Apenas começando um périplo profissional-turístico-acadêmico no maior país do planeta (não em tamanho, ou população, mas em densidade de oportunidades, todas abertas ao engenho e arte dos mais talentosos, e também dos mais preguiçosos, enfim, total liberdade...).
Iniciamos, Carmen Lícia e eu, nosso périplo "estado-unidense" (com diriam os companheiros) pela Flórida, esperando que ela fosse, não exatamente quente, neste inverno, mas pelo menos tépida. Qual o quê, pegamos frio até em Key West, na volta do quê fiz esta foto de Carmen Lícia em Isla Morada, perto de Key Largo, onde paramos para comprar lembranças e coisas úteis para a nova casa, em Hartford.
Depois viemos subindo, com o frio pela frente, até chegarmos na gélida Hartford, passando por Washington e Filadélfia.
Comparando EUA e Europa, onde já vivemos muitas vezes e muito tempo, digamos que os americanos sejam mais práticos e mais rápidos e eficientes, em quase tudo, sobrando para os europeus algum charme dessas velhas coisas culturais que também cultivamos.
Retornarei, sob essa mesma rubrica da jornada por dentro da baleia, uma baleia simpática, confortável, barata e atraente...
Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 28/01/2013
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
terça-feira, 29 de janeiro de 2013
Mercosul?? Ah, o mercosul..., esse pobre coitado... - Rubens Barbosa
Por causa da Argentina, por um lado, e por causa do Brasil, por outro. Um tango meio sem graça, aliás totalmente insosso, cansativo, aborrecido, de matar de tédio, ou então morrer de raiva...
Esses hermanos são do balacobaco, e os irmãos daqui, então, já nem sei o que são.
Paulo Roberto de Almeida
Esses hermanos são do balacobaco, e os irmãos daqui, então, já nem sei o que são.
Paulo Roberto de Almeida
MercoPress, Thursday, January 24th 2013 - 01:14 UTC
Brazilian industry claims Mercosur is ‘paralyzed’ and blasts Argentina’s ‘illegal barriers’ on trade
Brazil’s powerful manufacturers’ lobby openly criticized
the “illegal barriers” imposed by the government of President Cristina
Fernandez on Brazilian produce, and also lashed at President Dilma
Rousseff for her administration’s “permissive attitude” towards Buenos
Aires, a position that has “paralyzed Mercosur”.
“Argentina continues to impose illegal barriers to trade
with its Mercosur partners”, claimed the head of Sao Paulo Federation of
Industries (FIESP) Foreign Trade Council, Rubens Barbosa.
The former Brazilian ambassador in Washington also made the
criticism extensive to President Rousseff for her administration’s
“permissive attitude towards Buenos Aires” in what he described as a
“strategic patience” from Brasilia to avoid diplomatic tensions with a
very important trade partner.
In an article under the heading of “The state of the world 2013” the FIESP top official besides retaking the repeated questionings of the Argentine government position regarding foreign trade, including with its Mercosur partners, again underlines the difficulties and ‘illegal barriers’ faced by Brazilian businesspeople.
Barbosa insists that Mercosur remains ‘paralyzed’ and has shown no advances towards and understanding on trade liberalization and the opening of the Argentine market for Brazilian produce.
Next March Cristina Fernandez and Dilma Rousseff are scheduled to hold their next bilateral meetings, this time in the Patagonian city of El Calafate where the Argentine leader has her summer home.
Argentina and Brazil hold top level meetings twice a year to address bilateral issues such as trade, investments and regional politics.
Argentine ambassador in Brasilia Luis Maria Kreckler said that a preparatory meeting will be held at the end of February with an ‘open agenda’, which will be followed by the summit, ‘most probably March 4 in El Calafate, Santa Cruz province. The last bilateral top level meeting took place in Brasilia last December.
In an article under the heading of “The state of the world 2013” the FIESP top official besides retaking the repeated questionings of the Argentine government position regarding foreign trade, including with its Mercosur partners, again underlines the difficulties and ‘illegal barriers’ faced by Brazilian businesspeople.
Barbosa insists that Mercosur remains ‘paralyzed’ and has shown no advances towards and understanding on trade liberalization and the opening of the Argentine market for Brazilian produce.
Next March Cristina Fernandez and Dilma Rousseff are scheduled to hold their next bilateral meetings, this time in the Patagonian city of El Calafate where the Argentine leader has her summer home.
Argentina and Brazil hold top level meetings twice a year to address bilateral issues such as trade, investments and regional politics.
Argentine ambassador in Brasilia Luis Maria Kreckler said that a preparatory meeting will be held at the end of February with an ‘open agenda’, which will be followed by the summit, ‘most probably March 4 in El Calafate, Santa Cruz province. The last bilateral top level meeting took place in Brasilia last December.
segunda-feira, 28 de janeiro de 2013
Davos: presidente-empresario do Panama critica liderancas da America Latina (inclusive Brasil)
Martinelli: ‘O Brasil está olhando para dentro, em vez de para fora’
- Para o presidente do Panamá, país ‘se vende mal’ no exterior
DAVOS – Ele é magnata de rede de supermercados. Comprou muitos
produtos brasileiros e, como muitos empresários envolvidos em negócios
com o Brasil, conta que teve experiência traumática nos aeroportos do
país. Mas é hoje com a autoridade de líder da economia que mais cresce
na América Latina (12%) que o presidente do Panamá, Ricardo Martinelli,
um descendente de italiano de 62 anos que fez fortuna no setor da grande
distribuição, diz ao GLOBO: o Brasil se vende mal. “Vocês fracassariam
vendendo Cola-cola no deserto”, provoca. O grande erro brasileiro que
explica o baixo crescimento, segundo ele: o país está se voltando para
dentro quando deveria estar olhando para fora. Num debate nesta
quarta-feira sobre América Latina, ele disse que não contrataria nenhum
dos líderes do continente “nem para comandar uma usina de
refrigerantes”.
O Panama é o país que mais cresce na América Latina. Qual o segredo de 12% ao ano?
MARTINELLI – O Panama é um país muito aberto. Aproveitamos ao máximo nossa posição geográfica. É por isso que temos o maior aeroporto na América Latina, com voos para oito cidades no Brasil. Em bases competitivas, é o sexto melhor conectado do mundo. Estamos em 4º lugar no mundo no setor de portos. Isso permite convergência de pessoas e nos permite atrair muitas multinacionais. Os impostos são baixos, legalizamos todos os imigrantes ilegais, reduzimos todas as tarifas de comércio e simplificamos a burocracia.
Quanto tempo demora para abrir uma empresa no Panamá?
Vinte e quatro horas. Pode abrir por internet. Temos ainda um país com pleno emprego, baixa inflação e baixos índices de criminalidade. O governo está investindo pesado em infra-estrutura: aeroportos, metrô, estradas, linhas de ônibus. Além disso, temos o título de grau de investimento (dados pelas agências de avaliação de risco para os países com baixo risco de inadimplência) e baixo déficit do orçamento. Os brasileiros, quando chegam no aeroporto do Panamá, compram tudo! Comparado com o Brasil, tudo é tão mais barato.
Mas a fórmula para um país de 3,5 milhões de pessoas como o seu serve para um país de 190 milhões de pessoas que é a sexta maior economia do mundo como o Brasil?
Claro! Os problemas que os governos têm são os mesmos. Se você tem uma economia aberta, sem impostos, obstáculos, sem muita burocracia e sem xenofobia em relação a investimentos estrangeiro, e ao mesmo tempo um governo pro-ativo, que não está fiscalizando o que as pessoas fazem, sem intervenção. O melhor governo é o que lidera.
É um conselho para a presidente Dilma Rousseff?
Meu conselho é: mais homens de negócio na política. Para tentar mudar a política de dentro, como eu.
Dilma não é empresária. Está no lugar errado?
Não disse isso... não me cause problemas (risos). O que quero dizer é que empresários se queixam muito. São eles que pagam impostos e vêem para encontros como este (Davos) para promover um país. Ao mesmo tempo não querem se envolver com o governo. Meu conselho é que se envolvam, assumindo o comando ou aceitem convite para participar do governo. Precisamos das melhores pessoas para comandar um governo.
