Apresento abaixo o sumário e a introdução de um livro que compus a partir dos muitos ensaios publicados no boletim Mundorama, objeto de minha postagem anterior:
http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2015/12/mundorama-uma-publicacao-centenaria-bem.html
A maior parte desses ensaios, mas não todos, foram incorporados a este livro digital, editado por mim e livremente disponível:
Panorama visto de Mundorama:
Ensaios
Irreverentes e Não Autorizados
Índice
Apresentação
O mundo visto no diorama de Mundorama, 11
Primeira Parte
Política externa brasileira e
diplomacia companheira
1. Fim das utopias na Casa de Rio
Branco?, 17
2.
A política externa companheira e a diplomacia partidária, 21
3.
Continuidade e mudança na política externa brasileira , 31
4.
A diplomacia brasileira numa nova conjuntura política , 37
5.
O Brasil e a integração regional, da Alalc à Unasul: algum progresso?, 41
Segunda Parte
Economia política
internacional
6.
Mudanças na economia mundial: perspectiva histórica de longo prazo, 55
7. Os
Brics na nova conjuntura de crise econômica mundial, 59
8. A Guerra Fria Econômica: um
cenário de transição?, 68
9. Desafios da economia brasileira na interdependência global , 74
10. A agenda
econômica internacional: o cenário atual, 80
11.
Como o Brasil se
insere no cenário mundial, agora e no futuro próximo?, 85
12. Como e qual
seria uma (ou a) agenda ideal para o Brasil?, 91
13. O que o Brasil deveria fazer para
maximizar a “sua” agenda?, 99
Terceira Parte
Globalização, Embromação
14. A globalização e o
direito comercial: uma longa evolução , 113
15. Fluxos
financeiros internacionais: é racional a proposta de taxação?, 120
16. Fórum Econômico
e Fórum Social: dois mundos contraditórios, 129
17. Fórum Social
Mundial: uma década de embromação , 138
18. Triste Fim de Policarpo Social Mundial , 149
19.
A falência da assistência oficial ao desenvolvimento, 159
Quarta Parte
Política internacional,
Questões estratégicas
20. A guerra de 1914-18 e o Brasil:
impactos imediatos, efeitos permanentes , 167
21. O mundo sem o Onze de Setembro:
explorando hipóteses, 172
22. Wikileaks: verso e reverso, 179
23. Wikileaks-Brasil: qual o
impacto real da revelação dos documentos?, 187
24. Digressões
contrarianistas sobre o desarmamento nuclear , 197
25. Um congresso de Viena para o século 21?, 203
26. As ilusões perdidas do século 21 , 210
Quinta Parte
Ideias, cultura, livros
27. A ideia do interesse nacional: onde
estamos? , 217
28. Imperfeições dos mercados
ou “perfeições” dos governos , 223
29. Miséria do Capital no
século 21 , 229
30. Reformando o sistema
monetário internacional , 233
31. As quatro liberdades e um
projeto para o Brasil , 241
32. Algumas recomendações de
leituras , 249
33. Estratégia diplomática: relendo Sun
Tzu para fins menos belicosos , 255
34. Memória e diplomacia: o verso e o reverso, 264
35. Da democracia à ditadura:
uma gradação cheia de rupturas , 269
Sexta Parte
O Brasil e o mundo, de um
século a outro
36. A diplomacia dos antigos comparada à
dos modernos , 277
37. A ordem
econômica mundial, do século 19 à Segunda Guerra , 290
38. The world
economy, from belle Époque to Bretton Woods , 303
39. Relações Brasil-EUA no
início do século 21: desencontros , 306
40. A falácia dos modelos de
desenvolvimento: enterrando um mito sociológico , 327
41. O TransPacific
Partnership e seu impacto sobre o Mercosul , 333
42. Quais são as grandes
ameaças ao Brasil? , 339
43. Desafios externos ao Brasil
no futuro próximo, 347
Apêndices
Relação cronológica dos ensaios
publicados em Mundorama, 355
Relação dos artigos publicados
anteriormente em RelNet , 363
Livros publicados pelo autor, 367
Nota sobre o autor , 372
Apresentação
O mundo visto no diorama
de Mundorama
Al enfrentarme
a su concepción... quise utilizar la historia... para reflexionar sobre la
perversión de la gran utopía del siglo XX, ese proceso en el que muchos
invirtieron sus esperanzas y tantos hemos perdido sueños, años y hasta sangre y
vida. (...) En ese dilatado proceso, me resultó imprescindible... el
conocimiento, las experiencias y las investigaciones previas... y hasta las
incertidumbres sobre una historia las más de las veces sepultada o pervertida
por los líderes que durante... años fueron los dueños del poder y, por
supuesto, de la Historia.
