Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
A economia brasileira é totalmente dependente da importação de materiais prima: 95 % no caso da indústria farmacêutica, 100 % de fertilizantes no caso do agro, 100 % de componentes eletrônicos como chips, sem falar em trigo. E não esqueceçamosa indústria automobilística, que cada vez mais importa e cada vez menos fabrica no Brasil.Os eventos geopolíticos que afetama cadeia de suprimentos não batem só nos outros, batem muito, muito forte na economia brasileira. ACOVID foi um desastre em termos do comércio internacional, mas o que estamos passando agora, alguns chamam de COVID Júnior, é bem grave.
Começando pela guerra naUcrânia, que afetou o comércio de grãos e fertilizantes. O Brasil teve que correr para os braços doKremlin para garantir fertilizantes para a sua agricultura. A Europa,que estruturoua sua economia na base de gás russo, teve que,da noite para o dia, procurar novos fornecedores. E a Rússia achou na China um novo mercado e, com as sanções impostas pela invasão da Ucrânia, também novas fontes de fornecimento.
O conflito em Gaza provocou o Irã, os rebeldes HouthisdoYemen, que estão atacando os navios a caminho do canal de Suez, o que aumentou o custo de transporte de containersda China em 500 %, mas mesmo assim abaixo do preço da época da Covid.E a seca no Canal de Panamá reduziu o fluxo de navios e, claro, o aumento de preços. Sem falarmos em oscilações do preço do petróleo ou da fragilidade dofornecimento de chips de alta tecnologia de Taipei, permanentemente sob ameaça de invasão chinesa.
O mundo baseado nos fornecimentos globais não existe mais. Os países iniciaram nova fase de industrialização. Os Estados Unidos, inclusive devido à disputa com a China, iniciaram um processo de reindustrialização, que inclui o México com mão de obra barata e excelente infraestrutura de logística com o país vizinho, como resposta a esses desafios.
O Brasil está muito mais vulnerável do que parece. De um lado,importante fornecedor de commodities, sufocou sua indústria ao ponto de não fabricar nem um alfinete sem ingredientes estrangeiros, sem falar em medicamentos, o que é muito mais grave. Enquanto o mercado de commoditiesalimentar o caixa com dólares, essa situação é quase sustentável. Mas, se o mundo tiver um resfriado, nós estamos com pneumonia econômica. E os planos do governo nesse sentido não andamcom velocidade suficiente para evitar um colapso. Veja só o caso dos fertilizantes.O Brasil como potência agrícola não é capaz de ser autossuficiente nesta área. E quer fabricar chips, sem ter uma base tecnológica ou industrial capaz de fazer isso.
Claro que, quando quer, o Brasil resolve. Maspor que não quer?
A isso adicione a greve na mina de cobre no 🇨🇱, eleições americanas e que 50 % dos pneus consumidos no Brasil são importados segundo Estadão de hoje.
STEFAN SALEJ
Artigo publicado no Diário do Comércio 16.8.2024. e no blog
Notas sobre a submissão do Itamaraty ao poder político, com base na minha própria experiência de exercício da liberdade de pensamento. Postado como introdução a artigo de Rubens Barbosa sobre “O Itamaraty sob pressão” (Interesse Nacional, 16/08/2024)
O Itamaraty esteve sob pressão durante o regime militar, que tinham lá suas obsessões contra o comunismo s até contra simples contrarianistas, como eu (fui fichado, ainda como terceiro secretário no meu primeiro ano na carreira, como “diplomata subversivo”). Depois recuperamos a liberdade de expressão e de fazer certas coisas na agenda externa.
Depois vieram os companheiros e sua diplomacia partidária de amizade e de “relações carnais” com os castristas e mais algumas ditaduras execráveis: por causa disso, e da minha maneira de dizer o que penso, passei TREZE ANOS E MEIO, ou seja, todo o primeiro reinado companheiro nos governos petistas, SEM QUALQUER CARGO na Secretaria de Estado, ostracismo que me levou a escrever alguma livros sobre a diplomacia lulopetista.
Depois de um novo período de acalmia, quando fui chamado finalmente a exercer um cargo não executivo no Itamaraty, vieram os aloprados do bolsolavismo diplomático, que me afastaram do cargo e me deixara sob as ordens de um Conselheiro na Divisão do Arquivo. Escrevi cinco livros sobre o bolsonarismo diplomático.
Assim foi a minha experiência no Itamaraty…
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 4717, 17 agosto 2024, 1 p.
