O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Crise política e impeachment: José Serra se prepara para um futuro governo Temer (Valor)

A coisa mais interessante que eu achei nesta conversa toda foi que Serra se declara disposto a implementar o parlamentarismo até 2018.
Pessoalmente acho uma boa direção para o Brasil, ainda que existam dois grandes "caveats": 1) a sociedade já se pronunciou contrariamente no passado e o Congresso pode não aprovar essa reforma, e se aprovar, pode ser que não passe num plebiscito; 2) numa primeira etapa, o parlamentarismo representará a exacerbação dos piores defeitos do sistema político brasileiro: fisiologismo, prebendalismo, loteamento, anarquia partidária, e um pouco mais de corrupção, embora numa segunda etapa esses defeitos possam ser corrigidos.
Paulo Roberto de Almeida 

Oposição e Temer debatem o pós-Dilma


Por Vandson Lima e Raymundo Costa - 
Valor Econômico, segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

BRASÍLIA - Apesar da discrição de Michel Temer, o pós-Dilma Rousseff já é discutido no Palácio do Jaburu, residência do vice-presidente. Foi lá que os jornalistas conheceram antecipadamente o documento "Uma Ponte para o Futuro", espécie de roteiro do PMDB feito sob medida para a hipótese de um impeachment.

Com expectativa de poder, o Jaburu tornou-se um dos endereços mais requisitados de Brasília, mas Temer faz papel de estátua e, segundo participantes, se parece muito com "mordomo de filme de terror", apelido que lhe deu o falecido senador Antonio Carlos Magalhães.

O vice é especialmente cuidadoso ao tratar da possibilidade de assumir a Presidência. Não quer fazer nenhum gesto que leve à acusação de oportunista. A oposição concorda em apoiar um governo de coalizão, desde que fique firmado o compromisso de que ele, Temer, não concorrerá em 2018. Mas Temer gostaria de atrair o senador José Serra (PSDB-SP) para o PMDB para ser o homem forte de seu eventual governo. E o êxito de Serra na economia lhe daria musculatura para uma candidatura em 2018.

Composição de eventual governo Temer começa a ser discutida
Apesar da discrição de Michel Temer, o pós-Dilma Rousseff já é tratado no Palácio do Jaburu, a residência oficial do vice-presidente da República.

Foi na casa do vice que os jornalistas, por exemplo, conheceram antecipadamente o documento "Uma Ponte para o Futuro", espécie de roteiro de transição do PMDB tanto para uma candidatura própria, em 2018, mas sobretudo para a hipótese de impeachment.

É em torno deste documento que a oposição procura construir uma alternativa ao governo do PT, se a presidente Dilma for efetivamente afastada do cargo. Com expectativa de poder, o Jaburu tornou-se um dos endereços mais requisitados de Brasília nas últimas semanas. Há muito entusiasmo e discussão. Mas-brincam aliados de Temer, o inquilino do palácio cada vez mais se parece com o "mordomo de filme de terror", apelido que lhe deu o falecido senador Antonio Carlos Magalhães.

Enquanto em volta discute-se com vigor as possibilidades de Dilma se manter no cargo, Temer parece uma estátua. Mal sorri. Não dá demonstração de que sente isso ou aquilo em relação a Dilma, com quem acumulou ressentimentos, ou ao processo de impeachment propriamente dito. Uma coisa, porém, é certa: está preparado, ou quase isso, se o momento chegar.

Senadores próximos a Temer que estiveram com ele nos últimos dias registraram aoValor que o vice é especialmente cuidadoso ao tratar da possibilidade de assumir a Presidência. Não quer e não vai, dizem, fazer nenhum gesto que permita que o acusem de oportunista, inclusive porque avalia que isto diminuiria sua legitimidade para governar, caso venha a sentar na cadeira número um do país.

Temer está ciente de que há um desenho claro, que une alas diversas do Senado, para dar sustentação política ao pós-Dilma: a oposição concorda em dar suporte a um governo de coalizão, desde que fique firmado o compromisso de que ele, Temer, não concorrerá à recondução em 2018. É uma condição inegociável. Temer teria então condições de tocar reformas necessárias, como a da Previdência, o que daria condições para o país chegar menos turbulento na próxima disputa eleitoral.

O ingresso do PSDB no acordo desde já é um teste para o pemedebista. O senador José Serra (SP) é o tucano mais próximo do vice. Ele se tornaria uma espécie de homem forte do eventual governo Temer, o que causa apreensão na concorrência interna. O êxito de Serra no saneamento da economia, por exemplo, lhe daria musculatura para uma nova candidatura presidencial em 2018, possivelmente pelo PMDB, uma vez que o senador está isolado no PSDB e dificilmente alguém tira do senador Aécio Neves (MG) a indicação tucana nas eleições de 2018.

Um dos entusiastas dessa costura é o senador Renan Calheiros, presidente do Senado. Serra leu com antecedência, opinou e deu contribuições ao texto "Uma ponte para o futuro". Um episódio ocorrido esta semana mostra o receio mútuo entre tucanos. Por iniciativa do senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), foi iniciada uma coleta de assinaturas de senadores favoráveis à abertura do processo de impeachment. Não era um documento a favor da saída de Dilma, mas de que o procedimento fosse resolvido logo. Entre os signatários, havia senadores contrários à destituição de Dilma.

"Precisamos pôr um basta nesse impasse. (...) Que o resultado represente um voto de confiança à presidente Dilma ou sua substituição por um presidente previsto na Constituição", diz o texto, escrito originalmente pelo senador Cristovam Buarque (PDT-DF). A pedido, Serra alterou algumas passagens e consolidou a versão final.

A proposta acabou sendo atropelada pela ação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que desencadeou o processo de impeachment antes que o abaixo-assinado fosse conhecido. Dias antes, o documento fora levado Aécio. Ele se dispôs a ajudar. Mas ao ler o escrito reconheceu o estilo: "O Serra escreveu isso, né?" O ímpeto para colher assinaturas esfriou.

"Se o Serra quiser, entra no PMDB e vira candidato. Isso está dado e ele sabe", diz um dirigente da sigla. Este talvez seja o primeiro desafio a ser enfrentado por Temer, se assumir a Presidência.

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Serra afirma que fará o possível para ajudar um eventual governo Temer

Daniela Lima – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Considerado uma figura estratégica na articulação para consolidar, entre os partidos de oposição, uma base de apoio a um eventual governo Michel Temer (PMDB), o senador José Serra (PSDB-SP) diz que ninguém mais acredita que a presidente Dilma Rousseff tenha condições de tocar um programa de recuperação do país, que, segundo ele, para ser levado a sério, exigiria "união nacional".

Ele acredita que o peemedebista poderia fazê-lo, caso Dilma seja afastada? "Creio que se o destino exigir dele a tarefa de presidir o Brasil, ele estará à altura. Vai dar tudo de si", afirma.

