Acredito...
Em algumas verdades simples, muito simples:
Que a palavra do homem é uma só,
que todos têm o dever social e individual da verdade, que ela é única e imutável.
que devemos, sim, assumir, nossas responsabilidades pelos cargos que ocupamos,
que não podemos descarregar sobre outros o peso dessas responsabilidades,
que devemos sempre procurar saber o que acontece, em nossa casa ou trabalho,
que não devemos jactar-nos indevidamente por grandes ou pequenas realizações,
que sempre nos beneficiamos do legado dos antepassados, sobretudo em conhecimento,
que nenhuma obra social possui paternidade única e exclusiva, sendo mais bem coletiva,
que a tentativa de excluir antecessores ou auxiliares é antipática e contraproducente,
que devemos zelar pelo dinheiro público,
que temos o dever de pensar nas próximas gerações, não na situação imediata,
que vaidade é uma coisa muito feia, além de ridícula,
que sensação de poder pode perturbar a capacidade de raciocínio,
que poder concentrado desequilibra o processo decisório,
que ouvir apenas elogios embota o senso da realidade,
que o convívio exclusivo com áulicos perturba a faculdade de julgamento,
que, enfim, não comandamos ao julgamento da história.
Eu também aprendi, que os resultados são sempre mais importantes do que as intenções, mas que os fins não justificam os meios...
Acredito, para terminar, que coisas simples assim podem ser partilhadas com outros...
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 25 de setembro de 2006
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
domingo, 14 de fevereiro de 2010
1343) Implementando a revolução marxista do Manifesto
Implementando a revolução marxista do Manifesto
(uma lista atualizada de medidas)
Paulo Roberto de Almeida
Os leitores (assim como os militantes de esquerda) medianamente familiarizados com o Manifesto do Partido Comunista, o profético panfleto escrito em colaboração por Karl Marx e Friedrich Engels em fevereiro de 1848 para glorificar o “modo burguês de produção” e antecipar sua futura substituição pelo modo socialista de produção, sabem que na sua seção sobre “proletários e comunistas” há um conjunto de medidas, exatamente dez, que deveriam ser implementadas para a melhoria das condições de vida dos trabalhadores e cidadãos em geral.
Essa lista de medidas, à distância de mais de 160 anos, tem um certo sabor “gótico”, como seria inevitável, mas o problema é que a maior parte da esquerda, pelo menos a brasileira, continua aderindo ao seu espírito centralizador, estatizante, enfim, socialista. Pois bem, em “manifesto alternativo” que eu redigi por ocasião dos 150 anos daquele Manifesto, eu propunha uma atualização das medidas, para torná-las compatíveis não apenas com nossos tempos de globalização, como também com as necessidades de uma esquerda moderna, ágil, pronta a enfrentar os problemas reais do mundo contemporâneo, sem vê-la praticando os mesmos mecanismos litúrgicos de um velho culto que quase já não é mais praticado em lugar algum. Essa atualização do velho Manifesto de Marx e Engels foi feita em um ensaio por mim preparado para o número especial de uma revista brasileira de ciência política e republicado, com alguns ajustes em meu livro Velhos e Novos Manifestos: o socialismo na era da globalização (São Paulo: Juarez de Oliveira, 1999; link: http://www.pralmeida.org/01Livros/2FramesBooks/29Manifestos1999.html).
Como eu escrevia em “meu” manifesto de 1998, a próxima revolução socialista deverá ser a mais radical ruptura com a velha cultura comunista conhecida até aqui. Não é de surpreender que esse desenvolvimento leve a uma ruptura com as concepções mesmas defendidas pela velha esquerda, com seu cortejo de slogans ultrapassados e preconceitos ideológicos. O novo socialismo não mais vai usar sua eventual supremacia política, conquistada democraticamente nas urnas, para centralizar todos os meios de produção nas mãos do Estado, como pretendiam algo ingenuamente Marx e Engels. Isto seria uma grande irracionalidade política, como já tinham descoberto alguns socialistas “revisionistas” desde o começo do século XX. Não é dessa maneira que se logrará incrementar o conjunto das forças produtivas tão rapidamente quanto possível.
A revolução completa nas relações de produção resultará da plena capacitação individual dos trabalhadores, de sua educação refinada e preparação adequada para enfrentar os desafios de um mercado mundial capitalista, hoje dominado pela burguesia, mas que não tem porque permanecer sob o seu jugo monopólico. Para retirar à burguesia esse poder incomensurável, os trabalhadores devem realizar, eles também, seu processo de “acumulação primitiva”, a começar pelo mais comezinho dos direitos humanos, a educação de base, pública, universal e gratuita.
As medidas a serem adotadas em prol do estabelecimento das novas relações de produção serão evidentemente diferentes em cada país. Entretanto, as seguintes medidas seriam geralmente aplicáveis num país da periferia ainda insuficientemente desenvolvido do ponto de vista capitalista como o Brasil:
Dois manifestos em busca de um mundo melhor
Manifesto do Partido Comunista, 1848:
1. Expropriação da propriedade fundiária e emprego das rendas fundiárias para despesas do Estado.
Paulo Roberto de Almeida, 1998:
1. Abolição do “monopólio” da terra, como desejado no Manifesto de 1848; essa abolição seria feita progressiva mas rapidamente, por meio de pesada imposição fiscal; esse imposto da terra já estava aliás previsto na “Lei de Terras” votada quase 150 anos atrás no Brasil, mas os latifundiários que então dominavam o parlamento não deixaram passar o princípio do imposto territorial rural. Essa medida, do mais comezinho significado econômico e tributário, teve de ser implementada, já no final do século XX, por um governo dito social-democrata, notoriamente inspirado nos sãos princípios liberais da atividade econômica. Um programa amplo de “reforma agrária”, num país fundamentalmente urbano como o Brasil de hoje, não tem obviamente o mesmo impacto econômico que teria tido se tivesse sido realizado décadas atrás, mas ele tem um profundo significado social em regiões onde a terra se encontra concentrada nas mãos de uns poucos latifundiários “feudais”. O que se deve buscar é a disseminação da propriedade rural produtiva, ao lado do minifúndio organizado em cooperativas e do agribusiness totalmente capitalista.
Manifesto do Partido Comunista, 1848:
2. Pesado imposto progressivo.
Paulo Roberto de Almeida, 1998:
2. Além de um imposto sobre a renda, de caráter altamente progressivo e graduado, como desejado por Marx há 150 anos, estabelecer uma reforma tributária de escopo racional e de aplicação insonegável. De modo geral, as atividades produtivas deveriam ser desoneradas, em favor de um imposto universal sobre o consumo final (com dedução correspondente das etapas anteriores e das exportações), introduzindo-se para corrigir a eventual injustiça da imposição indireta um sistema de alocações diretas e indiretas para as camadas de menor renda. Um imposto sobre transações financeiras poderia eventualmente se substituir à maior parte dos demais, eliminando-se aliás os problemas de uma imensa máquina arrecadadora, mas ele deveria estar na base de um federalismo fiscal rigoroso e dotado de mecanismos de correção de desigualdades inerentes à capacidade fiscal diferenciada dos estados e municípios. O direito de herança, assim como a fortuna, seriam moderadamente taxados, apenas para fins de “justiça social”, pois que o retorno fiscal desse tipo de imposição é inversamente proporcional ao esforço da máquina arrecadadora. Determinados bens — álcool, tabaco — também poderiam ser taxados pesadamente, para fins de contenção do consumo e financiamento de programas destinados a combater seus efeitos nefastos. As loterias e concursos seriam todos revertidos a finalidades sociais.
Manifesto do Partido Comunista, 1848:
3. Abolição do direito de herança.
Paulo Roberto de Almeida, 1998:
3. Revisão do conjunto de dispositivos regulatórios do trabalho, no sentido de adequar sua oferta e demanda à flexibilidade e adaptabilidade de mercados típica de uma economia globalizada e de liberá-lo da camisa de força de uma legislação característica do regime das guildas medievais. O trabalho não vai conseguir contrapor-se à preeminência do capital pela introdução de limites, condicionalidades ou restrições à sua utilização, mas sim pelo aumento contínuo de sua qualificação intrínseca. O desemprego, aliás, não resulta da falta de proteção contra a “prepotência” do capital ou do aumento da concorrência estrangeira que sustenta preços de “dumping” com base em trabalho aviltado e mal pago, mas de causas propriamente internas, geralmente vinculadas à rigidez das economias e de sua incapacidade de adaptação às mudanças tecnológicas em curso.
Manifesto do Partido Comunista, 1848:
4. Confiscação da propriedade de todos os emigrados e rebeldes.
Paulo Roberto de Almeida, 1998:
4. Política deliberada de acolhimento de imigrantes, sobretudo por meio de mecanismos de atração de “cérebros”, abrindo-se as universidades e os laboratórios públicos a todos os pesquisadores estrangeiros que quisessem estabelecer-se no Brasil. Desmantelamento das exigências abusivas que se fazem à vinda de imigrantes individuais — aprovação prévia de contrato de trabalho ou 200 mil dólares de investimento direto — pois a maior parte da riqueza potencial que possa ser trazida pela mão-de-obra de outros países está no cérebro — como no caso de especialistas de software — e não em sistemas industriais pesados.