Itamaraty sob pressão
Rubens Barbosa
Portal Interesse Nacional, 16/08/2024
Nos últimos 30 anos, o Itamaraty vem perdendo espaço no contexto dos sucessivos governos por razões de política interna e mudanças externas
Está muito difícil para o Ministério das Relações Exteriores desempenhar suas competências constitucionais de assessorar o presidente da República e de ser a voz do Brasil no cenário internacional.
Nos últimos 30 anos, o Itamaraty vem perdendo espaço no contexto dos sucessivos governos por razões de política interna e mudanças externas. Internamente, emergiu uma tecnocracia que passou a representar interesses setoriais no exterior, como a área econômica, o setor agrícola, o de defesa e o de polícia. Externamente, o mundo se transformou pela rapidez da informação, a facilidade dos contatos entre chefes de Estado com conversas e encontros frequentes. Nos últimos 15 anos, um novo elemento contribuiu para o esvaziamento do Itamaraty: a politização e a partidarização da política externa e a atração de lealdades ao presidente, ao ministro e às ideias por eles defendidas. Exemplos recentes desse esvaziamento político são a retirada da Camex, da Apex, a dualidade de funções entre a assessoria presidencial e o ministro do exterior.
A credibilidade do Itamaraty e da solidez da política externa na defesa do interesse nacional ficaram afetadas por pronunciamentos presidenciais neste e no governo anterior. No governo atual, as posições oficiais expressas pela chancelaria em relação à guerra na Ucrânia, a Gaza e sobre a eleição na Venezuela foram contraditadas por manifestações presidenciais.
A duplicidade de interlocutores com o presidente da República entre o Itamaraty e a assessoria internacional da presidência, estão criando dissonâncias sobre assuntos que colocam em questão o interesse nacional. O caso mais recente é a vocalização da posição oficial do governo brasileiro no tocante à Venezuela ou o silêncio quanto às violações da democracia e dos direitos humanos. O último exemplo, nesta semana, foi a opinião do assessor internacional da presidência sobre a realização de novas eleições na Venezuela, em vista da contestação dos resultados pela oposição, logo contraditada pelo Itamaraty ao divulgar que a posição do governo não havia mudado e que o Brasil continuava no aguardo da divulgação das atas. Sem mencionar a nota do PT aceitando o resultado das urnas e se congratulando com Maduro pela eleição.
As interferências de outros membros do governo nos assuntos de competência do MRE se multiplicam. A disputa pela liderança da COP30 entre o Itamaraty, que normalmente deveria assumir esse papel, e o Ministério do Meio Ambiente e, nesta semana, o encontro entre o chefe da Casa Civil e o embaixador da China para discutir a vinda ao Brasil do presidente chines Xi Jinping são exemplos de fatos que contribuem para o esvaziamento da Chancelaria. A assessoria internacional do Planalto prevaleceu sobre o Itamaraty no tocante à ampliação do Brics e o Ministério do Planejamento discute e propõe políticas sobre a integração física regional.
É evidente a perda de espaço do Itamaraty nas secretarias internacionais dos ministérios, a descoordenada ação subnacional, a marginalização dos embaixadores nas reuniões em nível de chefe de Estado, a perda da coordenação das negociações internas nas áreas de comércio exterior, inclusive no tocante ao Mercosul, ao meio ambiente e às agendas multilaterais (direitos humanos, energia, costumes, gênero e outras).
O esvaziamento do Itamaraty vem ao mesmo tempo em que aumenta a insatisfação dos diplomatas com os salários e com o fluxo das promoções. A criação de um sindicato dos diplomatas, nos últimos anos, criou um fórum de coordenação para a defesa dos interesses burocráticos dos funcionários diplomáticos como nunca houve no passado. Em assembleia nesta semana, o sindicato votou a favor de indicativo de greve, com estado de mobilização permanente pela primeira vez na história do Palácio do Itamaraty. A principal motivação para o movimento foi uma contraproposta de reajuste salarial apresentada pelo Ministério da Gestão e Inovação (MGI), considerada insuficiente pelos diplomatas. A categoria considerou a oferta insuficiente para compensar as perdas inflacionárias, especialmente para diplomatas nas classes iniciais e intermediárias.
