sábado, 18 de janeiro de 2025

Origem dos acessos à página PRA em Academia.edu - Cidades e países; trabalhos acessados - Paulo Roberto de Almeida

 Origem dos acessos à página PRA em Academia.edu

Cidades e países; trabalhos acessados, 17-18/01/2025


 

City & State

Country

Content

Edmonton, Alberta

Canada

The Military Balance 2024

Montijo

Portugal

2784) Academia.edu: uma plataforma de

Halifax, Nova Scotia

Canada

History Will Judge the Complicit

Brasília

Brazil

Lista consolidada de trabalhos, 2023

Chicago, Illinois

United States

4688) Emmanuel Todd: La Defaite

Brasília

Brazil

4417) A guerra de agressão

Hilton Head Island, South Carolina

United States

History Will Judge the Complicit

Hilton Head Island, South Carolina

United States

History Will Judge the Complicit

Bissau

Guinea-Bissau

29) Trabalhos publicados de Paulo

Bissau

Guinea-Bissau

29) Trabalhos publicados de Paulo

St Petersburg

Russian Federation

4688) Emmanuel Todd: La Defaite

Bainbridge, Georgia

United States

History Will Judge the Complicit

Bainbridge, Georgia

United States

History Will Judge the Complicit

Bainbridge, Georgia

United States

History Will Judge the Complicit

Bainbridge, Georgia

United States

History Will Judge the Complicit

Bainbridge, Georgia

United States

History Will Judge the Complicit

Formosa

Brazil

Globalizacao e globalismo: um debate

Salvador

Brazil

A Constituicao Contra o Brasil

Salvador

Brazil

Roberto Campos e a utopia

Zhytomyr

Ukraine

The Military Balance 2023 International

Bangor, Maine

United States

History Will Judge the Complicit

Kartal

Turkey

The Military Balance 2023 International

Portland, Maine

United States

History Will Judge the Complicit

Boston, Massachusetts

United States

History Will Judge the Complicit

Brasília

Brazil

Amb. Burns Reflects from Beijing,

São Paulo

Brazil

2784) Academia.edu: uma plataforma de

Brasília

Brazil

Intelectuais na cultura e na

Cheyenne, Wyoming

United States

History Will Judge the Complicit

Prescott, Arizona

United States

History Will Judge the Complicit

São Luís

Brazil

047) O Brasil e o

Recife

Brazil

24) Codex Diplomaticus Brasiliensis: livros

Recife

Brazil

24) Codex Diplomaticus Brasiliensis: livros

Ribeirão Preto

Brazil

Relatório da Polícia Federal sobre

Ribeirão Preto

Brazil

Relatório da Polícia Federal sobre

Brasília

Brazil

3960) Relações internacionais, política externa

Rio de Janeiro

Brazil

2784) Academia.edu: uma plataforma de

Brasília

Brazil

Livros de Paulo Roberto de

Brasília

Brazil

Livros de Paulo Roberto de

Brasília

Brazil

Livros de Paulo Roberto de

Singapore

Singapore

2566) Brazil in the world

Singapore

Singapore

2566) Brazil in the world

Singapore

Singapore

2566) Brazil in the world

Wichita, Kansas

United States

History Will Judge the Complicit

Brasília

Brazil

A politica externa brasileira no

Ho Chi Minh City

Vietnam

4688) Emmanuel Todd: La Defaite

Belém

Brazil

O Itamaraty na Cultura Brasileira

Belém

Brazil

O Itamaraty na Cultura Brasileira

Cartersville, Georgia

United States

History Will Judge the Complicit

Wollongong

Australia

The Military Balance 2023 International


United States

Peace Making after the First

Hong Kong

Hong Kong

The Father of Chinese Authoritarianism

Brussels

Belgium

Dictionnaire des idées reçues ou

Seattle, Washington

United States

History Will Judge the Complicit

Seattle, Washington

United States

History Will Judge the Complicit

Abu Dhabi

United Arab Emirates

Mandate For Leadership: The Conservative

Menomonee Falls, Wisconsin

United States

History Will Judge the Complicit

Toronto, Ontario

Canada

4688) Emmanuel Todd: La Defaite

Toronto, Ontario

Canada

4688) Emmanuel Todd: La Defaite

Guayaquil

Ecuador

