sábado, 7 de março de 2020

Venezuela: retirada do pessoal diplomático é "sem precedentes"- Rubens Barbosa

Excelente entrevista do embaixador Rubens Barbosa sobre a retirada TOTAL do pessoal diplomático e administrativo de TODOS os postos – embaixada, consulado geral, vice-consulados – do Brasil na Venezuela.
Como disse o embaixador Rubens Barbosa, a medida é "SEM PRECEDENTES". 
Eu acrescentaria: "sem precedentes e SEM EXPLICAÇÕES", pois equivale a uma "ruptura de relações de governo a governo", sem ser uma ruptura de relações diplomáticas, tal como regulada pela Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas de 1961.
Ou seja, não houve comunicação por nota ao governo Maduro – com o qual o governo Bolsonaro não mantém relações, mas é o que controla de fato toda a jurisdição da Venezuela, e isto é critério para saber qual governo manda no país, independentemente de seu status, se democracia eleita, se ditadura não declarada, e sempre foi o critério seguido nas relações internacionais – e sequer houve comunicação interna, no Brasil, sobre uma medida excepcional, que equivale, para todos os efeitos, a uma ruptura de relações diplomáticas, sem o ser formalmente.
Não existe sequer uma nota, entrevista, explicação da chancelaria brasileira a gesto tão inusitado nas relações exteriores do Brasil, sem precedentes em nossos anais diplomáticos, e sem qualquer explicação ou elaboração a respeito, por parte do governo ou da chancelaria.
Tenho minhas especulações sobre a medida, mas vou aguardar alguns dias – ou talvez a visita de Bolsonaro a Trump – para formular meus argumentos sobre o caso.
Infelizmente, não consegui acesso à versão digital da matéria no Estado de S. Paulo desta sexta-feira 6/03/2020 (por incrível que pareça, o Clipping nacional do Itamaraty parou na TERÇA-FEIRA 3/03/2020, sem qualquer explicação sobre as lacunas de informação). 
Paulo Roberto de Almeida

Atos publicados no Diário Oficial da União de 05/03/2020
PORTARIAS DE 4 DE MARÇO DE 2020
MINISTRO DE ESTADO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, de acordo com o disposto no art. 18, parágrafo 3°, do Decreto n° 93.325, de 1° de outubro de 1986, resolve:
Remover ex officio ELZA MOREIRA MARCELINO DE CASTRO, ministra de primeira classe do Quadro Especial da carreira de Diplomata do Ministério das Relações Exteriores, do consulado-geral do Brasil em Caracas para a Secretaria de Estado.
MINISTRO DE ESTADO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, de acordo com o disposto no art. 18, inciso II, do Decreto n° 93.325, de 1° de outubro de 1986, e nos termos da Lei n° 11.440, de 29 de dezembro de 2006, resolve:
Remover ex officio FRANCISCO CHAVES DO NASCIMENTO FILHO, conselheiro do Quadro Especial da carreira de Diplomata do Ministério das Relações Exteriores, do consulado do Brasil em Ciudad Guayana para a Secretaria de Estado.
Remover ex officio CARLOS LEOPOLDO GONÇALVES DE OLIVEIRA, conselheiro da carreira de Diplomata do Ministério das Relações Exteriores, da embaixada do Brasil em Caracas para a Secretaria de Estado.
Remover ex officio RODOLFO BRAGA, conselheiro da carreira de Diplomata do Ministério das Relações Exteriores, da embaixada do Brasil em Caracas para a Secretaria de Estado.
ERNESTO ARAÚJO
PORTARIAS DE 4 DE MARÇO DE 2020
SECRETÁRIA DE GESTÃO ADMINISTRATIVA, conforme o disposto na Lei nº 11.440, de 29 de dezembro de 2006; de acordo com o art. 24, § 3º, da Lei nº 8.829, de 22 de dezembro de 1993, regulamentada pelo Decreto nº 1.565, de 21 de julho de 1995, e de conformidade com a Portaria de delegação de competência publicada no Diário Oficial da União de 26 de junho de 1996, resolve:
Remover ex officio ANA MARIA FRAZÃO GOMES, assistente de chancelaria, classe C, padrão V, do Ministério das Relações Exteriores, da embaixada do Brasil em Caracas para a Secretaria de Estado.
Remover ex officio LEILA FARIAS SANTOS, assistente de chancelaria, classe E, padrão V, do Ministério das Relações Exteriores, da embaixada do Brasil em Caracas para a Secretaria de Estado.
Remover ex officio VANDERLI PEREIRA DA SILVA, assistente de chancelaria, classe C, padrão V, do Ministério das Relações Exteriores, do consulado-geral do Brasil em Caracas para a Secretaria de Estado.
Remover ex officio JUCIELMO ABREU PEREIRA, assistente de chancelaria, classe E, padrão V, do Ministério das Relações Exteriores, do consulado-geral do Brasil em Caracas para a Secretaria de Estado.
Remover ex officio LEOPOLDO SOARES CAMPOS, assistente de chancelaria, classe E, padrão V, do Ministério das Relações Exteriores, do consulado do Brasil em Ciudad Guayana para a Secretaria de Estado.
Remover ex officio HÉLIO DE ARAÚJO LOBO, oficial de chancelaria, classe E, padrão V, do Ministério das Relações Exteriores, do vice-consulado do Brasil em Puerto Ayacucho para a Secretaria de Estado.
Remover ex officio EWERTON LUIZ SILVA DE OLIVEIRA, oficial de chancelaria, classe C, padrão V, do Ministério das Relações Exteriores, do vice-consulado do Brasil em Santa Elena do Uairen para a Secretaria de Estado.
Remover ex officio MANOEL MOREIRA DA SILVA, assistente de chancelaria, classe E, padrão V, do Ministério das Relações Exteriores, do vice-consulado do Brasil em Santa Elena do Uairen para a Secretaria de Estado.
SECRETÁRIA DE GESTÃO ADMINISTRATIVA, conforme o disposto no art. 58 da Lei nº 11.440, de 29 de dezembro de 2006; e de acordo com a Portaria de delegação de competência publicada no Diário Oficial da União de 26 de junho de 1996, resolve:
Remover ex officio EDEILDE PEREIRA GUIMARÃES, agente administrativa, classe E, padrão III, do Quadro Permanente de Pessoal do Ministério das Relações Exteriores, da embaixada do Brasil em Caracas para a Secretaria de Estado.
Remover ex officio MARIA LÍDIA MACHADO DE FREITAS, administradora, classe E, padrão III, do Quadro Permanente de Pessoal do Ministério das Relações Exteriores, da consulado-geral do Brasil em Caracas para a Secretaria de Estado.
Remover ex officio ANTONIO ALVES BEZERRA, agente administrativo, classe E, padrão III, do Quadro Permanente de Pessoal do Ministério das Relações Exteriores, do consulado do Brasil em Ciudad Guayana para a Secretaria de Estado.
CLÁUDIA FONSECA BUZZI