Manifesto do Partido Comunista, 1848:
5. Centralização do crédito nas mãos do Estado, através de um banco nacional com capital de Estado e monopólio exclusivo.
Paulo Roberto de Almeida, 1998:
5. Decentralização do crédito e privatização dos poucos bancos que ainda restam em mãos do Estado, com a preservação de um banco nacional para fins de desenvolvimento regional, de crédito educativo, de pesquisa científica e tecnológica e de financiamento de atividades de ponta, sem retorno imediato.
Manifesto do Partido Comunista, 1848:
6. Centralização de todo o sistema de transportes nas mãos do Estado.
Paulo Roberto de Almeida, 1998:
6. Decentralização e desmonopolização radicais de todos os meios de comunicação e de transporte, sobretudo naquelas áreas vinculadas à transmissão de dados e de imagens, base da nova civilização do saber e do conhecimento. Estabelecimento de completa abertura à concorrência nessas áreas, com a finalidade de baratear custos e democratizar o acesso.
Manifesto do Partido Comunista, 1848:
7. Multiplicação das fábricas nacionais, dos instrumentos de produção, desbravamento de terras e melhoramento dos terrenos agrícolas de acordo com um plano comunitário.
Paulo Roberto de Almeida, 1998:
7. Privatização de todas as atividades produtivas não vinculadas à ação precípua do Estado — saúde, educação, segurança, justiça — uma vez que as empresas estatais ou nacionalizadas no passado criaram quistos de privilégios corporativos e focos de ineficiência administrativa, quando não de corrupção direta, numa nação inspirada por princípios igualitários e animada pela justa e proporcionada retribuição pelos esforços dos funcionários do Estado, sem privilégios individuais ou de casta. Não haverá estabilidade de cargos, senão naquelas funções temporariamente vinculadas a um tipo de desempenho que se requer autônomo e independente das instâncias políticas e econômicas, em setores tidos como envolvendo uma responsabilidade coletiva (juízes, membros por mandato definido do Conselho Monetário ampliado, etc.).
Manifesto do Partido Comunista, 1848:
8. Obrigatoriedade do trabalho para todos, instituição de exércitos industriais, em especial para a agricultura.
Paulo Roberto de Almeida, 1998:
8. Igualdade de chances na intervenção do Estado nos serviços públicos de saúde e de educação básica e no sistema de seguridade social, com a unificação progressiva dos regimes existentes. Disseminação da aposentadoria complementar por sistemas de capitalização, poderoso indutor da poupança privada. Investimentos maciços no ensino básico e introdução de mecanismos de compensação no ensino médio e superior. Estabelecimento de serviço civil de utilidade pública para atuação nos setores carentes e marginalizados.
Manifesto do Partido Comunista, 1848:
9. Unificação da exploração da agricultura e da indústria, atuação com vista à eliminação gradual da oposição entre cidade e campo.
Paulo Roberto de Almeida, 1998:
9. Abertura irrestrita de todos os setores produtivos e de serviços ao regime de livre concorrência, inclusive com a participação do capital estrangeiro, sem nenhum tipo de reserva ou restrição que não seja justificada pela segurança nacional (estritamente definida), defesa do meio ambiente ou ordem pública.
Manifesto do Partido Comunista, 1848:
10. Educação pública e gratuita de todas as crianças. Eliminação do trabalho das crianças nas fábricas na sua forma atual. Integração da educação com a produção material etc.
Paulo Roberto de Almeida, 1998:
10. Educação livre, pública e gratuita para todas as crianças no sistema de ensino básico, com atribuição de sistemas de retribuição para os setores carentes, que deverão ser objeto de atenção especial, retirando-se as crianças do exercício de atividades econômicas até a adolescência. Padrões uniformes de ensino no nível médio, com intervenção pontual do Estado se necessário. O ensino superior se organizará com base em critérios de mercado, inclusive as universidades públicas, que definirão mecanismos equivalentes aos de mercado na aferição da qualidade do ensino, na avaliação das atividades acadêmicas e na retribuição daqueles engajados em setores de pesquisa e desenvolvimento. Sistema de bolsa-educação para o amplo acesso da universidade por parte de todos aqueles qualificados nos escalões inferiores de ensino.
Ainda parafraseando o jovem Marx, no lugar da velha sociedade burguesa, com seus antagonismos sociais e de classe, se construirá progressivamente uma associação de cidadãos, na qual o livre desenvolvimento de cada um será a condição para o livre desenvolvimento de todos.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 1256: 9 de maio de 2004
Revisto e republicado em 14.02.2010.
(uma lista atualizada de medidas)
Paulo Roberto de Almeida
Os leitores (assim como os militantes de esquerda) medianamente familiarizados com o Manifesto do Partido Comunista, o profético panfleto escrito em colaboração por Karl Marx e Friedrich Engels em fevereiro de 1848 para glorificar o “modo burguês de produção” e antecipar sua futura substituição pelo modo socialista de produção, sabem que na sua seção sobre “proletários e comunistas” há um conjunto de medidas, exatamente dez, que deveriam ser implementadas para a melhoria das condições de vida dos trabalhadores e cidadãos em geral.
Essa lista de medidas, à distância de mais de 160 anos, tem um certo sabor “gótico”, como seria inevitável, mas o problema é que a maior parte da esquerda, pelo menos a brasileira, continua aderindo ao seu espírito centralizador, estatizante, enfim, socialista. Pois bem, em “manifesto alternativo” que eu redigi por ocasião dos 150 anos daquele Manifesto, eu propunha uma atualização das medidas, para torná-las compatíveis não apenas com nossos tempos de globalização, como também com as necessidades de uma esquerda moderna, ágil, pronta a enfrentar os problemas reais do mundo contemporâneo, sem vê-la praticando os mesmos mecanismos litúrgicos de um velho culto que quase já não é mais praticado em lugar algum. Essa atualização do velho Manifesto de Marx e Engels foi feita em um ensaio por mim preparado para o número especial de uma revista brasileira de ciência política e republicado, com alguns ajustes em meu livro Velhos e Novos Manifestos: o socialismo na era da globalização (São Paulo: Juarez de Oliveira, 1999; link: http://www.pralmeida.org/01Livros/2FramesBooks/29Manifestos1999.html).
Como eu escrevia em “meu” manifesto de 1998, a próxima revolução socialista deverá ser a mais radical ruptura com a velha cultura comunista conhecida até aqui. Não é de surpreender que esse desenvolvimento leve a uma ruptura com as concepções mesmas defendidas pela velha esquerda, com seu cortejo de slogans ultrapassados e preconceitos ideológicos. O novo socialismo não mais vai usar sua eventual supremacia política, conquistada democraticamente nas urnas, para centralizar todos os meios de produção nas mãos do Estado, como pretendiam algo ingenuamente Marx e Engels. Isto seria uma grande irracionalidade política, como já tinham descoberto alguns socialistas “revisionistas” desde o começo do século XX. Não é dessa maneira que se logrará incrementar o conjunto das forças produtivas tão rapidamente quanto possível.
A revolução completa nas relações de produção resultará da plena capacitação individual dos trabalhadores, de sua educação refinada e preparação adequada para enfrentar os desafios de um mercado mundial capitalista, hoje dominado pela burguesia, mas que não tem porque permanecer sob o seu jugo monopólico. Para retirar à burguesia esse poder incomensurável, os trabalhadores devem realizar, eles também, seu processo de “acumulação primitiva”, a começar pelo mais comezinho dos direitos humanos, a educação de base, pública, universal e gratuita.
As medidas a serem adotadas em prol do estabelecimento das novas relações de produção serão evidentemente diferentes em cada país. Entretanto, as seguintes medidas seriam geralmente aplicáveis num país da periferia ainda insuficientemente desenvolvido do ponto de vista capitalista como o Brasil:
Dois manifestos em busca de um mundo melhor
Manifesto do Partido Comunista, 1848:
1. Expropriação da propriedade fundiária e emprego das rendas fundiárias para despesas do Estado.
Paulo Roberto de Almeida, 1998:
1. Abolição do “monopólio” da terra, como desejado no Manifesto de 1848; essa abolição seria feita progressiva mas rapidamente, por meio de pesada imposição fiscal; esse imposto da terra já estava aliás previsto na “Lei de Terras” votada quase 150 anos atrás no Brasil, mas os latifundiários que então dominavam o parlamento não deixaram passar o princípio do imposto territorial rural. Essa medida, do mais comezinho significado econômico e tributário, teve de ser implementada, já no final do século XX, por um governo dito social-democrata, notoriamente inspirado nos sãos princípios liberais da atividade econômica. Um programa amplo de “reforma agrária”, num país fundamentalmente urbano como o Brasil de hoje, não tem obviamente o mesmo impacto econômico que teria tido se tivesse sido realizado décadas atrás, mas ele tem um profundo significado social em regiões onde a terra se encontra concentrada nas mãos de uns poucos latifundiários “feudais”. O que se deve buscar é a disseminação da propriedade rural produtiva, ao lado do minifúndio organizado em cooperativas e do agribusiness totalmente capitalista.
