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quarta-feira, 25 de junho de 2014

O que o Brasil quer ser no mundo? - Carlos Eduardo Lins da Silva

O que o Brasil quer ser no mundo?
Carlos Eduardo Lins da Silva
Época, 23/06/2014

A importância do país na cena global cresceu nos últimos 20 anos. Agora, precisamos decidir que tipo de influência internacional queremos exercer

O papel do Brasil no mundo foi debatido por 42 especialistas de 13 nacionalidades diferentes durante três dias de abril na sede da Fundação Ditchley, uma entidade britânica localizada nas cercanias de Oxford, dedicada ao estudo de temas internacionais de relevância. O debate foi uma revisão do tema. Em 2006, quando o Brasil estava em alta no cenário mundial, o país já fora objeto de seminário similar promovido pela mesma organização. Agora, com o país em relativa baixa, em grande parte devido ao contraste de interesse por relações internacionais entre a presidente Dilma Rousseff e seus dois antecessores imediatos, muitos dos problemas apontados oito anos atrás continuaram na pauta.

Houve pouco consenso entre os participantes, em especial entre brasileiros e estrangeiros. Isso permitiu uma conclusão inicial importante: existe um fosso entre a autopercepção do Brasil e a que os outros fazem dele. Todos aceitam que o país fez enormes progressos nos últimos 20 anos, fruto de um amplo consenso nacional em torno de princípios básicos em política e macroeconomia. Essa situação nova naturalmente fez com que a projeção do Brasil no mundo se ampliasse. Apesar disso, persistem desafios enormes a vencer nas áreas de infraestrutura, produtividade, sistema fiscal e tributário, competitividade, educação, eficiência do sistema político-partidário vigente e segurança pública.

Mesmo que esses obstáculos venham a ser satisfatoriamente superados, ainda restarão questões essenciais sobre o que o Brasil quer ser no mundo e quanto está disposto a pagar para chegar ao lugar que deseja. Mesmo regionalmente, na América do Sul, o Brasil precisa fazer opções. Ele quer ser líder ou só um grande poder benigno, condição que seu simples tamanho geográfico e a tradição diplomática de respeito à paz e à autodeterminação já lhe garantem? Nem a autoimagem de potência que não interfere nos problemas dos vizinhos está assegurada. Ela foi contrastada por observadores que classificaram o Brasil como negligente diante de situações críticas na Argentina e na Venezuela.

A debilidade do Mercosul e a ameaça ao comércio exterior brasileiro representada pela Aliança do Pacífico (bloco comercial formado por Chile, Colômbia, México e Peru) foram objeto de muita discussão. Alguns participantes afirmavam que o Brasil já está marginalizado por causa de sua opção pelo Mercosul. Isso exclui o país das negociações dos grandes acordos comerciais transatlântico (entre os Estados Unidos e a União Europeia) e transpacífico (entre uma dúzia de nações banhadas pelo Oceano Pacífico). Outros diziam que esses acordos multinacionais, mesmo a Aliança do Pacífico, ainda não passam de miragem e que a aposta brasileira na Organização Mundial do Comércio (OMC) é correta.

Apesar de não se ter chegado a conclusões consensuais, o debate deixou claro que a integração da América do Sul atravessa um período particularmente complicado. Embora existam áreas em que é possível avançar, mesmo com as divisões ideológicas atuais no continente, como a cooperação educacional-científico-cultural e o combate ao tráfico de drogas e ao crime organizado, não há sequer clareza sobre o que significa integração.

Ninguém duvida de que o Brasil é (e continuará a ser) um ator global relevante. A disposição do Brasil de se tornar mais influente e responsável na cena mundial fica evidente pela consistente participação em missões de paz da ONU (mais recentemente no Haiti e Congo). Essa participação só não é mais destacada porque, em situações específicas em que tentou ser mais proeminente (como na proposta de acordo, em 2010, para tentar resolver o impasse do programa nuclear do Irã), o Brasil foi boicotado pelas grandes potências ocidentais.

A dimensão da importância do Brasil dependerá, no entanto, em parte da solução que dará aos problemas internos que constrangem seu progresso e em parte da definição da sociedade brasileira sobre seu papel no mundo. O Brasil prefere ser visto como uma nação do Ocidente, em que se encaixa do ponto de vista de cultura e valores? Ou é uma nação do Sul, em que se insere por sua condição de economia emergente? Essa contradição, segundo os críticos, resulta na contínua inclinação do Brasil por deixar de se colocar claramente em crises internacionais, como na Síria e na Líbia. A tal visão se contrapõe o argumento de que o Brasil, historicamente, dá preferência a ações diplomáticas mais eficazes nos bastidores e se opõe a condenações políticas por violações de direitos humanos, decididas ao gosto de quem as propõe.

