O mundo gira, a Lusitana roda, e o PT se desmente. Anos atrás, os companheiros pregavam o calote das dívidas (interna e externa), o rompimento com o FMI, a taxação dos movimentos de capitais (seguindo nisso os franceses da ATTAC) e outras medidas consideradas "progressistas", populares, anticapitalistas, ou seja lá o que for.
Agora, no G20, o Brasil recusa taxar banqueiro, e quem sabe até saiu em defesa dos banqueiros.
Como é que o governo dos companheiros e dos trabalhadores sai por aí defendendo os interesses de capitalistas da pior espécie, aqueles justamente mais comprometidos com a "financeirização" da economia (seja lá o que isso queira dizer)?
Como é que chegamos a esse ponto? Logo eles???!!!
O ministro brasileiro, nessa reunião do G20 de Toronto, nada disse sobre a taxação dos fluxos de capitais, mas, contrariamente a seus antigos companheiros (e o que ele mesmo dizia alguns anos atrás), ele agora deve ser contra.
" -- Taxar banqueiro? Só se passarem por cima do meu cadáver!"
Bem, não vamos exagerar, mas é algo do gênero. O governo mais "social" desde Cabral, está em ótimas relações com banqueiros e capitalistas em geral.
Mas, então, como vão fazer a tal de redistribuição de renda? Só em cima da classe média?
Vivendo e aprendendo...
Mas, se o ministro elogia as medidas tomadas pelos países desequilibrados -- Grécia, Espanha e Portugal -- ele podia adotar medidas semelhantes -- cortes de gastos, de salários, de pensões, eliminação de cargos públicos, privatizações, congelamento de salários e benefícios, aumento de impostos -- para evitar que o Brasil também fique desequilibrado (embora não seria por falta de impostos). Todos esses países estão fazendo reformas previdenciárias, já que estão com fortes déficits no setor. Parece que o Brasil só tem superávit nessa área...
Paulo Roberto de Almeida
Brasil contra taxa dos bancos
Correio Braziliense, 28/06/2010
Toronto, Canadá — Representando o Brasil nas reuniões do G-20, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que a consolidação da economia mundial não pode custar o esforço e a penalização dos países emergentes. “Os países exportadores não podem fazer os ajustes às nossas custas”, disse ele. “Não sou contra os ajustes, mas é desejável que os países emergentes não carreguem nas costas a retomada do crescimento (econômico)”, sugeriu.
Determinado a ampliar o espaço nas discussões econômicas mundiais, o Brasil assumiu opiniões divergentes das defendidas por Estados Unidos e União Europeia. Como os norte-americanos, o governo brasileiro prega que a crise econômica seja combatida com corte de gastos, desde que não se restrinjam as medidas de estímulo à retomada do crescimento. Ao contrário de Estados Unidos e Europa, no entanto, o Brasil não quer a taxação dos bancos e espera a reformulação do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Segundo o ministro, é possível consolidar o setor financeiro com corte de gastos públicos e a adoção de políticas de estímulo ao consumo. De acordo com Mantega, o Brasil é “bastante assertivo” nessa defesa e não aceita recuos. Mas na declaração final, o G-20 não se furtará a recomendar a taxação dos bancos, embora nenhum dos países do grupo seja obrigado a seguir. O Brasil integra a ala dos países contrários à medida.
Missão cumprida
Mantega disse que o Brasil e outros países emergentes cumpriram a lição de forma correta, garantindo ações internas que impediram a contaminação pela crise. O ministro reiterou que são os países emergentes que estimulam o crescimento mundial, exercendo o papel de “puxadores” da economia. “Os países avançados é que estão retardando o crescimento econômico”, afirmou.
E aproveitou para elogiar as últimas medidas adotadas pelos governos da Grécia, da Espanha e de Portugal para combater os efeitos da crise e impedir o agravamento da situação. Segundo ele, essa reunião do G-20 ocorre em um momento melhor do que há alguns meses. “A economia mundial está se recuperando, mesmo na União Europeia há recuperação”, analisou.
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
terça-feira, 29 de junho de 2010
A irrelevancia do G20 - Walter Russell Mead
Pointless G-20 Summit Unfolds In Toronto
Walter Russell Mead
The American Interest, June 25th, 2010
The first task for anybody these days who wants to follow world news in an intelligent way is to figure out what to ignore. All over the world, commissions are meeting, legislatures debating, leaders are making speeches, demonstrators are marching, sabers are rattling and so on. Nobody can follow it all or make sense of it all. So, from the standpoint of the generalist or the engaged citizen the question is how to achieve ‘intelligent ignorance’: how to figure out what you don’t need to follow so that you can focus like a laser on what really counts.
The approaching G-20 summit in Toronto is an excellent subject to ignore — a classic pseudo-event that will be breathlessly and minutely covered by the ’serious’ press at which much will be said and little done. Over the last two weeks I myself have saved great swathes of time by skimming lightly across rather than delving deeply into such subjects as whether the United States and Germany will engage in a catfight over fiscal stimulus and whether China’s decision to loosen its control over its currency will reduce the pressure on China at the G-20. It is as close to certain as anything can be that nothing will take place at the G-20 that changes German or American fiscal plans or in any way shape or form affect China’s currency policy in any substantive way. There is no point whatever in covering these subjects, and just because journalists are stupid and lazy enough to write these pieces and editors are misguided enough to run them is no reason why you, dear reader, should waste your precious time reading them. Indeed, to the extent that you allow yourself to be deceived into the belief that what is happening in Toronto is an event rather than a pageant you will actually be degrading your ability to follow world affairs.
While the approaching G-20 summit, like previous G-20 and G-8 summits, is a pseudo-event as pointless as an American political convention, there is one useful purpose it can serve: it can help students of world affairs learn the difference between real events and fake ones, between (as Mark Twain said) a bolt of lightning and a lightning bug.
The first thing to observe is that the G-20 isn’t new. It is an expanded version of the old G-8 (which itself was the old G-7 plus Russia). These summit meetings of world leaders date back for a generation; they have always gotten lots of coverage in the serious press, and they have almost never meant anything or gotten anything done. World leaders like them because they provide a platform that lets presidents and prime ministers look like statesmen instead of politicians. Bureaucrats adore them because position papers must be written and revised and many obscure officials must rack up air miles preparing compromises and talking points for communiques and declarations. It doesn’t matter to the bureaucrats that the declarations have no binding force and that countries who sign onto them will generally go on and do exactly what they would have done had no declaration ever been made. Process! Paper! Junkets!
Now the one sure thing about vacuous talking shops is that increasing the number of participants decreases the importance of the meeting. If 7 or 8 leaders representing the world’s richest countries almost never agreed on anything important, how many important decisions will a group of 20 leaders from countries with even greater disparities in interest and outlook reach? If 7 or 8 leaders consistently produced empty communiques with few real world results, how much more vacuous and much less effective will the communiques produced by 20 world leaders be? There will be more empty posturing and vain grandstanding than before — and there will be less substance and less frank talk than ever.
Yet, in a striking demonstration of the idiocy and futility with which our world is governed, as the G-8 morphs into the G-20 and becomes ever less likely to produce any meaningful result, it is getting more coverage and not less.
There are several reasons for this. First, the word ‘news’ is derived from the word ‘new’, not from the word ’significant’. Even the sclerotic world of serious journalism and diplomatic convention was beginning to weary of the G-7/G-8 story. With every passing summit, the vapidity of these events became harder to ignore; we were reaching the shark-jumping moment when not even bureaucrats could pretend to care. But now we have new characters and new plot lines. There is almost no chance that the G-20 meetings will accomplish more than the G-7 meetings, but what does that have to do with anything? Evidently, not much.
Second, pandering is one of the activities that bring politicians, journalists and diplomats together, and the G-20 summit is a panderfest of historic proportions. Politicians pander to the prejudices and aspirations of their constituents. Right now that means ‘looking busy’ about the world economy, so the politicians welcome a summit that can showcase their tireless efforts to make voters rich or at least get them jobs. Diplomats also pander: the powerful countries always need to stroke the less powerful but not insignificant. This was one of the most successful features of the G-7: Canada and Italy stood on (apparently) equal footing with the US, Japan, Germany, Britain and France. Then we pandered to Russia, desperate for signs of great power status, by turning the G-7 into the G-8. And now, drumroll, with the expansion of the G-8 to the G-20 we can pander to the vanity (sorry, we can recognize the importance) of a whole new bunch of countries. Also, we can do something that matters some — bringing China and India into the club — without dropping Canada and Italy. Expanding the club avoids giving offense even if it makes the summits even less focused and useful than before for real policy purposes, but expanding the membership is the better choice if the chief function of the group is to flatter rather than to do.
Amazingly, this obvious and quite relevant fact has not been a major feature in the coverage of what much of the ’serious’ press continues to treat like a major development. Rather than hounding politicians for boondoggling, useless junkets, vanity grandstanding and general time wasting, the serious press has generally supported the summit process and enthusiastically for the most part hailed the ‘rise’ of the G-20.
This is partly because summits work well for the press. The serious press likes these summits for the same reasons that the Weather Channel likes hurricanes — the summits are recurring events that are easy to cover. What will Canada’s position be on bank reform at the G-20? What is the French view on Chinese currency reform? Sources don’t mind talking to journalists about subjects like this so the stories are easy to research and write; as long as editors are willing to publish this swill journalists will gladly go on writing it. From this perspective the increasing difficulty of pretending that G-7 summits still mattered after decades of irrelevance was a problem for journalists; the shift to the G-8 and now G-20 format keeps hope alive.
But the press is also in the pandering business. Many readers are less interested in understanding the world than in receiving confirmation that their existing understanding of the world is correct. For many of the people who read the serious press, the belief that the world is moving smoothly into a new era of North South cooperation along a path of institutional development and reform is an important part of their world view. They also want and perhaps need to believe that the world’s political and economic authorities know what to do about the economic issues we face and are laboring earnestly together to solve common problems. The G-20 story reinforces these important if delusional narratives in ways that both the producers and the consumers of serious journalism find deeply appealing.
