domingo, 19 de agosto de 2018

Bolsonaro: cinco inconsistências do candidato - Leandro Consentino

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As 5 inconsistências de Bolsonaro

Abaixo um post de hoje (18/08/2018), de Leandro Consentino, no seu mural do Facebook. É curto e grosso. Mas não contém nenhuma inverdade.
Para resumir. Bolsonaro não é liberal, não é ético, ao contrário do que se diz, enriqueceu, sim, com a política, nunca foi contra o PT (só recentemente, para papar votos) e não representa o novo na política (está há 30 anos na velha política, com 7 mandatos nas costas).
Leiam.

INCONSISTÊNCIAS

5 razões equivocadas de quem vota em Bolsonaro

Leandro Consentino, Facebook, 18/08/2018
1) “Voto em Bolsonaro porque ele é liberal.”
Mentira! Jair Bolsonaro sempre demonstrou ser a favor do Estado interventor, sendo contrário ao Plano Real, esvaziando a Lei de Responsabilidade Fiscal e buscando benefícios corporativos para os membros das Forças Armadas em detrimento do interesse de todos os brasileiros.
Fonte:
2) “Voto em Bolsonaro porque ele é ético.”
Mentira! Jair Bolsonaro já esteve envolvido em diversos problemas éticos, tendo contratado uma funcionária fantasma para cuidar de sua casa recebendo dinheiro público, tendo um irmão como funcionário fantasma num gabinete de um deputado estadual em São Paulo e até mesmo recebido dinheiro, por meio de seu antigo partido (PP), da JBS-Friboi.
Fontes:
3) “Voto em Bolsonaro porque ele não enriqueceu com a política.”
Mentira! Jair Bolsonaro ampliou seu patrimônio em 427% de uma eleição para outra, enquanto que o de seu filho Eduardo Bolsonaro (PSL) cresceu 580%. Apesar de pedir direito de resposta por ser chamado de milionário no debate, o capitão já possui bens que ultrapassam os 2 milhões de reais em seu nome.
Fonte:
4) “Voto em Bolsonaro porque ele é contra o PT.”
Mentira! Jair Bolsonaro sempre esteve na base dos governos petistas de Lula e Dilma, tendo votado, nas pautas econômicas com o Partido dos Trabalhadores de maneira consistente de 1999 a 2010, inclusive ajudando a implantar as medidas que nos levaram à atual crise econômica.
Além disso, há declarações públicas de que já votou em Ciro Gomes e em Luiz Inácio Lula da Silva em 2002, quando afirmou isso em discurso na Câmara dos Deputados.
Fontes:
5) “Voto em Bolsonaro porque ele representa o novo na política.”
Mentira! Jair Bolsonaro está na política desde os anos 80 e renova mandatos no Congresso Nacional há quase 30 anos, tendo aprovado apenas dois projetos desde então, sem qualquer relevância para os brasileiros. Além disso, possui um verdadeiro clã, com três filhos seguindo a carreira do pai, sem contribuições de vulto na política brasileira.
Fontes:
Bônus
Contrariando um discurso que sempre esgrimiu contra programas de transferência de renda, Jair Bolsonaro agora apela para a demagogia, apoiando um projeto de Bolsa Família para todos os brasileiros, ignorando a grave crise fiscal em que nos encontramos
Fonte:

Ciro Gomes atribui altos salarios a legislação, nao produtivididade - Samuel Pessoa

Ciro Gomes e a Alemanha

Não ocorre a Ciro que o salário na Alemanha é alto porque a produtividade é alta

Ciro Gomes tem criticado muito a reforma trabalhista do governo Temer. Também tem citado a Alemanha como a economia com boas práticas no mercado de trabalho.

Todo o argumento surpreende. A reforma não foi feita pelo governo Temer, mas resulta de esforço do Congresso Nacional. A partir de um projeto tímido enviado pelo presidente Temer, o Congresso desenhou uma lei muito mais abrangente.

Adicionalmente, Ciro confunde totalmente a causalidade. Parece que considera que foi a legislação trabalhista da Alemanha que produziu os elevados salários do país. Não lhe ocorre que a produtividade no país é alta —bom ambiente institucional e escolaridade de excelente qualidade, entre tantos outros motivos— e que essa é a causa dos elevados salários. 

