O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sexta-feira, 29 de julho de 2022

Eleições 2022: discurso da candidata do MDB, senadora Simone Tebet, na convenção do partido

Não recebi discursos dos demais candidatos, ou não tive acesso a seus pronunciamentos, sobretudo dos dois líderes da campanha. Publicarei indistintamente os discursos dos principais candidatos, sempre quando disponíveis, mas também posso buscar nos sites dos partidos.

Paulo Roberto de Almeida


Íntegra do discurso de Simone Tebet na convenção do MDB que oficializou a sua candidatura à Presidência da República

Brasília, 27.07.2022

Eu não poderia iniciar a minha fala sem antes dizer que eu recebo hoje, sem dúvida nenhuma, a mais árdua, mas mais importante missão da minha vida. Não imaginei, nunca, que uma filha do interior do interior do Brasil, apaixonada por política desde sempre, que carregava bandeiras, mexia no som, que estimulava mulheres a fazer política, que dentro de sala de aulas explicava pra juventude a importância de amar o seu país, de servir ao seu povo, de dar o seu melhor, pudesse, um dia, estar nesse momento, naquele que é o maior, o mais democrático partido do Brasil, ser alçada, pela primeira vez, uma mulher candidata a presidência da República. 

Quero dizer, Baleia, que você não tem noção da importância para nós, mulheres, neste momento e do quanto você se iguala aos grandes homens públicos que passaram pelo nosso partido. E faço uma referência especial a Ulysses Guimarães, a Teotônio, a Tancredo, a Covas, vamos colocar todos, a Montoro, a Itamar. Para não deixar, aqui, de citar duas grandes lendas vivas da nossa história, Fernando Henrique Cardoso e Pedro Simon. Você se iguala pela ética, você se iguala pela coragem, você se iguala porque não aceitou pressão, não aceitou conchavos, não aceitou, como disse Roberto Freire, negociatas. Muitos acreditaram que nós não iríamos até o fim. Eu quero começar e terminar com a mesma frase: hoje eu sou candidata à presidência da República pelo MDB, pelo PSDB e pelo Cidadania; pelo campo democrático. Estou candidata a presidente da República e como candidata eu coloco neste momento a minha vida, a minha vida, a favor do Brasil, da democracia e do povo brasileiro. (palmas)

    A minha responsabilidade é imensa. De saber que um partido da grandeza do PSDB, que tradicionalmente sempre lançou candidato à presidência da República, abre mão pra se somar conosco, tendo pela jovialidade e competência de Bruno Araújo, a perspicácia e a concepção de que unidos que podemos ganhar essa disputa. A você e a todos os, agora, meus amigos, companheiros e filiados do meu partido, PSDB, muito obrigada! 

Estar ao lado de Roberto Freire, que, repito, com essa energia, com essa sabedoria, com essa experiência, tendo visto de “tudo e mais um pouco” do Brasil, tendo visto uma redemocratização, 30 anos avanços. Agora, olhar para os índices sociais: O Brasil retrocedeu aos patamares dos anos 90. Continuar olhando para você, Roberto, que consigue continuar a acreditar no Brasil como otimista que é, isso me dá a certeza de que o Brasil tem jeito e que nós vamos transformar este Brasil.  E vamos transformar o Brasil com amor e com coragem. Com coragem e com amor, nós vamos reconstruir o Brasil. 

Eu quero fazer um agradecimento especial a todos os que acreditaram nessa caminhada. Aqui, os núcleos foram os primeiros a dizer que chegou a hora, tinha chegado a hora, do partido voltar a ter uma candidatura à presidência da República. E eu quero aqui agradecer os núcleos, na pessoa da Kátia Lobo, quero agradecer os núcleos na pessoa do Nestor, na pessoa do Maradona, na pessoa da Janaína, na pessoa do Assis, e todos os números que aqui estão, fazendo referência, também, aos núcleos do PSDB e do Cidadania. Agradecer os meus companheiros. Regina, querida, muito obrigada! Os deputados federais, em nome do Nilton Rocha. O Marun, em nome de todos os meus conterrâneos de Mato Grosso do Sul, Ministro Marun. Filipelli, muito obrigada! Obrigada a vocês, que são tantos, e eu posso aqui só dizer a vocês, muito obrigada, em nome da pessoa que para mim é mais importante hoje aqui neste dia, que é em nome do meu marido, Eduardo Rocha. 

