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quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Equivocos economicos do PT: Lula e a Loucura Agricola Europeia (2001) - Paulo Roberto de Almeida

Um dia eu acordei invocado, como disse certa vez o estadista de Garanhuns, o inefável capo di tutti i capi. Acordei invocado porque lia regularmente a imprensa brasileira mais cedo (estava em Washington, e tinha 2 hs para trás) do que o costume, e fiquei imediatamente invocado ao ler declarações do eterno candidato do partido esquizofrênico apoiando a loucura agrícola europeia, a política comum em matéria de agricultura que, mais do que prejudicar o Brasil (isso é o de menos, pois somos competitivos mesmo com a PAC), prejudica sobretudo os países africanos.
Pois invocado estava e invocado fiquei. Decidi escrever o artigo que vai abaixo.
Com base nessas minhas críticas, a revista Veja, sem saber de meu status profissional, me contatou para uma entrevista para as Páginas Amarelas. Pronto, foi só dar essa entrevista (que está disponível em meu site, aqui), onde eu dizia mais ou menos as mesmas coisas, que o Itamaraty resolveu me punir com uma advertência baseada na Lei da Mordaça, a coisa mais vergonhosa que possa ter existido na nossa Santa Casa (não a minha punição, isso é o de menos, mas a lei da mordaça).
Em todo caso, para mostrar que bobagens econômicas como as cometidas pelos companheiros não acontecem por acaso, nem de repente, transcrevo aqui o meu artigo e seus complementos.
Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 6 de agosto de 2015


O candidato do PT e a loucura agrícola europeia
(com post-scriptum em 13.10.01)

Paulo Roberto de Almeida
Washington, 5 de outubro de 2001

Segundo despacho de Paris reproduzido na imprensa brasileira na quinta-feira, 4 de outubro, o candidato Luís Inácio “Lula” da Silva, em viagem pela Europa e depois de ser recebido pelo primeiro ministro francês Lionel Jospin, defendeu o acertado da política agrícola européia.
A afirmação já seria absurda em seu mérito próprio, mas a postura também está equivocada substantivamente, historicamente, funcionalmente. Apenas posso interpretar que o candidato carece de informações adequadas tanto sobre a agricultura européia, como sobre a brasileira, caso contrário não poderia fazer esse tipo de afirmação, mesmo desejando hipoteticamente agradar seu interlocutor.
Vejamos essas afirmações um pouco mais de perto. Segundo Lula:

1) “Do ponto de vista da realidade européia, eles estão corretos.”
Ao contrário, os europeus estão absolutamente errados, mesmo do ponto de vista exclusivamente europeu. Poderia, eventualmente, ser parcialmente correto se os europeus vivessem em circuito fechado, sem qualquer tipo de intercâmbio com o mundo e sem interferir no comércio agrícola mundial. Esta não é a realidade porém, na medida em que eles são relativamente abertos ao comercio mundial, possuindo mesmo um alto coeficiente de abertura externa, de modo geral. O coeficiente apenas do setor agrícola é, contudo, sensivelmente menor, e sabemos instintivamente por que.
Sobretudo do ponto de vista exclusivamente europeu, entretanto, os europeus também estão errados e o candidato Lula parece ignorar que um punhado de agricultores lobistas e outros aproveitadores políticos arrancam um alto preço de seus concidadãos em virtude da “loucura” agrícola comum. Sabe o candidato Lula que os consumidores (cidadãos) europeus poderiam ter um orçamento alimentar reduzido praticamente à metade se não houvesse a PAC e se o comercio agrícola fosse totalmente liberalizado? Esse é o calculo efetuado por diversos economistas independentes, europeus aliás: a cesta de compras da dona de casa européia poderia ser obtida com metade do dinheiro da feira e do supermercado se não existisse a PAC.

2) “São países que passaram por guerras e mais guerras,..”
O candidato Lula sabe quando foi a última guerra que representou ruptura de abastecimento na Europa? Ela terminou em 1945, sendo que a anterior tinha terminado em 1918. É verdade que no pós-guerra, até 1948 em todo caso, o abastecimento ainda não estava completamente regularizado, mas os EUA contribuíram generosamente com doações alimentares no quadro do Plano Marshall. Ou seja, há cinqüenta anos, ou duas gerações completas, que não há nenhuma ameaça de ruptura de abastecimento na Europa, e não se tem noticia de algum europeu ocidental que tenha morrido de fome nesse período de meio século.
O medo de um passado de fome (ocasional e explicável) não poderia de nenhum modo justificar as distorções do presente, sobretudo porque, supostamente, os alimentos viajam melhor e mais barato atualmente do que sessenta ou oitenta anos atrás.

3) Os europeus “não vêem a necessidade de tratar a comida como uma simples mercadoria,...”
Se a comida não pode ser tratada como mercadoria, o que é, ela supostamente deveria ter sido objeto de disposições especiais nos tratados comerciais, a começar pelo GATT, que regula o comercio de bens no plano multilateral desde 1947. Ora, não existem tais dispositivos restritivos, e os bens alimentares são considerados bens como quaisquer outros.
Foi apenas devido a expedientes abusivos e distorcivos, que europeus e americanos lograram extorquir dos demais países participantes do sistema multilateral de comércio uma exceção “temporária” ao comércio agrícola. Ora, essa exceção se prolonga há mais de 50 anos, e hoje nada, absolutamente nada, justifica a continuidade de uma tal situação. Ela penaliza duramente os países mais pobres, justamente aqueles que supostamente o candidato Lula deveria defender e que são os mais dependentes da agricultura, atividade primária por excelência.
Como, nessa linha de pensamento, se chega a defender agricultores abastados contra os interesses da imensa maioria de agricultores pobres do Terceiro Mundo? Isso me parece uma contradição insanável no argumento de Lula, como aliás já se tinha manifestado na aliança pouco santa entre o MST e “agricultores “do tipo do Sr. José Bové. Para voltar ao argumento do candidato, caberia esclarecer que a imensa maioria dos agricultores pobres dos países em desenvolvimento desejam, apenas e tão somente, que seus produtos agrícolas sejam tratados como simples mercadorias, como quaisquer outras. Nada mais do que isto.


4) Os europeus “vêm (...) a comida (...) como uma questão de soberania nacional.”
Se abobrinha e cenoura são produtos que integram os cálculos estratégicos de soberania nacional, então temos aqui um sério problema de definição do que seja a soberania de uma nação, sobretudo no caso de países altamente industrializados, não dependentes da produção agrícola para a formação do PIB. O que fazer, por exemplo, em relação à educação e à saúde, para não mencionar a segurança pública, interna e externa?
Como fazem o Vaticano, Andorra, Mônaco e muitos outros países menores, que não conseguem ter, por mais que queiram, autonomia alimentar? Eles dispõem, por causa disso, de menos soberania nacional do que os grandes e melhor dotados de recursos naturais? Como fazem países situados em zonas árticas ou tórridas, que dependem do comércio internacional para o essencial de seu abastecimento alimentar? Eles também são menos soberanos por isso?
Consideremos porém países relativamente maiores como Bélgica ou Países Baixos: se eles amanhã deixassem de produzir, por acaso, alimentos, estariam ipso facto condenados à fome e à privação absolutas? Ou poderiam abastecer-se tranqüilamente com seus vizinhos e mesmo junto a países distantes? A segunda hipótese é a mais correta obviamente. Quando a Inglaterra decretou o livre comercio universal, no hoje distante ano de 1856, ela passou a ser uma importadora líquida de alimentos. Nem por isso, os ingleses deixaram de comer bem, ao contrário, seu padrão alimentar melhorou e se diversificou, com base em compras mundiais. A afirmação do candidato Lula revela aqui uma incompreensão quanto às relações entre auto-produção e soberania nacional, característica mais comum nos economistas da era fascista.

5) “Nós precisamos primeiro cumprir com a nossa parte para depois exigir alguma coisa.”
O que significa o Brasil cumprir primeiro a sua parte? Ficar calado e aceitar a loucura agrícola comum européia? Dizer aos nossos próprios agricultores que tenham um pouco mais de paciência com os “pobres” agricultores europeus, que vivem traumatizados com uma suposta ameaça de desabastecimento alimentar motivada por não se sabe qual guerra possível, ou que estão heroicamente defendendo a soberania nacional européia?
O que teríamos de exigir? Alguma concessão absurda dos europeus? Ou apenas um comércio leal, baseado em simples regras de reciprocidade, segundo as quais nos concordamos em abrir nossos mercados ao camembert e ao foie-gras francês, em troca da abertura dos mercados europeus de grãos e de carnes aos nossos produtos?
Essa “nossa parte” precisaria ser melhor esclarecida, do contrário poderíamos pensar que cometemos algum “pecado original” que o candidato Lula não explicou bem o que seria.