Manifesto do Partido Comunista, 1848:
2. Pesado imposto progressivo.
Paulo Roberto de Almeida, 1998:
2. Além de um imposto sobre a renda, de caráter altamente progressivo e graduado, como desejado por Marx há 150 anos, estabelecer uma reforma tributária de escopo racional e de aplicação insonegável. De modo geral, as atividades produtivas deveriam ser desoneradas, em favor de um imposto universal sobre o consumo final (com dedução correspondente das etapas anteriores e das exportações), introduzindo-se para corrigir a eventual injustiça da imposição indireta um sistema de alocações diretas e indiretas para as camadas de menor renda. Um imposto sobre transações financeiras poderia eventualmente se substituir à maior parte dos demais, eliminando-se aliás os problemas de uma imensa máquina arrecadadora, mas ele deveria estar na base de um federalismo fiscal rigoroso e dotado de mecanismos de correção de desigualdades inerentes à capacidade fiscal diferenciada dos estados e municípios. O direito de herança, assim como a fortuna, seriam moderadamente taxados, apenas para fins de “justiça social”, pois que o retorno fiscal desse tipo de imposição é inversamente proporcional ao esforço da máquina arrecadadora. Determinados bens — álcool, tabaco — também poderiam ser taxados pesadamente, para fins de contenção do consumo e financiamento de programas destinados a combater seus efeitos nefastos. As loterias e concursos seriam todos revertidos a finalidades sociais.
Manifesto do Partido Comunista, 1848:
3. Abolição do direito de herança.
Paulo Roberto de Almeida, 1998:
3. Revisão do conjunto de dispositivos regulatórios do trabalho, no sentido de adequar sua oferta e demanda à flexibilidade e adaptabilidade de mercados típica de uma economia globalizada e de liberá-lo da camisa de força de uma legislação característica do regime das guildas medievais. O trabalho não vai conseguir contrapor-se à preeminência do capital pela introdução de limites, condicionalidades ou restrições à sua utilização, mas sim pelo aumento contínuo de sua qualificação intrínseca. O desemprego, aliás, não resulta da falta de proteção contra a “prepotência” do capital ou do aumento da concorrência estrangeira que sustenta preços de “dumping” com base em trabalho aviltado e mal pago, mas de causas propriamente internas, geralmente vinculadas à rigidez das economias e de sua incapacidade de adaptação às mudanças tecnológicas em curso.
Manifesto do Partido Comunista, 1848:
4. Confiscação da propriedade de todos os emigrados e rebeldes.
Paulo Roberto de Almeida, 1998:
4. Política deliberada de acolhimento de imigrantes, sobretudo por meio de mecanismos de atração de “cérebros”, abrindo-se as universidades e os laboratórios públicos a todos os pesquisadores estrangeiros que quisessem estabelecer-se no Brasil. Desmantelamento das exigências abusivas que se fazem à vinda de imigrantes individuais — aprovação prévia de contrato de trabalho ou 200 mil dólares de investimento direto — pois a maior parte da riqueza potencial que possa ser trazida pela mão-de-obra de outros países está no cérebro — como no caso de especialistas de software — e não em sistemas industriais pesados.
Manifesto do Partido Comunista, 1848:
5. Centralização do crédito nas mãos do Estado, através de um banco nacional com capital de Estado e monopólio exclusivo.
Paulo Roberto de Almeida, 1998:
5. Decentralização do crédito e privatização dos poucos bancos que ainda restam em mãos do Estado, com a preservação de um banco nacional para fins de desenvolvimento regional, de crédito educativo, de pesquisa científica e tecnológica e de financiamento de atividades de ponta, sem retorno imediato.
Manifesto do Partido Comunista, 1848:
6. Centralização de todo o sistema de transportes nas mãos do Estado.
Paulo Roberto de Almeida, 1998:
6. Decentralização e desmonopolização radicais de todos os meios de comunicação e de transporte, sobretudo naquelas áreas vinculadas à transmissão de dados e de imagens, base da nova civilização do saber e do conhecimento. Estabelecimento de completa abertura à concorrência nessas áreas, com a finalidade de baratear custos e democratizar o acesso.
Manifesto do Partido Comunista, 1848:
7. Multiplicação das fábricas nacionais, dos instrumentos de produção, desbravamento de terras e melhoramento dos terrenos agrícolas de acordo com um plano comunitário.
Paulo Roberto de Almeida, 1998:
7. Privatização de todas as atividades produtivas não vinculadas à ação precípua do Estado — saúde, educação, segurança, justiça — uma vez que as empresas estatais ou nacionalizadas no passado criaram quistos de privilégios corporativos e focos de ineficiência administrativa, quando não de corrupção direta, numa nação inspirada por princípios igualitários e animada pela justa e proporcionada retribuição pelos esforços dos funcionários do Estado, sem privilégios individuais ou de casta. Não haverá estabilidade de cargos, senão naquelas funções temporariamente vinculadas a um tipo de desempenho que se requer autônomo e independente das instâncias políticas e econômicas, em setores tidos como envolvendo uma responsabilidade coletiva (juízes, membros por mandato definido do Conselho Monetário ampliado, etc.).
Manifesto do Partido Comunista, 1848:
8. Obrigatoriedade do trabalho para todos, instituição de exércitos industriais, em especial para a agricultura.
Paulo Roberto de Almeida, 1998:
8. Igualdade de chances na intervenção do Estado nos serviços públicos de saúde e de educação básica e no sistema de seguridade social, com a unificação progressiva dos regimes existentes. Disseminação da aposentadoria complementar por sistemas de capitalização, poderoso indutor da poupança privada. Investimentos maciços no ensino básico e introdução de mecanismos de compensação no ensino médio e superior. Estabelecimento de serviço civil de utilidade pública para atuação nos setores carentes e marginalizados.
Manifesto do Partido Comunista, 1848:
9. Unificação da exploração da agricultura e da indústria, atuação com vista à eliminação gradual da oposição entre cidade e campo.
Paulo Roberto de Almeida, 1998:
9. Abertura irrestrita de todos os setores produtivos e de serviços ao regime de livre concorrência, inclusive com a participação do capital estrangeiro, sem nenhum tipo de reserva ou restrição que não seja justificada pela segurança nacional (estritamente definida), defesa do meio ambiente ou ordem pública.
Manifesto do Partido Comunista, 1848:
10. Educação pública e gratuita de todas as crianças. Eliminação do trabalho das crianças nas fábricas na sua forma atual. Integração da educação com a produção material etc.
Paulo Roberto de Almeida, 1998:
10. Educação livre, pública e gratuita para todas as crianças no sistema de ensino básico, com atribuição de sistemas de retribuição para os setores carentes, que deverão ser objeto de atenção especial, retirando-se as crianças do exercício de atividades econômicas até a adolescência. Padrões uniformes de ensino no nível médio, com intervenção pontual do Estado se necessário. O ensino superior se organizará com base em critérios de mercado, inclusive as universidades públicas, que definirão mecanismos equivalentes aos de mercado na aferição da qualidade do ensino, na avaliação das atividades acadêmicas e na retribuição daqueles engajados em setores de pesquisa e desenvolvimento. Sistema de bolsa-educação para o amplo acesso da universidade por parte de todos aqueles qualificados nos escalões inferiores de ensino.
Ainda parafraseando o jovem Marx, no lugar da velha sociedade burguesa, com seus antagonismos sociais e de classe, se construirá progressivamente uma associação de cidadãos, na qual o livre desenvolvimento de cada um será a condição para o livre desenvolvimento de todos.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 1256: 9 de maio de 2004
Revisto e republicado em 14.02.2010.
1342) Radioatividade persa: contaminacao diplomatica (subsidios)
Sobre o post 1338, abaixo, com o mesmo título, um leitor atento, e bem informado, remeteu-me, em comentário anônimo, a um site de um instituto especializado no estudo e follow-up dos proliferadores habituais (que aliás são muitos).
O Institute for Peace and International Security (link) segue as atividades nucleares de uma serie de Estados, nomeadamente os seguintes:
Countries
* Algeria
* India
* Iran
* Iraq
* Korean Peninsula
* Libya
* Myanmar
* Pakistan
* South Africa
* Syria
* Taiwan
* Yugoslavia
(PRA: A "península coreana" não é exatamente "um" país, mas dois, mais passons...)
Transcrevo o início e o final de um relatório sobre nosso aliado no Oriente Médio:
ISIS Reports
Iran’s Gas Centrifuge Program: Taking Stock
by David Albright and Christina Walrond
February 11, 2010
Table of Contents
1. Understanding Enrichment at Natanz
2. First Principles
3. More advanced centrifuges coming? A secret site?
4. Natanz and the P1 Centrifuge
5. Separative Capacity of Iran’s P1 Centrifuge
6. Building a Centrifuge Plant
7. LEU Production
8. Taking Stock, Analyzing FEP Performance
9. Reasons for Sub-Optimal Performance
10. Implications on the Fordow Enrichment Site
11. Findings and Conclusion
12. Figures and Tables
13. Appendix: LEU Production Data
1. Understanding Enrichment at Natanz
The Natanz Fuel Enrichment Plant (FEP) has now operated for over two years with several thousand IR-1 centrifuges. Iran has enough centrifuges to produce a significant quantity of weapon-grade uranium, if it decided to do so. Yet, it is far from being able to produce enough enriched uranium for a nuclear power reactor.
