O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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quarta-feira, 9 de março de 2022

Personagens da história da liberdade: Roberto Campos - Live com Paulo Roberto de Almeida

 Minha live mais recente, a convite do líder do Movimento SC Livre, de Santa Catarina, Rafael Ary, e do deputado Bruno Souza, fundador do movimento.


1443. “A atualidade de Roberto Campos”, Palestra e debate sobre o personagem símbolo da liberdade no Brasil, no Movimento SC Livre (08/02/2022; link: https://youtu.be/L70hyLaBnYQ); Relação de Originais n. 4090.



A atualidade de Roberto Campos

 

 

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor; diretor de publicações no IHG-DF.

(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)

palestra no Movimento SC Livre, sobre o economista e diplomata; em módulo formativo nomeado “Personagens da História da Liberdade”; dia 8/03; 20:00hs.

Link para a aula: https://youtu.be/L70hyLaBnYQ

 

 

Livros PRA: O Homem Que Pensou o Brasil: trajetória intelectual de Roberto Campos (Curitiba: Appris, 2017); A Constituição Contra o Brasil: ensaios de Roberto Campos sobre a Constituinte e a Constituição de 1988 (São Paulo: LVM, 2018).

Conceito chave: ecletismo; liberdade é um conceito genérico e abstrato

Anos 1940: Oswaldo Aranha o considerava comunista

Anos 1950: planejamento econômico, Comissão Mista Brasil-EUA, BNDE, Plano de Metas de JK; renúncia da presidência do BNDE (acordo com FMI; construção de Brasília);

1961-64: embaixador em Washington; de Jânio ao parlamentarismo e ao presidencialismo;

Anos 1964-67: grandes reformas, que só podiam ser feitas pelo Estado: PAEG (redução gradual da inflação, sem metodologia FMI), criação do BC, reformas financeiras (correção monetária, scala mobile italiana; efeitos delongados, inerciais), novo sistema tributário (racionalidade, para investimentos), BNH, uma nova Lei de Terras (tributação sobre terras ociosas), mercado de capitais, investimentos estrangeiros (recusa da limitação de remessa de lucros, garantias aos investidores, Convenção de NY-1959, aceita 30 anos depois)

Revisão de expectativas: anti-estatismo ao sair do governo

1967 em diante: críticas à estatização, intervencionismo exacerbados, três orçamentos: fiscal, monetário, estatais, subsídios anti-Gatt, financiamentos estatais às Xs, dezenas de estatais produtivas

Constituição de 1967: colaboração no capítulo econômico

1974-82: Embaixador em Londres: intelectuais; José Guilherme Merquior;

1982-1998: parlamentar: Senador MS na Constituinte; cavaleiro solitário; deputado pelo RJ;

1989-1991: queda do muro de Berlim; teve razão antes do tempo; Raymond Aron;

1998: ABL: teve vitórias e decepções

2001: morte e legado

2017: 100 anos do nascimento; homenagens, PRA e Ives Gandra, Paulo Rebello de Castro

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4090: 25 fevereiro 2022, 1 p.


terça-feira, 8 de março de 2022

A Resolução da ONU além do que os olhos podem ver - Lucas Carlos Lima (OESP)

 A Resolução da ONU além do que os olhos podem ver

Os 141 Estados favoráveis prepararam o terreno para as batalhas diplomáticas, políticas e jurídicas que se seguirão

Lucas Carlos Lima 

O Estado de São Paulo, 06/03/2022

https://opiniao.estadao.com.br/noticias/espaco-aberto,a-resolucao-da-onu-alem-do-que-os-olhos-podem-ver,70003998338

 

Na diplomacia e nas relações jurídicas internacionais há certos atos que guardam significados para além do que um mero perpassar de olhos pode sugerir. A Resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas adotada no dia 02 de março por 141 votos favoráveis, 5 contrários e 35 abstenções é um desses atos. Não obrigatória por natureza, exortatória por definição, ainda assim a Resolução é eloquente. Nos detalhes diz muito, e num conflito de argumentos jurídicos, pesa a balança para um dos lados da narrativa.

 

A longeva e bem definida técnica dominada por juristas internacionalistas sugere que não basta que a natureza não-vinculante  da resolução do órgão democrático da ONU não encerra os debates: o texto, o contexto e os precedentes são significativos. Sobre este último, trata-se de uma Resolução invocando a vetusta resolução “Unindo para a paz” de 1950. Nas raras vezes em que deu o ar da graça para acomodar crises internacionais, tal resolução fazia com que se lesse, mutatis mutandis, que “o balanço de competências da ONU se altera, a Assembleia vai agir com poderes do Conselho, que está emperrado”.

