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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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sábado, 6 de dezembro de 2014

Republica da Gatunagem, e a organizacao criminosa que a controla - Reinaldo Azevedo

Roubar pouco é bobagem, diria alguém, o glorioso é roubar muito, e passar para a história.
Nunca antes na história deste país, uma organização criminosa tinha roubado tanto, e facilitado a vida de tantos outros gatunos.
Paulo Roberto de Almeida

Reinaldo Azevedo, 05/12/2014
 às 16:32

O Brasil tem jeito: privatização de estatais e quase extinção de cargos de confiança. Vai encarar, Dilma, ou só embromar?

Na minha coluna  na Folha desta sexta, escrevo: “Tanto Paulo Roberto Costa como Youssef afirmam que o esquema da Petrobras era apenas uma das cabeças da hidra. É claro que a empresa não reúne condições particulares para ser tomada por uma quadrilha. Vigoram ali as condições estruturais presentes nas demais estatais e na administração. Logo… Até hoje ninguém se dispôs a me explicar por que um partido político reivindica a diretoria de operações de uma estatal. Com que propósito?”
Muito bem! Ao negar o pedido de revogação da prisão preventiva de Gerson de Mello Almada, vice-presidente da empresa Engevix, que está na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, o juiz Sérgio Moro afirmou haver indícios de que “os crimes transcenderam a Petrobras”, classificando de “perturbadora” uma tabela apreendida em março com o doleiro Alberto Youssef. Ela traz uma lista com 750 obras públicas de infraestrutura. No papel, constavam “a entidade pública contratante, a proposta, o valor e o cliente do referido operador, sendo este sempre uma empreiteira”.
Pois é. O alerta que fiz na coluna da Folha não é o primeiro. Há tempo afirmo aqui que a Petrobras é apenas uma das franjas da organização criminosa que tomou conta do país. Como é que a gente coíbe a roubalheira? Se vocês querem saber, severas as leis até que são. O problema está na lentidão com que são aplicadas e na forma de organização do estado brasileiro.
Eis a palavra-chave para abrir as portas do enigma: estado. A corrupção não é nova no Brasil nem foi inventada pelo PT. Criadas as condições ideais, estejam certos, ela floresce em qualquer lugar: no Brasil, na Somália ou na Suécia. São as instituições e a certeza da punição que contêm os maus apetites humanos.
Vamos pensar de maneira lógica, uma dificuldade frequente no Brasil. E se a Embraer ainda fosse estatal? Resposta: ela estaria tomada pela máquina corrupta. E se a Vale ainda fosse estatal? Ela estaria tomada pela máquina corrupta. E se a telefonia ainda fosse estatal? Ela estaria tomada pela máquina corrupta. Vale dizer: mais estatais, mais poder aos corruptos. A relação é direta.
Sim, claro! Além das disposições objetivas — as tais condições —, é preciso que haja um partido que faça da corrupção um método, uma categoria de pensamento, um norte ético. A corrupção atinge proporções inéditas no país porque, nos 12 anos do mandarinato petista, o estado, mesmo sem aquelas empresas privatizadas em governos anteriores, passou a ter uma presença na economia só comparável à que havia no regime militar — que, todos sabemos, era essencialmente menos corrupto, o que não quer dizer que fosse desejável em muitos outros aspectos. É que a moral dos quartéis é mais severa do que a dos políticos.
Não se agiganta o estado impunemente. Acreditem: mesmo quando administrado por homens individualmente honestos, ele passa a atender a interesses de corporações, de grupos de pressão, de voluntariosos organizados que reivindicam para si o direito de comandar os destinos do país.
Se Dilma realmente quisesse deixar uma herança virtuosa, se tudo não passasse de embromação para fazer passar o tempo, se tivesse, de fato, a disposição de moralizar a vida pública, como prega em discursos, ela começaria o seu período de reformas não pela política, mas pela administração: profissionalize todos os postos das estatais, reduza os cargos federais de livre nomeação à sua dimensão mínima e reinicie o programa de privatizações. Começando pela Petrobras.
Vamos lá, Dilma, deixe a esquerda raivosa e a direita perplexa, como disse Collor um dia — só que sem a farsa! É claro que estou fazendo uma ironia. Não vai acontecer. Só estou evidenciando que o Brasil tem jeito. O que não tem jeito no país é a canalha que se apossa do bem público em proveito próprio. E ela é ainda mais safada quando alega fazer isso em nome de uma ideologia.
Por Reinaldo Azevedo

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Espionagem sovietica no Brasil: arquivos dos servicos de inteligencia da ex-Tchecoslovaquia

Um estudioso de arquivos -- chamemo-lo assim -- me envia um link relativo a arquivos do antigo serviço de inteligência da ex-República Socialista da Tchecoslováquia e seu relacionamento com seus agentes no Brasil e eventuais brasileiros trabalhando para os serviços diplomáticos do Brasil na antiga "Cortina de Ferro" (termos da Guerra Fria).
O tema tem a ver com esta antiga postagem neste blog:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/04/izot-e-aleks-nosso-diplomatas-agentes.html
Paulo Roberto de Almeida

O link remetido é este aqui: http://cepol24.pl/stb_bra.html

Por ele, chega-se a esta informação, que está em tcheco, polonês (pois os arquivos se encontram na Polônia) e em Português:


StB a Brazílie, StB i BraziliaStB no Brasil


Nesta página iremos apresentar fatos relacionados com a polícia secreta da Tchecoslováquia StB (estamos falando principalmente sobre o I Departamento StB, ou seja, o serviço de inteligência) e o Brasil, de acordo com os documentos da StB, o que significa, que não estamos afirmando que se trata da verdade absoluta. Quanto a esta, vamos nos esforçar para verificar de todas as maneiras possíveis. Na presente etapa de nossas pesquisas, nos concentraremos no período da história brasileira que está relacionado com o presidente J. Kubitschek, que era descendente de tchecos e também no final dos anos 50 e nos anos 60. Os documentos do arquivo tcheco ABS (StB) dão uma nova luz aos acontecimentos e no papel das pessoas relacionadas com os mesmos. Estes documentos certamente não são a única fonte histórica que deve ser levada em conta, mas é impossível não lhes dar o devido valor merecido ou fingir que não existem. Faremos um esforço para,a medida do possível, fornecer as fontes, o que sem dúvida, será um complemento apropriado para as pesquisas sobre as relações tcheco-brasileiras e sobre a história do Brasil durante o período pesquisado.

 dokumenty


Ano de 1961: os soviéticos, graças a StB, reataram as relações diplomáticas com o Brasil
Desde janeiro até maio de 1961, durou a ação na qual fizeram parte o serviço de inteligência da Tchecoslováquia (StB) e sua base no Rio de Janeiro, com o objetivo de Reatamento das Relações Diplomáticas entre o Brasil e a União Soviética. Estas relações estavam rompidas desde o ano de 1947. Enquanto a Tchecoslováquia mantinha relações relativamente normais com o Brasil, os soviéticos possuíam neste um campo de ação limitado. A Revolução Cubana conscientizou-lhes sobre o potencial da América Latina e por isso foram obrigados a concentrar-se no maior país daquela região. Para eles não era suficiente o controle total sobre as atividades do serviço de inteligência “tcheco”; eles também desejavam estar presentes legalmente. A tarefa de estabelecer novamente as relações diplomáticas foi confiada a um homem que parecia ter sido „destinado para isso”. Esse homem exerceu influência direta sobre Cuba e inclusive tornou-se amigo pessoal de Fidel e do “Che”. Era um oficial da KGB e também teve bons relacionamentos pessoais com o novo (a partir de janeiro de 1961) presidente brasileiro Jânio Quadros, que conheceu em 1959, quando foi seu guia e tradutor em Moscou e Leningrado. Na época Jânio Quadros visitou a URSS como um político de oposição. Este oficial da KGB, mesmo cumprindo um papel muito importante em Havana durante a crise no Caribe, de repente foi chamado a Moscou onde Nikita Siergiejewicz Chruszczow lhe confiou uma importante missão: “Você vai para o Brasil”. Para que esta missão obtivesse sucesso, era necessário  „incluir” nesta os „Tchecos”, pois estes já possuíam na época um certo domínio pelo „terreno” e possuíam seu contato (trata-se aqui de contato legal)até mesmo no gabinete presidencial.
Os “tchecos”, então, ajudaram a obter o visto para este que talvez tenha sido o primeiro cidadão soviético a visitar legalmente o Brasil desde o ano de 1947. Além disso, foram apanhá-lo no aeroporto, ajudaram-lhe depois a alojar-se no hotel “Miramar” no Rio de Janeiro e inclusive..ajudaram-lhe a se vestir (no relatório da base da StB no Rio está escrito que lhe ajudaram a comprar um paletó, outras peças de roupa e uma mala), ajudaram a trocar dinheiro na casa de câmbio, etc. Depois compraram para ele a passagem aérea até Brasília (capital), onde deveria encontrar-se com Quadros, que em 1959 havia lhe garantido pessoalmente que quando precisasse “receberia o visto na hora”.
Bem,.. não foi bem assim,...sem a ajuda „tcheca” ele não teria recebido o visto e os „Tchecos” levaram um mês para consegui-lo.
Mas, depois que o oficial da KGB em questão, com „disfarce” de jornalista, chegou ao Brasil, até mesmo a audiência com o presidente já não era tão certa. Os “Tchecos” graças ao seu contato(contato legal;não se trata de contato secreto)no gabinete presidencial(o chefe do departamento cultural - esse funcionário possuía o codinome de MOGUL e como possuía uma visão católica e conservadora e além disso era uma pessoa de ótima situação financeira, não servia para ser recrutado) conseguiram rapidamente que fosse atendido pela „eminência parda” do presidente, seu secretário pessoal José Aparecido. Isso tudo porque, por uma questão de má sorte, no dia em que o enviado soviético chegou a capital, o presidente precisou viajar por alguns dias.. A data do próximo encontro foi estipulada e no dia 5 de maio de 1961 Alexandr Ivanovich Alexeyev   (seu sobrenome verdadeiro era Szytow, Алексеев, Александр Иванович, eng.  - Alexandr Ivanovich Alexeyev) após regressar ao Rio para depois decolar novamente para a capital, encontrou com o presidente brasileiro.
Esta conversa trouxe o efeito esperado e ao final do ano as relações foram restabelecidas oficialmente.
terça-feira, 2 de dezembro de 2014
© Mauro "Abranches" & Vladimír Petrilák

 Este link remete a um documento em tcheco, datado de 11 de maio de 1964, aparentemente efetuado em La Paz, mas que menciona o Partido Comunista Brasileiro, o Partidão, então com vários dirigentes exilados na Tchecoslováquia, em Praga: http://cepol24.pl/stb/dok_2.html

Este outro remete a parte de um relatório igualmente datilografado em tcheco: http://cepol24.pl/stb/ao_druzba.html 

Um outro documento relatando o codinome de uma agente no Rio de Janeiro, ou melhor, um informante dos serviços soviéticos atuando por intermédio dos tchecos: http://cepol24.pl/stb/nemame_agenty.html

O primeiro agente da inteligência tcheca no Brasil: o camarada Treml: http://cepol24.pl/stb/residentura.html

