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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

Fórum de Davos: o piquenique invernal do capitalismo bem-comportado - Paulo Roberto de Almeida (Crusoé)

Fórum de Davos: o piquenique invernal do capitalismo bem-comportado

  

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor

(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)

Artigo sobre o Fórum Econômico Mundial de 2023.

Publicado em versão revista e editada na revista Crusoé: “O capitalismo bem-comportado de Davos”, revista Crusoé (13/01/2023; https://crusoe.uol.com.br/secao/reportagem/o-capitalismo-bem-comportado-de-davos/).

 

 

Por mais de meio século, o suíço Klaus Schwab tem liderado esses convescotes anuais na atraente estação de esqui de Davos, reunindo centenas das maiores empresas mundiais e líderes políticos para debater temas de grande atualidade econômica e política e até alguns problemas de urgente necessidade de resolução cooperativa, como conflitos militares, crises econômicas ou ameaças ambientais e sanitárias de dimensões mundiais. Em 2023, o tema escolhido, de forma talvez deliberadamente ambígua, foi “Cooperação em um mundo fragmentado”, o que parece ser, na tradicional expressão em inglês, uma clara demonstração de understatement, ou seja, uma minimização da situação atual da política mundial.

De fato, a pandemia da Covid-19 em 2020 e 2021 — que levou o Fórum de Davos a se reunir online —, assim como a guerra de agressão da Rússia contra a vizinha Ucrânia — ex-república federada do finado império soviético- não causaram (ainda?) uma grave alteração da ordem global, a despeito de sobressaltos inevitáveis e de alguns impactos mais graves (como crises de abastecimento energético e alimentar em certas regiões do planeta, na Europa ocidental e na África em particular). A ordem econômica quase global de Bretton Woods continua funcionando, assim com a ordem política quase universal da ONU continua não funcionando em seu modo habitual, isto é, com muita retórica, mas poucos resultados práticos.

Na verdade, falar de “cooperação num mundo fragmentado” parece ser, no nosso próprio linguajar, “chover no molhado”, pois que se existe fragmentação no mundo atual este é claramente o momento, e se inexiste cooperação esta é exatamente a conjuntura sob a qual vivemos, duas situações para as quais o encontro de Davos será ineficaz para qualquer tipo de encaminhamento prático.

Nem sempre foi assim no passado, pois alguns convites a líderes de países em conflito — como no caso de Israel e palestinos, por exemplo — ou, na vertente photo opportunity, a celebridades hollywoodianas permitiram avançar alguns centímetros na direção da minimização de danos, nos temas ambiental, de refugiados de guerras civis ou interestatais e até crises sanitárias graves.

Não parece ser assim nesta edição de 2023, pois inexiste qualquer possibilidade de cooperação no caso do mais grave conflito militar no continente europeu desde a Segunda Guerra Mundial, a invasão e a destruição sistemática da Ucrânia pelo seu poderoso e criminoso vizinho, o que gerou uma das emigrações em massa, num curto espaço de tempo, jamais conhecidas em toda a história mundial. A tragédia ucraniana (e seus impactos externos) é totalmente devida à paranoia e à prepotência arrogante de um dirigente russo que não possui qualquer disposição para o diálogo em termos aceitáveis do ponto de vista do Direito Internacional ou simplesmente no contexto da Carta da ONU, cujas obrigações ele violou deliberadamente diversas vezes, e em relação aos quais já se tornou suscetível de “indiciamento” por crimes de guerra, contra a humanidade e contra a paz, as mesmas acusações que levaram líderes civis e militares nazistas ao Tribunal de Nuremberg em 1946.

Tal situação está muito acima da capacidade do Fórum de Davos de tratar de qualquer possibilidade de minimização de danos, assim como é o caso da própria ONU (congelada em face do inaceitável exercício do direito de veto por qualquer um dos cinco membros permanentes do CSNU, quando um deles é o próprio violador da sua Carta).

