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segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Luis Cláudio Villafañe: A America do Sul no discurso diplomatico brasileiro (livro)

Uma tese, que eu já conhecia quando de sua apresentação no âmbito do Curso de Altos Estudos do Itamaraty, agora transformada em livro e publicada pela Funag, e que recomendo:

Luis Cláudio Villafañe Gomes Santos:
A América do Sul no Discurso Diplomático Brasileiro
(Brasíla: FUNAG, 2014; 248 p. – Coleção CAE; ISBN: 978-85-7631-525-4)




Disponível no site da Funag: http://funag.gov.br/loja/index.php?route=product/product&product_id=589


Em A América do Sul no Discurso Diplomático Brasileiro o diplomata e historiador Luís Cláudio Villafañe G. Santos discute, com grande rigor analítico e solidez conceitual, a vertente sul-americana da identidade internacional do Brasil, um tema central da política externa brasileira do século XXI. A partir de uma densa discussão teórica, o autor resgata a história da ideia de América do Sul e discute sua ausência ou presença, e em que termos, no discurso diplomático brasileiro, desde o século XIX. Uma ênfase especial fica por conta da apropriação desse conceito nos governos dos Presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva.
Nas palavras do Embaixador Gelson Fonseca Jr., “a conclusão inevitável é a de que, hoje, conhecer a o obra de Luís Cláudio é fundamental para o estudioso da diplomacia brasileira”.

Sumário

Prefácio
Introdução.

1. Geografia e Identidade: América, América Latina, Terceiro Mundo, Ocidente ou América do Sul?
1.1 Identidades internacionais, identidades americanas  
1.2 Os conceitos e sua história
1.3 América Latina como contraconceito assimétrico

2. Identidades Cambiantes: uma revisão histórica
2.1 O Império brasileiro e o “outro” hispano­americano
2.2 A República e a opção pelo americanismo
2.3 O Barão, o ABC e a América do Sul
2.4 A Primeira Guerra Mundial e o alinhamento aos Estados Unidos
2.5 O Brasil e a Liga das Nações
2.6 A Era Vargas
2.7 Americanismo e Guerra Fria
2.8 A Operação Pan­Americana
2.9 A Política Externa Independente e a identidade internacional do Brasil
2.10 Governos Militares: dos círculos concêntricos ao pragmatismo responsável
2.11 A Nova República e a integração latino­americana.109

3. As Reuniões de Presidentes da América do Sul
3.1 Um novo cenário internacional
3.2 O Presidente Itamar Franco e a proposta de Alcsa
3.3 O Presidente Fernando Henrique Cardoso e o conceito de América do Sul
3.4 As Reuniões de Presidentes da América do Sul

4. Governo Luiz Inácio Lula da Silva e a Prioridade SulAmericana
4.1 Uma nova política externa
4.2 Identidade americana, latino­americana e sul­americana
4.3 Um balanço provisório ao fim dos dois primeiros anos do governo Lula
Conclusões
Referências 