Diferentemente de outras carreiras públicas, nas quais os servidores podem chegar ao topo em pouco mais de dez anos, diplomatas costumam levar até 30 anos para alcançar o nível máximo. Com o aumento da idade de aposentadoria para 75 anos e uma estrutura engessada, com vagas limitadas por classe, um número significativo de servidores fica estagnado nas classes iniciais ou intermediárias. A decisão pela greve reflete a frustração das gerações mais recentes do Itamaraty com a falta de perspectivas de desenvolvimento profissional, “de valorização e de reconhecimento da importância da carreira”, segundo a entidade, “em um momento que o Brasil retoma as ambições na política externa, sediando importantes eventos como as cúpulas do G20, do Brics e a COP30”. Canções de protesto e carros de som em frente ao Itamaraty colocam as reivindicações no mesmo nível das demais carreiras da burocracia na Esplanada dos Ministérios.
Ao contrário do que está acontecendo agora, o Itamaraty tem de ser revigorado – inclusive para melhor defender os interesses dos funcionários diplomáticos – e deveria recuperar sua capacidade de interpretação do sentido das mudanças globais e de sua competência para articulação e coordenação interna de todas as ações do governo no exterior.Como instituição de Estado, o Ministério das Relações Exteriores deve ser preservado para a defesa do interesse nacional acima de princípios ideológicos ou partidários. Os governos de turno não podem improvisar na política externa.
Presidente e fundador do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (IRICE). É presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior da FIESP, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Trigo (Abitrigo), presidente do Centro de Defesa e Segurança Nacional (Cedesen) e fundador da Revista Interesse Nacional. Foi embaixador do Brasil em Londres (1994–99) e em Washington (1999–04). É autor de Dissenso de Washington (Agir), Panorama Visto de Londres (Aduaneiras), América Latina em Perspectiva (Aduaneiras) e O Brasil voltou? (Pioneira), entre outros.
Na defesa de interesses corporativos todas as ideologias existentes no Brasil são aliadas históricas, assim sendo, com Bolsonaro ou com Lula, com a esquerda ou com a direita, com os civis ou militares, com a dita(dura) ou a dita(mole) os problemas serão os mesmos. Vamos ajudar a resolvê-los divulgando as informações oficiais do governante de plantão (Ricardo Bergamini)
Prezados Senhores
Democracia é uma força divina que expõe a nudez de uma sociedade. Se não gostar troque de país ou de povo.
Ricardo Bergamini
PERDÃO DE MULTA PARA PARTIDOS UNE DO PT AO PL; VEJA COMO CADA SENADOR VOTOU
Governistas e oposicionistas deram um tempo na disputa política e se uniram para aprovar a proposta de emenda à Constituição (PEC 9/2023) que perdoa as multas aplicadas aos partidos que descumpriram a aplicação mínima de recursos em candidaturas de pretos e pardos nas eleições passadas. O governo liberou a bancada; já a oposição orientou o voto a favor da medida. No plenário, em primeiro turno, foram 51 votos a favor e 15 contrários. Eram necessários ao menos 49 votos. Por acordo, a proposta foi submetida ao segundo turno, imediatamente, sem a exigência do prazo de cinco sessões. Desta vez, foram 54 votos favoráveis e 16 contrários.
As siglas que tiveram as prestações de contas negadas terão anistia. O texto também permite uso do Fundo Eleitoral para pagar multas da Justiça Eleitoral. Além disso, concede “imunidade tributária” aos partidos e federações e inclui as agremiações partidárias na lista de instituições que não pagam impostos no Brasil.
Os partidos políticos pressionavam pela aprovação do texto para poder regularizar sua situação na Justiça eleitoral. O período oficial de campanha começa nesta sexta-feira (16). Segundo a ONG Transparência Partidária, a medida pode ter impacto de até R$ 23 bilhões sobre os cofres públicos.
PT e PL estão no mesmo palanque de candidatos a prefeito em 85 cidades no país
Legendas são adversárias nacionalmente. Decisão do PL proíbe coligação com siglas de esquerda, mas partido não diz o que fará sobre alianças. Único veto do PT é em relação a bolsonaristas.
Adversários nacionalmente, o PT, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, são aliados em 85 cidades do país para apoiar o mesmo candidato a prefeito.
Os dados são do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), conforme divulgados na manhã desta sexta-feira (16). No entanto, como os partidos podem pedir substituição de candidatos até 16 de setembro, as informações podem mudar.
O GRUPO IDEIA REJEITA ǪUE OS GOVERNOS DO BRASIL, DA COLÔMBIA E DO MÉXICO TOLEREM A DITADURA VENEZUELANA E ATÉ PRETENDAM PATROCINAR NOVAS ELEIÇÕES.