Ultimately I suspect that the air will lead out of the G-20 bubble. The world press once covered the meetings and the votes of the UN General Assembly with great attention. I am old enough to remember when General Assembly votes got headline treatment in major US papers. In due course the pretense that those votes mattered in the real world became unsustainable and the headlines died away.
Pending that day, the best way to handle the flood of coverage about events like G-20 summits is to employ the vital news technique of strategic defocusing. Don’t turn a blind eye completely: scan the headlines and even read the occasional op-ed if the columnist is using an approaching summit as a news hook for an interesting essay (rather than bloviating at length about, say, whether Chancellor Merkel will have a public fight with President Obama over the fiscal policies of their two countries). Every now and then a man will actually bite a dog at one of these summits; you can’t ignore them completely but with very little investment of time you can monitor the news flow to see whether by some bizarre twist of fate a real fact somehow manifests itself amid the empty pomp.
For the upcoming weekend, this is good news. We can all spend more time outdoors and less time with the newspapers, TV talking heads and news magazines until this whole pointless roadshow leaves town.
© The American Interest LLC & Walter Russell Mead 2009-2010
Walter Russell Mead
The American Interest, June 25th, 2010
The first task for anybody these days who wants to follow world news in an intelligent way is to figure out what to ignore. All over the world, commissions are meeting, legislatures debating, leaders are making speeches, demonstrators are marching, sabers are rattling and so on. Nobody can follow it all or make sense of it all. So, from the standpoint of the generalist or the engaged citizen the question is how to achieve ‘intelligent ignorance’: how to figure out what you don’t need to follow so that you can focus like a laser on what really counts.
The approaching G-20 summit in Toronto is an excellent subject to ignore — a classic pseudo-event that will be breathlessly and minutely covered by the ’serious’ press at which much will be said and little done. Over the last two weeks I myself have saved great swathes of time by skimming lightly across rather than delving deeply into such subjects as whether the United States and Germany will engage in a catfight over fiscal stimulus and whether China’s decision to loosen its control over its currency will reduce the pressure on China at the G-20. It is as close to certain as anything can be that nothing will take place at the G-20 that changes German or American fiscal plans or in any way shape or form affect China’s currency policy in any substantive way. There is no point whatever in covering these subjects, and just because journalists are stupid and lazy enough to write these pieces and editors are misguided enough to run them is no reason why you, dear reader, should waste your precious time reading them. Indeed, to the extent that you allow yourself to be deceived into the belief that what is happening in Toronto is an event rather than a pageant you will actually be degrading your ability to follow world affairs.
While the approaching G-20 summit, like previous G-20 and G-8 summits, is a pseudo-event as pointless as an American political convention, there is one useful purpose it can serve: it can help students of world affairs learn the difference between real events and fake ones, between (as Mark Twain said) a bolt of lightning and a lightning bug.
The first thing to observe is that the G-20 isn’t new. It is an expanded version of the old G-8 (which itself was the old G-7 plus Russia). These summit meetings of world leaders date back for a generation; they have always gotten lots of coverage in the serious press, and they have almost never meant anything or gotten anything done. World leaders like them because they provide a platform that lets presidents and prime ministers look like statesmen instead of politicians. Bureaucrats adore them because position papers must be written and revised and many obscure officials must rack up air miles preparing compromises and talking points for communiques and declarations. It doesn’t matter to the bureaucrats that the declarations have no binding force and that countries who sign onto them will generally go on and do exactly what they would have done had no declaration ever been made. Process! Paper! Junkets!
Now the one sure thing about vacuous talking shops is that increasing the number of participants decreases the importance of the meeting. If 7 or 8 leaders representing the world’s richest countries almost never agreed on anything important, how many important decisions will a group of 20 leaders from countries with even greater disparities in interest and outlook reach? If 7 or 8 leaders consistently produced empty communiques with few real world results, how much more vacuous and much less effective will the communiques produced by 20 world leaders be? There will be more empty posturing and vain grandstanding than before — and there will be less substance and less frank talk than ever.
Yet, in a striking demonstration of the idiocy and futility with which our world is governed, as the G-8 morphs into the G-20 and becomes ever less likely to produce any meaningful result, it is getting more coverage and not less.
There are several reasons for this. First, the word ‘news’ is derived from the word ‘new’, not from the word ’significant’. Even the sclerotic world of serious journalism and diplomatic convention was beginning to weary of the G-7/G-8 story. With every passing summit, the vapidity of these events became harder to ignore; we were reaching the shark-jumping moment when not even bureaucrats could pretend to care. But now we have new characters and new plot lines. There is almost no chance that the G-20 meetings will accomplish more than the G-7 meetings, but what does that have to do with anything? Evidently, not much.
Second, pandering is one of the activities that bring politicians, journalists and diplomats together, and the G-20 summit is a panderfest of historic proportions. Politicians pander to the prejudices and aspirations of their constituents. Right now that means ‘looking busy’ about the world economy, so the politicians welcome a summit that can showcase their tireless efforts to make voters rich or at least get them jobs. Diplomats also pander: the powerful countries always need to stroke the less powerful but not insignificant. This was one of the most successful features of the G-7: Canada and Italy stood on (apparently) equal footing with the US, Japan, Germany, Britain and France. Then we pandered to Russia, desperate for signs of great power status, by turning the G-7 into the G-8. And now, drumroll, with the expansion of the G-8 to the G-20 we can pander to the vanity (sorry, we can recognize the importance) of a whole new bunch of countries. Also, we can do something that matters some — bringing China and India into the club — without dropping Canada and Italy. Expanding the club avoids giving offense even if it makes the summits even less focused and useful than before for real policy purposes, but expanding the membership is the better choice if the chief function of the group is to flatter rather than to do.
Amazingly, this obvious and quite relevant fact has not been a major feature in the coverage of what much of the ’serious’ press continues to treat like a major development. Rather than hounding politicians for boondoggling, useless junkets, vanity grandstanding and general time wasting, the serious press has generally supported the summit process and enthusiastically for the most part hailed the ‘rise’ of the G-20.
This is partly because summits work well for the press. The serious press likes these summits for the same reasons that the Weather Channel likes hurricanes — the summits are recurring events that are easy to cover. What will Canada’s position be on bank reform at the G-20? What is the French view on Chinese currency reform? Sources don’t mind talking to journalists about subjects like this so the stories are easy to research and write; as long as editors are willing to publish this swill journalists will gladly go on writing it. From this perspective the increasing difficulty of pretending that G-7 summits still mattered after decades of irrelevance was a problem for journalists; the shift to the G-8 and now G-20 format keeps hope alive.
But the press is also in the pandering business. Many readers are less interested in understanding the world than in receiving confirmation that their existing understanding of the world is correct. For many of the people who read the serious press, the belief that the world is moving smoothly into a new era of North South cooperation along a path of institutional development and reform is an important part of their world view. They also want and perhaps need to believe that the world’s political and economic authorities know what to do about the economic issues we face and are laboring earnestly together to solve common problems. The G-20 story reinforces these important if delusional narratives in ways that both the producers and the consumers of serious journalism find deeply appealing.
Ultimately I suspect that the air will lead out of the G-20 bubble. The world press once covered the meetings and the votes of the UN General Assembly with great attention. I am old enough to remember when General Assembly votes got headline treatment in major US papers. In due course the pretense that those votes mattered in the real world became unsustainable and the headlines died away.
Pending that day, the best way to handle the flood of coverage about events like G-20 summits is to employ the vital news technique of strategic defocusing. Don’t turn a blind eye completely: scan the headlines and even read the occasional op-ed if the columnist is using an approaching summit as a news hook for an interesting essay (rather than bloviating at length about, say, whether Chancellor Merkel will have a public fight with President Obama over the fiscal policies of their two countries). Every now and then a man will actually bite a dog at one of these summits; you can’t ignore them completely but with very little investment of time you can monitor the news flow to see whether by some bizarre twist of fate a real fact somehow manifests itself amid the empty pomp.
For the upcoming weekend, this is good news. We can all spend more time outdoors and less time with the newspapers, TV talking heads and news magazines until this whole pointless roadshow leaves town.
© The American Interest LLC & Walter Russell Mead 2009-2010
O Leao e o Chacal Mergulhador - Mamede Mustafa Jarouche
Agradeço a meu amigo Vinicius Portella por esta referência de leitura, que vou procurar:
O Leao E O Chacal Mergulhador
Autor: Anônimo
Tradutor: Mamede Mustafa Jarouche
Rio de Janeiro: Globo, 2009
ISBN: 8525047848
ISBN-13: 9788525047847

Sinopse:
'O leão e o chacal Mergulhador' constitui-se numa mescla de tratado político, livro de etiqueta da corte, crítica de costumes e fábulas sapienciais de animais à la Esopo. Encadeando e desencadeando ensinamentos, sentenças, máximas, provérbios e pequenos contos, trama-se uma narrativa, cujas partes vão se urdindo como as figuras de uma tapeçaria oriental. O livro conta com prefácio de Olgária Chaim Féres Matos, e com posfácio e notas, tanto gerais quanto linguísticas, do próprio tradutor.
Mamede Mustafa Jarouche
Professor de língua e literatura árabe na USP. Entre outros trabalhos, preparou e prefaciou uma edição das 'Poesias da Pacotilha'e das 'Memórias de Um Sargento de Milícias'. Atualmente, dedica-se à tradução do 'Livro das 1001 Noites' a partir de seus originais árabes.
Segundo me escreve Vinicius, o livro está em sua primeira tradução mundial completa: possuía uma para o inglês, porém com base em manuscritos que apresentavam lacunas. A descoberta de um novo manuscrito na Índia (os outros manuscritos, 2, são do Egito) possibilitou o preenchimento daquelas e deu mais unidade, coerência e beleza ao texto.