4203) Bibliografia seletiva sobre o

Rio de Janeiro

Brazil

A Constituição Contra o Brasil

São Paulo

Brazil

Profile

Lisbon

Portugal

2784) Academia.edu: uma plataforma de

Coimbra

Portugal

2784) Academia.edu: uma plataforma de

Urânia

Brazil

OPERAÇÃO TEMPUS VERITATIS: Depoimentos dos

Cruz Alta

Brazil

O Itamaraty na Cultura Brasileira

Rio de Janeiro

Brazil

A Historia nos Editoriais do

Aparecida

Brazil

A Constituicao Contra o Brasil:

Sterling, Virginia

United States

History Will Judge the Complicit

Sterling, Virginia

United States

History Will Judge the Complicit

Midlum

Netherlands

The Military Balance 2024

Midlum

Netherlands

The Military Balance 2023 International

Aracaju

Brazil

2784) Academia.edu: uma plataforma de

Midlum

Netherlands

The Military Balance 2024

Midlum

Netherlands

The Military Balance 2023 International

Coimbra

Portugal

1846) O que Portugal nos

Burgh-Haamstede

Netherlands

The Military Balance 2024

Rio de Janeiro

Brazil

Profile

Rio de Janeiro

Brazil

Profile

Burgh-Haamstede

Netherlands

The Military Balance 2024

Salvador

Brazil

3963) A revolução liberal de

Omaha, Nebraska

United States

O Brasil dos Brasilianistas: um

Porto Alegre

Brazil

Profile


France

The Military Balance 2023 International

Newark, New York

United States

Manifesto Globalista (2020)

Marseille

France

Profile

Marseille

France

Profile

Pitanga

Brazil

O Brasil dos Brasilianistas: um

Oran

Algeria

4688) Emmanuel Todd: La Defaite

Maceió

Brazil

2784) Academia.edu: uma plataforma de

Maceió

Brazil

2784) Academia.edu: uma plataforma de

Izmir

Turkey

China: Democracy That Works (2021)

Izmir

Turkey

China: Democracy That Works (2021)

Wognum

Netherlands

The Military Balance 2024

Algiers

Algeria

The Military Balance 2024


Algeria

The Military Balance 2024

Ponta Grossa

Brazil

1820) Mercosul e América do

Ponta Grossa

Brazil

1820) Mercosul e América do

Ponta Grossa

Brazil

1820) Mercosul e América do

Brasília

Brazil

003) A Diplomacia do Liberalismo

Miami, Florida

United States

The Military Balance 2023 International

Amsterdam

Netherlands

Mandate For Leadership: The Conservative

Vitória da Conquista

Brazil

22) Prata da Casa: os

Fortaleza

Brazil

Autocracy Inc., Anne Applebaum, Introdução

Minneapolis, Minnesota

United States

History Will Judge the Complicit

London

United Kingdom

Falacias Academicas: um livro incompleto


Estonia

The Military Balance 2023 International


Estonia

The Military Balance 2024

Petrolina

Brazil

1976) Falácias acadêmicas, 5: O

Salvador

Brazil

Profile

Salvador

Brazil

Relatorio secreto da visita do

São Paulo

Brazil

14) O Estudo das Relações

Itabaiana

Brazil

14) O Estudo das Relações

Uberaba

Brazil

14) O Estudo das Relações

Uberaba

Brazil

14) O Estudo das Relações

Melbourne

Australia

Democracy Deficit in Emerging Countries:


United States

24) Codex Diplomaticus Brasiliensis: livros

Amman

Jordan

22) Prata da Casa: os

Deurne

Belgium

The Military Balance 2024

Deurne

Belgium

The Military Balance 2024


United Kingdom

23) Polindo a Prata da


United States

Uma carreira na diplomacia para

Canary Wharf

United Kingdom

Formacao de uma estrategia diplomatica:


United States

Links para entrevistas no canal

Oxford

United Kingdom

4033) Bibliografia diplomática cronológica, 1945-2022

Newark, New York

United States

Manifesto Globalista (2020)

Newark, New Jersey

United States

Prata da Casa: livros de

Beijing

China

The Great Economic Rivalry: China

 

============

 

Em resumo: em menos de dois dias (todo o dia 17/01/2025 e metade do dia 18), minha página em Academia.edu recebeu cerca de 130 acessos (alguns repetidos), com predomínio do Brasil e dos Estados Unidos como origem. 

