sábado, 5 de junho de 2010

Congresso Internacional da Brazilian Studies Association

Deverá realizar-se proximamente em Brasília o Décimo Congresso Internacional da Brazilian Studies Association.
O congresso da BRASA será realizado no Centro de Convenções e Eventos “Brasil 21”, localizado no Setor Hoteleiro Sul, entre 22 e 24 de julho.

A BRASA constitui um grupo internacional e interdisciplinar de estudiosos que apóiam e promovem estudos brasileiros em todos os campos, em especial nas humanidades e nas ciências sociais. A BRASA se dedica à pesquisa de temas brasileiros em todo o mundo, particularmente nos Estados Unidos, onde a associação tem sua sede na Vanderbilt University. Em 2007, a BRASA firmou uma parceria com o CEPPAC-UnB para organizar seu décimo congresso bienal.

A escolha de Brasília, como sede do evento, está diretamente vinculada ao cinquentenário da capital em 2010. O congresso, que vai trazer aproximadamente 250 “brasilianistas” diretamente dos Estados Unidos, será um dos maiores eventos acadêmicos internacionais já realizados nos 50 anos de história do Distrito Federal. São esperados cerca de 1000 acadêmicos brasileiros e estrangeiros, divididos em aproximadamente 150 painéis de discussão. A cerimônia de abertura será realizada no Museu Nacional no dia 22 de julho, e o encerramento no Memorial JK no dia 24 de julho.

As inscrições já estão abertas pelo site da Finatec, e há descontos de 20% para inscrições feitas até 15 de junho. Para mais informações sobre a BRASA e o evento, por favor visite o site www.brasa.org.
A programação completa do evento já se encontra no site.

Itamaraty abre novas embaixadas nos quatro pontos cardeais

Diplomacia
A cruzada do Itamaraty
Luís Guilherme Barrucho
Revista Veja, edição 2168 - 9 de junho de 2010

Em busca de apoio às suas ambições internacionais, Lula já abriu 68 novas embaixadas e consulados
Resort onde funciona a embaixada brasileira em Basseterre: sete novos escritórios no Caribe

O Arquipélago de São Cristóvão e Névis, no Caribe, é um paraíso para poucos. Tem praias de águas translúcidas, relevo desenhado pela atividade vulcânica e uma população que não ultrapassa 55 000 habitantes. Vive do turismo, atraindo europeus e americanos com seus resorts cinco-estrelas e campos de golfe à beira-mar. Ali foi constituída uma das mais recentes embaixadas brasileiras. Desde o ano passado, o país possui um embaixador em Basseterre, a capital do arquipélago. Sem escritório definitivo, o diplomata despacha de sua suíte do Marriott, na Frigate Bay (foto acima). Essa é uma das 68 representações diplomáticas, entre embaixadas e consulados, que foram abertas desde 2003. Sob Lula e sua pretensão de ampliar a participação brasileira na diplomacia internacional, o Ministério das Relações Exteriores, o Itamaraty, tornou-se uma das pastas mais valorizadas no Planalto. Não se pouparam recursos na contratação de diplomatas, na melhoria de seus salários e também na abertura de representações. O Brasil possui atualmente embaixadas em 133 nações.

A maior parte dessas novas representações foi aberta em países pequenos e pouco relevantes no cenário político e econômico mundial, quase todos ex-comunistas, nações africanas paupérrimas ou ilhotas caribenhas. São lugares como Albânia e Coreia do Norte, esta uma das nações mais fechadas do planeta; os africanos Benin e Togo; ou Dominica, Bahamas e Santa Lúcia, no Caribe. Por trás dessa multiplicação global dos "itamaratecas" (como são apelidados os alunos formados pelo Instituto Rio Branco, a escola pública de diplomatas) há um misto de ideologia e ambição do governo brasileiro. Pela cartilha da diplomacia, a instalação de representações no exterior se justifica pelos interesses econômicos em jogo, pelo papel geopolítico ou pela presença de uma grande comunidade de imigrantes. Nada disso parece fundamentar as decisões recentes do governo. Explica o especialista em relações internacionais Rubens Barbosa, ex-embaixador em Washington: "Esse aumento do número de embaixadas se deve às prioridades da atual política externa. Uma delas é o incentivo ao relacionamento com os emergentes, em detrimento dos desenvolvidos. Outra é a vontade do país de possuir um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas".

Quem conduziu as reformulações na diplomacia brasileira foi o diplomata Samuel Pinheiro Guimarães, secretário-geral do Itamaraty até 2009 e agora chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos (aquela antes ocupada por Roberto Mangabeira Unger). Guimarães é um dos principais mentores da política externa petista, ao lado do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e do assessor especial da Presidência Marco Aurélio Garcia. A ideia do trio foi transformar o Brasil num porta-voz dos fracos e oprimidos do planeta – oferecendo um contrapeso às nações mais ricas – e, ao mesmo tempo, estreitar as transações comerciais com nações emergentes. A obsessão, manifestada desde o início do governo Lula, é conquistar uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU, hoje um privilégio de Estados Unidos, Inglaterra, França, Rússia e China. Pelos cálculos do Itamaraty, a ampliação do número de embaixadas traria mais votos favoráveis ao Brasil. Até agora, a iniciativa foi em vão.

