Não que ele seja irracional. Não é isso.
Minha interpretação é a seguinte: o mercado não aprecia especialmente a Marina pelo que ela é, pois é completamente desconhecida enquanto dirigente econômico, mas se sabe que é anticapitalista, como todos os petistas de coração, o que ela nunca deixou de ser.
Só que o mercado tem ainda mais horror da Dilma, e o Aécio não estava sendo considerado em condições de derrotá-la.
A Marina parece ser a única em condições de derrotar a soberana, e além de ter o apoio do povão, que quer algo diferente (mas isso é puramente emotivo e não tem nenhuma fundamentação na realidade), passou a gozar da simpatia do mercado por outras razões, ou pelo menos, pelas razões negativas.
Isso significa que a mediocrização cresceu celeremente sob o lulo-petismo, e estamos nos aproximando da Argentina...
Triste constatar isso, mas é como vejo: estamos com políticos medíocres, despreparados, e uma população que não consegue mais distinguir entre o que seria o certo e o puramente emotivo, irracional.
Acho que temos longos anos de decadência educacional e cultural pela frente.
Infelizmente...
Paulo Roberto de Almeida
O mercado financeiro celebra a onda Marina Silva
A Bolsa de Valores subiu com a pesquisa, e os agentes econômicos já dão como certa a vitória da candidata do PSB
A comparação com o presidente dos Estados Unidos diz respeito à eleição dele em novembro de 2008, quando os Estados Unidos começavam a ver o fim do sonho americano da opulência financeira, e buscavam uma nova referência. “A Marina está com esse impulso de capitalizar o sentimento de mudança no Brasil. Ela está se colocando como uma agente de mudanças segura e confiável”, completa Nomura. Isso porque em suas aparições como candidata oficial, desde a semana passada, ela tem deixado claro que vai respeitar os compromissos assumidos por Eduardo Campos.
E porque as pessoas que colaboram com o seu programa de Governo, como o economista Eduardo Gianetti da Fonseca, têm falado a linguagem das finanças. Nesta segunda-feira, Fonseca concedeu uma entrevista ao jornal Folha de S. Paulo anunciando que a equipe de Marina vai restabelecer o tripé macroeconômico [câmbio flutuante, meta de inflação e disciplina fiscal], estabelecido no segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso, que perdurou até o primeiro governo Lula e, ainda, que vai reduzir o teto da meta inflacionária.
Dar esse norte para o futuro é saciar a fome de previsibilidade do mercado financeiro. Assim, ao mesmo tempo que Marina capta a insatisfação dos mais desiludidos com a política –jovens e indecisos– a sua candidatura cativa os economistas. O mercado financeiro, entretanto, pode até reagir com oscilações nos índices de bolsa, ou alta do câmbio, como aconteceu durante o primeiro mandato do Governo Lula, quando o dólar, hoje em 2,26 reais, chegou a 4 reais pelo temor de mudanças radicais no cenário. Era o trauma da passagem de Fernando Collor de Mello, que confiscou a poupança em 1990. O PT foi obrigado a escrever uma cartilha de combinados, a Carta ao Povo Brasileiro, anunciando as diretrizes do governo que previa, por exemplo, o respeito às regras já estabelecidas.
Zeina Latif, economista chefe da XP Investimentos, diz que a verdade é que o mercado financeiro não tem ideologia. “Num cenário, em que Dilma ganhe e ela anuncie que fará um governo indicando um determinado ministro, e que faria uma gestão parecida com o do primeiro governo Lula, o mercado ia celebrar”, diz Latif.
Quanto mais clara a sinalização de que haverá ajuste de contas públicas, e as preocupações para o controle de inflação, maior o apoio. Por isso, havia um bom humor com Aécio Neves, esclarece a economista da XP Investimentos. “Ele já tem um time mais definido, já sabe quem será ministro, quem será o nome para a pasta da Fazenda, e assim por diante”, completa Latif.
Curiosamente, uma pesquisa informal, elaborada pelo jornal Valor Econômico, num evento com empresários na noite de segunda-feira, mostrou que se o eleitorado fosse composto somente pelos empresariado, Aécio Neves, candidato do PSDB, venceria de cara no primeiro turno, com quase 70% dos votos, enquanto Rousseff teria 14%, e Marina Silva, 12%. Neste caso, o setor empresarial se mostra mais conservador que o mercado financeiro em apoiar a candidata do PSB porque Silva ainda não detalhou seu programa de Governo e não se sabe exatamente como ela vai operar diante da necessidade, por exemplo, de aumentar investimentos ou de ampliar os acordos internacionais.
Tivemos muitos embates enquanto trabalhamos juntos, mas sempre acabamos em acordos. E ela [Marina] está muito mais aberta hoje do que naquele tempo
Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura
O ex-ministro da Agricultura diz que conhece muito bem o estilo de Marina Silva, e embora haja desconfianças sobre a sua postura, ele acredita que a presidenciável se rende fácil ao diálogo e à negociação. “Tivemos muitos embates enquanto trabalhamos juntos, mas sempre acabamos em acordos. E ela está muito mais aberta hoje do que naquele tempo”, elogia.
A senadora Kátia Abreu, do PMDB do Estado de Tocantins, tida como uma forte porta-voz do agronegócio, entretanto, não esconde suas reservas. Em entrevista recente à revista Época, Abreu disse que a candidata socialista faz da questão ambiental “um dogma, uma religião”. E que Silva “se recusa a dialogar e a abrir sua mente para outras situações que a sociedade demanda”.
Ainda é muito cedo para falar em derrota da presidenta Dilma Rousseff. Apesar de todas as questões econômicas, ela consegue dar respostas
Elizabeth Johnson, da Trusted Sources
Elizabeth Johnson, diretora de pesquisa para o Brasil da consultoria britânica Trusted Sources, prefere manter a cautela, mesmo com as mudanças no humor do eleitorado. “Ainda é muito cedo para falar em derrota da presidenta Dilma Rousseff. Apesar de todas as questões econômicas, ela consegue dar respostas”, afirmou.
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