De fato, o produto por hora trabalhada na Alemanha em 2017, segundo a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), foi de US$ 60 (R$ 236), US$ 3 (R$ 11,8) a menos do que o mesmo indicador para os EUA.

Ou seja, salários altos ou baixos resultam do fato de a produtividade do trabalho ser alta ou baixa. A legislação trabalhista ajuda (ou atrapalha) à medida que estimula (ou desestimula) a elevação da produtividade.

Surpreende também Ciro utilizar a Alemanha para criticar a reforma brasileira de 2016. Entre 2003 e 2005, a Alemanha implementou a reforma Hartz —Peter Hartz, diretor de recursos humanos da Volkswagen, foi chefe da comissão que desenhou as medidas— com inúmeras medidas que liberalizaram o mercado de trabalho alemão.

A natureza da reforma Hartz foi a mesma de nossa reforma de 2016: criaram-se outras figuras de contrato de trabalho assemelhadas ao contrato intermitente e temporário introduzido na reforma de 2016, além de a reforma alemã ter restringido os critérios de elegibilidade ao benefício do seguro-desemprego em prazo, valor e contrapartidas para o beneficiário.

Em reportagem de 1999, a revista The Economist se referia à Alemanha como a economia doente da Europa: baixo crescimento com elevado desemprego. O desemprego, após o pico de 11% em 2005, atingiu a mínima de 4% recentemente. 

No mesmo período, Itália, Espanha e França vêm lutando para reduzir suas taxas, que, apesar da queda recente, encontram-se em níveis muito superiores aos observados na Alemanha.

Estudo recente de meus colegas Bruno Ottoni (Ibre/FGV e Idados) e Tiago Barreira (Ibre/FGV) sugere que três reformas trabalhistas, que liberalizaram o mercado de trabalho em moldes semelhantes ao de nossa reforma de 2016, tiveram impactos significativos sobre a queda do desemprego, a elevação da população ocupada (PO) e o aumento da população economicamente ativa (PEA), isto é, ampliação da oferta de trabalhadores.

Bruno e Tiago estudaram a reforma Hartz na Alemanha, a reforma de Menem na Argentina, entre 1989 e 1990, e a reforma australiana de 1994. Compararam o ocorrido 12 anos após as reformas com um cenário contrafactual no qual elas não teriam sido implantadas. 

Os resultados indicaram que as reformas levaram a expressivas quedas das taxas de desemprego: de 3,4, 1,2 e 2,9 pontos percentuais, respectivamente, para Alemanha, Argentina e Austrália, a aumentos expressivos da PEA, de 6, 3 e 7 pontos percentuais, e da PO, de 10, 5 e 9 pontos percentuais.

Tudo indica que a nossa reforma de 2016 deixará saldo positivo, como foi o caso das outras. 

Ajustes podem ser necessários, mas o sentido geral da reforma de 2016 é amplamente positivo.

sábado, 18 de agosto de 2018

Uma estratégia para o agronegócio brasileiro, 1 - Marcos Jank

Agro Global 1 – Visão Estratégica

Jornal “Folha de São Paulo”, Caderno Mercado, 18/08/2018

Marcos Sawaya Jank (*)

Tempos dominados por geopolítica e comércio administrado exigem maior organização do governo e das associações privadas.

Com exportações de US$ 96 bilhões em 2017 (45% das vendas externas totais) dirigidas a mais de 200 países, o agronegócio é o setor mais globalizado da indústria brasileira.

Inicio hoje uma sequência de artigos sobre a dinâmica da inserção global do agro brasileiro, apontando as políticas mais adequadas para superar os atuais desafios. Começo com a necessidade de uma visão estratégica global para esse setor. Nos próximos textos abordarei desafios de acesso a mercados, estrutura regulatória, competitividade e adição de valor.

Nossas exportações quase quintuplicaram desde 2000, graças ao crescimento da demanda nos países em desenvolvimento e aos nossos menores custos relativos, principalmente na propriedade rural. 