A história trata de um leão (um rei) e da sua relação com um chacal (um conselheiro). É, em verdade, um tratado político sobre a relação entre o poder e o saber, seus benefícios ao bem comum e os perigos que envolve, as artimanhas que se insinuam nela. Eu creio que apreciarás muito sua leitura.
Vinicius fez o favor de me transcrever as seguintes passagens:
"Impus à minha alma a reflexão e a proibi de falar amiúde, deixando as contendas para os outros e buscando para mim o saber; vivi toda a minha vida como cativo dos livros e camarada do pensamento. A língua necessita de uma ocupação que a solte e de um movimento que a exercite e aguce, e o falcão calado é melhor que o corvo de muito crocitar."
Sobre o porquê de seu apelido, assim justifica a personagem:
"Por meu mergulho nos sentidos sutis e minha extração dos segredos dos saberes ocultos. Quem muito faz alguma coisa é por meio dela conhecido."
E esta última passagem:
"Serve ao líder ignorante procurando-lhe a satisfação, e ao líder inteligente oferecendo-lhe argumentos."
O Leao E O Chacal Mergulhador
Autor: Anônimo
Tradutor: Mamede Mustafa Jarouche
Rio de Janeiro: Globo, 2009
ISBN: 8525047848
ISBN-13: 9788525047847

Sinopse:
'O leão e o chacal Mergulhador' constitui-se numa mescla de tratado político, livro de etiqueta da corte, crítica de costumes e fábulas sapienciais de animais à la Esopo. Encadeando e desencadeando ensinamentos, sentenças, máximas, provérbios e pequenos contos, trama-se uma narrativa, cujas partes vão se urdindo como as figuras de uma tapeçaria oriental. O livro conta com prefácio de Olgária Chaim Féres Matos, e com posfácio e notas, tanto gerais quanto linguísticas, do próprio tradutor.
Mamede Mustafa Jarouche
Professor de língua e literatura árabe na USP. Entre outros trabalhos, preparou e prefaciou uma edição das 'Poesias da Pacotilha'e das 'Memórias de Um Sargento de Milícias'. Atualmente, dedica-se à tradução do 'Livro das 1001 Noites' a partir de seus originais árabes.
Segundo me escreve Vinicius, o livro está em sua primeira tradução mundial completa: possuía uma para o inglês, porém com base em manuscritos que apresentavam lacunas. A descoberta de um novo manuscrito na Índia (os outros manuscritos, 2, são do Egito) possibilitou o preenchimento daquelas e deu mais unidade, coerência e beleza ao texto.
A história trata de um leão (um rei) e da sua relação com um chacal (um conselheiro). É, em verdade, um tratado político sobre a relação entre o poder e o saber, seus benefícios ao bem comum e os perigos que envolve, as artimanhas que se insinuam nela. Eu creio que apreciarás muito sua leitura.
Vinicius fez o favor de me transcrever as seguintes passagens:
"Impus à minha alma a reflexão e a proibi de falar amiúde, deixando as contendas para os outros e buscando para mim o saber; vivi toda a minha vida como cativo dos livros e camarada do pensamento. A língua necessita de uma ocupação que a solte e de um movimento que a exercite e aguce, e o falcão calado é melhor que o corvo de muito crocitar."
Sobre o porquê de seu apelido, assim justifica a personagem:
"Por meu mergulho nos sentidos sutis e minha extração dos segredos dos saberes ocultos. Quem muito faz alguma coisa é por meio dela conhecido."
E esta última passagem:
"Serve ao líder ignorante procurando-lhe a satisfação, e ao líder inteligente oferecendo-lhe argumentos."
segunda-feira, 28 de junho de 2010
Crescimento no e do Brasil: contradicoes oficiais?
Vejam as duas matérias abaixo. A primeira diz que é imprescindível que o Brasil cresça a 7%, para "superar" o subdesenvolvimento e a distância que nos separa do PIB per capita dos países desenvolvidos.
A segunda denota a preocupação das autoridades econômicas com a pressão inflacionária, mas também revela (o que não foi revelado deliberadamente) os estrangulamentos que atingiriam o Brasil no plano das infra-estruturas (transportes, energia, comunicações, portos e estradas sobretudo) e da oferta de mão-de-obra qualificada (já faltam engenheiros para as empresas).
Na verdade, o Brasil não consegue crescer muito pois não tem investimentos suficientes em várias áreas, e ele não tem investimento porque sua poupança é muito reduzida, e esta é muito reduzida porque o Estado "despoupa" demais, ou seja, se apropria de uma fração muito grande da renda nacional.
Isso as autoridades não vão querer reconhecer.
Trato de todos esses aspectos num ensaio que acabo de escrever:
Como (Não) Crescer a 7%
Ele está sendo publicado, aguardem...
Paulo Roberto de Almeida
Crescer a 7% é perfeitamente possível
Entrevista do ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Samuel Pinheiro Guimarães, ao programa Bom Dia Ministro
Em Questão (Secom-PR, 25/06/2010).
A média histórica do Brasil de crescimento, por volta de 7%, é a única taxa que permite reduzir a distância entre nós e os países desenvolvidos. Se não reduzirmos essa distância, poderemos até fazer crescer e melhorar a situação social do País, mas continuaremos relativamente subdesenvolvidos. Essa é uma taxa perfeitamente possível.
------------------
Não é ‘muito prudente’ crescer acima de 5,5% em 2011, diz Mantega
Reuters, 28.06.2010
Ministro defende ajuste após forte recuperação esperada para a economia neste ano
TORONTO - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, defendeu patamar mais "prudente" de expansão da economia no ano que vem. Depois de um 2010 de forte recuperação, em que economistas estimam crescimento ao redor de 7%, ele recomenda pisar no freio para que o país não cresça mais que 5,5%.
(mais no link da data)
A segunda denota a preocupação das autoridades econômicas com a pressão inflacionária, mas também revela (o que não foi revelado deliberadamente) os estrangulamentos que atingiriam o Brasil no plano das infra-estruturas (transportes, energia, comunicações, portos e estradas sobretudo) e da oferta de mão-de-obra qualificada (já faltam engenheiros para as empresas).
Na verdade, o Brasil não consegue crescer muito pois não tem investimentos suficientes em várias áreas, e ele não tem investimento porque sua poupança é muito reduzida, e esta é muito reduzida porque o Estado "despoupa" demais, ou seja, se apropria de uma fração muito grande da renda nacional.
Isso as autoridades não vão querer reconhecer.
Trato de todos esses aspectos num ensaio que acabo de escrever:
Como (Não) Crescer a 7%
Ele está sendo publicado, aguardem...
Paulo Roberto de Almeida
Crescer a 7% é perfeitamente possível
Entrevista do ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Samuel Pinheiro Guimarães, ao programa Bom Dia Ministro
Em Questão (Secom-PR, 25/06/2010).
A média histórica do Brasil de crescimento, por volta de 7%, é a única taxa que permite reduzir a distância entre nós e os países desenvolvidos. Se não reduzirmos essa distância, poderemos até fazer crescer e melhorar a situação social do País, mas continuaremos relativamente subdesenvolvidos. Essa é uma taxa perfeitamente possível.
------------------
Não é ‘muito prudente’ crescer acima de 5,5% em 2011, diz Mantega
Reuters, 28.06.2010
Ministro defende ajuste após forte recuperação esperada para a economia neste ano
TORONTO - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, defendeu patamar mais "prudente" de expansão da economia no ano que vem. Depois de um 2010 de forte recuperação, em que economistas estimam crescimento ao redor de 7%, ele recomenda pisar no freio para que o país não cresça mais que 5,5%.
(mais no link da data)
Corrupcao no futebol: dimensoes gigantescas
Quem foi que disse, ou pensou, que só políticos roubam?
OK, já sabíamos que o futebol, como qualquer indústria milionária que vive para "encantar" milhões de fãs around the world, se prestava a mutretas, patifarias e roubalheiras, asi no más.
Mas, não se sabia que era tão descarado e corrupto como relatado nesta entrevista com um jornalista investigativo (coisa que praticamente já não existe mais no Brasil).
Resta saber se um dia virá à tona os milhões que o Brasil, ou melhor, o governo, gastou para ter a Copa de 2014.
Uma entrevista explosiva. E verdadeira
Blog do Juca Kfouri, 27/06/2010
No Estado de S.Paulo deste domingo:
Ante o silêncio cúmplice dos governos e de quase toda a imprensa.
A ginga perfeita dos donos da bola
A Fifa controla o dinheiro, marca os adversários e dribla a Justiça
Flavia Tavares
O Estado de S. Paulo, 26 de junho de 2010
Enquanto o English Team sofria para passar às oitavas contra a Eslovênia, o escocês Andrew Jennings desfiava o sarcasmo adquirido ao longo da vida de repórter investigativo na Inglaterra, na BBC e em grandes jornais. Com a pontaria muito mais calibrada que a dos artilheiros desta Copa do Mundo, o jornalista vai relatando casos de corrupção que apurou para produzir seus três livros sobre o Comitê Olímpico Internacional (COI) e outro sobre a Federação Internacional de Futebol (Fifa) – mesmo sendo o único jornalista do mundo banido das coletivas da entidade desde 2003.
O jornalista inglês Andrew Jennings relata em livro casos de corrupção dentro da Fifa
Um dos escândalos relatados por ele em 2006, no livro Foul! The Secret World of Fifa (não traduzido no Brasil), teve um desfecho na sexta-feira. Altos dirigentes da organização máxima do futebol receberam propina, admitiu a Justiça suíça. Mas eles não serão punidos porque a lei do país, que é sede da Fifa, permitia o “bicho” na época.