6) “Temos que ter uma boa política agrícola e investimento em tecnologia. É isso que vai nos dar competitividade”.
O que significa ter uma “boa” política agrícola? Uma que seja altamente subsidiada como a européia? Subsidiada a ponto de apresentar distorções e aberrações, quando não fraudes maciças, que fazem, por exemplo, com que uma vaca européia ostente uma renda per capita superior à do brasileiro comum? Uma política agrícola que resulta em fraudes repetidas, que nos confrontam a tomates “milionários”, a porcos e vacas que certamente têm conta em banco (na medida em que o pagamento da PAC é feito por cabeça de animal)?
Seria esse o significado de uma “boa” política agrícola? Seria isso, exatamente, de que o Brasil necessita, para tornar-se “grande e forte” como os europeus? Nesse caso estaríamos repassando dinheiro a uma fração muito pequena de cidadãos, condenando milhões de outros a não contarem com os investimentos necessários em saúde publica, educação de qualidade, estradas pavimentadas, segurança pública adequada etc. Sabemos, por experiência, que qualquer dinheiro que se conceder a uma categoria especial de cidadãos (chamemo-los de produtores) vai ter de sair do mesmo orçamento publico geral, que já é considerado insuficiente, pelo próprio candidato Lula, para os absolutamente indispensáveis investimentos sociais que ele reivindica com razão.
Quanto ao grau de competitividade da agricultura brasileira, ela pode não apresentar o mesmo desempenho da européia em todos ou em determinados setores (ainda que para a maior parte de nossos produtos comercializáveis externamente ela é propriamente imbatível), mas diferenciais de competitividade e de produtividade entre os países (que justamente são o motor do comércio mundial) não podem ser de nenhuma maneira invocados como justificativas para o protecionismo obsceno, sobretudo quando levado às raias do absurdo comercial e do irracionalismo econômico, como acontece com a política agrícola européia.
Infelizmente para o candidato Lula, porém, nossa competitividade agrícola não deixa nada a desejar quando confrontada à da Europa ou dos Estados Unidos, com exceção de poucos setores de notória especialização e de alta intensidade tecnológica. De fato, para ser mais dramática ainda a comparação, é justamente por sermos competitivos que estamos sendo penalizados no acesso ao mercado europeu de alimentos e insumos processados. Apenas podemos ingressar com algumas poucas commodities de baixo valor agregado.
O que faz um candidato como Lula, normalmente identificado com as causas do Terceiro Mundo e dos pobres em geral, defender um absurdo do tamanho da PAC? Que virtudes ele encontrou nessa imensa reserva de mercado que não apenas cerceia nosso direito de concorrer no próprio mercado europeu como também compete deslealmente, à custa de maciços subsídios, com nossos produtos em terceiros mercados? Que sentido existe em ver ricos agricultores europeus deslocando do mercado pobres agricultores africanos, asiáticos e latino-americanos, além do mais em setores tão “sofisticados” como o do açúcar, da carne, dos grãos? Que racionalidade existe em proteger esses abastados agricultores, que depois reivindicam mais subsídios ainda para despejar quantidades absurdas, verdadeiras montanhas, de excedentes agrícolas nesses mesmos países pobres da periferia, que não têm como concorrer com o rico tesouro da União Européia. A palavra está novamente com o candidato Lula...

(815: Washington, 5 outubro 2001, 4 pp)
Paulo Roberto de Almeida

Post-Scriptum de Paulo Roberto de Almeida em 13.10.01:
            Em novas declarações à imprensa, em 11 de outubro, ao retornar de sua viagem à Europa, o candidato do PT reafirmou sua compreensão em relação à loucura agrícola européia, e voltou a cobrar do Governo uma política de apoio à agricultura brasileira.
            Segundo Lula, “subsídio para exportação é prejuízo para os países pobres. Precisamos brigar para que os nossos produtos sejam mais competitivos. Queremos ser competitivos não só na agricultura, mas no aço, no setor têxtil, no de calçados e no de máquinas”.
            A questão, no entanto, não está na falta de competitividade dos produtos agrícolas brasileiros, mas sim no protecionismo europeu e na sua política de concorrência desleal contra esses mesmos produtos em terceiros mercados, mediante maciços subsídios que deslocam a produção brasileira. Se os europeus resolvem subsidiar seus aricultores (ou qualquer outra categoria de produtores nacionais), trata-se de decisão soberana de seus legisladores e, em última instância, de sua população, que aprovará ou não tais políticas (desde que transparentes e mensuráveis, em termos de orçamento público, o que permitiria a discussão de eventuais alternativas ao emprego do dinheiro alocado a uma fração reduzida da população).
            A questão central não é, entretando, de escolhas orçamentárias (ou, chamemos generosamente, de “políticas sociais”), mas de definição de políticas comerciais, e é contra isso que se insurge não apenas o governo brasileiro, mas todos os demais países que praticam uma agricultura não subvencionada. O Brasil não teria nada a objetar à política interna de subsídios europeus, se esta não interferisse diretamente com a liberdade dos mercados (algo que os europeus preconizam com uma certa insistência quando se trata de sua própria produção) e com o estabelecimento de condições uniformes de competição no plano internacional. Esse aspecto do problema não parece ter sido percebido pelo candidato do PT, que continua a reclamar da “falta de uma política agrícola” no Brasil (o que não tem nada a ver com o debate sobre a política comercial européia).
            Podemos, e devemos, certamente, buscar com que “nossos produtos sejam mais competitivos”, como afirma o candidato do PT, mas a questão está em que, a qualquer nível de competitividade dos produtos brasileiros, eles continuarão penalizados pela atual política agrícola européia em seu direito de acessar o mercado europeu. Quanto à competição em terceiros mercados, os produtos brasileiros apenas conseguiriam ser “mais competitivos” do que certos equivalentes europeus, se o Tesouro brasileiro os subsidiasse ainda mais maciçamente do que o fazem os europeus (isto é, a “caixa agrícola” de Bruxelas, que já consome metade do orçamento comunitário). Seria esse o objetivo do candidato do PT: entrar em um guerra de subsídios com o “Tesouro” da União Européia?; essa seria a finalidade de uma política agrícola responsável, no Brasil e no Mercosul?
            Não seria mais simples lutar, nos foros multilaterais, em prol da eliminação dos níveis obscenos de subsídios e do protecionismo agrícola europeu, e assim estabelecer condições verdadeiramente equitativas de competição, na qual a competitividade intrínseca a cada produto possa ser o critério único, ou principal, de seu posicionamento no mercado, em lugar de se ter, como hoje, uma luta desleal entre Produtos nacionais e tesouros? Ou Lula acredita que tamanho (orçamentário, neste caso) é documento? Com a palavra, o candidato do PT.
[Washington, 13.10.01]
(Artigo original da imprensa: 3 de outubro de 2001)

Lula justifica barreiras européias

Hugo Sukman, Correspondente - O GLOBO

PARIS. Depois de se encontrar ontem com o primeiro-ministro da França, Lionel Jospin, em Paris, o candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, disse entender a posição européia de impor barreiras alfandegárias a produtos agrícolas brasileiros.
- Do ponto de vista da realidade européia, eles estão corretos. São países que passaram por guerras e mais guerras, e não vêem a necessidade de tratar a comida como uma simples mercadoria, mas como uma questão de soberania nacional. Nós precisamos primeiro cumprir com a nossa parte para depois exigir alguma coisa. Temos que ter uma boa política agrícola e investimento em tecnologia. É isso que vai nos dar competitividade - disse.
Durante a viagem de três dias à França, Lula conheceu o sistema de segurança pública. Segundo ele, com adaptações à realidade brasileira, algumas medidas podem ser adotadas em sua futura política de segurança. Lula disse que quer estudar a adoção no Brasil de políticas como a "polícia de proximidade" francesa, que prepara para cada região uma política de segurança específica.
- A diferença entre o salário mais baixo de um policial francês e o mais alto é de apenas duas vezes e meia. No Brasil chega a 20 vezes, o que resulta num policial desmotivado e despreparado - disse Lula, que recebeu uma medalha da Polícia Nacional francesa.
Durante o encontro com o socialista Jospin, o assunto girou em torno das perspectivas de a esquerda chegar à Presidência tanto na França como no Brasil:
Eles têm grandes chances de ganhar as eleições e já ganharam uma vez. Nós temos chances de ganhar também - disse Lula.

Nova manifestação de Lula em 10.10.01, conforme notícias no site do PT:

Lula rebate críticas sobre questão agrícola:

11/10/2001 - Lula: problema da agricultura não está lá fora, mas aqui mesmo

O líder petista Luiz Inácio Lula da Silva respondeu hoje, em entrevista coletiva após seu retorno da Europa, aos ataques dos ministros do governo, Pratini de Moraes e Pedro Malan. Em declarações à imprensa, os ministros acusaram Lula de contrariar os interesses nacionais em solo francês, ao defender o subsídio à agricultura naquele país. Lula ressaltou que defende o princípio de que os países ricos não podem subsidiar as exportações tirando a competitividade dos países pobres. Em seguida, o petista leu trechos de suplemento do Estado de S.Paulo, em que representante de exportadores agrícolas defende que, em vez de criticar o subsídio estrangeiro, autoridades brasileiras deveriam apoiar a produção interna. Lula cita o exemplo do gasto com pedágio, que é maior que o de gasolina, no transporte de cargas, para demonstrar a falta de competitividade do produto brasileiro. “Cuidar da agricultura é dever do Estado, e esta é uma lição de casa que o governo brasileiro desaprendeu”, sentenciou Lula.

“Enquanto este governo não dá, sequer a totalidade do recurso previsto para a agricultura familiar, a multinacional Monsanto conseguiu, para montar o seu projeto em Camaçari, R$ 784 mi emprestados do BNDES, dos quais R$ 259 mi a fundo perdido financiado pelo Finor, para gerar apenas 309 empregos”, denunciou Lula, baseado nos 55% da verba do Pronaf e nos 7,5% do Orçamento da União previsto para a agricultura, liberados este ano. O líder petista afirma que, com esta política, não só perdemos em competitividade, como “iremos matar o que resta de produção de agricultura familiar neste país”.