Mas isso não vai se repetir tão facilmente daqui em diante. De fato, aumentamos nossa participação de mercado em commodities como soja, milho, algodão e celulose, que funcionam com pequena ou nenhuma interferência dos governos.

Mas perdemos espaço nos mercados em que enfrentamos restrições tarifárias, sanitárias, técnicas ou de defesa comercial, como derivados de soja, açúcar, etanol e carnes. Sem contar as discriminações comerciais que sofremos por não termos assinado nenhum acordo comercial relevante no período.

A geopolítica tornou-se fator dominante no mundo de hoje, como nos mostram a guerra comercial EUA-China e as mudanças disruptivas na Europa, Nafta, G7, Coreias e outras.

Para o agro, o drama é voltar a uma era de “comércio administrado”, na qual interesses geopolíticos, ameaças e barganhas têm mais influência do que as vantagens comparativas dos países. Num cenário competitivo, o agro brasileiro seria central para o mundo. Num ambiente de “comércio administrado”, o sucesso depende de variáveis exógenas e demanda maior coordenação interna.

Nesse sentido, um dos desafios é melhorar a organização pública, eliminando duplicidades e antagonismos. 

Por exemplo, a Camex deveria ganhar estatura, tornando-se uma “Câmara de Competitividade Internacional”, vinculada à Presidência da República e com papel decisivo na retomada das negociações comerciais, na abertura do país ao exterior e na definição de ações compensatórias que aumentem a competitividade de setores retardatários.

Essa nova Camex deveria patrocinar estudos sólidos que ajudassem a definir prioridades e estratégias, evitando que as decisões beneficiem só os grupos mais estridentes. Deveria ainda se ocupar do tema da atração de investimentos e da parceria estratégica com a China, que exige visão de longo prazo, equipe e diretrizes sólidas.

O setor privado, por sua vez, deveria deixar de atuar a reboque do governo e assumir maior protagonismo no exterior. Num ambiente dominado por geopolítica e comércio administrado, as empresas precisam reforçar a estrutura das suas entidades para tratar de temas de interesse comum no exterior.

Noto que, no Brasil, as empresas gastam muito tempo e energia para vencer as instabilidades e a concorrência imediata, mas faltam recursos e coordenação para realizar esforços setoriais e nacionais que são fundamentais para o sucesso individual. Em outras palavras, as empresas priorizam a vitória sobre o concorrente, mas são lenientes com um excesso de associações batendo cabeça entre si, sem recursos, muitas sem profissionalização e quase nenhuma com presença no exterior.

Se antes ganhávamos o mercado com o custo mais baixo na fazenda, hoje o nome do jogo para vencer no exterior é organização sistêmica, envolvendo empresas, associações e uma melhor coordenação público-privada.

(*) Marcos Sawaya Jank é especialista em questões globais do agronegócio. Escreve aos sábados, a cada duas semanas.

"A ONU determinou que..." fica entre a mentira, a desfaçatez, a desonestidade e a debilidade mental

Alinhei quatro julgamentos meus a propósito dessa tal "liminar" da ONU determinando que o Brasil "respeite o Pacto de Direitos Civis e Políticos" e deixe o criminoso encarcerado concorrer à presidência da República.
Vocês escolham qual dos conceitos se aplica a cada um dos personagens abaixo listados na matéria da FSP deste sábado.
Eles provavelmente não podem ser acusados de debilidade mental, já que são pessoas bem informadas. Sabem que esse "comitê" é formado por pessoas, que podem ter sido manipuladas, como o foram obviamente.
Eu diria que alguns foram vítimas das mentiras dos petistas aplicadas a estrangeiros que não conhecem o sistema jurídico e processual brasileiro, enquanto outros são apenas mentirosos e desonestos.
Paulo Roberto de Almeida 
Brasília, 18 de agosto de 2018