Caros amigos e caras amigas, além dos agradecimentos sinceros que faço a todos vocês, permitam me dirigir agora neste momento ao Brasil. Esta é uma caminhada cívica, é uma caminhada cívica que se inspira nos grandes homens públicos que abriram caminhos para que nós pudéssemos chegar nesse momento. Em todos os momentos mais difíceis da nossa história, o MDB se fez presente. O MDB gritou: presente! Tomamos as rédeas a favor da anistia ampla, plena e irrestrita. Fomos nós a lutar por democracia, pela Constituição Cidadã. Fomos nós a erguer a Constituição Brasileira. Fomos nós, no Congresso Nacional, a implantar as políticas de direitos fundamentais e sociais. Fomos nós, ao lado do PSDB e do PPS, a garantir a estabilidade da moeda, da economia, com a implantação do plano real. Nós somos os gigantes que estávamos adormecidos, mas como todos os gigantes, nos momentos difíceis, nós somos capazes de nos erguer e defender aquilo em que acreditamos. A história novamente nos chama. O Brasil precisa novamente de nós, porque nós não aceitamos  retrocessos. Estamos aqui pelo Brasil, sim, mas estamos aqui para falar pela defesa intransigente da democracia e dos valores democráticos. Somos nós, este é o campo democrático, que há 35 anos abriu as portas para que nós, ainda jovens, pudéssemos ter liberdade. Porque democracia, é preciso explicar para juventude, é isso: é o direito de liberdade de expressão, de estarmos reunidos num partido político, sem termos preocupação com que estamos dizendo, sem ter preocupação de sair por essa porta e ter alguém aqui da censura nos levando, buscar no privado.(palmas)

Democracia significa o meu, o seu, o nosso direito de ir e vir. De garantir soberania popular através do voto. É isso que significa democracia. Todo mundo fala, e fala bonito, e nós esquecemos do que significa. Significa o governo do povo pelo povo, mas um governo servo da lei, da Constituição.Não é um governo que um homem acha que pode ditar para outros poderes o que se pode e o que não se pode fazer. Democracia significa nós podemos ir às urnas, escolher a cada quatro anos quem vai dirigir os nossos destinos. E significa, acima de tudo, nós declararmos e aceitarmos o resultado das urnas seja ele qual for. É por isso que nós estamos aqui. 

Houve um tempo em que essas bandeiras – que são nossas - foram ocupadas por outros. Agora nós estamos de volta. Estamos de volta porque o Brasil da fome, da miséria, da desigualdade social, das desigualdades, das maiores desigualdades sociais, raciais e regionais do planeta, neste Brasil não cabe omissão.

Não cabe omissão, quando no chamado celeiro do mundo, onde 33 milhões de brasileiros estão passando fome; 11 milhões de brasileiros estão as filas intermináveis a busca de uma única vaga de emprego; e cinco milhões já desistiram, desalentados que estão, porque não aguentam mais caminhar pelas ruas vazias e não encontrar nenhuma oportunidade. Não cabe omissão quando as nossas crianças e jovens estão fora da sala de aula e quando estão dentro, estão tendo ensino público de má quantidade. Não cabe omissão quando o SUS, que deveria ser universal, deveria ser público para todos, mata os nossos cidadãos pelo tempo de espera na fila pelos exames, por médicos e por cirurgias. Não cabe omissão quando apenas no ano passado 47 mil brasileiros foram mortos, assassinados, no País mais violento por seu próprio povo, que é o Brasil. Fomos líderes mundiais de assassinatos no ano passado. Não cabe omissão quando um país tão rico não cresce nem 1% na última década, e muito menos, cabe omissão porque estamos diante de uma inflação de dois dígitos que come o salário do trabalhador brasileiro. Aliás, ele está deixando metade do seu salário para comprar comida. 

As turbulências, é verdade, não começaram agora. Elas vieram do governo do PT, elas vieram com a recessão, com o mau governo, com a corrupção, com descaminhos do mensalão, do petrolão, é verdade, mas elas se multiplicaram com essa gestão. A fome, a miséria, a desigualdade social se multiplicaram. Mas ainda é mais grave. Soma-se a isso a insensibilidade social do governo; a devastação ambiental; a irresponsabilidade fiscal; o descrédito internacional. Imaginem, 30 anos de retrocesso. Um coquetel molotov que tomou na pandemia proporções devastadoras, quando aqui, no Brasil, quase 700 mil pessoas morreram de Covid-19, porque temos hoje um presidente que não acredita na ciência, não acreditou nas vacinas e atrasou 45 dias a compra delas. Mais grave do que isso, um governo que tem hoje sobre a sua hoste uma mancha que um dia a história vai revelar: um grave esquema de corrupção na compra dessas vacinas, como se a vida pudesse valer um dólar. 