Bolsonaro ofende o presidente do Uruguai - Entrevista a La Búsqueda (Uruguai)

Como o presidente é incapaz de conceber o que são relações exteriores, diplomacia, ou a simples cortesia, ele acaba de ofender gravemente o presidente do Uruguai, mesmo sem perceber: 
"Señaló, por ejemplo, que Lacalle Pou está “mucho más alineado” con sus “propuestas y pensamientos liberales y económicos, en contraposición a sus antecesores”.
Paulo Roberto de Almeida

Semanario Búsqueda (Uruguai) – Lacalle Pou está “alineado con nuestras propuestas y pensamientos” / Entrevista / Jair Bolsonaro

Sexta-feira, 6/03/2020


Jair Bolsonaro dijo que opta por militares como colaboradores porque tienen el “criterio de eficiencia” y la “ficha limpia”, que su “proceder como presidente” lo rige la Biblia, que la “ideología de género” es contraria “a la esencia del ser humano” y que la actuación de las ONG en Brasil “ha sido nefasta”

Entrevista de Andrés Danza

Decir Jair Bolsonaro es provocar reacciones de todo tipo. Algunas de admiración, otras de odio, pero nunca de indiferencia. Es muy difícil encontrar una respuesta tibia con respecto al presidente de Brasil. Bolsonaro desata pasiones y extremos en su país y también en casi todos los demás de América Latina.

Es comprensible cuando se analiza su pasado y también su presente: un militar retirado, extremadamente católico pero con vínculos con los evangelistas, con ideas muy polémicas y asociadas a la derecha, que logró obtener casi 60 millones de votos y así transformase en el primer mandatario de la nación más grande y potente de toda la región. Algo debe tener, porque seguro que no hay tanta cantidad de brasileños extremistas.

Y lo tiene. Al conocerlo queda claro que Bolsonaro no es uno más. Por su corpulencia, su gesto serio y adusto, su impronta militar y su comitiva numerosa, que no le pierde rastro, pero también por su manejo del público y su forma de adaptarse rápidamente a los distintos auditorios. Así se desempeñó en la tarde del domingo 1º de marzo, cuando Búsqueda logró tener un breve intercambio con él dentro del Palacio Estévez, luego de que saludara al nuevo presidente uruguayo, Luis Lacalle Pou.

Respondió al requerimiento periodístico con un gesto cordial y se excusó por la falta de tiempo, aunque ya había accedido a contestar por escrito algunos preguntas enviadas previamente a su secretaría. Luego atravesó la puerta del viejo palacio, donde lo esperaba toda la comitiva de vehículos que lo llevaría a la Embajada de Brasil. Ya en la calle, casi sin mediar palabra, rompió el protocolo, se paró sobre el borde de su auto y saludó varias veces al público que gritaba su nombre, con una sonrisa de oreja a oreja. Así, en menos de un minuto, quedaron de manifiesto los dos Bolsonaro: el formal y el popular.

Algo similar había ocurrido horas antes, cuando llegó al Palacio Legislativo para presenciar la Asamblea General en la que Lacalle Pou tomó posesión de su cargo. Al ver que tras el vallado algunos manifestantes lo aplaudían, resolvió salirse de la agenda preestablecida y caminar hacia ellos para saludarlos. También les pidió una bandera de Uruguay, la agitó ante su audiencia enfervorizada y luego subió la imágenes a Twitter agradeciendo a los uruguayos por la bienvenida.

Después de todos los actos protocolares, cenó en la embajada de su país y se retiró de Montevideo sin hacer declaraciones. Lo único que sí hizo, desde Brasil, fue enviar por mail sus respuestas a algunas de las preguntas que le formuló Búsqueda, sin posibilidad de repreguntas. Sin embargo, mediante unas pocas palabras —transcritas para el semanario por la traductora pública Liliana Monetti— dejó muy claro su estilo, sin titubeos, que tantos seguidores y detractores le ha ocasionando en los últimos años.

Señaló, por ejemplo, que Lacalle Pou está “mucho más alineado” con sus “propuestas y pensamientos liberales y económicos, en contraposición a sus antecesores”, y que con él promoverá el “fortalecimiento del Mercosur”, que puede llegar a ser “un nuevo sudeste asiático”. También evaluó como “muy positiva la declaración del presidente de Argentina, Alberto Fernández”, a favor de “aprobar el acuerdo del Mercosur con la Unión Europea” y anunció que pretende reunirse con él “a la brevedad”.

—¿Cuál es su evaluación sobre el futuro de las relaciones entre Brasil y Uruguay?
—Personalmente, soy muy optimista. Brasil y Uruguay reúnen todas las condiciones para, a partir de ahora, profundizar su relación. Uno de los objetivos que tenemos en común es el fortalecimiento del Mercosur, que puede llegar a ser, como piensa el presidente Luis Lacalle Pou, “un nuevo sudeste asiático”. Asimismo, una gran ventaja para alcanzar esos objetivos en forma conjunta es tener una persona como Lacalle, mucho más alineado con nuestras propuestas y pensamientos liberales y económicos, en contraposición a sus antecesores. Le deseo éxito, tanto a él como a su gobierno, y que los uruguayos cuenten siempre con el apoyo de Brasil.

—A su entender, ¿cuál es actualmente la importancia del Mercosur para América Latina?
—El fortalecimiento del Mercosur va a depender, siempre, de la unión y del esfuerzo de los países que forman parte del bloque y que tengan como objetivo el desarrollo de la región. En ese sentido, veo como muy positiva la declaración del presidente de Argentina, Alberto Fernández —con quien pretendo reunirme a la brevedad—, que dijo que va a esforzarse en aprobar el acuerdo del Mercosur con la Unión Europea. Eso es de gran interés para toda América Latina. A su vez, considero que los países deben mantener una buena relación entre sí, preservando la democracia y la libertad por encima de todo.

—¿Cuál es su expectativa con respecto al Tratado de Libre Comercio entre la Unión Europea y el Mercosur?
—Todos los países, en forma aislada o en bloque, tienen gran interés en estrechar lazos comerciales. A su vez, este es el interés de la Unión Europea y del Mercosur. Inclusive, debido al Brexit, es importante buscar nuevos mercados y con gran potencial de consumo. El Mercosur surge como una gran solución para la Unión Europea y para el Reino Unido. Brasil, Argentina, Paraguay y Uruguay, juntos, tienen más de 260 millones de habitantes. Los 28 países de la Unión Europea —contando aún con los británicos— tienen 512 millones. No se descarta la posibilidad de discutir la creación, tal vez el próximo año, de un acuerdo de libre comercio entre los británicos y el Mercosur.