Folha de S. Paulo, 18/08/2018
*Mônica Bergamo – “Comitê da ONU dá medida provisória pela candidatura de Lula, diz defesa”* - A defesa do ex-presidente Lula divulgou nota na manhã desta sexta (17) informando que o Comitê de Direitos Humanos da ONU acolheu um pedido para que Lula possa concorrer às eleições de 2018. Segundo os advogados Cristiano Zanin Martins e Valeska Teixeira Martins, o órgão "determinou ao Estado brasileiro que tome todas as medidas necessárias para permitir que o autor [Lula] desfrute e exercite seus direitos políticos da prisão como candidato nas eleições presidenciais de 2018, incluindo o acesso apropriado à imprensa e a membros de seu partido político". Afirmou também que é preciso "não impedir" que Lula "concorra nas eleições presidenciais de 2018 até que todos os recursos pendentes de revisão contra sua condenação sejam completados em um procedimento justo e que a condenação seja final". Como o Brasil é signatário de pactos internacionais, os advogados entendem que o estado precisa se submeter às decisões do comitê.
A defesa afirma ainda que a decisão reconhece que houve violação do Pacto de Direitos Civis da ONU "e a ocorrência de danos irreparáveis a Lula na tentativa de impedi-lo de concorrer nas eleições presidenciais ou de negar-lhe acesso irrestrito à imprensa ou a membros de sua coligação política durante a campanha". Eles entendem que, a partir de agora, "nenhum órgão do Estado brasileiro poderá apresentar qualquer obstáculo para que o ex-presidente Lula possa concorrer nas eleições presidenciais de 2018 até a existência de decisão transitada em julgado em um processo justo" e que será "necessário franquear a ele acesso irrestrito à imprensa e aos membros de sua coligação durante a campanha".
*”Relatora de Comitê da ONU diz não ter atendido a todos os pedidos de Lula”* - A relatora do Comitê de Direitos Humanos da ONU que assina a decisão em favor do ex-presidente Lula, Sarah Cleveland, disse que não atendeu a todos os pedidos da defesa do petista, mas que o Brasil precisa cumprir as recomendações presentes no documento. Em entrevista à Folha por telefone, Cleveland ressaltou que o Comitê —formado por 18 especialistas independentes— não atendeu ao principal pedido do ex-presidente: que fosse recomendada a sua libertação.
“A solicitação que fizemos ao governo brasileiro é bem limitada. A defesa de Lula pediu que ele fosse libertado, e o Comitê não aceitou o pedido”, disse Cleveland, que é professora de Direitos Humanos e Constitucionais na Universidade Columbia, em Nova York. Ela, no entanto, disse que o Brasil, por ser signatário do Pacto de Direitos Civis e Políticos, tem a "obrigação legal" de implementar a “medida provisória” do Comitê solicitando que o país “tome todas as medidas necessárias para garantir que Lula possa desfrutar e exercer seus direitos políticos enquanto estiver na prisão”. “O Brasil é parte do tratado e do protocolo opcional que permite ao Comitê analisar casos envolvendo acusações de violações de direitos humanos pelo Brasil. Essa decisão é uma medida provisória para evitar qualquer dano irreparável aos direitos do Sr. Lula enquanto o seu caso está sendo decidido pelo Comitê”, disse.
Segundo ela, o “Comitê não é um órgão de sanções”. Por isso, se o governo brasileiro não cumprir a solicitação, não deve haver nenhuma retaliação desta forma. No entanto, Cleveland diz que o Brasil “estaria violando suas obrigações legais internacionais sob os tratados”. “O Lula poderia retornar ao Comitê para conseguir de nós uma declaração de que o Brasil está violando.” Na decisão dos especialistas, é pedido ainda que o Brasil não impeça Lula de concorrer as eleições presidenciais de 2018 “até que seus recursos nos tribunais sejam concluídos em processos judiciais justos”. “Esse pedido não significa que o Comitê encontrou até agora uma violação —é uma medida urgente para preservar os direitos de Lula, já que está pendente a consideração dos méritos, que será feita no próximo ano”, diz uma nota do Comitê divulgada depois.
*”Brasil reconheceu comitê da ONU que decidiu a favor de Lula, diz ex-ministro”* - O ex-ministro de Direitos Humanos e ex-coordenador da CNV (Comissão Nacional da Verdade) Paulo Sérgio Pinheiro afirma que o Brasil assinou pacto reconhecendo o comitê da ONU que deu decisão provisória para que o ex-presidente Lula possa participar de atividades de campanha mesmo estando na prisão. Por isso, diz ele, a decisão deve ser cumprida. Pinheiro, que atualmente preside a comissão da ONU de investigação sobre a Síria, cita que o país seguidamente reconheceu a autoridade do Comitê de Direitos Humanos do órgão. Ele afirma que o órgão é formado por 18 experts, eleitos pela Assembleia Geral da ONU.
"O Brasil ratificou tratado internacional, tem que cumprir, não ter conversa. Esse governo que está aí poderia ter denunciado a ratificação, mas não fez", diz Pinheiro.
*”Amorim diz que declaração da ONU sobre Lula tem de ser seguida”* - Comandante do Ministério das Relações Exteriores durante nove anos e meio nos governos petistas, o ex-chanceler Celso Amorim classificou como lamentável a nota publicada pelo Itamaraty que diz que a declaração do Comitê de Direitos Humanos da ONU, que aponta que o ex-presidente Lula tem o direito de participar das eleições deste ano, é apenas uma recomendação. Segundo ele, o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos assinado pelo Brasil tem força normativa. "A liminar tem que ser cumprida. O pacto assinado pelo Brasil foi internalizado. Faz parte da lei brasileira." "O Brasil tem duas opções: cumprir a decisão ou se tornar um pária internacional, um país que está a margem da lei internacional", declarou. Amorim diz que a tramitação do pacto revela a força de lei. "O Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos da ONU que o Brasil assinou é um pacto geral. Existe um protocolo adicional, que o país não era obrigado a assinar, em que o país aceita a jurisdição do comitê. O Brasil aceitou essa jurisdição", diz Amorim.
Valeska Teixeira, advogada de Lula, diz que o estado brasileiro reconheceu a legitimidade do órgão durante o processo. "O Brasil se manifestou três vezes reconhecendo a legitimidade do Comitê de Direitos Humanos da ONU", diz Valeska Teixeira.
*”'Conclusões de comissão da ONU sobre Lula são recomendação, não têm efeito', diz Itamaraty”* - O Itamaraty divulgou nota nesta sexta-feira (17) afirmando que a decisão do Comitê de Direitos Humanos da ONU em favor do ex-presidente Lula é apenas uma recomendação, mas sem efeito jurídico. "As conclusões do Comitê têm caráter de recomendação e não possuem efeito juridicamente vinculante", diz nota divulgada pelo Ministério de Relações Exteriores. A pasta informou ainda que a delegação do Brasil em Genebra tomou conhecimento do fato sem ter recebido qualquer aviso prévio sobre o assunto. A deliberação do comitê da ONU será agora encaminhada ao Poder Judiciário.

