Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;
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sábado, 23 de fevereiro de 2013
Reflexao do dia: comparacoes...
Nunca antes neste país, obsessões e manias de profundo desvio mental de certos dirigentes orientaram de forma tão profunda programas e ações governamentais.
Nunca antes neste país dirigentes atuaram sempre olhando para o passado, administraram com tanto rancor, despeito, inveja, raiva e ódio este nosso país modesto, situado neste planetinha redondo.
Só pode ser por algum desvio de personalidade...
Paulo Roberto de Almeida
Uma previsao imprevisivel previsivel (ou vice-versa...)
Marque e guarde
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que a inflação deve atingir aproximadamente 5,5% neste ano. Finalmente, uma informação confiável: agora já sabemos qual é o número que não vai dar.
Eu avisei...
Paulo Roberto de Almeida
O Brasil e o NAO crescimento economico...
Existem muitas razões, mas elas podem ser resumidas assim: o Brasil cresce pouco, porque investe pouco, e o Brasil investe pouco porque tem pouca poupança, e o Brasil tem pouca poupança porque o governo perpetra despoupança, através todos os mecanismos perversos de extração de renda da sociedade. Existem muitos erros, também, de política econômica, mas estes são os báisicos, estruturais. Enquanto não nos convencermos que um Estado despoupador é uma receita para o desastre, não vamos crescer...
Paulo Roberto de Almeida
Uma verdade inconveniente
(ou: por que o Brasil não cresce 5% ao ano...)
Taxa
média anual de crescimento do PIB, 1952-2005 (%)
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períodos | 1952/63 | 1964/84 | 1985/89 | 1990/94 | 1995/02 | 2003/05 |
média-ano | 6,99 | 6,22 | 4,39 | 1,18 | 2,33 | 2,60 |
Fonte: IBGE (elaboração Ricardo Bergamini: http://www.rberga.kit.net/) |
Carga
Tributária sobre o PIB, EUA e Brasil
(anos
selecionados, % do PIB)
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Anos
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EUA
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Brasil
|
1964
|
27
|
17
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1970
|
30
|
26
|
1980
|
30
|
24
|
1985
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30
|
24
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1988
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31
|
22
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1990
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31
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29
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1993
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30
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26
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1995
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32
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29
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1998
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30
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33
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2000
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34
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33
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2002
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30
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36
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2004
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29
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36
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Fontes:
EUA: Tax Foundation (2004); Brasil: diversas, in
Shikida-Araujo Jr., op. cit., p. 94.
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Hora da saudade: desarmamento nuclear (ou, eramos felizes e nao sabiamos)...
O texto abaixo, por exemplo, foi suscitado por um desses discursos chatos que todo ano o Brasil pronuncia na abertura do debate da AGNU (ainda que tenha sido feito em foro paralelo, não importa, o teor é o mesmo), que muita gente considera importante (deve ser), mas que eu não consigo levar a sério (que coisa!), pelo simples fato de que ele repete um ritual por demais conhecido, com o alinhamento, o realinhamento, a retomada, à la Lavoisier, dos mesmos argumentos dos tempos da pedra da diplomacia universal. Sinto muito, mas essa coisa toda já está ficando enfadonha, ou seja repetitiva, dormitiva, um sério concorrente ao Valium (copyright)...
Este aqui, por exemplo, trata do mais grave problema da humanidade. Acreditam? Não?
Incrédulos...
Paulo Roberto de Almeida
Digressões contrarianistas sobre o desarmamento nuclear, por Paulo Roberto de Almeida
Paulo Roberto de Almeida é diplomata, professor universitário e autor de Globalizando. (www.pralmeida.org)
E ai? Como andamos de previsoes imprevisiveis? - Revisao de meio de caminho...
Pois bem, não vamos esperar pelo final do ano para conferir se o que eu previ realmente não se realizou, pois do contrário fica confirmado, mais uma vez, meu fracasso total como vidente de coisas lunáticas. Não tenho seguro contra incendios, neste caso, um prêmio contra as realizações, assim que ninguém pode me cobrar nada...
Mas, chega de tergiversações sobre o nada, vamos ver logo o que eu prometi que não se realizaria...
Paulo Roberto de Almeida
quinta-feira, 20 de dezembro de 2012
Minhas Previsões Imprevisíveis para 2013 - Paulo Roberto de Almeida
A blogueira e os mercenarios, 9: viva a embaixada cubana, viva a SG-PR...
Eles conseguiram!
Tiveram sucesso absoluto: conseguiram cumprir plenamente as ordens de seus chefes em Havana.