E quem vai comandar as empresas, se os melhores empresários pularem para a política?
Eu tenho meus filhos, que são muito qualificados. Mas pode-se sempre pagar um bom executivo-chefe.
O senhor é parte do conselho de administração de várias empresas no Panamá. Não é um choque de interesses?
Eu abri mão de todas estas posições. E coloquei minhas ações num "trust", para não tenha mais nada a ver com elas. Não vendo um centavo para o governo e tento me envolver em negócios que têm a ver com o governo.
Por que o Brasil está crescendo tão pouco?
As empresas brasileiros não estou olhando para fora. Só estão olhando para dentro. Eu comprava muitos produtos do Brasil para a minha rede de supermercados: muita comida, brinquedos, ferragens. E ia muito ao Brasil para feiras de comércio. As empresas brasileiras estão muito mais interessadas em vender para o mercado local do que no estrangeiro. Continuamos comprando produtos brasileiros. Mas um país nunca vai se desenvolver, se você não olhar para fora.
Mesmo tendo um mercado de 200 milhões de pessoas, como o Brasil?
Vocês têm um mercado de 200 milhões de pessoas. Fora são 7 bilhões. Diga-me o que prefere: 200 bilhões ou 7 bilhões ? O Brasil é um poço de energia, mas suas empresas não estão fora. Quantos hotéis brasileiros você conhece no exterior? Onde está o Itaú no exterior? E o Bradesco? O Brasil precisa ir para fora. Tem todas as vantagens para isso. Por exemplo: as ex-colônias da África que falam português, ou América do Sul. Vocês têm um mundo para conquistar. Mas o problema é que brasileiros não querem olhar para fora de suas fronteiras. É por isso que quando veem ao Panamá, compram tudo. No aeroporto do Panamá, se você não falar "portunhol" (mistura de português com espanhol) ou português, você está morto !
Que tipo de produtos os brasileiros compram?
Tudo! Todo tipo. Porque tudo é tão caro no Brasil. Abram! Vocês estão olhando para dentro, em vez de olhar para fora.
O senhor acha que o Brasil vai retormar altas taxas de crescimento?
Se vocês não olharem para fora, não vão crescer o quanto deveriam. Enquanto persistirem em olhar só para o mercado externo, vão crescer menos, menos e menos. Porque há um limite para o número de produtos que você pode vender localmente. Por exemplo: o avião do governo do Panamá (presidencial) é um Embraer. A Copa Airlines (empresa panamenha) tem uns 12. É um ótimo avião, mas não muita gente está comprando. Os brasileiros não se vendem! Vocês são ótimos promotores do carnaval no Rio de Janeiro. Mas não são bons promotores dos produtos brasileiros no exterior. Eu vim a Davos num avião da Embraer. Excelente avião. Eu adoro. E sabe por que? Porque eu conheço e uso. Mas ninguém aqui conhece. Ninguém viu. Ninguém usou. Mas no aeroporto aqui, olha para o lado e não vê Embraer. Por que? Porque vocês não se vendem! Vocês são tão bons. Mas são os piores vendedores. Brasileiros fracassariam vendendo Coca-cola no deserto!
Planejam comprar mais aviões da Embraer?
Claro! Têm bom preço e são ótimos aviões.
Vocês investiram muito em infraestrutura. O Brasil terá dois grandes eventos – Copa do Mundo e Olimpíadas. Há tempo para construir infraestrutura?
Acho que estão fazendo, mas entendo que tem um problema num dos estados com população indígena. Mas o Brasil tem a capacidade, os recursos e uma grande equipe, no futebol e em outras áreas. O que está faltando é uma boa infraestrutura nos aeroportos. Como vocês planejam trazer tanta gente? Passar por Guarulhos, em São Paulo, é uma experiência horrível! Eu conheço o seu país de uma ponta à outra. Brasil precisa se abrir e construir aeroportos. Vocês têm o maior potencial: muitos minerais, um governo sólido, recursos externos. Mas enquanto continuarem olhando para dentro...
O senhor disse que não contrataria nenhum líder latinoamericano de hoje para comandar um país. Por que?
O que quis dizer é que mais empresários precisam entrar no governo. Para trazer mais o sabor de negócios na política.
O sucessor de Dilma Rousseff deveria ser empresário?
Isso depende do eleitorado brasileiro.
A revista britânica The Economist disse o que fere o investimento no Panamá é a corrupção. Como lidar como isso?
Isso foi exagerado. Eu sempre digo a quem acha que tem corrupção: apresentem uma queixa formal. Quando você tem um país crescendo ao ritmo de 12%, com muita contratação de trabalhos públicos, há sempre erros. Mas chamar isso de corrupção ou de elevar demasiadamente os preços, é outra coisa.
O Panama é o país que mais cresce na América Latina. Qual o segredo de 12% ao ano?
MARTINELLI – O Panama é um país muito aberto. Aproveitamos ao máximo nossa posição geográfica. É por isso que temos o maior aeroporto na América Latina, com voos para oito cidades no Brasil. Em bases competitivas, é o sexto melhor conectado do mundo. Estamos em 4º lugar no mundo no setor de portos. Isso permite convergência de pessoas e nos permite atrair muitas multinacionais. Os impostos são baixos, legalizamos todos os imigrantes ilegais, reduzimos todas as tarifas de comércio e simplificamos a burocracia.
Quanto tempo demora para abrir uma empresa no Panamá?
Vinte e quatro horas. Pode abrir por internet. Temos ainda um país com pleno emprego, baixa inflação e baixos índices de criminalidade. O governo está investindo pesado em infra-estrutura: aeroportos, metrô, estradas, linhas de ônibus. Além disso, temos o título de grau de investimento (dados pelas agências de avaliação de risco para os países com baixo risco de inadimplência) e baixo déficit do orçamento. Os brasileiros, quando chegam no aeroporto do Panamá, compram tudo! Comparado com o Brasil, tudo é tão mais barato.
Mas a fórmula para um país de 3,5 milhões de pessoas como o seu serve para um país de 190 milhões de pessoas que é a sexta maior economia do mundo como o Brasil?
Claro! Os problemas que os governos têm são os mesmos. Se você tem uma economia aberta, sem impostos, obstáculos, sem muita burocracia e sem xenofobia em relação a investimentos estrangeiro, e ao mesmo tempo um governo pro-ativo, que não está fiscalizando o que as pessoas fazem, sem intervenção. O melhor governo é o que lidera.
É um conselho para a presidente Dilma Rousseff?
Meu conselho é: mais homens de negócio na política. Para tentar mudar a política de dentro, como eu.
Dilma não é empresária. Está no lugar errado?
Não disse isso... não me cause problemas (risos). O que quero dizer é que empresários se queixam muito. São eles que pagam impostos e vêem para encontros como este (Davos) para promover um país. Ao mesmo tempo não querem se envolver com o governo. Meu conselho é que se envolvam, assumindo o comando ou aceitem convite para participar do governo. Precisamos das melhores pessoas para comandar um governo.
E quem vai comandar as empresas, se os melhores empresários pularem para a política?
Eu tenho meus filhos, que são muito qualificados. Mas pode-se sempre pagar um bom executivo-chefe.
O senhor é parte do conselho de administração de várias empresas no Panamá. Não é um choque de interesses?
Eu abri mão de todas estas posições. E coloquei minhas ações num "trust", para não tenha mais nada a ver com elas. Não vendo um centavo para o governo e tento me envolver em negócios que têm a ver com o governo.
Por que o Brasil está crescendo tão pouco?
As empresas brasileiros não estou olhando para fora. Só estão olhando para dentro. Eu comprava muitos produtos do Brasil para a minha rede de supermercados: muita comida, brinquedos, ferragens. E ia muito ao Brasil para feiras de comércio. As empresas brasileiras estão muito mais interessadas em vender para o mercado local do que no estrangeiro. Continuamos comprando produtos brasileiros. Mas um país nunca vai se desenvolver, se você não olhar para fora.