Notícia de imprensa, 11.10.01, Agência Estado:

http://www.estadao.com.br/agestado/noticias/2001/out/11/222.htm
<http://www.estadao.com.br/agestado/noticias/2001/out/11/222.htm>

Para Lula, Malan e Pratini "venderam o Brasil"

São Paulo - O presidente de honra do PT e virtual candidato da legenda à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, rebateu hoje as críticas feitas a ele pelos ministros da Fazenda, Pedro Malan e da Agricultura, Pratini de Moraes. "Nem Malan nem o Pratini têm autoridade moral para falar em defesa nacional. Eles fazem parte dos que venderam o Brasil e conseguiram destruir em seis anos o que levou 60 anos para ser construído", disse.
Na quarta-feira, Malan considerou "lamentável" a declaração de Lula de apoio aos subsídios agrícolas feita durante viagem à França. Dias antes, Pratini disse que Lula era "quinta coluna da agricultura". Hoje, Lula reafirmou suas declarações feitas em solo francês.  Afirmou que cada país tende a adotar políticas para defender seus interesses, o que o Brasil não tem feito. Lula criticou os subsídios, mas considerou legítima a tentativa dos franceses de defender seus interesses.
"Subsídio para exportação é prejuízo para os países pobres. Precisamos brigar para que os nossos produtos sejam mais competitivos. Queremos ser competitivos não só na agricultura, mas no aço, no setor têxtil, no de calçados e no de máquinas", afirmou.  Para Lula, cuidar da agricultura "é um dever do Estado. Lição de casa que o nosso governo não tem feito." Lula e o deputado federal Aloizio Mercadante, também secretário de relações internacionais do PT, retornaram terça-feira da Europa, onde estiveram reunidos com autoridades da França, Portugal e Itália.
Eles consideraram a agenda de compromissos realizados diversificada e de "alto nível". Ambos defenderam a necessidade de aprofundar as relações entre a União Européia e o Mercosul.
Ana Paula Scinocca

Equivocos economicos do PT: Um Outro Brasil seria possivel? Talvez, mas nao com os companheiros - Paulo Roberto de Almeida

Desde quando sigo as esquizofrenias econômicas companheiras, sempre desprezei as bobagens mais elementares que eles propagandeavam nos anos 1980: calote da dívida, nos banqueiros, nacionalização de atividades "estratégicas", denúncia dos acordos comerciais, dos acordos com o FMI e outras bobagens do gênero.
Com base no besteirol politico-econômico dos seus "economistas" e suas promessas mirabolantes, os companheiros e seu eterno candidato foram derrotados três vezes nas campanhas eleitorais presidenciais de 1989, 1994 e 1998. Mas, em 2001, sentindo que daquela vez a coisa poderia mudar, eles juntaram os poucos economistas que tinham no partido para formular o programa "Um Outro Brasil é Possível", que foi amplamente distribuidos aos true believers, aos beatos, ao já convertidos e aos ignaros e principiantes.
Assim que saiu, eu me dediquei a criticar cada uma das proposições feitas, mostrando sua ingenuidade, inocuidade, ou perversidade do ponto de vista de uma saudável política econômica.
Aqui está a minha peça analítica, na qual eu desmantelo cada uma das propostas feitas por eles.
Nunca chegaram a aplicar no primeiro governo Lula, que preferiu preservar o receituário dito "neoliberal" -- que eles desprezavam mas não ousavam trocar, pois não tinham nada de coerente ou consistente para colocar em seu lugar, e assim deixaram o que já funcionava -- que estava em funcionamento em 2002, para só começar a mexer no segundo mandato.
Quando apareceu a gerentona abruttie, foi tudo um desastre, como se constata hoje.
Pois bem, a origem do desastre está aqui.
Transcrevo apenas o esquema e a introdução, remetendo depois ao linkk onde se encontra o meu artigo completo, que se estende a duas dezenas de páginas.
Paulo Roberto de Almeida


O PT e as relações econômicas internacionais  do Brasil
Análise do programa econômico “Um outro Brasil é possível”

Paulo Roberto de Almeida



Espaço Acadêmico (Maringá: UEM, a. I, n. 6, nov. de 2001; http://www.espacoacademico.com.br/006/06almeida.htm).
Sumário:

Nota preliminar

1. Introdução: características gerais do programa e metodologia desta análise
2. Características gerais do processo de desenvolvimento brasileiro
3. A política externa alternativa frente a certos impasses da realidade internacional

4. A blindagem internacional do neoliberalismo e a globalização financeira

5. Integração hemisférica “imperialista” e a questão da Alca

6. Soberania dos países da América Latina, os EUA e o Brasil

7. A globalização financeira e a abertura comercial

8. O que seria um modelo de desenvolvimento solidário?: sem mercados?

9. Alguma receita milagrosa para reduzir a vulnerabilidade externa?


Nota: Os argumentos e comentários desenvolvidos no presente trabalho expressam, única e exclusivamente, as opiniões pessoais do autor, não tendo qualquer relação com posições ou políticas de qualquer instituição pública, às quais o autor possa estar vinculado por motivo de sua condição profissional. O autor esclarece, igualmente, que não se encontra filiado, nem nunca esteve, a qualquer agremiação partidária, brasileira ou estrangeira, e que suas reflexões críticas refletem mais sua formação acadêmica, enquanto sociólogo, do que “incorporação de idéias” adquiridas no desempenho de obrigações profissionais enquanto servidor público especializado na diplomacia.


Nota preliminar:
         Os comentários críticos, por vezes acerbos, ao chamado “programa econômico do PT” foram redigidos sem qualquer espírito antagonista, por um observador externo bastante simpático às causas que o PT representa em termos de políticas públicas e de correção das tremendas desigualdades sociais existentes no Brasil. Para que não pairem dúvidas sobre a predisposição do autor em colaborar com um debate de alto nível sobre as propostas aqui contidas (ou outras que o PT apresente e submeta a debate público), esclareço que tenho sido eleitor (eventual ou ocasional, segundo as circunstâncias) dos candidatos do PT nos últimos 20 anos, sem no entanto jamais abdicar de uma postura crítica (ou dotada de um certo ceticismo sadio), como convém a qualquer cidadão consciente, em relação às posições adotadas ou às políticas preconizadas pelo PT para o Brasil.
         Como estou convencido de que o PT será um dia chamado a exercer o poder no Brasil e que, para que tal ocorra, ele deve buscar apresentar políticas econômicas sólidas e totalmente consistentes com uma moderna economia de mercado – como a que existe hoje no Brasil –, tomei a decisão unilateral (uma vez que não sou formalmente filiado ao partido) de apresentar minha contribuição a esse esforço de “PT-education”, isto é, de aperfeiçoamento da qualidade dos programas e propostas submetidas pelo PT à opinião pública e à sociedade brasileira de um modo geral. Trata-se de uma decisão puramente voluntária, consistente com a simpatia acima referida, e que não responde a qualquer demanda de qualquer instância dirigente do PT.


1. Introdução: características gerais do programa e metodologia desta análise


O Instituto Cidadania, entidade vinculada ao Partido dos Trabalhadores (PT), tornou público, em 4 de julho de 2001, um programa de propostas econômicas que, embora claramente identificadas como emanando de um grupo de economistas e de líderes políticos de sua corrente majoritária, logo ficou conhecido como “programa econômico do PT”. O documento, “Um outro Brasil é possível”, bem articulado e denotando um raro senso, no PT, no sentido de tentar conciliar os constrangimentos da realidade econômica com medidas suscetíveis de aplicação controlada num futuro programa de governo do partido, foi bem recebido pelos observadores, que viram no texto uma tentativa de aggiornamento por parte de um movimento que, durante vinte anos, exibiu fortes doses de irrealismo econômico e de voluntarismo político militante, ambos identificados com teses socialistas e estatizantes.
O programa  apresenta diversas medidas suscetíveis de aplicação controlada, sem novos choques ou tentativas de superação rápida das dificuldades estruturais da economia brasileira. Ele também representa um sensível progresso em relação ao hipercriticismo econômico praticado no passado, ainda que continue a ostentar o alto grau de indefinição que tem caracterizado desde sempre as críticas da oposição às orientações econômicas do governo (críticas genéricas do tipo: “é preciso de um outro modelo econômico”, “é necessário um projeto nacional de desenvolvimento”, sem nunca explicitar claramente, no entanto, em que consistiriam esses alegados esquemas de reforma global ou reorientação radical de políticas).
A seção III do programa, relativa a “metas e compromissos”, apresenta um elenco de medidas de bom senso, que no entanto carecem de um estudo de factibilidade econômica, sobretudo no sentido de se examinar sua adequação orçamentária e compatibilidade com o balanço de pagamentos. As medidas propostas são aparentemente consistentes, ainda que não de todo coerentes entre si o tempo todo, pois que alguns trade-offs sempre têm de ser operados na administração da política econômica. A despeito desses progressos sensíveis na busca de uma política econômica “razoável” – supostamente suscetível de ser aceita, não pelo chamado mainstream economics, mas pela opinião pública em geral e pelos “capitalistas nacionais” em particular –, o texto apresenta ilusões e equívocos do ponto de vista da política diplomática e das realidades econômicas e políticas do contexto regional e internacional, que justamente constituem o objeto principal desta análise e o ponto central das observações críticas que são aqui formuladas.
Um certo sentido de “injustiça” poderia assim revelar-se, na medida em que não são aqui destacadas, por razões tanto de espaço como de enfoque analítico, as inegáveis contribuições de valor que o texto contém, para um debate de alto nível sobre os rumos do desenvolvimento e os impasses econômicos atuais. As virtudes do documento não são contudo destacadas para não agregar ainda mais aos já extensos comentários feitos aos pontos considerados equivocados nos posicionamentos adotados pelos autores do texto. Outras observações feitas não se prendem necessariamente a temas substantivos, mas referem-se a questões percebidas como pouco claras ou mesmo contraditórias num texto que tem a pretensão de não ser unicamente uma proposta econômica, mas um verdadeiro documento político, quando não “filosófico”.
De fato, o documento é abrangente, diversificado e mesmo “totalizador”. Ainda assim, algumas tentativas de se “distinguir” das políticas atuais – apenas para apresentar uma face diferente “disso que está aí” – contribuem muitas vezes para dar um tom mais retórico do que realista ao documento. Nesse sentido, o texto ganharia se tentasse dar maior concisão e objetividade às medidas propostas, sem as muitas considerações de caráter quase filosófico que apresenta.
Uma explicitação quanto ao “método”, ao início deste esforço analítico, impõe-se como obrigação: o texto será lido e comentado linearmente e topicamente, sem preocupação com seu enfoque global e sem considerações de ordem política mais geral, uma vez que não se pretende “questionar” o direito e a vocação do PT a ter uma política e uma plataforma alternativa de governo. Grande parte das críticas e questionamentos aqui formulados são apresentados em forma de perguntas: elas denotam o que o público bem informado gostaria de saber sobre essas propostas ou que tipo de dúvidas economistas realistas ainda mantêm em relação a um documento que traz substância ao importante debate sobre políticas governamentais.
Finalmente, para fins de controle das citações, cabe remeter ao texto integral do documento, disponível no link: http://brnt5sp228.digiweb.com.br/noticias.asp?id=152. O presidente do PT em exercício no momento da campanha eleitoral para a presidência do partido, José Genoino, a ele referiu-se em termos elogiosos, embora precavidos (artigo no site do PT, ao abrigo da chapa 20): “O documento dos economistas do PT constitui-se numa importante contribuição para o debate partidário que antecede o processo de definição do programa para a candidatura presidencial nas eleições de 2002. Mas, para desfazer confusões criadas pela imprensa, é necessário registrar que não se trata de um documento oficial, já que não foi aprovado por nenhuma instância partidária.”
Vale observar, contudo, que por ocasião da campanha eleitoral para a presidência do PT, entre julho e setembro de 2001, as propostas contidas nesse documento foram objeto de pesadas críticas das diversas chapas que não a do grupo majoritário que terminou elegendo o candidato José Dirceu. Uma aproximação à reflexão desse grupo de economistas, acusado de “flexibilizar” as posições tradicionais do PT em matéria econômica como forma de “ganhar a confiança da burguesia”, pode ser encontrada no artigo coletivo “A Reconstrução da Nação”, assinado por quatro de seus integrantes: Guido Mantega, Paul Singer, Jorge Mattoso e Reinaldo Gonçalves e publicado na revista Teoria & Debate (São Paulo; Fundação Perseu Abramo, ano 13, nº 43, janeiro-março 2000).

