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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

domingo, 20 de janeiro de 2019

Trabalhos publicados em 2018 - Paulo Roberto de Almeida

TRABALHOS PUBLICADOS, 23
2018: Do n. 1.273 ao n. 1.299

Paulo Roberto de Almeida

Atualizada em 20 de janeiro de 2019


Final da série de Publicações de 2018, em ordem cronológica inversa:
Número de trabalhos publicados: 26; 394 pp. publicadas

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1273. “A diplomacia na construção da nação: qual o seu papel?”, Mundorama(9/01/2018; link: http://www.mundorama.net/?p=24351). Republicado no site do Instituto Millenium (20/01/2018; link: https://www.institutomillenium.org.br/artigos/diplomacia-na-construcao-da-nacao-qual-o-seu-papel/). Relação de Originais n. 3221.

1274. “Relações internacionais do Brasil: 5 pontos essenciais para as eleições 2018”, podcast do Instituto Millenium (link: https://exame.abril.com.br/blog/instituto-millenium/relacoes-internacionais-5-pontos-para-voce-ficar-atento/). Divulgado no Diplomatizzando(https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2018/02/relacoes-internacionais-5-pontos-para.html) e no Facebook (https://www.facebook.com/paulobooks/posts/1827430987320343). Relação de Originais n. 3230.

1275. Volta ao Mundo em 25 ensaios: relações internacionais e economia mundial(Brasília: Edição Kindle, 10/03/2018; ASIN: B07BCRM1YF; disponível na Amazon, link: https://www.amazon.com/dp/B07BCRM1YF); novo prefácio: “Diário de bordo de uma nova volta ao mundo”, Brasília, 25/10/2017, 5 p.; n. 3185. Blog Diplomatizzando(11/03/2018; link: https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2018/03/volta-ao-mundo-em-25-ensaios-disponivel.html); nova postagem com prefácio e índice (https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2018/03/volta-ao-mundo-em-25-ensaios-prefacio.html). Relação de Originais do livro de 2014 n. 2712.


1277. “Prata da Casa, dezembro de 2017 a março de 2018”, Revista da ADB(ano XX, n. 97, dezembro de 2017 a março de 2018, p. 43-45; ISSN: 0104-8503; links: https://adb.org.br/revista-adb/#revista-adb-97/page42-page43https://adb.org.br/revista-adb/#revista-adb-97/page44-page45). Mini-resenhas sobre os seguintes livros: (1) Paulo Roberto de Almeida: Formação da Diplomacia Econômica no Brasil: as relações econômicas internacionais no Império(3ra. edição, revista; Brasília: Funag, 2017, 2 volumes; Coleção História Diplomática; ISBN: 978-85-7631-675-6; obra completa; 964 p.; vo. I:516 p.; ISBN: 978-85-7631-668-8; vol. II: 464 p.; ISBN: 978-85-7631-669-5); (2) Rubens Ricupero: A diplomacia na construção do Brasil, 1750-2016(Rio de Janeiro: Versal, 2017, 780 p.; ISBN: 978-85-89309-80-6); (3) Sérgio Corrêa da Costa: A diplomacia do marechal: intervenção estrangeira na Revolta da Armada (3a. edição; Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 2017, 494 p.; ISBN: 978-85-7631-708-1); (4) Sérgio Eduardo Moreira Lima; Paulo Roberto de Almeida; Rogério de Souza Farias (orgs): Oswaldo Aranha: um estadista brasileiro (Brasília: Funag, 2017, 2 vols.; vol. 1, 568 p.; ISBN: 978-85-7631-696-1; vol. 2, 356 p.; ISBN: 978-85-7631-697-8);(5) Paulo Borba Casella, Raphael Carvalho de Vasconcelos, e Ely Caetano Xavier Junior (orgs.): Direito Ambiental: o legado de Geraldo Eulálio do Nascimento e Silva (Brasília: Funag, 2017, 492 p.; ISBN: 978-85-7631-673-2); (6) Henrique Carlos Ribeiro Lisboa:A China e os chins: recordações de viagem(Rio de Janeiro: Fundação Alexandre de Gusmão/CHDD, 2016, 334 p.; ISBN: 978-85-7631-593-3); Publicado no blog Diplomatizzando(13/04/2018; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/04/prata-da-casa-os-livros-dos-diplomatas.html). Relação de Originais n. 3198.

1278. A Brazilian Adam Smith: Cairu as the Founding Father of Political Economy in Brazil at the beginning of the 19thcentury”, revista Mises: Interdisciplinary Journal of Philosophy, Law and Economics(São Paulo, SP, Brazil; vol. 6, n. 1, edição 10 (janeiro-abril 2018); ISSN: 2318-0811, pp. 117-129; DOI:https://doi.org/10.30800/mises.2018.v6.64e-ISSN: 2594-9187;link: https://www.misesjournal.org.br/misesjournal/article/view/64; artigo em pdf, link: https://www.misesjournal.org.br/misesjournal/article/view/64/179).Relação de Originais n.3129.


1280. “Incerteza global: Como uma guerra comercial entre EUA e China pode afetar a economia do Brasil e do mundo?”, hangout no site do Instituto Millenium (link: https://www.institutomillenium.org.br/recentes/imil-promove-hangout-incerteza-global-nesta-quinta/); vídeo gravado (link: https://youtu.be/wuQZokgpOV4) e Publicado no blog Diplomatizzando(links: https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2018/04/guerra-comercial-eua-china-hangout-do_26.htmlhttps://diplomatizzando.blogspot.com.br/2018/04/incerteza-global-como-uma-guerra.html) e anunciado no Facebook (https://www.facebook.com/paulobooks/posts/1896998733696901). Relação de Originais n. 3270.

1281. “Relações internacionais”,in: Jaime Pinsky, Brasil: o futuro que queremos(São Paulo: Editora Contexto, 2018; ISBN: 978-85-520-0058-7,p. 185-201). Informado no blog Diplomatizzando (3/05/2018; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2018/05/o-brasil-que-queremos-livro-jaime.html). Relação de Originais n. 3241. 