Os ex-Chefes de Estado e de Governo que participam na Iniciativa Democrática de Espanha e das Américas (Grupo IDEA) levantam a voz para assinalar enfaticamente que é escandaloso para a comunidade das nações democráticas das Américas ver os governos do Brasil, da Colômbia e do México se juntarem à intenção do ditador Nicolás Maduro Moros de permanecer no poder e até promover novas eleições na Venezuela.
Tal ação, sob um regime que violou os Acordos de Barbados, proibiu a observação eleitoral e prendeu testemunhas eleitorais, tornar-se-ia um verdadeiro atentado ao direito democrático interamericano, pois anularia a vontade popular já expressa de forma inequívoca nas urnas de 28 de julho e ignoraria a inquestionável derrota da ditadura de Maduro Moros, como corroboram os Relatórios Técnicos da Organização dos Estados Americanos e do Centro Carter.
Tanto assim que o Painel de Peritos da ONU, ao reconhecer que as actas da oposição "exibem todos os dispositivos de segurança dos protocolos originais dos resultados", afirma também que "o anúncio do resultado de uma eleição - como o feito pelo Conselho Nacional Eleitoral ao anunciar a reeleição de Maduro Moros - sem a publicação dos seus detalhes ou a divulgação dos resultados tabulados aos candidatos não tem precedentes nas eleições democráticas contemporâneas".
Divulgamos a chamada de artigos da Revista Tempo do Munddo (Qualis A4):
Desenvolvimento Fronteiriço e Migrações
O Brasil possui 16,9 mil quilômetros de fronteiras terrestres. Dos 12 países da América do Sul, o país faz fronteira com 10 deles e com o departamento ultramarino da França na região. Desde a perspectiva subnacional, são 11 estados fronteiriços, 588 municípios na faixa de fronteira e 33 cidades gêmeas. Tal realidade se impõe como uma agenda de oportunidades para o Brasil, seus estados e municípios, em que se faz necessário pensar no desenvolvimento regional e local alinhado aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).
A Política Nacional de Fronteiras (PNFron) foi instituída pelo Decreto Nº 12.038 de 29 de maio de 2024 e tem por finalidade orientar as ações do Poder Executivo federal para a atuação coordenada com os entes federativos e com as instituições privadas, com vistas à promoção da segurança, do desenvolvimento sustentável, da integração regional, dos direitos humanos, cidadania e proteção social nas fronteiras brasileiras.
Tal iniciativa foi considerada inédita, pois permite integrar políticas relativas às fronteiras e aprimorar a governança, tendo como objetivo ampliar a atuação das instituições do Estado nas regiões de fronteiras. Por exemplo, pode-se citar a segurança de fronteira em Pacaraima e a segurança pública em Boa Vista, que se complexificaram com a elevada migração; a mobilidade, dificultada com o fechamento e restrições de passagem na fronteira, trazendo estrangulamentos na zona fronteiriça; e a integração dos migrantes ligada à interiorização nas diversas regiões o país. Durante a reunião dos presidentes da América do Sul em 30 de maio de 2023, o mandatário brasileiro Lula da Silva propôs a atualização da carteira de projetos do Conselho Sul-Americano de Infraestrutura e Planejamento (COSIPLAN), reforçando a multimodalidade e priorizando os de alto impacto para a integração física e digital, especialmente nas regiões de fronteira.
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) possui uma série de publicações sobre fronteiras, sendo este um tema transversal na instituição. Entre os estudos da Diretoria de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais (Dirur), destacam-se os livros Fronteiras do Brasil: uma Avaliação de Política Pública (volume 1), Fronteiras do Brasil: Diagnóstico e Agenda de Pesquisa para Política Pública (volume 2), Fronteiras do Brasil: uma Avaliação do arco Norte (volume 3), Fronteiras do Brasil: uma avaliação do arco Central (volume 4) e Fronteiras do Brasil: uma avaliação do arco Sul (volume 5), elaborados em parceria com o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional. Entre as publicações da Diretoria de Estudos Internacionais (Dinte), destaca-se o livro O Mercosul e as Regiões de Fronteira, além das publicações sobre integração regional, infraestrutura e regiões fronteiriças, como o livro Corredor bioceânico de Mato Grosso do Sul ao Pacífico: produção e comércio na rota da integração sul-americana, o artigo O protagonismo do Mato Grosso do Sul para a resiliência do Corredor Rodoviário Bioceânico, o Boletín FAL-392 Red Interoceánica en América del Sur: corredores bioceánicos y el rol de los estados articuladores (publicado pela CEPAL), os Textos de Discussão 2901 (em Português) e 01 (em Espanhol) Redes de atores e o seu papel no desenvolvimento de corredores: diagnóstico e proposta de governança para o Corredor Rodoviário Bioceânico Mato Grosso do Sul-Portos do Norte do Chile e a Nota Técnica A Ponte do Abunã e a Integração da Amacro ao Pacífico.