O Primeiro Oficial da StB (Serviço de Inteligência da Polícia Secreta Comunista „Tcheca”) residente no Brasil: O Camarada „TREML
 A partir do ano de 1952 atuou no Rio de Janeiro, o residente da inteligência da Tchecoslováquia que possuía o  codinome de “TREML”,Os documentos da pasta com número de registro 81079 (“Correspondências diversas”) indicam que o camarada TREML foi enviado para a legalização (ou seja, para o „MSZ” – Ministério das Relações Exteriores) em 1.8.1951 e no dia 22.8.1952 foi enviado para o Brasil. O camarada TREML, que assinava seus relatórios enviados do Rio inicialmente como “HONZA”,  durante a sua estadia no Brasil, teve que enfrentar diversos problemas; como residente trabalhou por longo tempo sozinho e por isso seu trabalho não rendeu muito. Entretanto, a inteligência “Tcheca” é grata justamente a ele,  pela formação das bases de trabalho e pelas possibilidades de continuação das atividades no maior país da América Latina.
que era TREML?

Nascido em 1925
Durante o período da II Guerra Mundial, trabalhou como barbeiro (1941-1945). Cumpriu o serviço militar nos anos 47-49, de onde saiu com o posto de sargento. Até 1949 trabalhou como educador e referente das questões de imprensa (“agitador”) em uma fábrica perto da fronteira.
Membro do Partido Comunista da Tchecoslováquia a partir do ano 1945 (28.5.).
Em 1950, tornou-se funcionário do Ministério de Segurança Nacional. Concluiu uma escola bimestral de “serviço de inteligência”. No dia 1 de outubro foi aceito nas fileiras do Ministério de Segurança Nacional. Em 1951 durante um curto período,  foi enviado como funcionário da inteligência para a base da StB em Roma. Nessa época, já conhecia os idiomas italiano e inglês.
A partir de 1952 foi residente no Rio de Janeiro. Quando chegou ao Brasil possuía o posto de subtenente.
Durante sua carreira de mais de 30 anos de serviço nas fileiras da StB, trabalhou em  6  bases fora de seu  país.
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 (Vamos aguardar nova remessa de informações...)

Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 5 de dezembro de 2014

Petrolao: diretor autorizado a continuar recebendo salario num resort...

Trabalho cansa. Melhor tirar férias, sem prejuizo de salário, claro...
Paulo Roberto de Almeida

Comunicado Petrobras

 Prorrogação da licença na Presidência da Transpetro

Rio de Janeiro, 05 de dezembro de 2014 – Petróleo Brasileiro S.A. – A Petrobras informa que hoje, o Conselho de Administração da Transpetro aprovou a prorrogação da licença não remunerada, do Presidente da Transpetro, José Sergio de Oliveira Machado, pelos próximos 30 dias. O Presidente licenciado continuará sendo substituído pelo diretor Cláudio Ribeiro Teixeira Campos.

Relacionamento com Investidores


PS.: A Polícia Federal não andava atrás dele?

Politica Externa: politica externa? Onde mesmo ela foi parar? - JamilChade (OESP)

Vendendo como pão quente, eu poderia dizer se estivesse em Paris. De qualquer modo, acho que atraiu o povo para o qual essa compilação está dirigida.
OK Academia.edu: aceito as congratulações...
Paulo Roberto de Almeida

Política internacional, contexto regional e diplomacia brasileira, acompanhada de listagem seletiva da produção acadêmica em relações internacionais e em política externa do Brasil, de 1954 a 2014
 
Disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/9617558/2723_Produ%C3%A7%C3%A3o_intelectual_sobre_rela%C3%A7%C3%B5es_internacionais_e_pol%C3%ADtica_externa_do_Brasil_1954-2-14_; download pdf: https://www.academia.edu/attachments/35822293/download_file?st=MTQxNzY3OTE4Nyw3MS4yMzUuMjAzLjExLDc4NTEwNjY%3D&s=swp-toolbar). 

Hi Paulo Roberto, 
Congratulations! You uploaded your paper 2 days ago and it is already gaining traction. 
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You got 35 views from Australia, Brazil, Argentina, the Republic of Korea, Uruguay, and Portugal on "2723) Produção intelectual sobre relações internacionais e política externa do Brasil (1954-2-14)".

IBRI, 60 anos, por seu presidente de honra, Jose Carlos Brandi Aleixo

Sessenta anos do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais, por José Carlos Brandi Aleixo

Mundorama: 05 Dec 2014 04:00 AM PST

A comemoração dos sessenta anos do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais – IBRI é oportunidade propícia para recordar alguns sucessos de sua auspiciosa história.

 RIO DE JANEIRO

Em 27 de janeiro de 1954, na então capital federal, no Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, foi fundado o Instituto Brasileiro de Relações Internacionais. Rezava seu Estatuto “uma associação cultural independente, sem fins lucrativos, mantida por contribuições de seus associados, doações de entidades privadas e subvenções dos poderes públicos. É seu objetivo promover e estimular o estudo imparcial dos problemas internacionais, especialmente dos que interessam à política exterior do Brasil”.

Na sua fundação e nos primeiros trinta e oito anos decorridos na cidade do Rio de Janeiro ocupa lugar de relevo o paraibano Cleantho de Paiva Leite (1921-1992). Nascido em João Pessoa, formou-se em Direito no Recife em 1945. Na “London School of Economics and Political Science” pesquisou o tema da “Administração Colonial”. De 1945 a 1951 integrou o Conselho de Tutela da ONU. De 1951 a 1954 participou da Assessoria Econômica do Presidente Getúlio Vargas.