 

Quanto ao texto, a escolha de verbos é loquaz e noticia-se que Brasil foi jogador importante no exercício de se encontrar termos capazes de impedir confrontação demasiada. O voto brasileiro veio acompanhado de uma explicação que pode ser traduzida por “não é o texto que queríamos, mas dadas as circunstâncias, não se pode votar contra”. Tal posição pode ser lida sob diferentes ângulos. Por um lado, serviria de aceno ao diálogo com Moscou; mantém-se a porta aberta. Por outro, se alinha à posição majoritária, engrossando o coro sobre o descabimento dos argumentos que ressoam do lado de lá do muro.

 

Isso porque o texto da Resolução é contundente e significativamente mais severo do que o adotado em relação à anexação da Crimeia em 2014, por exemplo. Não é todo dia que se lê num documento da ONU que um de seus órgãos “lamenta nos termos mais fortes a agressão da Federação Rússia contra a Ucrânia em violação ao Artigo 2.4 da Carta”. Nesse sentido, a alta adesão de 145 Estados é ainda mais significativa: construiu-se consenso na maioria em torno de um texto austero o qual possui implicações do ponto de vista legal. 

 

A Resolução reafirma seu compromisso com a soberania, independência, unidade e integridade territorial (também marítima) ucraniana. Para a Rússia, a Resolução deplora em vez de condenar, e demanda a retirada de tropas e o fim das violações, recordando que existem princípios obrigatórios que norteiam a vida e a amizade dos Estados. O texto não se esquece da Bielorrússia, cujo uso ilícito da força também é lastimado. Em abstrato, a Resolução condena violações ao direito humanitário e pede o respeito aos princípios básicos do direito internacional. Eis a premissa básica da resolução: as normas reconhecidas devem ser respeitadas e não se pode retroceder naquilo que foi estabelecido. 

 

Não é a força dos verbos escolhidos, mas as informações que a Resolução avança que a transformam em um instrumento poderoso. O documento torna indisputáveis certos fatos: houve uma agressão, isto é, no linguajar jurídico, o mais severo uso da força prenunciado na Carta da ONU e em resoluções anteriores; (2) a Carta foi violada em relação à proibição do uso da força; (3) o uso da força foi ilícito, de modo que as escusas apresentadas até então pela Rússia foram rechaçadas; (4) a declaração sobre o status de Donetsk e Luhansk pela Rússia é ilícita; (5) voltam à baila os acordos de Minsk, responsáveis por apaziguar a crise russo-ucraniana de 2014. 

 

Duas consequências podem ser depreendidas e merecem atenção. Um, dentro da arquitetura jurídica a qual estrutura o sistema ONU: está-se diante de sérias violações, até mesmo das assim chamadas regras peremptórias do direito internacional. Dois, diante de violações às regras e princípios cardinais do sistema, algumas consequências especiais podem ser elencadas. A primeira é que os Estados violadores têm de cessar seus atos ilegais. Além disso, todo membro da comunidade internacional está sob o dever de não reconhecimento desses atos ilícitos. Terceiro, se há violações a regras, os atos tomados pelos membros da comunidade para que os violadores voltem a honrar suas obrigações – mesmo que em desacordo com o direito – são legitimáveis. Um manto de legalidade – com limites de proporcionalidade e necessidade – recobre as sanções impostas.

 

Em suma, os 141 Estados os quais votaram a favor da Resolução avançaram estrategicamente para além do texto e prepararam o terreno para as batalhas diplomáticas, políticas e jurídicas que se seguirão. Não obrigatória? Sim. Eloquente? Também. Uma vitória de Pirro? Os próximos passos do conflito responderão. Será invocada no futuro? Certamente.

 

Lucas Carlos Lima é professor de Direito Internacional da UFMG. Membro da Diretoria da ILA-Brasil. Coordenador do Grupo de Pesquisa sobre Cortes e Tribunais Internacionais CNPq/UFMG.

