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sexta-feira, 16 de agosto de 2024

DA GEOPOLÍTICA E SUPPLY CHAIN - Stefan Bogdan Barenboim Salej (Diário do Comércio)

DA GEOPOLÍTICA E SUPPLY CHAIN

 Stefan Bogdan Barenboim Salej

sex., 16 de ago. de 2024

 

economia brasileira é totalmente dependente da importação de materiais prima: 95 % no caso da indústria farmacêutica, 100 % de fertilizantes no caso do agro, 100 % de componentes eletrônicos como chips, sem falar em trigo. E não esqueceçamosa indústria automobilística, que cada vez mais importa e cada vez menos fabrica no Brasil. Os eventos geopolíticos que afetama cadeia de suprimentos não batem só nos outros, batem muito, muito forte na economia brasileira. A COVID foi um desastre em termos do comércio internacional, mas o que estamos passando agora, alguns chamam de COVID Júnior, é bem grave.

Começando pela guerra na Ucrânia, que afetou o comércio de grãos e fertilizantes. Brasil teve que correr para os braços doKremlin para garantir fertilizantes para sua agricultura. A Europa, que estruturou sua economia na base de gás russo, teve que, da noite para o dia, procurar novos fornecedores. E Rússia achou na China um novo mercado e, com as sanções impostas pela invasão da Ucrânia, também novas fontes de fornecimento.

O conflito em Gaza provocou o Irã, os rebeldes Houthis doYemen, que estão atacando os navios a caminho do canal de Suez, o que aumentou o custo de transporte de containers da China em 500 %, mas mesmo assim abaixo do preço da época da Covid. seca no Canal de Panamá reduziu o fluxo de navios e, claro, o aumento de preços. Sem falarmos em oscilações do preço do petróleo ou da fragilidade dofornecimento de chips de alta tecnologia de Taipei, permanentemente sob ameaça de invasão chinesa.

O mundo baseado nos fornecimentos globais não existe mais. Os países iniciaram nova fase de industrializaçãoOs Estados Unidos, inclusive devido à disputa com China, iniciaram um processo de reindustrialização, que inclui México com mão de obra barata e excelente infraestrutura de logística com o país vizinho, como resposta a esses desafios.

Brasil está muito mais vulnerável do que parece. De um lado,importante fornecedor de commoditiessufocou sua indústria ao ponto de não fabricar nem um alfinete sem ingredientes estrangeiros, sem falar em medicamentos, que é muito mais grave. Enquanto o mercado de commodities alimentar o caixa com dólares, essa situação é quase sustentável.  Mas, se o mundo tiver um resfriado, nós estamos com pneumonia econômica. E os planos do governo nesse sentido não andamcom velocidade suficiente para evitar um colapso. Veja só o caso dos fertilizantes. Brasil como potência agrícola não é capaz de ser autossuficiente nesta área. E quer fabricar chips, sem ter uma base tecnológica ou industrial capaz de fazer isso. 

Claro que, quando quer, o Brasil resolve. Mas por que não quer?


A isso adicione a greve na mina de cobre no 🇨🇱, eleições americanas e que 50 % dos pneus consumidos no Brasil são importados segundo Estadão de hoje.


STEFAN SALEJ


Artigo publicado no Diário do Comércio 16.8.2024. e no blog 

www.salejcomment.blogspot.com