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sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Espionagem sovietica no Brasil: arquivos dos servicos de inteligencia da ex-Tchecoslovaquia

Um estudioso de arquivos -- chamemo-lo assim -- me envia um link relativo a arquivos do antigo serviço de inteligência da ex-República Socialista da Tchecoslováquia e seu relacionamento com seus agentes no Brasil e eventuais brasileiros trabalhando para os serviços diplomáticos do Brasil na antiga "Cortina de Ferro" (termos da Guerra Fria).
O tema tem a ver com esta antiga postagem neste blog:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/04/izot-e-aleks-nosso-diplomatas-agentes.html
Paulo Roberto de Almeida

O link remetido é este aqui: http://cepol24.pl/stb_bra.html

Por ele, chega-se a esta informação, que está em tcheco, polonês (pois os arquivos se encontram na Polônia) e em Português:


StB a Brazílie, StB i BraziliaStB no Brasil


Nesta página iremos apresentar fatos relacionados com a polícia secreta da Tchecoslováquia StB (estamos falando principalmente sobre o I Departamento StB, ou seja, o serviço de inteligência) e o Brasil, de acordo com os documentos da StB, o que significa, que não estamos afirmando que se trata da verdade absoluta. Quanto a esta, vamos nos esforçar para verificar de todas as maneiras possíveis. Na presente etapa de nossas pesquisas, nos concentraremos no período da história brasileira que está relacionado com o presidente J. Kubitschek, que era descendente de tchecos e também no final dos anos 50 e nos anos 60. Os documentos do arquivo tcheco ABS (StB) dão uma nova luz aos acontecimentos e no papel das pessoas relacionadas com os mesmos. Estes documentos certamente não são a única fonte histórica que deve ser levada em conta, mas é impossível não lhes dar o devido valor merecido ou fingir que não existem. Faremos um esforço para,a medida do possível, fornecer as fontes, o que sem dúvida, será um complemento apropriado para as pesquisas sobre as relações tcheco-brasileiras e sobre a história do Brasil durante o período pesquisado.

 dokumenty


Ano de 1961: os soviéticos, graças a StB, reataram as relações diplomáticas com o Brasil
Desde janeiro até maio de 1961, durou a ação na qual fizeram parte o serviço de inteligência da Tchecoslováquia (StB) e sua base no Rio de Janeiro, com o objetivo de Reatamento das Relações Diplomáticas entre o Brasil e a União Soviética. Estas relações estavam rompidas desde o ano de 1947. Enquanto a Tchecoslováquia mantinha relações relativamente normais com o Brasil, os soviéticos possuíam neste um campo de ação limitado. A Revolução Cubana conscientizou-lhes sobre o potencial da América Latina e por isso foram obrigados a concentrar-se no maior país daquela região. Para eles não era suficiente o controle total sobre as atividades do serviço de inteligência “tcheco”; eles também desejavam estar presentes legalmente. A tarefa de estabelecer novamente as relações diplomáticas foi confiada a um homem que parecia ter sido „destinado para isso”. Esse homem exerceu influência direta sobre Cuba e inclusive tornou-se amigo pessoal de Fidel e do “Che”. Era um oficial da KGB e também teve bons relacionamentos pessoais com o novo (a partir de janeiro de 1961) presidente brasileiro Jânio Quadros, que conheceu em 1959, quando foi seu guia e tradutor em Moscou e Leningrado. Na época Jânio Quadros visitou a URSS como um político de oposição. Este oficial da KGB, mesmo cumprindo um papel muito importante em Havana durante a crise no Caribe, de repente foi chamado a Moscou onde Nikita Siergiejewicz Chruszczow lhe confiou uma importante missão: “Você vai para o Brasil”. Para que esta missão obtivesse sucesso, era necessário  „incluir” nesta os „Tchecos”, pois estes já possuíam na época um certo domínio pelo „terreno” e possuíam seu contato (trata-se aqui de contato legal)até mesmo no gabinete presidencial.
Os “tchecos”, então, ajudaram a obter o visto para este que talvez tenha sido o primeiro cidadão soviético a visitar legalmente o Brasil desde o ano de 1947. Além disso, foram apanhá-lo no aeroporto, ajudaram-lhe depois a alojar-se no hotel “Miramar” no Rio de Janeiro e inclusive..ajudaram-lhe a se vestir (no relatório da base da StB no Rio está escrito que lhe ajudaram a comprar um paletó, outras peças de roupa e uma mala), ajudaram a trocar dinheiro na casa de câmbio, etc. Depois compraram para ele a passagem aérea até Brasília (capital), onde deveria encontrar-se com Quadros, que em 1959 havia lhe garantido pessoalmente que quando precisasse “receberia o visto na hora”.
Bem,.. não foi bem assim,...sem a ajuda „tcheca” ele não teria recebido o visto e os „Tchecos” levaram um mês para consegui-lo.
Mas, depois que o oficial da KGB em questão, com „disfarce” de jornalista, chegou ao Brasil, até mesmo a audiência com o presidente já não era tão certa. Os “Tchecos” graças ao seu contato(contato legal;não se trata de contato secreto)no gabinete presidencial(o chefe do departamento cultural - esse funcionário possuía o codinome de MOGUL e como possuía uma visão católica e conservadora e além disso era uma pessoa de ótima situação financeira, não servia para ser recrutado) conseguiram rapidamente que fosse atendido pela „eminência parda” do presidente, seu secretário pessoal José Aparecido. Isso tudo porque, por uma questão de má sorte, no dia em que o enviado soviético chegou a capital, o presidente precisou viajar por alguns dias.. A data do próximo encontro foi estipulada e no dia 5 de maio de 1961 Alexandr Ivanovich Alexeyev   (seu sobrenome verdadeiro era Szytow, Алексеев, Александр Иванович, eng.  - Alexandr Ivanovich Alexeyev) após regressar ao Rio para depois decolar novamente para a capital, encontrou com o presidente brasileiro.
Esta conversa trouxe o efeito esperado e ao final do ano as relações foram restabelecidas oficialmente.
terça-feira, 2 de dezembro de 2014
© Mauro "Abranches" & Vladimír Petrilák

