quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

1329) Os desafios de nosso mundo pos-crise - Martin Wolf

Apesar de tê-lo downloadado (ugh!) para o meu computador desde o começo do ano, apenas esta noite, ao passear em torno de 22hs em volta de duas quadras de Brasilia meu companheiro de promenades philosophiques -- um simpatico e compreensivo Yorshire que responde pelo nome de Yury, e que até mereceu um blog só dele: Promenades avec mon maître -- pude ouvir, como sempre faço nesses passeios, em meu iPod, um ensaio do jornalista econômico do Financial Times Martin Wolf, intitulado:

The challenges of managing our post crisis world (December 29, 2009)

Esse ensaio, em forma de balanço, trata basicamente do que diz o seu título, ou seja, adequar e acomodar os desequilíbrios e desafios de um mundo caracterizado por superávitários de um lado, e "deficitários" de outro. A situação, em grande medida, inverteu-se. Os EUA eram o superavitário estrutural no final da Segunda Guerra, e financiaram generosamente os desequilíbrios europeus e de quase todo o resto do mundo. Eles foram, sim, generosos, a despeito de que muitos acreditam que eles fizeram tudo aquilo em seu benefício próprio, defendendo seus interesses nacionais, ao preservar o capitalismo e a "democracia burguesa".
Pode até ser, mas os que dizem isso -- a menos que sejam de absoluta má-fé -- sabem, com absoluta certeza certeira (com perdão pela redundância), que a alternativa à disposição -- aliás, a única outra, posto que o fascismo já tinha sido tentado e deu no que deu -- nos conduziria a um mundo bem pior, no mínimo catastrófico economicamente, e provavelmente muito mais mortífero em termos humanos e sociais. Não deve haver nenhuma dúvida quanto a isso, posto que o comunismo acumulou um balanço de várias dezenas de milhões de mortos, provavelmente mais de uma centena, bem mais do que o fascismo conseguiu fazer, com guerra, holocausto e tudo.
Em todo caso, os EUA são hoje sustentados pelos excedentários asiáticos, a começar pela China, que aliás faz isso de modo não generoso; ao contrário, de maneira totalmente egoista, posto que do contrário, ela não conseguiria exportar e ter renda de seus saldos comerciais e de transações correntes com os EUA e outros países.

Bem, mas não era disso que eu queria falar, e sim do ensaio do Martin Wolf, que antes de debruçar-se sobre as agruras do ajuste econômico - fiscal, monetário, comercial -- começa tratando de memórias familiares, ao falar de seu pai, exilado austríaco, que atravessou a Primeira Guerra, as crises do entre guerras, a ameaça nazista sobre seu país e o exílio na Inglaterra (o que o salvou, ao contrário do resto da família, de perecer no morticínio nazista).

Martin Wolf conta que uma das lições mais preciosas que aprendeu de seu pai está resumida nesta frase:

Civilization is as fragile as a glass. (A civilização é tão frágil quanto vidro)

no que papai Wolf tem inteiramente razão, em vista de tantos ditadores (felizmente agora em número relativamente reduzido) que causaram tantas maldades no "breve" século 20 que foi o a idade das ideologias.

Aqui mesmo, neste cantinho de planeta, um bando de aloprados ainda pensa em implantar um regime diretamente saído das catacumbas da história, não mais por uma revolução de estilo bolchevique -- embora existam ainda alguns malucos neobolcheviques que pensam que estão em Petrogrado em 1917 -- mas pela maneira "gramsciana", aprovando planos inocentes de "direitos (des)humanos". Enfim, mas não é disso que trata e sim de suas "memórias sentimentais" (a tragédia austríaca, e européia de meados do século 20) e dos desafios econômicos deste início de século 21.

Não vou resumir aqui suas recomendações quanto ao segundo aspecto, a crise e as maneiras de administrar a saída dela, tanto porque não concordo com todas as suas recomendações -- sobretudo a de que era preciso salvar o sistema de uma morte fatal -- mas simplesmente remeter todos os interessados à leitura desse belo texto, ou melhor, à escuta desse cativante mp3.

Neste link.

Mais podcasts de Martin Wolf, aqui.