 1282. “Associação Latino-Americana de Livre-Comércio (ALALC)”, com Elisa Ribeiro Pinchemel, In: Elisa de Sousa Ribeiro, André Pires Gontijo, Eloisa Maieski Antunes (coords.),Guia de Organizações Internacionais das Américas(Brasília: UniCEUB : ICPD, 2018; 309 p.; ISBN: 978-85-61990-80-0; p. 94-103; disponível: http://repositorio.uniceub.br/handle/235/12111). Relação de Originais n. 3142.

1283. “Associação Latino-Americana de Integração (ALADI)”, com Elisa Ribeiro Pinchemel, In: Elisa de Sousa Ribeiro; André Pires Gontijo; Eloisa Maieski Antunes (coords.),Guia de Organizações Internacionais das Américas(Brasília: UniCEUB-ICPD, 2018; 309 p.; ISBN: 978-85-61990-80-0; p. 104-112; disponível: http://repositorio.uniceub.br/handle/235/12111).Relação de Originais n. 3142.

1284.“Guerra comercial: rumores a esse respeito já não são mais exagerados”, Gazeta do Povo (Curitiba: 19/06/2018; link: https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/artigos/rumores-de-guerra-comercial-ja-nao-sao-mais-exagerados-0g98vhngxb7hdisynty6x47vo).Relação de Originais n. 3286.

1285. “Uma tragédia brasileira: a loucura amazônica do PCdoB”, Posfácio a Hugo Studart: Borboletas e Lobisomens: vidas, sonhos e mortes dos guerrilheiros do Araguaia(Rio de Janeiro: Editora Francisco Alves, 2018, 660 p.; ISBN: 978-85-265-0490-5; p. 503-507). Versão original publicada no blog Diplomatizzando(9/07/2018; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/07/golpes-revolucoes-e-movimentos-armados.html). Relação de Originais n. 3255.

1286. O socialismo morreu: o marxismo cultural tenta mantê-lo vivo”, in: Hattem, Marcel van.Somos nós com uma voz: do megafone à tribuna defendendo a liberdade, o Estado de direito e a democracia(São Paulo: LVM Editora, 2018,
368p.;ISBN: 978-85-93751-24-0), Parte VI: UmaVoz Contra o Marxismo Cultural, Introdução: “O socialismo morreu: O marxismo cultural tenta mantê-lo vivo”, p. 223-229; disponível no blogDiplomatizzando(19/07/2018; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/07/o-socialismo-morreu-o-marxismo-cultural.html).Relação de Originais n. 3253.

1287. “Por que votarei em João Amoedo?”, revista digital Amálgama(27/08/2018; link: https://www.revistaamalgama.com.br/08/2018/por-que-votarei-em-joao-amoedo/); blog Diplomatizzando(link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/08/por-que-votarei-em-joao-amoedo-paulo.html); Facebook (link: https://www.facebook.com/paulobooks/posts/2027857447277695). Relação de Originais n. 3312.

1288. “Prata da Casa, abril a setembro de 2018”, Resenhas dos seguintes livros para a Revista da ADB: 1) Pardellas, Carlos Alberto Pessoa:Epitácio Pessoana Europa e no Brasil(Brasília: Funag, 2018, 544 p.; ISBN: 978-85-7631-758-6; História Diplomática); 2) Godinho, Rodrigo de Oliveira:A OCDE em rota de adaptação ao cenário internacional: perspectivas para o relacionamento do Brasil com a Organização (Brasília: Funag, 2018; 319 p.; ISBN: 978-85-7931-764-7; Curso de Altos Estudos); 3) Friaça, Guilherme José Roeder:Mulheres diplomatas no Itamaraty (1918-2011): uma análise de trajetórias, vitórias e desafios(Brasília: Funag, 2018, 385 p.; ISBN: 978-85-7631-766-1; Curso de Altos Estudos); 4) Moreira, Gabriel Boff:A política regional da Venezuela entre 1999 e 2012: petróleo, integração e relações com o Brasil(Brasília: Funag, 2018, 355 p.; ISBN: 978-85-7631-765-4; Curso de Altos Estudos); 5) Pontes, Kassius Diniz da Silva: Entre o dever de escutar e a responsabilidade de decidir: o CSNU e os seus métodos de trabalho (Brasília: Funag, 2018, 395 p.; ISBN: 978-85-7631-762-3; Curso de Altos Estudos); 6) Berbert, Cristiano Franco: Reduzindo o custo de ser estrangeiro: o apoio do Itamaraty à internacionalização de empresas brasileiras(Brasília: Funag, 2018, 300 p.; ISBN: 978-85-7631-763-0; Curso de Altos Estudos); 7) Araújo, Ricardo Guerra de:O jogo estratégico nas negociações Mercosul-União Europeia(Brasília: Funag, 2018, 385 p.; ISBN: 978-85-7631-759-3; Curso de Altos Estudos) e 8) Domenech, Aurea:Memórias na chuva(Rio de Janeiro: 7 Letras, 2017, 158 p.; ISBN: 978-85-421-0584-31). Publicado na Revista da ADB, Associação dos Diplomatas Brasileiros (ano XX, n. 98, abril setembro de 2018, p. 46-49; ISSN: 0104-8503). Disponível no site da ADB (link: http://adb.org.br/revista-adb/pdf/revista-adb-98.pdf). Divulgado antecipadamente no blog Diplomatizzando (27/08/208; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/08/prata-da-casa-abril-julho-de-2018.html). Relação de Originais n. 3324.

1289. “De la (Non) Démocratie en Amérique (Latine): a Tocqueville report on the state of governance in Latin America”, Revista de Estudos e Pesquisas Avançadas do Terceiro Setor, REPATS(vol. 5, n. 1, jan.-jun. 2008, p. 792-842; ISSN: 2359-5299; link: https://portalrevistas.ucb.br/index.php/REPATS/article/view/10020/5909DOI:http://dx.doi.org/10.31501/repats.v5i1%20Jan/Jun.10020); postado em Academia.edu (link: https://www.academia.edu/37566003/De_la_Non_Démocratie_en_Amérique_Latine_a_Tocqueville_report_on_the_state_of_governance_in_Latin_America_2018_); em Research Gate (link: https://www.researchgate.net/publication/325809199_De_la_Non_Democratie_en_Amerique_Latine_A_Tocqueville_report_on_the_state_of_governance_in_Latin_America). Relação de Originais n. 3284.