APRESENTAÇÃO
GELSON FONSECA JÚNIOR

         Apesar de ter sido escrito em 2005 e com o objetivo específico de preencher um requisito para a promoção na carreira diplomática, o livro A América do Sul no Discurso Diplomático Brasileiro, ganhou interesse e atualidade. O passar do tempo mostrou o acerto de Luís Cláudio Villafañe Gomes Santos na escolha do tema que se tornou, como ele já vislumbrava, primeira prioridade na estratégia diplomática brasileira. O livro, ao mostrar as raízes de uma opção diplomática, permite compreendê-la melhor e ter instrumentos para avaliá-la. Os muitos méritos do livro e, portanto, as razões para lê-lo não surpreendem. Aliás, só confirmam, mais uma vez, o lugar de Luís Cláudio entre os mais rigorosos e criativos estudiosos da história da diplomacia brasileira.
         Para quem examina a obra de Luís Cláudio Villafañe, um dos traços que primeiro chama atenção é sua inteligência na escolha de seus “objetos de pesquisa”. Devemos a ele, em um dos seus primeiros trabalhos, a tese de mestrado, publicada em 2002, O Império e as Repúblicas do Pacífico: as relações do Brasil com o Chile, Bolívia, Peru e Equador e Colômbia (1822-1889), uma renovação dos estudos sobre a diplomacia brasileira no século XIX, quando “redescobre” uma área esquecida. De fato, a tradição historiográfica se centrava, naturalmente, no Prata, mas, ao mostrar o outro lado da presença latino-americana do Brasil, Luís Cláudio trouxe uma contribuição única e inédita para a reflexão sobre o Brasil no continente. O estudo da diplomacia brasileira no século XIX se completa com outro texto notável, O Brasil entre a América e a Europa, que lida, entre outros, com o tema da rejeição brasileira às tentativas, promovidas pelos vizinhos, de reuniões multilaterais, no plano regional. Para entender a posterior aceitação brasileira do multilateralismo, já sob a égide do pan-americanismo, o texto de Luís Cláudio é indispensável. Esses livros e textos articulam as sólidas bases para a reflexão de Villafañe sobre a diplomacia brasileira nas Américas.
         Em dois livros mais recentes, o mesmo sentido inovador se exprime com a madura reflexão que faz Luís Cláudio Villafañe para interpretar o papel da inserção internacional na configuração de uma identidade brasileira: O Dia em que adiaram o Carnaval: política externa e a construção do Brasil e O Evangelho do Barão. Não por acaso, Matias Spektor, sobre o último, disse, com razão, que o Evangelho “é um sopro de lucidez” e que corresponde, diante das biografias “tradicionais”, a um “corretivo necessário, põe em perspectiva o que houve de incoerente, inseguro e pretensioso na trajetória do Barão, sem reduzir a genialidade do homem e de seu projeto político”. Assim, ao lembrar esses textos, a conclusão inevitável é a de que, hoje, conhecer a obra de Luís Cláudio é fundamental para o estudioso da diplomacia brasileira.
         Neste livro, que agora apresento, os estudiosos em relações internacionais e, além deles, os que se interessam sobre a construção da identidade brasileira, têm muito a ganhar. A escolha do tema amplia e renova as formas tradicionais de pensar o Brasil nas Américas. Luís Cláudio Villafañe mostra, com clareza e competência, como se constrói um espaço de atuação diplomática. A geografia é um dado, fixo; assim, a questão é narrativa que dela se extrai. Neste sentido, mostra, como passo preliminar do seu estudo, como se desenvolve, no plano conceitual, a começar ainda no século XIX; a criação de uma determinada ideia de América Latina e como o conceito ganha autonomia. É notável a precisão e a concisão com que revê as origens e a formação do conceito: lembra Torres Caicedo, Sarmiento, Marti, Rodó, sublinha as diferenças entre as perspectivas autonomistas, que buscavam um espaço próprio para as nações latino-americanas, e as ocidentalistas, que incluíam a América Latina no espaço americano, com o referencial necessário dos Estados Unidos, lembrando que “dentro do espaço criado por elas, ocorreram os grandes debates sobre a construção de uma identidade latino-americana a partir da própria América Latina” (p. 40). Mostra que só se pode falar na consolidação do conceito de América Latina após a Segunda Guerra Mundial, em especial com a fundação da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) e indica que a consolidação define a América Latina como um “contraconceito assimétrico à leitura que os Estados Unidos fazem de sua própria sociedade”. Chegando ao presente, e voltando-se para o quadro das relações internacionais, mostra que a incorporação da América do Sul como eixo do discurso (e ação) da diplomacia brasileira nasce em parte como contraponto às propostas americanas de uma área de livre-comércio para o continente, a Alca. Aliás, as reuniões pan-americanas foram paradoxalmente uma plataforma para que a América Latina identificasse interesses próprios, como a própria defesa da norma da não intervenção, que, ao longo de “nossa história diplomática, a referência à nossa condição de nação americana e suas variações (latino-americana, sul-americana) sempre foi um dos elementos centrais da identidade internacional” do país, são circunstâncias históricas que explicam o resgate do conceito e a busca de meios para operacionalizá-lo.
         Como diz, em sua esclarecedora introdução teórica, “As identidades, em qualquer nível, são contingentes e históricas – produzidas por um sistema de relações sociais e não de condições naturais (biológicas, geográficas ou de qualquer outra natureza). As identidades (sejam elas pessoais, de grupos ou de nações) são construídas dentro desse espaço de relações e diferenças, sendo sua definição o resultado de um jogo entre as distintas identidades que configuram um determinado sistema social. Seus conteúdos e suas funções sociais têm um caráter essencialmente histórico, o que nos remete à tarefa de estudá-las desde uma perspectiva mais abrangente” (p. 48). Os fundamentos teóricos do trabalho de Luís Cláudio vão naturalmente além disto. Aliás, merecem uma leitura atenta as observações que faz sobre os modos de construção conceitual dos discriminados, dos que não têm poder, dos que estão, no caso da diplomacia, à margem das relações de poder. Na realidade, o livro é impecável metodologicamente. O objeto está bem delimitado, o discurso diplomático, as fontes, primárias e secundárias, são utilizadas com habilidade e sempre de forma a revelar e enriquecer o objeto.
         Assim, a vizinhança sul-americana é a circunstância necessária da atuação do Brasil. Mas, é o interesse político que cria a “identidade sul-americana” e consequentemente define o espaço para a atuação diplomática “positiva”. A diferença de perspectivas entre a atitude do Império de distância dos vizinhos, marcada por contrapontos, e a da República é notável e movida, afinal, por fatores políticos, especialmente nos momentos iniciais da República, e, depois, paulatinamente, por objetivos mais complexos, especialmente de ordem econômica. Na primeira reunião de Presidentes sul-americanos, em 2000, convocada pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso, a dimensão de integração física era nítida e ampliava o percurso iniciado com o Mercosul.