Capítulo de singular transcendência na trajetória do IBRI foi o do lançamento, em março de 1958, da Revista Brasileira de Política Internacional (RBPI), sob a direção do paraibano Oswaldo Trigueiro. Ele havia sido Governador do seu Estado, Deputado Federal e Embaixador do Brasil na Indonésia.

No primeiro número do citado periódico constam: seis artigos, sendo o primeiro deles “Os direitos humanos como fundamento da ordem jurídica e política”, de Vicente Rao; Resenha de treze eventos de importância internacional; cinco documentos significativos; e nomes de sete publicações e de seus autores.

Entre os componentes do Conselho Curador (14), do Conselho Consultivo (21) e da Diretoria Executiva (1), havia ilustres acadêmicos, professores universitários, periodistas, juristas, historiadores, literatos, etc.

BRASÍLIA

Muitos fatores contribuíram para a transferência do IBRI do Rio de Janeiro para Brasília, cidade com clara vocação internacional.

Antes de sua inauguração em 21 de abril de 1960, ela foi visitada por Governantes de países como Cuba, Estados Unidos, Honduras, Indonésia, Itália, Japão, México, Paraguai, Portugal. A partir de 21 de abril de 1970 o governo brasileiro passou a receber embaixadores e outras autoridades estrangeiras só na nova capital. Em 1974 a Universidade de Brasília foi a primeira do país a realizar vestibular para o Curso de Relações Internacionais. Em 1976 ela criou o Departamento de Ciência Política e Relações Internacionais (REL). Coincidentemente, no mesmo ano, o Instituto Rio Branco, sob a operosa direção do Ministro Sérgio Bath, deslocou-se do Rio de Janeiro para Brasília. Os seus docentes não diplomatas permaneceram naquela urbe. Vários professores da UnB — entre os quais o autor destas linhas — assumiram disciplinas do Curso de Preparação para a Carreira Diplomática (CPCD). Concomitantemente diversos diplomatas brasileiros, com vocação também acadêmica, ingressaram no Professorado da UnB. Entre eles estavam Carlos Henrique Cardim, Celso Amorim, Paulo Roberto de Almeida e Samuel Guimarães.

Com o falecimento do benemérito Cleantho de Paiva Leite, em 7 de outubro de 1992, sua viúva Maria Cecília e remanescentes do IBRI aprovaram a ideia de sua instalação em Brasília. Em 27 de janeiro de 1993 os membros do IBRI, reunidos no Rio de Janeiro, aprovaram, por unanimidade, a outorga de “todos os poderes necessários ao Embaixador Sérgio Guarishi Bath [novamente Diretor do Instituto Rio Branco] para reconstituir a composição desses dois órgãos [Conselhos Curador e Consultivo], designar o novo Diretor do IBRI e o novo Diretor de sua Revista e adotar todas as providências necessárias ou convenientes para a continuidade institucional do IBRI e a manutenção financeira e editorial de sua revista”.

Em 6 de julho de 1993, reunido no Instituto Rio Branco, o “Grupo de amigos de Cleantho” fundou o IBRI de Brasília e elegeu: Professor José Carlos Brandi Aleixo, Diretor Geral; Professor Alcides Costa Vaz, Secretário Executivo; Professora Luciara Silveira de Aragão e Frota, Primeira Tesoureira; Ministro Adolf Libert Westphalen, Segundo Tesoureiro; Embaixador Sérgio Bath, Conselheiro Paulo Roberto de Almeida e Professor José Flávio Sombra Saraiva, membros do Conselho Fiscal; Professor Amado Luiz Cervo, Editor da Revista Brasileira de Política Internacional.

Para o êxito do IBRI, em geral, e de sua Revista Brasileira de Política Internacional, muito contribuiu a atitude favorável da Universidade de Brasília e, particularmente, do Departamento de Ciência Política e Relações Internacionais e do Departamento de História. Entre os que prestaram grande serviço ao IBRI, cabe mencionar, a título de exemplos, os nomes do funcionário Vanderlei Valverde e da então aluna Jennifer Cristino. CNPq e CAPES proporcionaram valioso apoio.

O previdente fundador Cleantho deixou na Tesouraria saldo importante para as naturais despesas do encerramento do IBRI no Rio de Janeiro e do seu começo em Brasília.

Pode-se afirmar que o IBRI tem sido fiel ao seu objetivo inicial de “estimular o estudo imparcial dos problemas internacionais, especialmente dos que interessam à política exterior do Brasil”. Sua RBPI, decana dos periódicos nacionais congêneres, altamente conceituada, permanece sendo editada por professores da Universidade de Brasília.

José Carlos Brandi Aleixo é Professor Emérito da Universidade de Brasília e Presidente de Honra do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais – IBRI (brandialeixo@gmail.com).


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Russia: o estado (deploravel) da nacao putinesca - editorial NYT

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It is hard to imagine that this was a state of the nation address President Vladimir Putin relished making.

His country is in bad shape — sanctions and low oil prices have thrown the ruble into a tailspin, the economy is headed for recession, he had to abandon the South Stream gas pipeline and, just hours before he was to speak, Islamist rebels mounted an attack in Chechnya. So, analysts wondered, would he stay with the hard line or inject a dose of realism?

Both, it turned out. Speaking to a loyal Russian elite in a gilded Kremlin hall on Thursday, Mr. Putin served up yet another hyperaggressive rant about the purportedly relentless efforts of the perfidious West, orchestrated by Washington, to dismantle, undermine, isolate, humiliate, contain and otherwise destroy Russia.

Far from giving any hint of a readiness to scale back the tensions over Ukraine, Mr. Putin actually equated Crimea’s importance for Russia to the Temple Mount’s importance for Jews.