O dilema conceitual sobre o papel do Brasil no mundo foi resumido no documento final da seguinte forma: ou o Brasil é "essencialmente um poder passivo que não quer se engajar na maior parte dos problemas do mundo" ou o Brasil é "simplesmente uma forma incomum de poder, que trabalha ativamente para promover a paz internacional e uma governança mundial melhor, só que não da maneira prescritiva e intervencionista que o Ocidente costuma usar".

O Brasil, por fortuna ou virtude (ou ambas), é um país sem inimigos reais, sem grandes problemas de segurança, sem sectarismos de ordem étnica, religiosa ou cultural, com enormes recursos naturais e humanos disponíveis, como nenhuma outra nação emergente. Essa peculiaridade lhe oferece a chance de desenvolver um "soft power" poderoso e de exercer influência real nos destinos de um mundo multipolar, em que as aparentes contradições brasileiras podem ser classificadas mais como ativos do que passivos.


Esse "soft power" precisa, no entanto, se expressar de maneira mais clara. Isso ainda não tem ocorrido. E poderá correr sério risco se os programas de inclusão social admirados internacionalmente não se revelarem sustentáveis ou se não houver um gerenciamento eficaz das questões ambientais.

Carlos Eduardo Lins da Silva é global fellow do Woodrow Wilson Center

terça-feira, 24 de junho de 2014

Saudades da Ditadura! Eu disse saudades? Enfim, comparando com os companheiros atuais...

Explico. Não se trata de saudades da ditadura, enquanto tal, apenas dos seus bons métodos burocráticos, de gravar, registrar, gravar tudo o que se fazia, de bom e de mau (menos os assassinatos, provavelmente...).
Pois bem, por que digo isto (e não estou comparando nosso antigo SNI à Stasi ou à DGI cubana, longe disso)?
É porque hoje, um colega pesquisador, mergulhando nos fundos do Arquivo Nacional, descobriu minha autoria num documento, onde eu era identificado como pertencente a um "grupo subversivo de esquerda".
Ele me deu as referências, que são estas:

Arquivo Nacional: 
Justificativa para uma possível reformulação da política externa no Brasil na África
“grupo subversivo de esquerda” 
Fundo: SNIG; 
AC_ACE_11577_78.PDF; A1157711-1978; 
DATA: 17/9/1978; 
30 páginas.

Com base nisso, fui consultar meus arquivos e encontrei esta referência:

056. “Estratégias da política externa brasileira entre 1960/1978”
Brasília, agosto 1978, 6 pp. 
Análise das diversas etapas da diplomacia brasileira, preparada como texto de apoio à campanha presidencial do PMDB, inserido no documento “Justificativas para uma possível reformulação da política externa brasileira na África”. 
Entregue, em setembro de 1978, ao staff do candidato do Partido, General Euler Bentes Monteiro. Inédito. 

Ou seja, um documento, do qual eu participei apenas com meras 6 páginas, das 30 do total, me valeu ser fichado no SNI como "subversivo", o que não é nada excepcional.
Naquela época, todo mundo que não fosse do regime poderia ser classificado como opositor, e subversivo. Eu estava apenas participando da luta democrática, e é óbvio que o general Euler perdeu feio para o candidato oficial, General Figueiredo (com quem, aliás, tenho uma foto, mais o Golbery do Couto e Silva, na cerimônia de formatura da turma de diplomatas, nesse mesmo ano de 1978).

Pois bem, onde estão as saudades da ditadura?
Nisto: aposto como as trapaças atuais dos companheiros, a espionagem (que certamente eles fazem) contra seus opositores (entre os quais eu me incluo, certamente, como sempre fui contra todos os partidários das ditaduras e dos totalitarismos), as roubalheiras, a corrupção, os malfeitos, de forma geral, nada disso está documentado, e os companheiros vão para a lata do lixo da história sem deixar traço de suas patifarias.
Infelizmente, ou felizmente, eles não são como o SNI, ou antiga Stasi, que documentava cuidadosamente, burocraticamente, tudo o que era feito.
Ó tempora, ó mores...
Paulo Roberto de Almeida 

Uma alternativa liberal ao Brics: MIKTA (nao sabe o que e'?) - Diogo Ives

Assim é, se lhe parece...
Paulo Roberto de Almeida 

México, Indonésia, Coreia do Sul, Turquia e Austrália vêm trabalhando na construção de uma nova concertação internacional desde o final de 2013. Batizada de MIKTA, conforme as iniciais dos países em inglês, a iniciativa começou a ser articulada nos encontros do G-20, fórum do qual os cinco países participam. O grupo, que ainda não despertou muita atenção na imprensa e entre estudiosos, já se reuniu duas vezes nos últimos seis meses e planeja manter a frequência dos encontros.