         Vale notar, ainda, se viermos para os tempos recentes, a partir da aceitação da América do Sul como espaço privilegiado de atuação, as formas de atuar podem ser substancialmente diferentes, como Luís Cláudio Villafañe mostra quando compara a diplomacia dos Presidentes Fernando Henrique e Lula.
         História conceitual corre ao lado da história diplomática, não a explica totalmente, mas é indispensável para entender as opções, alternativas e variantes dos atores, a começar pelos presidentes e chanceleres. Como o autor diz com razão, “A identidade internacional do Brasil, ainda que tenha fortes elementos de permanência, está continuamente sendo reconstruída e reinventada” (p. 179). Assim, ao leitor, se revela, com clareza, a maneira como surge, se desenvolve a ideia de América do Sul e as possibilidades de seu emprego político. Circunstâncias modelam a criação da ideia que, uma vez introduzida no discurso diplomático, passa a ser uma circunstância que passa a delimitar a própria atividade diplomática. Se somos sul-americanos, a que nos obriga essa condição? O que nos beneficia? Luís Cláudio Villafañe não responde a essas perguntas, que exigiriam ir além do que se propôs, mas, com a clara base em que formula a identidade sul-americana, as respostas ganham um apoio consistente.
         O trabalho de Luís Cláudio Villafañe traz interpretação, sempre criativa e segura, das fontes, virtude essencial para a consistência do estudo historiográfico. Chama atenção a maneira como recupera e revê fontes conhecidas. Os relatórios anuais da Secretaria de Negócios Estrangeiros e, depois, do Ministério das Relações Exteriores, sempre constituíram uma base necessária para quem estuda a diplomacia brasileira. Mas, Luís Cláudio Villafañe retoma os relatórios do século XIX e, depois de uma leitura minuciosa, encontra formulações claras e reveladoras sobre a atitude distante em relação aos vizinhos, o que constituía uma barreira difícil de transpor para incorporar a América Latina ou a América no espaço de formulação diplomática brasileira. Na mesma linha, retoma os discursos do Brasil nas Nações Unidas, na importante coleção organizada e comentada por Luiz Felipe de Seixas Corrêa. As fontes são conhecidas, quase familiares, mas a forma como interpreta o seu alcance e, sobretudo, as relaciona, tornam em novidade o conhecido. São valiosas também as entrevistas que faz o autor com diplomatas, como o Embaixador Luiz Filipe de Macedo Soares e com o Embaixador Eduardo Santos.
         Outra qualidade do livro é constituir-se em texto íntegro. As partes, da teoria à interpretação dos desdobramentos do conceito de América do Sul, encaixam-se com perfeita coerência interna. Cada capítulo enriquece o anterior. Ainda assim, creio que, em alguns momentos, a abordagem mostra-se especialmente útil e valiosa para interpretar momentos da história diplomática. Assim se revela a análise das posições brasileiras diante da revolução cubana. Como lidar com a atitude norte-americana, e de alguns outros vizinhos, que defendiam que a “identidade continental americana” teria, como pilar o anticomunismo? (p. 100). Se aceitamos que a opção marxista-comunista de Fidel era incompatível, nas palavras de San Tiago Dantas, então Chanceler, com os “princípios democráticos, em que se baseia o sistema interamericano” (p. 102), uma segunda dimensão da condição americana repudiava formas de intervenção e de sanção para corrigir a incompatibilidade e, por isto, votamos contra a suspensão do regime na Reunião de Consulta, convocada para Punta del Este em 1962. De uma certa forma, a atitude brasileira, proclamando o princípio da não intervenção ecoava a longa história de defesa daquele princípio no âmbito do sistema interamericano, só aceito pelos americanos em 1933, depois de várias tentativas que começam praticamente com a inauguração das reuniões dos Estados Americanos. Lembre-se que o Brasil que, a princípio esteve perto dos EUA, transforma depois a não intervenção em um dos pilares de sua atitude diplomática. Porém, como sabemos, com o movimento de 1964, a política externa reforça o eixo ocidentalista, de que o anticomunismo é peça fundamental, e as relações com Cuba são cortadas.
         Há ainda dois aspectos do livro que chamam a atenção. O primeiro é a análise que faz do movimento que leva à adoção da América do Sul no repertório da diplomacia brasileira nos governos Fernando Henrique e Lula. Depois de lembrar a noção de Lafer de que a América do Sul corresponde a uma “força profunda de longa duração que vem norteando a ação diplomática brasileira” (p. 142), revê, com pertinência, o lançamento das reuniões de Presidentes sul-americanos, acompanha o seu desenvolvimento, e procura mostrar o reforço da ênfase sul-americana nos dois primeiros anos do mandato de Lula. O segundo aspecto que merece leitura cuidadosa são as conclusões. Luís Cláudio Villafañe não faz propostas de policies, mas, dentro do marco conceitual que discute, levanta questões absolutamente necessárias e que, ainda hoje, estão abertas. Uma das primeiras é mostrar que o conceito de América do Sul ainda está em construção e, pela abrangência do que propõe, enfrenta desafios maiores do que o de América Latina que tinha a vantagem de uma longa história e, a rigor, se fundar em “uma noção de similaridade antes de tudo cultural” (p. 189). Menciona a necessidade de superar os “muitos dos mitos de origem da nacionalidade de cada um dos países sul-americanos (que) incluem a ideia de usurpações e agravos históricos, reais ou imaginários, por parte de seus vizinhos”. E, sobriamente, acrescenta, “A superação desses mitos e ressentimentos é perfeitamente possível – como demonstra a integração europeia –, mas, representa um salto em direção ao futuro, que exigirá liderança, internamente em cada um dos doze países, e uma ação diplomática e firme” (p. 190).
         Para isto, lembra Luís Cláudio Villafañe a importância das trocas culturais, do aprofundamento dos estudos da história regional, que sustentariam, no longo prazo, as formas de aproximação política e econômica. Luís Cláudio lembra também que, “ao afirmar a vertente sul-americana da identidade brasileira não se está excluindo completamente as dimensões latino-americanas e continental” (p. 190). Os avanços institucionais da “comunidade sul-americana” são evidentes, com a criação da Unasul.
         Porém, mais América do Sul significa maior capacidade de vinculação com a América Latina e com os Estados Unidos e Canadá? Ou menos? E, voltamos aqui, a ligar a história do conceito aos desafios das melhores opções diplomáticas. Que regionalismo queremos? A América do Sul está incorporada ao discurso e é parcela fundamental da ação diplomática. Mas, qual o limite do discurso? Incorpora um projeto? É agregador dos vizinhos? É plataforma para uma abertura para o mundo? Luís Cláudio Villafañe não pretende oferecer respostas, mas, se não refletirmos, como sociedade, sobre as indagações que faz, as respostas diplomáticas correm o risco de serem incompletas.
Gelson Fonseca Jr.