Fulminating at the West and blaming it for all of Russia’s woes has kept Mr. Putin’s ratings high through the Ukraine crisis and has deflected any of the immediate blame for Russia’s growing problems onto “enemies,” so it was not surprising that Mr. Putin would stay with it.

But he could not escape the growing concern among many Russians about where their economy is headed. The ruble has plummeted; oil is trading far below the levels on which Russia’s budget was drawn up; and the government has acknowledged that the country is headed for a recession. The anxiety is palpable in Russian streets.

Mr. Putin’s response was a combination of bravado and carrots. The current tensions, he said, should help Russia overhaul its economy to become more self-sufficient. He promised to make doing business easier for small and middle-sized companies, and announced a four-year freeze on the tax rate. And he vowed not to ask questions of oligarchs who bring back any of the billions that have been fleeing abroad.

Some of these measures are reasonable and could be helpful, but the question is whether they will be enough for Mr. Putin to ride out the storm.

A majority of Russians were willing to surrender some freedom as long as they enjoyed prosperity, and to cheer Mr. Putin on as long as he seemed to be restoring Russian self-respect and power. But as prices increase and recession sets in, the bluster will become increasingly hollow.

Mr. Putin’s choice then will be to become even more belligerent and ruthless, at home and abroad — or to recognize that the solution is to stop lying about the West, and to start trying to resolve the Ukraine crisis and fix the real problems of Russia’s economy.

GATT 70 anos: o Desacordo Geral de Tarifas e Comercio - Foreign Policy

Parece que a vida não é nada fácil para o Gatt e a OMC.
Paulo Roberto de Almeida
The General Disagreement on Tariffs and Trade

Nearly 70 years ago, with fresh memories of the disastrous trade wars of the 1930s, leaders of the United States and 22 other countries launched the GATT, the General Agreement on Tariffs and Trade. The GATT was charged with slashing tariffs and dismantling other protectionist barriers to global economic growth. And the Geneva-based international organization delivered. By 1995, when the GATT morphed into the World Trade Organization, a series of successful multilateral trade-liberalizing negotiations had slashed average global tariffs, which had been in the 40 percent range in the 1940s, to about 5 percent. Even though many protectionist schemes remained, the WTO seemed poised to continue the good work. But in the last two decades, the WTO has descended into dysfunction, lurching from one bitter fight to another.

A deeply concerned WTO Director-General Roberto Azevedo has bluntly warned the WTO’s 160 member countries that the GATT/WTO system has been “living on borrowed time.” He’s spot-on. I’ve been watching the GATT and its successor global trade rules-making institution for nearly four decades — witnessing the gradual destruction of the world’s most successful experiment in peaceful international economic cooperation. Although the most recent crisis that sparked Azevedo’s warnings was averted on Nov. 27, at least for now, the tensions that have weakened the WTO will remain for the foreseeable future.

The root of the problem is that too many countries either no longer believe that multilateral trade liberalization is beneficial for them, or that they lack, for varying reasons, the political will to lead. Too many shortsighted political leaders, forgetting their history, are back in the business of creating trade blocs. They are more interested in defending their own protectionist trade schemes to fret much about what they have been doing to the WTO-supervised multilateral trading rules. And without a shared core belief that the non-discriminatory global rules work for all, the WTO cannot deliver.

In Washington, D.C., President Barack Obama has never given high priority to the WTO. Neither have Republican or Democratic leaders in Congress. While individual European WTO members like the United Kingdom, the Netherlands, and Sweden still believe in the organization’s rationale, the 28-member EU makes the notion of “European leadership” an oxymoron. Tokyo’s main goal in any trade negotiation is to preserve Japan’s stratospheric 500-plus percent rice tariffs. The Chinese now run the world’s second-largest economy, but they aren’t leading either. In parts of Africa and Latin America, leaders tend to see multilateral trade liberalization as a plot for economic domination perpetuated by their rich former colonial masters. Average African tariff barriers still hover in the 12 to 20 percent range. And when it turns to former colonies that enjoy playing the spoiler, India leads the pack.

In May, India’s new prime minister, Narendra Modi, cast a gimlet eye on the only successful multilateral trade-liberalization deal the WTO had concluded in nearly 20 years of trying. Last December, when WTO members convened in Bali, India’s government (then controlled by the leftish Congress Party that Modi’s right-wing Bharatiya Janata Party trounced in this spring’s elections) signed a deal that was widely cheered. For good reason: The so-called Bali Package was guesstimated to give the global economy a trillion-dollar boost. The WTO’s richer countries pledged to provide developing countries with billions of “trade facilitation” dollars to modernize clogged ports, fix terrible roads, and streamline corrupt customs procedures. But Modi balked.

On July 31, the strong-willed Indian leader took trade facilitation hostage, refusing to sign the necessary legal protocol to implement it. India’s veto — unprecedented in GATT/WTO history — brought the WTO into what Director-General Azevedo called a state of “paralysis.” The good news is that after months of bitter wrangling, Modi released his veto, declaring victory.

Some victory. Essentially, India “won” the right to continue to increase the amount of subsidies that New Delhi has been lavishing upon its farmers into an indefinite future, without fears of being held legally accountable in the WTO. India’s “food security” program — paying globally uncompetitive farmers above-market prices to stockpile grains that are later doled out to the urban poor — has been widely criticized. Perhaps half the grain rots, or is sold on the black market. Meanwhile, Indian exports of surplus rice have distorted global markets for years. Undeterred by criticisms that the purpose of WTO trade negotiations is to reduce protectionism, not enhance it, Modi nevertheless claimed the high moral ground: asserting that Mother India is only fighting for the rights of the world’s poor.

