Uma das características da história brasileira é esse avança e recua entre períodos reformistas — com alguma modernização que acaba produzindo fricções com setores conservadores — e períodos regressistas, trazidos inopinadamente, seja por crises econômicas, seja por conflitos políticos.
A volta de Vargas, com aquele nacionalismo todo, terminou em tragédia entre udenistas e petebistas.
JK trouxe um progresso fantástico, mas acelerou a inflação, com a percepção de muita corrupção na construção de Brasília.
Jânio Quadros veio com sua vassoura e queria ser um novo De Gaulle, misturado com Fidel Castro: fez chabu.
Goulart era basicamente um inepto, incapaz de controlar as greves e as quebras de hierarquia militar que ele mesmo estimulava. Não teve coragem para botar o III Exército para enfrentar o maluco do Mourão Filho.
Os militares dividiram suas duas décadas entre dez anos de crescimento — trazidos pelas reformas de Bulhões e Campos — e mais dez de crises econômicas, porque exageraram na dose.
Sarney conseguiu fazer três moedas e uma hiperinflação digna do Guiness.
Collor foi a maior fraude e corrupção do Brasil, antes dos petistas lhe roubarem o pódio.
Itamar poderia ter ficado com a sua broa de milho, bloqueando as privatizações de Collor, se não tivesse tido a sorte de convidar FHC, que juntou uma tribo de economistas brilhantes para terminar com 30 anos de inflação.
FHC fez o que pode e o tripé econômico dos seus economistas foi tão bom que resistiu até ao primeiro Lula, que disfarçou sua incompetência e seu modo mafioso de ser.
O segundo Lula conseguiu dar início ao processo de destruição econômica, muito bem administrado por Madame Pasadena, com seu tato de rinoceronte furioso: Dona Dilma conseguiu produzir a maior crise econômica de nossa história, inteiramente “made in Brazil”, a Grande Destruição.
Temer começou a consertar, mas tropeçou nos velhos hábitos da política corrupta.
Aí veio um militar destrambelhado— a “escória” do exército como disse Geisel — e conseguiu enganar toda a classe média, entre mentiras e o pavor de uma volta dos petistas megacorruptos.
Deu no que deu: agora estamos no pior do obscurantismo e da estupidez, com toques de perversidade e de instintos totalitários.
Entramos de novo no retrocesso.
Em 2022 vamos corrigir parcialmente, se não for antes.
Mas o caminho desta vez será mais duro: a recuperação não chegará antes de muitos anos. Não tanto pelo desastre econômico auto-fabricado com ajuda do Covid-19. Muito mais pela mediocridade absoluta das elites, da educação de massa, da produtividade, que é tudo uma coisa só.
Sorry folks...
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 28/04/2020
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