Livro disponível no site da Funag:  
http://funag.gov.br/loja/index.php?route=product/product&product_id=589

http://funag.gov.br/loja/download/1099-a-america-do-sul-no-discurso-dimplomatico-brasileiro.pdf

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Complemento:
Um artigo de atualidade:

DOMINGUES, R.. Uma Potência Regional em Construção? O Brasil na América do Sul durante os anos Lula (2003 - 2010). Revista Política Hoje, América do Norte, 22, nov. 2014. Disponível em: http://www.revista.ufpe.br/politicahoje/index.php/politica/article/view/274/154. Acesso em: 24 Nov. 2014.

Contas publicas: chamada para evitar novas fraudes por parte do governo fora-da-lei

Guilherme Medeiros convoca brasileiros decentes a se mobilizarem contra novas fraudes contábeis:

Luiz Guilherme Medeiros6:21am Nov 24 
Semana passada, após obstruírem as votações na Câmara, a oposição conseguiu anular a aprovação da revisão da Lei de Diretrizes Orçamentárias, a LDO. [1]

Tal revisão, orquestrada pelo governo, tem como intuito a realização de contabilidade criativa para fazer parecer com que ele tenha cumprido a meta fiscal de 2014, estando então a presidente Dilma Rousseff isenta do crime de ter violado a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Enquanto manipulações estatísticas vem sendo praticadas rotineiramente pelo nosso governo, como até Ministros do Tribunal de Contas da União bem reconhecem [2], a revisão da LDO é uma ameaça ao pouco de austeridade que o Estado brasileiro ainda preserva, sendo peça fundamental para o governo manipular a opinião pública nos duros anos que o país irá enfrentar em breve.

Cidadãos brasileiros que moram no Distrito Federal, hoje cabe a nós representarmos os civis de nosso país e manifestarmos nosso repúdio a este crime contra nossa Pátria.

Vamos comparecer ao Congresso hoje à noite e deixarmos explícito que não aceitaremos que os pagadores de impostos sejam enganados.

>> Curta Instituto Liberal do Centro-Oeste

[1] http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2014-11/cmo-fara-nova-sessao-para-votar-revisao-de-meta-do-superavit-aprovada-ontem
[2] http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/jose-jorge-ha-uma-argentinizacao-das-contas-publicas

Comunismo: morreu de falencia multipla dos orgaos, auto-aplicada - Diogo Costa

Os 4 colapsos que destruíram o comunismo

Que o comunismo europeu estava fadado ao fracasso ninguém deste lado do Kremlin parece discordar.
Mas, há 25 anos, a velocidade com que as revoluções começaram a redefinir o leste europeu pegou especialistas ocidentais de surpresa. Eles não enxergavam que, por trás da cortina de ferro, os colapsos comunistas já duravam décadas.

1. O colapso moral da ideologia

Vaclav Havel descreveu a experiência atrás da cortina de ferro como uma vida dentro da mentira. Muitas vezes repetida, talvez a mentira vire verdade, mas na repetição infinita o eco se esvazia de qualquer significado.

A Perestroika, lançada como um salva-vidas para o afogamento da economia soviética, acabou como sua lápide

Quando um comerciante, dizia Havel, pendurava na vitrine da sua loja uma placa dizendo “trabalhadores do mundo, uni-vos!”, seu ato não era movido por convicção e proselitismo. Era um ato de costume, de obediência, de coerção.

Para Havel, seria mais honesto que a placa dissesse, “eu tenho medo e portanto sou inquestionavelmente obediente”.

Os hinos e peças socialistas pregavam uma sociedade fraterna, mas vizinhos se enxergavam como competidores por alimentos e roupas num regime de escassez material. A desconfiança torna-se generalizada quando toda pessoa com quem você interage é um potencial agente secreto.