Do ponto de vista econômico, a estratégia também colheu poucos frutos. As trocas entre o país e nações africanas e caribenhas respondem por menos de 10% da balança comercial brasileira. As vendas do Brasil para São Cristóvão e Névis foram de apenas 1 milhão de dólares no ano passado, uma insignificância ante os 153 bilhões de dólares do total das exportações. "Há uma desproporção evidente entre as prioridades da política externa brasileira. A eficácia da diplomacia não se avalia pelo número de embaixadas abertas. Quando a seleção não é feita de maneira criteriosa, o país acaba por desperdiçar recursos financeiros e humanos", afirma o diplomata aposentado José Botafogo Gonçalves. Além disso, todo esse investimento não se traduz necessariamente em apoio político. Diz o ex-secretário-geral do Itamaraty Luiz Felipe Lampreia: "Uma representação diplomática cria muitas expectativas nesses países, como ajuda financeira. Nem sempre o Brasil tem condições de prestar essa generosidade".

Desde o século XIX, o Itamaraty tem sido sinônimo de competência e profissionalismo. O concurso de ingresso à carreira diplomática é disputadíssimo e exige uma formação de elite, abrangendo conhecimentos que vão de música clássica a história de civilizações antigas e assuntos da geopolítica contemporânea. Resta torcer para que os interesses de um partido e a proliferação de embaixadas, do Azerbaijão à Zâmbia, não maculem essa tradição.

Brasil precisa de instituicoes solidas - Daron Acemoglu

O economista do MIT está certo no atacado, mas ele é muito otimista quanto à situação no Brasil. Claro, dando entrevista para uma revista brasileira, ele não quis ser rude, talvez, mas provavelmente não conhece a má qualidade das nossas instituições democráticas. Elas existem, não vão ser destruídas, mas são de péssima qualidade, no sentido em que se prestam a ser manipuladas por grupos no poder, ou funcionam mal, seja porque são tomadas de assalto por mandarins corporativos, seja porque os cidadãos em geral não possuem cultura cívica e não existe o que se chama de accountability, ou seja, responsabilização e cobrança de resultados.
Paulo Roberto de Almeida

Entrevista: Daron Acemoglu
É a destruição criativa
André Petry, de Boston
Revista Veja, edição 2168 - 9 de junho de 2010

Otimista, o economista do MIT diz que o Brasil encontrou seu caminho institucional, mas adverte que o futuro só será melhor sem os dinossauros e com a economia aberta

"Sem instituições saudáveis, um país simplesmente não consegue reunir a melhor tecnologia nem a melhor educação"

O economista Daron Acemoglu tem 42 anos, mas um currículo de quem já viveu o dobro. Nascido em Istambul, na Turquia, e educado na Inglaterra, ele começou a dar aulas no prestigiado Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) aos 25 anos. Ganhou doze prêmios, publicou dois livros e está escrevendo mais dois em parceria com colegas – um sobre princípios da economia, outro sobre o que leva as nações a fracassar, já com editora no Brasil. Seu mote central é que os países crescem, ou deixam de crescer, em razão de suas instituições políticas e econômicas. A boa notícia é que, segundo ele, o Brasil encontrou seu caminho institucional. Quanto mais destruição criativa, processo tão próprio de um capitalismo dinâmico, melhor. A seguir, a entrevista.

Se um país pudesse optar por ter a melhor tecnologia, a melhor educação ou as melhores instituições, o que o senhor recomendaria?
As melhores instituições. A tecnologia e a educação são fundamentais para o crescimento econômico, mas, sem instituições saudáveis, um país não consegue reunir a melhor tecnologia nem a melhor educação.

O que são instituições saudáveis?
Grosso modo, são instituições políticas e econômicas. As econômicas precisam garantir o direito de propriedade e uma ordem legal que permita que as pessoas comprem, vendam, contratem etc. O empresário tem de saber que pode contratar alguém sem o risco de ser roubado pelo empregado, e o empregado precisa saber que pode ser contratado com a segurança de que receberá seu salário e não será escravizado. Sem essas instituições, não há mercado. As instituições políticas, em certa medida, confundem-se com as econômicas porque também precisam garantir uma ordem legal homogênea, em que a lei seja aplicada a todos. O importante não são leis duras, mas leis que valham para todos. Há países com punições duríssimas contra roubo, como cortar a mão fora, mas a lei não vale para a elite dirigente, que pode esbaldar-se roubando quanto quiser sem perder mão nenhuma. Num sentido mais específico, instituições políticas saudáveis garantem a partilha do poder político. É o sistema em que o dirigente que não está agradando à sociedade é substituído por outro sem ruptura.

Isso não é democracia?
É parecido, mas não é democracia. As instituições saudáveis, que meu colega James Robinson e eu chamamos de "instituições inclusivas", porque incluem todas as pessoas, não surgiram na democracia. Elas foram um grande passo para a democracia, mas vieram à luz na Inglaterra da Revolução Gloriosa, em 1688. O rei não era eleito. O voto não era universal. Só 2% dos ingleses votavam, quase todos os membros do Parlamento eram riquíssimos. Foi nesse ambiente não democrático que começaram a surgir instituições inclusivas. A mudança-chave ocorreu quando o Parlamento passou a controlar o poder do rei, atribuindo-se a prerrogativa de tributar, declarar guerra, definir gastos militares. Com isso, mais a aprovação de uma carta de direitos, a Inglaterra começou a criar um sistema de controle e vigilância do poder e do Parlamento.