PS.: Antes que algum espertinho me pergunte porque eu não concordo com Martin Wolf, eu diria, rapidamente, o seguinte.
Não acredito que um sistema econômico enfrente a morte, a menos de ser "salvo" pelos intervencionistas keynesianos que depois vão pretender ser mais espertos do que os mercados "livres". O que os interevencionistas fazem é salvar o dinheiro de alguns especuladores com os recursos de todos os cidadãos, que pagam assim as espertezas desses aventureiros. Deixar quebrar alguns bancos, o que compromete o dinheiro de um número menor de pessoas pode ser uma solução aceitável, pois tende a restabelecer o equilíbrio do sistema de maneira mais rápida do que essas intervenções estatais.

Paulo Roberto de Almeida (10.02.2010)

1328) Um general que vai provavelmente vestir o pijama...

...não sem antes falar as suas verdades:

A COMISSÃO DA "VERDADE?"?

General-de-Exército Maynard Marques de Santa Rosa
Chefe do Departamento-Geral do Pessoal
26 de janeiro de 2010

A verdade é o apanágio do pensamento, o ideal da filosofia, a base fundamental da ciência. Absoluta, transcende opiniões e consensos, e não admite incertezas.
A busca do conhecimento verdadeiro é o objetivo do método científico. No memorável "Discurso sobre o Método", René Descartes, pai do racionalismo francês, alertou sobre as ameaças à isenção dos julgamentos, ao afirmar que "a precipitação e a prevenção são os maiores inimigos da verdade".
A opinião ideológica é antes de tudo dogmática, por vício de origem. Por isso, as mentes ideológicas tendem naturalmente ao fanatismo. Estudando o assunto, o filósofo Friedrich Nietszche concluiu que "as opiniões são mais perigosas para a verdade do que as mentiras".
Confiar a fanáticos a busca da verdade é o mesmo que entregar o galinheiro aos cuidados da raposa.
A História da inquisição espanhola espelha o perigo do poder concedido a fanáticos. Quando os sicários de Tomás de Torquemada viram-se livres para investigar a vida alheia, a sanha persecutória conseguiu flagelar trinta mil vítimas por ano no reino da Espanha.
A "Comissão da Verdade" de que trata o Decreto de 13 de janeiro de 2010, certamente, será composta dos mesmos fanáticos que, no passado recente, adotaram o terrorismo, o sequestro de inocentes e o assalto a bancos, como meio de combate ao regime, para alcançar o poder.
Infensa à isenção necessária ao trato de assunto tão sensível, será uma fonte de desarmonia a revolver e ativar a cinza das paixões que a lei da anistia sepultou.
Portanto, essa excêntrica comissão, incapaz por origem de encontrar a verdade, será, no máximo, uma "Comissão da Calúnia".

1327) Petrobras: pequena remuneracao dos conselheiros

Sim, já sei: vou receber um monte de mensagens anónimas, talvez de algum conselheiro, me ofendendo e desmentindo a ata e os pagamentos de marajá...
Posto mesmo assim:

ATA DA ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA DA PETRÓLEO BRASILEIRO S.A. -
PETROBRAS, REALIZADA EM 8 DE ABRIL DE 2009

(Lavrada sob a forma de sumário, conforme facultado pelo parágrafo primeiro do artigo 130 da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976).

DIA, HORA E LOCAL:

Assembleia realizada às 15 horas do dia 8 de abril de 2009, na sede social, na cidade do Rio de Janeiro, RJ, na Avenida República do Chile, no 65.