Sob a promessa de prosperidade igualitária, os poloneses moradores das montanhas Bieszczady foram desapropriados para que 60 mil hectares pudessem ser usados como terreno de caça da elite partidária.

Enquanto o cidadão romeno não tinha acesso a bens básicos, o cachorro de Nicolae Ceaucescu comia biscoitos importados da Inglaterra e sua família desfrutava de 15 palácios espalhados pelo país.

Até para o trabalhador de Berlim Oriental, no país com as melhores condições de vida dentro do bloco comunista, ficava difícil acreditar na ideologia da igualdade quando ao norte se via a elite governante vivendo em Waldsiedlung, com direito a restaurantes, cinema, academia e complexo esportivo dentro de seu condomínio fechado. E a oeste se via seus primos com salários 5 vezes maiores.

Na Checoslováquia de Havel e nos países vizinhos, a história da revolução se repetia nos ouvidos como farsa.

2. O colapso tecnológico da censura
Em 1948, o governo soviético permitiu que os cinemas exibissem As Vinhas da Ira. Baseado no romance homônimo de John Steinbeck, o filme retratava o sofrimento da classe trabalhadora americana durante a Grande Depressão. Não passou muito tempo e o partido decidiu suspender o filme. Os soviéticos saíam do filme impressionados com o fato de que, nos Estados Unidos, até os pobres trabalhadores possuíam automóveis.

Quarenta anos mais tarde, quando os filmes passaram das salas de projeção para fitas VHS, o controle social se tornou mais difícil. Com a personalização tecnológica dos anos 1970 e 1980, videocassetes e walkmen permitiam que a abundância ocidental fosse testemunhada por um número maior de pessoas. Imagine assistir às lamentações dos personagens de Cheers quando se tem que acordar de madrugada para ficar na fila do leite.

Como escreveu o cientista político Tom Palmer, que nos anos 1980 contrabandeou eletrônicos para dentro da União Soviética, “talvez os heróis silenciosos das revoluções de 1989 tenham sido Sony e Mitsubishi”.

3. O colapso econômico do império

Economistas ocidentais passaram décadas sob a ilusão de que a economia soviética crescia em alta velocidade comparada às economias ocidentais. O manual de economia mais lido do século XX, de Paul Samuelson, projetava a possibilidade de a economia soviética ultrapassar a americana pela virada do século.

Mas em vez de criar riqueza, os soviéticos gastavam em produção conspícua: produziam por produzir, para mover indicadores econômicos em vez de para satisfazer demandas dos consumidores.

O colapso econômico soviético serviu para legitimar o trabalho dos economistas Ludwig von Mises e Friedrich Hayek. Sem um sistema de preços, alertavam, uma economia centralmente planejada não possuía o conhecimento e os incentivos para a organização econômica racional.

A manutenção de um império também tem um alto custo. Durante o expansionismo britânico, por exemplo, o dinheiro que saía do tesouro para a manutenção das colônias era maior do que o retorno em tributos. Também para os soviéticos, o custo de manutenção de um leste europeu ocupado incluía uma crescente despesa com a repressão de dissidentes, incluindo gastos militares com armas, soldados e espiões. A Perestroika, lançada como um salva-vidas para o afogamento da economia soviética, acabou como sua lápide.

4. O colapso ambiental da indústria

Em 1990, os ambientalistas ocidentais começaram a noticiar o tamanho da tragédia dos comuns sobre a população russa.

Cerca de 40% dos cidadãos vivem em áreas onde a poluição do ar excede de três a quatro vezes o limite máximo permitido. O saneamento é primitivo. E onde existe, por exemplo em Moscou, não funciona adequadamente. Metade de todo o lixo sanitário da capital não é tratado.

Em Leningrado, quase metade de todas as crianças têm doenças intestinais em decorrência de beberem água contaminada daquilo que um dia já havia sido o abastecimento mais puro da Europa.

A candidatura ao prêmio de local mais poluído do mundo é um dos trágicos legados da União Soviética. Hoje banhado de concreto, o lago Karachai nos montes Urais tornou-se o lixão radioativo de uma das maiores fábricas soviéticas de armamento nuclear. De 1951 a 1968, o despejo de resíduos nucleares enxugou o lago para um terço do seu tamanho original. Ao ser dispersada pelo vento, a poeira radioativa do Lago Karachai contaminou os arredores envenenando cerca de meio milhão de pessoas. Por isso decidiu-se cobrir o lago com 10 mil blocos de concreto oco.

Quando Boris Yeltsin permitiu a presença de cientistas ocidentais no local, no início da década de 1990, noticiou-se que o nível radioativo nas margens do lago ainda era de 600 röntgens por hora, o suficiente para matar um turista desavisado em trinta minutos.

Seu professor de geografia deve ter lhe ensinado que o capitalismo moderno deixa um rastro de poluição e devastação ambiental por onde passa. Talvez ele tenha deixado de mencionar que a existência de propriedade privada é o melhor mecanismo para responsabilizar a degradação ambiental. Como o industrialismo soviético operava fora de um regime de propriedade privada, não havia mecanismos de responsabilização ambiental.