Mais de 300 anos depois da Revolução Gloriosa, a democracia não virou condição para criar boas instituições?
A democracia não é necessária, nem suficiente. Veja o caso da Venezuela e da Argentina. Hugo Chávez assumiu em 1999, Néstor Kirchner em 2003. Ambos chegaram ao poder democraticamente, nenhum virou presidente com fraude eleitoral. Chávez, para ficar no caso mais agudo, não é um ditador maluco. É um megalomaníaco. Mas eu entendo de onde ele veio. A Venezuela, país profundamente desigual, tinha uma larga fatia da sociedade sem direitos políticos ou econômicos. Chávez chegou querendo dar voz a esse vasto segmento social. Mas, assim que assumiu, o que fez? Começou a centralizar o poder e a violar os direitos de propriedade, criando um clima de insegurança. Na Argentina, Kirchner, o marido, não fez igual, mas fez parecido. Trouxe de volta a retórica populista e tomou medidas arbitrárias na economia. A democracia não controlou Chávez nem Kirchner. Não é o que acontece no Brasil.

O que acontece no Brasil?
O caráter ou a personalidade do dirigente não estão em jogo. Não estou dizendo que Kirchner é mau e Lula é bom, nem estou dizendo o contrário. A questão é institucional. As instituições informam o presidente de que ele não pode governar como bem entender. Há pesos e contrapesos. O próximo presidente do Brasil, seja quem for, vai governar num ambiente já inteiramente diferente do da Venezuela. O Brasil está encontrando seu caminho, e essa moldura institucional é a melhor garantia de que o país poderá seguir avançando.

Existe uma receita básica para criar e manter boas instituições?
Entendemos melhor o que dificulta o florescimento das instituições do que o mecanismo que as faz nascer. Mas é um processo sem fórmula mágica. A democracia brasileira hoje é mais sólida do que era 25 anos atrás, quando acabou a ditadura. Fortaleceu-se no processo. Acho que o surgimento das instituições conta com um elemento de sorte. Na Inglaterra do século XVII, houve uma confluência de fatores que favoreceram o nascimento de instituições inclusivas. Nessa época, a França não tinha as mesmas condições. A Alemanha não as teve nem 100 anos depois. Existe um componente de sorte.

O Brasil e os EUA tiveram um começo parecido. Eram ambos colônias europeias, de economia agrícola e escravocrata, com extensão continental. O salto à frente dos EUA também foi um golpe de sorte?
A sorte teve um papel, mas foi mais que isso. Nos EUA, a escravidão ficou mais restrita ao sul. No norte, havia pequenos fazendeiros, pequenos empresários, uma economia mais independente da escravidão. No Mississippi, o algodão era o rei do pedaço, mas no norte, em Massachusetts ou Nova York, o papel econômico do algodão era quase nenhum. No Brasil, a economia escravocrata teve dimensão mais nacional, uma influência estrutural. Nos EUA, como o norte não foi tão contaminado, houve condições de empurrar o país para a frente, com a adoção das tecnologias que chegavam da Inglaterra no século XIX. O norte só cumpriu esse papel porque quase a metade da sua economia era aberta, não era monopolizada por políticos, nem por meia dúzia de famílias, nem por empresas protegidas da concorrência por todo tipo de barreira. Os EUA já eram excepcionalmente bons em abrir espaço para gente nova, como Eli Whitney e Thomas Edison, que tinham origem modesta e apostaram num negócio. É incrível que, já naquela época, gente assim pudesse abrir uma empresa e explorar nova tecnologia. Esse foi o elemento decisivo para a ascensão meteórica dos Estados Unidos.

Como os EUA conseguiram superar as desigualdades entre o norte e o sul?
Com duas instituições nacionais: a polícia e a imprensa. A polícia nacional, ou o exército, serve para pôr as coisas em ordem. Nos EUA, o poder de polícia foi amplamente usado no sul para proteger os negros que lutavam contra a opressão racial e combater o monopólio do poder político. Sem o exército, talvez o sul chegasse aonde está hoje, mas o ritmo avassalador das reformas deveu-se à intervenção federal. O outro polo é a imprensa. Havia um movimento pelos direitos civis, parte no sul e parte no norte, mas o movimento no norte era muito mais vibrante. Até 1900, o norte pouco sabia do sul, mas, quando a mídia começou a se fortalecer, informando a todos o que se passava, o movimento dos direitos civis tornou-se muito mais poderoso. A imprensa, em qualquer democracia funcional, é central. Por isso, é tão atacada. Quem vai impedir o governante de exercer o poder de modo arbitrário, beneficiar seu primo ou cunhado, e silenciar o rival em potencial? A única força capaz de fazer isso é a sociedade, que só saberá do que se passa pela imprensa.

No Brasil, os políticos de estados menos desenvolvidos são os donos do jornal, da rádio ou da TV local, que não têm nenhum interesse em minar seu próprio poder.
Isso é um problema sério, mas não é incomum. No caso americano, os sulistas não liam o The New York Times. Liam os jornais locais, que estavam no bolso da elite local que controlava o Partido Democrata, a polícia e a Ku Klux Klan. Essa desigualdade entre regiões acontece mesmo. É comum uma região ficar para trás em termos de instituições econômicas, respeito aos direitos humanos, aplicação homogênea da lei, combate à corrupção. Em todos os países de certa extensão territorial – excluo lugares minúsculos como Singapura, Hong Kong – houve, em algum momento, uma situação de desigualdade interna. Mas, nos casos mais bem-sucedidos, a imprensa quase sempre foi um dado fundamental. A televisão, por ter dimensão nacional, poderia fazer um trabalho excepcional nesse campo, mas nunca o faz. Talvez a TV seja um veículo mais próprio para entreter do que para noticiar e informar. Sempre que um regime é ameaçado por uma revelação incômoda, pode apostar: a revelação sempre sai num jornal ou numa revista.