A reunião que formalizou o MIKTA ocorreu durante a 68ª Assembleia da ONU, em setembro de 2013, entre os ministros de Relações Exteriores dos cinco membros. A nota de imprensa emitida após o encontro descreveu a inciativa como “uma plataforma de colaboração e consulta informal” entre países que são “economias abertas que gozam de sistemas democráticos pluralistas” e “atores ativos em suas regiões, contribuindo significativamente para a paz regional e global”. (TURQUIA, 2013)

Os ministros dos cinco países voltaram a se reunir em 13 e 14 abril de 2014, na Cidade do México, para refinar a agenda do MIKTA. A declaração conjunta que foi emitida após o encontro detalhou o perfil dos membros do grupo:

Os ministros ressaltaram os interesses comuns de seus países e as similaridades na representação de economias abertas que promovem o livre comércio e o investimento estrangeiro; são grandes democracias e economias resistentes com potencial para altas taxas de crescimento; têm mercados domésticos fortes, inflação moderada e populações com poder aquisitivo crescente. (TURQUIA, 2014)

Segundo a declaração, o MIKTA servirá como um espaço de diálogo contínuo sobre temas de segurança, governança global, comércio e desenvolvimento. No encontro, foram debatidas as situações da Síria, da Ucrânia e da península coreana, além de assuntos como a agenda do desenvolvimento pós-2015, segurança cibernética, mudanças climáticas, migrações e a reforma do Conselho de Segurança da ONU.

Em poucos dias após o encontro no México, o MIKTA lançou um artigo na imprensa internacional, assinado pelos cinco ministros – José Meade (México), Marty Natalegawa (Indonésia), Yun Byung-se (Coreia do Sul), Ahmed Davutoglu (Turquia) e Julie Bishop (Austrália). Intitulado “MIKTA: uma força para o bem”, o artigo descreve novamente o grupo como um conjunto de países dotados de democracia e economia liberal, duas características que parecem conformar a essência da sua identidade.

Essa apresentação sinaliza duas intenções complementares do MIKTA: agradar ao Ocidente e rivalizar com os BRICS. O grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul ganhou destaque nas relações internacionais ao se posicionar como um representante dos países emergentes na relação com o Ocidente. O MIKTA parece querer disputar essa posição. Ao salientar as credenciais da democracia e do livre mercado, o grupo busca ter maior legitimidade do que os BRICS diante dos governos ocidentais e do mercado financeiro internacional.

Um antagonismo entre as duas concertações é evidente na esfera econômica. O neoliberalismo que o MIKTA defende é uma alternativa ao desenvolvimentismo que os BRICS propõem como o modelo de desenvolvimento capitalista mais adequado para os países do Sul. Tal posição dos BRICS foi explicitada em uma conferência do bloco realizada de 20 a 23 de maio de 2014, no Rio de Janeiro, entre intelectuais dos cinco países. No encontro, foi elaborado o Consenso do Rio – em uma clara alusão ao Consenso de Washington –, que critica abertamente a política econômica neoliberal:

No campo econômico e social, é indiscutível que os países BRICS estão tendo um desempenho superior ao dos países industrializados avançados, cujas elites ainda teimam, para pagar menos impostos, em manter o receituário do Estado mínimo e da autorregulação dos mercados – não obstante o colapso dessas teses no bojo da crise em curso. (JORNAL DO BRASIL, 2014)

O Consenso do Rio exalta a presença do Estado na economia para garantir o pleno emprego, a redução da pobreza e a sustentabilidade ambiental. Em uma lista de doze itens, inclui a defesa de uma “forte presença reguladora do governo central na economia”, uma “presença de fortes empresas estatais estratégicas”, um “forte sistema de bancos públicos de desenvolvimento” e um “controle de capitais para evitar ondas financeiras especulativas”. (JORNAL DO BRASIL, 2014)

A concepção de desenvolvimento do MIKTA poderá ter uma influência direita dentro do G-20, onde BRICS e G7 se opõem em diversos assuntos. O MIKTA tem potencial para se tornar o conjunto de votos decisivo nas discussões do fórum. Dado o perfil do grupo, é mais provável que ele se alinhe às posições do G7, o que representaria um novo desafio aos interesses do BRICS. (TOLORAYA, 2013)

A apresentação do MIKTA como um defensor do liberalismo político e econômico entre as nações subdesenvolvidas o habilita a reivindicar do Ocidente uma maior importância no sistema político internacional. O artigo lançado pelos cinco ministros em abril de 2014 destaca o papel que o grupo pode desempenhar na estabilidade mundial a partir da atuação regional:

Atores regionais emergentes estão adquirindo um novo protagonismo. A paz e a estabilidade global residem cada vez mais no aproveitamento dos interesses regionais e dos acordos globais. […] O MIKTA é formado por atores regionais importantes, cuja contribuição ativa é essencial para a busca de soluções aos problemas de natureza regional. […] Estamos estrategicamente localizados e fortemente conectados com nossas regiões circundantes em todos os aspectos. […] Todos consideramos a “apropriação regional” [“regional ownership”] como chave. (EXCELSIOR, 2014)

Em uma conjuntura na qual os Estados Unidos buscam aliados regionais que defendam seus interesses, os cinco países se apresentam como parceiros confiáveis. Na Ásia, o MIKTA apoia o balanceamento que Washington tenta construir contra a China. Austrália e México participam das negociações da Parceria Transpacífica, à qual Indonésia e Coreia do Sul já manifestaram interesse em aderir. No Oriente Médio, a diminuição da presença militar dos Estados Unidos nos próximos anos eleva a importância da Turquia, segundo maior exército da OTAN, como estabilizadora regional. Na América Latina, o México capitaneia a Aliança do Pacífico, lembrança de uma ALCA que enfraquece a unidade sul-americana que o Brasil vem construindo nos últimos anos.