Nós vamos fazer diferente. Acredite, é possível. Vamos, porque só nós, do campo democrático, temos condições de pacificar Brasil. Unir o nosso povo e a nossa gente, garantir a estabilidade, a segurança jurídica tão necessária para fazer o Brasil voltar a crescer, gerar emprego e renda pra nossa população. A nossa receita? Experiência e trabalho, é verdade. Experiência e trabalho aliado à solidariedade e afeto. Vamos trocar esses improvisos pela experiência; o ódio pela união. 

Coragem nunca me faltou. O que me trouxe até aqui é a mesma coisa que me fez entrar na política. Entrei na política por amor ao Brasil e continua nela por coragem, porque não é fácil fazer política como mulher. Hoje o que me traz até aqui, apesar de todos os percalços, é o mesmo amor e a mesma coragem. Nós estamos prontos para mudar o Brasil. Com amor e com coragem nós vamos reconstruir a história do Brasil. Temos experiência, sabemos como fazer maioria Congresso Nacional, estou lá há oito anos. Presidi diversas comissões, entre elas, a mais importante da Casa, que é a de Constituição e Justiça, quando votamos as reformas. Tenho experiência como gestora,  prefeita que fui duas vezes e vice-governadora. Tenho experiência como professora de Direito Público. Mas, mais do que a experiência que eu tenho como mãe, como mulher e como professora, o sentimento da indicação de ver um país tão rico, com um povo tão pobre. Por isso, faço aqui o primeiro compromisso: como presidente da República, a minha principal e absoluta missão será acabar com a fome no Brasil. Erradicar a miséria, diminuir a pobreza e faço um juramento como mãe, como mãe de duas Marias, Presidente da República, nenhuma criança vai dormir mais com fome no Brasil (palmas). Nenhuma criança vai dormir mais com fome num País que exporta e alimenta 800 milhões de pessoas no planeta.  

Temos a melhor e maior transferência de renda do universo, do planeta, iniciada com Fernando Henrique Cardoso. Não se trata de uma política de governo mais uma política de estado. É um direito do cidadão, vamos melhorá-lo. Vamos garantir a todos que precisam o Bolsa Família, mas ensinando a pescar. Fazendo com que o jovem, o trabalhador e a mulher possam estar inseridos no mercado de trabalho, com curso profissionalizante. Como professora, não posso deixar de falar que a lado disso a nossa prioridade absoluta: educação. A educação será prioridade nacional pela primeira vez na história. A União irá coordenar com os estados e municípios uma ampla frente para ajudar na qualidade de ensino básico e médio. 

Nosso tripé, muito simples, agenda social, economia verde e um governo afetivo, parceiro da sociedade e da iniciativa privada. Dinheiro, não falta. Sabemos e saberemos fazer. Orçamento transparente, equilibrado, com regras claras para gastar bem e para gastar melhor. Gastar onde mais precisa, com olhar diferenciado pro Norte, Nordeste e Centro-Oeste, onde nós temos os piores índices de desenvolvimento social. 

Na saúde, vamos reforçar o financiamento do SUS. Vamos estar lá, porque sou municipalista por essência, ao lado dos prefeitos na prevenção, na atenção básica; e ao lado dos governadores, na média e alta complexidade, nas cirurgias, nos exames, utilizando o governo digital e a telemedicina. Nosso governo representará aquilo que que o Brasil mais precisa: criatividade, responsabilidade, previsibilidade e segurança jurídica. Estamos prontos para pacificar o Brasil. Estamos prontos para unir o Brasil.  

O Brasil depende da indústria, pouco se tem falado nisso. Estamos com o nosso programa de governo pronto com uma agenda de competitividade, que garanta, através de um sistema de logística em parceria com a iniciativa privada, com concessões, com PPPs, que possamos transformar esse país num canteiros obras com ferrovias, rodovias duplicadas, com cabotagem. Isso não é papel do Estado. Estado tem que cuidar da saúde, da educação, da segurança pública. Esse dinheiro tem que vir de investimentos, um fundos de investimentos estrangeiros e nacionais. Vamos flexibilizar as regras porque sabemos o quanto a construção civil é fundamental para gerar os empregos e renda que a população tanto precisa.