Mesmo tendo um mercado de 200 milhões de pessoas, como o Brasil?
Vocês têm um mercado de 200 milhões de pessoas. Fora são 7 bilhões. Diga-me o que prefere: 200 bilhões ou 7 bilhões ? O Brasil é um poço de energia, mas suas empresas não estão fora. Quantos hotéis brasileiros você conhece no exterior? Onde está o Itaú no exterior? E o Bradesco? O Brasil precisa ir para fora. Tem todas as vantagens para isso. Por exemplo: as ex-colônias da África que falam português, ou América do Sul. Vocês têm um mundo para conquistar. Mas o problema é que brasileiros não querem olhar para fora de suas fronteiras. É por isso que quando veem ao Panamá, compram tudo. No aeroporto do Panamá, se você não falar "portunhol" (mistura de português com espanhol) ou português, você está morto !
Que tipo de produtos os brasileiros compram?
Tudo! Todo tipo. Porque tudo é tão caro no Brasil. Abram! Vocês estão olhando para dentro, em vez de olhar para fora.
O senhor acha que o Brasil vai retormar altas taxas de crescimento?
Se vocês não olharem para fora, não vão crescer o quanto deveriam. Enquanto persistirem em olhar só para o mercado externo, vão crescer menos, menos e menos. Porque há um limite para o número de produtos que você pode vender localmente. Por exemplo: o avião do governo do Panamá (presidencial) é um Embraer. A Copa Airlines (empresa panamenha) tem uns 12. É um ótimo avião, mas não muita gente está comprando. Os brasileiros não se vendem! Vocês são ótimos promotores do carnaval no Rio de Janeiro. Mas não são bons promotores dos produtos brasileiros no exterior. Eu vim a Davos num avião da Embraer. Excelente avião. Eu adoro. E sabe por que? Porque eu conheço e uso. Mas ninguém aqui conhece. Ninguém viu. Ninguém usou. Mas no aeroporto aqui, olha para o lado e não vê Embraer. Por que? Porque vocês não se vendem! Vocês são tão bons. Mas são os piores vendedores. Brasileiros fracassariam vendendo Coca-cola no deserto!
Planejam comprar mais aviões da Embraer?
Claro! Têm bom preço e são ótimos aviões.
Vocês investiram muito em infraestrutura. O Brasil terá dois grandes eventos – Copa do Mundo e Olimpíadas. Há tempo para construir infraestrutura?
Acho que estão fazendo, mas entendo que tem um problema num dos estados com população indígena. Mas o Brasil tem a capacidade, os recursos e uma grande equipe, no futebol e em outras áreas. O que está faltando é uma boa infraestrutura nos aeroportos. Como vocês planejam trazer tanta gente? Passar por Guarulhos, em São Paulo, é uma experiência horrível! Eu conheço o seu país de uma ponta à outra. Brasil precisa se abrir e construir aeroportos. Vocês têm o maior potencial: muitos minerais, um governo sólido, recursos externos. Mas enquanto continuarem olhando para dentro...
O senhor disse que não contrataria nenhum líder latinoamericano de hoje para comandar um país. Por que?
O que quis dizer é que mais empresários precisam entrar no governo. Para trazer mais o sabor de negócios na política.
O sucessor de Dilma Rousseff deveria ser empresário?
Isso depende do eleitorado brasileiro.
A revista britânica The Economist disse o que fere o investimento no Panamá é a corrupção. Como lidar como isso?
Isso foi exagerado. Eu sempre digo a quem acha que tem corrupção: apresentem uma queixa formal. Quando você tem um país crescendo ao ritmo de 12%, com muita contratação de trabalhos públicos, há sempre erros. Mas chamar isso de corrupção ou de elevar demasiadamente os preços, é outra coisa.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/economia/martinelli-brasil-esta-olhando-para-dentro-em-vez-de-para-fora-7382442#ixzz2JEiS8RhY
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domingo, 27 de janeiro de 2013
Confucio: nova traducao dos Analetos por Giorgio Sinedino
Foi meu ex-orientando no Mestrado em Diplomacia do Instituto Rio Branco. Passou anos, na Embaixada em Beijing, estudando chines. Recomendo, portanto.
Paulo Roberto de Almeida
O Pensador da China
Gilberto Scofield
O Globo, Magazine Literario, sábado, 12/01/2013
Edição comentada da principal obra do filósofo, ‘Os analectos’, é caminho para se compreender as contradições do país hoje.
A emergência econômica da China nas últimas décadas tirou o pensamento do filósofo chinês Confúcio (551-479 a.C.) das compilações de frases feitas com propósitos de autoajuda e o inseriu na arena de debates intelectuais ocidentais sérios. Afinal, trata-se de um dos mais importantes filósofos do país, um sábio em torno do qual foi criada uma escola de pensamento que diz muito sobre o que é a China hoje. Quer entender porque a China avança tanto nos rankings das maiores economias do planeta quanto nas listas de países onde os abusos trabalhistas são uma constrangedora rotina? Mergulhe em Confúcio.
Até agora, tudo o que se publicou no Brasil a respeito de Confúcio são coletâneas de frases pinçadas de sua principal obra, “Os analectos” (ou mesmo traduções para o português de edições publicadas em outras línguas), o que resulta em um livro bastante sem sentido para qualquer um que busque entender o confucionismo sem pistas sobre a China de 2,5 mil anos atrás. Mas essa falha foi corrigida em alto estilo com a publicação, pela editora Unesp em parceria com o Instituto Confúcio, de “Os analectos” numa edição comentada e traduzida para o português diretamente do chinês pelo diplomata Giorgio Sinedino, que há sete anos dedica-se a estudar tanto a língua quanto a obra.
Contexto feudal
O esforço da Unesp resultou numa vigorosa obra — são 608 páginas — que faz juz ao desafio que é destrinchar o pensamento confucionista, um exercício ao qual se debruçam os chineses até hoje. Lá, “Os analectos” são publicados em edições comentadas, sendo a mais importante e influente delas a do também filósofo Zhu Xi (1130 a 1200 d.C.), justamente a usada por Sinedino como base para a tradução do livro editado pela Unesp. As dificuldades foram grandes, como o chinês arcaico dos textos, extremamente sintético. Como estudioso da cultura chinesa, o diplomata teve que contextualizar o pensamento chinês diante da realidade feudal da época em que o confucionismo começou a tomar forma. A tarefa levou três anos de pesquisa e um ano de tradução propriamente dita.
— A maior dificuldade na tradução de um texto em chinês arcaico está em administrar diferenças sintáticas com o português. Além disso, por ser uma língua muito sintética, o chinês arcaico deixa subentendidas coisas que para um estrangeiro teriam de ser comunicadas. Sendo assim, as traduções em geral têm que complementar o original com uma série de informações omitidas no original e aí está uma fonte de erros e manipulações do texto. Eu traduzi as citações literalmente, mostrando ao leitor aquilo que acrescentei por meio de colchetes. Esses acréscimos nada mais são do que ajustes sintáticos e semânticos, para que o texto não fique incompreensível em português. Nos comentários eu apresento aquilo que possivelmente ficou suprimido no texto principal e debato as diversas interpretações das passagens — diz Sinedino.
Só quem alguma vez teve contato com a língua chinesa pode dimensionar o grau de complexidade da tarefa. O chinês clássico do pensamento confucionista, do século IV a.C., é “radicalmente telegráfico e sintético, com muitas janelas de interpretação e dubiedades”, nas palavras do próprio Sinedino. O chinês dos comentários de Zhu Xi, por sua vez, é do século XI, conhecido como vernacular antigo. Entre este e o chinês moderno correm dez séculos de civilização.
— O papel dos comentários está em restringir as diversas leituras possíveis do original a um tipo particular de interpretação, no caso, a de Zhu Xi, que se tornou o comentário padrão de “Os analectos”. O comentário de Zhu foi o texto base para exames de acesso à carreira burocrática na China do século XIII até o começo do século XX. Hoje em dia é a interpretação padrão das ideias confucianas. Como há muitos manuscritos com pequenas divergências, adotei a edição consolidada e revista da conceituada editora Zhonghua Shuju, de 1982. Esse volume é a edição padrão usada para pesquisas confucianas nas pós-graduações chinesas, sendo também referência mundial — afirma o diplomata.