—¿Cómo evalúa la actuación de los militares en América Latina? ¿A que se debe la creciente popularidad de ellos en algunos países como, por ejemplo, Brasil y, en menor medida, Uruguay?
—Los militares forman parte de la sociedad de cualquier nación. Debido al papel que representan, de defensa de la patria, no pueden tener su participación en la vida nacional menospreciada, como ocurrió con los gobiernos de Fernando Henrique Cardoso, Lula y Dilma. En mi gobierno ese desprecio finalizó. En relación a ello, siempre enfatizo que no tengo nada contra los civiles, ni contra la participación de ellos en mi gobierno. Las posibilidades son iguales, desde el momento que atiendan los criterios que priorizo en la elección de mis asesores, entre los cuales destaco: la integridad de carácter, la honestidad, el espíritu cristiano, la eficiencia, la disciplina y la lealtad. Como exintegrante de las Fuerzas Armadas, conozco bien a los militares y los atributos que poseen. Para participar en mi gobierno, el criterio no es político, ni el padrinazgo, como ocurría en los gobiernos del Partido de los Trabajadores. Es el criterio de la eficiencia, de la ficha limpia. Considero que eso no es solamente una característica de Brasil. En otros países debe suceder lo mismo, con mayor o menor intensidad.

—Usted ha cuestionado la actuación de las ONG (Organizaciones No Gubernamentales) en relación con Brasil y, en especial, con respecto a lo que han denunciado de la Amazonia. ¿Cuál es su opinión sobre estas organizaciones?
—Infelizmente, la actuación de las ONG en Brasil ha sido nefasta para el país. Esas organizaciones recaudan fortunas para interferir en los intereses de Brasil y defender sus propias causas y de países, que hace mucho tiempo, ocultan ambiciones deshonrosas en relación con la Amazonia. Para alcanzar sus objetivos, ridiculizan la importancia de Brasil como una de las naciones más ricas del planeta y no reconocen nuestra soberanía en la Amazonia. ¿Cómo admitir, por ejemplo, que una ONG extranjera se refiera a la reactivación del Consejo de la Amazonia como un montaje y como un proyecto que es una “suma de ceros”? ¡Eso es inadmisible! Obviamente, existen excepciones, pero el rol de muchos dirigentes y falsos ambientalistas ha sido denigrar la imagen de Brasil en el exterior.

—También ha manifestado críticas a la Agenda 2030 de la ONU y a la “ideología de género”, que gana terreno en algunos países. ¿Por qué?
—La Agenda 2030 de las Organizaciones de las Naciones Unidas incluye la ideología de género y el aborto, que son contrarios a la esencia del ser humano y a la propia vida. Estos tópicos nocivos se ocultan entre las metas de la agenda bajo el disfraz de “derechos sexuales y reproductivos” y eso debe ser denunciado. Los 17 objetivos de la agenda hablan sobre acabar con la pobreza y el hambre, universalizar el acceso al agua y al saneamiento, y reducir la desigualdad, que son aceptables y humanitarios. Incluir en la agenda temas como sexo biológico e identidad de género es extrapolar la finalidad de la misma. Sostengo que, en Brasil, el Estado es laico, pero el presidente es cristiano. Como cristiano, creo en el respeto, en los valores y enseñanzas que la Biblia transmite. Son ellos los que rigen mi vida y mi proceder como presidente de Brasil.

Olavo, o guru destrambelhado - Gustavo Henrique (IstoE)

Olavo, o guru destrambelhado
Alguém ainda duvida de que o grande guru do presidente — que se apresenta como “filósofo” e vive às custas de uma legião de seguidores enganados — é uma pessoa totalmente desequilibrada, uma fraude completa em sua vida pessoal?
Até quando o seu conhecimento superficial de teorias filosóficas— já desmentidas por diversos especialistas da área— passará por erudição ou cultura?
Até quando seu linguajar ofensivo, escatológico, intimidador de mentes simplórias seguirá influenciando outras mentes rústicas no Brasil?
Quais os limites dessa falcatrua subintelequitual sobre os destinos do Brasil?
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 7/03/2020

A filha do guru destrói o pai
Guilherme Henrique
IstoÉ independente, 06/03/20 - 09h30

Uma lembrança habita como fantasma a memória de Heloísa de Carvalho. O gotejar na banheira da Escola Júpiter funciona como um clique em sua cabeça. Instantaneamente, a imagem da mãe submersa em um amálgama de sangue e água se faz presente. “Acordei e ela não estava na cama. Quebrei a janela do banheiro com o cotovelo e a vi desacordada. O guru, como de costume, estava na sala com Silvana, a aluna que mais tarde seria sua esposa”. É assim, com muita mágoa, que Heloísa relembra a convivência com seu pai, o astrólogo Olavo de Carvalho, ideólogo do governo e guru do presidente Jair Bolsonaro. Ela o define como “megalomaníaco” e uma fraude, já que ele vivia de dar golpes em amigos. “Está claro que ele tem problemas psíquicos”, diz. Abandonada à própria sorte quando criança, foi vítima de abuso sexual por um parente, não frequentou a escola até os 12 anos de idade e conviveu com a poligamia escancarada do pai, tudo isso antes dos 18 anos. Em depoimento à ISTOÉ, ela destrói Olavo.
57-418x235.jpg
DUAS CARAS Idolatrado por seus seguidores, Olavo de Carvalho é menosprezado pela filha Heloísa (Crédito: Camilla sola; Gabriel Reis)

Residindo atualmente em Atibaia, na Grande São Paulo, Heloísa de Carvalho não sabe dizer com exatidão quantos endereços teve na vida. “Quando eu morava com o guru, a gente não tinha casa. Não existia essa coisa de sentar à mesa, dividir sentimentos e problemas”, recorda. Ela passou um período morando nos fundos da Escola de Astrologia Júpiter, fundada por Olavo em 1979, em parceria com Marylou Simonsen, filha de Mário Wallace Simonsen (um dos sócios da Panair), e que foi palco da tentativa de suicídio da mãe. Na sua lembrança, esse tempo tenebroso ficou como um dos muitos momentos em que a personalidade e as vontades de Olavo de Carvalho se sobrepuseram às necessidades familiares.