It is natural to ask how well the IR-1 centrifuges are operating and to chart their performance. But assessing what Iran has achieved at the FEP remains difficult because Iran reveals little centrifuge performance information to the International Atomic Energy Agency (IAEA), and the IAEA in turn reveals even less publicly in either its safeguards reports or during interviews. Complicating any assessment, the public information has often been ambiguous or subject to subsequent revision. Thus, the data contained in IAEA reports are not sufficient alone to answer many questions about Natanz’s progress.
For example, every three months in its safeguards reports, the IAEA reveals the number of IR-1 centrifuges operating with uranium hexafluoride (UF6) on a given day.The inspectors do not however verify whether that number of centrifuges is actually producing low enriched uranium (LEU), or whether they receive enough information from Iran to determine the average number of centrifuges enriching during any extended period. The absence of such information, which would incorporate data about breakdowns and maintenance, complicates any comparison of the FEP’s production of low enriched uranium to expected LEU output.
One useful measure of a plant’s enrichment output is to estimate the average enrichment output, or separative capacity, of an IR-1 centrifuge. But doing this requires knowing the number of centrifuges actually enriching, the very value that is unreliable. Similar problems confront other standard measures of enrichment performance. Nonetheless, a comparative analysis of the FEP’s performance is possible.
(...)
11. Findings and Conclusion
Iran is likely to concentrate on increasing its LEU output at Natanz, improving operation of its centrifuges, and building the Fordow enrichment plant. Now that Fordow is discovered, it could be planning or building another secret enrichment site.
Iran’s problems in its centrifuge program are greater than expected one year ago. How much this has slowed Iran’s ability to make weapon-grade uranium is difficult to determine. However, Iran has almost 9,000 centrifuges at Natanz and the ability to make many thousands more either at Natanz or elsewhere. Despite the problems demonstrated at the FEP, Iran is unlikely to face significant delays in making weapon-grade uranium at Natanz, if it decided to build nuclear weapons. Starting with natural uranium, Iran could likely still produce enough weapon-grade uranium for a nuclear weapon in a year; it could do so considerably faster if it started with its stock of already produced low enriched uranium. But in 2010 Iran may be limited in its ability to produce weapon-grade uranium outside of the Natanz site, either in a breakout mode using its existing stock of LEU or in a parallel effort in a secret site starting with natural uranium.
In the end, Iran can solve its centrifuge problems with time, either by improving the output of the P1 centrifuge or building more of them, or both. In the medium term, it can also deploy more advanced centrifuges. Given its announced plans to build ten more enrichment plants without notifying the IAEA about their location or status until six months before it introduces nuclear material, Iran’s capability to make weapon-grade uranium either in a secret parallel program or in a breakout is likely to grow with time.
Iran’s progress at the FEP bears special watching to determine if Iranian technicians can overcome the plant’s problems and operate the centrifuges better. Because of the importance of this issue to the international community, the IAEA should release more data about the FEP’s operation.
Iran is expected to continue seeking equipment, materials, and technology abroad for its centrifuge effort. Disrupting these efforts through increased vigilance on stopping illicit trade of dual-use materials and components can delay its centrifuge program and prevent the transfer of knowledge that could help Iran solve its problems in building and deploying not only the IR-1 centrifuge but more advanced ones as well.
One can also expect more efforts by western intelligence services to place defective equipment in Iran’s centrifuge program. Given that Iran acquires much of this equipment illegally, such efforts are hard to condemn. However, predicting the impact of such efforts is impossible.
The best way to constrain Iran’s enrichment program remains negotiations aimed at achieving a suspension of its program. Iran is unlikely to deploy enough gas centrifuges to make enriched uranium for commercial nuclear power reactors for a long time, if ever, particularly if sanctions remain in force. As such, one of the most striking lessons of reviewing Iran’s accomplishments at Natanz is just how unachievable a commercial enrichment program remains while how little is required to create a nuclear weapons capability. While Iran may take longer than expected to make sufficient weapon-grade uranium for a bomb, few believe it will fail in that effort.
Comentário final PRA:
O estudo tem uma série de tabelas com dados e gráficos para o público especializado. Para simples civis ignorantes em grande medida dos detalhes técnicos do programa nuclear iraniano, como este que aqui escreve, resta, porém, uma certeza: os dirigentes iranianos estão dispostos a seguir em frente.
Acredito, pessoalmente, que o mundo não ficará melhor com essa perspectiva...
Paulo Roberto de Almeida (14.02.2010)
O Institute for Peace and International Security (link) segue as atividades nucleares de uma serie de Estados, nomeadamente os seguintes:
Countries
* Algeria
* India
* Iran
* Iraq
* Korean Peninsula
* Libya
* Myanmar
* Pakistan
* South Africa
* Syria
* Taiwan
* Yugoslavia
(PRA: A "península coreana" não é exatamente "um" país, mas dois, mais passons...)
Transcrevo o início e o final de um relatório sobre nosso aliado no Oriente Médio:
ISIS Reports
Iran’s Gas Centrifuge Program: Taking Stock
by David Albright and Christina Walrond
February 11, 2010
Table of Contents
1. Understanding Enrichment at Natanz
2. First Principles
3. More advanced centrifuges coming? A secret site?
4. Natanz and the P1 Centrifuge
5. Separative Capacity of Iran’s P1 Centrifuge
6. Building a Centrifuge Plant
7. LEU Production
8. Taking Stock, Analyzing FEP Performance
9. Reasons for Sub-Optimal Performance
10. Implications on the Fordow Enrichment Site
11. Findings and Conclusion
12. Figures and Tables
13. Appendix: LEU Production Data
1. Understanding Enrichment at Natanz
The Natanz Fuel Enrichment Plant (FEP) has now operated for over two years with several thousand IR-1 centrifuges. Iran has enough centrifuges to produce a significant quantity of weapon-grade uranium, if it decided to do so. Yet, it is far from being able to produce enough enriched uranium for a nuclear power reactor.
It is natural to ask how well the IR-1 centrifuges are operating and to chart their performance. But assessing what Iran has achieved at the FEP remains difficult because Iran reveals little centrifuge performance information to the International Atomic Energy Agency (IAEA), and the IAEA in turn reveals even less publicly in either its safeguards reports or during interviews. Complicating any assessment, the public information has often been ambiguous or subject to subsequent revision. Thus, the data contained in IAEA reports are not sufficient alone to answer many questions about Natanz’s progress.
For example, every three months in its safeguards reports, the IAEA reveals the number of IR-1 centrifuges operating with uranium hexafluoride (UF6) on a given day.The inspectors do not however verify whether that number of centrifuges is actually producing low enriched uranium (LEU), or whether they receive enough information from Iran to determine the average number of centrifuges enriching during any extended period. The absence of such information, which would incorporate data about breakdowns and maintenance, complicates any comparison of the FEP’s production of low enriched uranium to expected LEU output.
One useful measure of a plant’s enrichment output is to estimate the average enrichment output, or separative capacity, of an IR-1 centrifuge. But doing this requires knowing the number of centrifuges actually enriching, the very value that is unreliable. Similar problems confront other standard measures of enrichment performance. Nonetheless, a comparative analysis of the FEP’s performance is possible.
(...)
11. Findings and Conclusion
Iran is likely to concentrate on increasing its LEU output at Natanz, improving operation of its centrifuges, and building the Fordow enrichment plant. Now that Fordow is discovered, it could be planning or building another secret enrichment site.
Iran’s problems in its centrifuge program are greater than expected one year ago. How much this has slowed Iran’s ability to make weapon-grade uranium is difficult to determine. However, Iran has almost 9,000 centrifuges at Natanz and the ability to make many thousands more either at Natanz or elsewhere. Despite the problems demonstrated at the FEP, Iran is unlikely to face significant delays in making weapon-grade uranium at Natanz, if it decided to build nuclear weapons. Starting with natural uranium, Iran could likely still produce enough weapon-grade uranium for a nuclear weapon in a year; it could do so considerably faster if it started with its stock of already produced low enriched uranium. But in 2010 Iran may be limited in its ability to produce weapon-grade uranium outside of the Natanz site, either in a breakout mode using its existing stock of LEU or in a parallel effort in a secret site starting with natural uranium.
In the end, Iran can solve its centrifuge problems with time, either by improving the output of the P1 centrifuge or building more of them, or both. In the medium term, it can also deploy more advanced centrifuges. Given its announced plans to build ten more enrichment plants without notifying the IAEA about their location or status until six months before it introduces nuclear material, Iran’s capability to make weapon-grade uranium either in a secret parallel program or in a breakout is likely to grow with time.
Iran’s progress at the FEP bears special watching to determine if Iranian technicians can overcome the plant’s problems and operate the centrifuges better. Because of the importance of this issue to the international community, the IAEA should release more data about the FEP’s operation.
Iran is expected to continue seeking equipment, materials, and technology abroad for its centrifuge effort. Disrupting these efforts through increased vigilance on stopping illicit trade of dual-use materials and components can delay its centrifuge program and prevent the transfer of knowledge that could help Iran solve its problems in building and deploying not only the IR-1 centrifuge but more advanced ones as well.
One can also expect more efforts by western intelligence services to place defective equipment in Iran’s centrifuge program. Given that Iran acquires much of this equipment illegally, such efforts are hard to condemn. However, predicting the impact of such efforts is impossible.