Os figurões pagarão apenas os custos legais e suas identidades não serão reveladas. “É por isso que meu segundo livro sobre o tema será uma comparação da Fifa com o crime organizado”, conta. Ele optou por publicar a obra depois das eleições na entidade, em maio de 2011, embora duvide que alguém vá enfrentar o dono da bola, Joseph Blatter. “Ninguém ousa desafiar a Fifa porque eles controlam o dinheiro. E a imprensa cala”, dispara Jennings.
Em suas investigações sobre a Fifa, o que o senhor descobriu?
A Fifa é comandada por um pequeno grupo de homens – não há mulheres em altos postos da entidade e isso fala por si – que está lá há muitos anos. São homens em quem não devemos confiar e contra quem temos provas contundentes. Eles podem continuar no poder porque controlam o dinheiro. E tornam a vida dos dirigentes das confederações nacionais muito boa e fácil. Fico envergonhado porque ninguém se manifesta contra esse poder.
Como os dirigentes se manifestariam?
Zurique, sede da Fifa, é uma Pyongyang do futebol. O líder fala e os outros agradecem. Numa democracia é esperado que haja discordância, oposição. Na Fifa, não há. Eles têm um congresso a que, ironicamente, chamam de parlamento. São cerca de 600 delegados – acho que são 2 ou 3 por país representado, e são 208 países. Se você chegasse de Marte acharia que o mundo é perfeito, porque todos concordam. É vergonhoso. Nisso, a CBF é tão culpada quanto todas as outras confederações.
Que instrumentos a Fifa usa para manter esse poder?
A Fifa dá cerca de US$ 250 mil por ano para cada país investir em futebol. Na Europa, não precisamos desse dinheiro. A indústria do futebol fatura o suficiente para se alimentar. Mas é uma forma de a Fifa se manter. Esse dinheiro nunca é auditado. Na Suíça, a propina comercial não era ilegal até pouco tempo, apenas o suborno de oficiais do governo. O caso que eu conto no meu livro é justamente sobre um esquema de propinas pagas pela International Sport and Leisure (ISL), empresa que negociava os direitos televisivos e de marketing da Fifa. A história é cheia de detalhes, mas no final a ISL só foi responsabilizada pelo fato de gerenciar mal seus negócios enquanto devia para outras empresas.
Não houve punição?
Como eu disse, o pagamento de propina não era ilegal na Suíça. Portanto, não havia crime a ser punido. As acusações contra a Fifa foram retiradas e a entidade foi multada em 5,5 milhões de francos suíços (cerca de US$ 5 milhões) para custos legais.
Por que os governos não se envolvem ou a Justiça não faz algo?
Porque a sede da Fifa é na Suíça e a lei lá é muito permissiva. Para outros países, é inaceitável que esses homens se safem tão facilmente e que os altos dirigentes riam da nossa cara desse jeito. O que me deixa enojado é que os líderes dos países – o primeiro-ministro britânico, o presidente Lula e todos os outros – façam negócio com essas pessoas. Eles deveriam lhes negar vistos, deveriam dizer que não querem se relacionar com dirigentes tão corruptos. E tenho certeza de que, se os governantes se voltassem contra a corrupção da Fifa, teriam apoio maciço dos torcedores/eleitores.
Por que todos são tão complacentes?
Suponhamos que você seja uma torcedora fanática pelo seu time. Você vai à Copa do Mundo, mas como sempre há escassez de ingressos. Você então compra suas entradas de cambistas, mesmo sabendo que parte desse ágio vai voltar para o bolso da Fifa, já que ela é suspeita de liberar esses ingressos para os ambulantes. Você não pode provar, claro, mas você sabe. As pessoas não são estúpidas. Os governos menos ainda, eles podem investigar o que quiserem. Mas não investigam a Fifa porque os políticos simplesmente ignoram os torcedores. É o que já está acontecendo com a Copa de 2014. Qualquer brasileiro com mais de 10 anos sabe que a corrupção já está instalada. Por que ninguém faz nada?
Por quê?
É difícil saber. Se um país relevante enfrentasse a Fifa ela recuaria. Ou você acha ela excluiria o Brasil de uma Copa? Eles conseguem enganar países pequenos, esquecidos pelo mundo. Mas, se o Brasil dissesse não à corrupção, provavelmente a América Latina se uniria a vocês. E você acha que esses líderes latino-americanos nunca discutiram a possibilidade de um levante, de fazer o que os europeus já deveriam ter feito há tempos? Acho que lhes falta coragem.
O Brasil tentou fazer uma investigação, por meio de uma CPI.
Tentou e foi ao mesmo tempo uma vitória para o país e uma grande decepção, porque pararam de investigar no meio. O povo vai ter de pressionar os políticos a fazer algo. É realmente uma pena que o Brasil tenha chegado tão longe na investigação e tenha desistido no caminho. Havia provas para seguir em frente, para tirar a CBF das mãos do Ricardo Teixeira e, quem sabe, colocar auditores independentes lá dentro. A Justiça também poderia ser mais ativa. Por mais que eles tenham comprado alguns juízes, não compraram todos, certamente.
Sabendo de tudo isso o senhor ainda consegue curtir o futebol, se divertir com ele?
Sim, porque a corrupção não está tão infiltrada nos jogos, embora chegue a essa ponta também. Ela fica mais nos bastidores. Há exceções, como na Copa de 2002, em que a Espanha e a Itália foram roubadas grotescamente. Era importante para a Fifa que a Coreia do Sul passasse adiante. Não foi culpa dos jogadores, mas as razões políticas e econômicas se impuseram. Na Coreia, o beisebol é mais popular do que o futebol. Se eles fossem desclassificados, os estádios se esvaziariam. Neste ano, todos ficaram de olho nos jogos de times africanos. Blatter também precisa de um time do continente nas oitavas. A questão é que, quando assistimos às partidas, assistimos aos atletas, ao esporte, então, é possível confiar. É fácil punir um árbitro corrupto e a maioria não é corrompida.
Então, a corrupção não interfere tanto no esporte?
Cada centavo que os dirigentes tiram ilicitamente da Fifa ou das organizações nacionais é dinheiro que eles tiram do esporte e de investimentos. Portanto, estão desviando de nós, torcedores, e dos atletas que jogam no chão batido em países subdesenvolvidos. Eles tiram dos pobres.
É possível para os jogadores, técnicos e dirigentes se manterem distantes da corrupção no futebol?
Bom, o dinheiro normalmente é tirado do orçamento do marketing, não afeta jogadores e técnicos dos times nacionais. Uma coisa interessante é o comitê de auditoria interna da Fifa. Um dos membros é José Carlos Salim, que foi investigado muitas vezes no Brasil. Por que você acha que ele está lá? Para fingir que não vê.
A corrupção no futebol começa nos clubes e se espalha ou vem de cima para baixo?
Sempre haverá um nível de roubalheira em todas os escalões. Para isso temos leis e, às vezes, conseguimos aplicá-las. Mas a pior corrupção está na liderança mundial. Quase todos os países assinam tratados internacionais anticorrupção, mas não fazem nada quanto aos desmandos da Fifa e do COI. E, quando algum governante tenta ir atrás de dirigentes de futebol corruptos, a Fifa ameaça suspender o país. Só que ela faz isso com os pequenos. Fizeram isso com Antígua! Suspenderam o país minúsculo que ousou processar o dirigente nacional. Ninguém falou nada. Eu escrevi sobre isso porque tenho fãs lá que me avisaram do caso.
O senhor se sente uma voz solitária na imprensa?
Não confio na cobertura esportiva das agências internacionais. Em outras áreas elas são ótimas. Não no esporte. É uma piada. Apresento documentários com denúncias graves sobre a Fifa na BBC, num programa de jornalismo investigativo chamado [ITALIC]Panorama[/ITALIC], e dias depois a BBC Sport faz um programa inteiro em que Joseph Blatter apresenta alegremente a nova sede da Fifa em Zurique.
O senhor acompanhou a briga do técnico Dunga com a imprensa brasileira?
Não vou comentar o episódio porque não acompanhei de perto. Posso dizer que a imprensa inglesa e a da maioria dos países é puxa-saco. E sem razão para isso. A desculpa é que os editores têm medo de perder o acesso às seleções e à Fifa. Bobagem. Ora, eu fui banido das coletivas da Fifa sete anos atrás e ainda consegui escrever um livro e fazer várias reportagens. A imprensa deve atribuir as responsabilidades às autoridades. Se não fizer isso, é relações públicas. Tenho milhares de documentos internos da Fifa que fontes me mandam e não param de chegar. Por que só eu faço isso?
A cobertura se concentra mais no evento esportivo em si e nas negociações de jogadores?
Exato, também porque a chefia das redações tende a se concentrar nos assuntos de política nacional, internacional e na economia e deixar o esporte em segundo plano.
O que o senhor espera da Copa no Brasil, em 2014?
Há algumas semanas, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, deu um piti público cobrando o governo brasileiro para que acelerasse as construções para a Copa. Estranhei muito, porque não imagino que o governo brasileiro se recusaria a financiar uma Copa. Vocês são loucos por futebol, estão desenvolvendo sua economia, têm recursos e podem achar dinheiro para isso. Uma fonte havia me dito que Valcke e Ricardo Teixeira tinham tirado férias juntos, estavam de bem. Então, o que está por trás dessa gritaria? É pressão para o governo brasileiro colocar mais dinheiro público nas mãos da CBF. Mundialmente, as empreiteiras têm envolvimento com corrupção. Dá para sentir o cheiro daqui.
Três de seus livros são sobre as Olimpíadas. As falcatruas acontecem em qualquer esporte ou são predominantes no futebol?
Sou cuidadoso ao falar disso. Sei que a liderança da Fifa é muito corrupta – e venho publicando isso há mais de dez anos sem que eles tenham me processado nem uma vez sequer, o que diz muito. O COI era muito pior sob o comando de Juan Antonio Samaranch (morto em abril deste ano), que presidiu a entidade de 1980 a 2001. Ele era um fascista e o fascismo é, além de tudo, uma pirâmide de corrupção. Samaranch trabalhou ao lado do generalíssimo Franco. Essa cultura franquista e fascista se transformou em uma cultura gângster.