O Fórum de 2023 consistirá, portanto, em mais um exemplo de keep talking, continue falando a respeito, mas, sobretudo, perca a esperança de avançar em qualquer solução cooperativa, com fragmentação ou sem. Historicamente, nenhum dos grandes problemas da humanidade — desde o Congresso de Viena de 1815, passando pelas negociações de paz de Paris, de 1919, que levaram à criação da Liga das Nações, nem as conferências diplomáticas entre as grandes potências na Segunda Grande Guerra, que resultaram na fundação da ONU — foram resolvidas pela via multilateral e pacifica, e sim por um próprio arranjo consensual entre elas ou no completo esgotamento de outras possibilidades de resolução, depois de imensos danos acumulados. 

Foi assim nos casos da primeira guerra da Crimeia (1853-55), do tratado impositivo de Versalhes (1919) e da própria conformação iníqua e discriminatória do órgão decisor, em última instância, do Conselho de Segurança na conferência de San Francisco que criou a ONU em 1945.

Naquela ocasião, em nome do fundamento doutrinal central do multilateralismo contemporâneo, que é o princípio da igualdade soberana dos Estados — defendido arduamente por Rui Barbosa, na segunda conferência mundial da paz da Haia, em 1907 —, a delegação brasileira em San Francisco (ainda em pleno Estado Novo varguista) opôs-se formalmente ao direito de veto, justamente por ser iníquo e discriminatório, assim como a diplomacia brasileira do pós-guerra continuou opondo-se durante cerca de três décadas ao Tratado de Não Proliferação Nuclear pelas mesmas razões.

Tais questões, pertencentes ao exercício unilateral de uma espécie de “soberania imperial”, que está restrito ao domínio exclusivo da Realpolitik, exercida de forma arrogante pelas grandes potências, está muito além da capacidade resolutiva de um Fórum de “keep talking” como o de Davos, assim como da própria ONU. Os capitalistas multinacionais, assim como os líderes políticos necessitados de alguma photo opportunity, continuarão a frequentar o convescote criado por Klaus Schwab, mas não conseguirão apor sequer um band-aid à fragmentação atual e persistente do mundo.

Desde os anos 1970, quando foi criado, o Fórum de Davos não teve nenhuma influência sobre a dinâmica da Guerra Fria geopolítica dos anos 1947-1990: esta só veio a termo pela implosão autoinduzida do socialismo realmente existente, não por qualquer vitória do capitalismo triunfante sobre seus inimigos autocráticos e estatistas. Também parece improvável que ele consiga influenciar a dinâmica da atual Guerra Fria Econômica entre os Estados Unidos e a China, e a da presente confrontação militar entre a Otan (indiretamente, pela via da Ucrânia) e a Rússia semi-imperial do neoczar Putin.

Davos continuará a ser um jamboree anual de capitalistas bem-sucedidos, condescendendo em ouvir alguns belos discursos entre uma e outra descida de esqui nos Alpes suíços. Todos eles merecem um pouco de divertimento em meio ao extenuante trabalho de garantir lucros e dividendos para proprietários e acionistas dessas grandes empresas politicamente corretas. Superricos também são humanos…

E o Brasil nisso tudo? Em 2003, Lula (recém-empossado) compareceu, numa imediata sequência, ao Fórum Social Mundial de Porto Alegre, aqueles dos antiglobalistas (hoje praticamente desaparecido, por sua própria contradição nos termos), e ao Fórum Econômico Mundial de Davos, globalista por excelência, falando em cada um aquilo que correspondia exatamente às expectativas das respectivas plateias, o que sempre foi o seu estilo populista. Em 2023, salvo impedimento maior, ele deveria arriscar novamente seu grande prestígio mundial, para tentar atrair alguns bilhões de investimentos externos tão necessitados pela combalida economia brasileira. Como o antigo Fórum “Surreal” Mundial já não apresenta qualquer atrativo midiático, Lula pode exercer o melhor do seu talento na tentativa de “desfragmentar” o mundo e apelar para o aumento da cooperação ao desenvolvimento dos países mais pobres. Apelos desse tipo sempre confortam o ânimo e retiram um pouco do “remorso social” desses capitalistas multinacionais que torram algumas dezenas de milhares de dólares nos poucos dias que passam em Davos. Superricos também têm coração, e um tino especial para novas oportunidades de ganhos. Só não se sabe se o Brasil de Lula III oferece, realmente, oportunidades tão aliciantes quanto aquelas dos anos 2000, quando a economia mundial parecia flutuar em céu de brigadeiro e quando a China e os Estados Unidos ainda pareciam entreter a complementaridade perfeita de uma Chimérica, como sugerida pelo historiador Niall Ferguson.