The best way to constrain Iran’s enrichment program remains negotiations aimed at achieving a suspension of its program. Iran is unlikely to deploy enough gas centrifuges to make enriched uranium for commercial nuclear power reactors for a long time, if ever, particularly if sanctions remain in force. As such, one of the most striking lessons of reviewing Iran’s accomplishments at Natanz is just how unachievable a commercial enrichment program remains while how little is required to create a nuclear weapons capability. While Iran may take longer than expected to make sufficient weapon-grade uranium for a bomb, few believe it will fail in that effort.
Comentário final PRA:
O estudo tem uma série de tabelas com dados e gráficos para o público especializado. Para simples civis ignorantes em grande medida dos detalhes técnicos do programa nuclear iraniano, como este que aqui escreve, resta, porém, uma certeza: os dirigentes iranianos estão dispostos a seguir em frente.
Acredito, pessoalmente, que o mundo não ficará melhor com essa perspectiva...
Paulo Roberto de Almeida (14.02.2010)
1341) Sobre a responsabilidades dos intelectuais: comentário de um leitor
Recebi, a propósito do meu ensaio divulgado no post imediatamente anterior (ver abaixo), um longo comentário de um leitor, um estudante de ciências sociais do Rio de Janeiro, cujo nome omito por razões óbvias, mas que me parece refletir, inclusive na linguagem, os sentimentos de uma enorme parcela de nossa juventude universitária, tendo de suportar, atualmente, professores totalmente ineptos, despreparados e, adicionalmente (o que me parece mais grave), politicamente engajados num esforço doutrinário absolutamente irrelevante para a realidade em que vivem esses jovens. Esses professores, que se enquadram naquele comportamento que eu qualifiquei de desonestidade intelectual, continuam a oferecer aulas de pura embromação sociológica, ou de mistificação histórica, sem qualquer conexão com o mundo real.
Não creio que esse quadro seja "consertado" any time soon, ou seja, teremos de conviver com a empulhação acadêmica durante muito tempo mais...
Segue a mensagem (preservo totalmente a linguagem original, mesmo com os erros de Português e os pequenos equívocos de linguagem cometidos):
On 14/02/2010, at 01:42, R. M. wrote:
Boa Noite. Doutor Paulo Roberto de Almeida. Tudo bem com o senhor? Eu sou R., formando em Ciências Sociais da Uerj, e estou mandando-lhe este e-mail a fim de comentar o seu texto "sobre a responsabilidade dos intelectuais e se devemos cobrar-lhes os efeitos práticos de suas prescrições teóricas". Não tenho dúvida de que não devemos [sic], pois não só o Sociólogo alemão Ralf Dahrendorf, mas os próprios Sartre e Gramisci tinham em vista essa questão da responsabilidade do intelectual quanto a sociedade que fazem parte.
Eu devo relatar-lhe que nos meus anos na Uerj, vi de muito dos descalabros que foram descritos em seu ensaio. Eu estava refletindo com o meu irmão gêmeo que estuda História nessa mesma Universidade sobre as concepções que você encherga que são defendidas por determinados intelectuais dentro dos bancos das acadêmias que nós dois poderiamos julgar que no passado estavam presentes na sua realidade seja como professor ou estudante Universitário ou quem sabe nos circulos diplomáticos que o senhor esteve ao longo de sua carreira, mas, eu vejo que ela está presente na nossa realidade estudantil em fins da década de 2000 e principios da década de 10.
Quando eu entrei na Universidade em idos do ano de 2007, eu admito que entrei de forma ingenua pensando que a "solução" para as grandes questões de nossa sociedade estavam na Universidade e o curso de Ciências Sociais era o seu motor de combustão para essas mudanças, eu admito que me desiludi com o que vi no primeiro semestre e em muito me chateou a ponto de cogitar abandonar o curso.
No primeiro ano de curso nas aulas de Sociologia tive um semestre inteiro de Marx, estudamos as seguintes obras: "A Questão Judaica", "Crítica a Economica Política", "A Ideologia Alemã" e o "Manifesto Comunista" , vou ser honesto com o senhor que me senti desencontrado (e enojado), pois, o que estava sendo ensinado pela professora num tom de catequese (pois ela dedicou um semestre exclusivo para o estudo dessas obras) não correspondiam com a mesma perspectiva de vida e experiência pessoal de trabalhador assalariado que eu tinha de fora da Universidade e até mesmo porque, nas aulas de Ciência Política nesse mesmo semestre indo de encontro com os clássicos gregos como Platão e Aristóteles, se vê que as coisas sempre foram constituídas com base onde enquanto uns mandam, outros devem obedecer. Então, ficava a questão na minha cabeça: o que pensar? Será que estão me "enrolando" na acadêmia?
Então, com o passar desses dois anos (eu procurei antecipar a minha formatura e defender monografia em algo relacionado as Relações Internacionais e o Mercosul em particular, inclusive utilizando alguns textos seus, pois, não dava para pensar em compor nenhum projeto de monografia com Sociologos "Marquissistas" ou Antropologos "democratas raciais", pois a sintonia com os professores era muito diferente da minha vivência), a insistência principalmente em defender de forma tão incontestável essa concepção ideologica como projeto viável em pleno século XXI em termos sociais e até mesmo economico soava de um anacrônismo enorme para não dizer como você mesmo tinha colocado em seu ensaio "como pura desonestidade intelectual" por parte de acadêmico que não conseguem reconhecer o óbvio nas entrelinhas da História.
E o que isso tudo tem ligação com o seu ensaio? Que de fato a Universidade tem uma parcela de responsabilidade (e os seus acadêmicos) com os rumos que a sociedade vai de fato, pois, muitos desses professores pensam que estão numa "redoma de vidro" contra qualquer tipo de responsabilidade tanto com o teor dos artigos que escrevem quanto as aulas que ministram nas acadêmias e a defesa de idéias e teorias de forma dogmática que defendem com tanto afinco.
Então, Doutor Paulo Roberto de Almeida. Eu fico por aqui, não vou lhe escrever um testamento, pois, sei que o senhor é bastante ocupada.
Obrigado e desde já aguardo uma resposta do senhor quando lhe for possível responder.
==========
Meu caro R,
Muito grato por seu enorme comentario ao meu texto, que buscava apenas e tao somente tratar de um problema que eu ja detectei ha muito tempo, e que voce constatou agora por sua própria experiencia.
Sou reconhecido pela sua atencao em escrever-me e se voce me permitir vou partilhar seu texto com outros, sem revelar sua identidade, pois creio que nao convem personalizar o fato do seu lado.
O abraco do
-------------
Paulo Roberto de Almeida
(14.02.2010)
=============
Addendum:
Depois que eu postei o que vai acima, o mesmo comentarista, escreveu o que segue:
On 14/02/2010, at 17:53, R. M. wrote:
Prezado Doutor Paulo Roberto de Almeida, muito obrigado pela atenção quanto a essa questão citada em seu ensaio. É algo que estou sempre compartilhando e refletindo com os meus colegas de cursos que possuem alguma lucidez quanto a questão que se segue analisando de forma crítica esse modelo de Universidade que tem um papel muito mediocre partindo dos seus próprios acadêmicos e quanto àquilo que o senhor mesmo classificou como "desonestidade intelectual".
Gostaria de saber se o senhor têm propostas para a questão que está imersa a Universidade Brasileira nesse contexto com base na vivência que o senhor possui viajando para outros países e por ter estudado no exterior também? Eu tenho algumas idéias, mas, eu como simples graduando não me arriscaria a propor exceto no caso de uma conversa informal e troca de e-mails como essa que estamos tendo.
Pois, eu converso com algumas pessoas de algumas Universidades do exterior e as coisas não são desse jeito definitivamente partindo do principio da "desonestidade intelectual" como o senhor fez questão de expor.
Pois, é uma questão que possui uma grande influência nos rumos que o País dá (para o bem ou para o mal).
Aguardo respostas. Um abraço e mais uma vez muito obrigado.
---------
Prometi selecionar alguns trabalhos meus e enviar...
Paulo Roberto de Almeida (14.02.2010; 18h44)
Não creio que esse quadro seja "consertado" any time soon, ou seja, teremos de conviver com a empulhação acadêmica durante muito tempo mais...
Segue a mensagem (preservo totalmente a linguagem original, mesmo com os erros de Português e os pequenos equívocos de linguagem cometidos):
On 14/02/2010, at 01:42, R. M. wrote:
Boa Noite. Doutor Paulo Roberto de Almeida. Tudo bem com o senhor? Eu sou R., formando em Ciências Sociais da Uerj, e estou mandando-lhe este e-mail a fim de comentar o seu texto "sobre a responsabilidade dos intelectuais e se devemos cobrar-lhes os efeitos práticos de suas prescrições teóricas". Não tenho dúvida de que não devemos [sic], pois não só o Sociólogo alemão Ralf Dahrendorf, mas os próprios Sartre e Gramisci tinham em vista essa questão da responsabilidade do intelectual quanto a sociedade que fazem parte.
Eu devo relatar-lhe que nos meus anos na Uerj, vi de muito dos descalabros que foram descritos em seu ensaio. Eu estava refletindo com o meu irmão gêmeo que estuda História nessa mesma Universidade sobre as concepções que você encherga que são defendidas por determinados intelectuais dentro dos bancos das acadêmias que nós dois poderiamos julgar que no passado estavam presentes na sua realidade seja como professor ou estudante Universitário ou quem sabe nos circulos diplomáticos que o senhor esteve ao longo de sua carreira, mas, eu vejo que ela está presente na nossa realidade estudantil em fins da década de 2000 e principios da década de 10.