Além do plano político regional, o MIKTA também reivindica mais espaço no nível internacional. Na reunião do grupo realizada em abril de 2014, a reforma do Conselho de Segurança da ONU esteve na pauta de discussão. Coreia do Sul, Turquia, México e Indonésia são membros do “Uniting for Consesus”, grupo que pede a criação de dez assentos não-permanentes com possibilidade de reeleição. A Austrália, ao que parece, passará a apoiar essa posição. A proposta rivaliza com aquelas defendidas por Brasil, Índia e África do Sul, uma vez que o G-4 e a União Africana pedem o aumento de assentos permanentes no órgão.

Os tempos são favoráveis para que o MIKTA ganhe o apreço do Ocidente. Na medida em que os BRICS conseguiram se firmar com relevância no sistema internacional, o novo grupo surge como um adversário às suas posições políticas e econômicas. Em troca da defesa do modelo ocidental, abalado após a maior crise financeira da história, o MIKTA pede o apoio das nações mais industrializadas às suas políticas regionais e à reforma do Conselho de Segurança nos seus termos. (Cf. STUNKEL, 2014)

Novos encontros da iniciativa já estão programados. No comunicado lançado em abril de 2014, estão previstas três reuniões ministeriais dentro de um ano: em setembro, durante a 69ª Assembleia Geral da ONU; em novembro, durante a Cúpula do G-20, que será realizada na Austrália; e uma terceira, a ser organizada no primeiro semestre de 2015 pela Coreia do Sul. Ao menos no curto prazo, o MIKTA indica que veio para ficar.

Fontes

EXCELSIOR. MICTA, una fuerza para el bien. Publicado em 21 de abril de 2014. Disponível emhttp://www.excelsior.com.mx/opinion/mexico-global/2014/04/21/954975. Acesso em 9 de junho de 2014.

JORNAL DO BRASIL. Consenso do Rio: Brics abrem caminho para desenvolvimento sustentável. Publicado em 24 de maio de 2014. Disponível emhttp://www.jb.com.br/economia/noticias/2014/05/24/consenso-do-rio-brics-abrem-caminho-para-desenvolvimento-sustentavel/. Acesso em 10 de junho de 2014.

STUNKEL, Oliver. Can the BRICS avoid the “Power South vs. Poor South” Dynamic? Post Modern World, 20 de junho de 2014. Disponível emhttp://www.postwesternworld.com/2014/06/20/avoid-south-dynamic/. Acesso em 21 de junho de 2014.

TOLORAYA, Georgy. MIKTA – Is It a New Element of the Global Governance Structure? Publicado em 23 de dezembro de 2013. Disponível emhttp://russiancouncil.ru/en/inner/?id_4=2893#top. Acesso em 11 de junho de 2014.

TURQUIA. Nota de imprensa após encontro na ONU. Publicado em 26 de setembro de 2013. Disponível emhttp://www.mfa.gov.tr/no_-254_-26-september-2013_-press-release-regarding-the-mikta-initiative.en.mfa.  Acesso em 9 de junho de 2014.

_________. Declaração conjunta após encontro no México. Disponível emhttp://www.mfa.gov.tr/joint-communique-of-the-ministers-of-foreign-affairs-of-mexico_-indonesia_-the-republic-of-korea_-turkey-and-australia-_mikta__.en.mfa. Acesso em 9 de junho de 2014.

Diogo Ives é graduando em Relações Internacionais na Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS (diogoiq@hotmail.com)


Irlanda: tres vivas para o pais que mais bem fez ao mundo

The Good Country Index measures how much each of 125 countries contributes to the planet. Announced at the TEDSalon in Berlin, the Index features some unexpected winners — and even more surprising losers. (Sorry, USA.)

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The top ten countries in the Good Country Index. (Click to view at larger size.)

Irish people, rejoice! It turns out, your green land is the “goodest” country in the world. That’s right. The “goodest.” At least, that’s according to Simon Anholt, who’s spent the past two years compiling an index to determine which of 125 countries contributes the most to the common, global good.

“I wanted to know why people admire Country A and not Country B,” Anholt said in a phone interview before he unveiled the full Index at the TEDSalon in Berlin on Monday, June 23. “To cut a long story short, I discovered the thing people most admired is the perception that a country is good. That turned out to be much more important than the perception they’re rich or beautiful or powerful or modern or anything like that. So then I wanted to know which countries are perceived to contribute the most to humanity — and which countries actually are good.”