A experiência nefasta na escola durou até meados de 1980. “Aquilo não ia dar certo. Os sócios tentavam dar as aulas, mas a escola era uma bagunça, crianças correndo pelas salas, uma gritaria danada. Morávamos no fundo da Júpiter, colchão no chão, roupa jogada para todo lado. Uma baderna”, relembra. A decisão de morar na Júpiter partiu da mãe de Heloísa e primeira esposa de Olavo de Carvalho, Eugenia, que mudou-se para lá com os filhos do casal – além de Heloísa, os meninos Luiz Gonzaga de Carvalho e Tales de Carvalho, enquanto que Davi de Carvalho, recém-nascido, foi para a casa da avó materna. “Para colocar a Júpiter em funcionamento, o guru alugou um sobradinho no Tremembé, na zona Norte de São Paulo. Mas, como era de se esperar, ele deu calote no dono do imóvel e não pagou o aluguel. Fomos despejados”.
Pai ausente
Raramente Heloísa chama Olavo de pai. Guru é o termo escolhido por ela. “Eu e meus irmãos fomos criados para idolatrá-lo. Eles seguiram seus passos. Eu, como sempre, nunca dei muita bola para ele”, brinca. Mais velha dos oito filhos do astrólogo, ela recorda-se com desenvoltura das peripécias do atual mentor de Bolsonaro. “Vivíamos sem regra nenhuma. Eu só fui descobrir que precisava tomar banho todos os dias já na adolescência, quando passei um tempo com minha tia Julia”. Ir à escola tampouco era uma preocupação de Olavo. A educação tardia, feita pelo método Mobral, prejudicou o desenvolvimento de Heloísa. “Eu só sabia escrever meu nome e as quatro operações básicas da matemática. Meus irmãos não concluíram os estudos, graças ao desleixo de Olavo”. Já na fase adulta, ela conseguiu finalizar o bacharelado em Direito.

Quando o projeto da Escola Júpiter acabou, Olavo de Carvalho já estava em um outro relacionamento, com Silvana, sua segunda esposa e mãe de Maria Inês e Percival. Entre 1981 e 1982, Heloísa viveu com a madrasta, a irmã mais nova e o pai em uma casa da zona sul de São Paulo. “Era uma mansão, com piscina, duas suítes, closets”, detalha. Nessa época, ela conta que foi matriculada em uma escola particular pelo pai, mas a rotina de estudos durou pouco. “Eu não tinha alimentação, roupa limpa, material escolar, nada. O guru viajava para o Rio de Janeiro e Belo Horizonte e nos abandonava à própria sorte. A Silvana ia para a casa da avó com a filha, porque lá tinha motorista, comida, empregada. Eu ficava sozinha”.
A casa virou um mausoléu irreconhecível, com a piscina suja e a grama tomada pelo mato. Uma noite em que estava sozinha no quarto, Heloísa ouviu passos no quintal. Ao perceber a presença de dois homens forçando a porta da cozinha, escondeu-se no armário. “Só saí do esconderijo quando ouvi a sirene policia. O guru, medroso e cagão como sempre, estava lá fora e não entrou nem para saber como eu estava”.
Traumatizada, Heloísa foi morar com uma tia em Atibaia, mas em meados de 1985 sua mãe foi buscá-la para que ela voltasse ao convívio com o guru. Ao chegar a um sobrado no centro de São Paulo, ela não entendeu nada. Seu pai, cristão e frequentador das missas de domingo no Brás, havia se convertido ao islamismo. “Umas 15 pessoas moravam na casa. Dormíamos em quadriliches. Minha mãe, que já não tinha relação marital com o Olavo, era tida como a matriarca”. Olavo já havia assumido um casamento com Roxane, com quem vive até hoje nos Estados Unidos. Nem por isso se furtava em continuar se relacionando com outras mulheres que freqüentavam a casa, então transformada numa espécie de templo islâmico. Além de Roxane, o guru tinha relações sexuais também com Meri Harakawa e Tereza, que frequentavam o local.

Heloísa conta que Olavo só se converteu ao Islamismo para se beneficiar da bondade alheia. ”As pessoas achavam que ele trabalhava pelo Islã, mas era papo furado. Comerciantes árabes nos mandavam comida, bebidas, roupas. Tinham pena da nossa família e ele se aproveitou disso”. A relação com o islamismo durou até o início 1986, quando a casa “começou a degringolar”. Na mesma época, Heloísa se casou, teve um filho e deixou de viver com o pai. A ida do astrólogo para os EUA, em 2005, foi uma fuga. “Ele me ligou um dia e disse para encontrá-lo em Curitiba. Chegando lá, me disse que precisava sair do país”, afirma. “Ele estava disposto a viver xingando as pessoas, como faz, sem a preocupação de ser processado”. Heloísa está convencida de que ele “sempre odiou o Brasil” e alimentava o sonho de tornar-se americano. Ela diz que a vida de pequenos trambiques que o guru aplicava nos amigos no Brasil, continua na Virgínia. “Quando fica doente, como aconteceu recentemente, ele faz vaquinhas na internet. Aí é fácil ser guru”, brinca.

Desgaste e crises
As desavenças entre Olavo e a filha começaram em 2017, após o lançamento do filme “Jardim das Aflições”, que relata a vida do guru. Heloísa conta que o pai se aproveitou de Daniel Aragão, produtor do filme, excluíndo-o dos créditos e da divisão dos lucros do documentário. “Ele usou o mesmo modus operandi da vida toda: sacanear os outros”, acusa. Uma carta aberta escrita por ela, contando os podres do astrólogo, publicada no mesmo ano, azedou ainda mais a relação.
A guerra familiar, agora, continuará na CPMI das Fake News. Convocada pelo deputado Alexandre Frota (PSBD-SP), Heloísa afirma ter um dossiê contra Olavo e os seus seguidores. “Investiguei durante muitos anos como essas pessoas funcionam. Elas são doentes: vivem na ‘olavosfera’ e fazem de tudo para defendê-lo. Conheço meu pai melhor do que ele: por isso, ele morre de medo de mim”. Por tudo que sabe, Heloísa diz temer pelo futuro do Brasil, já que Bolsonaro não abre mão de ouvir os conselhos do guru. “Por onde ele passa, o caos aparece”. Ainda não há uma data para o depoimento na CPMI, mas ela acredita que os documentos que apresentará em Brasília podem mudar os rumos da vida do astrólogo. Ainda que sofra ameaças de morte e seja perseguida por seguidores do guru, como já acontece, ela não pretende ceder nas denúncias que envolvem os métodos do pai. “Ele tem um velho amigo que o acompanha em todas as suas ações subterrâneas na Internet e que não deixa rastros nos ataques que promove. Se depender de mim, essa pessoa será desmascarada”, afirmou Heloísa. Ela, contudo, diz que só vai revelar quem é essa pessoa na CPMI das Fakes News. A máscara de Olavo está caindo.