The hypocrisy extends beyond agriculture. Modi has hiked tariffs on imports of high-tech equipment from other developing countries like the Philippines, Vietnam, and China. Meanwhile, India’s main goal in the WTO’s long-stalled Doha Round of broader trade liberalizing negotiations — which the Bali deal was intended to revive — is the “flexibility” to raise all industrial tariffs even more, whenever New Delhi finds enhanced protectionism politically attractive.

As it turns out, that’s basically what many African leaders also want from the WTO: the right to raise tariffs and advance their own industrial policies — while the rich countries dismantle theirs. It’s called necessary “policy space.” South Africa’s president, Jacob Zuma, has hardly bothered to disguise his suspicions that the WTO’s Bali deal was tilted in favor of the rich “North.” And some officials in Uganda, Tanzania, and Kenya also complained that trade facilitation meant opening their borders to import competition from giant multinational corporations.

On April 27, after meeting behind closed doors, a handful of African diplomats — nobody has publicly claimed credit — persuaded the African Union to “instruct” African WTO ambassadors in Geneva to try to delay the Bali deal’s implementation. As the AU, based in Addis Ababa, hadn’t even participated in the Bali negotiations, the power play ran into intense criticism from furious Americans, Europeans, and a long list of others. The Africans subsequently backed down, but the poisonous distrust that has paralyzed the WTO’s negotiations was back.

That distrust memorably first surfaced in late November 1999, when WTO ministers convened in Seattle, hoping to launch a new round of multilateral trade-liberalizing talks. The Battle of Seattle is best remembered for the vociferous band of anti-globalist protestors (colorfully dressed as sea turtles or ninjas) who trashed that city’s streets. Less noticed were the secret smiles from key African trade officials inside the barricaded convention center who were happy that the talks failed.

In 2001, it seemed trade liberalization was on the move again when the WTO’s Doha Round was launched. But then in September 2003, there was open cheering from African officials when WTO meetings in Cancun again collapsed in acrimony. The meetings in the Mexican resort had been intended to breathe life into the Doha Round, but instead threw those negotiations into intensive care, where they still remain. (The trade-facilitation deal that was reached in Bali last December was split off from the broader Doha negotiations, the idea being to harvest the easier parts to generate momentum to complete the Doha Round.)

Just a few hours after the Cancun debacle, I ran into a Kenyan diplomat named Mukhisa Kituyi in an Argentine-style steakhouse. It was a memorable September evening in the famous Mexican resort. Kituyi and his colleagues were celebrating that afternoon’s failure of the WTO meetings, washing down copious quantities of red meat with red wine. “We killed it,” one of the Kenyan officials boasted, referring to that afternoon’s negotiating failure.

Kituyi is now secretary-general of UNCTAD, the United Nations Conference on Trade and Development. While he declines to comment, it appears the Kenyan official remains a trade skeptic. Kituyi invited President Rafael Correa of Ecuador to deliver on Oct. 4 a rousing Special 50th Anniversaryspeech at UNCTAD’s Geneva headquarters, just a few blocks from the WTO’s offices along the Rue de Lausanne. Correa railed against “an immoral and unjust” world economic order. In a world “dominated by transnational capital and the hegemonic countries,” the Ecuadorian leader declared, the poor countries should protect themselves by forming regional trade accords. “The world of the future is a world of blocs,” he declared. Led by an approving Kituyi, the UNCTAD audience applauded.

This is not a trivial matter. In recent years, WTO members have cut more than 300 trade-distorting preferential trade deals with various favored trading partners. They all violate the fundamental GATT/WTO principle that member countries should not discriminate against each other. Perhaps half of global trade is diverted through these discriminatory “free trade” routes.

The top U.S. trade priorities are forming two regional trading blocs, one with Europe and the second with some Asian countries. China is excluded. Meanwhile, the Chinese are advancing their own regional trade bloc that would exclude the Americans. Many Africans are looking to their own side deals with each other.

Preventing the re-emergence of discriminatory trade blocs is exactly why the GATT was created in 1947. It’s a history lesson that present world leaders would be well advised to reflect upon.

BAY ISMOYO/AFP/Getty Images

Debate: o Brasil pode ser uma Suécia? NAO, e explico porque - Paulo Roberto de Almeida

Um amigo, sociólogo como eu -- mas eu sempre achei que os sociólogos, como os advogados, servem mais para produzir déficits públicos do que propriamente riqueza nacional -- me envia uma matéria sobre a Suécia, como sendo a maior maravilha do planeta, e me desafia a publicar em meu blog e a ousar não concordar com a matéria.
Pois não: publico e digo de imediato: NÃO SE APLICA AO BRASIL.

On Dec 4, 2014, at 19:51, fulano <fulano@gmail.com> wrote:

Se vc for honesto como eu acho que é, e  inteligente forecasting, como eu também acho que é, publica este  texto ´desconsidere o blog onde ele foi publicado:


http://www.diariodocentrodomundo.com.br/impostos-sao-o-preco-que-se-paga-por-uma-sociedade-civilizada-o-relato-de-uma-jornalista-brasileira-que-vive-na-suecia/


Explico porque discordo integralmente dos argumentos, abaixo.
Vocês podem ler a matéria enviada, antes de prosseguir na minha resposta a este amigo, o que fiz agora mesmo, de improviso, e já mandei mesmo sem revisar.
Depois vou escrever de maneira mais estruturada sobre o assunto.
Paulo Roberto de Almeida