Good news, then, for Ireland. Less good news for the likes of the United States, which didn’t even make the top 20, coming in at number 21. “If the ranking were based on the total contribution of each entire country rather than per dollar of GDP, it’s likely the U.S. would have ranked a bit higher, as its total contribution is so great,” acknowledges Anholt. “But then again, so is its total debit and harm.”

We caught up with Anholt to find out a little more about the process of compiling the Index, to see why he thinks citizens treat politicians like prostitutes, and to gauge what kind of response he’s seeking now. An edited version of our conversation follows.

How does the Index work?
There are 125 country balance sheets graded across seven categories, including things like science and technology, world order, prosperity and equality and health and wellbeing. Each of those seven has got five datasets in them. Take for example world order. That includes five data sets representing things like how much each country gives in charity and overseas development, its population growth, and its status of ratification and signatories of UN treaties.

“COUNTRIES PERFORM BETTER AND BETTER BUT THE WORLD AND PLANET AND HUMANITY IN GENERAL ARE GETTING WORSE AND WORSE.”

How did you determine which data sets to use?
There’s a PR answer to that and there’s a real answer. The real answer is there’s not a lot of choice; there simply isn’t all that much good data on every country on earth available. To collect reliable data on one country on something like its number of migrants is a gigantic task requiring hundreds of people and thousands of hours to collect. Trying to do that for 200 odd countries is really an enormous piece of work. The 35 sets I’ve used are probably half of the good robust data sets that are actually available in the world. Luckily, the data sets work quite well.

There’s a lot of talk of “big data” at the moment, but what you’re pointing out is a simple but fundamental point that’s often overlooked: You have to rely on what’s available to you. I know from my own research that sometimes I’ll try to find stats and the most recent report will be from 2009, say. So even if it’s great data, it might be hugely out of date. How do you get around this — and how recent is the data in this Index?
Trying to figure this out took an enormous amount of time. No one has ever brought such a diverse breadth of data together. And the first thing you notice is that their timescales are totally different. Some of this stuff takes literally decades to collect. And some of it is very slow-moving stuff. For instance, it can easily take 15 years between a UN international treaty being tabled and being ratified.

So we ended up with the slightly disappointing year of 2010. Disappointing to anyone who doesn’t know how this kind of stuff works. The reality of the matter is 2010 is the epicenter of a cluster of where most of the recent data lies. That’s fine, this is the first Index, so in a sense it’s a baseline; this is our portrait of the world in this decade. And an awful lot of data doesn’t change year on year anyway.

So despite the disparity in the measurements, the different timeframes, the different everything throughout the data, you stand behind this Index. Couldn’t someone reasonably pick holes in the approach?
The objections to the approach massively outnumber the supporting factors. I have become the world’s leading expert on why this is a crap idea. And I decided to do it anyway. The simple reason that I’m not claiming to have the final answer on any of this. This is a very well constructed piece of research, but it’s by no means the final answer, because you couldn’t have the final answer unless you had enormously more data than is currently available. So it’s designed to be basically a step in the right direction.

“COUNTRIES STILL BEHAVE AS IF THEY WEREN’T CONNECTED; THEY STILL MEASURE THEIR PERFORMANCE ENTIRELY INWARDS.”

What do you want people to take away from the Index?
The reason I’ve done it is not because I wanted to do an index but because I wanted ordinary people — not politicians – to start thinking about whether countries are good or bad. At the moment all they ever talk about or measure is whether a country is successful. We have fallen into the habit of measuring the performance of countries as if they were islands, as if they had no connection with each other, and as if one country doing well had no impact whatsoever on other countries. But of course this is the age of globalization, and the central fact of the age we live in is that every country, every market, every medium of communication, every natural resource is connected. A chicken catches a cold and sneezes in a Chinese village. 20 years ago that would only have been bad news for the chicken and its immediate family; today it threatens the survival of the human species because of globalization. Two small banks fail in rural America. 20 years ago that was no problem except for them and their communities; today it knocks the entire global economic system for six.

And you don’t think that countries are legislating effectively for the global age?
Countries still behave as if they weren’t connected; they still measure their performance entirely inwards. My argument is that we can’t just blame governments for this, it’s the fault of populations who don’t demand anything different of them. They say they want three percent growth or they’ll vote for someone else. We have to start asking where that growth comes from. We are screwing poorer countries to buy products more cheaply, we are raping the environment to produce more energy to drive our industry faster. Countries perform better and better but the world and planet and humanity in general are getting worse and worse. The whole system starts to look like a rapidly growing tumor. It has an illusion of health because of its growth but it’s almost as big as the host body.