Serra diz que, em caso de impeachment, todos serão chamados a dar uma contribuição e admite colaborar com uma eventual gestão do peemedebista. "Vou fazer o possível para ajudar", disse.

O tucano vai contra a corrente majoritária hoje nas hostes da oposição, segundo a qual é preciso esticar a discussão sobre o afastamento, aproveitando o recesso para ampliar o desgaste do governo. "Temos que ter a responsabilidade de concluir esse processo o mais rápido possível", afirmou. "Começou, agora precisa ter fim".

Ele diz ainda que não vê possibilidade de trauma para o país e que, se derrotar a tese do impeachment, a petista pode até sair maior desse processo. "O Brasil já viveu um impeachment, o do [Fernando] Collor. E qual foi o trauma?", indagou. "Olhando para trás, entre Collor e o Real, o que você escolheria?"

Leia abaixo os principais trechos da conversa.

Folha - A discussão sobre o impeachment deveria levar o Congresso a suspender o recesso?

José Serra - O Brasil está em compasso de espera pelo desfecho da crise política para, só então, começar a pensar em solucionar a crise econômica. Esse desfecho precisa chegar, seja ele qual for. Temos que ter a responsabilidade de concluir esse processo o mais rápido possível. Começou, agora precisa ter fim.

O governo questiona a legitimidade do presidente da Câmara, Eduardo Cunha...

A prerrogativa de dar início ao processo não é dele, pessoa física. É do cargo que ele ocupa. E se a decisão de dar início ao pedido de impeachment foi dele, a partir de agora, todas as decisões serão coletivas, por maioria.

As rusgas entre ele e o governo não afetam o cenário?

Não se trata de uma disputa entre Dilma e Cunha. Quem está sendo julgada no pedido de impeachment é a presidente, apenas ela. Cunha irá responder por seus atos, e o processo dele é de outra natureza. Não existe uma escolha entre um e outro.

Dilma tem investido em uma guerra de biografias.

Não cabe a mim dar conselho a adversários políticos. Se coubesse, eu diria que estão fazendo bobagem. Tem tudo para dar errado.

O governo tem tratado esse processo como um golpe...

Golpe foi o que o PT aplicou nas últimas eleições, mentindo reiteradamente ao povo, dizendo que ia fazer uma coisa para, depois, fazer outra. O impeachment está previsto na Constituição, faz parte da regra do jogo democrático.

Não será traumático?

O Brasil já viveu um impeachment, o do [Fernando} Collor. E qual foi o trauma? Nenhum. Se não tivesse ocorrido, o Itamar [Franco] não assumiria e Fernando Henrique [Cardoso] não teria implantado o Plano Real, que acabou com a inflação. Olhando para trás, entre Collor e o Real, o que você escolheria?

Mas é a mesma situação?

O impeachment do Collor foi saudável para o país. É possível que o de Dilma, se ocorrer, também seja. Esse processo também pode ser bom para ela. Se não tiver afastamento, ela vai ter condições melhores para governar, não vai ficar atuando o tempo todo para se manter, como faz hoje.

Mas o sr. vê motivos para alegar que Dilma cometeu crime de responsabilidade?

Crime de responsabilidade não significa que o chefe do governo seja necessariamente corrupto, que tenha tirado proveito financeiro. Basta não ter tomado as providências para evitar que outros o fizessem. O país está parado, não tem governo. O juízo político não está descolado disso. O pano de fundo do impeachment é a crise econômica, política e moral. É inegável.

Há base jurídica para o afastamento da presidente?

Se há ou não, isso será discutido em um eventual processo instruído no Senado. Eu posso ser juiz, então não cabe antecipar. Agora, o momento que o país vive é gravíssimo. A crise econômica é a maior que já tivemos. Dilma já começou o mandato sem um mínimo de crédito de confiança. É só olhar o que aconteceu essa semana.

Em qualquer lugar do mundo, quando começa um impeachment, a moeda local desvaloriza e o dólar sobe. No Brasil foi o contrário. Esse é o pano de fundo do juízo político que a Câmara vai fazer. É uma matéria que vai além da simples qualificação jurídica. Ninguém acredita que o governo dela tenha capacidade para enfrentar a crise. Muito menos para tocar um programa que, para ser viável, teria que ser de união nacional.

Mas as pedaladas fiscais justificam o processo?

Você tem acusações que vão desde a omissão na Petrobras até a suplementação de recursos sem a autorização do Legislativo. E o processo diz respeito também a uma crise política que tem conduzido o país à paralisia e ao retrocesso. A lei que trata do impeachment fala em crimes contra a probidade na administração. O voto popular não pode servir de escudo para a impunidade.

Michel Temer terá condições de governar, se o impeachment ocorrer?

Ele é um homem experiente, um constitucionalista respeitado, tem personalidade equilibrada. É presidente do PMDB, o que, evidentemente, já exige grande capacidade de diálogo. Sinceramente, creio que se o destino exigir dele a tarefa de presidir o Brasil, ele estará à altura. O Michel vai dar tudo de si.

Em que condições a oposição apoiaria um governo Temer?
Compromissos de um novo estilo de governo, com menos barganha. E questões programáticas propriamente ditas. Creio também que ele deixaria claro que não pretende ir para a reeleição. Isso facilitaria a composição. Eu e, espero, o meu partido batalharíamos para preparar a implantação do parlamentarismo a partir de 2018.

O sr. cogita participar de um eventual governo Temer? Assumir ministério?

Essa questão não está posta. Mesmo. Mas se o governo cair, todo mundo vai ter que dar a sua parcela de contribuição para tirar o país do atoleiro. Vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para ajudar.

Muitos viram no gesto do ministro Eliseu Padilha [Aviação Civil], que saiu do governo, um sinal de que Temer está cada vez mais longe de Dilma.

Não sei qual foi a causa, mas é inegável que Padilha era uma peça importante na relação do governo com o Congresso e, agora, passará a ter essa mesma importância no relacionamento do seu partido com os parlamentares, principalmente os deputados. Ele e o [ex-ministro] Moreira Franco são grandes articuladores políticos.

Há a Operação Lava Jato, que ainda está em andamento e ninguém sabe até onde vai chegar...

Temos hoje três fatores que podemos chamar de exógenos, que sempre podem alterar o quadro de maneira geral. O primeiro é a Lava Jato, que deve continuar a nos surpreender. O segundo é o efeito social da crise, que crescerá nos próximos meses. E o terceiro é a Dilma, que é sempre uma caixinha de surpresas.

A oposição foi acusada de ter aderido ao "quanto pior, melhor". Houve erro de estratégia?