A corrupção no COI diminuiu com a saída de Samaranch?
Vou ilustrar com uma história. No meu site publiquei uma foto de Blatter cumprimentando um mafioso russo, em 2006, em um encontro com dirigentes do país. O russo foi quem fez o esquema em Salt Lake, na Olimpíada de Inverno de 2002, para que os conterrâneos ganhassem o ouro em patinação artística. Pois bem, Blatter, Havelange e muitos outros da Fifa são parte do comitê do COI. Essa é a dica de como a Rússia está agindo para sediar a Copa de 2018.
Foi assim que o Brasil conseguiu a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016?
Na votação em Copenhague, que deu a sede olímpica para o Rio de Janeiro, o nível de investigação jornalística foi ridículo, só víamos a praia de Copacabana com o povo feliz. Há um grupo no COI que já foi denunciado por receber propina no escândalo da ISL – e quem acompanha a entidade sabe quem eles são. Os dirigentes dos países só precisam pagar umas seis ou sete pessoas para conseguir o voto. Existe, com certeza, uma sobreposição entre os métodos da Fifa e do COI. Mas a cultura das duas entidades não é tão estrita quanto à de uma máfia, é mais como se fossem máfias associadas, apoiadas umas nas outras. Coca-Cola, redes de fast-food, Adidas, você acha que essas companhias não sabem o que está acontecendo? Eles não são estúpidos. A cara de pau é tamanha que Jacques Rogue, presidente do COI, disse em Turim, em 2006, que o COI e o McDonald’s compartilham os mesmos ideais. Será que ele não sabe quanto a obesidade infantil é um problema gravíssimo em vários países? Ou faz parte do jogo ceder a esses interesses?
Por Juca Kfouri às 22:35
OK, já sabíamos que o futebol, como qualquer indústria milionária que vive para "encantar" milhões de fãs around the world, se prestava a mutretas, patifarias e roubalheiras, asi no más.
Mas, não se sabia que era tão descarado e corrupto como relatado nesta entrevista com um jornalista investigativo (coisa que praticamente já não existe mais no Brasil).
Resta saber se um dia virá à tona os milhões que o Brasil, ou melhor, o governo, gastou para ter a Copa de 2014.
Uma entrevista explosiva. E verdadeira
Blog do Juca Kfouri, 27/06/2010
No Estado de S.Paulo deste domingo:
Ante o silêncio cúmplice dos governos e de quase toda a imprensa.
A ginga perfeita dos donos da bola
A Fifa controla o dinheiro, marca os adversários e dribla a Justiça
Flavia Tavares
O Estado de S. Paulo, 26 de junho de 2010
Enquanto o English Team sofria para passar às oitavas contra a Eslovênia, o escocês Andrew Jennings desfiava o sarcasmo adquirido ao longo da vida de repórter investigativo na Inglaterra, na BBC e em grandes jornais. Com a pontaria muito mais calibrada que a dos artilheiros desta Copa do Mundo, o jornalista vai relatando casos de corrupção que apurou para produzir seus três livros sobre o Comitê Olímpico Internacional (COI) e outro sobre a Federação Internacional de Futebol (Fifa) – mesmo sendo o único jornalista do mundo banido das coletivas da entidade desde 2003.
O jornalista inglês Andrew Jennings relata em livro casos de corrupção dentro da Fifa
Um dos escândalos relatados por ele em 2006, no livro Foul! The Secret World of Fifa (não traduzido no Brasil), teve um desfecho na sexta-feira. Altos dirigentes da organização máxima do futebol receberam propina, admitiu a Justiça suíça. Mas eles não serão punidos porque a lei do país, que é sede da Fifa, permitia o “bicho” na época.
Os figurões pagarão apenas os custos legais e suas identidades não serão reveladas. “É por isso que meu segundo livro sobre o tema será uma comparação da Fifa com o crime organizado”, conta. Ele optou por publicar a obra depois das eleições na entidade, em maio de 2011, embora duvide que alguém vá enfrentar o dono da bola, Joseph Blatter. “Ninguém ousa desafiar a Fifa porque eles controlam o dinheiro. E a imprensa cala”, dispara Jennings.
Em suas investigações sobre a Fifa, o que o senhor descobriu?
A Fifa é comandada por um pequeno grupo de homens – não há mulheres em altos postos da entidade e isso fala por si – que está lá há muitos anos. São homens em quem não devemos confiar e contra quem temos provas contundentes. Eles podem continuar no poder porque controlam o dinheiro. E tornam a vida dos dirigentes das confederações nacionais muito boa e fácil. Fico envergonhado porque ninguém se manifesta contra esse poder.
Como os dirigentes se manifestariam?
Zurique, sede da Fifa, é uma Pyongyang do futebol. O líder fala e os outros agradecem. Numa democracia é esperado que haja discordância, oposição. Na Fifa, não há. Eles têm um congresso a que, ironicamente, chamam de parlamento. São cerca de 600 delegados – acho que são 2 ou 3 por país representado, e são 208 países. Se você chegasse de Marte acharia que o mundo é perfeito, porque todos concordam. É vergonhoso. Nisso, a CBF é tão culpada quanto todas as outras confederações.
Que instrumentos a Fifa usa para manter esse poder?
A Fifa dá cerca de US$ 250 mil por ano para cada país investir em futebol. Na Europa, não precisamos desse dinheiro. A indústria do futebol fatura o suficiente para se alimentar. Mas é uma forma de a Fifa se manter. Esse dinheiro nunca é auditado. Na Suíça, a propina comercial não era ilegal até pouco tempo, apenas o suborno de oficiais do governo. O caso que eu conto no meu livro é justamente sobre um esquema de propinas pagas pela International Sport and Leisure (ISL), empresa que negociava os direitos televisivos e de marketing da Fifa. A história é cheia de detalhes, mas no final a ISL só foi responsabilizada pelo fato de gerenciar mal seus negócios enquanto devia para outras empresas.
Não houve punição?
Como eu disse, o pagamento de propina não era ilegal na Suíça. Portanto, não havia crime a ser punido. As acusações contra a Fifa foram retiradas e a entidade foi multada em 5,5 milhões de francos suíços (cerca de US$ 5 milhões) para custos legais.
Por que os governos não se envolvem ou a Justiça não faz algo?
Porque a sede da Fifa é na Suíça e a lei lá é muito permissiva. Para outros países, é inaceitável que esses homens se safem tão facilmente e que os altos dirigentes riam da nossa cara desse jeito. O que me deixa enojado é que os líderes dos países – o primeiro-ministro britânico, o presidente Lula e todos os outros – façam negócio com essas pessoas. Eles deveriam lhes negar vistos, deveriam dizer que não querem se relacionar com dirigentes tão corruptos. E tenho certeza de que, se os governantes se voltassem contra a corrupção da Fifa, teriam apoio maciço dos torcedores/eleitores.
Por que todos são tão complacentes?
Suponhamos que você seja uma torcedora fanática pelo seu time. Você vai à Copa do Mundo, mas como sempre há escassez de ingressos. Você então compra suas entradas de cambistas, mesmo sabendo que parte desse ágio vai voltar para o bolso da Fifa, já que ela é suspeita de liberar esses ingressos para os ambulantes. Você não pode provar, claro, mas você sabe. As pessoas não são estúpidas. Os governos menos ainda, eles podem investigar o que quiserem. Mas não investigam a Fifa porque os políticos simplesmente ignoram os torcedores. É o que já está acontecendo com a Copa de 2014. Qualquer brasileiro com mais de 10 anos sabe que a corrupção já está instalada. Por que ninguém faz nada?
Por quê?
É difícil saber. Se um país relevante enfrentasse a Fifa ela recuaria. Ou você acha ela excluiria o Brasil de uma Copa? Eles conseguem enganar países pequenos, esquecidos pelo mundo. Mas, se o Brasil dissesse não à corrupção, provavelmente a América Latina se uniria a vocês. E você acha que esses líderes latino-americanos nunca discutiram a possibilidade de um levante, de fazer o que os europeus já deveriam ter feito há tempos? Acho que lhes falta coragem.
O Brasil tentou fazer uma investigação, por meio de uma CPI.
Tentou e foi ao mesmo tempo uma vitória para o país e uma grande decepção, porque pararam de investigar no meio. O povo vai ter de pressionar os políticos a fazer algo. É realmente uma pena que o Brasil tenha chegado tão longe na investigação e tenha desistido no caminho. Havia provas para seguir em frente, para tirar a CBF das mãos do Ricardo Teixeira e, quem sabe, colocar auditores independentes lá dentro. A Justiça também poderia ser mais ativa. Por mais que eles tenham comprado alguns juízes, não compraram todos, certamente.
Sabendo de tudo isso o senhor ainda consegue curtir o futebol, se divertir com ele?
Sim, porque a corrupção não está tão infiltrada nos jogos, embora chegue a essa ponta também. Ela fica mais nos bastidores. Há exceções, como na Copa de 2002, em que a Espanha e a Itália foram roubadas grotescamente. Era importante para a Fifa que a Coreia do Sul passasse adiante. Não foi culpa dos jogadores, mas as razões políticas e econômicas se impuseram. Na Coreia, o beisebol é mais popular do que o futebol. Se eles fossem desclassificados, os estádios se esvaziariam. Neste ano, todos ficaram de olho nos jogos de times africanos. Blatter também precisa de um time do continente nas oitavas. A questão é que, quando assistimos às partidas, assistimos aos atletas, ao esporte, então, é possível confiar. É fácil punir um árbitro corrupto e a maioria não é corrompida.
Então, a corrupção não interfere tanto no esporte?