O senhor vê o futuro com otimismo?
Sou otimista. Acredito que mais países conseguirão construir instituições inclusivas e abraçarão o crescimento econômico. Só não sou tão otimista quanto ao meio ambiente. Em algum momento, dentro dos próximos quinze anos, China, Rússia, França, Alemanha, EUA, Inglaterra, Brasil e Índia terão de fazer algum sacrifício em nome do meio ambiente. Não sei o que acontecerá se algum desses países simplesmente se negar a qualquer sacrifício. Hoje, não estamos preocupados com isso, mas acho que deveríamos estar.

Com a crise financeira mundial, o capitalismo de estado chegou para ficar?
É cedo para dizer. Nos EUA, o estado terá maior interferência no setor financeiro, mas não acredito que vá além disso. O governo americano salvou a GM e a Chrysler, é verdade, mas isso não é tão raro assim. Há muitas indústrias que nem teriam existido sem o governo. Nem a internet existiria. A questão central é se os governos estarão envolvidos na economia como coadjuvantes ou protagonistas.

Qual a sua aposta para o futuro do Brasil?
Acredito que, dentro de cinquenta anos, não teremos grandes mudanças no mundo. Não veremos países como França ou Inglaterra ficar subitamente pobres, por exemplo, mas tudo sugere que Brasil, Índia e China estarão no primeiro pelotão. Serão nações poderosas pelo seu impacto econômico e terão atingido níveis de renda próximos aos dos países mais pobres da União Europeia de hoje, como Portugal.

O que pode impedir que isso aconteça?
A economia se fechar. A globalização não é perfeita, ela produz desigualdade, mas eliminou enormes bolsões de pobreza. A China jamais estaria tendo desempenho miraculoso com uma economia fechada, apostando só no mercado doméstico. O mesmo vale para o Brasil. Crescimento econômico nunca é fácil, há muitos obstáculos para remover. A China terá de se livrar de todas aquelas estatais e das barreiras comerciais, terá de abrir seu sistema político. Vai acontecer? É fundamental um processo contínuo de destruição criativa, gente nova chegando com novas ideias, novos produtos, nova energia, deslocando quem já está dentro. O Brasil dos anos 60 ou 70 tinha grandes empresas cujas conexões políticas as protegiam de disputas com a concorrência. O Brasil estagnou. Hoje, a economia não é rósea, mas é mais competitiva, mais dinâmica. Continuará? Ou os dinossauros vão parar tudo outra vez? Essa é a questão-chave.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

O samba do diplomata doido: eles estao chegando...

Bem, como acontece com qualquer mortal ligado na internet, hoje em dia, recebi mais uma dessas mensagens apocalípticas. Sempre chegam, por mais que você se esconda.
Essa aqui acho que apresenta um interesse especial para os candidatos à diplomacia, pois ela trata da "Nova Ordem Mundial", não aquela velha, dos anos 1970, que demandava uma nova relação de forças no plano multilateral, uma nova geografia comercial, essas coisas velhas...
Não, essa aqui é muito mais séria, muito mais importante, muito mais diplomática, pois trata até da "agenda oculta da ONU" (que aposto que vocês não conhecem, e confesso que eu tampouco; claro, ela é oculta e secreta...). Enfim, um ensaio perfeito sobre a paranóia e um convite a voltar para a verdadeira religião.
Só ficou faltando dizer quem são "eles". Estou curioso. Quem tiver sugestões sobre a identidade desses sacripantas, favor escrever para este blog. Não prometo recompensa, pois o mundo pode acabar antes...
Não estou enganando ninguém, por isso transcrevo esta mensagem que todo candidato à carreira diplomática deveria ler, meditar e se preparar para o que der e vier...
Paulo Roberto de Almeida

NÃO SEJA ENGANADO!

Muito em breve, logo mesmo, os dirigentes do mundo juntamente com a ajuda da O.N.U. e de algumas sociedades discretas, vão estabelecer a Nova Ordem Mundial. Eles querem e vão conseguir, eles terão sucesso; não tenha dúvida disso, acredite ou não isso vai acontecer! Por favor, entenda bem, isso não é uma teoria da conspiração, é um fato! Países como os E.U.A., Inglaterra, França, Alemanha, Brasil, etc perderão a soberania nacional e entregarão todo o poder na mão de um só governo mundial. As igrejas cristãs não mais existirão (o papa vai existir, porém, a igreja católica não). Essa governança mundial estabelecerá uma única religião para o planeta.

A Nova Ordem Mundial já estava predita há muito, pelo menos desde 1776, na nota de um dólar americano existe uma menção a ela “Novus Ordo Seclorum” do latim Nova Ordem mundial. Essa inscrição faz parte de um conjunto de emblemas de uma sociedade discreta que estão gravados nessa nota. O ex-presidente dos EUA George Bush disse que eles vão implantar a Nova Ordem Mundial e eles terão sucesso. Após a crise mundial de 2008/2009 os países mais influentes do mundo conhecidos como G20 se reuniram para tentar salvar o mundo de um iminente colapso financeiro e a conclusão foi que o mundo precisa de um único sistema financeiro mundial. A China pediu uma nova ordem mundial, a França também pediu e pasmem, até o presidente do Brasil, Lula, no tradicional discurso de abertura da ONU em setembro de 2009 pediu a instalação de uma nova ordem mundial.