O embaixador deve ter mandado vários telegramas à sua chancelaria, relatando em primeiro lugar que "cumpri instruções", informando depois como atuaram os amigos de Cuba nos vários eventos programados para aparição da dissidente agente da CIA.
O SG-PR deve ter telefonado meio constrangido ao embaixador dizendo que também cumpriu instruções, mas que talvez o sucesso tenha sido bem sucedido demais, pois afinal de contas a tchurminha contratrada para atrapalhar acabou atrapalhando demais, e causou mais rebuliço que protestos em favor de Cuba.
Se ambos forem sinceros consigo mesmos, verificarão que foi um desastre total toda a operação, já que a população constatou que Cuba afinal é uma ditadura intolerante.
Como eles são incapazes de exibir tais sentimentos, devem estar apenas contabilizando o sucesso da operação.
Por isso mesmo, eu lhes estendo meus cumprimentos.
Conseguiram, bravo!
Conseguiram juntar um bando de fascistas do partido dos companheiros a uma das duas últimas ditaduras stalinistas moribundas do planeta.
Vão morrer com eles. Isso que é solidariedade e amizade.
Parabéns pela fidelidade canina. Aliás, de quatro patas...
Paulo Roberto de Almeida
Se nao for ajudar, pelo menos nao atrapalhe... (sim, o governo...) - Editorial OESP
Mas ela ainda continuou entravada durante uma decada mais, pelo menos, adivinhe por quem, caro leitor?
Sim, você acertou: pelo governo. Com sua política de preços de referência, estoques reguladores, planejamento de produção, direcionamento de créditos por critérios pouco claros, e um tabelamento geral dos preços dos produtos de base (para ajudar os pobres, claro), tudo isso fez com que sofressemos desabastecimentos, queda de produção, desequilíbrios na oferta, e outras pragas associadas ao intervencionismo governamental.
Ou seja, a praga da agricultura era o governo, e as saúvas eram os técnicos da Fazenda e do próprio ministério da Agricultura, que pretendiam "gerir" esse setor, tão estratégico, tão importante, tão relevante para a tal de segurança alimentar.
A consequência não foi outra: desabastecimento, penúria de produtos e outros problemas.
Só quando o Brasil exsangue de tanta inflação resolveu dar um choque de capitalismo -- não tanto por vontade, quanto por impossibilidade de atuar de outra maneira -- e liberalizar o setor, a agricultura deu um enorme salto produtivo e comercial, que junto com os progressos tecnológicos fizeram do Brasil essa potência agrícola que somos.
Agora, chegam os companheiros e ameaçam colocar tudo a perder outra vez, com essa mania -- atávica neles -- de controlar tudo, para "garantir abastecimento a preços razoáveis".
Idiotas, vão estragar tudo outra vez...
Paulo Roberto de Almeida
Ameaça à produção de comida
Depois de comprometer a saúde financeira da Petrobrás e a produção de etanol com sua intromissão desastrada, o governo agora se prepara para mexer politicamente nos preços dos alimentos e desarranjar o agronegócio. O Conselho Interministerial de Estoques Públicos de Alimentos (Ciep), recém-criado por decreto presidencial, será o instrumento dessa lambança, a mais nova demonstração de voluntarismo da mal assessorada presidente Dilma Rousseff. O novo conselho usurpará funções até agora atribuídas à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e geralmente exercidas com eficiência quando subordinadas a critérios técnicos. Esses critérios serão obviamente postos em segundo ou terceiro plano, com a previsível politização das decisões.
Só a intenção de politizar a formação e a administração de estoques de alimentos pode explicar a instituição do Ciep. Se a presidente da República estivesse apenas descontente com a ação técnica dos atuais dirigentes da Conab, poderia simplesmente substituí-los. Nem precisaria buscar muito longe pessoal para assumir as funções. Antigos e competentes funcionários da Conab permanecem no governo. Outros foram para a vida acadêmica ou empresarial. Não falta, no mercado, gente capacitada para dirigir empresas públicas desse tipo, conhecidas em vários dos grandes países produtores.
Os preços agrícolas subiram no mercado internacional durante vários anos e essa tendência afetou também o mercado brasileiro. Apesar da elevação de preços, não houve nenhuma crise de suprimento no Brasil.