Cada centavo que os dirigentes tiram ilicitamente da Fifa ou das organizações nacionais é dinheiro que eles tiram do esporte e de investimentos. Portanto, estão desviando de nós, torcedores, e dos atletas que jogam no chão batido em países subdesenvolvidos. Eles tiram dos pobres.
É possível para os jogadores, técnicos e dirigentes se manterem distantes da corrupção no futebol?
Bom, o dinheiro normalmente é tirado do orçamento do marketing, não afeta jogadores e técnicos dos times nacionais. Uma coisa interessante é o comitê de auditoria interna da Fifa. Um dos membros é José Carlos Salim, que foi investigado muitas vezes no Brasil. Por que você acha que ele está lá? Para fingir que não vê.
A corrupção no futebol começa nos clubes e se espalha ou vem de cima para baixo?
Sempre haverá um nível de roubalheira em todas os escalões. Para isso temos leis e, às vezes, conseguimos aplicá-las. Mas a pior corrupção está na liderança mundial. Quase todos os países assinam tratados internacionais anticorrupção, mas não fazem nada quanto aos desmandos da Fifa e do COI. E, quando algum governante tenta ir atrás de dirigentes de futebol corruptos, a Fifa ameaça suspender o país. Só que ela faz isso com os pequenos. Fizeram isso com Antígua! Suspenderam o país minúsculo que ousou processar o dirigente nacional. Ninguém falou nada. Eu escrevi sobre isso porque tenho fãs lá que me avisaram do caso.
O senhor se sente uma voz solitária na imprensa?
Não confio na cobertura esportiva das agências internacionais. Em outras áreas elas são ótimas. Não no esporte. É uma piada. Apresento documentários com denúncias graves sobre a Fifa na BBC, num programa de jornalismo investigativo chamado [ITALIC]Panorama[/ITALIC], e dias depois a BBC Sport faz um programa inteiro em que Joseph Blatter apresenta alegremente a nova sede da Fifa em Zurique.
O senhor acompanhou a briga do técnico Dunga com a imprensa brasileira?
Não vou comentar o episódio porque não acompanhei de perto. Posso dizer que a imprensa inglesa e a da maioria dos países é puxa-saco. E sem razão para isso. A desculpa é que os editores têm medo de perder o acesso às seleções e à Fifa. Bobagem. Ora, eu fui banido das coletivas da Fifa sete anos atrás e ainda consegui escrever um livro e fazer várias reportagens. A imprensa deve atribuir as responsabilidades às autoridades. Se não fizer isso, é relações públicas. Tenho milhares de documentos internos da Fifa que fontes me mandam e não param de chegar. Por que só eu faço isso?
A cobertura se concentra mais no evento esportivo em si e nas negociações de jogadores?
Exato, também porque a chefia das redações tende a se concentrar nos assuntos de política nacional, internacional e na economia e deixar o esporte em segundo plano.
O que o senhor espera da Copa no Brasil, em 2014?
Há algumas semanas, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, deu um piti público cobrando o governo brasileiro para que acelerasse as construções para a Copa. Estranhei muito, porque não imagino que o governo brasileiro se recusaria a financiar uma Copa. Vocês são loucos por futebol, estão desenvolvendo sua economia, têm recursos e podem achar dinheiro para isso. Uma fonte havia me dito que Valcke e Ricardo Teixeira tinham tirado férias juntos, estavam de bem. Então, o que está por trás dessa gritaria? É pressão para o governo brasileiro colocar mais dinheiro público nas mãos da CBF. Mundialmente, as empreiteiras têm envolvimento com corrupção. Dá para sentir o cheiro daqui.
Três de seus livros são sobre as Olimpíadas. As falcatruas acontecem em qualquer esporte ou são predominantes no futebol?
Sou cuidadoso ao falar disso. Sei que a liderança da Fifa é muito corrupta – e venho publicando isso há mais de dez anos sem que eles tenham me processado nem uma vez sequer, o que diz muito. O COI era muito pior sob o comando de Juan Antonio Samaranch (morto em abril deste ano), que presidiu a entidade de 1980 a 2001. Ele era um fascista e o fascismo é, além de tudo, uma pirâmide de corrupção. Samaranch trabalhou ao lado do generalíssimo Franco. Essa cultura franquista e fascista se transformou em uma cultura gângster.
A corrupção no COI diminuiu com a saída de Samaranch?
Vou ilustrar com uma história. No meu site publiquei uma foto de Blatter cumprimentando um mafioso russo, em 2006, em um encontro com dirigentes do país. O russo foi quem fez o esquema em Salt Lake, na Olimpíada de Inverno de 2002, para que os conterrâneos ganhassem o ouro em patinação artística. Pois bem, Blatter, Havelange e muitos outros da Fifa são parte do comitê do COI. Essa é a dica de como a Rússia está agindo para sediar a Copa de 2018.
Foi assim que o Brasil conseguiu a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016?
Na votação em Copenhague, que deu a sede olímpica para o Rio de Janeiro, o nível de investigação jornalística foi ridículo, só víamos a praia de Copacabana com o povo feliz. Há um grupo no COI que já foi denunciado por receber propina no escândalo da ISL – e quem acompanha a entidade sabe quem eles são. Os dirigentes dos países só precisam pagar umas seis ou sete pessoas para conseguir o voto. Existe, com certeza, uma sobreposição entre os métodos da Fifa e do COI. Mas a cultura das duas entidades não é tão estrita quanto à de uma máfia, é mais como se fossem máfias associadas, apoiadas umas nas outras. Coca-Cola, redes de fast-food, Adidas, você acha que essas companhias não sabem o que está acontecendo? Eles não são estúpidos. A cara de pau é tamanha que Jacques Rogue, presidente do COI, disse em Turim, em 2006, que o COI e o McDonald’s compartilham os mesmos ideais. Será que ele não sabe quanto a obesidade infantil é um problema gravíssimo em vários países? Ou faz parte do jogo ceder a esses interesses?
Por Juca Kfouri às 22:35
Ricos e Arrogantes - Nuevo Herald
Com esse título, "Ricos e Arrogantes", foi publicada, anos atrás, uma entrevista minha nas Páginas Amarelas da revista Veja (neste link), o que me fez um pouquinho mais famoso, mas também despertou ciumes (de homens; colegas, quero dizer) e suscitou uma punição funcional tão injusta quanto ilegal, mas que guardo com certo orgulho intelectual (e algumas conclusões quanto às vaidades).
Eu me referia, obviamente, aos países desenvolvidos, incapazes de desmantelar seu arsenal protecionista contra a produção agrícola dos mais pibres (não necessariamente o Brasil, que não depende disso, mas certamente de países pobres, entre eles os africanos).
Os ricos e arrogantes desta vez são nossos velhos conhecidos: os milionários da América Latina, imensamente ricos e gananciosos, praticantes modestíssimos da benemerência e da filantropia.
Leiam na matéria abaixo...
Paulo Roberto de Almeida
Los ricos latinoamericanos
Andrés Oppenheimer
El Nuevo Herald (Miami), domingo, 06.27.2010
Un nuevo estudio según el cual los ricos de Latinoamérica se han hecho aún mas ricos a pesar de la crisis económica seguramente enfurecerá a varios líderes populistas. Pero lo que debería ser más preocupante del informe es que los ricos de la región planean donar menos para caridad que sus contrapartes de otros lugares del mundo.
Según el Informe sobre la Riqueza Mundial 2010, publicado por Capgemini y Merril Lynch, la suma de las fortunas de los ricos latinoamericanos --definidos como quienes tienen más de 1 millón de dólares en inversiones financieras, excluyendo sus casas y colecciones de arte-- creció en un 15 or ciento el año pasado, apenas por debajo del promedio mundial del 19 por ciento.
Sin embargo, si medimos las fortunas de los ricos latinoamericanos desde principios de la crisis económica mundial del 2007, sus inversiones financieras crecieron un 8 por ciento, más que en cualquier otra región del mundo.
Según me dijeron los autores del informe, eso ocurrió porque mientras los ricos estadounidenses y europeos perdieron mucho con el derrumbe de las bolsas de valores en el 2008, los latinoamericanos se beneficiaron por tener inversiones más seguras, y porque sus ingresos subieron gracias a las monedas fuertes de sus países.
"Los individuos latinoamericanos de alto nivel adquisitivo tuvieron un buen índice de crecimiento", me dijo Ileana Van der Linde, de Capgemini, una de las autoras del informe. "En los últimos dos años, sus fortunas en general crecieron más rápidamente que las de cualquier otra región del mundo".
No resulta sorprendente que el magnate mexicano de las telecomunicaciones, Carlos Slim, se convirtiera este año en el billonario más rico del ranking de la revista Fortune.
En lo que hace al número de ricos en Latinoamérica, creció de 400,000 en el 2007 a 500,000 el año pasado, según el informe Capgemini-Merrill Lynch.
¿Esto debería provocarnos indignación? Probablemente no, porque además de beneficiarse de sus inversiones más seguras y de las monedas fuertes de sus países, los ricos de la región invirtieron más que antes en sus países. El informe dice que aumentaron sus inversiones domésticas en un 2 por ciento el año pasado, hasta alcanzar el 47 por ciento.
Lo que debería resultar más preocupante es que los ricos de la región son, en promedio, menos generosos que sus contrapartes de otras partes del mundo. Una versión anterior del mismo informe, en el 2007, decía que los ricos latinoamericanos destinaban tan sólo un 3 por cientos de sus fortunas a la caridad, mientras que los ricos de Estados Unidos y de Asia donaban un 12 por ciento de su dinero.
Este año, el estudio anual de Capgemini-Merrill Lynch --que se basa en información proporcionada por bancos y empresas financieras-- no les preguntó a los ricos cuál era el porcentaje de sus fortunas que destinaban a donaciones. En cambio, les preguntaron cuánto dinero pensaban donar a entidades filantrópicas en el 2010. Una vez más, las cifras correspondientes a Latinoamérica resultaron desalentadoras.