sexta-feira, 6 de março de 2020

Ex-alunos brasileiros em universidades da Bélgica: uma associação para interação

A embaixada da Bélgica no Brasil, sob o comando do embaixador Patrick Herman, enviou a mensagem abaixo a todos os cadastrados em sua mailing, mas é possível que muitos ex-estudantes brasileiros na Bélgica, em qualquer época (ou seja, desde 1830), não tenham tido acesso ou conhecimento desta mensagem.
A intenção é a de constituir uma Associação Belga de Alumni Brasileiros" (ABRABEL), uma entidade virtual, com vinculações por ferramentas sociais, que permitirá fazer um levantamento de todos os ex-alunos, em quaisquer categorias (e suponho que eles sejam milhares), para depois divulgar ao máximo essas experiências e aprendizados.
Eu, por exemplo, tenho TRÊS diplomas de universidades belgas, onde eu me auto-exilei durante os anos de chumbo da ditadura militar no Brasil. Deixando parado meu curso de Ciências Sociais no segundo ano da famosa Fefelech-USP, fiquei quase sete anos na Bélgica, refazendo minha graduação em Ciências Sociais na ULB (1975), mestrado em Economia do Desenvolvimento na Universidade do Estado de Antuérpia (1976) e iniciando logo em seguida, 1976, meu doutorado em Ciências Sociais na ULB, que só vim a terminar em 1984, por ter voltado ao Brasil em 1977 e ingressado na carreira diplomática.
Sem hesitação, devo à Bélgica os melhores anos de minha vida, feita basicamente de intensas leituras em suas muitas bibliotecas, sobretudo na do Instituto de Sociologia da ULB. Também aproveitei para viajar muito pela Europa durante todos aqueles anos, e adquiri alguns hábitos "belgicanos", como a cerveja, as fritas, os chocolates, e o que mais a Bélgica tem de excelente, não só na gastronomia.

Formulo um apelo a todos os que estudaram na Bélgica, aos que conhecem ex-estudantes, para que divulguem esta mensagem do embaixador Patrick Herman, e preparem-se a interagir com a embaixada em vista da constituição da ABRABEL.
Bela iniciativa, com meus enfáticos cumprimentos ao embaixador por esta iniciativa.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 6 de março de 2020.

Editorial Alumni
Caros alumni,
KULeuven, ULg, UHasselt, ULB, RUG, VUB, UCL, UA, FUCAM, UNamur, Hogescholen, Ecoles supérieures… você se formou em uma universidade belga ou outra instituição de ensino superior. Você passou tempo, fez amizades e aprendeu muitas coisas diferentes durante a sua estadia no nosso país. Esta experiência certamente criou uma ligação especial entre você e a Bélgica.
Atualmente, você estabeleceu sua residência no Brasil e a Embaixada da Bélgica em Brasília está procurando manter esse vínculo criando uma rede virtual, mas dinâmica, de ex-alunos.
Esta nova iniciativa, em consulta com nossa “Associação Belga de Alumni Brasileiros" (ABRABEL) seria uma oportunidade para nos mantermos em contato para nos conhecermos, criarmos redes, construirmos laços e talvez para trabalharmos juntos em diferentes parcerias.
Além disso, as associações de ex-alunos são importantes fontes de contatos informais que permitem melhorar sua rede profissional e social e aumentar as oportunidades de empresas conjuntas ou novas formas de cooperação.

Informações sobre as atividades da Embaixada da Bélgica
Nós o manteremos informado sobre as diferentes atividades da Embaixada em Brasília, dos Consulados Gerais da Bélgica no Rio de Janeiro e em São Paulo e dos consulados honorários nas outras partes do país. Como porta de entrada para as autoridades oficiais belgas no Brasil, o Consulado e a Embaixada têm contatos a nível político, econômico e cultural.
Os postos diplomáticos e consulares mantêm também uma estreita ligação com uma comunidade belga composta por +/- 200 cidadãos ativos na indústria, finanças ou instituições acadêmicas.

Benefícios Mútuos
Do mesmo modo, você pode nos manter informados de suas atividades em seus respetivos setores. Algumas delas podem ter ligações diretas com atividades acadêmicas, comerciais ou industriais na Bélgica ou no Brasil.

Contatos Sociais
Alguns de vocês já adquiriram alguns anos de experiência na sua área de especialização, enquanto outros acabaram de concluir os seus estudos e estão cheios de expectativas. Estar em contato com pessoas com experiência similar poderia ajudá-lo a encontrar novas idéias e possivelmente desenvolver parcerias. Você pode até mesmo fazer novos amigos.
A fim de respeitar as leis de privacidade brasileiras (LGPD) e europeias (GDPR), iniciaremos no próximo mês uma divulgação e consulta aos ex-alunos que conhecemos através de nossas redes sociais. Um formulário será enviado para identificar o maior número possível de ex-alunos brasileiros interessados nesta iniciativa e perguntar-lhes sobre a que tipo de rede gostariam de participar - ou não!
Se a iniciativa encontrar interesse, esperamos em seguida poder lançar, ainda neste verão setentrional/ inverno austral, a rede tanto na “web” como pessoalmente através de um primeiro evento.

Atenciosamente,
Patrick Herman
Embaixador

Demografia e Desenvolvimento - FMI

The International Monetary Fund (IMF Blog) – 3.3.202
Demographics and Destiny
Gita Bhatt

Finance and Development (IMF), Washington DC – 3.3.2020
Population 2020
Demographics can be a potent driver of the pace and process of economic development
David E. Blum

The International Monetary Fund (IMF Blog) – 3.3.202
Demographics and Destiny
Gita Bhatt

When I visit my home country, India, I am always struck by how young it looks. From the big cities to the tiny villages, one can see the hopes and aspirations of twenty-somethings, many in search of work. In Japan, demographic trends have been moving in the opposite direction. Homes sit vacant, and villages are vanishing, as people have fewer children. In response, the Japanese are embracing technology to fill the gaps through innovations like robot chefs and automated medical services.
Changes in the size and structure of a nation’s population affect how we work, age, and live. In many advanced and emerging market economies, a shrinking pool of working-age people will have to support a growing number of retirees. Other countries—in Africa and elsewhere—will need to generate a staggering number of new jobs just to keep pace with the youth joining the job market.
Changing age dynamics have profound implications for growth, social stability, and geopolitics. They influence how people save, spend, and invest, with consequences for everything from marriage to retirement to migration.
In this issue, we bring together the leading thinkers in their fields to explore the many facets of population trends. And we asked them to consider what they mean for our future.
David Bloom focuses on the main drivers of demographic transitions, including life expectancy, fertility, and migration. David Amaglobeli, Era Dabla-Norris, and Vitor Gaspar look at the fiscal sustainability of health and pension financing. Other contributors highlight novel approaches, the role of incentives, and tried-and-tested policy solutions, such as using technology to boost productivity, raising the retirement age, opening up to immigration, and increasing women and older workers’ labor force participation.
Demographics can shape a country’s destiny. But policy choices matter, from encouraging technological innovation and institutional reform to investing in people, both young and old. With wise policies, more of us will enjoy the long, good life.