Leonardo Padura
El
Hombre que Amaba los Perros
(Barcelona: Tusquets, 2009), p. 763-764.
Diorama,
segundo as definições e as representações costumeiras, é um modelo, que pode
ser construído tanto em miniatura quanto em tamanho natural, representando, num
formato tridimensional, algum evento, indivíduos ou integrantes do mundo natural,
ou ainda, alguma configuração marcante de uma determinada sociedade, do
presente ou do passado, que possua relevância suficiente para justificar sua
reprodução de forma realista daquilo que se pretenda oferecer aos visitantes
como comemoração histórica, ou antropológica, ou qualquer outra, geralmente
fazendo parte de um museu ou construção especialmente construída para tal
finalidade. Não chegam ao realismo extremo de certas figurações típicas da
história patriótica americana – quando se reencenam, com atores do presente em
trajes de época, batalhas ou cenas da formação progressiva do país – mas
constituem, ainda assim, representações atrativas, pois se destinam justamente
a finalidades didáticas, para o público leigo e infanto-juvenil.
Alguns
dioramas são extremamente sofisticados: sempre me lembro do realismo com o qual
se recriou a batalha de Waterloo, na cidade belga desse nome, com todos os
exércitos alinhados para a derradeira derrota de Napoleão. Os militares
apreciam esses figurações, e lhes emprestam o maior realismo possível. Vem-me à
mente, igualmente, o excelente Liberty Memorial da Primeira Guerra Mundial, em
Kansas City, com um imenso painel relatando a entrada dos Estados Unidos na
guerra, em 1917. Combinando diversas técnicas, é um dos mais completos que me
foi dado visitar em torno da Grande Guerra, igualando, provavelmente, o
Memorial de Péronne, na França.
Pois
bem, o veículo virtual com o qual tenho o privilégio de colaborar, o boletim
eletrônico Mundorama, dirigido pelo
ativíssimo professor Antonio Carlos Lessa, é uma espécie de diorama sobre o
mundo contemporâneo (e do passado também). Trata-se, antes de tudo, de um
empreendimento extremamente didático, ainda que bastante leve e diversificado,
embora não tridimensional, mas suficientemente rico para atrair todos aqueles –
estudantes, pesquisadores, curiosos, “livre atiradores”, como eu – que se
interessam muito, pouco, ou mesmo muito pouco, pelas relações internacionais e
pela inserção mundial do Brasil. Segundo sua definição editorial, “Mundorama é uma abordagem ágil sobre os temas da
agenda internacional e da política externa brasileira” e nele “são publicadas
contribuições breves versando sobre os temas da agenda internacional
contemporânea.”
Desde
que comecei a colaborar, primeiro esporadicamente, agora de forma mais regular,
com o boletim, confesso que não tenho sido muito breve, ou sintético. Como
poderão constatar os que percorrerem estas páginas, mais uma compilação de meus
escritos de uma década inteira, algumas dessas contribuições se estendem por
mais de dez páginas, o que destoa das recomendações dos organizadores quanto ao
caráter leve dos textos ali recolhidos. Devo, entretanto, à generosidade do
professor Lessa o bom acolhimento que tenho encontrado para meus textos de certo
modo prolixos, tortuosos, por vezes torturados, em torno de todos os problemas
– nacionais ou internacionais – que clamam pela minha atenção na leitura diária
de um volume razoável de periódicos e de boletins virtuais. Meus agradecimentos
renovados pela compreensão e tolerância.
Não
estão aqui compilados todas as contribuições publicadas nas “páginas” de Mundorama, inclusive porque várias delas
foram reproduzidas no boletim irmão, um tanto mais formal – quase de terno e
gravata – que é o Meridiano 47, já
objeto de uma anterior compilação minha, igualmente disponível: Paralelos com o Meridiano 47: Ensaios
Longitudinais e de Ampla Latitude (Hartford: Edição do Autor, 2015), livro
digital montado a partir de uma seleção de minhas colaborações a esse boletim (e
disponível neste link: https://www.academia.edu/11981135/28_Paralelos_com_o_Meridiano_47_ensaios_2015_).
