Sobre um questionamento várias vezes feito em relação à postura política dos diplomatas
Paulo Roberto de Almeida
A maior parte, a quase totalidade dos diplomatas da ativa estava e encontra-se absolutamente silente, intimidados que foram pelas atitudes truculentas do ex-chanceler acidental e dos “novos bárbaros” do bolsonarismo. Devo ser o único a me manifestar, além de alguns poucos aposentados (entre eles e de forma excepcional do embaixador Rubens Ricupero).
Quanto a mim, apenas um comentário: antes de ser um diplomata, sou um cidadão, consciente de minhas responsabilidades para com a nação, para com a sociedade, depois, muito depois, para com o Estado e, em último lugar, para com o governo.
Repito o que já disse dezenas de vezes: não deixo o cérebro em casa quando vou trabalhar, nem o deposito na portaria quando adentro no trabalho. Nunca deixei de expressar minha opinião sobre temas de trabalho, sem qualquer intimidação pela regra dogmática da “disciplina rme da hierarquia”.
Paguei um alto preço por essa postura, mas fiquei em paz com minha consciência, sem qualquer restrição de tipo oportunista ou carreirista.
Meu último livro sobre esse ciclo horroroso do bolsolavismo diplomático chama-se, apropriadamente, O Itamaraty Sequestrado: a destruição da diplomacia pelo bolsolavismo, 2018-2021 (em formato e-book no Kindle via Amazon.com.br).
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