O Ipea também tem participado ativamente de espaços regionais e governamentais relativos à temática, principalmente com o recorte de integração regional, como o Subgrupo de Trabalho N°18 (SGT N°18) Integração Fronteiriça do Mercosul e o Subcomitê de Integração e Desenvolvimento Sul-Americano do Ministério do Planejamento e Orçamento - SIDSA/MPO.
O Observatório Fronteiriço das Migrações Internacionais (MIGRAFRON) visa aprofundar o conhecimento teórico, metodológico e empírico a respeito das configurações e das especificidades que os processos migratórios internacionais produzem nos espaços fronteiriços. A junção das categorias fronteira e migração internacional é seu principal conteúdo conceitual, dada, principalmente, pelas singularidades que esse espaço possui e pelos diversos desdobramentos que esse fluxo produz ali. O MIGRAFRON é fruto de articulações desenvolvidas através de pesquisadores do Mestrado de Estudos Fronteiriços e da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) e da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS). Surge, ainda, como inciativa das Cátedras Sérgio Vieira de Mello da UFMS e da UFGD, lhe dando maior ênfase às possibilidades de inserção social e busca por conectividades e soluções criativas nas diversas esferas em que a questão migratória é pautada. Nos dias 26 a 28 de junho de 2024, de forma híbrida, foi realizado o II Congresso do MIGRAFRON a partir do Campus Pantanal da UFMS, de onde emerge a parceria com o Ipea para a proposição deste dossiê.
O número 35 da Revista Tempo do Mundo (Qualis A4) abordará o fenômeno migratório na fronteira, abrangendo os seguintes temas:
* Integração de Infraestrutura e Desenvolvimento Fronteiriço * Segurança, Mobilidade e Integração socioeconômica dos migrantes no território * Trabalho, Documentação e Registros Públicos em Fronteira * Educação e Cultura em Fronteira * Saúde e Assistência Social em Fronteira * Preconceito, Racismo, Xenofobia e Redes Solidárias em Fronteira * Gênero e Diversidade na Migração em Fronteira
Este número será coordenado por Patricia Teixeira Tavano, professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, e Bolívar Pêgo, Técnico de Planejamento e Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Os manuscritos podem ser enviados pelo site da Revista Tempo do Mundo até a data de 30 de setembro de 2024.
A despeito de ainda estar longe da casa dos 80, pretendo chegar lá, inclusive porque ainda preciso dar um destino certo a alguns milhares de livros. PRA
A NOVA CASA
Carlos Eduardo Novaes
Meu amigo Luiz está se mudando. Mês que vem deixa a casa dos 70 e de mala e cuia se muda para a casa dos 80. Luiz pretende viver uns bons anos na nova casa, mais próxima do fim da rua.
Ele sabe que estou morando lá há mais de dois anos e perguntou-me se gostei da mudança. Ora, não se tratou de gostar ou não. Terminou meu tempo na casa dos 70 depois de 10 anos, e saí feliz porque podia ter sido despejado antes do final do contrato.
Assim como a casa dos 20 lembra uma universidade, a casa dos 60, um posto do INSS, a casa dos 80 lembra uma clínica geriátrica. Lembrava! Quando entrei na casa a primeira surpresa foi vê-la cheia de “cabeças brancas”. Na época da minha avó alcançar a casa dos 80 era uma façanha olímpica, para poucos. A segunda e maior surpresa foi ver a “rapaziada”, pulando, malhando, correndo, namorando, como se não houvesse amanhã.
De uns anos para cá a casa dos 80 foi aumentada com vários puxadinhos, para abrigar tanta gente. E não é só! Da minha janela vejo que estão reformando a casa vizinha que estava caindo aos pedaços, a casa dos 90.