Vou ainda aperfeiçoá-lo, graficamente, visualmente, e colocá-lo em minha
página.
Em
todo caso, a lista das contribuições até agora oferecidas estão listadas no
Apêndice, que também relaciona meus escritos no boletim predecessor de Mundorama, em sua primeira encarnação,
as Colunas do RelNet, uma iniciativa
pioneira dessa tribo de desbravadores do atual IRel-UnB, com a qual colaboro
sempre quando me chamam, mas sempre como livre atirador, jamais como
representante de qualquer entidade ou escola de pensamento. Ser livre significa
escolher em total autonomia todos e cada um dos temas que são aqui submetidos
ao meu bisturi analítico: jamais recebi
qualquer encomenda dos editores, ou de quem quer que seja, para tratar deste ou
daquele assunto.
Minto:
nos anos comemorativos, tanto o professor Lessa quanto os editores ou
responsáveis pelo IBRI e pela RBPI,
me sugeriam algum escrito recapitulativo, isto é, de cunho histórico, o que eu
teria feito voluntariamente de igual modo. Salvo essas poucas “encomendas”, todos
os demais temas figuram nos meus cadernos de notas como sendo o resultado de
leituras, reflexões, pesquisas e debates, que são mais raros, estes últimos, na
medida em que eu prefiro o labor solitário, geralmente com o concurso dos
livros e das revistas, em frente à tela de um computador, na consulta virtual
de todas as fontes disponíveis, sempre na companhia intelectualmente
estimulante de Carmen Lícia, que costuma ter meus péssimos hábitos de leituras
e trabalhos noctívagos.
Não
creio que eu necessite apresentar qualquer um dos textos aqui reproduzidos,
pois acredito que eles falam por eles mesmos. A despeito de algum overlapping entre Mundorama e Meridiano 47,
evitei as repetições entre os dois volume de compilações, com uma única
exceção, o texto 6: “Mudanças na economia mundial:
perspectiva histórica de longo prazo”, uma vez que penso que ele oferece uma
boa introdução à problemática que vai discutida na seção dedicada à economia
política internacional, como já tinha sido o caso no volume anterior. Aproveitei,
tanto quanto possível, as belas imagens que decoravam a edição original de cada
um dos escritos em Mundorama, ao qual
os curiosos podem recorrer, para uma formatação mais agradável, ou conferir o
texto de fato publicado (http://mundorama.net/?s=Paulo+Roberto+de+Almeida).
Este
volume está destinado a crescer em tamanho em futuras edições – ainda que não
pretenda imitar os verdadeiros dioramas em seu formato tridimensional –, à
medida em que novos escritos vierem completar os temas aqui tratados,
geralmente de forma mais rápida que os trabalhos mais “pesados”. Mas, como os
congêneres de museus, ele se pretende igualmente didático em espírito e em
intenção, tanto quanto sintético de realidades sempre complexas e
multifacetadas das relações internacionais e da inserção do Brasil nos seus
vários ambientes. Não preciso, em absoluto, oferecer qualquer tipo de
“disclaimer” quanto ao fato, deveras conhecido de todos que acompanham meus
trabalhos, que as ideias e posições aqui expostas correspondem inteiramente ao
meu próprio pensamento, não refletindo de nenhuma forma, posturas e políticas
de qualquer corporação com a qual eu possa estar envolvido ou servindo.
Ser
livre atirador significa assumir inteira responsabilidade pelas tomadas de
posição, pelas críticas mais amenas ou mais acerbas que possam estar aqui
contidas, como aliás sempre foi minha postura ao longo de minha trajetória
intelectual. Simples curiosos, alunos de áreas que são as de minhas leituras e
pesquisas, colegas de profissão ou de academia, podem ter certeza de que todas
as ideias aqui defendidas são sempre expostas com o mesmo ardor e convicção que
desde anos animam os meus estudos.
Vale!
Paulo Roberto
de Almeida
Hartford, 21 de
abril de 2015
Edição
ampliada: Brasília, 2 de dezembro de 2015