O trabalho da oposição é muito difícil. É preciso avaliar quando se está votando contra o governo e quando se está votando também contra o país. Essas bombas fiscais têm efeito de médio e longo prazo. Podem mostrar a fraqueza do governo hoje, mas têm um efeito danoso para o futuro. A direita aqui não é conservadora, é atrasada e gastadora. E a esquerda é corporativista e mais gastadora ainda.
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domingo, 6 de dezembro de 2015

Politicos e economistas não sabem o que fazer do, e com o Brasil - Mansueto Almeida

Sim, não existe consenso entre os economistas em torno de certas reformas básicas do atual quadro regulatório de salários, prestações estatais, benefícios sociais, etc. Não pode, portanto, haver uma decisão unívoca por parte dos políticos. 
Mansueto acha que a única solução é esperar novas eleições. Pode ser, mas, não é seguro, tampouco, que delas emergirão as novas soluções de consenso, pois isso é altamente incerto.
Qual a solução, então?
Punir de forma mais célere os incompetentes, ineptos, desonestos, por via do recall. E no caso da violação de leis, como a LRF, por exemplo, uma punição igualmente célere. 
Num ambiente de perversão de regras, como assistimos atualmente com a tropa de mafiosos no poder, a sociedade precisa reagir prontamente!
Mansueto diz ainda que se surpreendeu, ou ficou intrigado, com a frase final do artigo de Samuel Pessoa, sobre uma eventual surpresa por parte de políticos. Eu não: o que me chamou a atenção -- pois concorda basicamente com uma das minhas "assumptions" -- é o fato de depois todo o esforço para tapar os enormes buracos deixados pelos ineptos aloprados companheiros, estaremos condenados a uma "mediocridade permanente".
Eu não diria permanente, nas colocaria aí um "longo prazo", para mim não menos do que 25 ou 30 anos de reformas e ajustes sempre parciais, improvisados, insuficientes. 
O Brasil está condenado à mediocridade pela próxima geração e isto devemos inteiramente aos totalitários neobolcheviques, pois eles roubaram muito mais do que bilhões e bilhões em ativos financeiros. Eles afundaram o país com seus crimes econômicos e tiraram a esperança de todo um povo.
Paulo Roberto de Almeida 

Economistas e políticos: quem nos salvará? Nenhum dos dois.

Há algo de muito errado da forma que nós economistas pensamos sobre os políticos e a forma que eles políticos pensam sobre nós economistas. Eu sou economista, convivo com políticos, economistas e noto isso. Fiquei intrigado da forma que meu amigo Samuel Pessoa terminou a sua excelente coluna semanal no jornal Folha de São Paulo (clique aqui) com a seguinte frase:

“Em algum momento, mesmo que não resolvamos os problemas fiscais, e quando tivermos destruído os ganhos de eficiência que advieram de nosso sonho de uma noite de verão, a depressão terminará. Quando o pesadelo acabar, acordaremos para a mediocridade permanente, a menos que a política consiga nos surpreender.”

O que me incomodou foi a frase “a menos que a politica consiga nos surpreender”, pois pode passar a impressão para alguns que nós estamos a espera de políticos iluminados que nos salve da “nossa mediocridade permanente”. Alguns dos meus economistas têm criticado políticos por pensarem mais em si mesmos do que no país, que está imerso em uma grave crise estrutural. Só que o problema é um pouco mais complexo.

Políticos, em uma democracia, reagem a votos e demandas do eleitorado. Políticos precisam de votos para serem eleitos e, portanto, respondem ao “chamado das ruas”. Assim, a melhor forma de esperar por surpresas na política é que nós economistas e não economista tenhamos capacidade de votar e escolher melhor nossos representantes.

Há alguns anos meus amigos economistas me alertavam que a inflação não volataria porque, se isso acontecesse, o governo seria punido pelos eleitores. Não há dúvidas que o PT será punido pela sociedade pelo fato de ter mentido nas eleições e de ter sido o causador da grande depressão moderna brasileira que o partido se esforça em não reconhecer.

E quanto a nós economistas? Bom, entre nós economistas há grupos com diagnósticos não apenas diferentes, mas totalmente incompatíveis. Nós economistas sabemos muito bem mapear as diferenças entre nós. Mas imaginem um bom politico que leu um artigo de um professor de economia titular de uma das nossas respeitadas universidades que diz que o governo deveria aumentar o gasto publico para nos tirar da recessão ou que o tamanho da divida publica no Brasil não é um problema.

Uma vez, em um debate em uma das melhores universidades do país, escutei um professor de economia titular de uma universidade pública que se auto definia como um Keynesiano Jurássico, com se isso tivesse algum mérito, que quando o governo tributa mais e transfere de volta para a sociedade via gastos com previdência, por exemplo, isso não seria um problema. O que me surpreendi foi como uma pessoa que diz tamanha asneira pode ser professor titular de uma universidade federal.

Imaginem o que um bom politico pensa, quando durante semanas, teve paciência para ler a briga entre o meu colega economista, Alexandre Schwartzman, e o professor de economia Luiz Gonzaga Beluzzo sobre taxa de juros? É claro que concordo com os argumento do Alexandre Schwartzman que teve a paciência de escrever um artigo explicando a contabilidade da dinâmica da dívida publica (clique aqui). Mas diversos acadêmicos concordam e respeitam Luiz Gonzaga Beluzzo.

Como um politico, sem formação em economia, pode arbitrar quem está certo ou errado se mesmo alguns políticos com formação em economia respeitam e concordam com o economista Luiz Gonzaga Beluzzo e pensam que o Banco Central poderia baixar os juros se quisesse e não o faz talvez por “obra do demônio? Como podemos exigir dos políticos clareza quando entre nós economistas há ainda um debate não muito claro do que fazer em relação a previdência, assistência social, etc.?

Façam o seguinte. Coloquem na mesma sala Eu, Samuel Pessoa (IBRE-FGV), Marcos Mendes (Senado Federal), Marcos Lisboa (INSPER), José Roberto Afonso (IBRE-FGV), Bernard Appy, Ricardo Paes de Barros (INSPER), Alexandre Schwartzman (INSPER), Naércio Menezes (INSPER), Fábio Giambiagi (BNDES), Armínio Fraga (PUC-RJ), entre outros e perguntem o seguinte:

(1) O piso da previdência deve ser igual ao salario mínimo? (2) o benefício da assistência social deve ser igual a um salario mínimo? (3) o abono salarial é um programa bom e deve ser mantido ou ruim? (4) O salário mínimo deve ter uma correção menor do que a inflação para ajudar no equilíbrio fiscal? (5) Qual a forma de tributar os mais ricos?

Posso garantir que apesar do grupo acima ter muito mais convergência do que divergência, pelo que todos nós já escrevemos não haverá resposta consensual para as cinco perguntas acima. Como então exigir dos políticos um consenso de desvincular o piso da assistência social do salario mínimo quando entre nós que pensamos quase igual não há consenso?

Vou dar um exemplo. Pergunte a mim, Marcos Lisboa, Marcos Mendes, Fábio Giambiagi, Bernard Appy, Samuel Pessoa, Armínio Fraga sobre a regra de reajuste do salario mínimo e entre nós a sugestão seria quase consensual de mudar a regra, reconhecendo que a decisão final é do Congresso Nacional.