1290. “Um debate sobre a guerrilha do Araguaia”, Brasília, 17 outubro 2018, entrevista vídeo ao programa “Iluminuras”, da TV Justiça (registro feito em 17/09/2018; link: https://www.youtube.com/watch?v=McLOEDftRCc&list=PLVwNANcUXyA-uCpVIslCFZaRSokNhM_2S&index=5). Relação de Originais n. 3347.


1292. Paulo Roberto de Almeida (org.), Roberto Campos, A Constituição Contra o Brasil: ensaios de Roberto Campos sobre a Constituinte e a Constituição de 1988(São Paulo: LVM, 2018, 448 p.; ISBN978-85-93751-39-4); com os textos: 1) Prefácio, p. 11-17; 2) “Roberto Campos e a trajetória constitucional brasileira”, p. 19-74; 3) “A Constituição contra o Brasil: uma análise de seus dispositivos econômicos”, p. 379-427 (ensaios e trabalhos n. 3306,233013, 3314, 3315, 3323). Amazon.com (links: http://a.co/d/1wnJvxxe:https://www.amazon.com.br/dp/8593751393/ref=cm_sw_em_r_mt_dp_U__k3j0BbYVJ83P6). Relação de Originais n. 3331.

1293. “O que Margaret Thatcher teria a ensinar ao Brasil?”, podcast a convite do Instituto Millenium (6/11/2018; link: https://www.institutomillenium.org.br/destaque/o-que-o-brasil-pode-aprender-com-margaret-thatcher/). Divulgado no blog Diplomatizzando(link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/11/o-que-margaret-thatcher-teria-ensinar.html). Relação de originais n. 3356.

1294. “Diplomacia regional brasileira: visão histórica das últimas décadas”, in: Walter Antonio Desiderá Neto et alii (orgs.), Política externa brasileira em debate: dimensões e estratégias de inserção internacional no pós-crise de 2008 (Brasília: Ipea-Funag, 2018, 626 p.; ISBN: 978-85-7811-334-6prefácio de Rubens Barbosa), pp. 211-233Disponibilizado em Academia.edu (20/03/2018; link: https://www.academia.edu/s/e843ccb1ba/diplomacia-regional-brasileira-visao-historica-das-ultimas-decadas). Livro disponibilizado na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/37887863/Politica_externa_brasileira_em_debate_Ipea-Funag_2018_). Relação de Originais n. 3209.

1295. “Trinta anos da Constituição: evento no Mackenzie”, vídeo em QuickTime, de 6ms, com comentários sobre Roberto Campos e sua postura em face da CF-1988, remetendo à obra: Paulo Roberto de Almeida (org.), Roberto Campos, A Constituição Contra o Brasil: ensaios de Roberto Campos sobre a Constituinte e a Constituição de 1988(São Paulo: LVM, 2018, 448 p.; ISBN: 978-85-93751-39-4). Postado no YouTube (link: https://youtu.be/ZDxNxFQvSUw). Gravação alternativa feita por câmera de vídeo, de menor duração (3ms), também carregada no YouTube (link: https://youtu.be/wpifxapYfBw); ambos disponíveis no Canal Pessoal do YouTube (link: https://www.youtube.com/user/paulomre/videos). Divulgado, com texto do Prefácio, na plataforma Academia.edu (28/11/2018; link:https://www.academia.edu/37864650/A_Constituicao_Contra_o_Brasil_Ensaios_de_Roberto_Campos). Relação de Originais n. 3365.

1296. “O que o Brasil pode aprender com Winston Churchill?”, áudio-entrevista divulgada pelo Instituto Millenium em 29/11/2018 (link: https://www.institutomillenium.org.br/destaque/o-que-o-brasil-pode-aprender-com-winston-churchill/); reproduzido pela revista Exame (29/11/2018; link: https://exame.abril.com.br/blog/instituto-millenium/o-que-o-brasil-pode-aprender-com-winston-churchill/). Texto preparado para essa entrevista disponível no blog Diplomatizzando(26/11/2018; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/11/winston-churchill-um-estadista-que-faz.html).

1297. “A educação de Celso Lafer: um reconhecimento ao mestre”, posfácio ao livro Celso Lafer, Relações internacionais, política externa e diplomacia brasileira: pensamento e ação(Brasília: Funag, 2018, 2 vols., 1437 p.; lo. vol., ISBN: 978-85-7631-787-6; 762 p.; 2o. vol., ISBN: 978-85-7631-788-3, 675 p.), 2o. vol., p. 1335-1347. Relação de Originais n. 3302.

1298. “Hipólito da Costa: o primeiro estadista do Brasil”, publicado em versão abreviada na revista 200(Brasília: MRE, ano I, n. 1, outubro-dezembro de 2018, pp. 186-211). Divulgado em versão completa no blog Diplomatizzando(3/010/2018; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/10/hipolito-jose-da-costa-o-primeiro.html) e em Academia.edu (link: https://www.academia.edu/s/23837e7fa3/hipolito-da-costa-o-primeiro-estadista-do-brasil-2018). Relação de Originais n. 3317. 

1299. “Direito comercial e políticas comerciais na primeira globalização: o caso do Brasil até a Primeira Guerra Mundial”, História e Economia- revista interdisciplinar(São Paulo-Lisboa: Brazilian Business School, v. 20, n. 1, 2918 pp. 51-65; ISSN: 1808-5318; link: https://www.academia.edu/38185123/Trade_law_and_trade_policies_since_the_first_globalization_the_case_of_Brazil_up_to_the_First_World_War). Relação de Originais n. 2876, 2786 e 2793.