Item IV: Foram reeleitos como membros do Conselho de Administração da Companhia , na forma do voto da União, com mandato de 1 (um) ano, permitida a reeleição, a Senhora Dilma Vana Rousseff , brasileira, natural da cidade de Belo Horizonte (MG), divorciada, economista, com domicílio na Casa Civil da Presidência da República - Praça dos Três Poderes - Palácio do Planalto - 4º andar - salas 57 e 58, Brasília (DF), CEP: 70150-900, portadora da carteira de identidade nº 9017158222, expedida pela Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio Grande do Sul - SSP/RS, e do CIC/CPF nº 133267246-91 e os Senhores Guido Mantega , brasileiro, natural de Gênova, Itália, casado, economista, com domicílio no Ministério da Fazenda - Esplanada dos Ministérios - Bloco P - 5º andar - Brasília (DF), CEP: 70048-900, portador da carteira de identidade nº 4135647-0, expedida pela Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo - SSP/SP, e do CIC/CPF nº 676840768-68; Silas Rondeau Cavalcante Silva, brasileiro, natural da cidade de Barra da Corda (MA), casado , engenheiro, com domicílio na S..A.U.S. - quadra 3 – lote 2 - Bloco C – Ed. Business Point - salas 308/309, Brasília (DF), CEP: 70070-934, portador da carteira de identidade nº 2040478, expedida pela Secretaria de Segurança Pública do Estado de Pernambuco - SSP/PE, e do CIC/CPF nº 044.004.963-68; José Sergio Gabrielli de Azevedo, brasileiro, natural da cidade de Salvador (BA), divorciado, economista, com domicílio na Av. República do Chile, 65, 23º andar - Rio de Janeiro (RJ), CEP: 20031-912, portador da carteira de identidade nº 00693342-42, expedida pela Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia - SSP/BA, e do CIC/CPF nº 042750395-72; Francisco Roberto de Albuquerque , brasileiro, natural da cidade de São Paulo, casado, General de Exército Reformado, com domicílio na Alameda Carolina nº 594, Itu (SP), CEP: 13306-410, portador da carteira de identidade nº 022954940-7, expedida pelo Ministério do Exército e do CIC/CPF nº 351786808-63; e Luciano Galvão Coutinho , brasileiro, natural da cidade de Recife (PE), divorciado, economista, com domicílio na Av. República do Chil e nº 100, 19º andar, Rio de Janeiro (RJ), CEP 20031-917, portador da carteira de identidade nº 8925795, expedida pela Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo - SSP/SP, e do CIC/CPF nº 636831808-20.


Item VII: Pelo voto da maioria dos acionistas presentes, em conformidade com o voto da representante da União,

foi aprovada a fixação da remuneração global a ser paga aos administradores da Petrobras em R$8.266.600,00
(oito milhões, duzentos e sessenta e seis mil e seiscentos reais) , no período compreendido entre abril de 2009 e março de 2010, aí incluídos: honorários mensais, gratificação de férias, gratificação natalina (13º salário), participação nos lucros e resultados; passagens aéreas, previdência privada complementar, e auxílio moradia , nos termos do Decreto nº 3.255, de 19.11.1999, mantendo-se os honorários no mesmo valor nominal praticado no mês precedente à AGO de 2009, vedado expressamente o repasse aos respectivos honorários de quaisquer benefícios que, eventualmente, vierem a ser concedidos aos empregados da empresa, por ocasião da formalização do Acordo Coletivo de Trabalho – ACT na sua respectiva data-base de 2009;

Dá R$114.813,88 por mês para cada um!
Se "alguém" disser que é boato... acesse o link abaixo !

http://www2.petrobras.com.br/ri/port/InformacoesAcionistas/pdf/ATA_AGO_08abr09_port.pdf

1326) Racionamento energetico na Venezuela: aproveitando o know-how brasileiro

Interessante a notícia abaixo. O governo do PT, que está prestando assessoria a Chávez no racionamento energético, aproveita-se da experiência ganha pelos técnicos do setor com os planos emergenciais implementados no apagão brasileiro de 2001, acerbamente criticado pelos integrantes do PT.
O mundo dá muitas voltas, mas não deixa de ser irônico...
Paulo Roberto de Almeida

Chávez anuncia novo plano antiapagão
Empresas e cidadãos que gastarem mais energia serão multados
Reuters, Quarta-Feira, 10 de Fevereiro de 2010

CARACAS
Horas depois de declarar estado de emergência no setor elétrico, na segunda-feira, o governo venezuelano lançou um plano para economizar energia que inclui multas para grandes consumidores ou para quem gastar mais e incentivos para quem reduzir seu consumo. O novo plano é voltado tanto para consumidores residenciais quanto para empresas e indústrias.

Segundo o presidente Hugo Chávez, os lares que gastarem mais de 500 quilowatts por hora na média mensal serão considerados grandes consumidores e terão de cortar 10% do seu consumo sob pena de uma multa equivalente a 75% de sua conta de luz. Para todos aqueles que gastarem 10% a mais do que na última fatura, a multa será de 100% sobre o valor dos gastos atuais. E para os que consumirem 20% a mais, a tarifa extra será de 200%.