Quando eu entrei na Universidade em idos do ano de 2007, eu admito que entrei de forma ingenua pensando que a "solução" para as grandes questões de nossa sociedade estavam na Universidade e o curso de Ciências Sociais era o seu motor de combustão para essas mudanças, eu admito que me desiludi com o que vi no primeiro semestre e em muito me chateou a ponto de cogitar abandonar o curso.
No primeiro ano de curso nas aulas de Sociologia tive um semestre inteiro de Marx, estudamos as seguintes obras: "A Questão Judaica", "Crítica a Economica Política", "A Ideologia Alemã" e o "Manifesto Comunista" , vou ser honesto com o senhor que me senti desencontrado (e enojado), pois, o que estava sendo ensinado pela professora num tom de catequese (pois ela dedicou um semestre exclusivo para o estudo dessas obras) não correspondiam com a mesma perspectiva de vida e experiência pessoal de trabalhador assalariado que eu tinha de fora da Universidade e até mesmo porque, nas aulas de Ciência Política nesse mesmo semestre indo de encontro com os clássicos gregos como Platão e Aristóteles, se vê que as coisas sempre foram constituídas com base onde enquanto uns mandam, outros devem obedecer. Então, ficava a questão na minha cabeça: o que pensar? Será que estão me "enrolando" na acadêmia?
Então, com o passar desses dois anos (eu procurei antecipar a minha formatura e defender monografia em algo relacionado as Relações Internacionais e o Mercosul em particular, inclusive utilizando alguns textos seus, pois, não dava para pensar em compor nenhum projeto de monografia com Sociologos "Marquissistas" ou Antropologos "democratas raciais", pois a sintonia com os professores era muito diferente da minha vivência), a insistência principalmente em defender de forma tão incontestável essa concepção ideologica como projeto viável em pleno século XXI em termos sociais e até mesmo economico soava de um anacrônismo enorme para não dizer como você mesmo tinha colocado em seu ensaio "como pura desonestidade intelectual" por parte de acadêmico que não conseguem reconhecer o óbvio nas entrelinhas da História.
E o que isso tudo tem ligação com o seu ensaio? Que de fato a Universidade tem uma parcela de responsabilidade (e os seus acadêmicos) com os rumos que a sociedade vai de fato, pois, muitos desses professores pensam que estão numa "redoma de vidro" contra qualquer tipo de responsabilidade tanto com o teor dos artigos que escrevem quanto as aulas que ministram nas acadêmias e a defesa de idéias e teorias de forma dogmática que defendem com tanto afinco.
Então, Doutor Paulo Roberto de Almeida. Eu fico por aqui, não vou lhe escrever um testamento, pois, sei que o senhor é bastante ocupada.
Obrigado e desde já aguardo uma resposta do senhor quando lhe for possível responder.
==========
Meu caro R,
Muito grato por seu enorme comentario ao meu texto, que buscava apenas e tao somente tratar de um problema que eu ja detectei ha muito tempo, e que voce constatou agora por sua própria experiencia.
Sou reconhecido pela sua atencao em escrever-me e se voce me permitir vou partilhar seu texto com outros, sem revelar sua identidade, pois creio que nao convem personalizar o fato do seu lado.
O abraco do
-------------
Paulo Roberto de Almeida
(14.02.2010)
=============
Addendum:
Depois que eu postei o que vai acima, o mesmo comentarista, escreveu o que segue:
On 14/02/2010, at 17:53, R. M. wrote:
Prezado Doutor Paulo Roberto de Almeida, muito obrigado pela atenção quanto a essa questão citada em seu ensaio. É algo que estou sempre compartilhando e refletindo com os meus colegas de cursos que possuem alguma lucidez quanto a questão que se segue analisando de forma crítica esse modelo de Universidade que tem um papel muito mediocre partindo dos seus próprios acadêmicos e quanto àquilo que o senhor mesmo classificou como "desonestidade intelectual".
Gostaria de saber se o senhor têm propostas para a questão que está imersa a Universidade Brasileira nesse contexto com base na vivência que o senhor possui viajando para outros países e por ter estudado no exterior também? Eu tenho algumas idéias, mas, eu como simples graduando não me arriscaria a propor exceto no caso de uma conversa informal e troca de e-mails como essa que estamos tendo.
Pois, eu converso com algumas pessoas de algumas Universidades do exterior e as coisas não são desse jeito definitivamente partindo do principio da "desonestidade intelectual" como o senhor fez questão de expor.
Pois, é uma questão que possui uma grande influência nos rumos que o País dá (para o bem ou para o mal).
Aguardo respostas. Um abraço e mais uma vez muito obrigado.
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Prometi selecionar alguns trabalhos meus e enviar...
Paulo Roberto de Almeida (14.02.2010; 18h44)
sábado, 13 de fevereiro de 2010
1340) A responsabilidades dos intelectuais - P. R. Almeida
O mais recente trabalho publicado:
“Sobre a responsabilidade dos intelectuais: devemos cobrar-lhes os efeitos práticos de suas prescrições teóricas?”
Espaço Acadêmico (vol. 9, n. 105, fevereiro 2010, p. 149-159; ISSN: 1519-6186)
link: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/9275/5252
Transcrevo apenas o começo e o final desse trabalho:
O tema é bastante conhecido e eu começo imediatamente pelo enunciado do problema: deveriam os intelectuais ser responsabilizados por suas ideias, por seus livros e ensinamentos? Ou, dito mais precisamente: deveriam ser considerados responsáveis pela utilização que se faz ou que se fez de suas ideias e prescrições? Quem sabe até por suas omissões, conivências e silêncios?
(...)
Estes argumentos não se referem apenas à dimensão dos desastres econômicos e dos sofrimentos sociais infligidos a populações inteiras por uma ou duas gerações (e se supõe que isso seja por demais conhecido de todos, em vista das estantes vazias dos empórios socialistas). Deve-se mencionar, principalmente, os crimes cometidos contra os direitos humanos mais elementares, ou ainda aqueles situados no plano das misérias morais do socialismo: um regime de mentiras, de fraudes, de delações organizadas, de regimes policialescos e de mediocridades intelectuais como jamais ocorreu em muitas, talvez a maioria, das ditaduras ditas de direita por aqueles mesmos acadêmicos que pretendem ainda defender a causa do socialismo marxista.
Em relação a esses regimes, que por boa parte do século 20 se estenderam a territórios e populações imensas durante praticamente três gerações, pode-se parafrasear a conhecida frase marxiana do Dezoito Brumário: doravante, se espera apenas que a história jamais se repita, sequer como farsa.
Não é correto que a ignorância do processo histórico possa ser invocada em defesa dos que continuam a exibir equívocos monumentais do tipo aqui discutido; em todo caso, um procedimento básico se aplica aos que fazem da academia o centro de suas atividades: a honestidade intelectual é a primeira exigência de quem trabalha com o registro dos fatos históricos e sua interpretação no plano das ciências humanas. Espero apenas que esta não seja mais uma frase vazia...
Brasília, 19 janeiro 2010.
Revisto: 3.02.2010.
“Sobre a responsabilidade dos intelectuais: devemos cobrar-lhes os efeitos práticos de suas prescrições teóricas?”
Espaço Acadêmico (vol. 9, n. 105, fevereiro 2010, p. 149-159; ISSN: 1519-6186)
link: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/9275/5252
Transcrevo apenas o começo e o final desse trabalho:
O tema é bastante conhecido e eu começo imediatamente pelo enunciado do problema: deveriam os intelectuais ser responsabilizados por suas ideias, por seus livros e ensinamentos? Ou, dito mais precisamente: deveriam ser considerados responsáveis pela utilização que se faz ou que se fez de suas ideias e prescrições? Quem sabe até por suas omissões, conivências e silêncios?
(...)
Estes argumentos não se referem apenas à dimensão dos desastres econômicos e dos sofrimentos sociais infligidos a populações inteiras por uma ou duas gerações (e se supõe que isso seja por demais conhecido de todos, em vista das estantes vazias dos empórios socialistas). Deve-se mencionar, principalmente, os crimes cometidos contra os direitos humanos mais elementares, ou ainda aqueles situados no plano das misérias morais do socialismo: um regime de mentiras, de fraudes, de delações organizadas, de regimes policialescos e de mediocridades intelectuais como jamais ocorreu em muitas, talvez a maioria, das ditaduras ditas de direita por aqueles mesmos acadêmicos que pretendem ainda defender a causa do socialismo marxista.
Em relação a esses regimes, que por boa parte do século 20 se estenderam a territórios e populações imensas durante praticamente três gerações, pode-se parafrasear a conhecida frase marxiana do Dezoito Brumário: doravante, se espera apenas que a história jamais se repita, sequer como farsa.
Não é correto que a ignorância do processo histórico possa ser invocada em defesa dos que continuam a exibir equívocos monumentais do tipo aqui discutido; em todo caso, um procedimento básico se aplica aos que fazem da academia o centro de suas atividades: a honestidade intelectual é a primeira exigência de quem trabalha com o registro dos fatos históricos e sua interpretação no plano das ciências humanas. Espero apenas que esta não seja mais uma frase vazia...