Editor-executivo da Editora Unesp, Jézio Hernane Bonfim Gutierre explica que a publicação faz parte da parceria entre a universidade paulista e o Instituto Confúcio, que busca traduzir diretamente do chinês para o português livros fundamentais da cultura chinesa.
— Gerações inteiras até hoje são influenciadas pelo pensamento confucionista, de modo que achamos fundamental apresentar esse livro devidamente comentado, como fazem os chineses. Acreditamos que a compreensão da obra extrapola a questão filosófica pura e simples. Para quem quer entender hoje a lógica do pensamento do governo comunista, e seus apelos sobre sociedade harmoniosa, não pode ignorar a lógica confucionista.
O pensamento confucionista nasceu quando a China era uma fração do gigante atual, um apanhado de reinos conhecido como Período da Primavera e Outono (770-476 a.C.). O sistema feudal já contava com uma estrutura de governo que buscava uma lógica administrativa infalível. Acreditava-se que o reino mais bem administrado seria, necessariamente, o mais poderoso.
Assim como na história da filosofia grega, o que existe até hoje do pensamento confucionista são interpretações e comentários de discípulos de Confúcio que foram transmitindo o pensamento do mestre por gerações. O próprio Confúcio fazia questão de dizer que sua sabedoria vinha de uma tradição anterior, revelando uma importante característica dos pensadores chineses, explicada no livro: os filósofos se definem apenas como divulgadores de tradições, não como criadores de pensamento propriamente dito.
Ensinamentos morais
Zhu Xi foi um dos mais importantes estudiosos do confucionismo, que ele sistematizou como corrente de pensamento em quatro livros de interpretações: “O grande aprendizado”, “Os analectos”, “Mêncio” e “A doutrina do meio”, considerados a leitura imprescindível para quem quisesse tornar-se um sábio preparado para governar. O conjunto de ensinamentos morais de “Os analectos” — impregnados de conceitos como a virtude de se praticar o bem, o respeito às hierarquias e à família, a submissão resignada dos populares e das mulheres, a predestinação, entre outros conceitos — é ensinado nos bancos escolares e universitários, transmitidos pelas famílias por meio de ditados populares, adaptado em livros para executivos associados a técnicas de gerência e administração e amplamente manipulado pelo governo de Pequim para tentar doutrinar a população chinesa. Presta-se a vários fins e faz parte do sistema cultural do país. A explicação é do próprio Sinedino:
“Se compararmos as escolas de pensamento gregas com as escolas chinesas, veremos que há uma importância menor do pensamento e da criatividade individuais no lado chinês. O pensamento na China é mais uma circunstância do convívio e da luta pelo reconhecimento da sociedade por uma escola de pensamento. Portanto, quando falamos em Confúcio devemos ter em mente não apenas o trabalho intelectual realizado pelos discípulos, mas também todo o trabalho político de busca de patrocínio político para a escola. Isso é regra para qualquer pensamento na China. Temos que ver o confucionismo não exclusivamente como obra de Confúcio, mas como um complexo de relações entre pensamento, o tipo de trabalho político que foi realizado com base nesse pensamento e o tipo de recepção que tal trabalho recebeu das elites e do governo”.
Paulo Roberto de Almeida
O Pensador da China
Gilberto Scofield
O Globo, Magazine Literario, sábado, 12/01/2013
Edição comentada da principal obra do filósofo, ‘Os analectos’, é caminho para se compreender as contradições do país hoje.
A emergência econômica da China nas últimas décadas tirou o pensamento do filósofo chinês Confúcio (551-479 a.C.) das compilações de frases feitas com propósitos de autoajuda e o inseriu na arena de debates intelectuais ocidentais sérios. Afinal, trata-se de um dos mais importantes filósofos do país, um sábio em torno do qual foi criada uma escola de pensamento que diz muito sobre o que é a China hoje. Quer entender porque a China avança tanto nos rankings das maiores economias do planeta quanto nas listas de países onde os abusos trabalhistas são uma constrangedora rotina? Mergulhe em Confúcio.
Até agora, tudo o que se publicou no Brasil a respeito de Confúcio são coletâneas de frases pinçadas de sua principal obra, “Os analectos” (ou mesmo traduções para o português de edições publicadas em outras línguas), o que resulta em um livro bastante sem sentido para qualquer um que busque entender o confucionismo sem pistas sobre a China de 2,5 mil anos atrás. Mas essa falha foi corrigida em alto estilo com a publicação, pela editora Unesp em parceria com o Instituto Confúcio, de “Os analectos” numa edição comentada e traduzida para o português diretamente do chinês pelo diplomata Giorgio Sinedino, que há sete anos dedica-se a estudar tanto a língua quanto a obra.
Contexto feudal
O esforço da Unesp resultou numa vigorosa obra — são 608 páginas — que faz juz ao desafio que é destrinchar o pensamento confucionista, um exercício ao qual se debruçam os chineses até hoje. Lá, “Os analectos” são publicados em edições comentadas, sendo a mais importante e influente delas a do também filósofo Zhu Xi (1130 a 1200 d.C.), justamente a usada por Sinedino como base para a tradução do livro editado pela Unesp. As dificuldades foram grandes, como o chinês arcaico dos textos, extremamente sintético. Como estudioso da cultura chinesa, o diplomata teve que contextualizar o pensamento chinês diante da realidade feudal da época em que o confucionismo começou a tomar forma. A tarefa levou três anos de pesquisa e um ano de tradução propriamente dita.
— A maior dificuldade na tradução de um texto em chinês arcaico está em administrar diferenças sintáticas com o português. Além disso, por ser uma língua muito sintética, o chinês arcaico deixa subentendidas coisas que para um estrangeiro teriam de ser comunicadas. Sendo assim, as traduções em geral têm que complementar o original com uma série de informações omitidas no original e aí está uma fonte de erros e manipulações do texto. Eu traduzi as citações literalmente, mostrando ao leitor aquilo que acrescentei por meio de colchetes. Esses acréscimos nada mais são do que ajustes sintáticos e semânticos, para que o texto não fique incompreensível em português. Nos comentários eu apresento aquilo que possivelmente ficou suprimido no texto principal e debato as diversas interpretações das passagens — diz Sinedino.
Só quem alguma vez teve contato com a língua chinesa pode dimensionar o grau de complexidade da tarefa. O chinês clássico do pensamento confucionista, do século IV a.C., é “radicalmente telegráfico e sintético, com muitas janelas de interpretação e dubiedades”, nas palavras do próprio Sinedino. O chinês dos comentários de Zhu Xi, por sua vez, é do século XI, conhecido como vernacular antigo. Entre este e o chinês moderno correm dez séculos de civilização.
— O papel dos comentários está em restringir as diversas leituras possíveis do original a um tipo particular de interpretação, no caso, a de Zhu Xi, que se tornou o comentário padrão de “Os analectos”. O comentário de Zhu foi o texto base para exames de acesso à carreira burocrática na China do século XIII até o começo do século XX. Hoje em dia é a interpretação padrão das ideias confucianas. Como há muitos manuscritos com pequenas divergências, adotei a edição consolidada e revista da conceituada editora Zhonghua Shuju, de 1982. Esse volume é a edição padrão usada para pesquisas confucianas nas pós-graduações chinesas, sendo também referência mundial — afirma o diplomata.
Editor-executivo da Editora Unesp, Jézio Hernane Bonfim Gutierre explica que a publicação faz parte da parceria entre a universidade paulista e o Instituto Confúcio, que busca traduzir diretamente do chinês para o português livros fundamentais da cultura chinesa.
— Gerações inteiras até hoje são influenciadas pelo pensamento confucionista, de modo que achamos fundamental apresentar esse livro devidamente comentado, como fazem os chineses. Acreditamos que a compreensão da obra extrapola a questão filosófica pura e simples. Para quem quer entender hoje a lógica do pensamento do governo comunista, e seus apelos sobre sociedade harmoniosa, não pode ignorar a lógica confucionista.