Os custos de poluir e desmatar não eram internalizados. Para alcançar as metas anuais de produção, por exemplo, os coletivos usavam de qualquer meio disponível. A União Soviética foi a maior responsável pelo abatimento de baleias no século passado, superando Japão e Noruega, mesmo que seu aproveitamento fosse menor que o dos outros países. Enquanto no Japão se aproveitava 90% do corpo de uma baleia, na URSS, se aproveitava apenas 30%. Mas o importante é que as metas eram atingidas.

Conclusão

Ninguém, de nenhum dos lados de Berlim, acordou no dia 9 de novembro de 1989 planejando a abertura do muro, lembra Mary Elise Sarotte em The Collapse: The Accidental Opening of the Berlin Wall.

Dez dias antes da queda do muro de Berlim, ainda havia gente morrendo tentando alcançar o outro lado da cidade. Foi um mal entendido da fala na TV de Günter Schabowski, membro do Politburo, que levou os alemães a acreditarem na abertura do muro.

Durante décadas, no entanto, os graduais colapsos do socialismo já vinham minando o que seria o súbito colapso de tijolos e regimes.

Fonte: Instituto Ludwig von Mises Brasil, 16/11/2014.

SOBRE DIOGO COSTA

Diogo Costa
É bacharel em Direito pela Universidade Católica de Petrópolis, mestre em Ciência Política pela Universidade de Columbia e editor do site “OrdemLivre.org”. Foi um dos vencedores do primeiro prêmio Donald Stewart Jr. apresentado pelo Instituto Liberal por seu ensaio sobre Ludwig von Mises. Estagiou no Centro para Liberdade e Prosperidade Global no Cato Institute. Já escreveu para diversos jornais impressos, como “O Globo”, “O Dia”, “O Estado de São Paulo”, “Jornal do Commercio”, “Digesto Econômico”, “Buenos Aires Herald” (Argentina), “El Diario Exterior” (Espanha), “Mmegi” (Botswana), e “The Panama News” (Panamá).

Video BBC: History of Civilization - Kenneth Clark (YouTube)

Assisti a esta série na televisão, décadas atrás, possivelmente numa televisão europeia, e achei excelente. Agora, graças ao colega de lista de debates Daniel Marchi, temos novamente à disposição um material da melhor qualidade possível.
Paulo Roberto de Almeida

Civilização é uma série de TV em 13 episódios escrita e apresentada pelo historiador de arte britânico Kenneth Clark:

Caros(as), gostaria de recomendar intensamente essa série, um verdadeiro curso intensivo de cultura e história ocidental.
Foi produzida pela BBC em 1969 e é apresentada pelo historiador e crítico de arte Kenneth Clark.
Os vídeos foram remasterizados, som e imagem estão com ótima qualidade.
Mando os links dos 3 primeiros, os outros estão no mesmo perfil do Youtube.
Estão com legendas PT-BR.

01 de 13 - Civilização - Kenneth Clark - Por um triz
https://www.youtube.com/watch?v=wRPIER-w238

02 de 13 - Civilização - Kenneth Clark - O Grande Degelo
https://www.youtube.com/watch?v=0SLDkml4XgM

03 de 13 - Civilização - Kenneth Clark - Romance e Realidade
https://www.youtube.com/watch?v=YOJmRqObeWQ

domingo, 23 de novembro de 2014

Imprensa livre: tudo o que os companheiros nao querem - Jose Roberto Guzzo (Veja)

22/11/2014

 às 13:00 \ Opinião

J.R. Guzzo: ‘Caros leitores’

Publicado na edição impressa de VEJA

J.R. GUZZO

Os leitores de VEJA têm o direito de perguntar a si mesmos o que, afinal de contas, estão fazendo de tão errado assim. Ouvem dizer o tempo todo, do governo e do seu sistema de suporte, as coisas mais horríveis a respeito da revista que gostam de ler ─ tanto gostam que continuam a lê-la, semana após semana, sem a menor obrigação de fazer isso. Haveria aí alguma tara secreta, ou outro tipo qualquer de desvio de conduta? A pregação espalhada diariamente pelos mecanismos de propaganda a serviço do governo parece sugerir que existe, sim, uma doença muito séria com esses cidadãos: como poderiam, caso fossem pessoas sadias, buscar informação e outros itens de interesse num veículo que faz parte das leituras proibidas pelo Santo Ofício do PT?

Ainda na véspera da última eleição, a presidente da República, em pessoa, prometeu que iria processar a revista “na Justiça”, aparentemente com uma ação penal, por crimes não especificados e, segundo ela, gravíssimos. Até agora não entrou com ação nenhuma, é verdade, mas e daí? O que importa é afirmar que o leitor está sendo cúmplice de uma publicação “criminosa” ─ e como tal, segundo a filosofia do ex-presidente Lula, torna-se nazista, inimigo do Menino Jesus e participante de um golpe de Estado para derrubar Dilma Rousseff e o governo popular do PT.