 [Fechamento provisório em 20/01/2019]

Revista Epoca: Olavo, o sofista do Planalto, na Virginia

Olavo viu a uva

Editorial da edição 1072 de ÉPOCA

ÉPOCA, 17/01/2019
Capa da edição 1072 de ÉPOCA. Ela chega às bancas nesta sexta-feira (18) Foto: ÉPOCA
Capa da edição 1072 de ÉPOCA. Ela chega às bancas nesta sexta-feira (18) Foto: ÉPOCA
Em duas semanas de governo Jair Bolsonaro, ficou claro que o novo chanceler, Ernesto Araújo, quer promover um rodopio de 180 graus na política externa brasileira, rompendo com alguns dos princípios que têm guiado a presença internacional do país. Esses princípios, que constituem também bases operacionais da política externa, incluem a valorização do multilateralismo, o respeito ao Direito Internacional e a prática de tentar manter boas relações com praticamente todos os países do mundo. No lugar dessa política externa tradicional, Araújo, segundo pode se depreender de seu intrincado e confuso discurso de posse no Itamaraty, quer promover outra que seja a expressão de uma forte identidade nacional.
O fortalecimento da identidade brasileira, de acordo com o pensamento do chanceler, passaria pela recuperação de valores baseados em Deus, na nação e na família e pela rejeição do “globalismo” pelo Itamaraty. O “globalismo” é como Araújo e outros seguidores, aqui no Brasil, do polemista ultratradicionalista Olavo de Carvalho batizaram o que eles chamam de um projeto político de imposição de um governo mundial pela ONU, pelas ONGs e por diferentes governos considerados progressistas. Com suas pautas de defesa do feminismo, do ambientalismo, da abertura das fronteiras às migrações, o “globalismo”, segundo a visão defendida com fervor missionário por Araújo — o que já lhe valeu no Itamaraty o apelido de Beato Salu —, estaria corroendo os tradicionais valores judaico-cristãos que fizeram a grandeza do Ocidente.
Há vários problemas nessa guinada no Itamaraty. Uma política externa consistente e eficiente deve buscar objetivos de longo prazo para o país, o que recomenda que ela seja previsível e executada com prudência e pragmatismo. Como observou recentemente o cientista político Guilherme Casarões, da Fundação Getulio Vargas, ninguém mais tem certeza sobre como o Brasil de Bolsonaro e Araújo jogará no tabuleiro mundial. O discurso ultraconservador do novo chanceler, que colocou o Brasil no mesmo eixo político de democracias iliberais como a Hungria e a Polônia, com as quais temos pouquíssimos pontos em comum, já está custando danos à reputação e à imagem do Brasil no exterior e poderá ter consequências políticas negativas.
O país poderá sofrer também com custos econômicos. Bolsonaro parece querer emular o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em tudo. Copia Trump não só na atividade intensa nas redes sociais, mas também no ataque à ONU e à ordem internacional, na defesa estridente de Israel e nas críticas à China. Ainda a maior potência econômica e militar do mundo, apesar da crescente sombra que a China começa a lhe fazer no cenário internacional, os EUA são capazes de suportar, sem danos irremediáveis, a diplomacia errática de Trump, equiparado à salvação para o Ocidente por Araújo — outra bizarrice, vinda de um chanceler. O Brasil, potência média, sem força militar e com economia repleta de vulnerabilidades, não pode fazer o mesmo jogo dos EUA, pois depende da ONU, do Direito Internacional e do multilateralismo para fazer avançar seus interesses na arena internacional, onde quem costuma ter a força impõe as próprias regras.
Uma atitude subserviente em relação aos EUA pode ser boa para os americanos, mas não para o Brasil, cada vez mais dependente dos investimentos e das compras dos produtos nacionais pelos chineses. A história registra como o Brasil, em outros momentos em que se alinhou aos EUA, se frustrou na expectativa de benesses, que não vieram, apesar das concessões feitas. As tradições da diplomacia brasileira foram construídas ao longo do tempo por uma burocracia competente e profissional formada na escola do barão do Rio Branco. Seria melhor para o país que Araújo as revisitasse com cautela, em vez de tentar reinventá-las sob o farol de Olavo de Carvalho, um grande sofista que nada sabe de relações internacionais.

Jose Fucs (3): um olavista jacobino no Planalto

Matéria anterior desse repórter especial, mas igualmente especial:
Paulo Roberto de Almeida

Filipe G. Martins, o ‘jacobino’ que chegou ao Planalto
Quem é o novo conselheiro pessoal de Jair Bolsonaro na área externa e o que pensa sobre a diplomacia do País e o novo governo
José Fucs - O Estado de S.Paulo
12 Janeiro 2019 | 18h46

“Está decretada a nova Cruzada. Deus vult!”
Foi assim, referindo-se ao movimento de libertação de Jerusalém dos infiéis e ao grito em latim dado pelo povo quando o papa Urbano II anunciou a Primeira Cruzada, em 1095, que o ativista, professor e analista político Filipe Garcia Martins Pereira, recém-nomeado assessor especial para assuntos internacionais do presidente Jair Bolsonaro e cotado para ser porta-voz do governo, comemorou nas redes sociais a vitória no segundo turno das eleições, em 28 de outubro. 

Ao ser questionado sobre as publicações, Martins, de 30 anos, afirmou que tudo não passou de uma brincadeira. Segundo ele, os posts não significavam que ele encara a missão do novo governo e a sua, em particular, como uma “guerra santa” do século 21, cujo objetivo seria libertar a República dos gentios da esquerda, que assumiram o poder após a redemocratização, nos anos 1980. Mas quem o conhece bem afirma que os posts estão em linha com o seu pensamento político e com o que costuma falar por aí. Bastaria, de qualquer forma, dar uma checada em suas páginas e perfis nas redes sociais para chegar à mesma conclusão. 
As duas publicações revelam não só as suas motivações e a sua visão pessoal sobre a chegada de Bolsonaro ao poder. Traduzem, de forma emblemática, o estado de espírito e a ambição dos vencedores, que ele sabe captar e expressar como poucos e que deverão nortear também a sua atuação no governo. “O que está acontecendo no Brasil é uma revolução – a fucking revolution– e não há meios de pará-la”, disse Martins pouco antes do segundo turno. 

Pupilo aplicado.  Recentemente, ele se aproximou do vereador Carlos Bolsonaro (PSL-RJ), um dos filhos do presidente, responsável pela bem-sucedida campanha do pai nas redes. No clã dos Bolsonaro, porém, seu padrinho é Eduardo, outro filho do presidente, que acabou de se reeleger deputado federal (PSL-SP). Martins conta que conheceu Eduardo pela internet em 2014, quando o movimento que chama de “liberal-conservador” ainda ganhava força, e há alguns anos mantém uma relação muito próxima com ele.
Pupilo aplicado do pensador e escritor Olavo de Carvalho, o grande mentor intelectual de Bolsonaro e especialmente de Eduardo, Martins é hoje, talvez, seu principal “trombone” no País. Na campanha eleitoral, com o apoio de Olavo e de Eduardo, desempenhou um papel relevante no núcleo ideológico que cercou Bolsonaro e que agora exibiu suas garras, ao dividir com os liberais, os militares e o grupo do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, o protagonismo no novo governo, arrematando os ministérios da Educação e das Relações Exteriores, além de seu próprio cargo e outros postos de segundo e terceiro escalões. 

