quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Os árabes otomanos no Brasil, 1850-1940: livro de Jose D. Najar: Transimperial Anxieties: The Making and Unmaking of Arab Ottomans in Sao Paulo, Brazil, 1850-1940

 Greetings Paulo Roberto Almeida,

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Os primeiros 400 dias de Lula III - Pedro Malan (O Estado de S. Paulo)

Os primeiros 400 dias de Lula III 

 Pedro Malan* 

O Estado de S. Paulo, domingo, 11 de fevereiro de 2024


Neste domingo de carnaval, vale lembrar a marchinha ‘Recordar é viver’ (1955), a propósito do programa Nova Indústria Brasil


O Brasil foi descoberto no dia 21 de abril, “dois meses depois do carnaval”, dizia a marchinha que encantou foliões no carnaval de 1934. Tudo, metaforicamente, ficaria para depois da grande festa nacional. Mas não foi assim este ano, em que ações da Polícia Federal ocuparam as primeiras páginas dos jornais, iluminando a importância de elucidar os eventos que levaram ao surreal 8 de janeiro de 2023. As rodas da economia e da política tampouco deixaram de girar com Executivo e Congresso em estado de alta tensão por causa da disputa sobre fatias do Orçamento.

Foi numa virada de fevereiro para março, logo após o carnaval de exatos 30 anos atrás, que o governo de então lançou a Unidade Real de Valor (URV). Essa unidade de conta era o embrião da nova moeda, que chegaria quatro meses mais tarde sob o nome de real e que viria a consolidar-se – esperemos – como a definitiva moeda nacional.

Neste início de fevereiro, o governo Lula completou seus primeiros 400 dias. Pode parecer pouco, mas o tempo da política não é igual ao tempo cronológico. Na política, como na guerra, dias podem valer semanas; semanas, meses; meses, anos. Foi também de 400 dias, por exemplo, o período decorrido entre o momento em que o presidente Itamar Franco nomeou FHC seu (quarto) ministro da Fazenda e o lançamento do Real. Aqueles 400 dias valeram por anos.

O governo Lula parece apostar que os efeitos dos seus primeiros 400 dias também se projetarão por anos à frente e contribuirão para seu (legítimo) projeto de permanecer no poder, vencendo as eleições de 2026. Como estamos em pleno domingo de carnaval, vale lembrar outra marchinha dos carnavais de outrora, Recordar é viver (1955), a propósito do programa Nova Indústria Brasil, anunciado ao final de janeiro.

O programa evoca três lembranças. A primeira é uma declaração da então presidente Dilma Rousseff, dez anos atrás, a poucos meses das eleições. “Só em 2014 estão em construção ou contratados para serem construídos aqui, no Brasil, 18 plataformas, 28 sondas de perfuração e 43 navios tanque (...) Graças à política de compras da Petrobras (...), renasceu uma indústria naval dinâmica e competitiva, que irá disputar o mercado com as maiores indústrias navais do mundo.” Quem é minimamente informado sabe no que deu.

A segunda lembrança é uma imperdível entrevista concedida a este jornal (2/1/2013) por Bernardo Figueiredo, por muitos anos braço direito de Dilma Rousseff para assuntos de infraestrutura. “Se a gente pegar os planos nacionais de logística de transporte e de logística portuária e outros estudos do governo, teremos de investir perto de R$ 400 bilhões em cinco anos. Vamos dizer que tenho de investir outros R$ 20 bilhões por ano para não gerar novo passivo e ser preventivo. Então, a necessidade de investimento seria de R$ 100 bilhões por ano. Resolvendo isso, posso dizer que em cinco anos não teríamos mais problemas de infraestrutura.”

A terceira lembrança é também de uma entrevista – ainda mais imperdível, porque reveladora do pensamento de Lula sobre a arte de governar (Valor Econômico, 17/9/2009). “Tenho cobrado sistematicamente da Vale a construção de siderúrgicas no País. A Vale não pode se dar ao luxo de exportar apenas minério de ferro.” “Convoquei o Conselho da Petrobras para dizer: olha, este é um momento em que não se pode recuar. Que a Petrobras construa refinarias, estimule a construção de estaleiros (...). Este é o papel do governo.” “Não conheço ninguém que tenha a capacidade gerencial da Dilma.”

A julgar pelos primeiros 400 dias de Lula III, o pensamento de 15 anos atrás perdura. “Se der superávit zero, ótimo, se não der, ótimo também” (8/2/2024). O País está sendo informado de que haverá simultaneamente um plano trienal de ação (2024-2026) e um Plano de Aceleração do Crescimento (novo PAC). Em ambos há referências a metas aspiracionais cujo horizonte estende-se até um ponto não especificado nos anos 30.