How will thinking globally help?
It’s essential to get ordinary people along with politicians and businesses and so on to start to ask themselves about the international implications of what they’re doing. That’s what I mean by a “good” country. I don’t mean morally or ethically good, but a country that considers the common good as much as it considers its own citizens. By day I’m a policy advisor, I advise presidents and prime ministers around the world, 53 of them in the last 20 years, I haven’t seen a single example of a domestic issue or policy that wasn’t massively improved by considering the international context.

But wouldn’t you agree that there’s a pretty big disconnect between policy makers and “ordinary” people? How do you make people aware that they have to pay attention — and appreciate that they actually can influence said policy makers?
There used to be this automatic and universal relationship of love and trust between citizens and their cities or their city states, the equivalent of the modern country. What that is being replaced with today is a relationship of prostitution. It’s very simple: We throw money at the government as if they were hired management teams and tell them to sort out our problems and they’ll hear from us if we don’t like the way they do it. It seems to me that’s a very sad thing and it has to somehow change.

It’s interesting to hear you describe the government as basically crap middle managers to whom we have delegated the task of running the world. Business plays such a big part in this — particularly with globalization. Certain companies are arguably more powerful than countries now. How does that play into the Index? And what of the fact a public company has a fiduciary duty to do the best it can for its shareholders, which might contradict what we otherwise see as being “good”?
Just as public companies have a fiduciary duty to shareholders, so there’s an unwritten supposition but very real rule that a government’s primary duty is to its citizens. No one would dream of questioning that. And I don’t, either. I just say it’s not impossible to align that with a broader, further-reaching, longer agenda.

The fact is that companies are way ahead of countries in this. They underwent a revolution ten, twenty years ago of Corporate Social Responsibility. In fact, when I first started working on this, I came up with this ludicrous tag, “Governmental Social Responsibility,” because it’s an exact equivalent. Now, people love to sneer at CSR, and when you probe to find out why, the main answer seems to be that people think that companies are being hypocritical. And that’s interesting because I don’t think it matters. I’ve seen this work over and over again. Someone starts behaving in a right-on way for purely cynical reasons, they’re lying through their teeth, just doing it for PR. But the moment it starts working — and it usually does work — and they start receiving some of that warmth from public opinion, it becomes the most important thing they’ve ever done. Their reputation, as soon as they start to earn one, instantly becomes their most treasured possession. They will do anything to maintain that reputation and build it further; they will even become good – even that! — in order to maintain it. That little loophole in human nature is probably what will save us all.