Mundinho da direita.  Apesar de ser bem articulado e ter as “costas quentes”, sua ascensão meteórica ao poder surpreendeu muitos analistas, mesmo os que acompanham de perto a turma de Bolsonaro. Como é relativamente jovem e desconhecido fora do mundinho da direita na internet, questiona-se se tem estatura para ser conselheiro pessoal do presidente na área internacional, cargo ocupado nos governos Lula e Dilma pelo petista Marco Aurélio Garcia, morto em 2017. 
Por estar dentro do Palácio do Planalto, perto de Bolsonaro, questiona-se também como será sua convivência com o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e em que medida a ação de Martins poderá embolar a política externa do País. Mas ele diz que não terá o mesmo papel exercido por Garcia, que era o grande formulador da política internacional dos governos do PT e deixava para o Itamaraty o papel de executor de suas diretrizes – algo que Martins considera “uma aberração”. 

Em princípio, sua função deverá ser mais a de auxiliar o presidente em sua agenda no exterior, na recepção a chefes de Estado e em mantê-lo informado sobre os fatos internacionais relevantes. Se isso se confirmar, a formulação da política externa caberá mesmo a Araújo, com quem ele parece compartilhar a mesma visão geopolítica. 
Formado em relações internacionais na Universidade de Brasília, em 2015, Martins trabalhou por dois anos no departamento econômico da embaixada dos Estados Unidos em Brasília, acompanhando os trabalhos do Congresso e produzindo pesquisas, análises e relatórios sobre a conjuntura política e econômica do País. Trabalhou também na assessoria internacional do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e em consultorias privadas, além de dar aulas em cursos preparatórios para a carreira diplomática e a de oficial da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).  

Pregação conservadora. Mais recentemente, ocupou a secretaria de Assuntos Internacionais do PSL e fez a sua pregação conservadora pelo Brasil afora, em debates, seminários e palestras. Foi editor-adjunto do site Senso Incomum, do também bolsonarista e olavista radical Flavio Azambuja Martins, mais conhecido pelo pseudônimo de Flavio Morgenstern, que defendeu, numa publicação polêmica no Twitter, a queima de livros do educador Paulo Freire em praça pública, para resolver o problema da educação no País. Depois, diante da repercussão negativa do comentário, disse que se tratava de uma ironia, que não deveria ser levada ao pé da letra. 
Foram, porém, os seus propalados acertos em previsões eleitorais no exterior que fizeram a fama de Martins, em especial a da vitória de Donald Trump nos Estados Unidos, em 2016. Contra a opinião da quase totalidade dos analistas que apostava em Hillary Clinton, ele cravou que Trump ganharia a eleição e acertou o vencedor em 48 dos 50 Estados americanos. Desde então, vem surfando nessa onda, apesar de ter errado outras previsões, segundo seus críticos, como na antecipação das eleições na Inglaterra, em 2017, quando apostou na vitória dos conservadores, que acabaram perdendo espaço para os trabalhistas. 

“Revolucionário de Facebook”. Como o novo chanceler brasileiro, Martins é avesso ao globalismo, que, em sua visão, submete o País a decisões de organizações multilaterais que muitas vezes não atendem ao interesse nacional. Além de defender uma reaproximação do Brasil com os Estados Unidos, Martins afirma ter “grande admiração” pelos governos de direita da Itália, Hungria, Polônia, Áustria, Grã-Bretanha, República Checa, Suíça e Israel. Ele apoia a participação do País na nova aliança conservadora global articulada pelo estrategista Steve Bannon, ex-assessor do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. 

Por sua atuação agressiva nas redes sociais e suas ideias muitas vezes messiânicas, baseadas nos ensinamentos do “professor Olavo”, Martins foi chamado de “Robespirralho”, “revolucionário de Facebook” e “líder da direita jacobina”. Também foi chamado de “Sorocabannon”, por ter nascido em Sorocaba, no interior paulista, e pontificar sobre a estratégia política e eleitoral de Bolsonaro, como Bannon fazia com Trump. 
Apesar do antipetismo e da oposição que exerce contra o socialismo e o comunismo, é nas fileiras da própria direita que ele costuma “causar”. Na campanha, Martins foi protagonista de embates antológicos contra o que chama de “direita limpinha” e “conservadores de almanaque”. “Os conservadores de ‘boa estirpe’ talvez sejam ótimos para conquistar afagos dos colegas esquerdistas, mas só a direita xucra tem o desprendimento para ver sua imagem destruída em nome do que é certo”, disse na véspera do segundo turno. 
Com 58 mil seguidores no Facebook e 108 mil no Twitter, ele não hesita em lançar contra seus adversários na arena digital uma espécie de “fatwa” o decreto emitido por líderes religiosos do Islã para os fiéis. “Faça piada com o que quiser”, afirmou nas redes, diante da repercussão da fala da ministra Damares Alves contra a chamada “ideologia de gênero”, usando como metáfora as cores que meninos e meninas deveriam vestir. “Só entenda, aí do alto de sua religiãozinha civil, que o esquisito é você e que há um exército de tias do zap e de tios do pavê com piadas o suficiente para lhe fazer chorar para o resto da vida, mesmo que você peça arrego e alegue ‘discurso de ódio’.” 