Quando, como é nosso caso, o Estado já se sobrecarregou de obrigações que testam os limites de sua capacidade – de tributar, de gastar, de se endividar, de reformar, de gerir e de investir –, a realidade impõe, pelo lado da oferta doméstica, restrições a ambiciosos processos de expansão. E exige claras definições de prioridades. Porque, ao dispersar demais suas atividades, o Estado fica mais suscetível a ceder a interesses isolados, a persistir em promessas que não pode cumprir. A assumir metas e objetivos inalcançáveis, que redundam em dívidas por equacionar. Principalmente quando receitas não recorrentes são utilizadas para financiar gastos que se tornam permanentes – e crescentes –, como vimos em experiências recentes.

Ao longo dos próximos três anos será fundamental, de maneira clara e crível, sinalizar para agentes econômicos que existe um sistema de regras de responsabilidade fiscal que represente compromisso firme em assegurar a sustentabilidade da trajetória de finanças públicas do País. Como temos nos regimes monetário e cambial e como ainda nos falta na área fiscal, a despeito dos esforços do ministro Fernando Haddad, contra intenso fogo amigo. Porque uma política fiscal insustentável pode impedir o desenvolvimento econômico e social sustentado no longo prazo. 

*Economista, foi ministro da Fazenda no governo FHC

 

terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

Darwin no Brasil: Livro ilustrado explica impacto brasileiro na vida e obra do naturalista - André Aubert (Estadão)

 ESTADAO, 13fev24

 

Darwin no Brasil: Livro ilustrado explica impacto brasileiro na vida e obra do naturalista

Escala em Galápagos ficou mais famosa, mas Darwin passou pelo Brasil, viveu por alguns meses no Rio, se encantou por insetos de Botafogo e se horrorizou com escravidão. Nova editora compila histórias; conheça

Por André Aubert


É mais do que conhecida a hecatombe provocada por Charles Darwin (1809-1882) com seu A Origem das Espécies, de 1859, o livro que revolucionou a maneira como entendemos a evolução da vida em nosso planeta.

Tampouco se desconhece que, ainda que as conclusões tenham vindo depois, a viagem de cinco anos ao redor ao globo que o jovem Darwin fez a bordo do Beagle, um navio da Marinha Real, entre 1831 e 1836, foi essencial para que o cientista tivesse acesso direto a um gigantesco volume de informações e experiências que seriam essenciais para a construção de sua teoria.

Algumas etapas da viagem, como a escala em Galápagos, ficaram famosas. Por outro lado, são muito menos conhecidas as passagens do Beagle pelo Brasil e como contribuíram para as pesquisas de Darwin.

Os registros que o biólogo escreveu durante a expedição serviram de base para a publicação, em 1839, de um livro com o título de Diário e Comentários, mais tarde rebatizado como A Viagem do Beagle. Como foi editado algum tempo depois da expedição, não se tratava exatamente de um diário, mas de um relato instigante das reflexões de Darwin a partir das realidades com as quais se deparou. A Viagem mostra uma mente aberta, que não apenas observava, mas que pensava e criticava, jamais aceitando passivamente as verdades pré-estabelecidas.

Como a expedição do Beagle tinha caráter científico, as escalas com frequência eram longas, dando tempo para que fosse possível fazer pesquisas e se aprofundar nas características de cada lugar. No Rio de Janeiro, por exemplo, Darwin viveria por alguns meses, inclusive alugando uma casa com dois outros membros da tripulação.

O Brasil proporcionou escalas fundamentais para o Beagle – e para o pensamento de Darwin, aparecendo com destaque na Viagem. O que o cientista registrou a respeito de nossos antepassados e da terra em que viviam é nada menos que precioso.

É curioso passear, apenas para citar um exemplo, pelo que era chamado de povoado de Botafogo, então a cinco quilômetros da cidade do Rio de Janeiro, com sua profusão de árvores, samambaias, macacos e insetos. Chega a ser difícil acreditar que se trata do mesmo bairro de Botafogo de hoje.

Em outro trecho, estupefato com a quantidade de insetos com que se deparava, Darwin escreveu: “Se o que me foi dito em Londres é verdade, ou seja, que não há insetos minúsculos nas coleções dos trópicos, diga aos entomologistas que se preparem...”.

