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sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Eleicoes 2014: pesquisas eleitorais

Estudo aponta vitória de Aécio no segundo turno. Resta ver como a eventual entrada de Marina diretamente como candidata à Presidência poderia alterar radicalmente o panorama eleitoral.
Maurício David

MACROMÉTRICA PROJETA PROBABILIDADE ELEITORAL COM MODELO ESTATÍSTICO USADO NOS EUA
Valor Econômico, 12/08/2014

1. Para fazer a projeção, a Macrométrica usou o esquema de análise de Nate Silver, o editor-chefe do site "FiveThirtyEight". Silver ficou famoso por ter acertado o resultado de todos os 50 Estados na eleição presidencial americana de 2012, quando Barack Obama se reelegeu, ao vencer Mitt Romney.  O relatório pede cautela. Segundo o texto da consultoria do ex-presidente do Banco Central Francisco Lopes, ela "corre riscos em função de eventual repúdio do eleitorado à política em geral e de uma eventual perda de competitividade de Aécio, afetando seu fator de conversão (o percentual de eleitores que não votou no tucano no 1º turno e o faz no 2º)".
       
2. Aí entra "a única hipótese arbitrária nesse exercício de projeção, que não sai diretamente da pesquisa eleitoral", segundo a Macrométrica - o percentual de eleitores não comprometidos com nenhum dos dois candidatos que vai permanecer assim até o fim da eleição. Na primeira simulação, esse percentual é fixado em 4%, próximo aos 4,2% registrados na eleição de 2006. Números do TSE, porém, mostram que o total de votos em branco e nulos naquela disputa foi de 6%.
           
3. Para chegar à previsão sobre o 2º turno, a consultoria calcula os fatores de conversão para estimar como seriam distribuídos para Aécio e Dilma os votos que no 1º turno não foram para nenhum dos dois. No Ibope, dos 17 pontos percentuais que migram para ambos, 23,5% - ou 4 pontos percentuais - vão para Dilma e 76,5% - ou 13 pontos percentuais - para Aécio.  "Esses fatores de conversão são parâmetros-chave para a projeção", destaca a Macrométrica, notando que, na sua hipótese, os 39% eleitores não comprometidos vão cair para 4% no 2º turno, um recuo de 35 pontos percentuais. Mantido o mesmo fator de conversão no Ibope, Dilma ficaria com 8,2 pontos percentuais dos 35 pontos e Aécio, com 26,8.
           
4. "O resultado é a vitória de Aécio com 49,8% dos votos, contra 46,2% para Dilma e 4% de VNC (votantes não comprometidos). Como os VNC nunca são considerados na apuração do resultado final, a vitória de Aécio seria com 51,8% contra 48,2% de Dilma, ou seja, por diferença de 3,6 pontos percentuais."   O relatório estima ainda que, se mais de 11% dos eleitores não escolherem nenhum dos dois no 2º turno, Dilma ganhará de Aécio. Isso pode ocorrer "se a falta de empolgação dos eleitores com a campanha representar repúdio à maneira como a política é feita", diz o relatório. Nesse cenário, o total de votos em branco ou nulos será maior do que o normal.
           
5. "Outro ponto de vulnerabilidade da projeção está nos fatores de conversão", afirma a consultoria. Se o fator de conversão de Aécio ficar abaixo de 71,5%, Dilma ganharia mesmo se apenas 4% dos eleitores não votar em nenhum dos dois no segundo turno. "Aconselha-se, portanto, acompanhar as pesquisas com cuidado antes de soltar fogos para qualquer candidato."

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BRASIL - Um Novo Rumo para as Eleições
Ilan Goldfajn - Economista-Chefe
Pesquisa macroeconômica - Itaú, 14/08/2014

O Brasil lamentou nesta quarta-feira a morte de Eduardo Campos, um político de 49 anos, presidente do PSB (Partido Socialista Brasileiro), ex-governador de Pernambuco e candidato presidencial sob a coligação Unidos pelo Brasil. Eduardo Campos morreu em um acidente aéreo, saindo do Rio de Janeiro em direção a Santos, no litoral de São Paulo, onde ele participaria de uma reunião com empresários, como parte da campanha. Logo na noite anterior, Campos havia dado uma entrevista ao Jornal Nacional, o noticiário de maior audiência no país. Seu falecimento é uma grande perda para sua família, amigos, e para o Brasil, que perde um líder jovem, ativo e importante. Oferecemos nossas mais sinceras condolências e estamos profundamente entristecidos por este evento trágico.

Eduardo Campos estava em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de votos. Seu partido tem dez dias para registrar (ou não) um candidato substituto. Uma possibilidade é que Marina Silva, candidata a vice-presidente de Campos, ocupe seu lugar. Marina Silva concorreu à presidência nas eleições de 2010 e obteve 19,4% dos votos. Anteriormente, ela havia sido ministra do Meio Ambiente no governo do presidente Lula, de janeiro de 2003 a maio de 2008. Marina Silva vinha tentando formar seu próprio partido (REDE), mas não foi capaz de cumprir as exigências dentro do prazo. Ela decidiu unir-se ao PSB de Eduardo Campos.

O sucesso de Marina Silva em 2010 foi concentrado principalmente nos grandes centros urbanos. Ela não chegou a vencer em nenhum estado, com exceção do Distrito Federal, mas ficou em segundo lugar no Rio de Janeiro, Pernambuco, Amapá e Amazonas.

Em abril de 2014, Marina apareceu na pesquisa Datafolha com 27% das intenções de voto, atrás de Dilma Rousseff (38%) e à frente de Aécio Neves (16%). Na mesma pesquisa, Eduardo Campos apareceu em terceiro lugar, atrás de Aécio Neves. Logo após os protestos de junho de 2013, a pesquisa do Ibope mostrou Marina em um empate técnico com a presidente Dilma Rousseff em uma simulação de segundo turno (Dilma = 35%, Marina = 34%). Na última pesquisa Datafolha (meados de julho) Eduardo Campos apareceu com 8% dos votos, atrás de Dilma (36%) e Neves (20%). Numa votação de segundo turno entre Neves e Dilma, 55% dos eleitores de Eduardo Campos escolheriam Aécio Neves, enquanto 26% escolheriam Dilma.

Se Marina for confirmada, as chances de a eleição chegar ao segundo turno aumentam, já que é provável que ela obtenha votos daqueles que hoje estão indecisos ou disseram que votariam em branco ou nulo. Além disso, as chances de uma vitória de Dilma caem, pois Marina possui mais intenções de voto do que Campos, e sua candidatura viria após um evento trágico de grande repercussão nacional.

Um dos principais assessores econômicos de Marina, Eduardo Giannetti da Fonseca, defende a recuperação da "credibilidade e consistência do 'tripé' macroeconômico, com superávit primário, taxa de câmbio flutuante e autonomia do banco central." Ele também defende uma nova agenda de reformas microeconômicas, com o princípio básico da "horizontalidade", ou seja, políticas destinadas a todos os setores simultaneamente, ao invés de políticas específicas para setores específicos. (Entrevista ao Estado de S. Paulo, 23 de fevereiro de 2014).

O próximo passo importante no processo eleitoral será a escolha que o PSB fará sobre a manutenção ou não de um candidato presidencial. Caso decida manter um candidato na cédula de outubro, o partido terá que realizar uma convenção para ratificar o candidato, além de um candidato à vice-presidência, e a coligação. Lembrando que já na próxima terça, 19 de agosto, o horário eleitoral gratuito terá início na TV e no rádio.

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