Leiam o meu texto neste link:
https://www.academia.edu/5837790/819_O_PT_e_as_rela%C3%A7%C3%B5es_econ%C3%B4micas_internacionais_do_Brasil_an%C3%A1lise_do_programa_econ%C3%B4mico_Um_outro_Brasil_%C3%A9_poss%C3%ADvel_2001_

Equivocos economicos do PT - Fabio Giambiagi e o Fome Zero (2001)

Nelson Rodrigues, um reacionário inteligente, dizia que o subdesenvolvimento não se improvisa: é obra de séculos.
Sem dúvida.
Os equívocos econômicos do PT tampouco se improvisam: é fruto de mentes desorganizadas desde a origem. Eu chamo muitos desses equívocos econômicos de "crimes econômicos", porque além de provocarem despesas indevidas, erradas, mal direcionadas, mal implementadas e geridas, elas provocam perdas enormes para todo o país, ao abrigo do conceito que os economistas chamam de "custo-oportunidade", ou seja, a melhor utilização possível dos parcos recursos disponíveis -- eles são escassos por definição, em face de todas as necessidades potenciais -- na atividade ou investimento de maior retorno possível. Ou seja, quando se deixa de fazer o dispêndio correto, as perdas são muito maiores do que o simples montante nominal do dinheiro: se trata de uma perda enome, porque se deixou de colocar esse dinheiro numa atividade de maior retorno.
O PT sempre foi especialista em equívocos e também em crimes econômicos.
Para provar isso, vou colocar aqui o texto de meu amigo Fabio Giambiagi, que está publicando um novo livro -- Capitalismo, Modo de Usar --, a propósito do Fome Zero, que foi o primeiro (mas não o único, nem o último, infelizmente) dos mais clamorosos equívocos econômicos e políticos do governo lulo-petista, tanto que foi logo abandonado.
Paulo Roberto de Almeida

Atenção: este texto é de 18 de outubro de 2001, ou seja, muito antes de começar o governo do PT...


  O projeto Fome Zero do PT

                                                                                                Fabio Giambiagi[1]

 

Nos tempos do reinado dos conservadores na Inglaterra, o “Labour” apresentou-se ao eleitorado com um programa que foi qualificado por um comentarista mordaz como “the longest note of suicide of the History”. Algo similar pode ser dito sobre Projeto Fome Zero de 118 páginas divulgado pelo Instituto Cidadania e apresentado pelo candidato Luis Inácio da Silva, Lula: é uma listagem de desejos com potencial para fazer o país quebrar em 15 dias.


O trabalho tem alguns méritos. Faz-se uma listagem dos programas federais existentes; contribui para difundir uma série de boas iniciativas locais; dá ênfase ao tema da indigência, o que é louvável em um quadro onde se pode tender à acomodação diante da miséria; destaca, corretamente, que é recomendável adotar políticas públicas estruturadas para atacar a indigência; e apresenta algumas propostas interessantes para lidar com a pobreza, como a criação de um Ministério que centralize as iniciativas sociais. Entretanto, o documento tem vários problemas. Antes de sermos acusados de “desenvolver um raciocínio próprio de um tecnocrata insensível”, convém esclarecer que todo mundo é a favor do fim da fome, mas apenas boas intenções não credenciam um partido a solucionar o problema. Portanto, ninguém tem o monopólio das boas intenções. Passemos a listar os problemas do documento:


i)ele adota a teoria conspiratória da História. Na página 16, por exemplo, afirma-se que “a manutenção da pobreza e de níveis agudos de fome é o grande “calcanhar de Aquiles” para o “sucesso” do sistema capitalista na sua versão global”. Um crítico disse recentemente que para o PT “os empresários são como a sogra: têm que ser tolerados”. O PT nasceu com um viés contra o capitalismo, doença que costuma acometer os partidos de esquerda na sua infância e que se cura com o tempo. Entretanto, assim como alguns cônjuges, em momentos de menor auto-controle, soltam a língua contra as sogras, alguns membros do PT às vezes não conseguem conter certos preconceitos como os da frase acima. Na página 19, menciona-se “a existência de interesses políticos e econômico–comerciais em manter certas pessoas famintas e em alimentar outras. Trata-se da existência de um ‘mercado da fome’, suprido pelas empresas transnacionais ligadas aos alimentos e apoiado pelos governos nacionais e organizações internacionais de fomento”. O leitor não entende muito bem, mas fica com a impressão de que o Instituto da Cidadania julga que no Brasil há fome por culpa dos EUA, de “empresas transnacionais” (saudade dos anos 60?) como o Mc Donalds e do Banco Mundial. É inacreditável que tamanha patacoada forme parte do programa de Governo do primeiro colocado nas pesquisas para a Presidência da República;
ii)o documento parte da premissa de que é possível solucionar o problema da miséria no Brasil em 4 anos. É uma ilusão achar que problemas que nos acompanham há décadas vão ser resolvidos até 2006. Qualquer abordagem do problema da miséria no Brasil tem que partir do pressuposto de que a solução disso será um processo, em que o melhor que se pode esperar é que a cada Governo o nível de pobreza seja menor que no anterior, para que, em um prazo razoável (uma geração) o país possa cantar vitória contra a indigência. Acabar com a miséria em 4 anos simplesmente não é viável;
iii)o texto propõe uma política assistencialista e não uma solução estrutural. Como alguns críticos apontaram, o documento deveria ter valorizado mais iniciativas corretas que as próprias administrações petistas estão adotando com êxito, como o Bolsa-Escola, que ataca o problema da miséria mas é acompanhado de mais educação, o que tende a fazer com que a geração dos filhos não sofra dos males da dos pais. As soluções do documento conservam o problema, gerando um mega-assistencialismo perpétuo;
iv)o PT parte de uma visão distributivista da questão social, que nos condenaria a sermos eternamente um país pobre; se o distributivismo fosse solução para todos os problemas, a crise do Afeganistão seria muito fácil de resolver: bastava dar recursos para todo mundo. A grande questão é: que recursos? O desafio é como ampliar a oferta de bens e serviços do país, induzindo a uma retomada do crescimento que leve os empresários a contratar mais mão-de-obra e melhorar a renda e isso será impossível com um programa como o do PT que requer elevar a carga tributária a quase 40 % do PIB;
v)o documento teima em negar a necessidade de enquadrar a solução dos problemas dentro das restrições orçamentárias. O que o PT na página 26 denuncia como a “hegemonia da área econômica sobre a social”, é tão somente o reconhecimento de que dinheiro não dá em árvore e que não se pode distribuir o que não existe. No dia em que no Brasil os gastos sociais voltarem novamente a não levar em conta os limites do Orçamento, estarão escancaradas as portas para o retorno da alta inflação;
vi)há uma apologia da existência de benefícios sem ônus, o que corresponde à prevalência da ótica de que o cidadão tem que ter muitos direitos e poucos deveres. Na página 46, critica-se a exigência de tempo de contribuição para receber os benefícios da aposentadoria (princípio criticado por corresponder à noção de “seguro atuarialmente equilibrado”) e logo depois defende-se a explosiva proposta de fazer uma reforma da Previdência que “reconhecesse também o trabalho informal não-agrícola como critério legitimador do direito previdenciário, desvinculando-o do critério hoje prevalecente que é do tempo de contribuição”. Trata-se de conceder aposentadoria a quem não pagou para fazer jus a ela e custear isso com “financiamento do sistema tributário regular”. Isso significa que a partir de 2003 haveria milhões de pessoas de 60 anos ou mais pleiteando uma aposentadoria mesmo sem ter recolhido para o INSS e que seria financiada por novos impostos. O leitor não tenha dúvida: financiar aposentadorias sem contribuições prévias mediante novos impostos é a melhor forma de matar a produção.
vii)há uma contradição entre o teor do texto e a realidade que ele retrata. O documento como um todo trata da miséria como se o país estivesse à beira do abismo e de uma convulsão social. Entretanto, os dados de Sônia Rocha que o próprio documento expõe na página 74 mostram o contrário: uma redução sistemática e significativa da proporção de indigentes ao longo de toda a década de 90 e especialmente a partir do Plano Real. O PT insiste há anos em desqualificar o Governo FHC como se o Brasil fosse o Zaire, mas o que os dados mostram é que a situação social do país melhorou desde 1993. O documento também faz ênfase na proposta de barateamento da alimentação para a população mais pobre, embora seja obrigado a reconhecer “en passant” que esse barateamento já está ocorrendo. Em outras palavras, falta ao PT uma visão de processo, admitir que houve avanços sociais importantes e entender que a História não vai começar em 2003;
viii)há uma enorme superficialidade no uso dos números; na página 81, fala-se em “recuperação do salário mínimo” sem uma única vírgula do impacto disso sobre as contas da Previdência; na página 85 defende-se o piso de 100 dólares para o salário mínimo, o que, a preços de hoje, implicaria elevar o mesmo de R$ 180 para R$ 275, aumentando em 53 % o piso de remuneração da despesa do INSS. Se, para não afetar a pirâmide de remunerações, todos os 20 milhões de segurados da Previdência Social recebessem um “delta” de R$ 95 nos treze pagamentos feitos por ano, teríamos uma despesa adicional de R$ 95 x 13 x 20 milhões = R$ 25 bilhões (2 % do PIB). Conservando o desinteresse pelos números, na página 86 menciona-se de passagem uma medida para aumentar a despesa previdenciária em algo “da ordem de 2 % do PIB” para a auto-ocupação, sem que os autores se dignem informar como essa despesa poderia ser financiada (que, convém dizer, soma-se ao efeito de 2 % do PIB da elevação do salário mínimo para US$ 100, o que os autores parecem não ter lembrado na hora de calcular os custos); a despreocupação atinge o clímax quando na página 102 o adicional de R$ 20 bilhões (da ordem de outros 2 % do PIB!) é qualificado como um valor “pequeno”;
ix)as restrições externas são solenemente ignoradas. Na página 85, defende-se “um novo modelo econômico que priorize o mercado interno”, como se o Brasil pudesse se dar ao luxo de passar a exportar menos. Resta saber onde é que o Deputado Aloísio Mercadante - que corretamente tem enfatizado a importância de diminuir o déficit em transações correntes - estava quando o partido aprovou esse documento que incorpora conceitos ultrapassados dos quais não se ouvia falar há pelo menos 20 anos; e
x)o maior pecado do documento é a negligência com que é tratada a questão do financiamento dos programas. Essa negligência se traduz em três coisas. Primeiro, há 115 páginas de propostas e apenas 3 sobre os custos. Segundo, na tabela da mensuração do valor dos programas (página 101) não há nenhuma referência ao impacto da elevação do salário mínimo para US$ 100 nem da ampliação da aposentadoria para a auto-ocupação, este último avaliado em 2 % do PIB na página 86 e aquele estimado por nós em mais 2 % do PIB. Ou o PT elimina do programa propostas como a do salário mínimo de R$ 275 (US$ 100) e a da aposentadoria sem contribuição prévia; ou lista todos os custos na tabela do financiamento – e soma para explicitar quanto vai dar. O que não é possível é prometer o paraíso e no momento de avaliar os custos mencionar apenas os 2 % do PIB que o documento assume e varrer os 4 % do PIB restantes “para baixo do tapete” como se fossem meros detalhes. Terceiro, os autores não levam em consideração a existência de recursos vinculados: eles afirmam que dos R$ 20 bilhões das suas propostas, boa parte do custo poderia vir de remanejamentos (página 102) pois os gastos sociais são “da ordem de 45 bilhões ao ano”. Ocorre que os atuais gastos sociais estão indo para coisas específicas. Se o PT cria mais R$ 20 bilhões de despesas, para “remanejar” recursos vai ter que desativar programas que hoje recebem recursos muitas vezes vinculados. De duas uma, então: se a idéia é criar novas despesas, não vai haver remanejamento; e se vai haver remanejamento, tem que se dizer de que programas vão sair os R$ 20 bilhões. A pergunta é: o que o futuro Governo vai remanejar para ter a verba que lhe permita criar cupons de alimentação? Vai diminuir, por exemplo, os recursos para tratamento de AIDS? Ou o montante para a reforma agrária? Na tabela do financiamento, é “esclarecido” que a fonte de recursos será o “Tesouro”. Como o Ministro da Fazenda não é um mágico, resta saber qual vai ser o imposto que irá aumentar. É inadmissível que um partido político que pretende chegar ao Poder adote um programa onde se diz que o financiamento de uma despesa adicional bilionária virá do “Tesouro”, como se este fosse a caixa do David Coperfield de onde surgem objetos a partir do nada.

O programa em questão não passa de um instrumento de marketing. O PT abriga quadros de uma esquerda moderna, que poderia, uma vez no Poder, dar uma contribuição para a melhoria das políticas sociais, sem perder a preocupação com a necessidade de preservar a austeridade fiscal. Não nos enganemos, porém: não é essa a visão que aparece espelhada nos programas divulgados pelo PT até agora. De Juscelino Kubitschek seus inimigos diziam que “não vai ganhar; se ganhar, não vai tomar posse; se tomar posse, não vai governar”. Felizmente, o Brasil evoluiu e obviamente se Lula tiver mais votos, tomará posse. Porém, parodiando aquela frase, pode-se dizer que “se ele vencer, não respeitará o programa; e se respeitar o programa, vai fracassar”. O Projeto Fome Zero é uma iniciativa superficial, conceitualmente questionável, sem fontes de financiamento, que eleva o gasto público em torno de R$ 70 bilhões (6 % do PIB) e que trata as questões orçamentárias com uma leveza que beira a irresponsabilidade. Se Lula ganhar e cometer o erro de tentar implementar um programa que eleve a despesa pública nessa proporção, vamos chamar as coisas pelo que são: o Fome Zero não será um projeto de renda mínima e sim um projeto de inflação máxima.


[1] Economista, co-autor do livro “Finanças públicas-Teoria e prática no Brasil” (Editora Campus).

Bomba Atomica: 70 anos de Hiroshima - This Day in History (NYTimes)

Antes que me perguntem, e nem que não me perguntem, aviso: não tenho nenhum julgamento moralista sobre esse ato de guerra, e afirmo: a bomba POUPOU vidas, dos dois lados.
Se os nazistas tivessem chegado na frente, não deveria haver dúvidas quanto a isso: teriam, sim, lançado bombas atômicas contra a União Soviética e talvez até em alguma frente ocidental (França, Inglaterra?, não sei).
Se os soviéticos tivessem conquistado o domínio da bomba, teriam igualmente usado o artefato contra a Alemanha, e disso não deve restar dúvidas.
Estavam certos os americanos, o presidente Truman em especial, ao autorizar seu lançamento contra o Japão, em agosto de1945?
Sim, pois se não o tivessem feito, o custo em vidas humanas teria sido infinitamente maior, o triplo do lado americano, nos meses finais da guerra, que se prolongaria por seis meses mais, pelo menos, e dez vezes mais em termos de vidas de japoneses, que não se renderiam em nenhuma hipótese, até a derrocada final, como ocorreu na frente europeia, aliás.
A bomba poupou vidas, e por isso ela foi, de certa forma, moral, a despeito de suas consequências terríveis para o Japão.
Mas, por isso mesmo, NUNCA MAIS voltou a ser usada.
Se isso não tivesse ocorrido no final da guerra do Pacífico, poderia ter sido num outro conflito, o da Coreia, por exemplo. Como se sabe, ao terem as tropas da Coreia do Norte, pesadamente auxiliadas por forças "voluntárias" chinesas -- soldados enviados por Mao Tsé-tung aos milhares -- empurrado novamente as forças da Coreia do Sul e dos EUA para o sul da península, o general Mac Arthur, "heroi do Pacífico" (depois de ter perdido as Filipinas para os japoneses em 1942), pretendia jogar uma, ou mais bombas atômicas, não contra a Coreia do Norte, mas contra a própria  China. Foi demitido na mesma hora por Truman (e recebido como heroi de volta aos EUA).
Ou poderia ter havido uma confrontação nuclear entre os EUA e a URSS no decorrer dos anos 1950. Não houve e isso se deveu a Hiroshima.
Paulo Roberto de Almeida


On This Day: August 6

Updated August 6, 2014, 5:33 am
On Aug. 6, 1945, the United States dropped an atomic bomb on Hiroshima, Japan, that instantly killed an estimated 66,000 people in the first use of a nuclear weapon in warfare.