Ou ainda, confrontando a noção europeia então vigente de que planárias, semelhantes a lesmas, eram animais exclusivamente aquáticos, ele registrou: “Aquelas que descrevi foram encontradas nas partes mais secas da floresta, embaixo de troncos podres, dos quais acredito que se alimentam (...). Encontrei nada menos que 12 espécies distintas de planárias terrestres (...).”

‘Darwin no Brasil’

O problema é que, para o leitor brasileiro de hoje, embarcar na Viagem do Beagle não é uma tarefa fácil. Além de ser extensa, a obra tem inúmeras passagens com digressões sobre geologia, biologia e botânica que serão indigestas para um não especialista.

A lacuna com relação ao País é o que a bela edição Darwin no Brasil – A viagem de Charles Darwin ao Brasil e suas contribuições para a teoria da evolução (Editora Duas Aspas, 2023), realizada com financiamento coletivo, contribui para suprir. É a primeira publicação da Duas Aspas, que pretende entrar neste mercado de livros sobre ciência.

Traduzido e editado por Pedro Alencastro, o livro selecionou os trechos do relato que mencionam o nosso País, que aparecem intercalados com excelentes comentários do editor. A obra começa com uma breve biografia de Darwin antes do Beagle, na qual ficamos sabendo um pouco mais sobre a família, a infância e os anos de formação do autor.

'Darwin no Brasil – A viagem de Charles Darwin ao Brasil e suas contribuições para a teoria da evolução' (Editora Duas Aspas, 2023) Foto: Editora Duas Aspas/Divulgação

Em seguida, vêm os capítulos sobre a viagem. O primeiro fala da travessia atlântica e do contato inicial com o território brasileiro, no rochedo desabitado de São Pedro e São Paulo. Os seguintes mencionam Fernando de Noronha, Bahia, Rio de Janeiro, Botafogo e o Pampa gaúcho. O capítulo sete expande para a América do Sul e o oito trata do regresso, desde Galápagos, passando novamente pelo Brasil, rumo à Inglaterra.

No epílogo, destaca-se novamente a voz do editor, comentando a vida pessoal e profissional de Darwin após a viagem, já então uma pessoa amadurecida. Aí se fala do casamento, dos filhos, dos debates científicos e, finalmente, da publicação de A Origem das Espécies e da enorme polêmica provocada pelo livro (a qual, por incrível que pareça, ainda persiste, embora não na Ciência, por conta dos criacionistas).

Nem tudo são flores

A primeira escala do Beagle em solo continental brasileiro foi em Salvador, na Bahia, quando Darwin levou um verdadeiro susto com a exuberância e a variedade da natureza tropical:

O dia transcorreu deliciosamente. Mas esse talvez seja um termo pobre para expressar as emoções de um naturalista que, pela primeira vez, aventurou-se sozinho em uma floresta brasileira (...). Para quem ama história natural, um dia como este proporciona um prazer tão profundo que não se pode esperar sentir algo assim novamente.

Ainda que maravilhado com a natureza brasileira, nem tudo foram flores na relação de Darwin com o nosso País. No último capítulo, por exemplo, ele escreve: “No dia 19 de agosto, finalmente, deixamos o litoral do Brasil. Agradeço a Deus e espero nunca mais visitar um país escravocrata. Até hoje, quando escuto um grito distante, lembro com dolorosa clareza o que senti ao passar por uma casa perto de Recife. Eu ouvi os mais terríveis gemidos”.

“Perto do Rio de Janeiro, morei em frente a uma senhora que guardava torniquetes para esmagar os dedos de suas escravas. Vi ainda um menino de seis ou sete anos levar três chibatadas na cabeça com um chicote de açoitar cavalos (antes que eu pudesse interferir), simplesmente por ter me oferecido um copo de água que não estava limpo o bastante”, completa.

Darwin no Brasil é uma obra caprichada, com mapas e belas ilustrações, que se lê com prazer, trazendo uma importante contribuição para quem quer saber mais sobre Darwin e, principalmente, sobre como o Brasil impactou e influenciou o autor de A Origem das Espécies.

Conforme avançava pelas páginas desse livro, foi inevitável imaginar o que Darwin pensaria se, quase 200 anos depois, voltasse a nos visitar e encontrasse um País que devastou sem piedade a Mata Atlântica que tanto o fascinou e ensinou, e que evoluiu muito menos do que deveria na questão da injustiça social que o incomodava.