O pensamento confucionista nasceu quando a China era uma fração do gigante atual, um apanhado de reinos conhecido como Período da Primavera e Outono (770-476 a.C.). O sistema feudal já contava com uma estrutura de governo que buscava uma lógica administrativa infalível. Acreditava-se que o reino mais bem administrado seria, necessariamente, o mais poderoso.
Assim como na história da filosofia grega, o que existe até hoje do pensamento confucionista são interpretações e comentários de discípulos de Confúcio que foram transmitindo o pensamento do mestre por gerações. O próprio Confúcio fazia questão de dizer que sua sabedoria vinha de uma tradição anterior, revelando uma importante característica dos pensadores chineses, explicada no livro: os filósofos se definem apenas como divulgadores de tradições, não como criadores de pensamento propriamente dito.
Ensinamentos morais
Zhu Xi foi um dos mais importantes estudiosos do confucionismo, que ele sistematizou como corrente de pensamento em quatro livros de interpretações: “O grande aprendizado”, “Os analectos”, “Mêncio” e “A doutrina do meio”, considerados a leitura imprescindível para quem quisesse tornar-se um sábio preparado para governar. O conjunto de ensinamentos morais de “Os analectos” — impregnados de conceitos como a virtude de se praticar o bem, o respeito às hierarquias e à família, a submissão resignada dos populares e das mulheres, a predestinação, entre outros conceitos — é ensinado nos bancos escolares e universitários, transmitidos pelas famílias por meio de ditados populares, adaptado em livros para executivos associados a técnicas de gerência e administração e amplamente manipulado pelo governo de Pequim para tentar doutrinar a população chinesa. Presta-se a vários fins e faz parte do sistema cultural do país. A explicação é do próprio Sinedino:
“Se compararmos as escolas de pensamento gregas com as escolas chinesas, veremos que há uma importância menor do pensamento e da criatividade individuais no lado chinês. O pensamento na China é mais uma circunstância do convívio e da luta pelo reconhecimento da sociedade por uma escola de pensamento. Portanto, quando falamos em Confúcio devemos ter em mente não apenas o trabalho intelectual realizado pelos discípulos, mas também todo o trabalho político de busca de patrocínio político para a escola. Isso é regra para qualquer pensamento na China. Temos que ver o confucionismo não exclusivamente como obra de Confúcio, mas como um complexo de relações entre pensamento, o tipo de trabalho político que foi realizado com base nesse pensamento e o tipo de recepção que tal trabalho recebeu das elites e do governo”.
Criminosos nazistas impunes na America do Sul - Der Spiegel
Governo brasileiro acobertou nazistas para evitar julgamento de crimes da ditadura
Felix Bohr
Der Spiegel
(FSP, 27/01/2013)
Na Segunda Guerra Mundial, dezenas de criminosos nazistas foram se esconder na América do Sul. Um novo estudo revela como uma "coalizão relutante" dos dois lados do Atlântico conseguiu por décadas atrapalhar os esforços para caçar e levar à justiça esses criminosos.
Foi preciso apenas um número trocado -1974 em vez de 1947- para Gustav Wagner ter permissão para permanecer no Brasil. Foi um mero lapso do homem que traduziu o documento do alemão para o português que levou a Suprema Corte do Brasil a negar o pedido da Alemanha Ocidental para extraditar o antigo oficial da SS. E ainda assim, Wagner era acusado de cumplicidade no assassinato de 152 mil judeus no campo de exterminação Sobibor, na Polônia ocupada pelos alemães.
Josef Mengele, o notório médico do campo de concentração de Auschwitz, também se beneficiou de erros e atrasos porque os policiais franceses da Interpol, a força policial internacional com sede em Paris, recusou-se a conduzir buscas internacionais de criminosos de guerra nazistas. Já no caso do coronel da SS Walther Rauff, que ajudou a desenvolver as câmaras de gás portáteis usadas para matar judeus, foi um membro do Ministério de Relações Exteriores da Alemanha que sabotou o pedido de extradição de seu próprio governo para o Chile por 14 meses.
Como resultado dessas falhas, esses três brutamontes nazistas nunca foram julgados pelas cortes alemãs depois da guerra. Wagner, a "besta" de Sobibor, morreu em São Paulo; Mengele afogou-se no Brasil e Rauff morreu de ataque cardíaco no Chile. Das centenas de oficiais nazistas e assassinos em massa que fugiram para a América do Sul após a rendição da Alemanha nazista, apenas meia dúzia deles jamais foram julgados.
Como tantos criminosos conseguiram sair sem punição, apesar de serem claramente culpados? Esta é uma questão que deixa os acadêmicos abismados até hoje. Seria pela falta de cooperação das autoridades da Alemanha Ocidental? A falta de interesse por parte dos regimes da América do Sul? Havia laços secretos e colaboração entre nazistas dos dois lados do Atlântico?
O historiador Daniel Stahl conduziu uma pesquisa nos arquivos europeus e sul-americanos para escrever seu novo livro, chamado "Nazi Hunt: South America's Dictatorships and the Avenging of Nazi Crimes" (em tradução livre: "Caça aos nazistas: as ditaduras sul-americanas e a compensação pelos crimes de guerra"). O trabalho oferece uma resposta certeira e terrível ao que há muito se suspeita: que havia uma ampla coalizão de pessoas –nos diferentes continentes, na justiça, nos corpos policiais e governos- que não se dispunham a agir ou até prejudicavam a perseguição dos criminosos nazistas por décadas.
Embargado por antigos nazistas
Stahl acredita que os motivos que levaram cada um a participar do que ele chama de "coalizão relutante" variou muito. Os diplomatas da Alemanha Ocidental sabotavam a caça aos nazistas por solidariedade. Já os investigadores franceses temiam que uma cooperação pudesse expor seus próprios passados como colaboradores nazistas. E os ditadores da América do Sul se recusavam a extraditar antigos nazistas por preocupação que os julgamentos de criminosos de guerra pudesse chamar atenção internacional aos crimes que seus próprios governos estavam cometendo na época.
Não era difícil para essa coalizão torpedear a caça aos nazistas. Inúmeros agentes –na polícia, na justiça, no governo- tinham que trabalhar juntos para organizar e realizar os julgamentos por crime. De fato, um pequeno erro ou uma irregularidade processual menor era suficiente para atrapalhar a prisão dos criminosos.
Stahl não deixa dúvidas que o judiciário da Alemanha Ocidental foi especialmente culpado de sérios lapsos. Suas descobertas confirmam que a instituição foi negligente em sua capacidade de processar os assassinos nazistas por décadas.
Walther Rauff, por exemplo, viajou entre a América do Sul e Alemanha depois da guerra como representante de várias empresas e nunca encontrou dificuldades, porque seu nome não aparecia em nenhuma das listas de criminosos procurados. Apenas em 1961, os promotores públicos da cidade de Hanover, no norte da Alemanha, emitiram um mandado para a prisão de Rauff por quase 100 mil acusações de assassinato.
Encontrar o endereço de Rauff no Chile não foi problema, e o Ministério de Relações Exteriores da Alemanha instruiu o embaixador Hans Strack, em Santiago, a solicitar a extradição do criminoso nazista. Mas Strack, que também tinha trabalhado no Ministério de Relações Exteriores antes de 1945, ignorou as instruções do ministério em Bonn e permitiu que o caso se arrastasse por 14 meses.
Apenas quando os membros da justiça em Hanover notificaram os colegas federais que estavam "extremamente desconcertados" com o fato de a embaixada estar tratando o caso "com tanta hesitação" que o governo disciplinou o embaixador recalcitrante. Strack, conhecido oponente das reparações pelos crimes da Alemanha nazista, finalmente pediu a extradição de Rauff, que levou à sua prisão no final de 1962.
Mas então, era tarde demais para punir Rauff, porque o homicídio prescrevia na maior parte dos países sul-americanos na época. A Suprema Corte do Chile negou o pedido da Alemanha para extraditar o ex-coronel da SS. Apesar dos protestos internacionais, Rauff continuou vivendo como homem livre no Chile por décadas.