Tea Party. Durante a greve dos caminhoneiros, em 2018, Martins abraçou o movimento com armas virtuais e furor revolucionário, como o mestre Olavo. Encampou também o “Fora, Temer”, reforçando a narrativa da esquerda à qual tanto se opõe. Ele enxergou na paralisação a chance de “mobilizar a massa”, derrubar o governo, acabar com a corrupção e os privilégios dos políticos e promover o corte de gastos públicos e de impostos.  
Numa tentativa bizarra de unir o espírito revolucionário às ideias conservadoras, Martins acreditou que a greve representava para o País uma espécie de Boston Tea Party, o movimento deflagrado em 1773 pelos colonos americanos contra o monopólio da Inglaterra na venda de chá, que acabou levando à independência dos Estados Unidos. 
Só que, ao final, como já era previsível, o Tea Party de Martins, incensado por Olavo de Carvalho, deu ruim. Com a decisão do governo de subsidiar o diesel, a conta sobrou para os contribuintes, e com o tabelamento do frete, houve mais intervenção estatal na economia. O fracasso de sua aventura tresloucada deixou duras lições. Agora, elas poderão contribuir para Martins ser mais equilibrado em sua passagem pelo governo.

 “A nova era chegou. É tudo nosso! Deus vult!”, acrescentou, no dia da posse, em 1.º de janeiro, recorrendo mais uma vez à saudação dos devotos medievais, que, em português, significa “Deus quer”. 


Filipe G. Martins, assessor especial para assuntos internacionais do presidente Jair Bolsonaro; e o chanceler Ernesto Araújo
Filipe G. Martins, assessor especial para assuntos internacionais do presidente Jair Bolsonaro; e o chanceler Ernesto Araújo Foto: Reprodução/Twitter Ernesto Araújo

Jose Fucs (2): disputas entre bolsonaristas

Um repórter especial só pode produzir matérias especiais.
Paulo Roberto de Almeida

Grupos bolsonaristas têm diferentes projetos para o país
Como as ideias das diferentes alas ideológicas presentes no governo Bolsonaro poderão moldar o destino do Brasil

José Fucs, repórter especial
O Estado de S. Paulo, 20/01/2019

O "cabo de guerra" entre os grupos ideológicos que compõem o governo Bolsonaro deverá afetar muito mais que o dia a dia da administração. O apoio do presidente a uma ou outra ala nos grandes temas poderá moldar o destino do País nos próximos anos e talvez até décadas. 
Se a ala liberal, liderada pelo ministro Paulo Guedes, conseguir emplacar seu receituário na economia, defendido por Bolsonaro na campanha eleitoral, o Brasil provavelmente terá condições de crescer de forma mais acelerada e sustentável, favorecendo a prosperidade geral. 
Centrada nas reformas estruturais, como a da Previdência e a tributária, no equilíbrio fiscal, na redução do tamanho do Estado, na abertura comercial e na descentralização dos recursos hoje concentrados em Brasília, a plataforma da ala liberal poderá descortinar novos horizontes ao País. 
"O Brasil foi a economia de maior ritmo de crescimento durante três quartos do século passado, depois perdeu potência. E perdeu potência pela insistência no modelo de economia de comando central, ao invés de uma economia de mercado", disse o ministro da Economia, Paulo Guedes, ao assumir o cargo.
Se, ao contrário, Bolsonaro travar a liberalização e encampar a visão desenvolvimentista que marcou sua trajetória política até a propalada conversão liberal, poderá comprometer o crescimento econômico, por mais que isso possa parecer um resultado incompatível com o ufanismo embutido no termo que dá nome ao modelo.
Implementado pelo general Ernesto Geisel no regime militar e reproduzido com perdas pelas gestões do PT, a partir do segundo mandato de Lula, deixou um saldo dramático nos dois períodos, com desequilíbrio nas contas públicas, inflação em alta, estagnação econômica e aumento significativo do desemprego.
Baseado na intervenção do Estado na economia, na substituição de importações, com apoio de medidas protecionistas, na concentração dos recursos no governo federal e no assistencialismo, o modelo desenvolvimentista ainda tem muitos adeptos nas alas militar, política, evangélica e olavista (seguidora das ideias do pensador e escritor Olavo de Carvalho), que dão suporte a Bolsonaro.

Além disso, se a política externa do novo governo se pautar por questões ideológicas, em vez de adotar o pragmatismo nos relacionamentos comerciais, o impacto na economia também tende a ser negativo. Em princípio, a maior inserção do Brasil na arena global não é incompatível com a rejeição do multilateralismo e do globalismo, defendida pelos olavistas e pelo próprio presidente, sob a alegação de que podem ampliar a influência de organizações internacionais no País. Mas isso não pode implicar em deixar em segundo plano o desenvolvimento do comércio exterior e a globalização da economia nacional. 
Em tese, a liberalização econômica também não é incompatível com o conservadorismo nos costumes, apoiado pelo presidente e por praticamente todos os integrantes das diferentes alas ideológicas que participam do novo governo. Muitos adeptos do liberalismo, porém, defendem a tese de que, para se realizar plenamente, o sistema tem de incluir a liberalização comportamental em sua plataforma. 
Na prática, independentemente desta discussão teórica, pode-se esperar que, no governo Bolsonaro, a chamada "ideologia de gênero" deixe de ser uma política de Estado, imposta de cima para baixo à população, e haja um fortalecimento dos valores morais tradicionais, que teriam ficado para trás nos últimos tempos, de acordo com a visão do presidente e de seus aliados. "A minoria tem de se curvar à maioria", costuma dizer Bolsonaro. 
Por fim, do apoio de Bolsonaro às propostas da ala lavajatista, capitaneada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, dependerá o combate a corrupção, o fim da impunidade e o império da lei e da ordem no País. Para ser bem-sucedido, o projeto dos lavajatistas dependerá, em boa medida, da redução do peso do Estado na vida das empresas e dos indivíduos, já que é no setor público que a corrupção prospera. 
Agora, se Bolsonaro perder a oportunidade de promover a mudança e se deixar influenciar pela ala política, amansando as propostas dos lavajatistas para beneficiar quem tem "culpa no cartório", o Brasil continuará a ser o paraíso dos criminosos, de colarinho branco ou não.