 

O que Darwin guardava em sua biblioteca? Acervo é revelado pela primeira vez

Catálogo detalha os milhares de livros, periódicos e documentos que moldaram o pensamento do pai da evolução 

Por Redação

Em um feito inédito, o público agora tem acesso ao catálogo completo da biblioteca pessoal de Charles Darwin. Este catálogo inclui desde estudos sobre porquinhos-da-índia epilépticos até os romances preferidos do cientista, como os de Elizabeth Gaskell. Quase duas décadas de investigação meticulosa permitiram localizar milhares de livros, periódicos, panfletos e artigos que constituíam a coleção do célebre naturalista. As informações são do The Guardian.

John van Wyhe, líder do projeto e acadêmico, destacou a amplitude e diversidade das leituras de Darwin, que abarcavam uma variedade surpreendente de temas. Van Wyhe salientou a natureza eclética de Darwin, evidenciada pela sua coleção que inclui desde recortes de notícias sobre espécies invasoras até importantes obras científicas.

O catálogo de 300 páginas, disponibilizado por Darwin Online, enumera 7.400 títulos e 13.000 itens, abrangendo jornais, panfletos e críticas. Alguns desses materiais remontam aos dias de escola de Darwin, revelando a profundidade de suas leituras desde a juventude. Registros de leilões desempenharam papel crucial na reconstrução da história de certos itens, como um artigo de 1826 de John James Audubon e um romance de Elizabeth Gaskell de 1880, este último um dos favoritos de Darwin.

Antes desse levantamento, apenas 15% do conteúdo real da biblioteca de Darwin era conhecido. A lista atual revela a gama de interesses do cientista, que vai de biologia a religião, passando por arte, história e geografia. Mais da metade das obras está em inglês, com o restante em línguas como alemão, francês e italiano, incluindo o primeiro registro fotográfico conhecido de bactérias e estudos sobre características animais atípicas.

Além de compilar os títulos, o projeto proporcionou uma reconstrução virtual da biblioteca de Darwin, com links para cópias gratuitas de 9.300 obras, reafirmando o impacto duradouro de Darwin no entendimento do mundo natural. A publicação do catálogo coincide com o aniversário de 215 anos de Darwin, realçando a vastidão de seu legado intelectual.

John van Wyhe refletiu sobre a importância do projeto, questionando a demora em realizar um levantamento tão abrangente, dada a ampla atenção dedicada a Darwin ao longo dos anos. Este esforço revela Darwin não apenas como um pioneiro da teoria da evolução, mas também como um erudito que construiu suas ideias com base em um vasto espectro de conhecimento.

 

A destruição da aliança atlântica por Trump - Ishaan Tharoor (WP)

 

Today's WorldView

A questão palestina - Rubens Barbosa (Estadão)

 A QUESTÃO PALESTINA

Rubens Barbosa

O Estado de S. Paulo, 13/02/2024

       

        Continua a crescer a pressão da opinião pública mundial por uma solução a médio e longo prazo para a dramática situação no Oriente Médio, a fim de evitar a escalada do conflito entre Israel e Hamas e de buscar um entendimento que permita a estabilização política, econômica e militar na região.

       Os altos custos do apoio militar para a Ucrânia e a aproximação da eleição presidencial nos EUA, com forte impacto negativo à candidatura de Biden, são agravados, no curto prazo, pela multiplicação dos incidentes militares, com o risco da situação sair do controle, e pela necessidade de garantir a segurança de Israel e a viabilização do Estado Palestino.

        Com esse pano de fundo, o governo de Washington lançou um balão de ensaio com o vazamento de um esboço de proposta por meio de comentários no New York Times e no The Economist, com grande repercussão.

        Segundo se noticia, estaria havendo conversas sigilosas no sentido de viabilizar um amplo plano de paz - hoje de difícil aceitação por todas as partes envolvidas -, mas que poderá, com concessões de todos, tornar possível vislumbrar uma luz no fim do túnel, caso a posição do governo norte-americano se mantenha firme e os entendimentos se intensifiquem.

        Assim, a política dos EUA em relação a região parece estar evoluindo. O presidente Biden anunciou inéditas sanções contra colonos israelenses que promovem violência contra palestinos na Cisjordânia. Thomas Friedman, no New York Times, prevê uma nova “Doutrina Biden” para o Oriente Médio. As linhas principais dessa nova política americana passariam por uma atitude firme em relação ao Irã, por uma forte pressão sobre Israel, para que aceite a criação de um Estado Palestino, e pelo fortalecimento da aliança com a Arábia Saudita, que reconheceria diplomaticamente Israel. The Economist acrescenta que, em meio a intensa ação diplomática, lideradas pelos EUA e Arábia Saudita, o plano estaria tomando forma, a partir das negociações para a liberação dos reféns em poder do Hamas, (Netanyahu recusou a  última proposta do Hamas), para modificar a política interna israelense e permitir a possibilidade de criação do Estado Palestino.