GITA BHATT, editor-in-chief, Finance & Development

*

Finance and Development (IMF), Washington DC – 3.3.2020
Population 2020
Demographics can be a potent driver of the pace and process of economic development
David E. Blum

“Demography is destiny” is an oft-cited phrase that suggests the size, growth, and structure of a nation’s population determines its long-term social, economic, and political fabric. The phrase highlights the role of demographics in shaping many complex challenges and opportunities societies face, including several pertinent to economic growth and development.
Nevertheless, it is an overstatement to say that demography determines all, as it downplays the fact that both demographic trajectories and their development implications are responsive to economic incentives; to policy and institutional reforms; and to changes in technology, cultural norms, and behavior.
The world is undergoing a major demographic upheaval with three key components: population growth, changes in fertility and mortality, and associated changes in population age structure.

Population growth

It took more than 50,000 years for world population to reach 1 billion people. Since 1960, we have added successive billions every one to two decades. The world population was 3 billion in 1960; it reached 6 billion around 2000, and the United Nations projects it will surpass 9 billion by 2037. The population growth rate has been slowing, however, from peak annual rates in excess of 2 percent in the late 1960s, to about 1 percent currently, to half that by 2050.
Although global income per capita more than doubled, life expectancy increased by 16 years, and primary school enrollment became nearly universal among children during 1960–2000, rapid population growth poses myriad challenges that are both privately and publicly daunting. These challenges include the need for more food, clothing, housing, education, and infrastructure; the absorption of sizable numbers into productive employment; and more strenuous environmental protection. Although the explosive nature of global population growth is abating in relative terms, decade-on-decade increases remain sizable and are taking place from ever more populated starting points.
Earlier concerns about a global population explosion have, to some extent, yielded to concerns about rapid population growth in particular countries and regions (see “Coming of Age” in this issue of F&D). Indeed, the overall slowdown in the rate of world population growth masks significant shifts in the distribution of world population by development status and geographic region.
Countries the United Nations classifies as less developed encompassed 68 percent of world population in 1950; today they represent 84 percent. That share will continue to rise, because virtually all of the nearly 2 billion net additions to world population projected over the next three decades will occur in less developed regions. This is a major concern, because less developed regions tend to be more fragile—politically, socially, economically, and ecologically—than their more developed counterparts.
With 1.44 billion people, China currently has the largest national population in the world, followed by India, with 1.38 billion. But by the end of this decade, India will be the most populous country, with a projected 1.50 billion people, compared with China’s peak population of 1.46 billion. Between 2020 and 2050, Nigeria (projected to overtake the United States to become the world’s third-most-populous nation) and Pakistan—already among the 10 most populous—will surge forward. Asia will continue to be home to a dominant but declining share of the world’s population (60 percent today and 54 percent in 2050).
Finally, notwithstanding continued global population growth, in 61 countries and territories that are currently home to 29 percent of the world’s people, population growth in 2020–50 is projected to be negative, with the sharpest decline (?23 percent) projected for Bulgaria (see “Eastern Europe's Exodus” in this issue of F&D).

Mortality, fertility, and migration

Population size and growth reflect the underlying forces of mortality, fertility, and international migration. These forces vary considerably across countries and can help account for key differences in economic activity and performance, such as physical capital, labor, and human capital accumulation; economic well-being and growth; and poverty and inequality.
These forces generally respond to economic shocks; they may also respond to political developments such as the beginning and ending of wars and governance crises. In many developing economies, population growth has been associated with a phenomenon known as the “demographic transition”—the movement from high to low death rates followed by a corresponding movement in birth rates.
For most of human history, the average person lived about 30 years. But between 1950 and 2020, life expectancy increased from 46 to 73 years, and it is projected to increase by another four years by 2050. Moreover, by 2050, life expectancy is projected to exceed 80 years in at least 91 countries and territories that will then be home to 39 percent of the world's population. Increased longevity is a colossal human achievement that reflects improvements in survival prospects throughout the life cycle, but especially among infants and children.
Cross-country convergence in life expectancy continues to be strong. For example, the life expectancy gap between Africa and North America was 32 years in 1950 and 24 years in 2000; it is 16 years today. Historic and anticipated reductions in cross-country health disparities reflect gains in income and nutrition among low- and middle-income countries, the diffusion of innovations in health technologies and institutions, and the distribution of international aid.
In the 1950s and 1960s, the average woman had roughly five children over the course of her childbearing years. Today, the average woman has somewhat fewer than 2.5 children. This presumably reflects the growing cost of child-rearing (including opportunity cost, as reflected mainly in women’s wages), increased access to effective contraception, and perhaps also growing income insecurity.
The social and economic implications of this fertility decline are hard to overstate. Among other things, lower fertility has helped relieve many women of the burden of childbearing and child-rearing. It has also contributed to the empowerment of women in their households, communities, and societies and has allowed them to participate more actively in paid labor markets. All these factors reinforce the preference for low fertility.
Between 1970 and 2020, the fertility rate declined in every country in the world. Fertility tended to decrease more in countries with high initial fertility, another facet of demographic convergence. Among geographic regions, Africa and Europe are currently homes to the highest (4.3) and lowest (1.6) fertility rates, respectively.
If the population’s age structure is sufficiently weighted toward those in prime childbearing years, even a fertility rate of 2.1 can translate into positive population growth in the short and medium term, because low fertility per woman is more than offset by the number of women having children. This feature of population dynamics is known as population momentum and helps explain (along with migration) why the populations of 69 countries and territories are currently growing even though their fertility rates are below 2.1.
Cross-country migration is also relevant to population growth. The effects are quite important in some countries, such as Guyana, Samoa, and Tonga, where net emigration in the past 30 years has been appreciable. Bahrain, Qatar, and the United Arab Emirates have had the highest rates of net immigration. Among the world’s 10 population super powers, migrants have the largest relative presence in the United States (15 percent in 2019). For most countries, though, international migration has not been a dominant demographic force, because more than 96 percent of the world’s population currently live in their countries of birth (see “Immigrant Swan Song” in this issue of F&D).