Rússia e China prosseguem ampliando o Brics - Eliane Oliveira (O Globo)

Nigéria entra no Brics como 'parceiro', ao lado de Cuba e outros sete países 

Por  — Brasília

 O Globo

O governo brasileiro anunciou, nesta sexta-feira, o ingresso formal da Nigéria como parceiro do Brics. O país africano se junta a Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Tailândia, Uganda e Uzbequistão, que foram aprovados nessa categoria em outubro de 2024, na cúpula de líderes de Kazan, na Rússia. 

Na condição de parceiros, esses países têm um status diferente dos membros do Brics. Por exemplo, participam dos eventos e das discussões, mas não têm direito a voto. A Venezuela tentou entrar no grupo como parceira, mas foi barrada pelo Brasil, que não reconhece o resultado da eleição no país vizinho, realizada em meados de 2024, porque não foram apresentadas provas de que o presidente Nicolás Maduro, que tomou posse na última sexta-feira, de fato se reelegeu. Maduro chegou a ir a Kazan, mas voltou a Caracas de mãos vazias. 

A Nigéria tem a sexta maior população do mundo e a primeira do continente africano. É, ainda, uma das maiores economias da África. Segundo o Itamaraty, o país atua ativamente no fortalecimento da cooperação do Sul Global e na reforma da governança global, temas prioritários para a atual presidência brasileira.

Até 2023, o Brics era formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Em uma reunião de cúpula na cidade sul-africana de Joanesburgo, foram aprovados como membros Egito, Irã, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Etiópia e Indonésia. Neste ano, o Brics é presidido pelo Brasil. No próximo mês de julho, haverá uma reunião de líderes do bloco, no Rio de Janeiro.


sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

Antifascismo histórico e humano: biografia do Leone Ginsburg, por Antonio Scurati (autor de uma série biográfica sobre Mussolini - Manuel da Costa Pinto

 Antifascismo histórico e humano

Biógrafo de Mussolini, Antonio Scurati une histórias célebres e anônimas de resistência ao horror e explica o poder de sedução de autocratas atuais

Manuel da Costa Pinto

Revista Quatro Cinco Um, 17 jan 2025

https://quatrocincoum.com.br/entrevistas/historia/antifascismo-historico-e-humano/


A dignidade de cada livro se torna para Ginzburg a dignidade da cultura; a defesa do texto se torna a defesa do homem”. Assim Antonio Scurati descreve o editor e intelectual Leone Ginzburg — protagonista de A melhor época da nossa vida , que foi perseguido pelo fascismo e morreu em 1944 nas mãos dos nazistas. Recém-lançado no Brasil, o livro é de 2015. Anterior, portanto, a M, O filho do século, que saiu na Itália em 2018, dando início à série que o escritor vem dedicando à funesta trajetória do líder fascista Benito Mussolini. 

Além desse primeiro volume, M, O homem da providência também já teve tradução no Brasil pela Intrínseca, que prevê para 2025 a publicação do terceiro, M, Gli ultimi giorni dell’Europa (Os últimos dias da Europa). Os três títulos narram, respectivamente, a ascensão de Mussolini, sua consolidação no poder e a entrada da Itália na Segunda Guerra Mundial.


A melhor época da nossa vida

Antonio Scurati

Trad. Federico Carotti Editora Manjuba // 320 pp • R$ 88

 

Quando respondeu, por escrito, às perguntas da entrevista a seguir, Scurati havia acabado de concluir o quinto e último volume que, ainda sem título divulgado, deve abordar o período entre a derrocada de Mussolini e seu assassinato, em 1945, pela resistência. Mas ele também estava às voltas com o lançamento, na Itália, do quarto volume: M, L’ora del Destino (A hora do destino), título extraído do discurso em que Mussolini anuncia a decisão de lançar o país num conflito do qual, nas palavras de Scurati, os italianos participaram “sempre como agressores, sempre como invasores e sempre como derrotados”.