Os tempos são outros…

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4292: 22 dezembro 2022, 4 p.

 

sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Depois do “comunavirus”, o “tecnototalitarismo”: o chanceler acidental insiste em hostilizar a China

 Araújo diz que relação com EUA seguirá fortalecimento da liberdade e democracia

O chanceler admitiu que o Brasil, num primeiro momento, teria interesse em participar da "aliança de democracias" proposta pelo presidente americano, Joe Biden

Valor Econômico | 29/1/2021, 13h37

O ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, disse nesta sexta-feira durante painel eletrônico promovido pelo Fórum Econômico Mundial de Davos que a relação do Brasil com os Estados Unidos na gestão Joe Biden seguirá os mesmos princípios já adotados, de fortalecimento da liberdade e da democracia. O chanceler admitiu que o Brasil, num primeiro momento, teria interesse em participar da "aliança de democracias" proposta pelo presidente americano, Joe Biden.

Araújo insistiu durante o debate que a "raiz" da relação entre os dois países é a liberdade, e isso terá impacto para todo o hemisfério, garantindo o combate ao crime organizado e ao que chamou de tentativas políticas de atacar a democracia. 

Ao analisar o contexto da economia mundial, o chanceler defendeu a necessidade de assegurar condições de competitividade, citando o pleito do Brasil para reformas na Organização Mundial do Comércio (OMC).

"Na OMC, o Brasil busca reformas para manter princípios básicos de economia de mercado", afirmou. "Precisamos de um sistema que recompense a democracia".

Questionado no debate sobre o papel da China na economia mundial, Araújo afirmou que a ideia de que a China se aproximaria do modelo de governança do Ocidente não ocorreu, e isso exige "criar condições em que se possa competir, independente dos sistemas sociais".

O ministro participou do debate ao lado de representantes dos governos do Canadá e da Espanha.

https://valor.globo.com/brasil/noticia/2021/01/29/araujo-diz-que-relacao-com-eua-seguira-fortalecimento-da-liberdade-e-democracia.ghtml

 

 

Brasil e EUA precisam barrar 'tecno-totalitarismo', diz Ernesto Araújo em referência à China

Chanceler não cita país pelo nome em fala na qual evitou discutir cooperação sobre clima e Covid-19

Folha de S. Paulo | 29/1/2021, 13h44

O Brasil de Jair Bolsonaro quer uma aliança com os Estados Unidos e "outros parceiros democráticos" para barrar a ascensão do "tecno-totalitarismo" de países com "diferentes modelos de sociedade" —ou seja, a China.

A afirmação foi feita durante um painel virtual de debate do Fórum Econômico Mundial pelo chanceler brasileiro, Ernesto Araújo.

Ele fez questão de não nominar "nenhum país ou companhia específicos", mas todas suas intervenções foram voltadas a fustigar a China, maior parceiro comercial brasileiro e no centro da chamada guerra da vacina, por ser o principal produtor de insumos dos imunizantes a serem feitos no Brasil.

Ernesto estava acompanhado da chanceler espanhola, Arancha González, e do ministro canadense François-Philippe Champagne (ex-Relações Exteriores, agora Inovação), numa conversa mediada pelo presidente do fórum, Borge Brende.

A ideia era debater o conceito de cooperação internacional ante a realidade da pandemia da Covid-19 e da mudança climática —temas nos quais o negacionismo do governo Bolsonaro, alimentado pela ala ideológica da qual Ernesto faz parte, é notório.