En el mundo, el 55 por ciento de los ricos de Asia, el 41 por ciento de los de Europa, el 37 por ciento de los de Estados Unidos, el 35 por ciento de los del Medio Oriente y el 33 por ciento de Latinoamérica dijeron que planeaban donar más dinero en el 2010. El promedio mundial de donaciones previstas fue del 41 por ciento, me dijo Van der Linde.
Es cierto que los ricos latinoamericanos donan menos que sus contrapartes del resto del mundo porque muchos de sus países no ofrecen incentivos impositivos para deducir las donaciones de sus impuestos, como ocurre en Estados Unidos. Además, muchos ricos latinoamericanos donan dinero de manera anónima, porque temen ser secuestrados.
Y también hay un factor cultural, según me dicen dirigentes de instituciones filantrópicas. Mientras en Estados Unidos hacer donaciones es un símbolo de estatus, no ocurre lo mismo en Latinoamérica, afirman.
Mi opinión: Lo importante no es que los ricos latinoamericanos se hayan hecho más ricos, porque en general tienden a crear más empleo y a contribuir más a reducir la pobreza que los líderes populistas que los atacan, y que ahuyentan las inversiones.
Y aumentar los impuestos de los ricos puede ser complicado en algunos países de gran economía subterránea, en que la base tributaria se reduce a unos pocos empresarios acaudalados.
Pero sí creo que los ricos de la región podrían ser más generosos. ¿Acaso alguno de ellos ha prometido donar por lo menos la mitad de su patrimonio en vida o después de su muerte, como ya lo hicieron los billonarios estadounidenses Bill Gates y Warren Buffett, y exhortaron a hacer a sus pares este mes?
Yo no sé de ninguno. Es hora de empezar a pensar en maneras de incentivar a los ricos de la región a donar más, y a convertir la filantropía en un símbolo de estatus entre ellos.
Eu me referia, obviamente, aos países desenvolvidos, incapazes de desmantelar seu arsenal protecionista contra a produção agrícola dos mais pibres (não necessariamente o Brasil, que não depende disso, mas certamente de países pobres, entre eles os africanos).
Os ricos e arrogantes desta vez são nossos velhos conhecidos: os milionários da América Latina, imensamente ricos e gananciosos, praticantes modestíssimos da benemerência e da filantropia.
Leiam na matéria abaixo...
Paulo Roberto de Almeida
Los ricos latinoamericanos
Andrés Oppenheimer
El Nuevo Herald (Miami), domingo, 06.27.2010
Un nuevo estudio según el cual los ricos de Latinoamérica se han hecho aún mas ricos a pesar de la crisis económica seguramente enfurecerá a varios líderes populistas. Pero lo que debería ser más preocupante del informe es que los ricos de la región planean donar menos para caridad que sus contrapartes de otros lugares del mundo.
Según el Informe sobre la Riqueza Mundial 2010, publicado por Capgemini y Merril Lynch, la suma de las fortunas de los ricos latinoamericanos --definidos como quienes tienen más de 1 millón de dólares en inversiones financieras, excluyendo sus casas y colecciones de arte-- creció en un 15 or ciento el año pasado, apenas por debajo del promedio mundial del 19 por ciento.
Sin embargo, si medimos las fortunas de los ricos latinoamericanos desde principios de la crisis económica mundial del 2007, sus inversiones financieras crecieron un 8 por ciento, más que en cualquier otra región del mundo.
Según me dijeron los autores del informe, eso ocurrió porque mientras los ricos estadounidenses y europeos perdieron mucho con el derrumbe de las bolsas de valores en el 2008, los latinoamericanos se beneficiaron por tener inversiones más seguras, y porque sus ingresos subieron gracias a las monedas fuertes de sus países.
"Los individuos latinoamericanos de alto nivel adquisitivo tuvieron un buen índice de crecimiento", me dijo Ileana Van der Linde, de Capgemini, una de las autoras del informe. "En los últimos dos años, sus fortunas en general crecieron más rápidamente que las de cualquier otra región del mundo".
No resulta sorprendente que el magnate mexicano de las telecomunicaciones, Carlos Slim, se convirtiera este año en el billonario más rico del ranking de la revista Fortune.
En lo que hace al número de ricos en Latinoamérica, creció de 400,000 en el 2007 a 500,000 el año pasado, según el informe Capgemini-Merrill Lynch.
¿Esto debería provocarnos indignación? Probablemente no, porque además de beneficiarse de sus inversiones más seguras y de las monedas fuertes de sus países, los ricos de la región invirtieron más que antes en sus países. El informe dice que aumentaron sus inversiones domésticas en un 2 por ciento el año pasado, hasta alcanzar el 47 por ciento.
Lo que debería resultar más preocupante es que los ricos de la región son, en promedio, menos generosos que sus contrapartes de otras partes del mundo. Una versión anterior del mismo informe, en el 2007, decía que los ricos latinoamericanos destinaban tan sólo un 3 por cientos de sus fortunas a la caridad, mientras que los ricos de Estados Unidos y de Asia donaban un 12 por ciento de su dinero.
Este año, el estudio anual de Capgemini-Merrill Lynch --que se basa en información proporcionada por bancos y empresas financieras-- no les preguntó a los ricos cuál era el porcentaje de sus fortunas que destinaban a donaciones. En cambio, les preguntaron cuánto dinero pensaban donar a entidades filantrópicas en el 2010. Una vez más, las cifras correspondientes a Latinoamérica resultaron desalentadoras.
En el mundo, el 55 por ciento de los ricos de Asia, el 41 por ciento de los de Europa, el 37 por ciento de los de Estados Unidos, el 35 por ciento de los del Medio Oriente y el 33 por ciento de Latinoamérica dijeron que planeaban donar más dinero en el 2010. El promedio mundial de donaciones previstas fue del 41 por ciento, me dijo Van der Linde.
Es cierto que los ricos latinoamericanos donan menos que sus contrapartes del resto del mundo porque muchos de sus países no ofrecen incentivos impositivos para deducir las donaciones de sus impuestos, como ocurre en Estados Unidos. Además, muchos ricos latinoamericanos donan dinero de manera anónima, porque temen ser secuestrados.
Y también hay un factor cultural, según me dicen dirigentes de instituciones filantrópicas. Mientras en Estados Unidos hacer donaciones es un símbolo de estatus, no ocurre lo mismo en Latinoamérica, afirman.
Mi opinión: Lo importante no es que los ricos latinoamericanos se hayan hecho más ricos, porque en general tienden a crear más empleo y a contribuir más a reducir la pobreza que los líderes populistas que los atacan, y que ahuyentan las inversiones.
Y aumentar los impuestos de los ricos puede ser complicado en algunos países de gran economía subterránea, en que la base tributaria se reduce a unos pocos empresarios acaudalados.
Pero sí creo que los ricos de la región podrían ser más generosos. ¿Acaso alguno de ellos ha prometido donar por lo menos la mitad de su patrimonio en vida o después de su muerte, como ya lo hicieron los billonarios estadounidenses Bill Gates y Warren Buffett, y exhortaron a hacer a sus pares este mes?
Yo no sé de ninguno. Es hora de empezar a pensar en maneras de incentivar a los ricos de la región a donar más, y a convertir la filantropía en un símbolo de estatus entre ellos.
domingo, 27 de junho de 2010
"Eixo dos valentes" vai organizar competicao de "queda de braco"
Bem, é só uma sugestão. Outra sugestão seria daqueles concursos de crianças, para saber quem cospe mais longe. Ou corrida de sacos, ou qualquer coisa do gênero.
Só estou sugerindo coisas inocentes, pois tem gente que pode imaginar, aqui mesmo no Brasil, que o eixo dos "valentes" seja uma aliança dos fracotes da escola e que se destina a chamar para a briga os grandalhões habituais...
Tem gente que gosta de bravatas, como já falou alguém...
Paulo Roberto de Almeida
Chávez y El Asad crean “eje de los valientes” frente al imperialismo
El País, 27.06.2010
Caracas – Los presidentes de Venezuela, Hugo Chávez, y de Siria, Bachar el Asad, han constituido en Caracas un “eje” que han bautizado “de los valientes” -en contraposición al eje del mal de Bush, compuesto por Irak, Corea del Norte e Irán- y han definido como una “alianza estratégica” por un mundo nuevo frente al “imperialismo”. En sus intervenciones en un acto en el Palacio presidencial de Miraflores, ambos mandatarios han coincidido en expresar su voluntad de ampliar la cooperación entre sus dos países y trabajar para la consecución de la anunciada alianza entre Damasco y Caracas. “Se está configurando un mundo nuevo”, ha dicho Chávez, quien ha recordado las recientes visitas a su país de dirigentes como Vladímir Pútin y ha augurado un final anunciado del “imperialismo”, en alusión a EE UU.
“No debemos dar tregua” en el empeño de construir el “nuevo mapa” mundial, ha manifestado el presidente venezolano que ha alentado a trabajar para un “plan de integración” entre los dos países y dijo que quiere ir a Damasco antes de que finalice el año. “Aspiramos a una relación estratégica con ese continente (…) y comienza en Venezuela”, ha señalado por su parte el presidente sirio, quien ha iniciado hoy en Caracas su primera gira por América Latina. El Asad, que ha elogiado en varias ocasiones las posiciones de Chávez con respecto a diversas cuestiones internacionales, como la “causa palestina”, ha considerado que Venezuela y su presidente son “símbolos de la resistencia en contra de los vientos que vienen del Norte”.