A tragedia fiscal brasileira e os privilégios (e fraudes) corporativos - Ricardo Bergamini, Wilson Lima (IstoE)

“Quem não usar os olhos para ver, terá que usá-los para chorar!” (Foerster).
Prezados Senhores
Tema ausente de todos os programas dos candidatos à presidente do Brasil.
Em 2002 os gastos com pessoal consolidado (união, estados e municípios) foi de 13,35% do PIB, representando 41,64% da carga tributária que era de 32,06%.  Em 2017 foi de 15,90% do PIB. Crescimento real em relação ao PIB de 19,10%, representando 49,20% da carga tributária de 2016 que foi de 32,38%. Em relação à carga tributária o crescimento foi de 18,16%. Para que se avalie a variação criminosa dos gastos reais com pessoal, cabe lembrar que nesse mesmo período houve um crescimento real do PIB Corrente de 36,10%, gerando um ganho real acima da inflação de 43,00% nesse período. Nenhuma nação do planeta conseguiria bancar tamanha orgia pública.
Todos os cidadãos brasileiros honestos deste país deveriam renunciar as suas paixões políticas e abraçarem essa causa como sendo verdadeiramente de segurança nacional, caso contrário o Brasil vai explodir, seja quem for o escolhido. Aceito aposta!
Parabéns aos órgãos de controle do estado brasileiro que estão cumprindo com o seu dever, isentos de masturbação mental ideológica.
Desejo que os brasileiros honestos saiam de seus confortáveis casulos e ajudem, pelo menos, na divulgação dessa orgia, considerada pela esquerda como sendo a sofrida classe trabalhadora explorada pelos patrões. Por isso, e somente por isso, todos os candidatos evitam abordar o tema.
Na história do Brasil a nação sempre foi refém dos seus servidores públicos (trabalhadores de primeira classe), com os seus direitos adquiridos intocáveis, estabilidade de emprego e licença prêmio sem critério de mérito, longas greves remuneradas, acionamento judicial sem perda de emprego, regime próprio de aposentadoria (não usam o INSS), planos de saúde (não usam o SUS), dentre muitos outros privilégios impensáveis para os trabalhadores de segunda classe (empresas privadas). Com certeza nenhum desses trabalhadores de primeira classe concedem aos seus empregados os mesmos direitos imorais.