O presidente Jair Bolsonaro em cerimônia com Fernando Azevedo e Silva (ministro da Defesa), Onyx Lorenzoni (ministro Casa Civil), Hamilton Mourão (vice-presidente), Sergio Moro (Justiça e Segurança) e Augusto Heleno (GSI). 
O presidente Jair Bolsonaro em cerimônia com Fernando Azevedo e Silva (ministro da Defesa), Onyx Lorenzoni (ministro Casa Civil), Hamilton Mourão (vice-presidente), Sergio Moro (Justiça e Segurança) e Augusto Heleno (GSI).  Foto: Dida Sampaio/Estadão

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Jose Fucs (1): a balcanização do governo Bolsonaro

Excelente matéria do jornalista José Fucs, repórter especial do Estadão.
Paulo Roberto de Almeida

Divergências afetam frente de apoio a Bolsonaro

Vinte dias depois da posse, conflitos entre alas ideológicas causam fissuras no governo

José Fucs - O Estado de S.Paulo
Ao completar os primeiros vinte dias, o governo Bolsonaro começa a revelar os traços básicos de seu perfil. Com as movimentações iniciais dos 22 ministros e as nomeações de boa parte dos ocupantes do segundo e terceiro escalões, tornou-se possível identificar algumas marcas do novo governo. É um período curto para tirar conclusões definitivas, mas já dá para ter ao menos uma ideia do que pode vir por aí. 
Em meio a declarações desencontradas e recuos do presidente e de seus ministros em anúncios de medidas oficiais, ficou clara a existência de uma babel ideológica no governo, que gerou diversos conflitos desde a posse, em 1.º de janeiro. 
Aparentemente, as divergências até agora não deixaram feridas profundas. Mas podem ameaçar a unidade da grande frente formada para eleger Bolsonaro, refletida no novo Ministério, se os conflitos aumentarem, em vez de diminuírem, nas próximas semanas e meses. 
A frente inclui seis grandes grupos, com pesos diferentes na administração e influência distinta junto ao presidente – os militares, os liberais, os lavajatistas, os políticos, os evangélicos e os ideólogos e olavistas, que seguem as teorias do pensador e escritor Olavo de Carvalho (veja o quadro)





Em paralelo, com forte influência sobre as decisões do presidente e uma identidade maior com militares e olavistas, opera o núcleo familiar, composto pelos três filhos de Bolsonaro: Flávio, senador eleito pelo Rio de Janeiro, suspeito de envolvimento em operações irregulares com funcionáriosEduardo, deputado federal por São Paulo e talvez o mais influente da troika, e Carlos, vereador no Rio, todos integrantes do PSL, o mesmo partido do pai. 
Mosaico ideológico. Muitas vezes, esses grupos têm ideias e visões divergentes e contraditórias sobre o País e o mundo. Não por acaso alguns analistas estão chamando esse processo de “balcanização”, em referência à divisão de poder entre grupos conflitantes ocorrida na Península Balcânica, localizada na região sudeste da Europa, entre o início dos séculos 19 e 20. 
De certa forma, o mosaico ideológico montado pelo novo governo também existia nas gestões do PT e mesmo do PSDB. Agora, porém, a fragmentação parece mais acentuada, talvez porque os grupos só tenham se aproximado para valer após as eleições e, em alguns casos, só depois da posse. 
Um exemplo que ilustra com perfeição o “cabo de guerra” travado dentro do governo é a disputa pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), entre a ala liberal, liderada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e a ala dos olavistas, representada pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo
Guedes contava com a transferência da Apex para sua órbita, com o objetivo de dinamizá-la e transformá-la numa ferramenta poderosa de negócios no exterior. Mas o órgão, que já foi ligado ao extinto Ministério do Desenvolvimento, Comércio Exterior e Serviços, acabou ficando mesmo com o Itamaraty, onde já estava no governo Temer. A decisão foi consumada apesar dos sinais emitidos por Araújo de que poderá levar em conta aspectos ideológicos na atuação da Apex, em prejuízo de uma filosofia mais pragmática do comércio internacional. 
Pivô das divergências. Para completar o quadro, Araújo ainda nomeou dois diretores da Apex ligados a Eduardo Bolsonaro – a empresária Letícia Catelani e o advogado Márcio Coimbra, ex-assessor parlamentar do Senado, que acompanhou o filho do presidente em sua recente viagem aos Estados Unidos. Letícia teria sido responsável pela tumultuada saída do ex-presidente da empresa, Alex Carreiro, substituído pelo diplomata Mário Vilalva apenas uma semana depois de nomeado. 
Numa outra frente, o grupo dos lavajatistas, capitaneado pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, levou a pior num conflito com a ala dos políticos, à qual pertence o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, talvez o grande pivô das divergências no governo desde a eleição de Bolsonaro. Moro, a quem a Fundação Nacional do Índio (Funai) era ligada até ser transferida para o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, havia determinado a exoneração de Azelene Inácio, diretora de Proteção Territorial do órgão. Mas uma semana depois Onyx ainda não havia levado adiante a decisão e publicado o desligamento de Azelene no Diário Oficial da União. 
Nas próximas semanas, novas disputas do gênero estão no radar. No início de fevereiro, com o provável encaminhamento do projeto de reforma da Previdência ao Congresso, tudo indica que as tensões vão se acentuar entre a ala dos militares, que defende em público a manutenção dos privilégios da categoria – com a exceção do vice-presidente, o general Hamilton Mourão –, e a dos liberais, que apoia uma mudança ampla, englobando o pessoal da caserna. 
O próprio presidente terá de tomar partido nesta questão e pelo que se pode deduzir do que tem dito a tendência é ele cerrar fileira com os militares e a ala política representada por Onyx, também defensor de uma reforma mais branda, mesmo com o déficit da Previdência chegando à estratosfera e comprometendo o equilíbrio das contas públicas. “A melhor reforma é a que passa na Câmara e no Senado”, disse Bolsonaro, sugerindo que está pouco inclinado a apresentar um projeto mais duro para resolver o problema de vez, como propõe a ala liberal
Vantagem militar. A avaliação da força dos grupos não pode ser feita apenas com base no número de ministérios conquistados por cada um. Ela tem de incluir seus tentáculos nos escalões inferiores em todas as pastas. Depende também do orçamento total controlado por cada ala, do impacto das pastas na economia e do grau de prestígio de seus representantes junto ao presidente e a seus filhos, cuja participação ativa no governo preocupa até os aliados mais próximos. 
Dito isso e levando em conta apenas o primeiro escalão, pode-se dizer que os grupos militar e político, à frente de sete ministérios cada um, são os que concentram a maior fatia de poder no governo. Depois deles, vêm as alas liberal, com três ministérios, incluindo o Banco Central, lavajatista e olavista, com dois cada, e evangélica, com apenas um ministério. 
Quando se consideram também as nomeações de segundo escalão claramente identificadas com uma das alas, o grupo militar leva larga vantagem, com nada menos que 32 representantes, espalhados por 13 ministérios, seguido pelos núcleos político, com 16 integrantes, liberal, com 13, olavista, com 12, lavajatista, com 10, e evangélico, com 3. 
Cartilha. Conhecido até pouco tempo atrás por um contingente restrito de iniciados e seguidores, entre eles Bolsonaro e seus filhos, Olavo de Carvalho ganhou os holofotes e conquistou trincheiras importantes na nova gestão. “Vivi para ver um filósofo indicar mais gente para o governo que o MDB”, afirmou na semana passada o cineasta Josias Teófilo, diretor do filme O Jardim das Aflições, sobre a vida e a obra de Olavo. No primeiro escalão, o MDB amealhou apenas o Ministério da Cidadania, ocupado pelo deputado federal gaúcho Osmar Terra. 
Além de ter indicado os ministros Ernesto Araújo, de Relações Exteriores, e Ricardo Velez Rodriguez, da Educação, duas áreas consideradas essenciais pelos seus pupilos para determinar o sucesso do governo, Olavo também é o “padrinho” de Filipe Garcia Martins Pereira, assessor internacional de Bolsonaro, instalado no Palácio do Planalto, de Carlos Nadalim, secretário de Alfabetização do Ministério da Educação, e de Adolfo Sachsida, secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, um território dominado por liberais que não rezam pela sua cartilha. 
Como se pode observar, na babel ideológica do governo Bolsonaro, parece complicado os diferentes grupos falarem a mesma língua. Só o tempo vai dizer se o presidente conseguirá administrar as divergências entre as alas e se ele vai enfrentar o problema sem causar grandes solavancos. 
Para manter unida a frente heterogênea que lhe dá suporte, Bolsonaro terá de mostrar que está preparado para atuar como um magistrado nos conflitos. 
Divisor de águas. Segundo relatos de quem já teve contato com Bolsonaro e por tudo o que se pôde observar desde a campanha, ele tende a mudar de opinião conforme a visão de seu interlocutor sobre uma questão qualquer. Ele também já mostrou que costuma falar sobre temas que não domina, antes de formar uma convicção a respeito do melhor caminho a seguir. Assim, acaba dando a impressão de ser uma espécie de biruta, que oscila de acordo com a direção do vento, gerando insegurança não só no mundo dos negócios, mas para todos os brasileiros que acompanham seus movimentos e têm de tomar decisões para si mesmos e suas famílias. 
Como diz a expressão criada pelo poeta inglês John Donne (1572-1631) e imortalizada pelo escritor americano Ernest Hemingway (1899-1961), a grande questão é saber por quem dobrarão os sinos de Bolsonaro nos próximos meses e anos. 
Aparentemente, nas primeiras semanas de governo, ele se curvou às alas política, militar e olavista nas questões que envolviam a economia, em detrimento da ala liberal, encarregada de conduzir as reformas de que o Brasil precisa para voltar a crescer. 
Bolsonaro também demonstrou enorme interesse nas questões de costumes e educacionais, caras às alas olavista e evangélica, e nas de política externa, uma espécie de fetiche para os seguidores de Olavo. Sua postura em relação à reforma da Previdência pode ser um “divisor de águas” ou confirmar as previsões mais sombrias. Logo mais, se o envio da reforma previdenciária ao Congresso no início de fevereiro se confirmar, a gente saberá a resposta. 