“Algún día será puesto en su lugar”
“Debemos ser fuertes para que el mundo nos respete”, ha declarado el gobernante sirio y en ese sentido ha afirmado la necesitad de “no estar aislados” y la importancia de la cooperación entre su país y Venezuela. Asimismo ha señalado que el objetivo de su visita es pasar del diálogo, que se instaló con el primer viaje de Chávez a Damasco en 2006, y llegar “al nivel estratégico en estas relaciones”. “El reto es ampliar más esta cooperación en diversos ámbitos”, ha afirmado El Asad, que ha coincidido también con Chávez en las críticas y rechazo a las políticas de Israel y de EE UU, aunque ha subrayado que no busca enemistarse con nadie.
Chávez -que rompió relaciones con Israel después de que acusara de “holocausto” la ofensiva militar israelí en la franja de Gaza en el 2009- ha ido mucho más lejos, al calificar a Israel de “Estado genocida” y al acusarle de actuar como un “brazo asesino del Gobierno estadonidense”. “Algún día el Estado genocida de Israel será puesto en su lugar, el lugar que le corresponde”, ha añadido Chávez durante la visita. “Y ojalá nazca ahí un Estado democrático, con el que se pueda compartir ideas”, ha indicado. Además, el mandatario venezolano ha manifestado su apoyo a la lucha pacífica para que le sean devueltos a Siria los Altos del Golán, territorio ocupado por Israel en 1967 tras la Guerra de los Seis Días. “El territorio que algún día volverá al mano del pueblo sirio, porque pertenecen al pueblo sirio los Altos del Golán, y por supuesto queremos que sea pacíficamente porque no queremos más guerra”, ha dicho.
El Asad, que ha recibido de Chávez la orden del Libertador Simón Bolívar y una réplica de la espada del prócer independentista -él le ha obsequiado con una condecoración de la orden de los Omeyas-, ha invitado a la comunidad siria residente en Venezuela a participar en el nuevo impulso de cooperación. En el acto, retransmitido en cadena obligatoria de radio y televisión, ministros de ambos gobiernos han firmado cuatro acuerdos -dos memorando de entendimiento y dos actas de compromiso- en materia de cooperación científica y tecnológica, y agricultura y tierras. Además de comprometerse a la colaboración para establecer programas de investigación y formación, sirios y venezolanos han ratificado el proyecto de constitución de una empresa mixta para la producción y distribución en Venezuela de aceite de oliva de Siria.
Asimismo, han suscrito un memorándum para fortalecer la cooperación bilateral en materia de producción de algodón. El presidente venezolano también ha informado de la decisión de ambos ejecutivos de crear un fondo mixto de financiamiento con aportaciones de 50 millones de dólares por parte de cada uno de los países para impulsar proyectos bilaterales. El Asad, al que Chávez ha llamado “uno de los libertadores del pueblo nuevo”, llegó el viernes por la tarde a Venezuela, en su primera etapa de una gira que le llevará mañana a Cuba, antes de continuar en Brasil y Argentina. El presidente sirio inició su jornada de visita oficial ayer sábado por la tarde con una ofrenda floral ante la tumba de Bolívar, en el Panteón Nacional, en el centro de Caracas, antes de acudir al Palacio de Miraflores para su encuentro con Chávez, que le recibió con todos los honores. Ambos presidentes mantuvieron una reunión a solas de unas tres horas.
Só estou sugerindo coisas inocentes, pois tem gente que pode imaginar, aqui mesmo no Brasil, que o eixo dos "valentes" seja uma aliança dos fracotes da escola e que se destina a chamar para a briga os grandalhões habituais...
Tem gente que gosta de bravatas, como já falou alguém...
Paulo Roberto de Almeida
Chávez y El Asad crean “eje de los valientes” frente al imperialismo
El País, 27.06.2010
Caracas – Los presidentes de Venezuela, Hugo Chávez, y de Siria, Bachar el Asad, han constituido en Caracas un “eje” que han bautizado “de los valientes” -en contraposición al eje del mal de Bush, compuesto por Irak, Corea del Norte e Irán- y han definido como una “alianza estratégica” por un mundo nuevo frente al “imperialismo”. En sus intervenciones en un acto en el Palacio presidencial de Miraflores, ambos mandatarios han coincidido en expresar su voluntad de ampliar la cooperación entre sus dos países y trabajar para la consecución de la anunciada alianza entre Damasco y Caracas. “Se está configurando un mundo nuevo”, ha dicho Chávez, quien ha recordado las recientes visitas a su país de dirigentes como Vladímir Pútin y ha augurado un final anunciado del “imperialismo”, en alusión a EE UU.
“No debemos dar tregua” en el empeño de construir el “nuevo mapa” mundial, ha manifestado el presidente venezolano que ha alentado a trabajar para un “plan de integración” entre los dos países y dijo que quiere ir a Damasco antes de que finalice el año. “Aspiramos a una relación estratégica con ese continente (…) y comienza en Venezuela”, ha señalado por su parte el presidente sirio, quien ha iniciado hoy en Caracas su primera gira por América Latina. El Asad, que ha elogiado en varias ocasiones las posiciones de Chávez con respecto a diversas cuestiones internacionales, como la “causa palestina”, ha considerado que Venezuela y su presidente son “símbolos de la resistencia en contra de los vientos que vienen del Norte”.
“Algún día será puesto en su lugar”
“Debemos ser fuertes para que el mundo nos respete”, ha declarado el gobernante sirio y en ese sentido ha afirmado la necesitad de “no estar aislados” y la importancia de la cooperación entre su país y Venezuela. Asimismo ha señalado que el objetivo de su visita es pasar del diálogo, que se instaló con el primer viaje de Chávez a Damasco en 2006, y llegar “al nivel estratégico en estas relaciones”. “El reto es ampliar más esta cooperación en diversos ámbitos”, ha afirmado El Asad, que ha coincidido también con Chávez en las críticas y rechazo a las políticas de Israel y de EE UU, aunque ha subrayado que no busca enemistarse con nadie.
Chávez -que rompió relaciones con Israel después de que acusara de “holocausto” la ofensiva militar israelí en la franja de Gaza en el 2009- ha ido mucho más lejos, al calificar a Israel de “Estado genocida” y al acusarle de actuar como un “brazo asesino del Gobierno estadonidense”. “Algún día el Estado genocida de Israel será puesto en su lugar, el lugar que le corresponde”, ha añadido Chávez durante la visita. “Y ojalá nazca ahí un Estado democrático, con el que se pueda compartir ideas”, ha indicado. Además, el mandatario venezolano ha manifestado su apoyo a la lucha pacífica para que le sean devueltos a Siria los Altos del Golán, territorio ocupado por Israel en 1967 tras la Guerra de los Seis Días. “El territorio que algún día volverá al mano del pueblo sirio, porque pertenecen al pueblo sirio los Altos del Golán, y por supuesto queremos que sea pacíficamente porque no queremos más guerra”, ha dicho.
El Asad, que ha recibido de Chávez la orden del Libertador Simón Bolívar y una réplica de la espada del prócer independentista -él le ha obsequiado con una condecoración de la orden de los Omeyas-, ha invitado a la comunidad siria residente en Venezuela a participar en el nuevo impulso de cooperación. En el acto, retransmitido en cadena obligatoria de radio y televisión, ministros de ambos gobiernos han firmado cuatro acuerdos -dos memorando de entendimiento y dos actas de compromiso- en materia de cooperación científica y tecnológica, y agricultura y tierras. Además de comprometerse a la colaboración para establecer programas de investigación y formación, sirios y venezolanos han ratificado el proyecto de constitución de una empresa mixta para la producción y distribución en Venezuela de aceite de oliva de Siria.
Asimismo, han suscrito un memorándum para fortalecer la cooperación bilateral en materia de producción de algodón. El presidente venezolano también ha informado de la decisión de ambos ejecutivos de crear un fondo mixto de financiamiento con aportaciones de 50 millones de dólares por parte de cada uno de los países para impulsar proyectos bilaterales. El Asad, al que Chávez ha llamado “uno de los libertadores del pueblo nuevo”, llegó el viernes por la tarde a Venezuela, en su primera etapa de una gira que le llevará mañana a Cuba, antes de continuar en Brasil y Argentina. El presidente sirio inició su jornada de visita oficial ayer sábado por la tarde con una ofrenda floral ante la tumba de Bolívar, en el Panteón Nacional, en el centro de Caracas, antes de acudir al Palacio de Miraflores para su encuentro con Chávez, que le recibió con todos los honores. Ambos presidentes mantuvieron una reunión a solas de unas tres horas.
Assinar:
Comentários (Atom)
Postagem em destaque
Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida
Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...
-
Uma preparação de longo curso e uma vida nômade Paulo Roberto de Almeida A carreira diplomática tem atraído número crescente de jovens, em ...
-
FAQ do Candidato a Diplomata por Renato Domith Godinho TEMAS: Concurso do Instituto Rio Branco, Itamaraty, Carreira Diplomática, MRE, Diplom...
-
Liberando um artigo que passou um ano no limbo: Mercosul e União Europeia: a longa marcha da cooperação à associação Recebo, em 19/12/2025,...
-
Mercado Comum da Guerra? O Mercosul deveria ser, em princípio, uma zona de livre comércio e também uma zona de paz, entre seus próprios memb...
-
O destino do Brasil? Uma tartarug a? Paulo Roberto de Almeida Nota sobre os desafios políticos ao desenvolvimento do Brasil Esse “destino” é...
-
Desde el post de José Antonio Sanahuja Persles (Linkedin) Con Camilo López Burian, de la Universidad de la República, estudiamos el ascens...
-
Quando a desgraça é bem-vinda… Leio, tardiamente, nas notícias do dia, que o segundo chanceler virtual do bolsolavismo diplomático (2019-202...
-
ÚLTIMO ENCONTRO DO CICLO DE HUMANIDADES 2025- 🕊️ A Paz como Projeto e Potência! 🌎 Acadêmicos, pesquisadores e todos os curiosos por um ...
-
O Brics vai de vento em popa, ao que parece. Como eu nunca fui de tomar as coisas pelo seu valor de face, nunca deixei de expressar meu pen...