Brasília, 19 janeiro 2010.
Revisto: 3.02.2010.
1339) A vida sob o comunismo (como devia ser insuportável...)

Estou lendo este livro:
The Rise and Fall of Communism
by Archie Brown
London: Bodley Head, 2009, 736pp, £25
Mais abaixo uma das muitas resenhas publicadas na imprensa inglesa. Li a introdução e o capítulo sobre o começo do comunismo (o que eu já conhecia).
Agora que o comunismo acabou, em larga medida, os jovens de hoje não tem uma ideia clara sobre o que representou o comunismo -- e o socialismo de maneira geral -- para as gerações precedentes. Mas ele sobrevive apenas em dois pequenos Estados: Cuba (irracionalmente apoiada por "inteliquituais" brasileiros) e Coréia do Norte. O caso da China é diferente: se trata de um país capitalista com um Estado comunista (deu para entender?; eu posso desenhar, ou explicar melhor...).
Estou lendo agora o capítulo 28, "Why Did Communism Last So long?".
Claro, no caso dos países da Europa central e oriental, foi por causa da ocupação soviética, do contrário as sociedades teriam rejeitado o sistema. Bem que tentaram, na DDR, em 1953, na Hungria, em 1956, na Tchecoslováquia, em 1968, mas os tanques soviéticos estavam ali para garantir a sobrevivência de regimes altamente impopulares.
No caso da própria URSS, foi pela eficiência repressora dos mecanismos de controle social do sistema, baseados no terror, nos tempos de Lênin e Stalin, e nos constrangimentos policialescos, na censura extensiva, e no uso da "repressão econômica", ou seja, deixar o dissidente sem trabalho e sem remuneração, o que simplesmente tornaria a sua vida impossível.
Refletindo sobre esse aspecto, isso também ocorre em certos países capitalistas, digamos assim. Por exemplo: deixar um funcionáario do Estado -- e no comunismo TODOS eram funcionários do Estado -- sem função específica e sem remuneração adequada durante muito tempo. Como sob o comunismo, isso atua como um forte desincentivo à contestação e à dissidência individual. Não sei se funciona sempre, mas deve funcionar para a maioria. No meu caso, não funcionou... (de que é exemplo este blog).
Acredito que quem pratica esse tipo de repressão econômica tem uma alma de ditador soviético. Aliás, tem muita gente por aí com alma de ditador soviético...
Paulo Roberto de Almeida (13.02.2010)
PS: leiam a introdução, as primeiras páginas, nesta versão eletrônica para Kindle, no site da Amazon, neste link.
The Rise and Fall of Communism by Archie Brown: review
Simon Heffer praises a book by Archie Brown that strips away the romance of communism
By Simon Heffer
Daily Telegraph, 30 May 2009
As an academic historian, Archie Brown has become possibly Britain’s leading expert on communism. Of an age to have travelled widely behind the Iron Curtain when the Cold War was still raging, he brings to his study of the subject not merely decades of immersion in archives and books, but also first-hand observation and experience. All these qualities inform this superb book, which in just over 700 pages gives not only the history of communism, but also the background to it and the reasons for its decline.
Although the doctrine still prevails in one enormously significant country – China – and in four smaller ones (North Korea, which is becoming a bigger problem by the day, Vietnam, Laos and Cuba), Brown’s work is largely in the nature of a retrospective. He traces the philosophical beginnings of the creed through to its implementation in what became the Soviet Union after the 1917 revolution: and it is the Soviet Union that is the bedrock of his book from then on. It is not simply, of course, that the USSR was first: it was that it had the manpower, the resources, the firepower and (until Gorbachev) the ruthlessness to impose its will and its system on its satraps and imitators.
The key figure in this was Stalin, whose doctrines (if not his methods of enforcing them) prevailed right up until the mid Eighties. During the Terror Stalin created a rule that was truly totalitarian, and which Brown distinguishes to an extent from communism. He is correct to do so, though he is equally correct to point out that communism, because of its anti-freedom ideology, can only be imposed with varying degrees of coercion. He says communist regimes imposed as a result of indigenous revolution turn out to be more durable than those enforced from outside. The history of what used to be called the Soviet bloc bears that out exactly.
Brown’s relatively concise but also precise exposition of Stalin’s regime is a masterpiece, laced with flashes of dark humour but never understating the sheer monstrousness of a man who goes down in history as a mass murderer on a scale that puts even Hitler in the shade. The brutality that he inflicted on those whom he conquered – such as the unfortunate Latvians, Lithuanians and Estonians – becomes more comprehensible when one reads of the arbitrary viciousness he used on people who were supposed to be his adherents, supporters and colleagues.
Although Nikita Khrushchev famously denounced Stalin and his crimes at the 1956 party congress, three years after the tyrant’s death, the ethos did not crack. The Hungarian uprising later that year was put down with typical brutality, for the Soviets then knew no other way. At home, dissidents were no longer shot in the back of the head for having a difference of opinion, and the Gulag became considerably less populated: but Khrushchev himself was happy, in defence of Russian hegemony, to push the world to the brink of war during the Cuban missile crisis in 1962.
When Leonid Brezhnev succeeded him in 1964 the tone became even more Stalinist: Brezhnev was conscious of having to protect what was effectively Stalin’s inheritance, and did not hesitate to do so. It may have been a time of stability for the USSR, but it also remained one of repression. Just as in Hungary 12 years earlier, Soviet troops put down an attempt by Czechoslovakia to reform after the Prague Spring. As late as 1981, a tame Polish leader, General Wojciech Jaruzelski, was prevailed on to squash dissidence in that country, contingent on the rise of the Solidarity movement. Communism could not be allowed to be diluted in the Soviet bloc, for it would challenge the Marxist-Leninist doctrines that underpinned the Soviet Union: so the old Stalinist methods of compliance by coercion were brought back whenever necessary.
Brown has crammed an amazing amount of information and analysis into a hugely readable book. He gives the most comprehensible breakdown of how Chinese communism developed, and how the apparent capitalist society the country now has is still, in fact, communist. But his greatest achievement is to strip away, without any partisanship, what some have held to be the romance of communism. He details how corrupt the regime was in Cuba before Castro overthrew it, and he talks of the wonders done in Cuba in the field of health care, in particular. But he equally leaves us in no doubt that Cuba remains a repressive and impoverished place thanks to communism. There are constant reminders of the basic liberties denied to those in communist countries in order to maintain the doctrine; and reminders too of how painfully aware so many of those people were of the freedoms and luxuries of the West.
If this book has any deficiency it is that I should have liked to read more about the systems of repression in places like the Baltic states, where museums exist to catalogue Soviet barbarism against the Baltic peoples. It is most amazing of all that this was so widespread just 20 years ago. Brown’s book is, above all, a monument to the triumph of liberty.
1338) Radioatividade persa: contaminacao diplomatica...
O ataque das formigas atômicas
Duda Teixeira
Revista Veja, edição 2152 - 17 de fevereiro de 2010
Passo a passo, o Irã caminha para onde sempre quis chegar: a fabricação da bomba atômica. Já avançou no material necessário, o enriquecimento de urânio a 20% em suas centrífugas. E pode fazer mais do que isso, jactou-se Ahmadinejads

BOMBA, BOMBA, BOMBA
Ahmadinejad aponta o caminho acelerado do desastre: "Somos uma potência nuclear"
Mentir, mentir sempre. E, nos arroubos de entusiasmo, abandonar momentaneamente o fingimento e deixar entrever as verdadeiras intenções. Assim tem se comportado o regime iraniano em relação ao programa nuclear que, ostensivamente, é para a produção de energia, mas em todos os aspectos práticos caminha para a fabricação de uma bomba atômica. As consequências para o mundo inteiro têm um potencial calamitoso. Israel, que por motivos óbvios considera a bomba iraniana uma ameaça vital, pode desfechar um ataque preventivo, de alcance arrepiante para o mundo todo, em especial nessa fase de sensibilíssima economia pós-crise. Ou o Irã continua fazendo mais do mesmo: enfrenta novas sanções, desafia os organismos internacionais e alcança, por fim, a bomba, o que lhe garante uma espécie de tenebrosa imunidade. Até lá, o regime dos aiatolás continuará fingindo que negocia, aceitando inspeção parcial da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e, na sua visão, talvez cruelmente correta, fazendo de bobos os países que propõem saídas honrosas como o processamento no exterior do urânio, o minério que move usinas ou produz bombas, dependendo do grau de manipulação (veja o quadro). Na semana passada, em clima de exaltação nacional, o Irã anunciou que começou a enriquecer urânio a 20% no complexo nuclear de Natanz. "O Irã já é uma potência nuclear", jactou-se o presidente Mahmoud Ahmadinejad diante das habituais massas de manobra. "Podemos enriquecer o urânio a 20% ou 80%, mas não chegamos a isso porque não precisamos."