ILA Statement on the Ongoing and Evolving Aggression In and Against Ukraine (3 March 2022)

ILA Statement on the Ongoing and Evolving Aggression In and Against Ukraine 3 March 2022

As an Association committed to the international rule of law the International Law Association (ILA) deplores the flagrant violation of international law by Russia in its military action in and against Ukraine, a sovereign state and member of the United Nations.

Further to the statement issued by the Executive Chair of the ILA on 25th February 2022, the Association affirms its commitment to the rules of international law relating to the use of force including the legal obligation upon all states to comply with the principles set out in the United Nations Charter, especially article 2 (4) relating to the prohibition of the use of force against the territorial integrity and political independence of any state without a mandate from the Security Council, or in lawful self-defence.

The actions of the Russian Federation manifestly do not come within the exceptions to the prohibition of the use of force and as such are in breach of these peremptory norms of international law from which no derogation is permissible. Nor can political arguments detract from legal obligation.

Apart from being responsible for an internationally wrongful act – the unlawful use of force - the Russian Federation must also comply with its obligations under international humanitarian law and international human rights law. Failure to do so may constitute international crimes for which there is individual criminal responsibility as well as state responsibility under the Geneva Conventions, the laws and customs of war and human rights treaties. The Association welcomes the decision of the Prosecutor of the International Criminal Court to investigate the possible commission of war crimes and crimes against humanity.

It is evident that compliance with the law will not of itself safeguard international peace and security. Without it, however, not only is the stability of the international order threatened but so too are the lives and security of millions of civilians. The ILA joins with others for calling for an end to the use of force in Ukraine, for a peaceful settlement with meaningful participation by civil society, and for immediate humanitarian and other assistance to those displaced, injured and otherwise harmed, as well as long term justice.

International Law Association (ILA) 3 March 2022


China’s difficult balancing act in Russia–Ukraine crisis - Meia Nouwens (IISS)

 ANALYSIS

4th March 2022

China’s difficult balancing act in Russia–Ukraine crisis

China’s inconsistent messaging on Russia’s invasion of Ukraine reveals a difficult balancing act for Beijing, as it attempts to adhere to long-held principles while serving the interests of a valuable strategic partner. Meia Nouwens assesses Beijing’s competing considerations in navigating the crisis.

Russia’s invasion of Ukraine came only days after the conclusion of the Winter Olympics in Beijing, and only three weeks after Russia and China issued a joint statement outlining their deepening partnership and shared vision for the global order. It is unclear, however, exactly to what extent Beijing was informed about Russia’s move on Ukraine or whether Beijing had anticipated the global diplomatic, economic and indirect military pushback to it. Beijing’s changing narrative shows that it is struggling to balance its policy options.  

The West’s swift and surprisingly united response to Russia’s actions will give Beijing food for thought regarding its own plans for Taiwan, even though Ukraine and Taiwan are not entirely comparable case studies. Given the upcoming 20th Party Congress this autumn, 2022 will be the year that Beijing, more than ever, requires stability at home and in its international relations. It seems thus far that this is becoming increasingly difficult.  

What’s China’s official position? 

Since the outbreak of conflict, Beijing has subtly changed the focus of its statements regarding Ukraine several times. This suggests that it is finding it difficult to adhere to one policy line that bridges its long-held principles of non-interference and territorial integrity and also shows support for Russia. On 26 February, Wang Yi published China’s official position on the Ukraine crisis, covering five points:  
  • China maintains that all states’ (including Ukraine’s) sovereignty and territorial integrity should be respected and protected according to the UN Charter;
  • China believes that the legitimate security concerns of all countries should be respected. Here, NATO’s expansion raised legitimate security demands in Russia;
  • China doesn’t want to see the current situation in Ukraine, and all parties should exercise restraint;
  • China supports a diplomatic resolution and peaceful settlement of the Ukraine crisis, and states that the Ukraine issue has evolved in a ‘complex historical context';
  • China stands against the invocation of UN Charter Chapter VII that authorises the use of force and sanctions in United Nations Security Council (UNSC) resolutions, but believes that the UNSC should play a constructive role in resolving the Ukraine issue.
There are contradictions in China’s position on some of these points, however, and Beijing appears to be finding it difficult to find its exact footing with regards to the conflict. In his statement to the UNSC meeting on Ukraine on 21 February, China’s ambassador to the United Nations did not mention China’s position on safeguarding sovereignty and territorial integrity. This language reappeared in the next set of remarks the ambassador gave to the UNSC on 24 February 2022. And in a recorded address to Chinese citizens in Ukraine, the Chinese ambassador to Ukraine stated that ‘we respect Ukraine’s independence, sovereignty and territorial integrity.’ China has also sought to emphasise that China and Russia are partners, not allies, and that China’s position towards the Ukraine conflict has been arrived at by Beijing alone. 