Age structure dynamics

The age structure of a population reflects mainly its fertility and mortality history. In high-mortality populations, improved survival tends to occur disproportionately among children. This effectively creates a baby boom. Eventually, the boom ends when fertility abates in response to perceptions of improved child survival and as desired fertility declines with economic development. But as the relatively large baby-boom cohorts proceed through adolescence and into their adult years, the population share at the peak ages for work and saving swells.
This enhances the productive capacity of the economy on a per capita basis and opens a window of opportunity for rapid income growth and poverty reduction. Events of the past decade, ranging from the Arab uprisings to more recent mass protests in Chile and Sudan, also show that countries that fail to generate sufficient jobs for large cohorts of young adults are prone to social, political, and economic instability.
The “demographic dividend” refers to the process through which a changing age structure can spur economic growth. It depends, of course, on several complex factors, including the nature and pace of demographic change, the operation of labor and capital markets, macroeconomic management and trade policies, governance, and human capital accumulation. Nonetheless, the demographic dividend model can account for much variation in past economic performance among different countries and regions (e.g., East Asia vs. Latin America vs. sub-Saharan Africa) and helps identify more- and less-promising country settings for future economic growth. For example, from 2020 to 2030, Nepal, Jordan, Bhutan, and Eswatini are projected to experience the largest gains among countries in the ratios of their working-age to non-working-age populations.
The dependency ratio—the inverse of the working age to non-working-age ratio—measures the economic pressure working-age individuals face to support, in addition to themselves, those who are not of working age. In 1990, the ratio in more developed regions was appreciably lower than in less developed regions (0.68 versus 1.04).
But by 2020, as a result of different patterns of fertility decline and population aging, the ratio had increased to 0.70 in more developed regions and decreased to 0.75 in less developed regions. And by 2050, the dependency ratio is projected to be greater in more developed regions (0.89) than in those that are less developed (0.77). This switch suggests that in the coming decades, demographics will be more favorable to economic well-being in less developed regions than in more developed regions. This will be especially true in Africa, the only region in which this ratio is projected to decline by 2050.
For countries that have yet to experience appreciable demographic transitions (like Chad, the Central African Republic, Somalia, and Sierra Leone), policies are appropriately oriented toward catalyzing those transitions. Such policies include investment that promotes infant and child survival, such as expanded vaccine coverage as well as wider access to well-provisioned and appropriately staffed primary health care systems.
For populations that have experienced health and survival gains, countries could benefit from policies to enable a decline in fertility, such as promoting girls’ education and access to reproductive health and family planning services.
And countries with relatively sizable portions of the population concentrated in the high-work and high-savings part of the life cycle need policies to realize the potential benefits of favorable demographics. Such policies include support for the operation of competitive labor and capital markets, equipping workers with human capital, building infrastructure, sound macroeconomic management, carefully designed trade policies, and good governance. Such policies are always desirable, but a large working-age population share raises the stakes.
In some countries, making investments in these various sets of policies could be challenging, as per capita income is currently lower in real terms than it was in some of today’s advanced economies when they were at a comparable demographic stage.

Global graying

Population aging is the dominant demographic trend of the twenty-first century—a reflection of increasing longevity, declining fertility, and the progression of large cohorts to older ages. Never before have such large numbers of people reached ages 65+ (the conventional old-age threshold). We expect to add 1 billion older individuals in the next three to four decades, atop the more than 700 million older people we have today. Among the older population, the group aged 85+ is growing especially fast and is projected to surpass half a billion in the next 80 years. This trend is significant because the needs and capacities of the 85+ crowd tend to differ significantly from those of 65-to-84-year-olds.
Although every country in the world will experience population aging, differences in the progression of this phenomenon will be considerable. Japan is currently the world leader, with 28 percent of its population 65 and over, triple the world average. By 2050, 29 countries and territories will have larger elder shares than Japan has today. In fact, the Republic of Korea’s elder share will eventually overtake Japan’s, reaching the historically unprecedented level of 38.1 percent. Japan’s median age (48.4) is also currently the highest of any country and more than twice that of Africa (19.7). But by 2050, Korea (median age 56.5 in 2050) is also expected to overtake Japan on that metric (54.7).
Three decades ago, the world was populated by more than three times as many adolescents and young adults (15- to 24-year-olds) as older people. Three decades from now, those age groups will be roughly on par.
By income group, the sharpest growth in the numbers of older people will occur in countries currently classified as middle income. This is unsurprising, as these countries make up 74 percent of the world population. What may be surprising is that the older-population share in middle-income countries is increasing at a much faster rate than in their low- and high-income counterparts. Moreover, in comparison with high-income countries, today’s middle-income countries are projected to have appreciably greater real incomes when their older-population shares reach comparably elevated levels. This contradicts the common claim that developing economies are getting old before they get rich.
The challenge middle-income countries face is not predominantly insufficient income to take care of their older people. Rather, it is how well institutions and policies can promote economic and social security among older people in a financially sustainable way.
Population aging is sounding alarms worldwide. Whether increased longevity is associated with more or less of a person’s life lived in frailty is among the most salient unresolved questions public and private policymakers throughout the world face (see “The Long, Good Life” in this issue of F&D).
Economists continue to express concerns. These relate to downward pressure on economic growth due to labor and capital shortages and falling asset prices in the future as a growing and more aged cohort of older people seeks to support itself by liquidating investments. Another major issue has to do with fiscal stress. Government coffers will be strained by rising pension liabilities and the cost of health and long-term care associated with the expected growth in the incidence and prevalence of chronic diseases such as cancer, among others. These challenges will, however, be partially offset by the increasing, but typically neglected, value older people create through productive nonmarket activities like volunteer work and caregiving.
Without historical lessons from a world with such large numbers of older people, there is even more uncertainty about our collective future. However, adopting a business-as-usual approach to the challenges of population aging would be irresponsible.
Various responses could cushion the economic burden of population aging. These include policy reforms to promote the financial sustainability and intergenerational equity of health and pension financing. Raising the legal age of retirement, which has been relatively stable in nearly all countries for the past several decades (see “Getting Older but Not Poorer” in this issue of F&D) would also ease the burden. Pronatalist tax incentives are also a policy option for the long term, but their effect on fertility is thus far unproven.
Additional approaches include efforts to increase health systems’ emphasis on early detection and on prevention of disease through, for example, better awareness of the benefits of physical activity and subsidization of such activity. Relaxing the institutional and economic barriers to international immigration from regions with relatively large working-age populations could alleviate labor shortages.
Finally, technological innovations are likely to ameliorate the effects of population aging. New drugs to slow the process of aging and add healthy years to people’s lives and the invention and deployment of assistive devices such as robots are two among many such improvements. Institutional innovations like new models of home health care, public transportation systems, the design of urban layouts, and financial instruments are also on the horizon.

