sexta-feira, 18 de junho de 2010

Irã diz que sanções da ONU ao programa nuclear são ‘ilegais e inválidas’

O CSNU certamente não é um cenáculo de juristas ou de sábios cultores do direito internacional. Tampouco seus membros são legisladores universais, nem mesmo com um imaginário mandato expresso na Carta da ONU. Suas decisões e resoluções são eminentemente políticas, não jurídicas. Mesmo assim, se trata do único órgão internacional dotado de legitimidade intrínseca para tomar decisões no campo da paz e da segurança internacionais.
Não se trata, portanto, de saber se o que se decidiu ali é legal, ou não, ou válido, do ponto de vista de um país, mas de saber que suas resoluções são normas obrigatórias que os países têm o dever de cumprir, mesmo os que votaram contra, como o Brasil.
O não cumprimento implica em mais sanções, eventualmente até o recurso à força, se tal se revelar necessário, como foi o caso da "expulsão" do Iraque do Kuwait, em 1991, ou do ataque ao Afeganistão, em 2001. São coisas desagradáveis, mas sempre se deve assumir responsabilidade pelos seus atos. O Irã vai tentar escapar ao controle sobre seu programa nuclear: se escapar, teremos mais um proliferador no planeta, o que certamente não tornará o mundo mais seguro ou pacífico. Esse fato a comunidade internacional precisa decidir o que pretende fazer en relação a ele. O Brasil já disse o que quer: mais diálogo, e não sanções. Só precisa ver se isso funciona com o Irã.
Paulo Roberto de Almeida

Irã diz que sanções da ONU ao programa nuclear são ‘ilegais e inválidas’
Estado de S.Paulo, 18/06/2010

O Irã disse nesta sexta-feira, 18, que as sanções do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) contra seu programa nuclear são ilegais e deveriam ser revogadas.

Em um comunicado divulgado pela agência oficial de notícias IRNA, o Conselho de Segurança Nacional do Irã, que coordena a defesa nacional e a política de segurança, disse que “a entrada do Conselho de Segurança da ONU nas atividades nucleares pacíficas da República Islâmica do Irã é ilegal e inválida.”

As sanções, aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU no dia 10 de junho, e seguidas logo depois por medidas mais rígidas por parte da União Europeia e dos EUA, violam um artigo da Carta da ONU assim como as regras da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), disse o comunicado. “O Conselho (de Segurança da ONU) deveria tomar rapidamente medidas para corrigir os erros do passado”, dizia.

As sanções têm como objetivo frear o enriquecimento de urânio pelo Irã, que segundo o país é pacífico, mas o Ocidente suspeita poder levar à produção de armas nucleares.

As sanções da ONU são direcionadas aos bancos iranianos suspeitos de terem ligações com programas nucleares ou de mísseis. Elas também abrangem embargo de armas e um pedido para um regime de inspeção de carga.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentários são sempre bem-vindos, desde que se refiram ao objeto mesmo da postagem, de preferência identificados. Propagandas ou mensagens agressivas serão sumariamente eliminadas. Outras questões podem ser encaminhadas através de meu site (www.pralmeida.org). Formule seus comentários em linguagem concisa, objetiva, em um Português aceitável para os padrões da língua coloquial.
A confirmação manual dos comentários é necessária, tendo em vista o grande número de junks e spams recebidos.