Similarly, while Beijing has avoided any language that criticises Russia for its invasion, it has oscillated between suggesting that Russia has security concerns that justify its actions, to directly accusing the US of instigating the war. At the Munich Security Conference, China’s Foreign Minister Wang Yi noted that Russia had ‘reasonable security concerns that should be taken seriously’. In a similar vein, Foreign Ministry Spokesperson Hua Chunying in her press conference on 23 February pointed to the need for ‘all sides’ to stop ‘stoking panic, or hyping up war’. Hua pointed specifically to the US as ‘pouring oil on the flame’, and undermining Russia’s security through ‘five waves of NATO expansion eastward all the way to Russia’s doorstep’. On 24 February, Hua went further to argue that the US instigated the conflict between Ukraine and Russia.  

However, despite all this, on 26 February China did not exercise its veto of a draft UNSC resolution instructing Moscow to stop attacking Ukraine and to withdraw all troops immediately. Any hopes in the US and Europe – or Ukraine, which has asked China to mediate with Russia – that Beijing could influence Moscow’s actions towards Ukraine will be dashed. Beijing publicly deepened its relationship with Russia through a joint statement on 4 February, and continues to factor US–China competition into its foreign-policy decision-making. Certain Chinese government-affiliated think tank commentary exemplifies this.   

There also seemed to be confusing instructions from China’s embassy in Ukraine to its citizens in the country. On 24 February, it instructed nationals driving through Ukraine to affix China’s flag to their cars. Two days later, it reversed its recommendation and urged its citizens not to reveal their identity, as the escalation in the conflict with Russia posed a security risk to Chinese nationals.  

Criticism at home 

Chinese media has expectedly toed the government line on the Ukraine crisis, pointing to the Ukraine ‘problem’, ‘conflict’, ‘issue’ or ‘situation’ – anything short of calling it a war or Russia’s actions as an invasion of a sovereign nation and violation of its territorial integrity. However, discontent with Putin and the Russian government has been voiced in China. On 28 February, five Chinese academics published a joint statement on Weixin stating that they were ‘strongly opposed to the war Russia started against Ukraine’. It continued, ‘the aggression against a sovereign nation with the use of force is tantamount to destroying the existing international security system, no matter what Russia says about the reason for doing so.’ Notably, the professors stated their position on the war, but did not indicate direct disagreement with the Chinese government’s reaction.  

There should be little expectation that such statements, which have since been censored and removed from their original sources, will influence Xi Jinping. Some Chinese think tankers have in the last few years lamented restrictions on their work and, therefore, their effective inability to provide sound policy advice to the government. 

Other considerations for Beijing 

China has criticised the sanctions imposed on Russia by European capitals, the European Union, the US and like-minded countries. Foreign ministry spokesperson Wang Wenbing has stated that China does not support the use of sanctions to solve the conflict and that they have no basis in international law. According to Wang’s statement, sanctions only create new problems and interfere with the political settlement of conflicts. But the collective response by the West and others (and in particular the strong participation in these measures by the business sector) will have come as a surprise to Beijing, which has leveraged disunity within the very same blocs to its own political advantage. Beijing might have assumed that Europe’s former disunity with regards to Russia would persist.  

Beijing now faces another challenge. How to respond to a strategic partner facing sanctions imposed against its central bank and political leadership and elites, a heavily devalued currency, and partially blocked participation in the SWIFT banking system. Beijing has already stated that it will maintain its normal tradecooperation with Russia, and in line with an agreement signed earlier in February has lifted all restrictions on importing Russian wheat. That relationship today is an important one: 17% of Russia’s total exports went to China in 2021, of which 66% were oil and gas exports. In response to the sanctions placed on Moscow in 2014, China was able to negotiate lower gas prices for imports from Russia. And the two countries signed a 30-year supply deal in January 2022. Chinese companies may find opportunity in this crisis.  