Vai aqui mais um compromisso. O DNA das reformas está na minha veia. Sem reformas o Brasil não volta a crescer, a economia não é aquecida, os empregos não aparecem. Assumimos um compromisso, isso estará no nosso plano de governo. Faremos a reforma tributária nos seis primeiros meses da nossa gestão. Os gastos, como disse, serão direcionados a quem mais precisa. 

Mas aqui eu preciso falar de uma coisa. Nós vamos desmistificar para a juventude, para o Brasil e para todos, que agenda de sustentabilidade é incompatível com o agronegócio brasileiro. A agenda de sustentabilidade vai estar no coração de todas as políticas públicas da nossa gestão – todas - sem exceção, por uma única razão: sem preservação do meio ambiente não há vida, sem a vida não há futuro. Nós, infelizmente, nunca destruímos tanto o meio ambiente com agora. Basta! Mas nós vamos estar mostrando que não é “meio ambiente ou agronegócio”; é “meio ambiente e agronegócio”, porque o nosso agronegócio é sustentável. O agricultor, o pecuarista, a agricultura familiar, são o nosso apoio. Com financiamento, com logística, com juros subsidiados, porque sem isso não tem comida barata na mesa da população brasileira. Mas não se engane. Seremos intransigentes com invasores de áreas públicas. Serão intransigentes com quem desmata, com o desmatamento ilegal, estaremos protegendo Amazônia os biomas brasileiros. Os órgãos de fiscalização e controle serão reativados. Nós vamos cumprir o acordo de Paris. 

Indo para as minhas palavras finais, deixei mais importante para o final. O nosso governo será o governo voltado para quem precisa. Um governo que olhe para essa sociedade que é diversa e daí a nossa beleza, a nossa riqueza. A nossa maior vergonha é a nossa desigualdade social, racial e regional. A nossa maior riqueza é a nossa diversidade. Diante disso, o nosso compromisso é com uma sociedade justa, inclusiva, uma sociedade plural e tolerante. 

Seremos também intransigentes no combate a todo tipo de preconceito. Estaremos ao lado, sim, protegendo o direito das minorias. Combateremos o racismo estrutural e institucional no Brasil, porque a cara do povo brasileiro, o que corre no nosso sangue. Nós somos um povo negro na sua maioria. Mas, infelizmente, são aqueles que menos recebem salários, os primeiros a serem mandados embora, os que são mais encarcerados. Nós estaremos combatendo o racismo estrutural com políticas e ações afirmativas.

Como disse, deixei pro final o mais importante. Espero ter podido agradecer a todos. Gostaria de dirigir uma palavra especial às mulheres brasileiras. Somos a maioria da população brasileira. Somos a maioria do eleitorado, mas somos minoria em absolutamente tudo na vida. Essa conta não fecha. Ela precisa fechar. Quero aqui conclamar as mulheres do Brasil, que elas se somem conosco por Mais Mulheres na Política. Nós vamos eleger o maior número possível de deputados estaduais, deputados federais, senadores, governadores da nossa coligação. Mas a nossa coligação tem que ser também a campeã na eleição de parlamentares mulheres por Congresso Nacional e para as Assembleias Legislativas (palmas).

Às mulheres brasileiras: fomos sempre eco, chegou a hora de sermos voz. Fomos sempre coadjuvantes, chegou a hora de sermos protagonistas da nossa própria história, ao lado dos homens. Nem menor, nem maior. Ao lado, de forma diferente, porque é o diferente que se somar a grandeza e por isso eu encerro definitivamente dizendo que a política se faz com competência, com experiência e com trabalho, mas com solidariedade, com amor e com afeto. É disso que o Brasil precisa e é por isso que o Brasil precisa de Mais Mulheres na Política. 