Em outros casos, uma falta de cooperação da Interpol prejudicou a busca de nazistas. Stahl recuperou um documento particularmente revelador, as minutas de um encontro do comitê executivo da Interpol de maio de 1962. Pouco tempo antes, o Congresso Judeu Mundial tinha pedido à Interpol que participasse da busca mundial por criminosos nazistas. O então secretário-geral da Interpol, Marcel Sicot, respondeu com revolta. Por que os criminosos de guerra devem ser julgados, teria dito o francês segundo as minutas, "quando o vitorioso sempre impõe suas leis, de qualquer forma? Nenhuma entidade internacional define o termo ‘criminoso de guerra’". De fato, Sicot via a perseguição criminal de crimes nazistas como "a justiça do vitorioso".
Em 1960, houve rumores que Josef Mengele, o médico do campo de concentração conhecido como "Anjo da Morte", estava escondido no Brasil ou no Chile. O Ministro da Justiça Alemão aconselhou o Escritório da Polícia Criminal Federal a conduzir uma caçada –mas sem envolver a Interpol. As autoridades em Bonn aparentemente estavam tentando evitar incomodar os investigadores internacionais com o caso, mas o esconderijo de Mengele nunca foi encontrado.
Stahl atribuiu o fracasso da Interpol em prender nazistas e seus colaboradores ao passado de muitos policiais franceses. "Como homens do regime de Vichy, (eles) colaboraram com os nazistas até 1944", escreve Stahl. "Eles se opunham ao julgamento de crimes nazistas".
Stahl também observa que um dos principais obstáculos para a caçada de criminosos nazistas de fato era que os ditadores sul-americanos queriam cobrir seus próprios crimes. No dia 22 de junho e 1979, o embaixador alemão em Brasília escreveu que a extradição de alguém que tinha cometido crimes de guerra quase 40 anos antes ia "reforçar os pedidos dos que insistem que todos os crimes devem ser julgados, inclusive os cometidos pelos militares e policiais". Um pouco antes, o governo do então chanceler Helmut Schmidt tinha pedido a extradição de Wagner, subcomandante de Sobibor, um pedido que os juízes da Suprema Corte do Brasil negaram.
Na Alemanha, uma nova geração tinha entrado na burocracia do governo –e não tinha medo de usar meios não convencionais para colocar os criminosos nazistas atrás das grades. Em 1982, a Promotoria Pública de Munique iniciou procedimentos para pedir a extradição de Klaus Barbie, ex-diretor da Gestapo em Lyon, França. Temendo que Barbie pudesse ser absolvido na Alemanha por falta de evidências, os funcionários do Ministério da Justiça pediram aos seus colegas das Relações Exteriores que sugerissem aos aliados franceses que "eles também deveriam pedir a deportação de Barbie, especificamente da Bolívia para a França".
Quando Paris concordou, o Ministério de Relações Exteriores instruiu a embaixada alemã em La Paz, capital da Bolívia, que "encorajasse tal procedimento com os meios apropriados".
No início de 1983, Barbie foi deportado para a França. O famoso "Açougueiro de Lyon" morreu em um hospital naquela cidade em 1991.
Traduzido do alemão por Christoph Sultan.
Felix Bohr
Der Spiegel
(FSP, 27/01/2013)
Na Segunda Guerra Mundial, dezenas de criminosos nazistas foram se esconder na América do Sul. Um novo estudo revela como uma "coalizão relutante" dos dois lados do Atlântico conseguiu por décadas atrapalhar os esforços para caçar e levar à justiça esses criminosos.
Foi preciso apenas um número trocado -1974 em vez de 1947- para Gustav Wagner ter permissão para permanecer no Brasil. Foi um mero lapso do homem que traduziu o documento do alemão para o português que levou a Suprema Corte do Brasil a negar o pedido da Alemanha Ocidental para extraditar o antigo oficial da SS. E ainda assim, Wagner era acusado de cumplicidade no assassinato de 152 mil judeus no campo de exterminação Sobibor, na Polônia ocupada pelos alemães.
Josef Mengele, o notório médico do campo de concentração de Auschwitz, também se beneficiou de erros e atrasos porque os policiais franceses da Interpol, a força policial internacional com sede em Paris, recusou-se a conduzir buscas internacionais de criminosos de guerra nazistas. Já no caso do coronel da SS Walther Rauff, que ajudou a desenvolver as câmaras de gás portáteis usadas para matar judeus, foi um membro do Ministério de Relações Exteriores da Alemanha que sabotou o pedido de extradição de seu próprio governo para o Chile por 14 meses.
Como resultado dessas falhas, esses três brutamontes nazistas nunca foram julgados pelas cortes alemãs depois da guerra. Wagner, a "besta" de Sobibor, morreu em São Paulo; Mengele afogou-se no Brasil e Rauff morreu de ataque cardíaco no Chile. Das centenas de oficiais nazistas e assassinos em massa que fugiram para a América do Sul após a rendição da Alemanha nazista, apenas meia dúzia deles jamais foram julgados.
Como tantos criminosos conseguiram sair sem punição, apesar de serem claramente culpados? Esta é uma questão que deixa os acadêmicos abismados até hoje. Seria pela falta de cooperação das autoridades da Alemanha Ocidental? A falta de interesse por parte dos regimes da América do Sul? Havia laços secretos e colaboração entre nazistas dos dois lados do Atlântico?
O historiador Daniel Stahl conduziu uma pesquisa nos arquivos europeus e sul-americanos para escrever seu novo livro, chamado "Nazi Hunt: South America's Dictatorships and the Avenging of Nazi Crimes" (em tradução livre: "Caça aos nazistas: as ditaduras sul-americanas e a compensação pelos crimes de guerra"). O trabalho oferece uma resposta certeira e terrível ao que há muito se suspeita: que havia uma ampla coalizão de pessoas –nos diferentes continentes, na justiça, nos corpos policiais e governos- que não se dispunham a agir ou até prejudicavam a perseguição dos criminosos nazistas por décadas.
Embargado por antigos nazistas
Stahl acredita que os motivos que levaram cada um a participar do que ele chama de "coalizão relutante" variou muito. Os diplomatas da Alemanha Ocidental sabotavam a caça aos nazistas por solidariedade. Já os investigadores franceses temiam que uma cooperação pudesse expor seus próprios passados como colaboradores nazistas. E os ditadores da América do Sul se recusavam a extraditar antigos nazistas por preocupação que os julgamentos de criminosos de guerra pudesse chamar atenção internacional aos crimes que seus próprios governos estavam cometendo na época.
Não era difícil para essa coalizão torpedear a caça aos nazistas. Inúmeros agentes –na polícia, na justiça, no governo- tinham que trabalhar juntos para organizar e realizar os julgamentos por crime. De fato, um pequeno erro ou uma irregularidade processual menor era suficiente para atrapalhar a prisão dos criminosos.
Stahl não deixa dúvidas que o judiciário da Alemanha Ocidental foi especialmente culpado de sérios lapsos. Suas descobertas confirmam que a instituição foi negligente em sua capacidade de processar os assassinos nazistas por décadas.
Walther Rauff, por exemplo, viajou entre a América do Sul e Alemanha depois da guerra como representante de várias empresas e nunca encontrou dificuldades, porque seu nome não aparecia em nenhuma das listas de criminosos procurados. Apenas em 1961, os promotores públicos da cidade de Hanover, no norte da Alemanha, emitiram um mandado para a prisão de Rauff por quase 100 mil acusações de assassinato.
Encontrar o endereço de Rauff no Chile não foi problema, e o Ministério de Relações Exteriores da Alemanha instruiu o embaixador Hans Strack, em Santiago, a solicitar a extradição do criminoso nazista. Mas Strack, que também tinha trabalhado no Ministério de Relações Exteriores antes de 1945, ignorou as instruções do ministério em Bonn e permitiu que o caso se arrastasse por 14 meses.