Uma página de revista, como pode atestar alguém que já passou um certo tempo nesta vida, não é mais que isso ─ uma página de revista, apenas, obra que reflete os limites de quem a escreve e que não está programada para funcionar como uma distribuidora automática de verdades. Mas, no caso, esta coluna pode garantir, com margem de erro de 0%, que não existe rigorosamente nada de errado com os leitores, nem com sua decisão de escolher a leitura que bem entendem. O erro está do lado de quem os acusa, pelo mero fato de lerem VEJA, de serem nazistas, fascistas, caluniadores, mentirosos, golpistas, homófobos, racistas, antinordestinos, defensores do trabalho escravo, inimigos dos pobres e autores de sabe-se lá quantos crimes ainda. Cada uma dessas acusações, obviamente, é demência pura ─ mas, se VEJA é tudo isso aí acima, como o governo e sua tropa não param de dizer, seus leitores também o seriam, não é mesmo? Como todos eles sabem perfeitamente bem que não o são, o melhor que têm a fazer é ignorar a gritaria e tocar a vida para a frente. Para que se estressar com pecados que não cometemos?

Na verdade, os leitores têm um excelente motivo para se sentir satisfeitos: são eles, e ninguém mais, que mantêm viva esta revista. Eis aí a chave de tudo. Enquanto acharem que VEJA tem méritos suficientes para continuar a ser lida, os leitores formam uma linha de defesa que governo nenhum consegue derrubar – e estarão ganhando o confronto com as forças que querem decidir o que eles podem e o que não podem ler. Ao contrário do que gostaria a máquina de propaganda oficial, diretamente ou por meio da vasta e caríssima rede de auxiliares que montou na internet para agredir a imprensa livre, VEJA e os jornalistas que aqui trabalham não precisam do governo, seus 39 ministérios, suas verbas de publicidade, seus empregos, seus contratos de “prestação de serviços” e por aí afora. Precisam, isso sim, do público ─ e aí as coisas se complicam para quem está mandando no Brasil, pois simplesmente não há discurso de autoridade, ameaça de processo, “rede social” nem nenhuma outra invenção capaz de fazer com que os leitores da revista sumam no espaço. É a grande frustração do mundo petista. O que não se perdoa a VEJA, mais que qualquer coisa, é o sucesso ─ pela última medição dos auditores do IVC, em julho de 2014, sua tiragem semanal está em 1 100 000 exemplares. Há doze anos o governo e seus estrategistas de “mídia” tentam resolver esse problema. Continuam no mesmo lugar.

Os governos do PT conseguiram, com muitos milhões, montar durante esse tempo uma vasta rede de “imprensa a favor”. Mas é justamente aí que mora o problema: imprensa a favor não vale nada. Quem a respeita? Balzac dizia que era mais fácil escrever um romance do que arrumar o dinheiro para pagar o papel e a impressão. No caso, poderia dizer que é mais fácil escrever publicações inteiras de louvação ao governo do que encontrar leitores que as levem a sério. O que interessa para quem manda, na verdade, não é publicar aquilo que quer; é impedir que seja publicado aquilo que não quer. Isso não se resolve fazendo insultos a VEJA em notas oficiais, blogs ou comícios. Só se resolve com o silêncio do “controle social”.

 

Book review: a global history of developing world

Não confio muito num livro que acha que o principal evento ocorrido na histórica da América Latina no século 20 foi a revolução cubana. Ele transforma um episódio menor, que só teve maior importância por causa da Guerra Fria, num evento relevante. Se ele mudou a história da América Latina foi para pior...
Paulo Roberto de Almeida

Utietiang on White, 'A Global History of the Developing World'
by Seth Offenbach
Utietiang on White, 'A Global History of the Developing World'

Author:
Christopher M. White
Reviewer:
Bekeh Utietiang
Christopher M. White. A Global History of the Developing World. New York: Routledge, 2013. 320 pp. $130.00 (cloth), ISBN 978-0-415-69210-6; $44.95 (paper), ISBN 978-0-415-69211-3.

Reviewed by Bekeh Utietiang Published on H-Diplo (November, 2014) Commissioned by Seth Offenbach

In A Global History of the Developing World, Christopher M. White explores the struggles that have led to the independence of nations in the Global South. White focuses his narrative on this struggle with the goal of understanding the present geopolitical and socioeconomic status of these nation-states.

The book is an introductory textbook for world history courses. It is divided into four sections that correspond to four key themes: imperialism, nationalism, globalization, and development. In the first three sections, White focuses on Latin America, Asia, and Africa. In his discussion of imperialism, the author does not begin with the second European colonial project, which was mainly focused on Africa and Asia, but starts with the European colonial conquest of Latin America and the Caribbean. He weaves within his analysis the Catholic Church’s role in Latin America’s colonization as they sought to evangelize and convert the people. For White, “the Church and State were essentially the same institution” (p. 24). In the second European colonial project, Spain and Portugal played less significant roles; Britain, France, Belgium, and Germany were the main actors. White makes an intervention in the historiography on the Berlin conference of 1884-85 that partitioned Africa. He argues that some scholars overstate the importance of this conference as it was “not the event that officially decided the boundaries of the European colonies in Africa” (p. 67). What he does here is get his readers to think about these historical events as being more complex than most readers typically would.