O Brasil precisa de união, o Brasil precisa de paz, o Brasil precisa de amor. O caminho, a verdade e a vida de milhões de brasileiros depende de nós e nós estamos prontos.  Baleia, eu estou pronta; Bruno, eu estou pronta; Roberto, eu estou pronta. Sou do interior do interior do Brasil, mas sou professora, sou advogada, sou política, vamos abrir esses caminhos e vamos  transformar efetivamente a vida das pessoas. Terminarei da mesma forma que comecei. Eu disse e repito aqui para vocês, com todo o amor de uma mãe para com o Brasil, como candidata à presidência da República, pelo MDB, pelo PSDB e pelo Cidadania, como candidata a presidente eu agora coloco a minha vida a favor do Brasil, da Democracia e do povo brasileiro. Muito obrigada e vamos à vitória! 

quinta-feira, 28 de julho de 2022

Russia locked up Vladimir Kara-Murza for telling the truth about Ukraine - Christian Caryl (WP)

A história de um líder oposicionista à ditadura de Vladimir Putin, o czar de todas as Rússia, e criminoso de guerra e tirano feroz contra o seu próprio povo.

OpinionRussia locked up Vladimir Kara-Murza for telling the truth about Ukraine

Op-ed Editor/International
The Washington Post, July 28, 2022

On a cold spring evening in April, Russian opposition leader Vladimir Kara-Murza was parking outside his Moscow apartment building when five uniformed police officers surrounded his car. The officers yanked him from the vehicle and hustled him into a waiting van. Next thing he knew, he was occupying a 6-by-9-foot cell in Moscow’s notorious Khamovniki police station.

Initially, he was detained on a spurious charge: disobeying the police. But on April 22, 11 days after his arrest, Kara-Murza was indicted on a charge of “spreading deliberately false information” under a law passed in the wake of Russia’s Feb. 24 invasion of Ukraine. It’s a charge that could bring 10 years in prison.

The charging document cited a speech that Kara-Murza, a Post contributing columnist, had given weeks earlier to the Arizona House of Representatives. His remarks accused Russian forces of dropping cluster bombs on residential areas in Ukraine and staging airstrikes on maternity wards, hospitals and schools. He did not mince words: “These are war crimes that are being committed by the dictatorial regime in the Kremlin against a nation in the middle of Europe.”

The atrocities Kara-Murza described have been verified by news organizations around the world and have led to international war crimes investigations. But Vladimir Putin’s Kremlin couldn’t bear the spectacle of a Russian citizen airing these uncomfortable facts — so it locked him up for telling the truth.

Read this essay in Russian: Кремль отправил Владимира Кара-Мурзу в тюрьму за правду об Украине

If telling the truth qualifies as a “crime,” it is one that the 40-year-old Kara-Murza has committed proudly and consistently. For two decades, he has been an outspoken opponent of the Putin regime. His efforts have come at a huge price: He was poisoned in 2015 and again in 2017, narrowly surviving both attempts on his life. Over the years, associates and friends have been attacked, jailed or killed — experiences that have hardened his ideological rejection of Putin’s Kremlin.

Yet he’s not afraid to say so. The day before his latest arrest, he told CNN in an April 10 interview that Russia’s current government “is a regime of murderers.”

Even when it has been clear that pursuing his ideals might put his life at risk, Kara-Murza — a historian and documentary filmmaker as well as a journalist and activist — has continued to campaign for human rights and liberal democracy. Meanwhile, many politicians in the West have abandoned these values, whether by appeasing dictators such as Putin or by eroding democratic principles in their own societies.

Kara-Murza didn’t have to take this path. Years ago, he settled his family — his wife, Evgenia, and three children, now ages 16, 13 and 10 — in a Northern Virginia suburb. He holds a British passport as well as a Russian one; he easily could have embraced a full-time life in the West. His friends often express dismay over his insistence on returning to Russia — but Kara-Murza maintained that he could not advocate for the rights and freedoms of the Russian people without enduring the same travails they face.

Even when it has been clear that pursuing his ideals might put his life at risk, Kara-Murza — a historian and documentary filmmaker as well as a journalist and activist — has continued to campaign for human rights and liberal democracy. Meanwhile, many politicians in the West have abandoned these values, whether by appeasing dictators such as Putin or by eroding democratic principles in their own societies.

Kara-Murza didn’t have to take this path. Years ago, he settled his family — his wife, Evgenia, and three children, now ages 16, 13 and 10 — in a Northern Virginia suburb. He holds a British passport as well as a Russian one; he easily could have embraced a full-time life in the West. His friends often express dismay over his insistence on returning to Russia — but Kara-Murza maintained that he could not advocate for the rights and freedoms of the Russian people without enduring the same travails they face.