A O.N.U. é a organização que existe para implantar a Nova Ordem Mundial. Ela envia aos países filados a sua agenda com os eventos, política e leis e esses países simplesmente implantam em seus ordenamentos jurídicos adaptados a realidade de cada um. No Brasil, no início de 2010 entrou em vigor o Codex Alimentarius, no começo ninguém vai sentir diferença alguma mas, logo não existirá mais alimento saudável nas gôndolas dos supermercados. Em dezembro de 2009 o governo Federal, Ministério da Saúde lançou o sistema conhecido como Hórus (O deus egípsio que tem somente um olho, o olho que tudo vê, o olho do iníquo). Trata-se de um sistema de controle e distribuição de medicamentos para os usuários do SUS no qual é possível saber qual remédio foi receitado ao paciente, se ele tomou a medicação ou não, controle financeiro para evitar corrupção, etc. O sistema foi implantado a princípio somente em 16 municípios mas, logo será instalado em todo o território nacional. No final de 2009 o presidente Lula assinou um decreto sobre os direitos humanos, o PNDH (PROGRAMA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS 3) decreto nº 7.037 de 21 de Dezembro de 2009. Transcrevemos aqui o item “d” do Objetivo estratégico V: “d) Reconhecer e incluir nos sistemas de informação do serviço público todas as configurações familiares constituídas por lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT), com base na desconstrução da heteronormatividade” pag. 99. Esse decreto traz ainda normatizações para diversas áreas como propriedade particular, religião, imprensa, etc. Essas normas servem para preparar os países para a implantação da Nova Ordem Mundial.

Temas como: Globalização, aquecimento global, direitos humanos, ecumenismo (união das igrejas), carta da mãe terra, big brother, codex alimentarius, engenharia genética, alimentos transgênicos, desenvolvimento sustentável, dentre outros, são os favoritos que eles usam para difundir seus intentos. Na copa de 2010 na áfrica do Sul eles usarão uma bola chamada “jabulani”, da marca adidas para influenciar as pessoas a aceitarem o novo governo mundial. Esse nome da bola não é por acaso, seu radical jubulon é o nome de um deus pagão, obviamente eles vão dar um outro significado a esse nome. Será associado a um clima de paz e harmonia entre os povos. Ultimamente eles vêm alarmando o mundo dizendo que o planeta será destruído em 2012. Grande farsa, mentira. Quando chegar esse ano muitos estarão esperando o fim do mundo e então, eles poderão apresentar a salvação do mundo: A instalação da Nova Ordem Mundial (A imagem da besta de Apoc. 13) um governo de paz, segurança e união entre os povos. Não haverá mais guerra entre as nações pois só haverá um exército no mundo todo.

Quando estabelecerem essa nova governança mundial eles vão implantar um chip nas pessoas para que ninguém possa comprar, vender nem receber salário, senão aquele que tiver o chip. Com isso, eles vão supostamente “resolver” o problema da violência, corrupção e outros crimes, pois, não haverá mais dinheiro em circulação, o dinheiro em espécie não existirá mais. Não haverá dinheiro para o ladrão roubar. Eles vão apresentar somente as vantagens desse sistema. Mas por trás disso está o efetivo controle do sistema financeiro mundial.

Eles vão controlar tudo na vida das pessoas, esse novo governo mundial controlará a política, a economia, a religião, a alimentação desde a produção no campo até a venda para o consumidor final, e outras áreas da vida humana. Muito embora eles apresentem tudo isso como algo benéfico, uma coisa boa, algo vantajoso, não se iluda. É tudo para te enganar, o governo será tirano, ditatorial, absoluto, não admitirá opositores. Ele fará calar com a morte todo aquele que ousar se levantar contra seus ditames.

Bom, se você chegou até aqui é porque você não é um cidadão comum e está realmente interessado em saber mais, então, preste bem atenção, NÃO SEJA ENGANADO!

Eles vão criar várias leis para regular todos os aspectos da vida humana, inclusive um dia para o descanso semanal. Aqui vai uma dica: O verdadeiro dia de descanso, segundo a bíblia, é o sábado, Êxodo 20:8

Tudo isso que vai acontecer já estava predito na bíblia, leia Apocalipse 13, esse capítulo fala de dois poderes que existirão na terra e que a prepararão para o governo do iníquo, aquele que a vinda é segundo a eficácia do inimigo do Deus Todo-Poderoso.

O dragão irou-se contra a igreja de Jesus e foi fazer guerra contra os santos, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus. Apocalipse 12:17

Somente em Jesus seremos salvos, mesmo com a grande perseguição que se avizinha, podemos contar com a segurança do nosso Senhor, podemos sempre encontrar abrigo seguro sob Suas asas.

Para mais informações pesquise no google e no youtube sobre nova ordem mundial , codex alimentarius, agenda oculta da ONU e outros. Existem muitos artigos sobre esses assuntos, saiba analisar criteriosamente para ver se estão de acordo com a bíblia. Pesquise enquanto ainda é permitido, pois logo todo esse material será retirado da internet pela censura ditatorial desse sistema.

Deus o abençoe!

Venecuba: una sola nación

Não sou eu quem o digo, mas o próprio comandante.

Venezuela
Cubanos en Venezuela, ¿Ayuda o interferencia?
Ian James
Noticias24.com, May 31, 2010

Ya no sólo son médicos, enfermeras y maestros. Cuba ahora tiene oficiales militares en Venezuela para entrenar a sus tropas y expertos en informática para trabajar en su sistema de identificación y migración.