First Atomic Bomb Dropped on Japan; Missile Is Equal to 20,000 Tons of TNT; Truman Warns Foe of a 'Rain of Ruin'



NEW AGE USHERED
Day of Atomic Energy Hailed by President, Revealing Weapon
HIROSHIMA IS TARGET
'Impenetrable' Cloud of Dust Hides City After Single Bomb Strikes
By SIDNEY SHALETT
Special to THE NEW YORK TIMES
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Trains Canceled in Stricken Area: Traffic Around Hiroshima Is Disrupted -- Japanese Still Sift Havoc by Split Atoms
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Reich Exile Emerges as Heroine in Denial to Nazis of Atom's Secret
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Turks Talk War if Russia Presses; Prefer Vain Battle to Surrender
Washington, Aug. 6 -- The White House and War Department announced today that an atomic bomb, possessing more power than 20,000 tons of TNT, a destructive force equal to the load of 2,000 B-29's and more than 2,000 times the blast power of what previously was the world's most devastating bomb, had been dropped on Japan.
The announcement, first given to the world in utmost solemnity by President Truman, made it plain that one of the scientific landmarks of the century had been passed, and that the "age of atomic energy," which can be a tremendous force for the advancement of civilization as well as for destruction, was at hand.
At 10:45 o'clock this morning, a statement by the President was issued at the White House that sixteen hours earlier- about the time that citizens on the Eastern seaboard were sitting down to their Sunday suppers- an American plane had dropped the single atomic bomb on the Japanese city of Hiroshima, an important army center.
Japanese Solemnly Warned
What happened at Hiroshima is not yet known. The War Department said it "as yet was unable to make an accurate report" because "an impenetrable cloud of dust and smoke" masked the target area from reconnaissance planes. The Secretary of War will release the story "as soon as accurate details of the results of the bombing become available."
But in a statement vividly describing the results of the first test of the atomic bomb in New Mexico, the War-Department told how an immense steel tower had been "vaporized" by the tremendous explosion, how a 40,000-foot cloud rushed into the sky, and two observers were knocked down at a point 10,000 yards away. And President Truman solemnly warned:
"It was to spare the Japanese people from utter destruction that the ultimatum of July 26, was issued at Potsdam. Their leaders promptly rejected that ultimatum. If they do not now accept our terms, they may expect a rain of ruin from the air the like of which has never been seen on this earth."
Most Closely Guarded Secret
The President referred to the joint statement issued by the heads of the American, British and Chinese Governments in which terms of surrender were outlined to the Japanese and warning given that rejection would mean complete destruction of Japan's power to make war.
[The atomic bomb weighs about 400 pounds and is capable of utterly destroying a town, a representative of the British Ministry of Aircraft Production said in London, the United Press reported.]
What is this terrible new weapon, which the War Department also calls the "Cosmic Bomb"? It is the harnessing of the energy of the atom, which is the basic power of the universe. As President Truman said, "The force from which the sun draws its power has been loosed against those who brought war to the Far East."
"Atomic fission" - in other words, the scientists' long-held dream of splitting the atom- is the secret of the atomic bomb. Uranium, a rare, heavy metallic element, which is radioactive and akin to radium, is the source essential to its production. Secretary of War Henry L. Stimson, in a statement closely following that of the President, promised that "steps have been taken, to assure us of adequate supplies of this mineral."
The imagination-sweeping experiment in harnessing the power of the atom has been the most closely guarded secret of the war. America to date has spent nearly $2,000,000,000 in advancing its research. Since 1939, American, British and Canadian scientists have worked on it. The experiments have been conducted in the United States, both for reasons of achieving concentrated efficiency and for security; the consequences of having the material fall into the hands of the enemy, in case Great Britain should have been successfully invaded, were too awful for the Allies to risk.
All along, it has been a race with the enemy. Ironically enough, Germany started the experiments, but we finished them. Germany made the mistake of expelling, because she was a "non-Aryan," a woman scientist who held one of the keys to the mystery, and she made her knowledge available to those who brought it to the United States. Germany never quite mastered the riddle, and the United States, Secretary Stimson declared, is "convinced that Japan will not be in a position to use an atomic bomb in this war."
A Sobering Awareness of Power
Not the slightest spirit of braggadocio is discernible either in the wording of the official announcements or in the mien of the officials who gave out the news. There was an element of elation in the realization that we had perfected this devastating weapon for employment against an enemy who started the war and has told us she would rather be destroyed than surrender, but it was grim elation. There was sobering awareness of the tremendous responsibility involved.
Secretary Stimson said that this new weapon "should prove a tremendous aid in the shortening of the war against Japan," and there were other responsible officials who privately thought that this was an extreme understatement, and that Japan might find herself unable to stay in the war under the coming rain of atom bombs.
It was obvious that officials at the highest levels made the important decision to release news of the atomic bomb because of the psychological effect it may have in forcing Japan to surrender. However, there are some officials who feel privately it might have been well to keep this completely secret. Their opinion can be summed up in the comment by one spokesman: "Why bother with psychological warfare against an enemy that laready is beaten and hasnt't sense enough to quit and save herself from utter doom?"
The first news came from President Truman's office. Newsmen were summoned and the historic statement from the Chief Executive,who still is on the high seas, was given to them.
"That bomb," Mr. Truman said, "had more power than 20,000 tons of TNT. It had more than 2,000 times the blast power of the British 'Grand Slam,' which is the largest bomb (22,000 pounds) ever yet used in the history of warfare."
Explosive Charge Is Small
No details were given on the plane that carried the bomb. Nor was it stated whether the bomb was large or small. The President, however, said the explosive charge was "exceedingly small." It is known that tremendous force is packed into tiny quantities of the element that constitutes these bombs. Scientists, looking to the peacetime uses of atomic power, envisage submarines, ocean liners and planes traveling around the world on a few pounds of the element. Yet, for various reasons, the bomb used against Japan could have been extremely large.
Hiroshima, first city on earth to be the target of the "Cosmic Bomb," is a city of 318,000, which is- or was- a major quartermaster depot and port of embarkation for the Japanese. In addition to large military supply depots, it manufactured ordinance, mainly large guns and tanks, and machine tools, and aircraft-ordinance parts.
President Truman grimly told the Japanese that "the end is not yet."
"In their present form these bombs are now in production," he said, "and even more powerful forms are in development."
He sketched the story of how the late President Roosevelt and Prime Minister Churchill agreed that it was wise to concentrate research in America, and how great secret cities sprang up in this country, where, at one time, 125,000 men and women labored to harness the atom. Even today more than 65,000 workers are employed.
"What has been done," he said, "is the greatest achievement of organized science in history.
"We are now prepared to obliterate more rapidly and completely every productive and enterprise the Japanese have above ground in any city. We shall destroy Japan's power to make war."
The President emphasized that the atomic discoveries were so important, both for the war and for the peace, that he would recommend to Congress that it consider promptly establishing "an appropriate commission to control the production and use of atomic power within the United States."
"I shall give further consideration and make further recommendations to the Congress as to how atomic power can become a powerful and forceful influence toward the maintenance of world peace," he said.
Secretary Stimson called the atomic bomb "the culmination of years of herculean effort on the part of science and industry, working in cooperation with the military authorities." He promised that "improvements will be forthcoming shortly which will increase by several fold the present effectiveness."
"But more important for the long-range implications of this new weapn," he said, "is the possiblity that another scale of magnitude will be developed after considerable research and development. The scientists are confident that over a period of many years atomic bombs may well be developed which will be very much more powerful than the atomic bombs now at hand."
Investigation Started in 1939
It was late in 1939 that President Roosevelt appointed a commission to investigate use of atomic energy for military purposes. Until then only small-scale researach with Navy funds had taken place. The program went into high gear.
By the end of 1941 the project was put under direction of a group of eminent American scientists in the Office of Scientific Research and Development, under Dr. Vanever Bush, who reported directly to Mr. Roosevelt. The President also appointed a General Policy Group, consisting of former Vice President Henry A. Wallace, Secretary Stimson, Gen. George C. Marshall, Dr. James B. Conant, president of Harvard, and Dr. Bush. In June 1942, this group recommended vast expansion of the work transfer of the major part of the program to the War Department.
Maj. Gen. Leslie R. Groves, a native of Albany, N. Y., and a 48-year-old graduate of the 1918 class at West Point, was appointed by Mr. Stimson to take complete executive chargeof the program. General Groves, an engineer, holding the permanent Army rank of lieutenant colonel, received the highest praise from the War Department for the way he "fitted together the multifarious pieces of the vast, country-wide jigsaw," and, at the same time, organized the virtually air-tight security system that kept the project a secret.
A military policy committee also was appointed, consisting of Dr. Bush, chairman; Dr. Conant, Lieut. Gen. Wilhelm D. Styer and Rear Admiral William R. Purnell.
In December, 1942, the decision was made to proceed with construction of large-scale plants. Two are situated at the Clinton Engineer Works in Tennessee and a third at the Hanaford Engineer Works in the State of Washington.
These plants were amazing phenomena in themselves. They grew into large, self-sustaining cities, employing thousands upon thousands of workers. Yet, so close was the secrecy that not only were the citizens of the area kept in darkness about the nature of the project, but the workers themselves had only the sketchiest ideas- if any- as to what they were doing. This was accomplished Mr. Stimson said, by "compartmentalizing" the work so "that no one has been given more information than was absolutely necessary to his particular job."
The Tennessee reservation consists of 59,000 acres, eighteen miles west of Knoxville, it is known as Oak Ridge and has become a modern small city of 78,000, fifth largest in Tennessee.
In the State of Washington the Government has 430,000 acres in an isolated area, fifteen miles northwest of Pasco. The settlement there, which now has a population of 17,000, consisting of plant operators and their immediate families, is known as Richmond.
A special laboratory also has been set up near Santa Fe, N. M., under direction of Dr. J. Robert Oppenheimer of the University of California, Dr. Oppenheimer also supervised the first test of the atomic bomb on July 16, 1945. This took place in a remote section of the New Mexico desert lands, with a group of eminent scientists gathered, frankly fearful to witness the results of the invention, which might turn out to be either the salvation or the Frankenstein's monster of the world.
Mr. Stimson also gave full credit to the many industrial corporations and educational institutions which worked witht he War Department in bringing this titanic undertaking to fruition.
In August, 1943, a combined policy committee was appointed, consisting of Secretary Stimson, Drs. Bush and Conant for the United States; the late Field Marshall Sir John Dill (now replaced by Field Marshal Sir Henry Maitland Wilson) and Col. J. J. Llewellin (since replaced by Sir Ronald Campbell), for the United Kingdom, and C. D. Howe for Canada.
"Atomic fission holds great promise for sweeping developements by which our civilization may be enriched when peace comes, but the overriding necessities of war have precluded the full exploration of peacetime applications of this new knowledge," Mr. Stimson said. "However, it appears inevitable that many useful contributions to the well-being of mankind will ultimately flow from these discoveries when the world situation makes it posssible for science and industry to concentrate on these aspects."
Although warning that many economic factors willhave to be considered "before we can say to wha t extent atomic energy will supplement coal; oil and water as fundamental sources of power," Mr. Stimson acknowledged that "we are at the threshold of a new industrial art which will take many years and much expenditures of money to develop."
The Secretary of War disclosed that he had appointed an interim committee to study post-war control and development of atomic energy. Mr. Stimson is serving as chairman, and other members include James F. Byrnes, Secretary of State; Ralph A. Bard, former Under-Secretary of the Navy; William L. Clayton, Assistant Secreatry of State; Dr. Bush, Dr. Conant, Dr. Carl T. Compton, chief of the Office of Field Service in OSRD and president of Massachusetts Institute of Technology, and George L. Harrison, special consultant to the Secretary of War and president of the New York Life Insurance Company. Mr. Harrison is alternate chairman of the committee.
The committee also has the assistance of an advisory group of some of the country's leading physicists including Dr. Oppenheimer, Dr. E. O. Lawrence, Dr. A. H. Compton and Dr. Enrico Fermi.
The War Department gave this supplementary background on the development of the atomic bomb.
"The series of discoveries which led to developemnt of the atomic bomb started at the turn of the century when radioactivity became known to science. Prior to 1939 the scientific work in this field was world-wide, but more particularly so in the United States, the United Kingdom, Germany, France, Italy and Denmark. One of Denmark's great scientists, Dr. Neils Bohr, a Nobel Prize winner, was whisked from the grasp of the Nazis in his occupied homeland and later assisted in developing the atomic bomb.
"It is known that Germany worked desperately to solve the problem of controlling atomic energy."