 Este link remete a um documento em tcheco, datado de 11 de maio de 1964, aparentemente efetuado em La Paz, mas que menciona o Partido Comunista Brasileiro, o Partidão, então com vários dirigentes exilados na Tchecoslováquia, em Praga: http://cepol24.pl/stb/dok_2.html

Este outro remete a parte de um relatório igualmente datilografado em tcheco: http://cepol24.pl/stb/ao_druzba.html 

Um outro documento relatando o codinome de uma agente no Rio de Janeiro, ou melhor, um informante dos serviços soviéticos atuando por intermédio dos tchecos: http://cepol24.pl/stb/nemame_agenty.html

O primeiro agente da inteligência tcheca no Brasil: o camarada Treml: http://cepol24.pl/stb/residentura.html

O Primeiro Oficial da StB (Serviço de Inteligência da Polícia Secreta Comunista „Tcheca”) residente no Brasil: O Camarada „TREML
 A partir do ano de 1952 atuou no Rio de Janeiro, o residente da inteligência da Tchecoslováquia que possuía o  codinome de “TREML”,Os documentos da pasta com número de registro 81079 (“Correspondências diversas”) indicam que o camarada TREML foi enviado para a legalização (ou seja, para o „MSZ” – Ministério das Relações Exteriores) em 1.8.1951 e no dia 22.8.1952 foi enviado para o Brasil. O camarada TREML, que assinava seus relatórios enviados do Rio inicialmente como “HONZA”,  durante a sua estadia no Brasil, teve que enfrentar diversos problemas; como residente trabalhou por longo tempo sozinho e por isso seu trabalho não rendeu muito. Entretanto, a inteligência “Tcheca” é grata justamente a ele,  pela formação das bases de trabalho e pelas possibilidades de continuação das atividades no maior país da América Latina.
que era TREML?

Nascido em 1925
Durante o período da II Guerra Mundial, trabalhou como barbeiro (1941-1945). Cumpriu o serviço militar nos anos 47-49, de onde saiu com o posto de sargento. Até 1949 trabalhou como educador e referente das questões de imprensa (“agitador”) em uma fábrica perto da fronteira.
Membro do Partido Comunista da Tchecoslováquia a partir do ano 1945 (28.5.).
Em 1950, tornou-se funcionário do Ministério de Segurança Nacional. Concluiu uma escola bimestral de “serviço de inteligência”. No dia 1 de outubro foi aceito nas fileiras do Ministério de Segurança Nacional. Em 1951 durante um curto período,  foi enviado como funcionário da inteligência para a base da StB em Roma. Nessa época, já conhecia os idiomas italiano e inglês.
A partir de 1952 foi residente no Rio de Janeiro. Quando chegou ao Brasil possuía o posto de subtenente.
Durante sua carreira de mais de 30 anos de serviço nas fileiras da StB, trabalhou em  6  bases fora de seu  país.
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 (Vamos aguardar nova remessa de informações...)

Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 5 de dezembro de 2014

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