cafés had a tremendous effect on the culture of debate, but so did coffee and tea, the new drinks from the colonies. In a country in which the entire population at any time of day was drinking alcohol, the stimulant of caffeine acted as fertilizer for the burgeoning idea cultures. But it was mostly the lounges and cafes in Europe (and later America) that gave birth to the fundamental principle of progress and innovation, namely the network. Indeed, it was rarely the sudden Eureka-moments in the solitude of the laboratory of the study, that scientists and thinkers brought humanity from the dark times of the pre-modern era into the light of reason. It was the fierce debates held in the lounges and cafes that allowed the ideas behind these Eureka-moments to mature. ...

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"Take a look. No matter who you are, you are bound to find something that will drive you crazy." --NEW YORK TIMES

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Pausa para... o inacreditavel, unbelievable Tony Bennett (the only...)

Recebido, via FB, de Osmar Lannes Jr:

http://www.nbc.com/the-tonight-show/segments/12681

Todo mundo pode dar uma pausa no que estiver fazendo para ouvir Mister Bennett...
Grato, Osmar...
Paulo Roberto de Almeida