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terça-feira, 24 de junho de 2014

Saudades da Ditadura! Eu disse saudades? Enfim, comparando com os companheiros atuais...

Explico. Não se trata de saudades da ditadura, enquanto tal, apenas dos seus bons métodos burocráticos, de gravar, registrar, gravar tudo o que se fazia, de bom e de mau (menos os assassinatos, provavelmente...).
Pois bem, por que digo isto (e não estou comparando nosso antigo SNI à Stasi ou à DGI cubana, longe disso)?
É porque hoje, um colega pesquisador, mergulhando nos fundos do Arquivo Nacional, descobriu minha autoria num documento, onde eu era identificado como pertencente a um "grupo subversivo de esquerda".
Ele me deu as referências, que são estas:

Arquivo Nacional: 
Justificativa para uma possível reformulação da política externa no Brasil na África
“grupo subversivo de esquerda” 
Fundo: SNIG; 
AC_ACE_11577_78.PDF; A1157711-1978; 
DATA: 17/9/1978; 
30 páginas.

Com base nisso, fui consultar meus arquivos e encontrei esta referência:

056. “Estratégias da política externa brasileira entre 1960/1978”
Brasília, agosto 1978, 6 pp. 
Análise das diversas etapas da diplomacia brasileira, preparada como texto de apoio à campanha presidencial do PMDB, inserido no documento “Justificativas para uma possível reformulação da política externa brasileira na África”. 
Entregue, em setembro de 1978, ao staff do candidato do Partido, General Euler Bentes Monteiro. Inédito. 

Ou seja, um documento, do qual eu participei apenas com meras 6 páginas, das 30 do total, me valeu ser fichado no SNI como "subversivo", o que não é nada excepcional.
Naquela época, todo mundo que não fosse do regime poderia ser classificado como opositor, e subversivo. Eu estava apenas participando da luta democrática, e é óbvio que o general Euler perdeu feio para o candidato oficial, General Figueiredo (com quem, aliás, tenho uma foto, mais o Golbery do Couto e Silva, na cerimônia de formatura da turma de diplomatas, nesse mesmo ano de 1978).

Pois bem, onde estão as saudades da ditadura?
Nisto: aposto como as trapaças atuais dos companheiros, a espionagem (que certamente eles fazem) contra seus opositores (entre os quais eu me incluo, certamente, como sempre fui contra todos os partidários das ditaduras e dos totalitarismos), as roubalheiras, a corrupção, os malfeitos, de forma geral, nada disso está documentado, e os companheiros vão para a lata do lixo da história sem deixar traço de suas patifarias.
Infelizmente, ou felizmente, eles não são como o SNI, ou antiga Stasi, que documentava cuidadosamente, burocraticamente, tudo o que era feito.
Ó tempora, ó mores...
Paulo Roberto de Almeida 

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