Por outro lado, as residências com um consumo abaixo dos 500 quilowatts por hora que conseguirem reduzir seu consumo de eletricidade entre 10% e 20% terão um desconto de 25% em sua conta de luz. Para os que cortarem mais de 20%, a redução será de 50%.

O Brasil também adotou um sistema de metas de redução de consumo energético, com incentivos e penalizações, após o apagão de 2001. Segundo um acordo fechado numa visita recente a Caracas do assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, técnicos brasileiros estão ajudando a Venezuela a buscar uma solução para a sua crise de energia.

Segundo Chávez, os setores comercial e industrial precisarão reduzir em 20% seu consumo de energia em relação a 2009. O estado de emergência permitirá a Caracas contratar empresas e comprar equipamentos de forma mais rápida, sem licitações, por 60 dias ? prorrogáveis por mais tempo.

RACIONAMENTO
Nos últimos meses, uma política de racionamento já vem deixando algumas regiões da Venezuela sem luz por até 8 horas diárias. Além disso, o governo venezuelano impôs uma redução no horário de funcionamento dos shopping centers. Segundo o presidente do instituto de pesquisas Datanálisis, Luis Vicente León, citado pelo jornal El Universal, de Caracas, essas medidas devem fazer o PIB venezuelano cair até 2% este ano.

Tal perspectiva é uma grande dor de cabeça para o governo a apenas sete meses das eleições legislativas, em que Chávez pretende manter a maioria da Assembleia Nacional para conseguir levar adiante as reformas legais necessárias para seu projeto socialista.

A crise energética é causada por uma seca prolongada, que reduziu o nível da reserva da represa de Guri, responsável por 70% da eletricidade consumida na Venezuela. Mas também há entre a população a percepção de que o governo não fez os investimentos necessários no setor energético e problemas de administração estariam agravando a crise.

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Addendum:

Venezuelanos recorrem a Deus contra crise energética
Plantão | Publicada em 10/02/2010 às 17h27m
Reuters
CARACAS - O racionamento fracassou. As chuvas ainda não vieram. Então, os funcionários do setor elétrico venezuelanos estão buscando ajuda divina para solucionar a crise energética do país.
A estatal Edelca convocou todos os seus funcionários para uma hora de orações na sexta-feira - o "Clamor a Deus pelo Setor Elétrico Nacional."
"Apoiamos estas convocações com a nossa presença, unidos no nosso compromisso de erguer nossa grande companhia", disse o presidente da Edelca, Igor Gavidia León, em nota a seus funcionários, sob uma citação bíblica dizendo que Deus ouve as preces dos humildes.
A Edelca, subsidiária da estatal energética Corpoelec, administra a enorme hidrelétrica de Guri, que já chegou a gerar quase metade da eletricidade venezuelana, mas há meses sofre com a baixa do seu reservatório.
A Venezuela tem tido apagões desde 2009, o que o presidente Hugo Chávez atribuiu à seca e à alta na demanda após cinco meses de crescimento. A oposição diz que o problema foi de falta de investimentos públicos nos 11 anos do atual governo.
Nesta semana, Chávez declarou "emergência energética" e assinou um decreto que oferece bons descontos a empresas e residências que reduzirem seu consumo, mas multa quem não cortar o uso de energia.

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Se Deus não ajudar, pode ser um indicio de que ele (ou Ele) não é socialista...
Paulo Roberto de Almeida

1325) Chile: anunciado novo governo

Chile anuncia gabinete de 'Chicago Boys', com Piñera no estilo CEO
Rodrigo Uchoa, de São Paulo
Valor Econômico, 10/02/2010