Hay quienes creen que esta relación es algo más que una simple alianza empeñada en combatir la influencia de Estados Unidos en la región y ven en cambio a un experimentado gobierno autoritario –el cual rutinariamente espía a los disidentes y mantiene estrictos controles sobre la información y los viajes — ayudando al presidente Hugo Chávez a consolidar su poder a través de controles al estilo cubano, a cambio de petróleo.

os cubanos están involucrados en la defensa y los sistemas de comunicaciones de Venezuela hasta tal punto que sabrían cómo interferir en una crisis, denunció Antonio Rivero, un ex general de brigada, que rompió con Chávez y puso sobre el tapete este tema, que ha acaparado la atención nacional.

“Han cruzado una línea”, dijo Rivero en una entrevista. “Han ido más allá de lo permitido y de lo que debería ser una alianza con un país”.

Funcionarios cubanos desestiman las acusaciones de una influencia desmedida, afirmando que su atención se centra en los programas sociales. Chávez recientemente regañó a una periodista venezolana en vivo por televisión por preguntar respecto a lo que los cubanos están haciendo en las fuerzas armadas.

“Cuba nos ayuda modestamente en algunas cosas que no te voy a detallar“, dijo Chavez. “Todo lo que Cuba hace por Venezuela es para fortalecer la patria, que es de ellos también”.

Pero el gobierno comunista de La Habana tiene un gran interés por asegurar el status quo, porque Venezuela se ha convertido en el principal benefactor económico de la isla, indicó Rivero.

Mientras Cuba lucha con problemas económicos, como la escasez de alimentos y otros productos básicos, el comercio anual con Venezuela de 7.000 millones de dólares resulta clave para su economía, en particular los más de 100.000 barriles de petróleo que el gobierno de Chávez envía cada día a cambio de servicios.

Rivero, que decidió poner fin prematuramente a su carrera militar en parte por esta situación y que ahora decidió competir por un escaño en los comicios legislativos de septiembre, dijo que los militares cubanos han asistido reuniones de alto nivel, entrenaron francotiradores, obtuvieron conocimiento detallado de las comunicaciones y aconsejaron a los militares en búnkeres subterráneos construidos para almacenar y ocultar armas.

“Saben qué armamentos tienen en Venezuela, con los cuales ellos pudieran contar en un momento determinado“, indicó Rivero.

Asesores cubanos también han estado ayudando con un sistema de comunicaciones digitales de radio para las fuerzas de seguridad, lo que significa que tiene información confidencial sobre la ubicación de las antenas y las frecuencias de radio, acotó.

Si Chávez perdiera las elecciones en el 2012, o fuese forzado a dejar el cargo –como ocurrió en el breve golpe de estado de 2002– es incluso posible que los cubanos “podrían formar parte hasta de una guerrilla”, comentó el general retirado. Ellos “saben dónde está nuestro armamento, dónde están las oficinas de comando y control, dónde están las áreas de comunicaciones vitales”.

Chávez ha reconocido que las tropas cubanas están enseñando a sus soldados cómo reparar radios en tanques y almacenar municiones, entre otras tareas.Nadie se quejaba hace años, agregó, cuando Venezuela contaba con el apoyo técnico de militares estadounidenses.

Cuba y Venezuela están tan unidos que son prácticamente “una sola nación”, dijo Chávez, quien a menudo visita a su mentor Fidel Castro en La Habana y, a veces vuela en un avión cubano.

Ambos países planean unir físicamente el año próximo con un cable submarino de telecomunicaciones.

Algunos venezolanos con ironía ya hablan de “Venecuba”. Cuando el gobierno se hizo cargo de la finca del ex embajador venezolano ante la ONU, Diego Arria, éste impugnó la incautación de su propiedad con la entrega de sus documentos en la embajada de Cuba, manifestando que los cubanos están a cargo y “son mucho más organizados que el régimen venezolano”.

“Cualquier país que se respete a sí mismo no puede colocar áreas tan delicadas del estado, como es la seguridad interna, en manos de funcionarios de un país extranjero“, dijo Teodoro Petkoff, un líder opositor que es editor del diario Tal Cual. “El presidente Chávez no confía mucho en su propia gente. Entonces quiere contar con el ‘know-how’ (conocimiento práctico) y la larguísima experiencia de un estado que tiene 50 años ejerciendo una dictadura brutal y totalitaria”.

Funcionarios del gobierno cubano, sin embargo, dicen que la mayor parte de su asistencia es para fortalecer los servicios públicos.

En el Centro Nacional de Genética Médica en Guarenas, al este de Caracas, los médicos cubanos y técnicos de laboratorio diagnostican y tratan enfermedades genéticas de personas con discapacidad.

“Lo que nosotros venimos a hacer es ciencia”, dijo el médico Reinaldo Menéndez, director cubano del centro, quien también emplea a médicos y especialistas venezolanos. “Nuestras armas… son el cerebro, la mente, el trabajo, la bata, el estetoscopio”.

“Somos internacionalistas por convicción”, agregó Menéndez, que pasaba ante fotos de Chávez y Fidel Castro en las paredes.

El viceministro cubano de Salud, Joaquín García Salavarria, coordina las misiones de los más de 30.000 médicos, enfermeras y otros especialistas de la isla. Se estima que alrededor del 95% de los aproximadamente 40.000 cubanos en Venezuela trabajan en las misiones de salud, educación, deportes y programas culturales, y que el resto están ayudando como asesores en áreas desde la agricultura hasta en el diseño del software de la compañía telefónica estatal, CANTV.

“¿Qué control vamos a ejercer nosotros en este país?”, dijo García.

Mientras hablaba, García leyó rápidamente unas estadísticas que, según dijo, reflejan la incidencia verdadera de la presencia cubana: Más de 408 millones de consultas en las clínicas de salud de los barrios desde 2003. Eso es un promedio de 14 consultas por cada uno de los más de 28 millones de habitantes de Venezuela.