Fora o tom de blefe que permeia os discursos de Ahmadinejad e a confusão de porcentagens – entre o enriquecimento a 20% e o processo a 90%, necessário para a bomba, existe um intervalo tecnológico de dois a três anos –, a chantagem fica mais do que explícita. É como se dissesse: se quisermos, poderemos fazer. E como querem. Em setembro do ano passado, fotos de satélite revelaram que o Irã construiu secretamente uma central nuclear subterrânea que poderia comportar 3 000 centrífugas para enriquecer urânio. O complexo, perto da cidade de Qom, segue o mesmo padrão de Natanz, onde as máquinas estão a 23 metros de profundidade, cobertas por um escudo de concreto. É um formigueiro atômico, no meio das montanhas, feito para resistir a ataques aéreos como os que, segundo as previsões mais sombrias, Israel inevitavelmente des-fechará. Existem bombas que alcançam os bunkers mais protegidos, mas o processo demanda bombardeios prolongados – e, mais complicado ainda, os aviões só atingiriam o Irã através do espaço aéreo de Líbano, Síria, Iraque, Arábia Saudita ou Turquia; em suma, uma infindável encrenca. O Irã afirma que vai produzir entre 3 e 5 quilos de urânio por mês para fins de pesquisa médica e geração de eletricidade. "Não há uso civil para tudo isso. O país tem apenas um reator funcionando adequadamente, o de Bushehr, que consome 10 quilos de urânio russo ao longo de um ano inteiro", disse a VEJA a especialista americana Jacqueline Shire, analista do Instituto para a Ciência e a Segurança Internacional, em Washington.
A possibilidade de que novas sanções funcionem é pouca, mas, diante da falta de opções, Estados Unidos e Europa prepararam um novo programa punitivo no âmbito do Conselho de Segurança da ONU. A Rússia insinuou que apoiaria. A China, não. O Brasil, atual integrante do Conselho como membro rotatório, deve seguir, vergonhosamente, os chineses. A diplomacia lulista tem se desdobrado em manifestações de apoio ao regime iraniano, movida pelos equívocos de sempre – antiamericanismo, discurso nacionalista (distorcido, claro, pois contraria os interesses fundamentais do Brasil) e uma relação carnal que ultrapassa amplamente o necessário para manter laços diplomáticos corretos com um país complicado. Um leão para defender, em vão, as mais terríveis punições à Honduras do interregno pós-zelaysta (encerrado pelo voto), o chanceler Celso Amorim virou um gatinho persa ante a proposta de sanções internacionalmente aceitas contra o Irã da bomba atômica clandestina. "Há sempre pedidos de medidas mais e mais severas", admoestou. "Não vemos realmente que seja o caso." E qual seria a opção? "Não adianta nada fazer uma proposta e ficar parado esperando que o outro lado faça exatamente aquilo que foi proposto." Ou seja, a culpa é de quem propõe saídas para o caso iraniano. Se paira alguma dúvida sobre os "culpados", esclareça-se: o presidente Barack Obama, que nobremente ofereceu a mão estendida ao Irã (e levou um tapa na cara), e os principais países europeus, que articularam a proposta do enriquecimento do urânio iraniano na França e na Rússia, como garantia de seu uso pacífico. Como o Irã quer é fazer a bomba, a oferta foi empurrada com a barriga, com o apoio explícito do chanceler Amorim. "Uma coisa é pagar mico em Honduras, que não traz grandes consequências", diz o embaixador Rubens Barbosa. "Outra coisa é, no caso do Irã, dar vexame perante o mundo." Em retribuição à gentil visita de Ahmadinejad no ano passado, o presidente Lula tem viagem marcada para Teerã em maio. Será uma apoteose. E depois, vem o quê? O apocalipse?

NA MESMA SINTONIA
Celso Amorim com Ahmadinejad em Teerã e ato de exaltação ao regime: um quer a bomba,
o outro quer ser amigo
Duda Teixeira
Revista Veja, edição 2152 - 17 de fevereiro de 2010
Passo a passo, o Irã caminha para onde sempre quis chegar: a fabricação da bomba atômica. Já avançou no material necessário, o enriquecimento de urânio a 20% em suas centrífugas. E pode fazer mais do que isso, jactou-se Ahmadinejads

BOMBA, BOMBA, BOMBA
Ahmadinejad aponta o caminho acelerado do desastre: "Somos uma potência nuclear"
Mentir, mentir sempre. E, nos arroubos de entusiasmo, abandonar momentaneamente o fingimento e deixar entrever as verdadeiras intenções. Assim tem se comportado o regime iraniano em relação ao programa nuclear que, ostensivamente, é para a produção de energia, mas em todos os aspectos práticos caminha para a fabricação de uma bomba atômica. As consequências para o mundo inteiro têm um potencial calamitoso. Israel, que por motivos óbvios considera a bomba iraniana uma ameaça vital, pode desfechar um ataque preventivo, de alcance arrepiante para o mundo todo, em especial nessa fase de sensibilíssima economia pós-crise. Ou o Irã continua fazendo mais do mesmo: enfrenta novas sanções, desafia os organismos internacionais e alcança, por fim, a bomba, o que lhe garante uma espécie de tenebrosa imunidade. Até lá, o regime dos aiatolás continuará fingindo que negocia, aceitando inspeção parcial da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e, na sua visão, talvez cruelmente correta, fazendo de bobos os países que propõem saídas honrosas como o processamento no exterior do urânio, o minério que move usinas ou produz bombas, dependendo do grau de manipulação (veja o quadro). Na semana passada, em clima de exaltação nacional, o Irã anunciou que começou a enriquecer urânio a 20% no complexo nuclear de Natanz. "O Irã já é uma potência nuclear", jactou-se o presidente Mahmoud Ahmadinejad diante das habituais massas de manobra. "Podemos enriquecer o urânio a 20% ou 80%, mas não chegamos a isso porque não precisamos."
Fora o tom de blefe que permeia os discursos de Ahmadinejad e a confusão de porcentagens – entre o enriquecimento a 20% e o processo a 90%, necessário para a bomba, existe um intervalo tecnológico de dois a três anos –, a chantagem fica mais do que explícita. É como se dissesse: se quisermos, poderemos fazer. E como querem. Em setembro do ano passado, fotos de satélite revelaram que o Irã construiu secretamente uma central nuclear subterrânea que poderia comportar 3 000 centrífugas para enriquecer urânio. O complexo, perto da cidade de Qom, segue o mesmo padrão de Natanz, onde as máquinas estão a 23 metros de profundidade, cobertas por um escudo de concreto. É um formigueiro atômico, no meio das montanhas, feito para resistir a ataques aéreos como os que, segundo as previsões mais sombrias, Israel inevitavelmente des-fechará. Existem bombas que alcançam os bunkers mais protegidos, mas o processo demanda bombardeios prolongados – e, mais complicado ainda, os aviões só atingiriam o Irã através do espaço aéreo de Líbano, Síria, Iraque, Arábia Saudita ou Turquia; em suma, uma infindável encrenca. O Irã afirma que vai produzir entre 3 e 5 quilos de urânio por mês para fins de pesquisa médica e geração de eletricidade. "Não há uso civil para tudo isso. O país tem apenas um reator funcionando adequadamente, o de Bushehr, que consome 10 quilos de urânio russo ao longo de um ano inteiro", disse a VEJA a especialista americana Jacqueline Shire, analista do Instituto para a Ciência e a Segurança Internacional, em Washington.
A possibilidade de que novas sanções funcionem é pouca, mas, diante da falta de opções, Estados Unidos e Europa prepararam um novo programa punitivo no âmbito do Conselho de Segurança da ONU. A Rússia insinuou que apoiaria. A China, não. O Brasil, atual integrante do Conselho como membro rotatório, deve seguir, vergonhosamente, os chineses. A diplomacia lulista tem se desdobrado em manifestações de apoio ao regime iraniano, movida pelos equívocos de sempre – antiamericanismo, discurso nacionalista (distorcido, claro, pois contraria os interesses fundamentais do Brasil) e uma relação carnal que ultrapassa amplamente o necessário para manter laços diplomáticos corretos com um país complicado. Um leão para defender, em vão, as mais terríveis punições à Honduras do interregno pós-zelaysta (encerrado pelo voto), o chanceler Celso Amorim virou um gatinho persa ante a proposta de sanções internacionalmente aceitas contra o Irã da bomba atômica clandestina. "Há sempre pedidos de medidas mais e mais severas", admoestou. "Não vemos realmente que seja o caso." E qual seria a opção? "Não adianta nada fazer uma proposta e ficar parado esperando que o outro lado faça exatamente aquilo que foi proposto." Ou seja, a culpa é de quem propõe saídas para o caso iraniano. Se paira alguma dúvida sobre os "culpados", esclareça-se: o presidente Barack Obama, que nobremente ofereceu a mão estendida ao Irã (e levou um tapa na cara), e os principais países europeus, que articularam a proposta do enriquecimento do urânio iraniano na França e na Rússia, como garantia de seu uso pacífico. Como o Irã quer é fazer a bomba, a oferta foi empurrada com a barriga, com o apoio explícito do chanceler Amorim. "Uma coisa é pagar mico em Honduras, que não traz grandes consequências", diz o embaixador Rubens Barbosa. "Outra coisa é, no caso do Irã, dar vexame perante o mundo." Em retribuição à gentil visita de Ahmadinejad no ano passado, o presidente Lula tem viagem marcada para Teerã em maio. Será uma apoteose. E depois, vem o quê? O apocalipse?

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o outro quer ser amigo
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