No entanto, Naércio Menezes, um dos economistas mais brilhantes da nossa academia, diria que: “A regra de reajuste do salário mínimo não deveria ser alterada, pois foi responsável por grande parte da redução na desigualdade, tanto no mercado de trabalho como por meio do BPC” (clique aqui). Ao falar da manutenção da regra de correção do salario mínimo bem como da manutenção do sal. mínimo como como o beneficio básico nos programas de Beneficio da Prestação Continuada (BPC), Naércio Menezes responde duas das perguntas acima e coloca uma divisão no grupo.

Por sua vez, Ricardo Paes de Barros (ex-IPEA e hoje INSPER), que tem a mesma preocupação de Naércio Menezes na avaliação ultra cuidadosa de politicas sociais, já falou de aumento “louco ou quase irresponsável do salário mínimo” (ver aqui), a mesma politica que não deveria ser modificada segundo Naércio Menezes.

Se um politico perguntasse qual a opinião do INSPER sobre o assunto- reajuste do salário mínimo- sairia sem resposta porque há mais de uma opinião sobre o mesmo assunto, apesar do INSPER ter hoje um dos melhores curso de economia do país. Sempre que vou lá tenho vontade de voltar a ser estudante. (O bom no caso do INPSER é que, depois de um debate confrontado com a evidência empírica, eventualmente se chegaria a um consenso. O mesmo não ocorre na maioria dos cursos de economia de outras universidades).

Outro exemplo. O programa abono salarial é bom ou ruim? Esse é um beneficio que equivale a um 14o salario, um salário mínimo, para aqueles trabalhadores com carteira de trabalho que ganham até dois salários mínimos mensais. Do grupo acima, a grande maioria condenaria o programa e até mesmo o atual Ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, nunca escondeu sua sugestão, quando fora do governo, de terminar com este programa até 2018. Mas muitos gostam do programa desde que o seu funcionamento seja aperfeiçoado.

Ricardo Paes de Barros, um dos mais respeitados se não o mais respeitado economista do Brasil na avaliação de programas sociais, acredita que o programa é bom e poderia até ser ampliado como uma política alternativa aos aumentos reais do salario mínimo, o valor do abono salarial poderia ser mensal para mostra para o trabalhador o beneficio da formalização e decrescente para quem ganha até dois salários mínimos (ver aqui).

Hoje, um trabalhador com carteira de trabalho que ganha 1 salário mínimo e outro que ganha 2 salários mínimos têm direito ao mesmo beneficio: um salário mínimo extra. Alguns economistas como Ricardo Paes de Barros (INSPER) e André Portela (FGV-SP) defendem o pagamento do abono mensal e inversamente proporcional a renda mensal do trabalhador até dois salários mínimos. Assim, não é consensual acabar com abono salarial.

Este longo artigo foi para defender uma tese polêmica. Nós economistas exigimos dos políticos uma solução para crise e cobramos deles uma agenda de mudanças clara. Do outro lado, os políticos exigem de economistas clareza do que fazer, uma clareza que nem sempre é consensual entre nós. Os dois lados estão errados.

Assim, termino o artigo com algo que aprendi do próprio Samuel Pessoa há muito tempo atrás. Quando falava para ele da minha angústia de não ver o país melhorando no ritmo que eu esperava, ele me falou que a piora da economia e o crescimento da inflação levariam a mudanças, pois o grupo politico no poder seria punido pelos eleitores.

Assim, quem precisa nos surpreender não são os políticos, nem os economistas. Mas sim a sociedade que precisa se organizar, demandar mudanças e punir por meio do voto os políticos e partidos que fizeram propostas irresponsáveis e que nos levaram a crise. Sei que isso demora, mas não há alternativa.

Os líderes são importantes para ajudar a sociedade a entender os problemas e os dilemas, mas a resposta para a crise precisar vir de nós e não de economistas ou políticos supostamente iluminados. E vou dizer algo para vocês: politicos morrem de medo de protestos nas ruas.

A aristocracia do Partidos dos "Trabalhadores": Delcidio torrando o dinheiro roubado

O que se pode sentir, em relação a um crápula desses, quando se sabe que nada disso foi feito com base em seu salário de senador pelo partido totalitário? Asco?
Não: apenas desejo que ele apodreça na prisão, o que obviamente não vai ocorrer. Nos EUA, ele pegaria, de cara, 30 anos firmes, sem remissões, mais os acréscimos, multas, agravantes, etc.
Paulo Roberto de Almeida 

 
QUEM GANHA MUITO PODE GASTAR BASTANTE....

REPASSANDO

Nada me tira da cabeça, que em todos os países que adotaram esse tipo de "socialismo", toda a  "realeza" (que antes eram "pobrinhos") fica deslumbrada. No início (adolescentes), universitários, metiam o pau nas elites, que davam emprego para seus pais, educava-os e sustentava-os. Depois se transformavam, sem esforço algum, nessas coisas aí embaixo.
Ficam tão deslumbrados que fazem coisas que nem as "elites" (galinha dos ovos de ouro) tem mais esse gosto.
 Aliás, mania que tem os "mortadelis" de achar que ricos tem esses gostos pela ostentação. Rico é rico porque sabe o valor do seu dinheirinho. Trabalhou, suou, fez poupança, soube aplicá-lo, não em besteiras.

​Pessoal, no vídeo as duas filhas de Delcídio, torcendo pelo pai, creio que nas eleições para governador, que ele perdeu aqui no MS !
São literalmente "duas princesas", que vivem numa redoma de ouro, e nada sabem da nossa realidade ! 
Pois o quê pais desclassificados podem ensinar a seus filhos ? Honestidade, caráter, merecimento, solidariedade, comprometimento ? 
Será que a "famiglia" irá reconsiderar seus valores, ou todos estão se considerando injustiçados ?
Vejam abaixo a orgia de gastança e ostentação que foi a festa de uma de suas filhas !
 

Descrição: https://linhaslivres.files.wordpress.com/2013/10/delcidio-do-amaral.jpg

Pessoal, não sou apologista da pobreza, pelo contrário, admiro muito uma pessoa que enriquece trabalhando, dando duro, pagando impostos, gerando empregos e riquezas para si próprio, para seus funcionários e para o seu país!

Admiro muito grandes, médios ou pequenos empresários que não têm descanso, não têm sábado nem domingo, trabalham de sol a sol e um dia conseguem colher o que plantaram !

Mas abomino, do fundo da minha alma parasitas pollíticos, corruptos, desavergonhados que roubam descaradamente, se apossam sem remorsos do dinheiro dos nossos impostos, que fará falta ao país e a seu povo !

Povo que morre nas filas do SUS, morre baleado por bandidos, morre sem educação, morre afetado por doenças endêmicas, que vive sem água, que paga o olho da cara pela luz, que morre soterrado, por desmoronamentos ou vazamentos tóxicos...

Enfim... Todos vocês sabem do que estou falando e irão entender porque considero a festa de 15 anos dessa menina, um acinte, um desprezo por nós, pela nossa inteligência, pela nossa dignidade!