There is speculation that China and India could seek to alleviate Russia’s expulsion from SWIFT, and increasingly trade with Russia in their own currencies. China operates a SWIFT alternative – the ‘Cross-Border Interbank Payments System’, or CIPS, which was announced in 2015 to facilitate the settlement of international payments in reminbi. Presently, 23 Russian banks are reported to be connected to CIPS. China has indicated that it would like a greater percentage of bilateral trade, including in oil and gas contracts, to be settled in Chinese yuan rather than other foreign currencies. And India is reportedly also considering whether to set up a rupee payment system for trade with Russia. However, as some experts have pointed out, CIPS still relies on SWIFT messaging within its system, and is thus not a perfect workaround. Furthermore, secondary sanctions or commercial sanctions on targeted sectors will make trading with Russia increasingly difficult, even for countries such as India and China. 

Taiwan 

While some analysts have stated that the current crisis in Ukraine has nothing to do with the Indo-Pacific, China and Taiwan will both be watching how the West responds to Russian aggression. As a result of the Ukraine crisis, a slogan has made the rounds in Taiwan:  ‘今日乌克兰, 明日台湾’ (today Ukraine, tomorrow Taiwan) – echoing similar slogans following Beijing’s crackdown on protests in Hong Kong in 2020. Taiwan’s government has reported no unusual People’s Liberation Army movements since the war began, but has increased its alert level.  

While Beijing won’t base its decision on how to solve the ‘Taiwan problem’ based on timing that is convenient for Russia, it will take stock of messaging on Russia’s actions from like-minded countries, especially those expressing unity or will to take decisive political, economic or military actions, or to incur financial and economic costs as a result of such measures. The US, while pre-occupied with the ongoing war in Ukraine, has made a point of reminding Beijing that it is both committed to European security as well as to that of the Indo-Pacific region. The US reportedly sailed a destroyer through the Taiwan Strait, briefly crossing the Median Line, and has also sought to send a signal to Beijing that it continues to support Taipei through the visit of a delegation of former senior defence officials to Taiwan. Based on how liberal democracies have responded to Russia’s invasion of Ukraine, Beijing may have to factor in the possibility of similar responses to any Taiwan contingency. 

Karl Popper: as sociedades fechadas (como a Rússia) e as sociedades abertas, as democráticas, do Ocidente

 Tenho o dois volumes originais da Routledge, em algum canto da minha biblioteca, mas downloadei a versão de 2011, em Kindle.

A versão original é esta: The Open Society and its Enemies. Londres: Routledge & Kegan Paul, 1945, 2 vols. 

A atual é esta: 

The Open Society and Its Enemies

Putin apresenta lista de condições para encerrar guerra na Ucrânia; o que fazia o Brasil em 1940 em relação à Polônia? - Igor Gielow (FSP), Paulo Roberto de Almeida

Publiquei, há pouco, meu artigo sobre o o abandono do Direito Internacional pelo Brasil (também disponível neste link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/03/uma-renuncia-infame-o-abandono-do.html ). 

Pois bem, leio agora que o ditador Hitler-Putin exige, como condição para acabar com a agressão contra a Ucrânia, que se reconheça "a Crimeia anexada em 2014 como russa e as ditas repúblicas separatistas do Donbass, no leste, como independentes".

Permito-me, antes que o Itamaraty seja levado a mais uma violação de seus próprios princípios relativos ao Direito Internacional, recordar a atitude da diplomacia brasileira, em 1939, em plena ditadura do Estado Novo, relativamente ao esquartejamento da Polônia pela Alemanha nazista e pela União Soviética stalinista.
Retiro do relatório do MRE de 1939, este trecho sobre o não reconhecimento de situações geradas pelo uso da força:

"O conflito europeu suscitou, logo de início, a questão da nossa Representação diplomática junto ao Governo polonês e a do reconhecimento da anexação dos territórios ocupados. Decidiu o Governo brasileiro, fiel aos princípios do não reconhecimento de conquistas efetuadas pela força, manter a sua Representação junto ao Governo da Polônia, tendo sido dadas instruções nesse sentido ao Ministro Joaquim Eulálio do Nascimento Silva, que se transferiu para Angers. (Relatório do MRE de 1939, p. 4-5).

Permito-me recordar, ainda, que o Brasil NUNCA reconheceu a suzerania da URSS sobre os três países bálticos em 1940 (e até 1991), pois havíamos estabelecido relações diplomáticas com os três, entre 1919 e 1921.
Paulo Roberto de Almeida

Putin apresenta lista de condições para encerrar guerra na Ucrânia
Porta-voz diz que russo quer rendição militar, neutralidade e reconhecimento da Crimeia e do Donbass
Igor Gielow
Folha de S. Paulo, 7.mar.2022 às 13h06

A Rússia de Vladimir Putin listou pela primeira vez as condições que apresentou à Ucrânia para acabar com a guerra que devasta o país vizinho há 12 dias.