Scurati estabelece uma comunhão entre diferentes formas de dizer ‘não’ à agressão fascista

Há complementaridade e, ao mesmo tempo, dissonância profunda, entre A melhor época da nossa vida e a série M, que Scurati apresenta como um “romance documental”, ou seja, com andamento romanesco, mas matéria-prima estritamente baseada em documentos históricos, livros de memórias, notícias de jornal e discursos.

 

Em A melhor época da nossa vida, o procedimento é o mesmo. “Não me entregarei à especulação, não me permitirei nenhuma introspecção, nenhuma conjectura sobre o seu estado de espírito”, declara o escritor nas páginas iniciais desse retrato de Leone Ginzburg, que em 1934 renunciou formalmente à carreira universitária para não prestar o obrigatório juramento de fidelidade ao fascismo. Scurati escreve no livro que foi a descoberta, em 2011, da carta de demissão de Ginzburg que o levou a contar sua história.

A partir desse “não” (o primeiro dentre os vários “nãos” relatados por Scurati), Leone dá início a uma vida submersa. Mesmo degredado em 1940 para a região de Abruzzo, onde viverá na companhia dos filhos e da mulher (a escritora Natalia Ginzburg, judia como ele), mantém intensa correspondência de trabalho com amigos junto dos quais fundara, em 1933, a Einaudi, até hoje uma das maiores editoras italianas.

O fio condutor da narrativa é, portanto, a história de Ginzburg, do nascimento em Odessa (atual Ucrânia) e os tempos convulsos da Revolução Russa até a formação em Turim (na região italiana do Piemonte) e a morte, após tortura pelos nazistas, no cárcere romano de Regina Coeli em 1944 — quando o regime fascista já havia caído e Ginzburg participava ativamente da resistência à ocupação da Itália pela Alemanha de Hitler. 

Mas o escritor intercala nesse relato a história dos dois troncos de sua própria família: os Scurati e os Ferrieri. Com isso, A melhor época da nossa vida estabelece uma comunhão entre diferentes formas de dizer “não” à agressão fascista, seja da parte de um ensaísta erudito, tradutor de clássicos russos, seja da parte de trabalhadores comuns, que ruminaram seus sonhos em meio à fome e aos bombardeios. Todos com a mesma dignidade silenciosa, que continua sendo uma referência nesse momento em que novos avatares do fascismo apontam no horizonte.

  

Depois de ter escrito quatro volumes de M, série documental sobre Mussolini, e um livro como Fascismo e populismo, como explica a sedução de autocratas atuais como Orbán, Erdogan e Bolsonaro? Trump pode ser incluído nessa lista?
Isso pode ser explicado por uma nova crise de confiança na democracia, semelhante, senão idêntica, àquela que favoreceu a ascensão do fascismo há cem anos. Confrontados com um aumento paroxístico na complexidade da vida social e política na modernidade tardia, que parece estar descarrilando para um caos ingovernável, parcelas crescentes de populações ocidentais, desconfiadas da democracia, tornam-se dispostas a trocar suas prerrogativas de liberdade por uma promessa de segurança por “homens fortes”, que tranquilizam o eleitorado de forma ilusória e consoladora, através de uma simplificação brutal dessa complexidade. Assim surge a ideia intrinsecamente contraditória de democracia autoritária. Trump é certamente o líder dessa aberração democrática que chamo de sedução populista.


Existem paralelos entre a ideologia baseada no medo, do fascismo histórico, e o medo atual, da ameaça permanente de perdas devidas à globalização neoliberal (desemprego, perda de raízes, refugiados)?
Sem dúvida. Mussolini foi o primeiro a compreender que havia — e ainda há — apenas uma paixão política mais poderosa que a esperança (o motor do socialismo, de onde ele próprio veio, e de todas as outras políticas progressistas). Essa paixão é o medo. O fascismo foi uma política do medo não só porque o usava para subjugar a população, mas porque o usava também para seduzi-la, trazê-la para si. A simplificação brutal sobre a qual me referi antes consistia — e consiste — em reduzir todos os problemas a um só, reduzir determinado problema a um inimigo, e esse inimigo a um invasor estrangeiro. A globalização neoliberal criou terreno fértil para o regresso desse esquema rudimentar, mas altamente eficaz.