Enquanto os colegas debatiam a necessidade de garantir vacinação equânime e enfrentar os desafios da demanda de imunizantes, Ernesto preferiu falar na necessidade de manter valores como a liberdade nas relações internacionais.

"Qualquer mudança nos EUA é imensa para nós", disse o chanceler, um fã declarado do antecessor do presidente Joe Biden, Donald Trump. "Se o foco é em mudança climática, OK, mas queremos fundamentar relação em liberdades", disse.

Foi uma referência enviesada ao pacote de US$ 2 trilhões na área do clima anunciado pelo democrata, que assumiu na semana passada.

"Um desafio é emergência do tecno-totalitarismo. Não se trata da questão de EUA contra China, mas é uma questão de diferentes modelos de sociedade. Novas tecnologias podem ser ótimas para a democracia, mas podem fornecer meios para um Estado totalitário, e não queremos isso."

"Queremos tratar desse tema com os Estados Unidos e parceiros democráticos", disse, excluindo a ditadura comunista da equação.

"Quem controla o discurso tem um tremendo poder. Não podemos deixar isso na mão de atores, e não falo aqui de países ou companhias específicas, que não são comprometidos com a liberdade", disse o chanceler.

Se não foi um ataque direto à China, como já fez no passado ao lado de expoentes do bolsonarismo com os filhos do presidente, foi uma pouco disfarçada declaração de princípios —ainda que tenha poupado os participantes da maquinações sobre o globalismo maléfico que permeiam suas falas.

"Quando olhamos para os anos 1990 e 2000, a ideia era de que a China iria se tornar parecida com o Ocidente. Isso não aconteceu. O Ocidente se tornou mais parecido com a China. Nós não temos de mudar nossa sociedade", afirmou.

Sobre mudança climática, que Ernesto já chamou de ideologia, ou Covid-19, cuja trapalhada na compra de doses de vacina da Índia custou pressão sobre seu cargo, nenhuma elaboração foi feita.

Seus colegas foram mais cautelosos quando questionados sobre os efeitos da separação ("decoupling", no jargão internacional em inglês) dos modelos tecnológicos dos países encarnada na disputa pela implementação das redes 5G —a chamada internet das coisas.

Como se sabe, a China oferece um produto mais barato e eficaz, mas que é acusado no Ocidente de embutir elementos de espionagem ou roubo de dados. A discussão está viva no Brasil, que teoricamente decide neste ano quem vai poder fornecer equipamentos e operar o 5G no país.

"Não podemos permitir a separação [nas relações internacionais] quando o assunto é a mudança climática. Temos de evitar a todo custo o confronto [entre China e EUA]", disse González ao comentar a posição europeia ante a briga dos gigantes.

Champagne concordou com Ernesto acerca da necessidade de promover a governança democrática, mas disse que a relação com a China é "algo complexo".

Para Ernesto, a única forma de lidar com a questão é deixar as pendências para serem resolvidas em entidades como a Organização Mundial do Comércio, desde que reformuladas —o Brasil compartilha a visão americana de que a China não joga pelas regras ali.

"O sistema internacional tem de premiar a democracia", disse o brasileiro. Reticente acerca de Biden, afirmou que o Brasil quer trabalhar com o novo presidente americano "dentro desse arcabouço de liberdade" e que é a favor do que o democrata chamou de "aliança de democracias".