Em uma entrevista à agência Reuters, por telefone, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que a operação "acaba em um instante" se Kiev se render militarmente, mudar sua Constituição para garantir que nunca irá aderir à Otan, a aliança militar ocidental, ou à União Europeia, reconhecer a Crimeia anexada em 2014 como russa e as ditas repúblicas separatistas do Donbass, no leste, como independentes.

Segundo Peskov, os negociadores russos já informaram aos ucranianos seus termos na semana passada, quando fizeram duas reuniões na Belarus. A terceira rodada ocorre nesta segunda-feira (7), também na ditadura aliada de Moscou, que serve de base para ações no norte da Ucrânia.

Peskov afirma que não haverá exigências territoriais adicionais a serem feitas, o que não condiz com o mapa que se desenha no solo ucraniano, particularmente com o estabelecimento de uma ponte terrestre entre o Donbass e a Crimeia, base da Frota do Mar Negro russa.

Se a cidade de Mariupol, sob intenso cerco e objeto da discussão acerca de corredores humanitários, cair, tal ligação está estabelecida. E as forças de Putin lutam para chegar até Odessa, o maior porto ucraniano. Se conseguirem, apesar dos reveses no caminho no fim de semana, podem isolar o país do mar.

"Nós realmente estamos acabando a desmilitarização da Ucrânia. Vamos acabá-la. Mas a principal coisa é a Ucrânia cessar sua ação militar. Aí ninguém vai atirar", disse Peskov. Em outras palavras, o Kremlin quer a rendição dos ucranianos, algo que o governo de Volodimir Zelenski rejeita. No sábado (5), Putin havia dito que a Ucrânia corria o risco de deixar de ser um Estado soberano.

"Eles devem fazer emendas à Constituição de acordo com as quais a Ucrânia irá rejeitar entrar em qualquer bloco", afirmou, sobre a neutralidade. A frase é importante, pois "qualquer bloco" indica não só o temor decantado dos russos de ter um país enorme membro da Otan junto às suas fronteiras, mas também o desejo de evitar que a União Europeia transforme a Ucrânia em uma vitrine do tipo de democracia que possa inspirar opositores de Putin na Rússia.

Peskov disse que "seria uma questão de tempo" ver mísseis intermediários e outras armas ofensivas colocadas numa Ucrânia que fizesse parte da Otan. "Tivemos de agir." A questão da neutralidade estava no centro do ultimato feito aos EUA e à Otan em dezembro por Putin, que foi rejeitado liminarmente pelos ocidentais. No caso, o russo queria a garantia deles de que não trariam a Ucrânia para seu lado.

Em 2008, tal possibilidade levou o Kremlin a lutar uma guerra na Geórgia, vencida em cinco dias. As ações de 2014 na Ucrânia já seguiam essa lógica, já que o governo pró-Rússia de Kiev havia caído após protestos de rua por não ter aceito um acordo comercial com os europeus. Putin busca manter o cinturão que separa a Rússia de seus adversários, como fizeram antes o Império Russo e a União Soviética.

Por fim, as questões territoriais existentes. Que a retomada da Crimeia por Moscou em 2014 é um fato consumado, isso é admitido por qualquer diplomata ocidental. Fazer Kiev aceitar parece algo mais difícil. O mesmo se aplica às chamada "repúblicas populares" do Donbass, baseadas em Donetsk e Lugansk, lar de 4 milhões de pessoas, a maioria russófona, e 800 mil delas, com passaporte russo.

"Isso não significa que a gente está tomando Lugansk e Donetsk da Ucrânia. Elas não querem ser parte da Ucrânia. Mas isso não significa que elas devam ser destruídas como um resultado", disse o porta-voz, repassando a justificativa inicial da ação de Putin —a suposta proteção às duas áreas que são autônomas desde a guerra civil que seguiu à anexação da Crimeia. "De resto, a Ucrânia é um Estado independente que irá viver como quiser, sob as condições de neutralidade", disse. A Rússia reconheceu as duas regiões três dias antes do início da guerra. "Nós entendemos que elas seriam atacadas."