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Os 15 Anos de Maria Eugênia do Amaral

 

A icônica mansão que já foi palco da Casa Cor no ano passado voltou aos seus tempos áureos. Maria Eugênia Amaral, carinhosamente chamada de Gigi, celebrou seus 15 anos na casa que teria capacidade para abrigar os 700 amigos da família. Na noite de sábado, a caçula do senador Delcídio e de Maika do Amaral fez a noite mais vibrante e intensa dos últimos tempos. Noite esta que ficará marcada na memória social de Campo Grande e de Mato Grosso do Sul. Não apenas pela natural suntuosidade que sugeria a atmosfera, mas pela singular energia que emanava em cada pedacinho da festa. Parecia mágica. Num eston-teante vestido, na parte de cima, inteiro em Cristais Givenchy, com saia em tufos de tule dourado com pastilha de paetês, confeccionado por Júnior Santa-ella especialmente para ela, Maria Eugênia parecia flutuar. Estava em casa, envolvida pela família, rece-bendo as amigas exatamente do modo como havia imaginado. À irmã, Maria Eduarda, foi entregue a missão de construir o espetáculo da alegria. Ao longo de um mês, a mansão vinha se transformando para ser um espaço dourado de 1,6 mil metros, inteiramente coberto em teto transparente, onde frondosas árvores naturais surgiam iluminadas na lateral do espaço. 

 

Na entrada, painéis, com celebridades internacionais, revelavam que hollywood era ali. Em seguida, TVs de LCD trazendo alguns filmes clássicos como "Cantando na chuva” e “Os homens preferem as loiras”, e mais adiante 04 imensos lustres de cristal davam as boas-vindas aos convidados no salão. Tudo remetia aos desejos de Maria Eugênia. Centenas de orquídeas harmonizavam com minirosas pink. O mobiliário era assinado por Philippe Starck, em preto e suaves inter-ferências em ouro. O cardápio de Maria Adelaide No-ronha, do Yotedy, também impressionou em especial pelos ouriços de cream cheese com camarão e as tilápias ao duo de queijos e creme de limão. Foram mais de 120 garrafas de uísque Johnnie Walker e 240 de champanhe Veuve Clicquot. A moçada gostou mesmo foi do pizzaiolo do Faustão e das bebidas servidas com pouco teor alcoólico, que vinham nos drinks e shots. E dos barmen, lindos que vestiam smoking branco, todos do Help Bar, de São Paulo e Brasília. 

 

Maria Eugênia ganhou surpresinhas ao longo da noite... Dentre elas, brincos, anéis e pulseiras de ouro e brilhantes. Depois veio o show, entrou em cena um dos mais eletrizantes DJs que já esteve em Campo Grande, Fabiano Salles, residente da internacional Pink Elephant Club. Ele segurou a pista até as seis horas da manhã, quando o sol ganhou a festa. Em tempo, Maria Eugênia trocou de roupa no meio da noite. O vestido desprendia a saia e se tornava próprio para pista. Decotadésimo e iluminado. A festa falava vários sotaques. Havia amigos do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Maria Eugênia viveu uma festa, como sugeriu em seu convite baseado na calçada da fama de hollywood. Deixou aflorar toda intensidade de sua felicidade em poucas horas. Alegria pelo dia. Euforia pela ocasião. Disciplinada, detalhista e admirada, no sábado, ela dividiu suas glórias.

 

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Maika, com as filhas, Maria Eugênia e Maria Eduarda, e o marido, senador Delcídio Amaral

 

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Detalhe da festa, com pista de dança looootada

 

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Detalhe para a ilha com salmão e caviar

 

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Detalhes para a mesa de frios, com queijos importados

 

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As habilidades do pizzaiolo do Faustão, Edmundo Vieira

 

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A pista de dança foi montada em pastilha dourada de murano italiano

 

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Os garotos do HELP Bar, Felipe Rodrigues, Douglas Neis, André Coelho e André Del Negro, habilidade nos drinks

 

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A charmosa aniversariante, Maria Eugênia Amaral, vestida em cristal Givanchy, do estilista Júnior Santaella

 

 

Presenteou cada um dos convidados com doses generosas de alegria. Enquanto todos dançavam, sorriam, cantavam, se abraçavam e brindavam, lá no fundo da alma, também agradeciam. Afinal, aquele momento era um grande show. Da vida.


Sabem quantos chefs prepararam os canapés? 06 chefs. Os convidados puderam escolher entre mais de 30 tipos de iguarias. Entre os pratos quentes, havia escalope de filet mignon ao molho de abacaxi e mel, purê de 3 castanhas (nozes, amêndoas e castanhas portuguesas) com um toque de tâmara, tornedores de pupunha grelhados na manteiga de sálvia, camarões da Escócia com purê de macaxeira e wasabi. Na parte de ilhas, havia a japonesa e as de queijos maasdamm, brie, além de foie gras e terrine de aspargos e muito mais.

A nobreza inglesa que me perdoe, mas aqui em Cam
-po Grande essa festa da Maria Eugênia Amaral não ficou devendo quase nada ao servido naquele chama-do "casamento do século", que eles fizeram na Ingla-terra. Não temos a Fiona Cairns, mas temos doceiras de primeiríssimo time e, quanto aos chefs, do Yotedy, em sua maioria são premiados nacionalmente, mas, como nobreza é nobreza, rendemos nossas homena-gens. As fotos, com exclusividade da coluna, revelam um 15 anos digno de princesa, que será mostrado com mais detalhes durante a semana. Confira alguns flashes..

 

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Esta mesa de 5,9 metros foi recheada de trufas, bombons feito pela Andressa

 

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Assim ficou o salão, com móveis do Philippe Starck

 

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Uma panorâmica da festa, repleta de convidados

 

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Aqui foi montada a temakeria para os jovens

 

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A ilha japonesa, de Alberto Higuti

 

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No hall de entrada, duas enormes esculturas do Oscar, simbolizavam que Hollywood era ali

 

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Uma visão completa do salã



Psicanalise dos Contos de Fadas: versao companheira - Paulo Roberto de Almeida e Carlos Brickman

O pequeno texto abaixo é do conhecido jornalista político Carlos Brickmann, mas ele me aparece, nesta manhã de domingo, 6/12/2015, quando eu tinha recém concebido mais uma nota em torno da psicanálise da gestão companheira no contexto da Grande Destruição por eles provocada.
Por isso me permito fazer anteceder a transcrição do texto de Brickmann, por esta pequena nota que preparei para tentar explicar como as coisas aconteceram no reino do Nunca Antes.

PSICANÁLISE DOS COMPANHEIROS
Paulo Roberto de Almeida
Anápolis, 6 de dezembro de 2015

Sessão de psicologia das massas populares, paga com pixulecos calibrados

Os velhos apparatchiks sempre olharam para aquela critatura de olhos arrevesados:
"Então uma arrivista, uma oportunista, uma transfuga do velho populismo trabalhista, vem agora roubar o nosso lugar, a posição política que nos cabe de direito como fundadores da nossa organização?"