A farra bilionária dos barnabés
Relatório da CGU mostra que, entre 2010 e 2017, R$ 1,3 bilhão foi pago indevidamente a servidores públicos. Após auditorias, foram encontradas 330 mil inconsistências em folhas de pagamento
MAU EXEMPLO A UFRJ liderou o descontrole nas contas e as ilegalidades 
Wilson Lima/ISTOÉ
17/08/18 - 09h00

Considerado um dos maiores estudiosos sobre administração pública de todos os tempos, o ex-presidente dos Estados Unidos Woodrow Wilson destacava ainda nos idos do século XIX que instituições governamentais, aquelas arcadas com o dinheiro do contribuinte, deveriam ser geridas da mesma forma que no sistema privado: com regras específicas, hierarquias e metas e afins. E que, principalmente, o dinheiro público não fosse administrado como se, por ser de todo mundo, não tivesse dono específico, sujeito, então, a todo tipo de desvio. Bem longe do pensamento do ex-presidente americano, no Brasil o dinheiro público perde-se em benefícios inexplicáveis e indevidos, indo parar nos bolsos de servidores públicos – os eternos barnabés da marchinha de Haroldo Barbosa – em expedientes e irregularidades que, de fato, seriam impensáveis na iniciativa privada, pelo imenso desperdício.
Relatório inédito da Controladoria Geral da União (CGU) ao qual a ISTOÉ teve acesso com exclusividade revela que entre os anos de 2010 e 2017 nada menos que R$ 1,3 bilhão foi pago de forma indevida a funcionários públicos. Foram benefícios ilegais que a CGU, a partir de auditorias, conseguiu recuperar. A conta, na prática, pode ser ainda maior, em razão de alguns organismos que a controladoria não alcança. Há um pouco de tudo nas irregularidades descobertas. Servidores que não tiveram o ponto cortado, apesar de terem faltado ao trabalho, filhas solteiras de ex-funcionários que recebiam pensões mesmo sendo servidoras públicas também, pessoas que recebiam benefícios por gratificações por titularidade mesmo sem ter diplomas que justificassem a benesse, funcionários públicos com carga horária flexibilizada, trabalhando menos do que o mínimo determinado pelo regime do serviço público e até pagamento de horas extras indevidas. Em sete anos, os técnicos da CGU apuraram 72 trilhas de auditorias, ou seja, mais de sete dezenas de diferentes modalidades de desvios. “O resultado das trilhas também é repassado ao Ministério do Planejamento para providências corretivas”, descreve o relatório.
A AUDITORIA

Abaixo, trechos do relatório da CGU que identificou as irregularidades:



Os números impressionam. Entre os anos de 2010 e 2014, por exemplo, a CGU apontou 330 mil tipos de inconsistências em folhas de pagamento após auditorias nas folhas de pessoal em todos os órgãos da administração pública federal. Neste período, por exemplo, chamou a atenção o verdadeiro descontrole das contas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Somente no ano de 2012, foram diagnosticados aproximadamente 19,3 mil inconsistências nas folhas de pagamento da instituição. Também chamaram atenção as incongruências nas folhas do Ministério da Saúde e do Trabalho. Na amostra de 2012, foram detectadas 10,7 mil irregularidades nas folhas de pagamento do Ministério da Saúde e outras 10,3 mil no Trabalho.
Os casos mais escabrosos
Triste é verificar que foi nas instituições de ensino superior, onde se deveria estar pensando soluções para o futuro do país, que os técnicos da CGU encontraram os casos mais escabrosos. De acordo com o órgão, em 50% das Auditorias Anuais de Contas realizadas nas Instituições de Ensino Federais em 2016 e 2017, foram constatados indícios de acumulação ilegal de cargos docentes. Há diversos casos de professores que, mesmo tendo contrato de dedicação exclusiva com uma instituição, ministravam aulas também em outras. Nada menos do que 373 professores com dedicação exclusiva foram flagrados prestando serviços para faculdades distintas.
As auditorias mostram ainda falta de método na concessão dos benefícios. Na mesma Universidade Federal do Acre, um professor demorou três anos para conseguir obter a gratificação merecida depois de concluir seu mestrado. Já um outro obteve o mestrado em 2014 e em 2015 já estava recebendo a gratificação. Mais do que isso, por alguma razão, ele recebeu o benefício de forma retroativa, desde 2006. Esse tipo de inconsistência, para a CGU, gerou um prejuízo de aproximadamente R$ 180 mil.
Indevidos adicionais de insalubridade e flexibilização irregular da carga horária foram outros problemas comuns. “Há reduções da jornada de trabalho concedidas a servidores que trabalham em setores nos quais o atendimento ao público e o trabalho noturno não são características preponderantes dos serviços desempenhados. Verificou-se, ainda, a ausência dos quadros com a escala nominal dos servidores que trabalham no regime flexibilizado”, destaca o relatório. Em linhas gerais, o relatório da CGU assim pode ser resumido: quando se trata o dinheiro público com frouxidão e desleixo, como se não tivesse dono, alguém mais esperto sempre se apropria dele.
Ricardo Bergamini

Crise no mercado editorial brasileiro: meu comentario - Paulo Roberto de Almeida

Acabo de receber a seguinte mensagem do organizador de uma obra coletiva, em vários volumes, da qual eu participo com um capítulo, em tema de minha especialidade. Abaixo transcrevo meu comentário a ele e a todos os demais colaboradores:

On 18 Aug 2018, at 15:46, Xxxx Xxxxxxx <xxxxxxxxxxx@gmail.com> wrote:

Prezados colegas,
Esperamos encontrá-los bem.
Escrevemos para todos os que revisaram/atualizaram seus capítulos ou escreveram textos inéditos para os volumes 2, 3 e 4 da coleção X Xxxxx Xxxxxxxxx.
Nós havíamos planejado com a Editora relançar os quatro volumes de X Xxxxx Xxxxxxxxx  revisados e ampliados, com novo ISBN, junto com o novo volume, o 5 (Xxxxxxxxx). O lançamento dos 5 livros estava previsto para setembro próximo.
Os livros, inclusive, estão quase prontos, faltando apenas a última leitura e a impressão. Mas, infelizmente, os planos foram alterados.
Recebemos dos diretores da Editora a notícia de que a crise econômica se abateu, de maneira muito grave, sobre o mercado editorial. Segundo nos informaram, as livrarias não vendem e, devido a isso, não pagam às editoras. As duas maiores redes de livrarias do país vêm renegociando dívidas e isso está impactando a produção e distribuição de todas as editoras do país.
Nesse sentido, todo o planejamento teve de ser revisto. Neste ano, em setembro, serão lançados apenas o livro 5, totalmente inédito, e o volume 1, que introduz o leitor à coleção. Todos os outros volumes – 2, 3 e 4 – serão lançados no início de 2019, em sequência, conforme já acordado com a Editora.
Não escondemos nossa surpresa com a decisão tomada pela diretoria da Editora. E tais decisões independeram de nossa vontade. No entanto, queremos enfatizar que são anos de parceria com a Editora Xxxxxxx Xxxxxxxxx, sempre baseada no diálogo e na confiança. A produção editorial dos livros está praticamente pronta e foi um grande investimento de todos os envolvidos (os volumes sairão com novo projeto gráfico, inclusive as capas, e encartes com novas fotos). Nada será modificado em relação ao conteúdo e tamanho dos textos. Todos os livros têm ISBN e estão paginados, de maneira que poderá constar nos currículos daqueles que precisarem informar às suas instituições, embora com lançamento para 2019.
Lamentamos muito o ocorrido e queremos contar com a compreensão de todos os colegas, reiterando que a decisão foi independente de nossa vontade.
Abraços a todos,
Xxxxx Xxxxxxx