The bottom line

Global, regional, and country demographic indicators have changed dramatically since the early 1950s and are poised for equally dramatic changes in the coming decades. Population aging continues to displace population growth as the focal point of interest among global demographic phenomena. Nonetheless, both phenomena and their underlying drivers have had, and will continue to have, profound repercussions for myriad indicators and determinants of economic well-being and progress. Demographics are not, however, set in stone. Nor are their implications for individual and collective well-being.

DAVID E. BLOOM is a professor of economics and demography at Harvard University’s T. H. Chan School of Public Health.

Como se destrói a inteligência de um país - Kent Harrington

Inteligência aqui significa mesmo a comunidade de informações, mas as práticas de Trump podem ser generalizadas para outros setores, uma realidade que também se manifesta em outros países.

Trump’s Great Purge
US President Donald Trump has unleashed another round of personnel changes in the intelligence community, replacing career national-security officials with unqualified toadies. With the White House's war on intelligence agencies taking its toll, those who remain are likely to be intimidated into submission.
Kent Harrington
Project Syndicate, 5.3.2020

Atlanta -  After nearly four years of inveighing against the US intelligence officials and analysts who revealed Russia’s meddling in the 2016 US presidential election, Donald Trump is finally acting fully on his paranoia by carrying out a purge. The recent defenestration of top US national-security officials may come as a shock to Americans, but it is no surprise to the Russians. For months, the joke making the rounds in Moscow goes that if Trump would only fire his spy chiefs, he could get his intelligence directly from the source: Russian President Vladimir Putin.
Among those ousted by Trump in the past month were the acting director of national intelligence, Admiral Joseph Maguire, and his deputy. But the removal of senior officials isn’t the most important part of the story. What matters most is that Trump wants to send a message to the intelligence community’s rank and file, which has consistently given the lie to his groundless claims about issues ranging from the North Korean nuclear program to climate change. Trump wants to intimidate US intelligence professionals into submission, and he might just succeed.
There is no question that Trump’s latest round of firings qualify as a “purge.” His interim choice to replace Maguire, Richard Grenell, who had been the US ambassador to Germany, is a notorious Trump sycophant with no intelligence experience. Grenell will happily play to the Oval Office’s audience of one. He has already ordered his own minions to start investigating alleged conspiracies among the intelligence officials who uncovered Russia’s election interference, and to pore over personnel files in search of those who may not be sufficiently loyal to Trump.
With the 2020 presidential election approaching, it isn’t hard to see Trump’s motive. In December, intelligence officials avoided the public portion of their annual threat briefing to Congress, following hearings a year earlier in which they provoked Trump’s wrath by contradicting him on almost every major national-security issue. The message from that episode was clear: Trump wants an executive suite staffed by servile appointees who will muzzle the intelligence agencies throughout the 2020 presidential campaign season. If Grenell does his job and completes the purge, Trump’s new DNI nominee should be able to sail through the Senate confirmation process with an innocent smile.
That nominee will be Republican US Representative John Ratcliffe, another consummate Trump toady. Ratcliffe’s attacks on Special Counsel Robert Mueller during the congressional hearings into the Russia investigation led Trump to pick him for the DNI job last summer. But revelations that Ratcliffe had inflated his resumé to make up for his lack of intelligence experience torpedoed his nomination, with even Senate Republicans admitting that loyalty to Trump is not a sufficient qualification for the job. Now the Senate will be faced with choosing between Ratcliffe and Grenell.
Ratcliffe’s history of shameless pandering suggests that, like Grenell, he will politicize intelligence whenever Trump demands. The intelligence community’s job is to deliver facts and nonpartisan analysis to the president, top policymakers, and military commanders, regardless of their stated policy preferences. But Trump has made many efforts to suppress or discredit intelligence he doesn’t like, and he is now likely to do so with abandon.
Both Republicans and Democrats have already raised alarms about the White House’s meddling in critical intelligence activities. In January, Adam Schiff, the Democratic chairman of the House Intelligence Committee, warned that the Trump administration was pressuring intelligence agencies to withhold information on Ukraine from congressional oversight. And in the Senate, an intelligence briefing to explain the imminent threat that supposedly justified the targeted killing of Iranian Quds Force commander Qassem Suleimani in January was met with bipartisan criticism over what looked like White House misrepresentations.
To be sure, presidents have every right to give intelligence agencies new directives and to remove officials for failures or missteps. After the disastrous Bay of Pigs invasion in 1961, President John F. Kennedy installed an intelligence-community outsider, John McCone, at the helm of the CIA. And after the Iran-Contra scandal implicated CIA Director William J. Casey, President Ronald Reagan tapped William H. Webster, a former FBI director, to replace him. Nonetheless, until Trump, no president has so blatantly put his own political fortunes ahead of the country’s security by discrediting the very agencies charged with its defense.
Indeed, not even a president as ethically challenged as Richard Nixon has come close to Trump’s war on intelligence. Under pressure from the Watergate scandal, Nixon, in February 1973, appointed James R. Schlesinger to replace Richard Helms as CIA director, because the latter had refused to go along with the coverup. Upon arrival, Schlesinger downsized the agency, forcing out hundreds of experienced officers and unsettling the rank and file. But he never questioned the agency’s loyalty or discredited its work. Moreover, unlike Grenell and Ratcliffe, Schlesinger, who later served as secretary of defense, at least had national-security credentials.
Trump’s ceaseless attacks and installation of political apparatchiks at the top of the intelligence community has undoubtedly taken its toll on morale. US spies and intelligence analysts are trained to do their jobs with integrity and to take risks in the field. They are there to provide independent, nonpartisan information and analysis in the service of the country’s security. By ignoring their findings, denigrating their work, and hunting for signs of disloyalty, Trump’s actions have jeopardized that mission.
So far, the intelligence community’s leaders have said little about the damage that Trump has wrought. The most charitable explanation of their silence is that they are protecting the mission by keeping their heads down. That may be true. But at some point, silence becomes indistinguishable from complicity, particularly when those who are most responsible for the success of the mission are targeted by purges and bogus investigations. When those who should be receiving accolades are getting the boot, something has gone very wrong.

Kent Harrington, a former senior CIA analyst, served as National Intelligence Officer for East Asia, Chief of Station in Asia, and the CIA’s Director of Public Affairs.

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...