A própria deve pensar:
"Esses neobolcheviques, esses guerrilheiros reciclados, quem eles pensam que são? Se meteram em tantos malfeitos que acabaram nas mãos na polícia, e agora vêm reclamar? Pois foi bem feito, ninguém mandou ser tão amadores, tão irresponsáveis nessas operações especiais..."

O chefão de todos eles:
"Eu fui colocar essa bichinha como um favor, passando na frente de velhos companheiros, e agora ela me apronta tudo isso? Faz uma bagunça inacreditável na minha base de apoio, se recusa a aceitar recomendações para administrar esta birosca, pensa que sabe de tudo, só porque frequentou umas merdas de cursos dos nossos aloprados, e acha que pode sobreviver sem nenhum apoio, só com aquelas frases que ninguém entende..."

A própria indo longe no pensamento:
"Esse cara deve achar que é um deus: fica no meu rabo o tempo todo, não me dá descanso. Ele não se dá conta que eu só estou nesta merda por causa da sua ambição desmedida, de sua sede por dinheiro, de sua vontade de roubar tudo de uma vez só? Que tudo isso está nesse pandemônio por causa da herança maldita que ele me deixou, ainda com aqueles guerrilheiros reciclados querendo continuar a roubar, inclusive na minha horta?"

Os velhos apparatchiks:
"Agora já deu, agora vamos prá cima dela, é ou vai ou racha. Vamos fazer um último esforço para salvar o mandato daquela desmiolada, mas depois não queremos mais saber. Ela destruiu tudo o que a gente tinha construído ao longo dos anos, tudo perdido, por causa da incompetência daquela oportunista, que o chefão colocou lá só para continuar mandando."

O chefão, desconsolado:
"Agora não tem mais jeito. Mas eu não vou para a cadeia por causa desses babacas irresponsáveis, desse imbecis que nem sabem fazer um serviço direito. Tudo o que aconteceu nos últimos anos foi por culpa exclusivamente do poste, e é isso que eu vou dizer pros home quando me perguntarem."

Terminou a sessão: tem um japonês batendo na porta...
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UM SONHO IMPOSSÍVEL
Carlos Brickmann
Edição de Domingo, 6 de dezembro de 2015

Um sonho. Ou pesadelo. Num país imaginário, em que quadrilhas vorazes disputavam o poder, o Grande Mestre Fazedor de Rainhas decidiu enviar ao Frigorífico de Formol a Rainha dos Maus Bofes, que ousara, com palavras incoerentas e gestão incompetenta, colocar em risco os projetos futuros do bando.
Um sábio, o Grande Mestre. Primeiro, declarou-se favorável à Rainha dos Maus Bofes, para que ninguém dele suspeitasse. Seu grupo, religiosamente obediente, duramente controlado, até com expulsão de quem votasse contra a linha justa, passou a mostrar sinais de divisão. A Guerra das Quadrilhas envolvia chantagens mútuas, que mantinham paralisados a Rainha dos Maus Bofes e seu principal adversário, o Coisa Ruim. Pois não é que o grupo do Grande Mestre anunciou que destruiria o Coisa Ruim? Com isso, livrou-o da chantagem – já que não lhe faria diferença ficar quieto ou reagir – e permitiu que ele contra-atacasse em grande estilo, mobilizando sua quadrilha para destruir a Rainha.
Nesse país imaginário, os seguidores do Grande Mestre jamais o desobedeceriam. Se desobedeceram, foi porque ele mandou. E até seu gavião amestrado, o Pequeno Rapinão, capaz de qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, para agradar o chefe, agiu contra suas ordens oficiais. Só o faria se recebesse ordens secretas em contrário. E a Rainha dos Maus Bofes tinha certeza de que mandava!
O título Um Sonho Impossível vem do musical O Homem de la Mancha. Aqui, pela fama do pessoal, melhor seria Os Homens e Mulheres de Las Manchas.

Adolfo Sachsida: Livro Sobre a Tributacao, fundamentos econômicos, sociais e morais

Blog do Adolfo Sachsida, 6/12/2015

Uma breve introdução ao livro “Considerações Econômicas, Sociais e Morais sobre a Tributação”.


Quinta-feira, dia 10/12, as 19:00 horas, na Livraria Cultura do Shopping Iguatemi (Brasília), estarei lançando meu terceiro livro. Abaixo dou mais detalhes sobre o mesmo.

O livro “Considerações Econômicas, Sociais e Morais sobre a Tributação” é composto por 12 capítulos que em seu conjunto denunciam diversas falácias associadas a tributação. Além disso, diversos capítulos se destinam a análises sobre impostos específicos. Destacam-se aqui os capítulos que exploram os efeitos de dois tributos que têm atraído o interesse de políticos, da imprensa e de pesquisadores: o impostos sobre grandes fortunas, e a contribuição provisória sobre movimentação financeira (CPMF). Este livro fornece diversos argumentos contrários a tais tributos, e pretende ser uma importante barreira para evitar sua aprovação. Por fim, é feita uma comparação de nosso sistema tributário com o de outros países. O livro termina com uma coletânea de ideias que devem ser adotadas para melhorar a eficiência do sistema tributário brasileiro. Isto é, além de discussões teóricas o livro apresenta também propostas concretas para ajudar na reforma tributária de que nosso país tanto necessita. 

O livro conta ainda com prefácios escritos por Rodrigo Constantino, Alexandre Borges e Bruno Garschagen. Desnecessário dizer que agradeço imensamente a eles pela ajuda e apoio. Também torno público meu agradecimento a José Loredo, ao Instituto Liberal, e a editora Resistência Cultural pelo apoio para a realização dessa obra. Confio que esse livro será um importante instrumento para a defesa de um estado menor e de uma tributação menos selvagem. Abaixo deixo ao leitor os três últimos parágrafos da introdução do livro. 

Este livro levanta diversos questionamentos necessários, mas que por algum motivo não estão sendo discutidos no país. Por exemplo, será mesmo que um imposto sobre grandes fortunas é justo? Exatamente por que temos tantas pessoas defendendo o aumento da tributação? Este livro questiona os fundamentos morais de se taxar a herança. Qual a moralidade dessa medida? Questionam-se também os fundamentos sociais que apoiam a taxação progressiva da renda. Exatamente por que pessoas que trabalham mais devem ser taxadas numa proporção maior do que aquelas que trabalham menos? Será que tal medida não pune os indivíduos mais trabalhadores e beneficia os relapsos? Aliás, exatamente qual é o fundamento moral ou social que embasa a ideia de uma tributação progressiva? Do ponto de vista econômico, qual é o melhor tipo de tributação? Será justo tributarmos os trabalhadores pobres que compram casas? Quem é que realmente paga o imposto sobre bens de luxo?