In his exploration of nationalism, White argues that “the Cuban Revolution is the most important event to take place in Latin America during the twentieth century” (p. 82). The revolution defeated Fulgencio Batista, an ally of the United States, and had the potential to curb America’s sphere of influence in the region. Unlike Cuba, Asia’s independence was not a military revolution, but a social revolution. In India, for example, the author says, the nationalist movement began with Mohandas Gandhi in 1916 “during the peak of European imperialism” (p. 107). Independence was achieved in 1947 when colonial India was partitioned into India and Pakistan. Independence of African states came in the late 1950s and early 1960s. White posits that “European colonialism, slavery, drought and disease all played a role in Africa’s development foundations prior to independence” (p. 131). Despite independence, he argues, most African countries “were not much better off at the end of the century than they were upon independence two generations before” (p. 130). While this is an important observation of the problems that continue to plague independent Africa, some of White’s readers will find this point debatable. It would be hard to find many Africans who would argue that they would be better off under colonial rule. The nature of colonial rule limited the advancement of Africans because at its structure racial biases existed. While economic growth has been slow in postcolonial Africa, colonialism is partly to be blamed as it created what historian Frederick Cooper calls “Gatekeeper States.”

In the section on globalization, White does an excellent job showing the interconnections between the economies of the world and their impact on local people. He looks at the North American Free Trade Agreement (NAFTA) of 1994 and argues that it was responsible for the Mayan revolt. The Mayans wanted self-determination because they found that they could no longer compete with American and Canadian agribusiness. In another example of how international economics affect locals, he argues that NAFTA drove many immigrants to the United States, most of whom are undocumented (p. 164). This argument is ironic given that many American factory workers believe that NAFTA took away jobs to Mexico and one of NAFTA’s purposes was to limit migrations to the United States. It is true that some of the farmers were displaced as a result of NAFTA but another important outcome of NAFTA is that many automobile shops set up assembly plants in Mexico and created many skilled manufacturing jobs. As a result, American factory workers lost jobs.

White also looks at the conflicts that have become symptomatic of the Global South. The book’s treatment of the conflicts in Rwanda and the Congo is a superb summation of the ugly history in that region of Africa that has left many millions dead. He properly situates the conflicts as regional conflicts rather than national conflicts. The author shows how race and ethnicity has played a role in some of these conflicts.

The last section focuses on the theoretical debates scholars and practitioners have on the causes of development and underdevelopment. Here, White makes a distinction between scholars who hold “a bottom-up perspective of development” and those who hold a top-down perspective (p. 229). For those who hold the former, he begins with Karl Marx, who, he says, has had “more effect on the world than any other author of the social sciences” (p. 233). He is critical of Marxist theory and uses the failure of the communist experiments around the world to discredit it. But the author makes a good distinction between “Marxist analysis and Marxist politics/economics/social planning” (p. 234). He also argues that the dependency theory advanced by economist Raul Prebisch inspires import substitution industrialization which encourages production for internal consumption. In the 1970s, this economic policy encouraged massive spending and corruption in the developing world. With fallen oil prices in the 1980s, governments of the developing world had to privatize these companies.

In his analysis of the scholars who hold the views from above, he describes them as subscribing to the theory of “cultural determinism.” He begins this discussion with Adam Smith’s Wealth of the Nation (1776), August Comte’s positivist views, and Max Weber’s protestant ethic. White writes that “capitalism, in its purest theoretical form, as advocated by Adam Smith, Comte, and Max Weber, or in the form carried out by governments in practice, with all its flaws, is what is most needed to create a better world” (p. 245). He also summarizes the views of economist Milton Friedman and the Chicago school of economics, which advances a neoliberal economic policy: lower taxes, deregulation, privatization, and spending cuts.

The task White undertakes in writing this book is a daunting one; he covers a very large geographical area in a time frame of over five hundred years. For this reason, the book suffers from a lack of in-depth analysis and commits the offense of oversimplification of key events. For example, he discusses Napoleon’s occupation of Egypt leading to French and later British colonization of Egypt in one sentence (p. 44). The next sentence does not tell us how this happened but moves on to mention how the Russians took land from the Ottoman Empire leading to the Crimean War, creating the close ties between Turkey and Europe today. There are too many events conflated here without any unpacking or analysis. In the section on globalization, an engagement with the key theorists in the field and an analysis of opposing viewpoints to show how they are in conversation with one another would have greatly strengthened White’s overall arguments.

Despite these weaknesses, White must be commended for this work. The author’s ability to bring together the historiographies of these diverse regions in a conversation is one of the strengths of the book. The reader will immediately begin to see the commonalities between these regions as they struggle for self-determination from European colonialism and its aftermath. In this conversation, White does not focus his analysis only on the bigger nations, but also pays close attention to the smaller ones, such as Zimbabwe, Burma, and Haiti. Professors and students will find this book helpful as it points them to key events and themes. The questions in each chapter will also help in facilitating class discussions.

I will recommend this book as a textbook for world history survey courses. It is also a good primer for those wanting a concise explanation of key events in the modern history of the Global South.

Printable Version: http://www.h-net.org/reviews/showpdf.php?id=41630

Citation: Bekeh Utietiang. Review of White, Christopher M., A Global History of the Developing World. H-Diplo, H-Net Reviews. November, 2014. URL: http://www.h-net.org/reviews/showrev.php?id=41630

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