O terceiro e o quarto volume de M descrevem o caminho da Itália rumo à Segunda Guerra e à derrota. Qual é a especificidade da guerra fascista? As motivações de Mussolini eram as mesmas de Hitler?

A guerra fascista é sempre uma guerra de agressão, embora apresentada no plano propagandístico como uma santa cruzada nacionalista contra um inimigo mortal, que ameaça a própria sobrevivência da nação. No quarto volume de M (A hora do destino) me dediquei a descrever as cinco frentes de guerra nas quais Mussolini, apesar do total despreparo militar e industrial da Itália e da relutância dos italianos em lutar, enviou nossos avós para matar e morrer — sempre como agressores, sempre como invasores e sempre como derrotados. 


Há uma nova crise de confiança na democracia, semelhante à que favoreceu a ascensão do fascismo

Todos os fascistas têm uma necessidade constante de construir “um inimigo mortal” no plano simbólico. Sem isso, não podem sobreviver. As motivações de Hitler eram semelhantes nesse aspecto, mas num esquema ideológico mais extremo, mais nítido, apoiado em estratégias de dominação mais concretas.


Pode-se dizer que Ginzburg é o anti-Mussolini, uma espécie de anti-herói no sentido que o crítico literário Victor Brombert descreve como aquele que expressa os desastres e resiste às catástrofes de seu tempo? 
Certamente. Ginzburg foi antifascista por razões morais, éticas e até estéticas, antes mesmo das razões políticas. Razões, portanto, com raízes ainda mais profundas do que a oposição política. Ele foi, pode-se dizer, um antifascista “existencial”. Opôs seu “não” ao fascismo quando jovem, no início de sua vida e carreira, e depois continuou a se opor a ele até as consequências mais extremas, ou seja, até sua morte. Mas que não se pense que esse “não” se limitou a uma negação estéril: pelo contrário, continuou a gerar cultura, pensamento, filhos e afetos, com grande fecundidade, até o fim.


O livro conta, paralelamente, a vida de Ginzburg e a história de sua família. Por que fez essa escolha e como as vidas dos Ginzburg e dos Scurati/Ferrieri se iluminam?
Quando evocamos o passado — isto é, a passagem pela terra de mulheres e homens de outro tempo, que nunca conhecemos e nunca conheceremos —, a questão fundamental, na minha opinião, permanece sempre a mesma: onde me situo nessa corrente? O que eu teria feito no lugar deles? E respondi a mim mesmo que eu estava lá porque lá estavam meus avós, pessoas comuns, tão comuns quanto Ginzburg era extraordinário. Aproximá-los na narrativa poderia iluminá-los reciprocamente, a humildade daqueles sendo solidária com a nobreza deste. E vice-versa.


No livro há uma “crono-história” da Segunda Guerra, que descreve simultaneamente os movimentos no front e o cotidiano das três famílias. Seria uma versão da alternância entre personagens históricos e humanos descrita por Ginzburg no prefácio à obra-prima de Tolstói?
Exatamente. Nesse prefácio curto, porém memorável, Ginzburg sublinhou como, entre os personagens históricos que foram protagonistas da guerra e os personagens humanos que foram protagonistas da paz, Tolstói preferiu estes últimos. O mesmo pode certamente ser dito do próprio Ginzburg, que traduziu Guerra e paz com esforço heróico enquanto estava degredado [nas montanhas do Abruzzo], enquanto os exércitos de Hitler invadiam a Rússia, assim como os de Napoleão o haviam feito no romance do grande escritor russo. Minha intenção era exatamente esta: descrever Leone Ginzburg como personagem histórico e, ao mesmo tempo, como personagem humano.

Em 2024, foram recordados os oitenta anos da morte de Leone Ginzburg e o centenário do assassinato do deputado socialista Giacomo Matteotti por milicianos fascistas. Existem relações simbólicas ou factuais entre os dois eventos?
Ambos eram antifascistas inflexíveis, ambos não violentos, ambos vítimas da violência nazifascista, embora separados por vinte anos um do outro. E isso nos lembra que o fascismo é sempre, essencialmente, violência 


Quem escreveu esse texto

Manuel da Costa Pinto

É autor de Paisagens interiores e outros ensaios (B4 Editores).


Grato a Mauricio Dias David, pela remessa da matéria. PRA

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