Padroes e tendencias das RI do Brasil em perspectiva historica - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente trabalho sendo publicado em livro, dentro de pouco tempo:


1186. Padrões e tendências das relações internacionais do Brasil em perspectiva histórica: uma síntese tentativa”, 
In: Marçal de Menezes Paredes et al. (Orgs.), 
Dimensões do poder: história, política e relações internacionais  
(Porto Alegre: EDIPUCRS, 2015, 180 p.; ISBN 978-85-397-0714-0); pp. 125-152; 
Relação de Originais n. 2522.

Padrões e tendências das relações internacionais do Brasil em perspectiva histórica: uma síntese tentativa

Paulo Roberto de Almeida
Texto preparado para o IX Congresso de Estudos Ibero-Americanos da PUC-RS.
Apresentado em 29/10/2013; versão para publicação: 17/01/2014.
Publicado in:
Marçal de Menezes Paredes et al. (Orgs.),
Dimensões do poder: história, política e relações internacionais
 (Porto Alegre: EDIPUCRS, 2015, 180 p.; ISBN 978-85-397-0714-0); pp. 125-152

Esquema do trabalho:
1. Introdução: premissas conceituais e suas limitações
2. Periodização tentativa: cinco momentos das relações internacionais do Brasil
     2.1. O Império: a construção da nação e as bases de sua diplomacia
     2.2. A Velha República: os mitos e as deficiências da política externa
     2.3. A era Vargas: escolhas estratégicas, a despeito de tudo
     2.4. O regime militar: consolidação do corporatismo diplomático
3. A redemocratização e as relações exteriores do Brasil
     3.1. Uma periodização diplomática para o período contemporâneo
     3.2. Os anos turbulentos das revisões radicais do momento neoliberal
     3.3. Estabilização macroeconômica e nova presença internacional
     3.4. Por fim, a era do nunca antes: a diplomacia personalista de Lula
4. O que concluir de tudo isto? Que lições ficam de nossa trajetória histórica?
5. Nota final: reformas internas e inserção na globalização

Resumo: Ensaio histórico sobre as grandes linhas das relações internacionais do Brasil e sobre seu processo de desenvolvimento ao longo dos séculos 19 e 20, com considerações mais detalhadas sobre as características da política externa no período recente, em especial as diplomacias conduzidas nas presidências FHC e Lula. Seguem-se argumentos de cunho qualitativo sobre as deficiências notórias do desenvolvimento brasileiro, sobre a origem puramente interna das dificuldades atuais, concluindo pela necessidade de reformas estruturais e uma opção pela inserção na globalização.

Palavras-chave: relações internacionais, política externa, Brasil, diplomacia, desenvolvimento, globalização.

Ler a íntegra do trabalho neste link: 

Carreiras de Estado: o afundamento do Brasil pelos seus mandarins

Parece que o Brasil está condenado a repetir a decadência de outros grandes países. O patético é que nunca chegamos a ser grandes, ricos, gloriosos, mas já estamos em decadência.
Mais um empurrão na direção do abismo está sendo dado pelos mandarins da republiqueta em que nos transformamos...
A irresponsabilidade, a inconsciencia, a cupidez são tão grandes que nem sei como classificar esses assaltos organizados aos cofres públicos.
Vale a transcrição do texto analítico do economista Ricardo Bergamini.
Ao final, transcrevo declarações de parlamentares do PSDB a favor dos projetos, com um posicionamento tão irresponsável quanto foram as medidas do governo de ineptos, só pensando em se opor a esse governo incompetente, mas sem reconhecer os problemas para o país...
Paulo Roberto de Almeida

Nação brasileira refém dos seus Servidores Públicos (Trabalhadores de Primeira Classe)
Ricardo Bergamini
5/08/2015

Impacto das PECs que vinculam a remuneração de carreiras do Executivo à remuneração de Ministro do STF.

A PEC prevê a vinculação da remuneração das carreiras da AGU e delegados (Federais, Civis e de ex-Territórios) à remuneração de Ministros do Supremo Tribunal (STF).

Além dessa proposta, há ainda outras três PECs em tramitação no Congresso Nacional que concedem o mesmo benefício a outras carreiras do Poder Executivo.

O conjunto de PECs em tramitação que atribui ao último nível de cada uma das carreiras abaixo a vinculação de 90,25% do subsídio dos ministros do STF é o seguinte:

PEC 443/2009 – Advocacia Geral da União (AGU) e delegados (Federais, Civis e de ex-Territórios)

PEC 147/2012 - carreiras do Banco Central, Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) e Superintendência Nacional de Previdência complementar (PREVIC)

PEC 240/2013 - delegados da Polícia Federal e da Polícia Civil do DF

PEC 391/2014 – carreiras do ciclo de fiscalização (Auditores da Receita Federal e Fiscal Federal Agropecuário)

As propostas de emendas à Constituição serão apreciadas em dois turnos na Câmara dos Deputados e dois turnos no Senado Federal, sendo necessários 3/5 dos votos dos parlamentares em cada turno para sua aprovação.

O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MP) se posiciona contra a aprovação das PECs mencionadas acima devido ao seu alto impacto fiscal e administrativo sobre o Poder Executivo, bem como aos seus efeitos de encadeamento sobre outras carreiras e governos estaduais e municipais.

ESTIMATIVAS DE IMPACTO FISCAL O impacto fiscal total das PECs em tramitação é de R$ 9,9 bilhões/ano. Os aumentos na remuneração final de cada carreira variam de 35% a 66%, alcançando R$ 30.471,10.

TABELA I - TAXA DE CRESCIMENTO DO PAGAMENTO DA FOLHA DE PAGAMENTO DAS CARREIRAS

http://www.planejamento.gov.br/imagens/noticias/2015/julho/TabelanotaPEC.jpg

A vinculação de subsídios das carreiras à remuneração de Ministros do STF implica uma desestruturação do processo de gestão do serviço público federal, com possível efeito cascata nos demais entes federados, levando-se em consideração as consequências imediatas abaixo:

Automatiza o reajuste no Poder Executivo, indexando-o aos reajustes dos ministros do STF, órgão de outro Poder, que tem autonomia para elaborar os próprios orçamento e planos de carreira;

Aprofunda ainda mais a rigidez das despesas de pessoal e encargos sociais do Poder Executivo, ao indexá-las às despesas de pessoal de outro Poder;

Estimula outras carreiras, inclusive no âmbito estadual e municipal, a buscarem formas similares de vinculação com o STF, como observado a partir da proposição das três PECs com objetivo similar;

Resulta em reposicionamento dos subsídios das carreiras abrangidas em patamares consideravelmente mais altos que os atuais, com aumento significativo do valor das remunerações em todos os níveis/categorias e alto impacto orçamentário;

Eleva as despesas com pessoal ativo e inativo dos estados e municípios, muitos dos quais já se encontram próximos dos limites máximos de gasto com pessoal previsto na LRF.