Apenas quando os membros da justiça em Hanover notificaram os colegas federais que estavam "extremamente desconcertados" com o fato de a embaixada estar tratando o caso "com tanta hesitação" que o governo disciplinou o embaixador recalcitrante. Strack, conhecido oponente das reparações pelos crimes da Alemanha nazista, finalmente pediu a extradição de Rauff, que levou à sua prisão no final de 1962.
Mas então, era tarde demais para punir Rauff, porque o homicídio prescrevia na maior parte dos países sul-americanos na época. A Suprema Corte do Chile negou o pedido da Alemanha para extraditar o ex-coronel da SS. Apesar dos protestos internacionais, Rauff continuou vivendo como homem livre no Chile por décadas.
Em outros casos, uma falta de cooperação da Interpol prejudicou a busca de nazistas. Stahl recuperou um documento particularmente revelador, as minutas de um encontro do comitê executivo da Interpol de maio de 1962. Pouco tempo antes, o Congresso Judeu Mundial tinha pedido à Interpol que participasse da busca mundial por criminosos nazistas. O então secretário-geral da Interpol, Marcel Sicot, respondeu com revolta. Por que os criminosos de guerra devem ser julgados, teria dito o francês segundo as minutas, "quando o vitorioso sempre impõe suas leis, de qualquer forma? Nenhuma entidade internacional define o termo ‘criminoso de guerra’". De fato, Sicot via a perseguição criminal de crimes nazistas como "a justiça do vitorioso".
Em 1960, houve rumores que Josef Mengele, o médico do campo de concentração conhecido como "Anjo da Morte", estava escondido no Brasil ou no Chile. O Ministro da Justiça Alemão aconselhou o Escritório da Polícia Criminal Federal a conduzir uma caçada –mas sem envolver a Interpol. As autoridades em Bonn aparentemente estavam tentando evitar incomodar os investigadores internacionais com o caso, mas o esconderijo de Mengele nunca foi encontrado.
Stahl atribuiu o fracasso da Interpol em prender nazistas e seus colaboradores ao passado de muitos policiais franceses. "Como homens do regime de Vichy, (eles) colaboraram com os nazistas até 1944", escreve Stahl. "Eles se opunham ao julgamento de crimes nazistas".
Stahl também observa que um dos principais obstáculos para a caçada de criminosos nazistas de fato era que os ditadores sul-americanos queriam cobrir seus próprios crimes. No dia 22 de junho e 1979, o embaixador alemão em Brasília escreveu que a extradição de alguém que tinha cometido crimes de guerra quase 40 anos antes ia "reforçar os pedidos dos que insistem que todos os crimes devem ser julgados, inclusive os cometidos pelos militares e policiais". Um pouco antes, o governo do então chanceler Helmut Schmidt tinha pedido a extradição de Wagner, subcomandante de Sobibor, um pedido que os juízes da Suprema Corte do Brasil negaram.
Na Alemanha, uma nova geração tinha entrado na burocracia do governo –e não tinha medo de usar meios não convencionais para colocar os criminosos nazistas atrás das grades. Em 1982, a Promotoria Pública de Munique iniciou procedimentos para pedir a extradição de Klaus Barbie, ex-diretor da Gestapo em Lyon, França. Temendo que Barbie pudesse ser absolvido na Alemanha por falta de evidências, os funcionários do Ministério da Justiça pediram aos seus colegas das Relações Exteriores que sugerissem aos aliados franceses que "eles também deveriam pedir a deportação de Barbie, especificamente da Bolívia para a França".
Quando Paris concordou, o Ministério de Relações Exteriores instruiu a embaixada alemã em La Paz, capital da Bolívia, que "encorajasse tal procedimento com os meios apropriados".
No início de 1983, Barbie foi deportado para a França. O famoso "Açougueiro de Lyon" morreu em um hospital naquela cidade em 1991.
Traduzido do alemão por Christoph Sultan.
From Davos to... what, exactly?
The world economy
Semi-rational exuberance
The world economy is improving. But not as much as some investors seem to think
A VIRUS is spreading through financial markets—and it isn’t the flu. Investors around the world have been struck by a bout of optimism. As stockmarkets from New York to Tokyo hit multi-year highs, the VIX, a gauge of investors’ fear, fell to its lowest since 2007.
Mario, The Superhero - Business Week
The Stitch-Up Artist
Business Week
January 27, 2013
Experts were skeptical last summer when Mario Draghi gave the speech that saved Europe. Draghi, the president of the European Central Bank, told a London audience that the ECB would do “whatever it takes” to save the euro. At the time, the bespectacled, 64-year-old central banker had nothing to back up his promise. Economists quickly noticed his bravado was out of the fake-it-’til-you-make-it school. “Draghi is damned if he does and damned if he doesn’t,” Carsten Brzeski, senior economist at ING Group (ING) in Brussels, told Bloomberg News. “He maneuvered himself into an extremely difficult situation. Expectations are very high.”
Against long odds, Draghi’s bluff worked. Bond markets rallied on the belief that the ECB would deliver on its promise. The market’s surge fed on itself, adding to Draghi’s credibility. Then he recruited German Chancellor Angela Merkel to his side, splitting her off from Jens Weidmann, the hawkish head of Germany’s central bank, the Deutsche Bundesbank. On Sept. 6, the ECB Governing Council put money where Draghi’s mouth was, committing to buy unlimited quantities of sovereign debt if the issuing nations agreed to strict conditions aimed at getting their finances back in order. (Only Weidmann dissented.) Spain and Italy were the main intended beneficiaries.
Amazingly, the ECB has not had to follow through and buy a single euro’s worth of Spanish or Italian bonds. The open-ended commitment to do so was enough to get private investors to buy. Borrowing costs in the two countries are affordable once again. As the global elite convenes in the Alpine resort of Davos, Switzerland, for the World Economic Forum on Jan. 23-27, the European economy looks a good deal less scary than it did a year ago. For that, Europeans can thank the unassuming moneyman they call Super Mario. Even Germans are impressed. “I was way more critical—I have to admit that—in September than I am today,” Nikolaus von Bomhard, chairman and chief executive officer of reinsurer Munich Re, said in a Jan. 15 interview.
What Draghi grasped last summer in London was the importance of “multiple equilibria,” the idea that an economy can operate persistently on either a full-employment track (good) or a low-employment track (bad). Government, Draghi realized, can flip an economy from a bad equilibrium to a good one. Others are following his lead. In Japan, newly seated Prime Minister Shinzo Abe is trying to work a similar flip by urging the Bank of Japan to break the nation’s deflationary spiral. In the U.S., in contrast, the sickening standoff over the debt ceiling threatens to execute a back-flip to a low-growth equilibrium.
Draghi’s training prepared him to be bold. He earned his doctorate in economics in the 1970s from a school that emphasized activism over faith in markets: Massachusetts Institute of Technology. Ben Bernanke was a fellow student. Later, Draghi got a feel for the instability of financial markets during a stint at Goldman Sachs (GS). Recall that former Treasury Secretary Henry Paulson, who had been CEO of Goldman, pulled a Draghi-like move in the summer of 2008 when he promised support for Fannie Mae (FNMA) and Freddie Mac (FMCC), saying, “If you have a bazooka in your pocket and people know it, you probably won’t have to use it.” (Alas, Paulson did have to use his bazooka—and it wasn’t enough to prevent a financial meltdown.)
The key insight of the “multiple equilibria” theory is that the demand curve can develop an ugly kink during a crisis. A falling price, rather than attracting buyers, can scare them off. No one wants to catch a falling knife. The real economy is quickly affected by the market plunge. When governments’ borrowing costs go up, they compensate by raising taxes or cutting spending. Businesses’ borrowing costs rise, too, so they cut investment. Low prices on bond portfolios leave households feeling poorer, so they try to save instead of spend. The economy gets stuck in neutral, if not reverse.
But just as pessimism can become a self-fulfilling prophecy, so can optimism. By getting investors to believe that better times were ahead, Draghi made bond prices rise and yields fall, which aided the real economy and produced the (somewhat) better times that investors were betting on. Says David Kelly, chief global strategist for J.P. Morgan Funds (JPM): “This is something Europeans could have saved themselves a great deal of pain by recognizing from the start.” Euro optimists got another boost in November when the European Parliament approved plans for the ECB to take on bank oversight duties.