Crises desse tipo foram muito frequentes quando havia controles de preços, porque a ação oficial dificultava a modernização produtiva. A liberação gradual do mercado, a racionalização da política e o forte investimento em pesquisa permitiram uma ampla mudança do quadro. As crises sumiram e a alimentação passou a pesar menos no custo de vida, liberando recursos para o consumo de outros produtos. Mesmo com a alta de preços dos últimos anos, o custo da comida, no Brasil, continuou sendo um dos mais baixos do mundo.
Em países bem administrados, a variação de alguns custos, como o dos alimentos ou dos combustíveis, apenas altera a relação entre preços, sem pôr em movimento uma espiral inflacionária. No Brasil, a difusão dos aumentos foi favorecida por outros fatores, como a expansão do crédito, o estímulo ao consumo e a elevação dos salários bem acima dos ganhos de produtividade da economia. Mas o governo prefere desconhecer esses fatos evidentes, promover um corte de juros obviamente voluntarista e manter a gastança pública.
Em vez de combater a inflação, o governo tem procurado conter os índices, controlando preços de combustíveis, cortando alguns impostos para baratear produtos selecionados e tentando administrar o câmbio.
A Conab tem promovido frequentes vendas de estoques. Só de feijão, por exemplo, dez leilões foram programados entre 24 de janeiro e 22 de fevereiro. Alguns setores da indústria de alimentos poderão até apoiar maior intervencionismo, se isso resultar em maiores vendas de matérias-primas, como o milho. Mas isso será uma demonstração de visão curta.
Uma boa política de estoques serve para a sustentação de preços, por meio das compras oficiais, e para a moderação das altas, por meio das vendas. Mas é preciso balizar toda intervenção pelo bom senso. Mexer no mercado para derrubar alguns preços selecionados é um jogo perigoso, tentado no Brasil, em outros tempos, com péssimos resultados. Seria insanidade ressuscitar a velha Sunab, a desastrosa Superintendência Nacional do Abastecimento. A presidente Dilma Rousseff deveria se lembrar disso. Não é necessária muita cultura econômica para entender esses fatos.
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013
A blogueira e os mercenarios, 8: uma ditadura ordinaria
Lyons explica ao Comunique-se que há seis anos os cubanos que moravam em Miami (EUA) começaram a se questionar sobre a pessoa que mantinha o blog ‘Geração Y’ e sobre suas intenções em expor a realidade do país comunista na internet. “Fui a Cuba, cheguei como turista, com chinelo e roupa havaianos. É muito difícil para um americano conseguir o visto de Cuba”.
O americano permaneceu por uma semana na ilha caribenha. Antes de todos os encontros que teve com Yoani sempre ia a pontos turísticos de Havana para não levantar suspeitas do governo. “Ao sair do hotel, ia para pontos turísticos. Peguei um taxi irregular para ir até a casa de Yoani, mas acredito que a casa dela era vigiada constantemente”.
Correspondente do WSJ há nove anos, o jornalista conta que a reportagem sobre Yoani foi capa da edição impressa do veículo. Ele, entretanto, não assinou a matéria. Lyons e o editor concordaram que a melhor opção era não divulgar o nome do repórter para que ele pudesse entrar outras vezes na ilha comandada pelos irmãos Castro.
O jornalista fala que "medo" não é o termo mais apropriado para se referir a sensação que teve ao se passar por um turista em Cuba. “Senti um pouco da paranoia de morar em um regime totalitário. Eles colocam uma espécie de polícia na sua cabeça e você deixa de fazer coisas que faria normalmente”.
Yoani, a blogueira "turista"
Datado de 22 de dezembro de 2007, a matéria “Yoani Sánchez fights tropical totalitarianism, one blog post at a time” (“Yoani Sánchez luta contra o totalitarismo tropical, um post de cada vez”, em livre tradução) conta como a cubana contornava as proibições do governo e conseguia ter acesso à web para postar seus textos. “Para se livrar das restrições cubanas de acesso à internet, a aparente pária de 32 anos se passava por turista para entrar em um café com internet, em um luxuoso hotel da cidade, normalmente o bar Cubans. Vestida de shorts de surf cinza, camiseta e alpercatas verde-limão, ela passou por um guarda do hotel e deu um largo sorriso. O guarda, alto e de cabelo raspado, deu um passo para trás”, narra a cena. Lyons revela que a rotina se tornou comum na vida de Yoani desde abril daquele ano.
Na reportagem, o jornalista ressalta que geralmente blogs mantidos sobre Cuba são feitos ou por pessoas que visitam a ilha ocasionalmente ou por moradores antigos. “Ela não só escreve de Cuba, como também assina o seu nome e publica uma foto sua. Muitos blogueiros de Havana são anônimos”.