Aproveitou e repetiu a narrativa usual do bolsonarismo de que o Brasil vinha "de uma situação em que estávamos longe das democracias", em relação à política Sul-Sul da era Lula, que já havia sido parcialmente revertida nas gestões Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB).

https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2021/01/brasil-e-eua-precisam-barrar-tecno-totalitarismo-diz-ernesto-araujo-em-referencia-a-china.shtml

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

A China no WEF de Davos: do socialismo de Deng ao capitalismo de Estado (NYT)

The Story of China’s Economic Rise Unfolds in Switzerland

Ever since a politically connected Chinese economist survived prison beatings and went to the 1979 World Economic Forum, the Davos event has had outsize influence in China.
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The 1979 Chinese delegation to the World Economic Forum, including a small team of free-market economists.
Credit...World Economic Forum
SHANGHAI — Beijing’s alliance with the World Economic Forum started in 1979 with the arrival in Davos, Switzerland, of a small team of free-market economists led by a wizened Chinese intellectual, Qian Junrui, who had barely survived Mao’s Cultural Revolution. He had been imprisoned for eight years, tortured and repeatedly beaten unconscious.
China and Davos have since become one of the oddest power couples in international economics and politics. The relationship traces the story of China’s ascent after Mao. Chinese leaders have repeatedly chosen the forum for important policy speeches.
Nearly three years after overseeing the Tiananmen crackdown in 1989, then-Premier Li Peng traveled to Davos and urged global business leaders to resume investing in China. Starting in 2007, the country’s premiers began hosting an annual “summer Davos” sessionin China, with the World Economic Forum, to gather business leaders from across the developing world. And in early 2017, Xi Jinping, China’s current leader, selected Davos for his plea to the world not to embrace trade protectionism and populism.
At this year’s gathering, Chinese officials dealing with a slowing economy and faltering investment are prepared for an energetic promotional message. Their pitch: The signing of an initial trade agreement with the Trump administration last week means China remains a good place for multinationals to keep much of their manufacturing supply chains.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

In Davos, a search for meaning with capitalism in crisis - Ishaan Tharoor (WP)

In Davos, a search for meaning with capitalism in crisis

DAVOS, Switzerland — The World Economic Forum, the most concentrated gathering of wealth and power on the planet, will begin once again amid a natural fortress of snow and ice in the Swiss Alps. President Trump is jetting in for a scheduled address Tuesday. Dozens of other world leaders are in attendance; a who’s who list of CEOs, fund managers, oligarchs and a smattering of celebrities will join the throngs cramming the pop-up pavilions and swanky hotel parties of the otherwise sleepy mountain town.
This year’s conclave will be the 50th since it began in 1971, marking a fitful half century of political turmoil and economic boom and bust. For years, Davos — that is, the conference of global leaders for which it has become synonymous — has represented the apotheosis of a particular world view: an almost Promethean belief in the virtues of liberalism and globalization, anchored in a conviction that heads of companies can become capable and even moral custodians of the common good.
The disruptions and traumas of the past decade have sorely tested Davos’s faith in itself. The archetypal Davos Man — the well-heeled, jet-setting “globalist” — has become an object of derision and distrust for both the political left and right. Financial crises, surging nationalist populism in the West, China’s intensifying authoritarianism and the steady toll of climate change have convinced many that there’s nothing inexorable about liberal progress. A new global opinion poll of tens of thousands of people found that more than 50 percent of those surveyed now think capitalism does “more harm than good.”