Meu caro amigo,
    Eu sendo totalmente honesto, comigo, com você, e com a autora do texto, eu diria que ela se ilude, você se ilude, e todos os que pensam como ela e como você se iludem, ao achar que o mundo, ou outros países, podem ser como a Suécia, e que isso é dado a todo mundo, bastando aumentar impostos que tudo vai se resolver como num passe de mágica.
    Isso é uma grande ilusão, e você, e ela, não percebem que isso só faria com o que o nosso ogro famélico se agigantasse ainda mais, e todos estaríamos muito pior do que com a carga fiscal extremamente elevada que já temos.
    Apenas uma sociedade que seja: pequena, estável demograficamente, altamente educada, com alta produtividade do capital humano, instituições democráticas sólidas, pode ser como a Suécia, e ainda assim sob condições muito especiais.
    A menos que a produtividade do trabalho humano seja altíssima, e crescente, essa sociedade terá cada vez mais problemas para manter seu padrão de vida, pois do contrário o seu crescimento irá diminuindo e ela enfrentará problemas fiscais mais cedo ou mais tarde. Não é possível que se possa fazer milagres numa economia de mercado, a menos de se manter alta taxa de investimento, de crescimento, e de aumento da produtividade.
    A tendência é que a Suécia não consiga manter esses padrões, e tenha de constantemente refazer seu padrão de gastos e de receitas, ou seja, aperfeiçoar e ajustar continuamente o seu modelo de organização social.
    Isso talvez se possa fazer na Suécia, sociedade democrática e que tem a capacidade, me parece, de se reformar consensualmente.
    Isso não é dado acontecer entre nós, e não é dado acontecer na maior parte dos países do mundo, e eu excluo a totalidade da África dessa possibilidade, a quase totalidade da Ásia, a totalidade da América Latina e vários outros países europeus.
    Desconfio que os EUA tampouco conseguiriam reproduzir os padrões e o modelo sueco nas condições existentes, e no futuro previsível. A prosperidade teria de crescer enormemente nos EUA para que eles conseguissem ter um padrão assemelhado ao da Suécia. Veja, por sinal, que o PIB per capita dos EUA é superior ao da Suécia, embora muito mais desigualmente distribuído do que o dos EUA: a disparidade entre rendas de pessoas é enorme nos EUA, e bem menor na Suécia.
    Seria possível fazer um padrão sueco nos EUA? Duvido, pois as condições sociais não estão dadas, e seria preciso um Estado fantástico, quase orwelliano, para transformar a estrutura da sociedade americana.
    E se isso ocorrer, os EUA deixarão de ser a sociedade flexível que são, altamente produtiva, e passarão a crescer menos, ou seja, ficarão mais pobres relativamente do que são hoje.
    Mas, atenção, a Suécia já foi muito mais rica do que é atualmente, comparativamente à média europeia. Não tenho os dados comigo, mas busque a renda média da Suécia hoje, e a da renda média da Europa SETENTRIONAL, no mesmo período, num espaço de 20 a 30 anos. Você vai constatar que a distância diminuiu, ou seja, ou  a renda média da Europa setentrional cresceu num ritmo mais alto, ou a da Suécia cresceu mais lentamente. Pode até ser que a Suécia passe abaixo da renda da Europa setentrional.
    Pesquise depois os dados relativos à Irlanda, um país que era "pobre" quando ingressou na então CEE, em 1972, junto com UK e DK, e que se tornou atualmente um dos países mais ricos do conjunto da UE, e não por ajuda da UE, e sim por políticas corretas de desenvolvimento econômico e social, um pouco de SUFRAMA (defiscalização em atividade ligadas a comércio exterior) e muito de qualificação da mão-de-obra.
    Mas o essencial da riqueza da Irlanda -- que deve ter saído de menos da metade da renda da Suécia em 1972, para provavelmente 130% hoje, dessa renda -- se deveu à DIMINUIÇÃO de impostos, essencialmente sobre o lucro e a folha salarial, ou seja, a Irlanda liberalizou investimentos e emprego, com isso obtendo resultados fantásticos, crescendo a um ritmo chinês durante muito tempo.
    Podemos reproduzir o modelo irlandês? Mais uma vez: DIFICILMENTE. Seria preciso um consenso muito grande, uma democracia funcional, para diminuir o PESO DOS IMPOSTOS, liberalizar a economia, e capacitar educacionalmente toda a população. Não acredito que isso possa ser feito no Brasil, pois JAMAIS haveria consenso político para fazer as reformas necessáriias.
    De toda forma, uma coisa é ESSENCIAL que se retenha: é IMPOSSIVEL aplicar modelos de sucesso em outros países apenas na base da cópia, IMPOSSÍVEL. Estruturas sociais, o peso da história, os arranjos sociais são coisas muito pesadas que não se movem facilmente, e sequer podem ser transplantadas de um lado a outro.
    O que sim é possível fazer seria ver o que funciona, e tentar adaptar às condições locais.
    Em outros termos: sociedades mais livres, economicamente mais baseadas no livre empreendimento, funcionam melhor, são mais prósperas mais ricas. A Suécia é uma sociedade livre, ainda que com muitas regras, mas é uma democracia de mercado, em todo caso, muitas vezes mais livre do que o Brasil.
    Liberdade de mercados funcionou para trazer prosperidade para os EUA, para a Suécia e para a Irlanda.
    E para a China, SIM, por mais incrível que isso possa parecer.
    A China era, três décadas atrás uma sociedade miserável, recém emersa do delírio econômico maoista, que começou a liberalizar a sua economia: agricultura, enclaves econômicos (ZEEs na costa) e progressivamente toda a indústria e todo o comércio. Sobraram, é verdade, grandes empresas estatais e grandes bancos idem, que é onde vigora a corrupção, mas que atuam, em grande medida, com base em regras de mercado. Atualmente, a China tem mais de 70% do seu PIB formado no setor privado, e não no setor estatal, e no setor privado a concorrência é intensa, na China e no mundo.
    A China é, não hesito em dizer, economicamente mais LIVRE do que o Brasil. E se ela cresceu, não foi por causa, mas A DESPEITO dos monopólios estatais que ainda existem. Como ela se tornou mais livre, o "espírito capitalista" dos chineses foi fortalecido, e ela se tornou mais rica, mais próspera, e também mais desigual, que isso é uma consequência associada às economias de mercado.
O título do livro do Giovanni Arrighi - Adam Smith vai a Beijing -- é totalmente errado, ou melhor, é totalmente o contrário do que deveria ser: foi a China que foi à Escócia, não o Adam Smith que foi a Pequim. Ou então, os dirigentes chineses importaram os ensinamentos econômicos de Adam Smith e os aplicaram (mas não os do Iluminismo escocês, a democracia de Locke, Hume, Ferguson).
    Resumindo, meu caro amigo.
    Esqueça, pois o modelo sueco é inaplicável entre nós e na totalidade da América Latina. O que sim podemos fazer é tornar o país uma sociedade economicamente mais livre. Atualmente, o Brasil é um país regulamentado ao extremo, corporativo, quase fascista no plano econômico, e extremamente corrupto em suas instituições, com mandarins da República e marajás do Estado assaltando literalmente os pobres para viver às custas deles.
    Quando, e se, conseguirmos mudar algumas dessas características poderemos talvez melhorar. Mas eu acho que o modelo irlandês, ainda que inaplicável entre nós, seria mais factível do que um modelo sueco.
    Resumo aqui minhas condições para um crescimento econômico sustentado, com transformações estruturais e distribuição equitativa desse crescimento, o que produziria o desenvolvimento econômico e social:
    1) Estabilidade macroeconômica
    2) Competitividade e competição em nível microeconômico
    3) Boa governança (justiça, parlamento, polícia, etc)
    4) Alta qualidade dos recursos humanos e
    5) Abertura ao comércio internacional e aos investimentos estrangeiros