O presidente eleito do Chile, Sebastián Piñera, recheou seu ministério com "Chicago Boys" - economistas com pós-graduação na Universidade de Chicago, um ícone do pensamento liberal. O chefe da Casa Civil, o chanceler e o ministro da Economia têm passagem por lá. O da Fazenda e o do Planejamento estudaram em Harvard.
Analistas apontam, entretanto, que a principal característica do primeiro escalão da área econômica deve ser a intervenção direta de Piñera - ele mesmo com pós-graduação em Harvard - até em assuntos cotidianos.
"Ele deve usar uma estratégia de CEO, com participação direta [de Piñera] na fixação de metas e prazos, além de avaliação mensal de resultados. Esse parece ser o cenário da área econômica", disse o analista político Carlos Peña.
Os escolhidos para a Fazenda e para a Economia, Felipe Larraín e Juan Andrés Fontaine, têm em comum com Piñera terem se formado em economia pela Pontifícia Universidade Católica do Chile e feito pós-graduação nos EUA.
O escolhido para a Fazenda, Felipe Larraín, 51, tem doutorado em Harvard. A relação dele com o presidente eleito vem de longa data. Quando postulou uma vaga na universidade americana, nos anos 80, foi recomendado pelo próprio Piñera, que havia feito sua pós-graduação lá. Larraín ainda é professor da PUC, além de manter uma consultoria e fazer parte do conselho de administração de diversas empresas.
O ministro da Fazenda tem sob sua responsabilidade as finanças públicas, a Receita Federal, a Comissão de Valores Mobiliários e a regulação do sistema bancário. O cargo é considerado mais importante do que o de ministro da Economia, que tem sob sua responsabilidade a elaboração de política setoriais, como as relacionadas a pequenas e médias empresas, inovação e turismo.
A escolha de Juan Andrés Fontaine, 55, poderia indicar que Piñera pretende dar maior proeminência ao ministério, já que consideraria as reformas de políticas regulatórias para as pequenas e médias empresas como fundamentais para alavancar o emprego. A proposta de Piñera tem sido a de facilitar a abertura de empresas e diminuir a burocracia.
Fontaine é mestre pela Universidade de Chicago, foi diretor de pesquisas econômicas do Banco Central do Chile e fez carreira no setor privado, como diretor de diversas empresas.
Ele é ligado ao Libertad y Desarrollo (LyD, Liberdade e Desenvolvimento), centro de estudos liberal chileno preferido pela direita do país e que tem como fundador Hernan Buchi, que foi ministro da Fazenda de Pinochet e é tido como o pai da modernização da economia do país.
A influência do LyD pode ser medida por outros indicados. O chefe da Casa Civil será Cristián Larroulet, diretor-executivo do Libertad y Desarrollo. Ele também é formado pela PUC e mestre pela Universidade de Chicago.
No Planejamento, outro diretor do Libertad y Desarrollo, Felipe Kast, formado pela PUC e pós-graduado em Harvard.
Como ministro das Relações Exteriores, Piñera indicou o empresário Alfredo Moreno, diretor do grupo Falabella, gigante varejista com braços financeiro, imobiliário e de turismo. Moreno também tem MBA pela Universidade de Chicago. A indicação pode gerar críticas por conflito de interesses, pois o grupo Falabella tem forte presença em países vizinhos, como Peru e Argentina.
Analistas dizem que o perfil dos principais ministros mostra bem o que o presidente eleito espera deles: gente com formação liberal, vínculos fortes com o setor privado e com perfil executivo. "Gente pronta a responder ao CEO", diz Jorge Selaive, economista da corretora BCI.
Segundo uma pessoa próxima a Piñera, ele já instalou seu "estilo de governo" mesmo antes de assumir - o que indica como será o cotidiano do governo. O presidente eleito teria marcado reuniões individuais com cada um dos escolhidos para o primeiro escalão para dar a eles um tempo para se inteirar sobre os respectivos ministérios. Aí então ficaria marcada uma segunda reunião para definição de metas e calendário.
Para dar um ar de "união nacional", Piñera indicou como ministro da Defesa um político da coalizão de centro-esquerda Concertación, Jaime Ravinet, que já havia ocupado o mesmo ministério no governo do socialista Ricardo Lagos (2000-2006).

1324) OEA: debil na defesa da democracia

Mr. Obama should press for change at the OAS
Editorial, Washington Post, Wednesday, February 10, 2010

SINCE ITS founding in 1948, the Organization of American States has defined its two top purposes as "to strengthen peace and security" and "to consolidate and promote representative democracy." On the second count, it is failing.