Prevê que a remuneração desses servidores em final de carreira (hoje 71,4 mil servidores) alcançará R$ 30.471,10, valor próximo à da Presidente da República, hoje fixado em R$ 30.934,70.

O reajuste de até 66% proposto é muito elevado e inoportuno para o momento atual do país. Não é adequado propor reajustes dessa magnitude no momento em que várias empresas e trabalhadores enfrentam dificuldade, especialmente no setor privado, com redução do salário real e queda na geração de empregos.

O reajuste proposto também é incompatível com a capacidade orçamentária do Estado brasileiro e coloca em risco a estabilidade fiscal. O reajuste privilegia exatamente as carreiras que já possuem as maiores remunerações do Poder Executivo.

Cabe ressaltar que o MPOG está em negociação salarial com as carreiras contempladas pelas PECs em questão, juntamente com as demais categorias do Poder Executivo. Nessa negociação, o governo propôs um reajuste de 21,3% distribuídos nos próximos quatro anos (2016-19), o que corresponde à inflação esperada para tal período.

Além da proposta acima, no caso específico da AGU, o governo também ofereceu a possibilidade de adoção de remuneração variável por desempenho – honorários de sucumbência – bem como a reestruturação da carreira de apoio do órgão. Essa proposta é compatível com a realidade econômica do país, atende às principais demandas da categoria e aperfeiçoa o funcionamento da advocacia pública. 

Ricardo Bergamini
www.ricardobergamini.com.br

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Nota do PSDB, 6/08/2015

Valorização

PSDB reforça voto favorável à PEC que aumenta salários de advogados da União
Luis Macedo Câmara dos DeputadosA já fragilizada base aliada ao governo na Câmara tentou evitar a análise da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 443/09, que aumenta o salário de advogados da União e de outras carreiras ao vincular sua remuneração ao subsídio do Supremo Tribunal Federal. A gestão petista alega impacto no orçamento, argumento contestado por parlamentares de vários partidos, inclusive da base aliada.
O deputado Nilson Leitão (MT) afirmou da tribuna que os trabalhadores não podem pagar por uma crise que tem nome e sobrenome: Dilma Rousseff. “Inaugurou 2015 rasgando tudo o que prometeu em campanhas. Mentiu que não teria inflação, que não subiria o combustível, que o Brasil estaria bem. O Brasil está quebrado e não é por crise internacional, é por crise moral e ética”, disse.
A base do governo perdeu a coerência durante a discussão da matéria, destacou o deputado Caio Narcio (MG). Ele reforçou a posição favorável do PSDB à proposta. “Queremos dizer do nosso compromisso com as classes que têm feito muito a favor do Brasil. Por isso vamos votar a favor”, completou. Até o início da madrugada desta quinta-feira (6), a votação não havia sido concluída.
Os parlamentares retomaram na noite desta quarta-feira (5) a discussão dos projetos de decreto legislativo sobre as contas de três ex-presidentes da República. São quatro propostas que tratam da análise das contas dos governos de Itamar Franco, em 1992; Fernando Henrique Cardoso, em 2002; e Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006 e 2008. A votação está prevista para amanhã.
O deputado Domingos Sávio (MG) destacou a análise dos números da gestão Lula, quando José Dirceu era ministro da Casa Civil. Preso por envolvimento na quadrilha do mensalão, Dirceu voltou esta semana para a cadeia por conta do petrolão. “É claro que devemos rejeitar as contas de quem não fez só malfeitos, mas produziu esse desastre de que hoje o Brasil toma consciência”, afirmou.
O líder da Oposição na Câmara, Bruno Araújo (PE), lembrou o delicado momento da economia vivido em 2002, no último ano da gestão FHC. Havia dúvidas sobre a atuação do governo que entraria no poder no ano seguinte. Mesmo em tempos de crise, Fernando Henrique manteve a credibilidade, ressaltou Araújo. “Foi um governo que consolidou a nova moeda e valorizou as carreiras do Estado. Hoje vemos um governo reconhecer que fracassou. A presidente colocou o país em risco tomando medidas irresponsáveis para segurar sua popularidade na eleição”, lamentou.
Fernando Henrique fortaleceu as instituições do país, acrescentou Daniel Coelho (PE) em defesa da aprovação das contas. Segundo ele, o Congresso Nacional não pode abrir mão da prerrogativa de apreciar as contas. “Não podemos mais deixar de fazer nossa obrigação legal”, frisou.
CRIME DE TERRORISMO
O plenário iniciou a discussão do Projeto de Lei 2016/15, do Poder Executivo, que tipifica o crime de terrorismo e prevê punição em regime fechado e multa, sem prejuízo das penas relativas a outras infrações decorrentes desse crime. Um acordo de procedimentos acertado pelas lideranças partidárias deixou a votação da matéria para a próxima terça-feira (11).
O parecer do relator tipifica o terrorismo como a prática de atos com a finalidade de intimidar Estado, organização internacional ou pessoa jurídica, provocando terror, expondo a perigo pessoa, patrimônio, a paz pública e a incolumidade pública. Para o deputado Luiz Carlos Hauly (PR), a lei antiterror é uma exigência do mundo civilizado. “O Brasil tem compromisso com a democracia e com as liberdades”, completou.
(Da redação com informações da Agência Câmara/ Foto: Luis Macedo / Câmara dos Deputados)

Capitalismo: Modo de Usar, o mais recente livro de Fabio Giambiagi

Recebo, de meu amigo Fabio Giambiagi, do BNDES, um dos maiores economistas especializados em contas e finanças públicas do Brasil, o anúncio de seu livro mais recente:

Capitalismo: Modo de Usar
Fabio Giambiagi

Meus amigos: daqui a 15 dias lanço um novo livro, que se chamará "Capitalismo-Modo de usar". 
Ao contrário dos meus livros anteriores (o "Complacência", com o grande Alex, foi uma espécie de transição) é um livro plenamente escrito para o grande público. 
Esta vez não haverá gráficos nem tabelas e sim muita ironia, diversas citações literárias e algumas fotos. A ideia é chegar firmemente ao leitor não economista. 
É um livro para a (tentativa de) conquista de corações e mentes. 
A avaliação é que muito mais do que uma questão de saber se o primário vai ser de 1,1 % ou de 0,2 % do PIB ou da SELIC ser de 13 % ou de 14 %, temos um problema cultural sério no país e é uma propensão nacional avassaladora, massificada, impregnada na alma nacional que entende que "melhorar de vida" é abocanhar um naco do orçamento, fantasticamente simbolizada na frase genial do nosso Marcos Lisboa ao definir o Brasil como "o país da meia entrada". 
Não é isso que está por trás do drama recessivo de 2015, turbinado por uma confusão política verdadeiramente medonha, mas sim é essa incapacidade da sociedade brasileira assumir plenamente as regras de funcionamento do capitalismo que esteve por trás do ritmo de "devagar quase parando" posterior a 2011 quando a política de "pau na máquina" esgotou os seus resultados e apareceram todas as nossas fraquezas pelo lado da oferta. 
O pressuposto do livro e que me motivou a escrevê-lo (é um livro solo) é que há um desafio de mudança de mentalidade a ser vencido. Tentei escrever de um jeito diferente, para o leigo entender e comprar o espírito do que está sendo proposto. 
Vamos ver se consegui.

Livros, assim como filmes, têm lá os seus mistérios. Livros que eu pensei que venderiam muito venderam pouco e outros que imaginei terem escasso sucesso foram muito bem. É da vida. 

A intenção neste caso é que o livro chegue mais não tanto aos "mesmos suspeitos de sempre", não apenas ao mercado e aos amigos, mas esta vez ao médico, ao advogado, ao comerciante e, last but not least, ao político. 
Se a gente não mudar a forma em que uma parte importante da sociedade encara o funcionamento da economia, o Brasil no qual viverão os nossos filhos será um país triste, cinza e pesado.

Um abraço a todos   

 Fabio 

PS: para dar uma ideia de que este livro é diferente dos meus anteriores, não há economistas (tinha que dar uma folga aos colegas!) nem jornalistas econômicos no material de apoio: tive a honra do prefácio ser escrito pelo Gabeira e a orelha pelo meu amigo Marcelo Madureira.

Associacao Brasileira de Estudos de Defesa: encontro distrital em Brasília

Inscrições do I EDABED abertas
05/08/2015


Entre os dias 09 e 11 de setembro de 2015, no Distrito Federal, será realizado o Primeiro Encontro Distrital da Associação Brasileira de Estudos de Defesa, o I EDABED.


O evento é organizado pelo Instituto Pandiá Calógeras, UNICEUB, o Centro de Estudos Estratégicos do Exército (CEEEx) e a Universidade de Brasília, em parceria com a ABED. Será composto por minicursos, mesas-redondas, apresentações orais de trabalhos e exposição de pôsteres.


Os interessados em apresentar trabalho oral e/ou pôster poderão submeter resumos de 150 palavras para edabed2015@gmail.com até o dia 20 de agosto. A ABED premiará a melhor apresentação oral e o melhor pôster.


As inscrições para o evento já estão abertas. A programação completa pode ser vista aqui.


Confira a programação do I EDABED e inscreva-se aqui

 

Contamos com a presença de todos!