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sexta-feira, 8 de dezembro de 2006

651) Onde tem pensão, não precisa lutar pelo pão...

Uma realidade que eu já temia, quando do seu lançamento: o Bolsa Família está retirando pessoas do mercado de trabalho, em lugar de incluí-las. Com o arroz e feijão assegurado no decorrer do mês, por que se preocupar em arrumar um emprego?

Cafeicultores do Espírito Santo não estão conseguindo mão-de-obra para a colheita por causa do Bolsa-Família
A Gazeta - ES, 5/12/2006

Preocupações crescentes
Por Uchôa de Mendonça

Os produtores de café do Espírito Santo estão passando por um momento de dificuldades: a mão-de-obra para a colheita. Antes, abundante, oriunda de vários pontos, ela surgia nas ocasiões propícias, na busca daquele dinheiro certo. Hoje, com o advento do Bolsa-Família, a situação tomou um rumo surpreendente, e os produtores rurais estão enfrentando um problema que nunca imaginaram.

Com a pressão do Ministério do Trabalho e Emprego, para que o empregador assine a carteira de trabalho do chamado bóia-fria, a surpresa veio com a recusa do trabalhador em entregar seu documento, que, se assinado for, impedirá que ele receba o Bolsa-Família, que beneficia quem está desempregado...

O mesmo está acontecendo com o produtor de cana, que não está encontrando, no momento que mais precisa, aquela mão-de-obra sempre disponível, obrigando-o a ingressar no campo da mecanização, que, entretanto, não pode atender a todos os produtores, mormente os que possuem plantações nas áreas montanhosas.

A respeito do Bolsa-Família tivemos recentemente o pronunciamento do presidente da Comissão Pastoral para o Serviço da Caridade, Justiça e Paz, dom Aldo Pagotto, que fez a seguinte observação: "É só uma ajuda pessoal e familiar. É verdade que 11 milhões de famílias recebem o Bolsa-Família no Nordeste e no Norte, mas isso levou a uma acomodação, a um empanzinamento. Não se busca mais, parece que não há visão do crescimento, desenvolvimento e inserção".

Na visão de dom Aldo a política de gestão do "professor" Lula tem desencadeado o que chamou de "favelização rural", devido a essa ausência de crédito e assistência técnica. "O povo vai desistindo de plantar", defendendo ele que o presidente ouça mais o povo.

A reforma agrária brasileira é uma tragédia, está promovendo a favelização do meio rural, onde as famílias, sob o comando do MST, se amontoam à beira das estradas como um espécie de propaganda contra o desenvolvimento nacional. Onde tem uma fazenda organizada, um campo experimental, principalmente de grupo estrangeiro, promovem invasões, com o objetivo de destruir tudo que encontram pela frente.

Estamos caminhando para uma agitação social sem precedentes na história nacional. Não existe dinheiro, não há mecanismo de salvação para essa gente despreparada, que precisa ser sustentada eternamente, de cesta básica, porque não produz nada, gasta tudo que recebe com bebidas e até mesmo festas, com grande irresponsabilidade, para satisfação de uma liderança que se mobiliza exatamente pela destruição dos sentimentos de desenvolvimento nacional.

A CNBB, por meio de suas mais expressivas lideranças, como dom Aldo Pagotto, Geraldo Magella e outros, que criticam a política social de Lula, lastimam esse processo de negociação de cargos públicos em troca de apoio político.

Não vai demorar muito para ocorrer uma grande tragédia nacional, no campo das insatisfações sociais, pela irresponsabilidade governamental.

Gutman Uchôa de Mendonça escreve às terças e aos sábados.e-mail: fecomes.vix@zaz.com.br

3 comentários:

Anônimo disse...

O pretenso "problema" gerado pelo Bolsa-Quadrilha não terá outro aspecto? Ou seja, obrigar o latifundiário ou empresariado rural a remunerar melhor para afastar a mão - de - obra agrícola do gozo do benefício?
Não parece evidente que, uma vez beneficiário do Bolsa-Família, isto não subentende que o salário pagos pelo trabalho no campo são aviltantes, ou seja, insuficientes para motivar mesmo um humilde trabalhador rural?

HELIO SANTOS ROCHA disse...

Três longos anos ( mais) passados e somente o que fica é a constatação de que, introduzida uma nota de realidade na teoria, aquela nota, aliás, que desmente cabalmente idéias anteriores, finda o interesse pelo debate. É facílimo falar na fuga ou subtração de mão de obra ocasionada pelo Bolsa-Família sem atentar para a o valor dos salário anteriormente pagos, se eram suficientes para sustento ou não do obreiro rural, se o b enefício, na verdade, não terminou com o privilégio do latifúndio em contar com trabalhadores cativos de oferta de colocações e remuneração temporárias.Ou seja, se não corrigiu situação que, anteriormente, era verdadeira escravidão. Confrontados com o óbvio, os teóricos somem.

Paulo Roberto de Almeida disse...

Tres longos anos se passaram e o Bolsa Familia conseguiu colocar um terco da populacao brasileira na assistencia pública.
Tem gente que acha normal que isso ocorra, ou seja, que um terco da populacao se torne dependente estrutural de uma transferencia de renda.
Como o governo na costuma criar riqueza, nem produzir comida, se supoe que essa gente toda vive da transferencia de renda de quem trabalha e paga impostos.
Se voce acha normal que isso ocorra, parabens, merece viver em Cuba, uma economia que vive mais ou menos segundo esses principios.
Sabemos onde isso vai dar...
Aqui nao tem teoria, apenas constatacao: se alguem vive com algum dinheiro dado, é porque esse dinheiro foi retirado de alguém que o produziu.
As simple as that...