Kara-Murza recently described his imprisonment as a kind of badge of honor worn by an illustrious line of Russian oppositionists before him. In a letter sent from prison, he cited the example of dissident Vladimir Bukovsky, who proudly recalled being charged with “anti-Soviet activity”: “I wear these convictions like medals!”

As he recovered, Kara-Murza continued his opposition work. He traveled, organizing grass-roots activists for Open Russia, a pro-democracy group funded by Mikhail Khodorkovsky, the former oligarch who was imprisoned for 10 years for defying Putin. Kara-Murza made a film about Nemtsov that celebrated his mentor’s achievements as a defender of democracy, screening it to audiences inside Russia and abroad. And he continued lobbying foreign governments to pass Magnitsky Act-style personal sanctions.

Then, on Feb. 1, 2017, he was attacked again. After eating in a Moscow cafe with a fellow activist, Kara-Murza suddenly began experiencing familiar symptoms: difficulty breathing, plummeting blood pressure, a racing heart rate. Before he lost consciousness, he managed to call Evgenia, who swiftly boarded a flight for Moscow. Before she arrived, doctors placed Kara-Murza in an artificial coma to aid their treatment of his failing lungs and kidney. Their diagnosis: “acute intoxication with an unknown substance.”

Vladimir Kara-Murza: Prison doesn’t give me many views of the sun

Kara-Murza fought his way back to health after the 2017 poisoning and again rejoined opposition efforts. In public appearances in Russia and elsewhere, he persisted in calling out the Putin regime for falsifying election results and other distortions of the truth — despite the obvious risk. He also began to write regularly for The Post. His opinion columns vividly portrayed Russia’s real political life, with all its complexity and turmoil, and its contradictions with the official image of a people seamlessly united behind a strong leader.

In a 2018 column about Putin’s suppression of political opponents, for example, Kara-Murza wrote: “A leader with real popular support would not be afraid of real competition at the ballot box.”




Vladimir Kara-Murza, 
recovering in 2017 after
 he was poisoned 
for the second time, 
is visited in the hospital 
by, from left, his wife, 
Evgenia; his lawyer 
and friend Vadim 
Prokhorov; and Aleksandr Podrabinek, an activist 
and Soviet-era dissident. 
(Family photo)

An impressive array of U.S. legislators has called for Kara-Murza’s release, as have politicians and human rights organizations around the world. “As I said at the time of Vladimir Kara-Murza’s arrest, the Kremlin’s charges against him are a cynical attempt to silence him,” U.S. Secretary of State Antony Blinken said this month. “Vladimir should be released, as should all of those who have been detained for doing nothing more than speaking the truth.” Fred Ryan, publisher of The Post, said: “The Biden administration and Congress must use all the levers at their disposal — including tougher sanctions on those closest to Putin — to secure Kara-Murza’s freedom immediately.”

Putin, however, shows little sign of relenting. On June 8, a Moscow court extended Kara-Murza’s pretrial detention by two months. His lawyer, Vadim Prokhorov, recently announced that investigators in Moscow opened another criminal case against Kara-Murza this month based on his alleged membership “in an undesirable organization."

All this has tragically vindicated Kara-Murza’s two decades of warnings about Putin. Meanwhile, the Magnitsky Act-style sanctions he has long advocated are serving as the model for a host of international measures punishing Russia for its invasion of Ukraine. An unprecedented wave of internal repression has put more than 16,000 Russians behind bars. And it has put Kara-Murza on a collision course with a ruthless dictator who acts as though he has little left to lose.

Yet Kara-Murza remains upbeat. In a recent letter from prison, he characteristically noted others who have dared to speak out against tyranny. “Each of the thousands of Russian antiwar protesters is standing up not only for the people of Ukraine and for the international rule of law but also for the future of our own country,” he wrote. “Each one is giving another reason to hope that a renewed, reformed post-Putin Russia can one day take its place in the community of democratic nations — and in a Europe that would finally become whole, free and at peace.”

Such optimism might sound misplaced at a moment when Russia is once again reverting to despotism. Knowing Vladimir Kara-Murza, though, I know how he would respond to my skepticism: The night, he would say, is always darkest before the dawn.


Henri Troyat, escritor francês, morto aos 95 anos, 104 obras - Wikipedia

Meu amigo de leituras, sobretudo russas, Fernando Werneck Magalhães, me envia o link da Wikipedia sobre Henry Troyat, que eu não sabia que era um armênio-russo.