Despite the adoption in 2001 of a "democracy charter," the OAS has done little to stem what has been a steady erosion of free elections, free press and free assembly in Latin America during the past five years. When Honduras's president was arrested and dispatched to exile by the military last year, the organization was aggressive but clumsy -- and ended up making a democratic outcome harder to achieve. In the case of countries where democracy has been systematically dismantled by a new generation of authoritarian leaders, including Venezuela and Nicaragua, the OAS has failed to act at all.

The embodiment of this dysfunction has been OAS Secretary General José Miguel Insulza. A Chilean socialist, Mr. Insulza has unabashedly catered to the region's left-wing leaders -- which has frequently meant ignoring the democratic charter. Last year, he pushed for the lifting of Cuba's ban from the OAS, even though there has been no liberalization of the Castro dictatorship. When Venezuelan strongman Hugo Chávez launched a campaign against elected leaders of his opposition, stripping them of power and launching criminal investigations, Mr. Insulza refused to intervene, claiming the OAS "cannot be involved in issues of internal order of member states." Yet when leftist Honduran President Manuel Zelaya tried to change his own country's internal order by illegally promoting a constitutional referendum, Mr. Insulza supported him, even offering to dispatch observers.

Now Mr. Insulza is up for reelection; a vote is scheduled for late next month. The United States, which supplies 60 percent of the funding for the OAS's general secretariat -- $47 million in 2009 -- ought to have a prime interest in replacing him with someone who will defend democracy. Yet the Obama administration is paralyzed: It has yet to make a decision about whether to support a new term for Mr. Insulza. Partly because of that waffling, no alternative candidate has emerged.

There is some reason for this. Five years ago, an effort by the Bush administration to promote a couple of friendly candidates backfired, and a U.S.-backed nominee this year would surely trigger pushback by Mr. Chávez and his allies, and by center-left governments such as Brazil. But the potential resistance to Mr. Insulza is growing. Panama, Colombia, Canada and Mexico could be enlisted in the search for an alternative. Even Chile's new center-right president has so far declined to endorse his compatriot.

At a minimum, the administration should embrace the recommendation of a recent Senate report on the OAS drawn up by the staff of Sen. Richard G. Lugar (R-Ind.). It calls for the OAS permanent council to require that Mr. Insulza make a presentation about his proposals and priorities for a second term, and for any other candidate who steps forward to offer such a presentation as well.

The United States should make clear that it will not support any secretary general whose platform on democracy issues is inadequate. Congress should meanwhile consider whether the United States should continue to provide the bulk of the funding for the OAS when it fails to live by its own charter.

Links: Democratic Charter of the OAS

OAS refusal to defend democracy in Venezuela

Richard Lugar proposal on OAS

Addendum:
DEPOIS DAS LAMBANÇAS VAI SER DIFÍCIL INSULZA PERMANECER NA SECRETARIA GERAL DA OEA

(La Nacion, 26) 1. A OEA na mira do Congresso dos Estados Unidos. O descontentamento aponta para seu titular, o chileno José Miguel Insulza. “A OEA tem que resolver uma questão crucial de liderança. O Secretário Insulza não cumpriu com as promessas feitas ao assumir e, para a saúde da instituição, é conveniente que os países membros considerem as condições que deve ter seu titular e não dêem por garantida nenhuma reeleição", disse um duríssimo relatório do Congresso norte-americano Intitulado "Multilateralismo na América. Comecemos por arrumar a OEA", o documento, foi elaborado pelo escritório do senador republicano Richard Lugar, um dos homens mais influentes na Comissão de Relações Exteriores.

2. De 27 páginas, o relatório, sumamente crítico sobre a situação da OEA e a gestão de seu atual titular, será formalmente difundido nos próximos dias. "Tende a reagir quando há uma situação clara de golpe de Estado, mas não quando há uma deterioração gradual da democracia por culpa de governos que abusam de seus poderes constitucionais", sublinha. A nota é especialmente crítica em relação à gestão da organização e seu Secretário-Geral na recente crise de Honduras, onde, entre outras coisas, critica a falta de capacidade para alcançar “um compromisso" entre as duas partes envolvidas. E o fato de que essa incapacidade motivou a intervenção de outros atores internacionais.