    O Brasil sequer chegou perto de assegurar o primeiro requisito, que está atualmente sendo implodido pela incompetência dos neobolcheviques mafiosos que nos governam. Nem discuto quanto aos demais, pois sequer ficamos no primeiro terço do que seria uma pontuação aceitável em cada um deles.
    Estamos longe, muito longe de ser uma sociedade preparada para a prosperidade, meu caro. Temos de progredir muito ainda.
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Paulo Roberto de Almeida
pralmeida@me.com
www.pralmeida.org
diplomatizzando.blogspot.com

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Petrobras: instantaneos da mafia em plena acao - Reinaldo Azevedo

Não pensem que a roubalheira companheira -- até rimou, perfeitamente -- era uma zorra total. Isso não. A coisa era até organizada. Parece até uma máfia suiça, tudo organizadinho...
Paulo Roberto de Almeida

Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, o executivo da Toyo Setal que afirmou que parte da propina paga ao PT foi registrada como doação legal, fez outras revelações que chegam a assumir certo tom jocoso, mas que dão conta do grau de delinquência a que chegaram as relações da Petrobras com empreiteiras e partidos políticos.

Três homens, disse ele, passavam para recolher a propina em dinheiro vivo. Atendiam pelas alcunhas de “Tigrão”, “Melancia” e “Eucalipto”. A Polícia Federal tem tentado chegar a esses senhores, mas, até agora, não conseguiu.

“Tigrão”, segundo o executivo, é “moreno, 1,70 m a 1,80 m de altura, meio gordinho e com idade aproximada de 40 anos.” Júlio Camargo, o segundo diretor da Toyo Setal que fez delação premiada, descreveu os dois outros deste modo: “Um deles era mulato, forte, 1,85 m, idade aproximada de 55 anos, e outro era de estatura baixa, bem branco, idade aproximada de 60 anos”.

Pronto! Suponho que o segundo fosse o “Melancia”, e o outro, o “Eucalipto”. Nessa zoologia criminosa, é evidente, falta identificar os ratos, as raposas, as baratas, as hienas; não faltam ratos, raposas, cães ladravazes e baratas.

Como é mesmo aquele trecho de uma música dos Titãs, do tempo ainda em que certo partido pregava a ética na política?

Bichos!
Saiam dos lixos
Baratas!
Me deixem ver suas patas
Ratos!
Entrem nos sapatos
Do cidadão civilizado

O clube
Mendonça Neto também sintetizou as regras do chamado “Clube das Empreiteiras”, que operaria em parceria com a quadrilha instalada na Petrobras e os políticos que lhe davam suporte, segundo informa a Folha:

– Reuniões eram convocadas por mensagens de celular ou por telefone. A frequência variava conforme as oportunidades de negócio oferecidas pela Petrobras.

– Quem participava das reuniões não tinha a entrada registrada e recebia um crachá já na portaria.

– Cada empresa atribuía um grau de interesse, de 1 a 3, às obras que seriam licitadas pela estatal.

– Em caso de conflito e coincidência de prioridades, as empresas interessadas resolviam entre si quem ficaria com a obra. Se a disputa persistisse, o caso era arbitrado pelo “clube”, que redistribuía contratos para acomodar interesses.

– A empresa ou consórcio escolhido para “vencer” a licitação tinha de informar previamente sua proposta de valor.

– As empresas do “clube” que participariam da licitação para simular uma concorrência poderiam contestar o valor, caso achassem exagerado.

Isso é que é organização!

A ser tudo verdade, precisamos chamar Francis Ford Coppola, Robert De Niro e Al Pacino para filmar a versão nativa de “O Poderoso Chefão”. Só não vai dar para contar com Marlon Brando! Que pena!