Bolsonaro e seu grupo de ministros após a posse
Bolsonaro e seu grupo de ministros após a posse Foto: Joédson Alves/EFE
Jair Bolsonaro e ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araujo
Jair Bolsonaro e ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araujo Foto: Dida Sampaio/Estadão
Sérgio Moro foi o primeiro a ser empossado como ministro do governo Bolsonaro
Sérgio Moro foi o primeiro a ser empossado como ministro do governo Bolsonaro Foto: Ueslei Marcelino/Reuters
O chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e o ministro da Economia, Paulo Guedes.
O chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e o ministro da Economia, Paulo Guedes. Foto: WILTON JUNIOR/ESTADAO
O filósofo Olavo de Carvalho
O filósofo Olavo de Carvalho Foto: REPRODUÇÃO
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Lauro Jardim: COAF detecta mais de R$ 7 milhoes nas contas de Queiroz/Flavio Bolsonaro

BRASIL

Os R$ 7 milhões do Queiroz

POR LAURO JARDIM
Fabricio Queiroz
O Coaf sabe muito mais do que já foi revelado sobre o caso Fabrício Queiroz, o ex-motorista de Flávio Bolsonaro.

Nos arquivos do órgão federal de controle de atividades financeiras consta que Queiroz transacionou um volume de dinheiro substancialmente maior do que o que veio a público em dezembro. 
Além dos famigerados R$ 1,2 milhão, movimentados atipicamente entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, passaram por sua conta corrente mais R$ 5,8 milhões nos dois exercícios imediatamente anteriores. Ou seja, no total Queiroz movimentou R$ 7 milhões em três anos.
Segundo o próprio Jair Bolsonaro disse em entrevista, Queiroz "fazia rolo". Haja rolo.

Flávio chegou a dizer, no início de dezembro, que ouviu de Queiroz "uma história bastante plausível" sobre o R$ 1,2 milhão. E enfatizou: "a gente não tem nada a esconder", numa frase em que atrelou o seu destino ao de Queiroz.
O que dirá agora sobre essa montanha de dinheiro? Pela relação dos dois, imagina-se que o senador eleito saiba desses R$ 7 milhões.
Quando o MP do Rio voltar a se debruçar sobre o caso — as investigações estão suspensas desde quinta-feira passada por uma decisão de Luiz Fux, mas a tendência é que sejam retomadas — as explicações de Queiroz sobre suas atividades paralelas terão que ser mais convincentes do que as dadas até agora em declarações ao SBT.
Entre os vários mistérios desse rolo, um permanece intacto: como alguém que movimentou tantos milhões de reais em três anos mora numa casa modestíssima de uma viela da Taquara, na Zona Oeste do Rio de Janeiro?
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