Disse ao meu amigo que a casa dos 80 tem um estilo anos 40, estilo vintage, pé direito alto, esquadrias em arco, piso de tacos de madeira, cadeiras de palha e uma imponente cristaleira. Claro que precisa de cuidados e manutenção constante, muito mais do que a casa dos 30, para evitar rachaduras e infiltrações. Em compensação, amigos, tem a mais bela vista do Passado.
Programa Brasilianistas na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin da USP
Chamada 2024/2025
O programa tem como objetivo incentivar o intercâmbio e o diálogo entre pesquisadores vinculados a instituições de pesquisa e ensino no exterior com a comunidade acadêmica da USP, por meio de estágios de pesquisa de curta duração a serem realizados na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin da Universidade de São Paulo.
Os estágios de pesquisa devem estar relacionados aos estudos brasileiros e em diálogo com itens do acervo da Brasiliana. O programa terá sede, será executado e estará sob a responsabilidade acadêmica da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM), e seguirá as normas estabelecidas na Resolução CoPq Nº 7413/2017.
O objetivo da chamada é consolidar na BBM um ambiente internacional de pesquisa, congregando pesquisadores e projetos de excelência, com vistas ao fortalecimento da rede de pesquisadores que trabalham com assunto brasileiros no Brasil e no Exterior. Trata-se de um programa que busca contribuir para a internacionalização da universidade, por meio do acolhimento de pesquisadores estrangeiros na USP, assim como para a difusão dos acervos guardados pela Universidade.
Chamada 2024/2025
Público-alvo: pesquisadores com título de doutor em qualquer área do conhecimento, com carreira consolidada, que atuem e tenham vínculo com instituições de ensino e pesquisa no exterior.
Duração: de 1 a 2 meses (estágios de maior duração estão previstos no Edital Residência em Pesquisa, lançado anualmente).
Candidatura: as propostas devem ser encaminhadas para o e-mail da BBM (bbm@usp.br), contemplando o propósito do estágio, a justificativa para sua realização na BBM, a duração pretendida, os resultados esperados e a disponibilidade para realizar palestra e/ou participar dos eventos da BBM. Solicita-se o envio de breve Curriculum Vitae e um documento constando o Resumo do projeto (300 palavras); Projeto (1500 palavras) e plano de trabalho (500 palavras),
Avaliação: As candidaturas serão avaliadas pelo Comitê Acadêmico da BBM, que eventualmente poderá solicitar pareceres ad hoc para a tomada de decisão.
A diplomacia é feita de sutilezas e simbolismos. Detalhes que podem parecer insignificantes exigem atenção redobrada, para evitar ruídos indesejados. Uma nomeação recente do Itamaraty tem nuances que passaram quase despercebidos, mas não escaparam de observadores mais argutos da relação Brasil-China, que completa 50 anos esta semana.
Trata-se da escolha do novo representante do Brasil em Taiwan. A ilha de 23 milhões de habitantes funciona de forma independente, mas o governo de Pequim a considera um território rebelde que deve ser reunificado com a China continental. É, sem dúvida, a questão mais sensível para a diplomacia chinesa. Tanto que a condição básica da China para manter relações oficiais com qualquer país é que ele não reconheça Taiwan como nação independente.
Desde que estabeleceu laços diplomáticos com a China em 1974, transferindo a embaixada de Taipé para Pequim, o Brasil segue esse princípio com rigor. Por isso, chamou a atenção a mudança observada num decreto do dia 14 de junho. Ele designa Luís Cláudio Villafañe Gomes Santos “para exercer a função de Chefe do Escritório Comercial do Brasil em Taipé”. Santos é “ministro de primeira classe”, o cargo mais elevado da carreira diplomática, também conhecido como “embaixador”.
Até agora, o Itamaraty buscava ocupar a chefia do escritório em Taipé com um profissional de nível hierárquico inferior, para deixar claro que o escritório não tem status de missão diplomática e evitar atritos com Pequim. É o caso de Miguel Magalhães, que voltou no domingo a Brasília após quatro anos no cargo. Embora tenha chefiado a embaixada do Brasil no Iraque, sua graduação é de “ministro de segunda classe”, uma abaixo da máxima.
Outra novidade no decreto é a omissão do consulado do Brasil em Tóquio, ao qual a representação em Taiwan é subordinada. O vínculo costumava aparecer nas nomeações anteriores, evidenciando que Taipé não é uma missão independente. As nuances foram notadas por diplomatas que conhecem bem o tema, causando inquietação entre eles.