Este livro explora as justificativas econômicas, morais e sociais comumente adotadas para se justificar a implementação, ou aumento, de determinado tributo. Por meio de questionamentos simples e respostas diretas, mostramos ao leitor as diversas falácias adotadas pelo governo (e por alguns intelectuais) para justificar aumentos absurdos de tributos. Aumentos esses que numa sociedade um pouco mais civilizada já teria levado seus apoiadores ao descrédito público.

Além dessa introdução, o livro apresenta ao longo de seus capítulos diversas discussões acerca dos argumentos econômicos, morais, e sociais que embasam diversos tipos de tributos. Também é feita uma revisão acerca da evolução da arrecadação tributária no Brasil. Tal revisão é importante, pois mostra que nossa carga tributária tem aumentado de maneira significativa ao longo dos anos. Além disso, também são feitas comparações internacionais entre o sistema tributário brasileiro e o de outros países. Por fim, o último capítulo sintetiza os conhecimentos explorados nesse livro na forma de uma proposta para uma futura reforma tributária no Brasil.


Os "tribunais de Nuremberg" no Pacifico: os crimes de guerra do Japao (book review)

Guillemin on Kushner:
'Men to Devils, Devils to Men: Japanese War Crimes and Chinese Justice' [review]

Barak Kushner. Men to Devils, Devils to Men: Japanese War Crimes and Chinese Justice. Cambridge:    Harvard University Press, 2015. 416 pp. $45.00 (cloth), ISBN 978-0-674-72891-2.

Reviewed by Jeanne Guillemin (Massachusetts Institute of Technology)
Published on H-Diplo (December, 2015)
Commissioned by Seth Offenbach

The plot of Dorothy Sayers’s 1935 mystery Gaudy Night turns on the suicide of a literary historian whose magnum opus was destroyed by the discovery of a single document that refuted his entire thesis. Every historian lives in some dread of the next archival discovery that could consign years of work to the dustbin. None perhaps are more vulnerable than those who study China, an ancient civilization and vast nation, with a modern history disrupted by colonialism and civil war and then wrapped in government secrecy. After the 1949 creation of the People’s Republic of China (PRC), Westerners with an academic interest were often reduced to decoding propaganda, tracking leadership turnover, or hoping that visiting Chinese colleagues would speak in confidence, without incriminating the speaker or the listener. Since the 1990s, with the PRC government more open, access to information has improved and, with the end of martial law in Taiwan in 1987, researchers have better access there as well. Young Asian and Western scholars are greatly enriching our understanding of China, not as a nation apart but in its regional and world relationships. Their transnational frameworks for analysis and perhaps their factual discoveries may unsettle their professors.

Barak Kushner, University Senior Lecturer in Modern Japanese History at Cambridge University, is part of the new, linguistically prepared generation enjoying this liberal phase. In his new book, Men to Devils, Devils to Men, he shows exceptional acumen in analyzing the difficult period just after World War II when China, victoriously allied with the West, sought justice for war crimes committed by the leaders of defeated Japan. The author has mined invaluable postwar sources in the original Chinese and Japanese and added to them references to the writings of contemporary Asian commentators, also untranslated and difficult for the ordinary reader to check—although nearly everything these days can be found on the Internet.

In 1945, a small group of American lawyers working under secretary of war Henry Stimson created the codes and specified the legal process for bringing top Nazi war criminals to justice (the alternative had been to shoot them). The innovations challenged and sometimes confused the Allies and led to years of legal quarrels. The Nuremberg Charter, for example, introduced two new definitions of war crimes—the crime of aggressive war and crimes against humanity. The Four Powers (the United States, Great Britain, the Soviet Union, and France) were entitled to hold a military tribunal to prosecute a small, representative number of defendants.

The subject of Kushner’s book is what happened when these innovations, through US influence, made their way into Chinese law, shaped Nationalist China’s war crimes tribunals (more than 600 by late 1949), and affected relations with Japan. The “Class A” Japanese war criminals, mostly those held responsible for waging aggressive war, were put on trial in Tokyo in 1946 at the International Military Tribunal for the Far East (IMTFE). A corollary to the International Military Tribunal at Nuremberg, with a nearly identical charter, the Tokyo trial was the most international of any international criminal tribunal before or since; it assembled judges and prosecutorial teams from eleven Allied nations: the Four Powers plus China, Australia, Canada, New Zealand, the Netherlands, India, and the Philippines. Of these, China had the longest and most brutal history of Japanese armed invasion and oppression.

In his introduction, Kushner points out the well-known distinction in Western law between jus ad bellum, the rules guiding the initiation of war, and jus in bello, the customs of law that impose limits on its conduct. The crime of aggressive war (designated a “Class A” crime) referred to the illegal initiation of war, as in Japan’s attack on Pearl Harbor or its 1937 provocation of the Sino-Japanese War. Crimes committed in war, for example, abuses of prisoners of war, and destruction of enemy property and the environment were classed as “B” war crimes. “C” war crimes referred to atrocities, especially violence to civilians; the thought in mind in Nuremberg was the Nazi mass murders of Jews, Poles, and Russians.

The remaining seven chapters of Men to Devils take on complicated history episodes with admirable clarity. In the first chapter, the tumult of the Japanese surrender is covered in fine detail, with an important corrective. General Douglas MacArthur, leader of the US occupation in Tokyo and the Harry Truman administration in Washington both believed that the Japanese surrender had been speedily accomplished after the signing of the Surrender Instrument on September 2, 1945. Japan itself was calm. Kushner points out that the Japanese Empire stretched across the Asia-Pacific region and took time to disintegrate. In China and Manchuria, the largest affected area, Japanese soldiers and the civilians who had been living there for years were swept up in the chaos of the war’s end and in China’s continuing civil war with the Chinese Communist Party (CCP). Kushner dismisses historian John Dower’s account of the rapid Japanese accommodation to the occupation (their “embracing defeat”) as too focused in Japan’s four home islands and its relationship with the United States, at the expense of comprehending how Japan, the colonial hegemon, related to its East Asian neighbors (p. 67). He also makes no reference to Dower’s 1986 book War Without Mercy: Race and Power in the Pacific War, which documents American wartime stereotypes of the Japanese and would have made a good basis for comparison, especially for the “devil” images and Japanese wartime propaganda, about which Kushner has written an earlier book (The Thought War—Japanese Imperial Propaganda, 2005).

Chapter 2 offers a fascinating view of the Chinese struggle to affirm its national sovereignty through its handling of war crimes tribunals and Japanese prisoners. Chapters 3 and 4, the heart of the book, follow through with how the Chinese administered justice in competition for jurisdiction with the Allies, especially the United States. Given the over 600 war crimes trials that the Chinese held and the often fragmentary nature of their records, it is to the author’s credit that he makes sense of this period and the demands on the Chinese to select defendants, provide for prisoners, and decide between acquittal and punishment, which tended to be lenient. The fifth chapter, on Taiwan, adds a note of complexity. The training of Nationalist troops by a contingent of former Imperial Japanese officers—a surprising alliance—illustrated the respect with which certain high-ranking military were held, if and when they could give an advantage in battles against the CCP forces.