Muchos venezolanos están muy agradecidos por la atención médica gratuita proporcionada por los cubanos, y que se nota en sus bulliciosas salas de espera.

Sin embargo, las encuestas han mostrado en repetidas ocasiones que una gran mayoría de los venezolanos no quieren que su país adopte un sistema como el de Cuba.

Chávez dice que no trata de copiar el sistema socialista de Cuba, pero ha adoptado algunas prácticas, como la creación de una milicia civil para defender su gobierno. Cuando fundó un cuerpo de Policía Nacional el año pasado, el mandatario se jactó de que “vamos a competir con la policía cubana, que es de las mejores del mundo”.

Una alta funcionaria de la policía cubana, Rosa Campoalegre, ha estado en Caracas colaborando en la creación de una nueva universidad para la policía y otros funcionarios de seguridad. Campoalegre declinó un pedido para ser entrevistada.

Expertos cubanos han estado trabajando en el sistema de registro y notaría pública. Cerca de 12 cubanos especialistas en informática de la Universidad de Ciencias Informáticas de La Habana han estado creando y afinando programas para ayudar al Servicio Administrativo de Identificación y Migración de Venezuela (Saime) a mejorar el control de pasaportes y digitalizar el sistema de documentos de identidad, dijo su director Dante Rivas.

“No hay nada que ocultar aquí”, expresó Rivas en una entrevista. “Ellos lo que hacen es elaborar los softwares, conjuntamente con nosotros, pero el manejo lo tenemos exclusivamente nosotros. Solo eso, no hacen más nada“.

Señaló que en Cuba el gobierno utiliza un sistema totalmente distinto.

En la isla el registro civil computarizado incluye todos los datos pertinentes sobre sus ciudadanos, tales como dirección, edad y características físicas. Todos los cubanos deben llevar una tarjeta de identidad, y los que quieren viajar fuera del país deben obtener un permiso especial.

Es especialmente preocupante que los cubanos estén envueltos en las áreas que “tienen que ver con control de información, información privada de personas”, dijo Rocío San Miguel, quien dirige la asociación civil Control Ciudadano para la Seguridad, la Defensa, y la Fuerza Armada Nacional.

Chávez, por su parte, sostiene que la asistencia de Cuba vale “10 veces más de lo que cuesta el petróleo que nosotros enviamos a Cuba“.

Agradeció efusivamente a Cuba por ayudar a Venezuela a modernizar su sistema eléctrico, una medida ridiculizada por los adversarios de Chávez debido a los problemas que tiene Cuba con los cortes de energía. El presidente venezolano también le acreditó a Cuba la aplicación de un sistema de siembra de nubes para ayudar a adelantar la temporada de lluvias a principios de año tras una severa sequía.

“¿Cuál cubanización?”, dijo el gobernante. “Aquí los cubanos nos están ayudando”.

Venezuela: governando secretamente

No Brasil do regime militar, existia, também, o expediente dos decretos secretos, cuja publicação se fazia simplesmente pelo número e pela data no Diário Oficial, valendo, pois, como lei, sem que a cidadania ficasse sabendo do que exatamente se tratava.
Chavez vai um pouco além, pois além de coisas que não se publicam, ele agora criou um órgão inteiro para esconder a informação.

CHÁVEZ CRIA MAIS UM ÓRGÃO PARA CONTROLAR A IMPRENSA!

(Clarín, 04) El presidente Hugo Chávez acaba de firmar el decreto para la creación de un nuevo organismo: el Centro de Estudio Situacional de la Nación. Según la gaceta oficial, el CESNA tendrá la facultad de declarar de carácter reservado cualquier información, sea tanto del Estado como de la comunidad, por lo que las críticas surgieron inmediatamente: con este organismo se viola el derecho a la información y tanto un caso de corrupción o un crimen podrían ser ocultados por orden estatal. El CESNA –según establece la directiva del Poder Ejecutivo– será un órgano desconcentrado del Ministerio de Relaciones Interiores y Justicia y su función central será declarar el carácter reservado, clasificado o de divulgación limitada de cualquier información, hecho o circunstancia . Su director será nombrado directamente por el titular del Poder Ejecutivo, es decir, Hugo Chávez.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Le Monde: triste fim de uma bela aventura editorial

O Le Monde, jornal que eu lia regularmente cada vez que morei na Europa, apreciado pela sua independência de opinião, está em crise, talvez terminal.
Ele está à venda, mas seu comprador terá de respeitar a linha editorial do jornal, como alertado pelo Conselho de Editores:
"As ofertas, quando concretizadas, serão analisadas pelo conselho editorial do Monde, mas a decisão final será tomada pelos funcionários, atuais majoritários da empresa."
Bem, se isso for verdade, e se mantiver, o jornal passará de uma grave crise financeira para uma crise fatal, talvez terminal.
Ele tem prestígio, e por isso alguns capitalistas benévolos se interessam pelo título, mas se seus novos proprietários não puderem fazer nenhuma mudança sem o acordo do que é de fato um sindicato de funcionários, então ele vai continuar em crise, pois a atual, aliás delongada, decorre precisamente do fato de que seus funcionários fazem o que eles querem, não o que a clientela, o público que compra e os anunciantes que financiam em grande parte qualquer jornal, desejam.
Sindicatos servem para isso: para causar desemprego e para afundar empresas, que de outro modo poderiam ser viáveis, desde que atendam ao que o mercado necessita e deseja. Se é para fazer o que seus "associados" desejam, melhor criar uma fundação cultural que viva de doações de interessados, da caridade pública (eventualmente de subsídios estatais, ou seja, o dinheiro do contribuinte, que pode ser o que os funcionários do Le Monde desejam).
Nesse caso, melhor desaparecer mesmo. Se os jornalistas são incapazes de sustentar um jornal que viva com suas próprias pernas, melhor mudar o caráter da sociedade e chamar por outro nome. Jornal só pode existir se atender a uma clientela livre...
Paulo Roberto de Almeida