3. No trecho final, o texto ataca especialmente Insulza, a quem questiona por haver estado "mais atento ao destino político do Chile", com uma situação especialmente complicada no pessoal por demonstrar-se "publicamente" a favor do candidato derrotado. O relatório acusou Insulza de aplicar uma "política seletiva de defesa da democracia", referindo-se às situações na Venezuela e em Honduras. "A associação do Secretário-Geral com a tentativa abortada de retorno do presidente Manuel Zelaya, em 5 de julho, danificou seriamente a imagem da OEA como um mediador confiável", afirma.

1323) Inovacao tecnologica no Brasil: um quadro preocupante

Brasil registra menos patentes que Toyota sozinha
Jornal Brasil Econômico, 9/02/2010

Dados divulgados pela OMPI mostram primeira queda global no registro em 30 anos
Em 2009, em plena recessão, a Toyota sozinha registrou no mercado internacional mais de mil patentes. No mesmo ano, todas as empresas brasileiras reunidas não conseguiram registrar pelo sistema internacional nem metade desse volume.

Multinacionais como Sharp, LG, Dupont, Motorola ou Microsoft também registraram mais patentes que todo o setor privado e institutos de pesquisa do Brasil, o que mostra a distância entre o país e os principais centros de inovação. Só a Panasonic registrou um número de patentes cinco vezes maior que todo o Brasil.

Entre 2005 e 2009, o Brasil praticamente dobrou o número de patentes de empresas nacionais registradas no mundo. Mas a constatação é que ainda representa apenas uma fração das inovações registradas pelo setor privado e entidades de pesquisa no planeta. Em 2009, o Brasil era responsável por apenas 0,3% das patentes internacionais registradas.

Dados divulgados nesta terça-feira (9/2) pela Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI) apontam que o volume de patentes registradas no mundo em 2009 sofreu a primeira queda em 30 anos diante da recessão. Mas os países emergentes continuaram a aumentar o número
de registros.

Desenvolvimento

O registro de patentes é considerado como um índice do desenvolvimento tecnológico e de pesquisa dos países. O Brasil, entre 2005 e 2009, subiu da 27ª posição no ranking de países que mais registram patentes para a 24ª posição em 2009. Há cinco anos, o Brasil havia registrado 270 patentes. Em 2009, esse número chegou a 480, superando Irlanda, África do Sul e Nova Zelândia.

Apesar do avanço, o Brasil ainda está distante de outras economias. Só a China registrou em 2009 mais de 7,9 mil patentes e já superou França e Reino Unido em inovação. Hoje, a China é a quinta economia mais inovadora do mundo. Entre 2008 e 2009, os chineses aumentaram os registros em 29,7% e uma de suas empresas, a Huawei Technologies, é a segunda maior responsável por patentes no planeta.

Sozinha, a empresa tem mais de 1,8 mil patentes registradas apenas em 2009. Ela só é superada pela Panasonic, do Japão. A maior responsável por patentes no Brasil em 2009 foi a Whirlpool, com 31 pedidos de patentes e a 565ª maior do mundo. A Universidade Federal de Minas Gerais é a 858ª maior responsável por patentes no mundo em 2009, com 20 pedidos.

Elas são as duas únicas representantes brasileiras entre as mil empresas e instituições que mais registram patentes. No ranking geral, o país emergente melhor colocado é a Coreia do Sul, em quarto lugar e com 8 mil patentes em 2009. A liderança ainda é dos Estados Unidos, que registrou no ano passado 45,7 mil patentes, quase 30% de todas as patentes existentes no mundo em 2009.

Mas o número de invenções nos Estados Unidos vem caindo. Entre 2008 e 2009, a queda foi de 11,4%. Em segundo lugar vem o Japão, seguido pela Alemanha. Todos os países ricos sofreram uma queda nos registros no ano passado.

Para Francis Gurry, diretor geral da OMPI, a redução de 4,5% em médio no mundo ocorre diante de dificuldades que empresas possam ter em obter financiamento e o corte de orçamentos no setor de pesquisa. Em 2008, foram 164 mil patentes registradas pelo sistema internacional. Em 2009, esse número caiu para 155,9 mil.

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Uma recomendação de leitura:

Ross Thomson:
Structures of Change in the Mechanical Age: Technological Innovation in the United States, 1790-1865
Baltimore: Johns Hopkins University Press, 2009. xiv + 432 pp.
$68 (hardcover), ISBN: 978-0-8018-9141-0.

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...