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Minha resposta, imediata;

Plenamente explicado, caro Xxxx Xxxxxxx. Venho acompanhando o cenário editorial desde muito tempo, e as explicações dos editores são inteiramente corroboradas pela realidade atual do mercado de livros, com essas insolvências de livrarias e anúncios de cortes e fechamento de locais físicos. A culpe NÃO é da Amazon, que aliás contribui enormemente para aproximar os leitores potenciais dos livros desejados. A culpa é do quadro macroestrutural e setorial da economia brasileira, com erros enormes acumulados ao longo de mais de dez anos de inepta gestão companheira, e uma incapacidade do governo sucessor – enredado em seu próprio labirinto de denúncias e tentativas de salvação entregando os anéis para um Congresso extremamente corrupto e chantagista – de realizar as reformas que tirariam o Brasil da profunda crise fiscal criada pela Grande Destruição lulopetista da economia.
            A recuperação vai provavelmente durar mais tempo do que o previsto, e eu não estranharia se os editores postergassem novamente a publicação dos demais volumes. Cabe esperar que a situação melhore, mas confesso meu profundo desalento com o atual quadro eleitoral. Qualquer que seja a tendência do presidente eleito em outubro, vai ter de haver-se com um Congresso não muito diferente do atual, e portanto teremos mais quatro anos de travessia dificultosa de um pântano econômico e a continuidade da anomia política que caracteriza o atual sistema, superficialmente reformado até aqui.
            Eu mesmo pertenço a uma “grande” editora de livros, a Funag, possivelmente a maior atualmente na área de relações internacionais, e reduzimos pela metade praticamente a edição de livros impressos, devido a cortes orçamentários, o que parece prolongar-se no futuro previsível. Uma solução parcial parece estar na simples preparação de livros eletrônicos, mas também eles exigem despesas de editoração, embora não de distribuição física. Esse é o quadro.
            Agradeço sua excelente nota explicativa, embora possa compreender a frustração de muitos colaboradores.
            Cordialmente, 
----------------------------
Paulo Roberto de Almeida
Diretor do IPRI-Funag-MRE
Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais
www.funag.gov.br/ipri
https://funag.academia.edu/ipri

sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Percursos Diplomaticos: Samuel Pinheiro Guimaraes Neto (24/08, 15, IRBr)

Percursos Diplomáticos: Samuel Pinheiro Guimarães Neto 



O Instituto Rio Branco (IRBr), a Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG) e o Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI) têm o prazer de convidar para uma nova apresentação na série “Percursos Diplomáticos”, com o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães. 
Tendo iniciado sua carreira em 1963, Samuel Pinheiro Guimarães Neto desempenhou diferentes funções na diplomacia econômica, em especial na área de integração, quando atuou de forma preeminente na construção dos primeiros acordos Brasil-Argentina da segunda metade dos anos 1980. Depois de ter sido diretor do IPRI nos anos 1990, quando foi incisivo na defesa de uma integração autônoma na América do Sul, exerceu, entre 2003 e 2009, o cargo de Secretário Geral das Relações Exteriores, a mais alta função a que pode aspirar um diplomata nos quadros do serviço exterior. Ao lado de suas exigentes tarefas na Secretaria de Estado, ainda se desempenhou como professor no Instituto Rio Branco, ademais de muitas outras atividades acadêmicas, em diversas instituições brasileiras.
Ao aposentar-se da carreira diplomática em 2009, foi convidado para ser Secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, com status de ministro de Estado, quando elaborou um planejamento estratégico sobre o Brasil em 2022. Seu último cargo na alta burocracia pública foi o de Alto Representante Geral do Mercosul.  Pela sua obra publicada, foi agraciado com o Prêmio Juca Pato em 2006.
A palestra na série “Percursos Diplomáticos” será feita no Auditório Araújo Castro, do Instituto Rio Branco, no dia 24 de agosto, às 15h00.

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...