Em crise, jornal 'Le Monde' é colocado à venda na França
Andrei Netto
O Estado de S.Paulo, 3 de junho de 2010

Investidores franceses e estrangeiros estão na briga para assumir o controle acionário do periódico

PARIS - O jornal francês Le Monde, um dos mais importantes do mundo, foi oficialmente posto à venda nesta quarta-feira, 2, em Paris. O anúncio foi feito em editorial de capa pelo diretor-executivo da publicação, Eric Fottorino, e confirma a perspectiva aberta em janeiro de 2008, quando começou o agravamento da crise do maior diário da França.

Os futuros proprietários, que deverão injetar entre € 80 milhões e € 100 milhões em troca do controle acionário, terão de assinar um termo de compromisso para garantir a total independência editorial do periódico de centro-esquerda.

A troca de mãos do Le Monde é desde já o maior movimento em curso no mercado editorial da Europa, e está mobilizando investidores da própria França, mas também da Itália, da Espanha e da Suíça.

As ofertas deverão ser concretizadas até 14 de junho pelo conjunto do grupo Le Monde, integrado também pelo site lemonde.fr (portal informativo mais frequentado do país), pelo jornal Le Monde Diplomatique, pelas revistas Courrier International, Télérama e La Vie e pela gráfica da companhia, além de seus imóveis.

A perspectiva é de que, até 30 de junho, o selecionado para liderar o processo de recapitalização do grupo seja conhecido.

A venda, nas palavras do diretor Fottorino, marcará "uma virada histórica para o Le Monde", um jornal fundado pelo legendário jornalista Hubert Beuve-Méry, em 1944, e controlado por seus funcionários desde 1951. "O Monde sofreu as consequências de tensões sobre sua tesouraria, que o conduziram no ano passado a contrair um empréstimo bancário de € 25 milhões, condicionado por nossos credores - o banco BNP em primeiro lugar - à implantação de uma recapitalização", informou executivo.

Ainda de acordo com Fottorino, a empresa precisará reembolsar entre 2012 e 2014 um total de € 69 milhões em empréstimos contraídos dos grupos Publicis, La Stampa e BNP Paribas. Apesar do quadro adverso, a direção do grupo reafirmou seu otimismo sobre o futuro, em especial depois que o jornal conseguiu reverter, em 2009, os crônicos deficits, fechando o ano com um saldo de € 2 milhões, "sinal de um dinamismo editorial e de um retorno à melhor gestão", segundo o editor.

Em 2009, o jornal já havia demitido 130 funcionários, dos quais 70 eram jornalistas, além de ter vendido títulos como a revista Cahiers du Cinéma, com o objetivo de reduzir o endividamento e enfrentar a queda das receitas publicitárias e das vendas. Como em grande parte do mundo desenvolvido, a circulação de jornais impressos na França vem em queda, mas o Le Monde se mantém na liderança entre os jornais generalistas do país, com 320 mil exemplares por dia - 40 mil destes circulados no exterior.

Apesar da crise, o futuro do diário parece assegurado. Se, de um lado, o grupo Lagardère, um dos maiores conglomerados da França e atual detentor de 17% das ações, informou que não participará da seleção, investidores de pelo menos quatro países já anunciaram a intenção de fazer parte da recapitalização.

Até o momento, a oferta mais concreta parece ser a de três investidores franceses: Pierre Bergé - ex-companheiro do estilista Yves Saint-Laurent e acionista do jornal Libération -, Matthieu Pigasse e Xavier Niel, os dois últimos empresários dos setores bancário e de comunicações.

Em nota oficial divulgada nesta quarta-feira, em Paris, Bergé, Pigasse e Niel confirmaram a disposição de investir entre € 80 bilhões e € 100 bilhões em um projeto de longo prazo que visará ao reequilíbrio do projeto industrial do grupo, sem interferir em seu conteúdo editorial, que seguiria a cargo da mesma equipe. "A independência é antes de mais nada editorial", diz a nota.

"Ela constitui o bem mais precioso para o futuro, um futuro que se inscreve na autonomia em relação a todos os poderes e no não alinhamento a nenhum campo, na defesa da qualidade da informação e das análises, e não à conformidade a uma ideologia", completa o texto.

Estrangeiros
Além dos investidores, outro grupo de imprensa francês, o Nouvel Observateur, editor da mais importante revista semanal do país, poderia participar da recapitalização do Le Monde, mas não além de € 60 milhões. Claude Periel, fundador do semanário, informou nesta quarta que pode vir a disputar o controle do jornal, desde que encontre parceiros que assumam entre 30% e 40% da oferta.

Fora da França, segundo informou Fottorino, o grupo Prisa, editor do jornal espanhol El País - já sócio minoritário do conglomerado francês, com 2% das ações -, e Ringier, que imprime o diário suíço Le Temps, estudam as condições de aquisição.

O grupo italiano Espresso/La Repubblica também estaria interessado. As ofertas, quando concretizadas, serão analisadas pelo conselho editorial do Monde, mas a decisão final será tomada pelos funcionários, atuais majoritários da empresa.

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