The defeat of the Chinese nationalists in 1949 and the re-establishment of their government in Taiwan leads to chapter 6 and the Cold War context for war crimes adjudication, which markedly slowed, not only in Asia but in Europe. The Nationalists with defeat curtailed their tribunals; the People’s Republic was more preoccupied with its own domestic reorganization and the purges of counterrevolutionaries and spies. The PRC involvement in the Korean War was a further distraction. In 1951, the San Francisco Peace Treaty gave Japan back its autonomy (with provisions attached) and with it the Japanese retrieved some control of the fate of war criminals still imprisoned. Here the book’s discussion shifts to the growing cynicism of the Japanese population about “so-called war crimes” and the legitimacy of the IMTFE and the hundreds of other trials of Japanese war criminals. By 1955, all those convicted at the Tokyo trial, even those given life sentences, were freed from prison. What, then, was the meaning of justice? Kushner adds new detail and nuance to the Japanese shift towards seeing themselves as victims, not perpetrators, of the dreadful war.

Chapter 7 is the best in the book. In about 50 pages, the author covers what happened to Japanese prisoners of war still captive in the People’s Republic in the early 1950s or delivered there from the Soviet Union. “Benevolence” was the policy and “reeducation” the goal. Trial transcripts and personal remembrances add to the drama of this chapter, in which the CCP aim of maximizing political impact is not forgotten. One thinks back to the 1979 book by Philip R. Piccigallo, The Japanese on Trial, with its brief but very good overview of the Chinese war crimes trials, and cannot help but be grateful for Kushner’s revival of a time otherwise erased from history and still needing more investigation and thought. It is often said that, compared to the Nuremberg trial, little attention has gone to the prosecution of the Japanese. Men to Devils helps right the balance.

Printable Version: http://www.h-net.org/reviews/showpdf.php?id=44546

Citation: Jeanne Guillemin. Review of Kushner, Barak, Men to Devils, Devils to Men: Japanese War Crimes and Chinese Justice. H-Diplo, H-Net Reviews. December, 2015.
URL: http://www.h-net.org/reviews/showrev.php?id=44546

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sábado, 5 de dezembro de 2015

O MEC e o seu caldeirao de delirantes pedagogos - Ronaldo Vainfas critica a Base Curricular Comum

Nova face do autoritarismo
Proposta da comissão do MEC para o ensino da História em 2015 é uma aberração.
Mutila os processos históricos globais, aposta na sincronia contra a diacronia
POR RONALDO VAINFAS
O Globo, 05/12/2015

Não é de hoje que o Estado brasileiro tenta estropiar o ensino da História no país. No regime militar, a principal tentativa veio com a obrigatoriedade do ensino de Estudos Sociais, fundindo a História e a Geografia em uma mesma disciplina, em detrimento de ambas. Foi uma decisão do governo Médici, em 1971, no auge da ditadura, restrita ao atual ensino fundamental, antigo primeiro grau. O modelo era o do Social Studies dos EUA, que concebia o estudo da História a partir de círculos concêntricos: família, escola, bairro, cidade, país. Um modelo limitado, ao mesmo tempo individualista e nacionalista. O combate à História como disciplina se alastrou para o antigo secundário, atual ensino médio, com a imposição das disciplinas Organização Social e Política do Brasil (OSPB) e Educação Moral e Cívica. Tais reformas foram executadas nas gestões dos ministros Jarbas Passarinho e Ney Braga no MEC, ambos militares reformados engajados no golpe de 1964.

A sociedade brasileira reagiu, e a História foi restaurada como disciplina específica, entre 1984 e 1993, em meio ao processo de redemocratização do país. Atualmente, ela integra o currículo mínimo do ensino fundamental e do ensino médio. Os diversos Parâmetros Curriculares Nacionais garantiram a interdisciplinaridade, sem rejeitar a especificidade do conhecimento histórico: a diacronia, as particularidades.

Eis que agora vem à baila a discussão da Base Curricular Comum, urdida pelo Estado desde o primeiro governo lulopetista. Nunca se soube como foram escolhidos os membros da comissão encarregada do trabalho, cujos nomes só agora vêm a público, muito menos as instruções que receberam deste governo cara de pau. O fato é que os trabalhos da comissão foram consolidados em 2014, ano eleitoral, e publicizadas em 2015. O conceito de Base Curricular Comum é, por si mesmo, discutível, ao presumir uma uniformidade de conhecimentos desejáveis, sobretudo em História, para um país gigantesco e diverso.

O mais grave, porém, é a retomada da postura autoritária, ainda que invertendo a chave da ditadura militar. A disciplina História prevista pelo regime lulopetista estabelece para o fundamental I o ensino de sujeitos, grupos sociais, comunidades, lugares de vivências e, por fim, o dos “mundos brasileiros”. Conceitos abstratos e anódinos, impossíveis de serem ensinados a crianças, salvo como doutrina. Os primeiros dois anos do fundamental II prosseguem nesta linha abstrata de “processos e sujeitos”.

Imagine-se o aluno que ingressar no ensino médio com tais “conhecimentos” incertos. E logo no primeiro ano, terá aulas sobre os “os mundos ameríndios, africanos e afro-brasileiros”, matéria aprofundada no ano seguinte, com o estudo dos “mundos americanos”, para culminar com os “mundos europeus e asiáticos” no terceiro ano. Nunca houve, na história deste país, parafraseando o “grande líder”, um ataque deste jaez ao ensino da História.

O ensino da História do Brasil sempre foi problemático entre nós, brasileiros, sendo ora admitida como disciplina específica, ora inserida na História Geral. Reaparece, na versão lulopetista, de maneira desastrosa. A comissão encarregada de formular o currículo comum não se avexa de escrever que “enfatiza-se a História do Brasil como o alicerce a partir do qual tais conhecimentos serão construídos ao longo da educação básica”.

Nem mesmo a reforma do ministro Francisco Campos, em 1931, ou a de Gustavo Capanema, em 1942, ministros de Getúlio Vargas, ousaram perpetrar tal decreto, entronizando o Brasil como o centro do mundo. E o tempo era revolucionário, golpista, ditatorial — depende da interpretação.

A proposta da comissão do MEC para o ensino da História em 2015 é, portanto, uma aberração. Mutila os processos históricos globais, aposta na sincronia contra a diacronia, é fanática pelo presentismo. Incentiva ódios raciais e valores terceiro-mundistas superados. Estimula a ignorância, ao colocar a História ocidental como periférica, na realidade como vilã. Combate o eurocentrismo com um brasilcentrismo inconsistente. É uma aposta no obscurantisamo, inspirada por um modelo chavista de política internacional. Que Deus salve o Brasil desta praga — só apelando a Deus, et pour cause.

Ronaldo Vainfas é historiador