Levon Aslani Thorosian
Henri Troyat
Pseudônimo(s)Henri Troyat
Nascimento1 de novembro de 1911
MoscovoRússia
Morte2 de março de 2007 (95 anos)
ParisFrança
NacionalidadeFrancês
Alma materLycée Pasteur
OcupaçãoEscritorensaístanovelista e historiador
PrémiosPrémio Goncourt (1938)
Magnum opusA Aranha

Henri Troyat, nascido com o nome Levon Aslani Thorosian(Լևոն Ասլանի Թորոսյան) ou Lev Aslanovich Tarasov, (Moscovo, 1 de novembro de 1911 — Paris, 2 de março de 2007) foi um escritorensaístanovelista e historiador francês de ascendência armênia.[1] 

A sua família fugiu da Rússia com receio da chegada da Revolução Russa de 1917 quando ele tinha 6 anos de idade. Depois de um longo exílio, a família estabeleceu-se em Paris em 1920, onde o jovem obteve a nacionalidade, fez a sua escolaridade e mais tarde se formou em Direito.

Ganhou o seu primeiro prémio literário aos 24 anos de idade, o "prémio do romance popular". Em 1938, aos 27 anos, recebeu o prestigiado Prémio Goncourt, pelo romance "L'Araignée".

Apesar de nunca mais ter voltado à Rússia, o seu país foi tema recorrente da sua literatura, estando presente em muitos dos mais de 100 livros, novelas e biografias que publicou, de que se destacam as biografias de Anton ChekhovCatarina, a GrandeRasputinIvan IV, o Terrível e Leo Tolstoy

Era o decano da Academia francesa, para a qual foi nomeado em 1959, e onde ocupou a cadeira #28 até à data da sua morte.

O seu trabalho mais conhecido é La neige en deuil, o qual foi adaptado para o filme de 1956 em língua inglesa sob o título The Mountain.

Faleceu aos 95 anos de idade.