        O primeiro passo seria uma posição dura em relação ao Irã, incluindo uma retaliação militar robusta contra aliados e agentes do Irã na região (Houthis, ISIS e outros grupos) em resposta às mortes dos três soldados americanos em uma base na Jordânia, por um drone aparentemente lançado por uma milícia pró-Irã ativa no Iraque. O segundo eixo consistiria em uma iniciativa diplomática sem precedentes, para promover um Estado palestino, que envolveria alguma forma de reconhecimento pelos EUA de um Estado palestino desmilitarizado na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, que passaria a existir somente depois que os palestinos tivessem desenvolvido um arcabouço de instituições definidas e críveis, assim como capacidades de garantir que esse Estado seja viável e incapaz de ameaçar Israel. O governo norte-americano estaria mantendo consultas dentro e fora do governo americano a respeito das diferentes formas que esse reconhecimento do estatuto de Estado dos palestinos poderia assumir. O terceiro eixo seria uma aliança de segurança ampliada dos EUA com a Arábia Saudita que também envolveria a normalização das relações dos sauditas com Israel, com reconhecimento mútuo e com garantias de segurança respaldadas pelo governo norte-americano. Seria a retomada dos entendimentos entre a Arabia Saudita e Israel (acordo de Abraão) para o reconhecimento do Estado de Israel, se o governo israelense estiver preparado para aceitar um processo diplomático que leve a criação de um Estado palestino desmilitarizado, liderado por uma Autoridade Palestina fortalecida.

       A primeira fase está em curso com os ataques dos EUA aos grupos terroristas no Iraque, na Síria e no Yemen. Como nem os EUA, nem o Irã, nem os países do Golfo querem uma escalada da guerra na região, a fase inicial teria de ser concluída com o controle dos grupos terroristas financiados por Teerã. As conversas reservadas entre EUA, Arabia Saudita, Irã e Israel mostrarão se as duas etapas seguintes da estratégia serão viáveis a médio prazo.

         O ataque terrorista de 7 de outubro contra Israel e seus desdobramentos estão forçando uma reformulação fundamental na maneira como a questão do Oriente Médio deve ser tratada. Se vencer as resistências, a Doutrina Biden produzirá um equilíbrio geopolítico e políticas domésticas mais seguras. Essa estratégia poderia dissuadir o Irã, tanto militarmente, quanto politicamente, ao tirar a carta palestina de Teerã. Poderia promover o estatuto do Estado palestino em termos consistentes com a segurança israelense e, simultaneamente, criar condições para a normalização das relações entre Israel e Arábia Saudita, em termos que os palestinos possam aceitar. Mas para que a questão seja bem-sucedida é indispensável que esses três eixos estejam assegurados e interconectados. O plano promete uma nova arquitetura econômica e de segurança no Oriente Médio. Essa estratégia poderia se tornar o maior realinhamento estratégico na região desde o tratado de 1979 em Camp David.

 

Rubens Barbosa, ex-embaixador em Washington, presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (IRICE) e membro da Academia Paulista de Letras

       

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

Um golpe a cavalo? - Dorrit Harazim (O GLobo)

Não deu. Teria de ser com tanques, que desapareceram na hora aprazada.




PIB PPP das principais economias planetárias

 GDP, purchasing power parity:


🇨🇳 China: $35.04 trillion 

🇺🇸 USA: $27.97 trillion

🇮🇳 India: $14.26 trillion 

🇯🇵 Japan: $6.71 trillion 

🇩🇪 Germany: $5.72 trillion 

🇷🇺 Russia: $5.23 trillion 

🇮🇩 Indonesia: $4.72 trillion

🇧🇷 Brazil: $4.26 trillion 

🇫🇷 France: $4.01 trillion 

🇬🇧 UK: $3.98 trillion

🇹🇷 Turkey: $3.81 trillion 

🇲🇽 Mexico: $3.42 trillion 

🇮🇹 Italy: $3.29 trillion 

🇰🇷 South Korea: $3.06 trillion 

🇪🇸 Spain: $2.51 trillion 

🇨🇦 Canada: $2.47 trillion

Note: current international dollar. GDP comparisons using PPP are arguably more useful than those using nominal GDP when assessing the domestic market of a state because PPP takes into account the relative cost of local goods, services and inflation rates of the country, rather than using international market exchange rates, which may distort the real differences in per capita income.


According to IMF

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...