Relacoes Brasil-Estados Unidos - Rubens Barbosa

Diálogo Brasil-EUA
Rubens Barbosa *
O Estado de S. Paulo, 24/06/2014

O Centro de Liderança Pública e o Strategy Group do Aspen Institute, duas prestigiosas instituições do Brasil e dos Estados Unidos, promoveram um amplo diálogo sobre o atual estágio das relações entre os dois países. Com a participação de personalidades da vida pública, privada e do mundo acadêmico, foram passadas em revista as relações políticas, econômicas e comerciais dos dois países. Dada a atualidade dos temas, houve também discussão sobre as implicações das próximas eleições presidenciais e da revolução energética nos EUA e sobre a futura relação bilateral.
A reação por parte dos representantes norte-americanos foi de certa perplexidade com toda a situação não só brasileira, como sul-americana. Alguns com pouca experiência no trato com Brasília, com ingenuidade e desconhecimento da situação política por aqui, perguntaram como o Brasil e os EUA poderiam trabalhar juntos para ajudar a Venezuela a sair da crise. Outros minimizaram a influência crescente da China na América do Sul e o impacto negativo sobre os interesses econômicos e comerciais do Brasil e dos EUA na região. Outros ainda não se deram conta de que nos últimos dez anos os EUA foram excluídos das novas instituições que têm por atribuição acompanhar as relações entre os países da região, como a Unasul e a Celac, com todas as implicações políticas e diplomáticas que isso está acarretando.
As duas maiores democracias no Hemisfério têm interesses e valores convergentes, além de outros, divergentes, que afastam os dois governos. O respeito mútuo e a defesa dos respectivos interesses devem sempre prevalecer.
O que não parece normal é o que acontece hoje com as relações entre países com tantos interesses comuns, sobretudo da parte do Brasil, que busca atrair inovação e tecnologia e procura aumentar e diversificar as suas exportações de forma a reduzir o déficit de mais de US$ 11bilhões na balança comercial.
As relações políticas e diplomáticas do Brasil com os EUA estão no nível mais baixo das últimas décadas. Não se trata de visão equivocada, como quer a versão oficial, vazada para a imprensa. As relações estão congeladas no tocante aos temas mais importantes. A negociação de acordos que interessam diretamente ao Brasil, como o acordo de facilitação de vistos e o de salvaguarda tecnológica, está paralisada. Visitas e conversações políticas e econômicas de mais alto nível estão suspensas. Isso sem falar dos diversos acordos com os EUA retirados do Congresso por pretextos burocráticos. Resistências ideológicas de alguns setores do nosso governo impedem assim que matérias de nosso interesse sejam tratadas, com prejuízo direto para o cidadão comum e para projetos de grande alcance.
Dada a grande diversidade das relações bilaterais, têm-se multiplicado as visitas ministeriais e outras técnicas operacionais, como ocorreu recentemente com a ida do secretário de Comércio Exterior aos EUA e a vinda do coordenador de Segurança Cibernética da Casa Branca para participar da conferência sobre governança cibernética em São Paulo. O que tem sido apreciado pelas autoridades brasileiras. As relações entre instituições privadas e o gosto da população brasileira pelas atrações oferecidas pela sociedade americana não tomam conhecimento dessas filigranas diplomáticas. Em 2013, mais de 2 milhões de turistas visitaram os EUA. Continuam e se expandem os laços privados nas áreas científicas e tecnológicas, de meio ambiente, de energia e em muitas outras áreas. E 10% dos estudantes no programa Ciência Sem Fronteiras preferiram estudar nos EUA.
As principais questões de governo, contudo, estão paralisadas, à espera de que seja superado o impasse presidencial. A presidente Dilma Rousseff declarou que as relações com os EUA somente seriam normalizadas depois de o presidente Barack Obama pedir desculpas e dar explicações satisfatórias pelo monitoramento feito pela NSA no celular presidencial e na Petrobrás. Como o presidente Obama não pediu desculpas nem à sociedade norte-americana, nem à primeira-ministra Angela Merkel, é difícil acreditar que venha a fazê-lo com o Brasil. O cancelamento da visita de Estado da presidente Dilma Rousseff a Washington, em outubro passado, e a demora em ser encontrada uma saída política para a crise mostram a baixa prioridade que os dois governos atribuem à relação bilateral. O desinteresse dos EUA na retomada das negociações da Rodada Doha e os difíceis entendimentos para evitar uma retaliação brasileira contra bens e serviços norte-americanos pelo descumprimento de decisão da Organização Mundial do Comércio (OMC) na questão dos subsídios ao algodão têm potencial de contaminar ainda mais o ambiente entre os dois países.
Esperava-se que o vice-presidente norte-americano, Joe Biden, em visita a Brasília no último dia 17, pudesse fazer um gesto significativo em relação ao nosso país que contribuísse para superar a crise diplomática. Embora aparentemente não tenha havido nenhum sinal nesse sentido, surgem indicações positivas do lado brasileiro de que, depois das eleições, poderá haver um gradual descongelamento das relações com os EUA. Durante a campanha eleitoral prevalecerá a retórica antiamericana, como registrado no programa do PT.
O setor privado - por meio do fórum de presidentes de grandes empresas e do Conselho Empresarial Brasil-Estados Unidos - deveria juntar-se a outras áreas com interesses concretos, tanto de um lado como de outro, para estimular os dois governos a superar as dificuldades atuais.

As relações entre os dois países são muito importantes para serem deixadas somente nas mãos das burocracias do Departamento de Estado e do Itamaraty.

* Presidente do Conselho de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp)

Politica: o PT como partido fascista (obvio ululante, com perdao da expressao) - Lew Rockwell

Artigo de Lew Rockwell, no site do Instituto Mises, mostra que o fascismo deixou marcas profundas nas sociedades contemporâneas. Sistema fascista, segundo o autor, é aquele que estabelece o planejamento central da economia, subsidia grandes empresários com boas relações políticas, exalta o poder do Estado, tolhe as liberdades fundamentais e transforma o governo em patrão da sociedade. Dada a definição, não há dúvida de que o partido que mais carrega tinturas fascistas é o PT - que pratica e defende exatamente as ideias centrais do fascismo:


Todo mundo sabe que o termo fascista é hoje pejorativo; um adjetivo frequentemente utilizado para se descrever qualquer posição política da qual o orador não goste. Não há ninguém no mundo atual propenso a bater no peito e dizer "Sou um fascista; considero o fascismo um grande sistema econômico e social."

Porém, afirmo que, caso fossem honestos, a vasta maioria dos políticos, intelectuais e ativistas do mundo atual teria de dizer exatamente isto a respeito de si mesmos.

O fascismo é o sistema de governo que carteliza o setor privado, planeja centralizadamente a economia subsidiando grandes empresários com boas conexões políticas, exalta o poder estatal como sendo a fonte de toda a ordem, nega direitos e liberdades fundamentais aos indivíduos e torna o poder executivo o senhor irrestrito da sociedade.

Tente imaginar algum país cujo governo não siga nenhuma destas características acima. Tal arranjo se tornou tão corriqueiro, tão trivial, que praticamente deixou de ser notado pelas pessoas. Praticamente ninguém conhece este sistema pelo seu verdadeiro nome.