Bibliografia

  • 1935  Faux Jour (Plon )
  • 1935  Le Vivier (Plon)
  • 1936  Grandeur nature (Plon)
  • 1937  La Clef de voûte (Plon)
  • 1938  A Aranha - no original L’Araigne (Plon) - Prémio Goncourt (1938)
  • 1939  La Fosse commune (Plon)
  • 1940  Dostoïevski (Fayard)
  • 1941  Le Jugement de Dieu (Plon)
  • 1942  Le mort saisit le vif (Plon)
  • 1945  Du Philanthrope à la Rouquine (Flammarion )
  • 1945  Le Signe du taureau (Plon)
  • 1946  Les Ponts de Paris (Flammarion )
  • 1946  Pouchkine (Plon )
  • 1946  Les Vivants, pièce en trois actes (Bonne)
  • 1947  Tant que la terre durera, t. I (La Table ronde)
  • 1948  Le Sac et la Cendre, Tant que la terre durera, t. II (La Table ronde)
  • 1948  La Case de l’oncle Sam (La Table ronde )
  • 1949  Sébastien, pièce en trois actes (Opéra)
  • 1950  Étrangers sur la terre, Tant que la terre durera, t. III (La Table ronde)
  • 1951  La Tête sur les épaules (Plon)
  • 1952  La Neige en deuil (Flammarion )
  • 1952  L’Étrange Destin de Lermontov (Plon)
  • 1953  Les Semailles et les Moissons, t. I (Plon)
  • 1955  De Gratte-ciel en cocotier (Plon)
  • 1955  Amélie, Les Semailles et les Moissons, t. II (Plon )
  • 1956  La Maison des bêtes heureuses (Bias )
  • 1956  Sainte Russie, souvenirs et réflexions suivi de l’Assassinat d’Alexandre II (Grasset )
  • 1956  La Grive, Les Semailles et les Moissons, t. III (Plon )
  • 1957  Tendre et violente Elisabeth, Les Semailles et les Moissons, t. IV (Plon)
  • 1958  La Rencontre, Les Semailles et les Moissons, t. V (Plon)
  • 1958  Naissance d’une Dauphine (Gallimard)
  • 1959  La Vie quotidienne en Russie au temps du dernier tsar (Hachette)
  • 1959  La Lumière des justes. Tome I : Les Compagnons du Coquelicot. (Flammarion )
  • 1960  La Lumière des justes. Tome II : La Barynia. (Flammarion)
  • 1961  La Lumière des justes. Tome III : La Gloire des vaincus. (Flammarion)
  • 1962  La Lumière des justes. Tome IV : Les Dames de Sibérie. (Flammarion)
  • 1963  Uma estranha amizade - no original Une extrême amitié (La Table ronde)
  • 1963  La Lumière des justes. Tome V : Sophie ou la Fin des combats. (Flammarion)
  • 1964  Le Geste d’Ève (Flammarion)
  • 1965  Les Eygletière, t. I (Flammarion)
  • 1965  Tolstoï (Fayard )
  • 1966  La Faim des lionceaux, Les Eygletière, t. II (Flammarion)
  • 1967  La Malandre, Les Eygletière, t. III (Flammarion )
  • 1968  Les Héritiers de l’avenir. Tome I : Le Cahier. (Flammarion )
  • 1969  Les Héritiers de l’avenir. Tome II : Cent un coups de canon. (Flammarion)
  • 1970  Les Héritiers de l’avenir. Tome III : L’Éléphant blanc. (Flammarion)
  • 1971  Gogol (Flammarion)
  • 1972  La Pierre, la Feuille et les Ciseaux (Flammarion )
  • 1973  Anne Prédaille (Flammarion)
  • 1974  Le Moscovite, t. I (Flammarion )
  • 1974  Les Désordres secrets, Le Moscovite, t. II (Flammarion)
  • 1975  Les Feux du matin, Le Moscovite, t. III (Flammarion )
  • 1976  Un si long chemin (Stock)
  • 1976  Le Front dans les nuages (Flammarion )
  • 1976  Grimbosq (Flammarion )
  • 1977  Catherine la Grande (Flammarion)
  • 1978  Le Prisonnier n° I (Flammarion)
  • 1979  Pierre le Grand (Flammarion)
  • 1980  Viou (Flammarion)
  • 1981  Alexandre I er (Flammarion)
  • 1982  Le Pain de l’étranger (Flammarion )
  • 1982  Ivan le Terrible (Flammarion)
  • 1983  La Dérision (Flammarion)
  • 1984  Tchekhov (Flammarion)
  • 1984  Marie Karpovna (Flammarion )
  • 1985  Tourgueniev (Flammarion)
  • 1985  Le Bruit solitaire du cœur (Flammarion )
  • 1986  À demain, Sylvie (Flammarion )
  • 1986  Gorki (Flammarion)
  • 1987  Le Troisième Bonheur (Flammarion)
  • 1988  Toute ma vie sera mensonge (Flammarion )
  • 1988  Flaubert (Flammarion)
  • 1989  Maupassant (Flammarion)
  • 1989  La Gouvernante française (Flammarion )
  • 1990  La Femme de David (Flammarion )
  • 1990  Alexandre II, le tsar libérateur (Flammarion)
  • 1991  Aliocha (Flammarion )
  • 1991  Nicolas II, le dernier tsar (Flammarion)
  • 1992  Youri (Flammarion )
  • 1992  Zola (Flammarion)
  • 1993  Verlaine (Flammarion)
  • 1993  Le Chant des Insensés (Flammarion )
  • 1994  Baudelaire (Flammarion)
  • 1994  Le Marchand de masques (Flammarion )
  • 1995  Balzac (Flammarion)
  • 1995  Le Défi d’Olga (Flammarion )
  • 1996  Votre très humble et très obéissant serviteur (Flammarion)
  • 1996  Raspoutine (Flammarion)
  • 1997  L’Affaire Crémonnière (Flammarion)
  • 1997  Juliette Drouet (Flammarion)
  • 1998  Le Fils du satrape (Grasset)
  • 1998  Terribles tsarines (Grasset)
  • 1999  Les turbulences d’une grande famille (Grasset)
  • 1999  Namouna ou la chaleur animale (Grasset)
  • 2000  Nicolas Ier (Librairie académique Perrin)
  • 2000  La Ballerine de Saint-Pétersbourg (Plon )
  • 2001  Marina Tsvetaena : L'éternelle insurgée (Grasset)
  • 2001  La Fille de l'écrivain (Grasset)
  • 2002  L'Étage des bouffons (Grasset)
  • 2004  La Fiancée de l'ogre (Grasset)
  • 2004  Alexandre III (Grasset)
  • 2004  La Baronne et le musicien (Grasset)
  • 2005  Alexandre Dumas. Le cinquième mousquetaire (Grasset)
  • 2006  La Traque (Grasset)
  • 2006  Pasternak (Grasset)