Each year, the forum is accompanied by an unsurprising airing of cynicism in the media. “It is [a] family reunion for the people who, in my view, broke the modern world,” Anand Giradharadas, an author and outspoken critic of billionaire philanthropy, said in a TV interview last year. Can Davos “keep its mojo?” the Economist asked over the weekend. “Once a beacon of international cooperation, Davos has become a punchline,” the New York Times noted.
Klaus Schwab, the forum’s octogenarian founder and executive chairman, is convinced that the current moment needs more Davos, not less. In the run-up to this week’s meetings, he announced a new “Davos manifesto,” calling on companies to “pay their fair share of taxes, show zero tolerance for corruption, uphold human rights throughout their global supply chains, and advocate for a competitive level playing field.” Such an ethos, Schwab contends, will go a long way to redressing the world’s inequities and may help governments meet the climate targets set by the 2015 Paris agreement.
“Business leaders now have an incredible opportunity,” Schwab wrote in a column published last month. “By giving stakeholder capitalism concrete meaning, they can move beyond their legal obligations and uphold their duty to society.”
Schwab’s extolling of “stakeholder” capitalism — a riposte to the profit-maximizing Western orthodoxy of “shareholder” capitalism — is supposed to be a call to action. Activists, though, may argue that it’s not enough.
In a study timed in conjunction with the World Economic Forum, Oxfam found the world’s billionaires control more wealth than 4.6 billion people, or 60 percent of humanity. “Another year, another indication that the inequality crisis is spiraling out of control. And despite repeated warnings about inequality, governments have not reversed its course,” said Paul O’Brien of Oxfam America in an emailed statement. “Some governments, especially the U.S., are actually exacerbating inequality by cutting taxes for the richest and for corporations while slashing public services and safety nets — such as health care and education — that actually fight inequality.”
And some Davos attendees concur. “The economic pie is bigger than it’s ever been before in history, which means we could make everyone better off, but we’ve chosen as a society to leave a lot of people behind,” Erik Brynjolfsson, director of the MIT Initiative on the Digital Economy, told my colleague Heather Long. “That’s not just inexcusable morally but is also really bad tactically.”
Reading from a totally different script, President Trump is expected to wax lyrical about the success of his economic and trade policies. In the past, his bullying measures and fondness for tariffs have ruffled the Davos set.
“Although the president has been inconsistent in how he has carried out his worldview, he has made clear that he has no plans to back away from his strong-arm tactics even as they have increasingly antagonized American friends and foes alike, leaving the United States potentially more isolated on the world stage,” wrote my colleagues Anne Gearan and John Hudson.
Trump is also likely to be challenged in Davos by a growing cohort of climate activists and policymakers. On the same day of his speech, Swedish teen campaigner Greta Thunberg is expected to berate politicians and finance executives who still invest in fossil fuels. Although Trump almost certainly will not heed Thunberg’s call, representatives of major companies attending the forum are desperate to show how they are adapting their business models to accommodate climate concerns.
Two years ago, Schwab drew criticism for what was viewed as an awkwardly ingratiating speech to welcome Trump to the forum. Now, he’s more at odds with the U.S. president, not least on the urgency of the climate crisis.
“We do not want to reach the tipping point of irreversibility on climate change,” Schwab told reporters last week. “We do not want the next generations to inherit a world which becomes ever more hostile and ever less habitable.”

sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Global risks: World Economic Forum - Davos

Top risks are environmental, but ignore economics and they'll be harder to fix

Davos, World Economic Forum
  • Climate-related risks overshadow all other risks – in particular economic risks – undermining cohesive action and creating blind spots
  • Society needs a new “growth paradigm” that addresses the interconnectedness of socio-economic factors with climate change
  • Businesses need to adapt their metrics to assess the value of nature 
This year’s risks landscape is green. The urgency of climate change dominates everything: all five of the top risks by likelihood and three by impact are climate related. The backdrop of geopolitical and geo-economic tensions in 2019 sparked unease as the world grappled with “challenges” such as environmental degradation and technological disruption. Fast forward to 2020, and there is a climate emergency. 
Economic risks are absent from the top five. This is worrying, given the continuing global economic malaise that will limit progress in all other areas, including climate action. As lead author, Emilio Granados Franco, Head of Global Risks and Geopolitical Agenda at the World Economic Forum, suggests, perhaps it is this year’s blind spot, “Because environmental and economic risks are inextricably linked, risk perceptions that account for only one over the other mean blind spots may be arising and integrated mitigation efforts may be lacking.”
From economic to environmental. Climate now tops the risks agenda, while the economy has disappeared from the top five.
The top five global risks in terms of likelihood and severity of impact are:
1. Extreme weather events with major damage to property, infrastructure and loss of human life.
2. Failure of climate-change mitigation and adaptation by government and business.
3. Major biodiversity loss and ecosystem collapse (terrestrial or marine) with irreversible consequences for the environment, resulting in severely depleted resources for humankind as well as industries.
4. Major natural disasters such as earthquakes, tsunamis, volcanic eruptions and geomagnetic storms.
5. Human-made environmental damage and disasters, including environmental crime, such as oil spills and radioactive contamination. 
Traps and blind spots
To younger generations especially, the health of the planet is alarming. The report highlights how risks are perceived differently by those born after 1980. They ranked environmental risks higher than other respondents in the short and long terms. Almost 90% of these respondents believe “extreme heat waves”, “destruction of ecosystems” and “health impacted by pollution” will be aggravated in 2020, compared to around 70% for other generations. They also believe that the impact from environmental risks by 2030 will be more catastrophic and more likely. 
Cyberattacks on critical infrastructure come fifth. Digital fragmentation more broadly is probably one to watch in the coming years as society grapples with the forces of privacy, ethics, profit and security.
As the 15-year history of the Global Risks Report shows, risks are complex and interconnected. Lose sight of the bigger picture and the headlines can be misleading. 
Looking back to the beginning of the last decade, the 2010 report warned, “while sudden shocks can have a huge impact … the biggest risks facing the world today may be from slow failures or creeping risks. Because these failures and risks emerge over a long period of time, their potentially enormous impact and long-term implications can be vastly underestimated.”
Climate was cited as one of these slow burners. It was a prescient warning that went unheeded. 
Peter Giger, Group Chief Risk Officer, Zurich Insurance Group, now urges businesses to develop metrics that assess the value of nature to their work. He highlights how the staggering loss of biodiversity – 83% of wild mammals and one-half the world’s plants – makes it harder for ecosystems to adapt to change. The degradation of wetlands, mangroves and coral reefs translate into insurance costs for local businesses. “Investment in sensible, ecological forestry practices would reduce insurance costs for sectors like power and water utilities that might be exposed to wildfire risks.”
Sandrine Dixson-Declève, Co-President of the Club of Rome, stresses that our “patterns of economic growth, development, production and consumption” have not only tipped ecosystems, but “created severe socio-economic hotspots and greater inequality”. She says: “The emergency is not just about ecological breakdown. It is about societal breakdown and acknowledging that as we urgently address the climate and biodiversity risks, we must simultaneously build new economic, social and financial systems”. 
This year economic and political polarization is on the rise, at a time when there is more need than ever to unify the response and despite warnings in 2010 of gaps in global governance and inadequate investment in infrastructure. Of some 750 global experts and decision-makers, 78% think “economic confrontations” and “domestic political polarization” are likely to rise and will have severe impact in 2020.
John Drzik, Chairman of Marsh & McLennan, puts the onus on the private sector to take the lead. He highlights that with limited multilateral progress, businesses must act cohesively to mitigate risk and find opportunity. He sets out clear guidance on how to become more strategically resilient in the face of climate threats to business operations and explains how to find new and expanded market opportunities.
Risk is a risk in itself
Risk analysis should not be seen in an ahistorical context. The evaluation of risk first gained momentum in the 18th century with a flurry of intellectual activity on the mathematical theory of probability – which can in part be linked to the rise of capitalism – or the desire of the growing private sector for improved methods of business calculation and economic security. Modern-day risk analysis shapes decisions, sets forecasts and reveals opportunities. It’s why the World Economic Forum sets the agenda for the year with the launch of the Global Risks Report every January.
By definition, however, risks have uncertain outcomes. The human system of risk analysis emphasizes instinct over intellect and emotion over reason. Perception is necessarily subjective,which is a risk in itself. There is an imperative, therefore, to heed what is unsaid, avoid reductionism and watch out for the silent, but potentially deadly risks that are masked by the more obvious ones. Climate-related issues have been simmering for at least a decade and now the world is at a tipping point. This year’s hidden risks – like the economy – are unwisely ignored. 
The question is how to use the now highly sophisticated risk awareness to read between the lines, to understand the interconnectedness of risks and to use a systems-change approach to propel change. So the 50th Annual Meeting in Davos approaches, the relevance of cohesive action is ever-more compelling as all stakeholders gather to focus on shared, critical global tasks.