É verdade que o fascismo não possui um aparato teórico abrangente. Ele não possui um teórico famoso e influente como Marx. Mas isso não faz com que ele seja um sistema político, econômico e social menos nítido e real. O fascismo também prospera como sendo um estilo diferenciado de controle social e econômico. E ele é hoje uma ameaça ainda maior para a civilização do que o socialismo completo. Suas características estão tão arraigadas em nossas vidas — e já é assim há um bom tempo — que se tornaram praticamente invisíveis para nós.

E se o fascismo é invisível para nós, então ele é um assassino verdadeiramente silencioso. Assim como um parasita suga seu hospedeiro, o fascismo impõe um estado tão enorme, pesado e violento sobre o livre mercado, que o capital e a produtividade da economia são completamente exauridos. O estado fascista é como um vampiro que suga a vida econômica de toda uma nação, causando a morte lenta e dolorosa de uma economia que outrora foi vibrante e dinâmica. (Continua).

Cara presidente: mude completamente sua concepcao, de macro para micro - Joao Luiz Mauad

Não preciso acrescentar mais nada. Aliás, já escrevi suficientemente a respeito, mas não à incumbente, e sim aos empresários.
Recomendei-lhes simplesmente uma fronda empresarial, ou seja um revolta contra a exação fiscal e o fascismo burocrático.
Vai acontecer?
Duvido...
Paulo Roberto de Almeida 

Num filme de terror

Prezada presidente Dilma: em entrevista a jornalistas estrangeiros, quando perguntada sobre as causas do persistente baixo crescimento de nossa economia, vossa senhoria, com saudável e corajosa sinceridade, respondeu que não sabe. Com a experiência de quem trabalha há mais de 30 anos como administrador de empresas e vivenciou várias fases da nossa história econômica, venho, humildemente, tentar ajudá-la a entender o problema.

Para começar, esqueça um pouco os agregados macroeconômicos e concentre-se no ambiente econômico que os investidores precisam enfrentar. Dê uma olhada, por exemplo, num relatório divulgado anualmente pelo Banco Mundial, chamado “doing business” (http://www.doingbusiness.org/). Esse estudo minucioso é baseado na análise quantitativa e qualitativa de dez diferentes aspectos ligados ao ambiente institucional de negócios em centenas de países, com destaque para a burocracia envolvida na abertura e fechamento de empresas, licenciamentos governamentais, contratação de mão-de-obra — principalmente os encargos relacionados à admissão e demissão de pessoal —, registros de propriedade, acesso ao crédito, segurança jurídica dos empreendedores, pagamento de impostos, facilidades (dificuldades) de comércio com o exterior e respeito aos contratos. No relatório de 2014, o Brasil ocupa a 116ª posição geral, entre 189 países.

Recentemente, a inauguração do novo aeroporto de Natal foi adiada por conta de problemas com o canil para animais em trânsito

Para abrir um novo negócio por aqui são necessários, em média, 13 procedimentos burocráticos, que podem levar até 107 dias para cumprir. Para obter as 15 diferentes licenças para erguer um prédio ode-se levar até 400 dias. Quanto aos tributos, além de arcar com um peso de impostos que consomem perto de 70% dos lucros, as empresas precisam de, no mínimo, 2.600 horas anuais para lidar com as obrigações acessórias exigidas pelo fisco.

Tocar qualquer empreendimento por estas plagas é algo comparável a um filme de suspense e terror, em que fantasmas e vorazes monstros estão sempre à espreita, ansiosos para abocanhar a maior parte dos lucros e prontos a opor obstáculos no caminho dos empreendedores.

Qualquer novo investimento deve percorrer um labirinto sem fim de controles e processos, além da má vontade de burocratas e, em certos casos, a oposição de grupos ativistas raivosos e barulhento. Cada etapa de um projeto envolve custos indiretos absurdos. Um incauto que pretenda construir um condomínio residencial, explorar uma mina, abrir uma pequena indústria ou mesmo furar um poço para precisa estar disposto a encarar uma burocracia asfixiante, uma intrincada teia de licenciamentos e um sem número de onipotentes agências reguladoras,com autoridade suficiente para paralisar por tempo indeterminado qualquer empreendimento. Recentemente, a inauguração do novo aeroporto de Natal foi adiada por conta de problemas com o canil para animais em trânsito. Pode isso, presidente? E olha que estamos em época de Copa do Mundo…

Como a senhora pode ver, é um verdadeiro milagre que alguém, à exceção daqueles poucos felizardos agraciados pelo dinheiro fácil e barato do BNDES ou beneficiados por contratos públicos superfaturados, ainda pense em investir aqui.

Fonte: O Globo, 23/06/2014.

SOBRE JOÃO LUIZ MAUAD

João Luiz Mauad
Administrador de empresas formado pela Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getulio Vargas (EBAP/FGV-RJ), João Luiz Mauad é articulista dos jornais “O Globo” e “Diário do Comércio”. Escreve regularmente para os sites “Midia@Mais” e “Ordem Livre”.