All that said, Europe isn’t out of the woods by any means. Output in the 17-nation euro zone has been flat to sinking since late 2011. Unemployment is 16 percent in Portugal and 27 percent in Spain. (To sense Spaniards’ pain, check out the poignant YouTube (GOOG) video of musicians playing Here Comes the Sun in a Madrid employment office.) Output is likely to keep shrinking through the first half of 2013, according to economists surveyed by Bloomberg News.
Political splits within Europe are complicating recovery. “The pro-reform coalition in Athens is fragile,” economists at Berenberg Bank wrote in a Jan. 11 research note. They warned that Italy’s elections next month might derail reform and said, “France still shirks the serious reforms it needs to arrest its long-term decline.”
But the strongest headwind for Europe is deficit-cutting—even by countries such as Germany that face no market pressure to balance budgets. Here, Draghi isn’t doing himself or Europe any favors. He supports harsh austerity measures, even though the International Monetary Fund has begun to warn that they cause “significantly” more unemployment than forecasters once estimated. There’s only so much the ECB can do on the monetary side to offset tightening on the fiscal side. Another interest-rate cut could force the deposit rate into negative territory, which might hurt lending between banks and money-market funds. Brzeski, the economist who warned last summer that Draghi had maneuvered himself into a difficult position, remains worried. “The ECB will secretly keep its fingers crossed, hoping that better financial market conditions and structural reforms eventually really lead to an economic recovery,” he says now. The good news: “The crisis has delivered a surprising degree of wage flexibility and labour mobility,” Charles Wyplosz, an economist at the Graduate Institute in Geneva, wrote in an article for the VoxEU website on Jan. 4.
Draghi permitted himself a bit of self-congratulation in a news conference in Frankfurt on Jan. 10. “We are now back in a normal situation from a financial viewpoint,” he told reporters. “We spoke a lot about contagion when things go poorly, but I believe there is a positive contagion when things go well.” Take a bow, Super Mario. With Carol Matlack, Jana Randow
Business Week
January 27, 2013
Experts were skeptical last summer when Mario Draghi gave the speech that saved Europe. Draghi, the president of the European Central Bank, told a London audience that the ECB would do “whatever it takes” to save the euro. At the time, the bespectacled, 64-year-old central banker had nothing to back up his promise. Economists quickly noticed his bravado was out of the fake-it-’til-you-make-it school. “Draghi is damned if he does and damned if he doesn’t,” Carsten Brzeski, senior economist at ING Group (ING) in Brussels, told Bloomberg News. “He maneuvered himself into an extremely difficult situation. Expectations are very high.”
Against long odds, Draghi’s bluff worked. Bond markets rallied on the belief that the ECB would deliver on its promise. The market’s surge fed on itself, adding to Draghi’s credibility. Then he recruited German Chancellor Angela Merkel to his side, splitting her off from Jens Weidmann, the hawkish head of Germany’s central bank, the Deutsche Bundesbank. On Sept. 6, the ECB Governing Council put money where Draghi’s mouth was, committing to buy unlimited quantities of sovereign debt if the issuing nations agreed to strict conditions aimed at getting their finances back in order. (Only Weidmann dissented.) Spain and Italy were the main intended beneficiaries.
Amazingly, the ECB has not had to follow through and buy a single euro’s worth of Spanish or Italian bonds. The open-ended commitment to do so was enough to get private investors to buy. Borrowing costs in the two countries are affordable once again. As the global elite convenes in the Alpine resort of Davos, Switzerland, for the World Economic Forum on Jan. 23-27, the European economy looks a good deal less scary than it did a year ago. For that, Europeans can thank the unassuming moneyman they call Super Mario. Even Germans are impressed. “I was way more critical—I have to admit that—in September than I am today,” Nikolaus von Bomhard, chairman and chief executive officer of reinsurer Munich Re, said in a Jan. 15 interview.
What Draghi grasped last summer in London was the importance of “multiple equilibria,” the idea that an economy can operate persistently on either a full-employment track (good) or a low-employment track (bad). Government, Draghi realized, can flip an economy from a bad equilibrium to a good one. Others are following his lead. In Japan, newly seated Prime Minister Shinzo Abe is trying to work a similar flip by urging the Bank of Japan to break the nation’s deflationary spiral. In the U.S., in contrast, the sickening standoff over the debt ceiling threatens to execute a back-flip to a low-growth equilibrium.
Draghi’s training prepared him to be bold. He earned his doctorate in economics in the 1970s from a school that emphasized activism over faith in markets: Massachusetts Institute of Technology. Ben Bernanke was a fellow student. Later, Draghi got a feel for the instability of financial markets during a stint at Goldman Sachs (GS). Recall that former Treasury Secretary Henry Paulson, who had been CEO of Goldman, pulled a Draghi-like move in the summer of 2008 when he promised support for Fannie Mae (FNMA) and Freddie Mac (FMCC), saying, “If you have a bazooka in your pocket and people know it, you probably won’t have to use it.” (Alas, Paulson did have to use his bazooka—and it wasn’t enough to prevent a financial meltdown.)
The key insight of the “multiple equilibria” theory is that the demand curve can develop an ugly kink during a crisis. A falling price, rather than attracting buyers, can scare them off. No one wants to catch a falling knife. The real economy is quickly affected by the market plunge. When governments’ borrowing costs go up, they compensate by raising taxes or cutting spending. Businesses’ borrowing costs rise, too, so they cut investment. Low prices on bond portfolios leave households feeling poorer, so they try to save instead of spend. The economy gets stuck in neutral, if not reverse.
But just as pessimism can become a self-fulfilling prophecy, so can optimism. By getting investors to believe that better times were ahead, Draghi made bond prices rise and yields fall, which aided the real economy and produced the (somewhat) better times that investors were betting on. Says David Kelly, chief global strategist for J.P. Morgan Funds (JPM): “This is something Europeans could have saved themselves a great deal of pain by recognizing from the start.” Euro optimists got another boost in November when the European Parliament approved plans for the ECB to take on bank oversight duties.
All that said, Europe isn’t out of the woods by any means. Output in the 17-nation euro zone has been flat to sinking since late 2011. Unemployment is 16 percent in Portugal and 27 percent in Spain. (To sense Spaniards’ pain, check out the poignant YouTube (GOOG) video of musicians playing Here Comes the Sun in a Madrid employment office.) Output is likely to keep shrinking through the first half of 2013, according to economists surveyed by Bloomberg News.
Political splits within Europe are complicating recovery. “The pro-reform coalition in Athens is fragile,” economists at Berenberg Bank wrote in a Jan. 11 research note. They warned that Italy’s elections next month might derail reform and said, “France still shirks the serious reforms it needs to arrest its long-term decline.”
But the strongest headwind for Europe is deficit-cutting—even by countries such as Germany that face no market pressure to balance budgets. Here, Draghi isn’t doing himself or Europe any favors. He supports harsh austerity measures, even though the International Monetary Fund has begun to warn that they cause “significantly” more unemployment than forecasters once estimated. There’s only so much the ECB can do on the monetary side to offset tightening on the fiscal side. Another interest-rate cut could force the deposit rate into negative territory, which might hurt lending between banks and money-market funds. Brzeski, the economist who warned last summer that Draghi had maneuvered himself into a difficult position, remains worried. “The ECB will secretly keep its fingers crossed, hoping that better financial market conditions and structural reforms eventually really lead to an economic recovery,” he says now. The good news: “The crisis has delivered a surprising degree of wage flexibility and labour mobility,” Charles Wyplosz, an economist at the Graduate Institute in Geneva, wrote in an article for the VoxEU website on Jan. 4.
Draghi permitted himself a bit of self-congratulation in a news conference in Frankfurt on Jan. 10. “We are now back in a normal situation from a financial viewpoint,” he told reporters. “We spoke a lot about contagion when things go poorly, but I believe there is a positive contagion when things go well.” Take a bow, Super Mario. With Carol Matlack, Jana Randow
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